Terapias Pós Modernas

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 48

SUMÁRIO

1 PENSAMENTO PÓS MODERNO ................................................................. 2

1.1 Terapias pós-modernas.......................................................................... 5

2 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS PÓS-MODERNAS ................................ 12

2.1 Abordagens Narrativas ......................................................................... 12

2.2 Abordagem colaborativa ....................................................................... 16

3 PSICOTERAPIA DE CASAL NA PÓS MODERNIDADE............................. 20

3.1 A relação conjugal na pós-modernidade .............................................. 22

3.2 A conjugalidade no Brasil da pós-modernidade ................................... 28

3.3 Novas possibilidades terapêuticas ....................................................... 31

4 TERAPIA FAMILIAR PÓS MODERNA ....................................................... 39

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................. 46

1
1 PENSAMENTO PÓS MODERNO

Fonte: tempossafados.blogspot.com.br

O pós-modernismo pode ser compreendido como uma mudança paradigmática


que surge da crise do modelo epistemológico da modernidade, colocando em xeque,
dentre outras coisas:
 A separação entre um mundo real e um mundo da experiência;
 A segurança das representações claras e distintas como fundamento de
um conhecimento válido, ou seja, a existência de verdades imutáveis
como base para a construção do conhecimento;
 A possibilidade de separação entre um sujeito epistêmico, apto para
empreender um conhecimento confiável de origem insuspeita, e o objeto
de seu conhecimento, ou seja, a possibilidade de um conhecimento
objetivo.
 A influência dos neokantianos e da nova física de Heisenberg, no início
do Século XX, colocou em descrédito os parâmetros para o pensamento
que, desde o século XVII, sustentavam a busca do conhecimento válido.
A rejeição do sonho Iluminista de avanço seguro através da razão e da
ciência (Kvale, 1992), resultou na rejeição dos discursos hegemônicos e
monovocálicos que marginalizam vozes minoritárias, dissidentes e
desviantes, apontando para as implicações políticas dessa
marginalização.
2
O conhecimento como um processo ativo, construído e não descoberto, apoia-
se na ideia de que a compreensão humana é uma construção negociada entre redes
conceituais das pessoas em transações no mundo. Assim, o pensamento pós-moderno
questiona as metanarrativas, o discurso privilegiado de sujeitos epistêmicos com
acesso também privilegiado a uma realidade independente e a busca de verdades
universais.
Dentro desta nova perspectiva, ao invés de uma espécie de “tribunal dos fatos”,
fora da esfera do “simplesmente humano”, conforme Ibañez (1992) refere-se à tradição
da modernidade, o modelo de pensamento da pós-modernidade, deixando de lado
critérios de validade do conhecimento transportados por uma linguagem configurada
como uma representação icônica do mundo real, propõe a coerência e a viabilidade
como valores epistêmicos. Não tem sentido, portanto, dentro desta nova perspectiva a
busca de parâmetros para interpretação acurada da realidade na pretensa produção de
um conhecimento independente do sujeito cognoscente, da cultura e da história.

Fonte: bibliaposmodernidade.blogspot.com.br

Enquanto no discurso da modernidade o conhecimento pode ser concebido


como um processo sem sujeito, no discurso pós-moderno a existência do objeto do
conhecimento implica necessariamente a presença do sujeito cognoscente (Ibañez,
1992), criando uma crise ontológica que resulta no nascimento de uma consciência
histórica de uma era em que todos somos protagonistas (Miró, 1994).

3
Fonte: www.psicologiaexplica.com.br

Assim, o pós-moderno pode ser considerado como um posicionamento crítico,


uma postura filosófica que propõe uma nova visão da pessoa humana e do mundo. O
conhecimento passa a ser compreendido como uma prática discursiva socialmente
construída, cujo caráter local e contextual legitima múltiplas narrativas, resultando no
multiperspectivismo de diferentes abordagens, dirigidas para a construção de
significados úteis para os propósitos humanos.
Se sujeito e objeto se interconstituem podemos falar na singularidade e na
multiplicidade dos contextos e das culturas, na generatividade da linguagem para a
definição do self do mundo, e da aceitação do pressuposto de que conhecer implica em
conviver com a incerteza, a imprevisibilidade e o desconhecido. Muitas são as questões
que o pensamento pós-moderno evoca, muitas delas de natureza ideológica e política
organizadas em torno de possibilidades de poder que o conhecimento pode assumir e,
outras tantas, em torno de questões epistemológicas e hermenêuticas, as quais
pretendo abordar na consideração das terapias que podem ser ditas pós-modernas.

4
1.1 Terapias pós-modernas

Fonte: slideplayer.com.br

Vivemos hoje na terapia familiar a uma multiplicidade de abordagens, tantas


quantos forem os terapeutas em questão. Contudo, a ausência de um purismo de
abordagens não significa uma anarquia epistemológica se considerarmos os marcos
referenciais da pós-modernidade como seus denominadores comuns. Uma coerência
epistemológica une as práticas pós-modernas de terapia em torno de alguns
pressupostos teóricos comuns que organizam a ação dos terapeutas:
 A consciência de que o terapeuta co-constrói no sistema terapêutico, em ação
conjunta com a família, a definição do problema e das possibilidades de
mudança;
 A crença de que toda mudança só pode se dar a partir da própria pessoa e da
sua organização sistêmica autopoiética, sendo responsabilidade e especialidade
do terapeuta a organização da conversação terapêutica;
A mobilização dos recursos da família, da comunidade, das redes de
pertencimento, legitimando o saber local de pessoas e contextos;
Uma concepção não essencialista de self, compreendido como construído no
contexto das relações e práticas discursivas;

5
Fonte: www.altairgermano.net

 A visão da pessoa como autora de sua história e existência, competente para a


ação, para o agenciamento de escolhas a partir de um posicionamento auto-
reflexivo, moral e ético, podendo criar e expandir suas possibilidades
existenciais;
 A ênfase sobre os significados socialmente construídos na linguagem e nos
espaços dialógicos, sendo construídos nos discursos emergentes e, ao mesmo
tempo, responsáveis por suas transformações;
 A crença no diálogo, definido como um cruzamento de perspectivas, como uma
prática social transformadora para todos os envolvidos, independentemente de
seu lugar como terapeuta e cliente;
 A ênfase nas práticas de conversação e nos processos de questionamento como
recurso para gerar reflexão e mudança, conforme expande os horizontes de
terapeutas e clientes;
 A adoção de postura hermenêutica em que a compreensão é co-construída
intersubjetivamente pelos participantes da conversação;
 A ênfase muito mais no processo do que no conteúdo das histórias,
compreendendo as narrativas como locais e, portanto, idiossincráticas.
Refletindo sobre o panorama atual da Terapia Familiar podemos considerar que
sua consistência decorre de uma epistemologia unificadora pós-moderna apoiada

6
numa hermenêutica contemporânea construída na intersubjetividade, envolvendo a
pessoa do terapeuta como co-construtor das realidades com as quais trabalha.
A prática dessas terapias ditas pós-modernas envolve um trânsito do terapeuta
entre teoria e prática de modo epistemologicamente coerente, de acordo com os meios
que se lhe apresentem mais úteis e despertem seu entusiasmo e criatividade enquanto
interlocutor qualificado.
Enquanto uma prática social transformadora, esta terapia se organiza a partir
dos contextos locais e das histórias culturais de distintas comunidades linguísticas. O
respeito pela diversidade e multiplicidade de contextos com seus saberes locais implica
numa terapia construída a partir da aceitação da responsabilidade relacional do
terapeuta, legitimando os direitos humanos de bem estar e de exercício da livre
escolha.

Fonte: prezi.com

Os imensos desafios que se apresentam para o terapeuta, vindos do campo da


saúde mental, das instituições voltadas para o cuidado e tratamento da pessoa, dentro
de uma perspectiva pós-moderna, convidam para a humildade na construção do
conhecimento e conduzem, cada vez mais para uma ação transdisciplinar numa
instância de trocas colaborativas entre os distintos domínios de saber e no uso de
técnicas como recursos a serviço do bem estar.
O caráter auto referencial e de reflexividade presente nas terapias pós-
modernas, desafiam o terapeuta a tornar explícitos os seus pré-juízos, os seus valores,
suas opções ideológicas, nos limites da sua subjetividade, estabelecendo parâmetros

7
para a clínica que pratica harmonizando de forma estética teoria e prática a serviço do
bem estar das famílias que atende.

Fonte: setimodia.wordpress.com

Dentro de uma concepção pós-moderna, as abordagens terapêuticas e suas


metáforas teóricas estabelecem tipificações do mundo da experiência, sendo, também,
histórica e culturalmente contingentes (Grandesso, 1997).
Nesse sentido, os conceitos teóricos pelos quais nós terapeutas construímos
nossas compreensões das pessoas que nos procuram e dos dilemas que elas vivem,
são construções sociais úteis, não devendo ser reificadas como se correspondessem a
uma realidade pré-existente, independente do terapeuta em questão.
O terapeuta pode ser considerado como um agente de transformação social para
a qual contribui sua experiência pessoal, profissional e posicionamento político,
implicando necessariamente uma ética das relações, cujos traços mais significativos
são a consciência e a auto reflexividade, nos dizeres de Gergen (1989, 1994, 1991 e
1998), e a consciência de que as práticas e métodos terapêuticos não são
ideologicamente neutros. Quando atuamos como terapeutas estamos construindo uma
certa forma de mundo, legitimando um determinado conjunto de relações sociais e de
forma de tratamento e valorização das pessoas.

8
Fonte: www.patologiadesementes.com.br

O pensamento da pós-modernidade, configurado como um guarda-chuva


paradigmático para a prática da terapia, manifesta-se em um conjunto de princípios e
derivações práticas organizadas pelos enfoques construtivistas e construcionista social.
Embora haja uma pluralidade de enfoques ditos construtivistas e construcionistas social
(construtivismo radical, construtivismo crítico ou psicológico, construtivismo moderado,
construtivismo dialético, construtivismo cultural, construtivismo epistemológico,
construtivismo hermenêutico, construtivismo terapêutico, construtivismo social,
construcionismo social, construcionismo social responsivo retórico, dentre outros,), cujo
detalhamento foge aos propósitos deste trabalho, todos eles se definem pós-modernos,
manifestando sua oposição a uma epistemologia objetivista e suas implicações
tecnológicas baseadas no poder (Grandesso, 1998; 2000).

9
Fonte: ceticismo.net

O pensamento pós-moderno na prática clínica reflete-se na mudança das


metáforas teóricas que os terapeutas usam, mudando das metáforas organizadas em
torno do conceito de homeostase da Cibernética de Primeira Ordem, das metáforas
bélicas do grupo de Milão, tão bem descritas num artigo de Cecchin (1992) para as
ecológicas em torno do conceito de co-evolução, co-criação e coparticipação
(Freedmany Combs, 1996).
A história deste mais de meio século de terapia familiar pode ser descrita a partir
dos desdobramentos que passaram a configurar o discurso terapêutico pós-moderno
em torno de outras metáforas teóricas que, passando pela pessoa do terapeuta e seu
engajamento num processo auto reflexivo, abandonando a noção de descoberta,
organizaram as narrativas teóricas e as práticas terapêuticas em torno do conceito de
co-construção, tanto dos problemas como de suas soluções.
O pensamento pós-moderno trouxe para a terapia familiar uma mudança dos
modelos informados pela Cibernética de Primeira Ordem, com sua ênfase nos padrões
de interação e nas organizações familiares baseadas nas noções Parsonianas de
estrutura e papel, para os modelos condizentes com uma Cibernética de Segunda
Ordem, com ênfase na construção de significados, nos modelos dialógicos e nas
metáforas narrativas e hermenêuticas.
Dentre as palavras-chave, comumente empregadas pelos muitos modelos
terapêuticos pós-modernos, destacam-se: sistemas linguísticos, narrativa,

10
conversação, diálogo, histórias, significado, cultura. As teorias que os terapeutas
adotam são, neste referencial pós-moderno, lentes provisórias (conforme o dizem
Anderson y Goolishian, 1988), não derivando seu valor de qualquer pretenso valor
verdade, mas sim de sua utilidade como marco gerador e organizador de significados
úteis para a compreensão dos dilemas humanos e favorecimento de uma prática
terapêutica geradora de mudança.

Fonte: psicologado.com

As técnicas, dentro desta concepção, somente podem ser compreendidas como


criadoras de contextos propícios para a mudança terapêutica, derivando seu valor de
sua generatividade para favorecer transformações criativas.
Dessa maneira, uma teoria passa a ser considerada útil, conforme ofereça
subsídios para a construção de significados que façam sentido para organizar a
experiência vivida pela família e a evolução do sistema terapêutico.

11
2 ABORDAGENS TERAPÊUTICAS PÓS-MODERNAS

Fonte: centrorecuperacaobrasil.com.br

O espectro de possibilidades de terapias que podem ser consideradas pós-


modernas é bastante amplo. Podemos enumerar uma farta variedade de abordagens,
organizadas de forma razoavelmente consistente, tanto do ponto de vista teórico, como
das práticas clínicas derivadas, que podem ser ditas pós-modernas. Este trabalho
propõe-se a oferecer um panorama atual do campo das terapias pós-modernas, tendo
como referência principal a terapia familiar, embora não seja a intenção inventariar e
classificar exaustivamente tal espectro:

2.1 Abordagens Narrativas

O conceito Narrativa refere-se aqui às histórias que utilizamos para descrever a


nossa realidade. Estas histórias (estruturas narrativas) têm personagens (quem), uma
intriga (o quê) e uma encenação (onde e quando), que são regulados pela moral da
história (o tema), sendo que esta moral impede que a história tenha uma interpretação
diferente. Por exemplo, «O nosso pai recorreu ao amigo (quem) para o ajudar a resolver
aquele problema (o quê) na empresa, durante o ano passado (onde e quando), e o
amigo enganou-o. Isto prova que não se pode confiar em ninguém fora da família (o
tema). As nossas histórias determinam a nossa consciência de nós próprios e dos
outros, a forma como definimos prioridades e como escolhemos ou renunciamos a

12
deveres e a direitos. Quanto maior o número e a densidade das nossas histórias, maior
é a nossa capacidade de adaptação aos vários contextos das nossas vidas.
As Terapias Narrativas distinguem:
Narrativa Dominante: É a narrativa que suporta o problema. A narrativa é
restrita a um único tema, e independentemente das mudanças da situação de vida da
pessoa/família, as narrativas produzidas são sempre variações desse tema. Isto
consolida o problema e inviabiliza percursos alternativos. Por exemplo, na depressão,
a narrativa é restrita ao tema da tristeza; na ansiedade, a narrativa é restrita ao tema
do “estar em perigo”; numa família a narrativa é restrita a um determinado aspeto do
funcionamento da família, etc.

Fonte: www.psyciencia.com

Narrativa Alternativa: Utiliza elementos provenientes de uma ou mais das


narrativas que a pessoa / família trazia consigo, mas inclui também novas experiências,
novos temas, novas interações. Retira dominância à história que contém o problema,
que pode ser redefinido como suscetível de receber soluções, como um não-problema
ou até como um benefício escondido. Em qualquer um dos exemplos, a intervenção
passaria por um alargamento do leque de temas disponível.
Abordagens Estrutural e Estratégica Pós-modernas
Redefinidas de acordo com uma epistemologia construtivista, tais abordagens
acompanharam a evolução da Cibernética de Primeira para a de Segunda Ordem e
podem ser consideradas pós-modernas. Considere-se, neste sentido, a terapia
centrada nas soluções de Shazer (Miller y de Shazer, 2000) que, partindo das exceções
em relação à manifestação de um problema, inicia um jogo de linguagem para a

13
construção de lugares aptos para o encontro de soluções, baseadas na conduta do
terapeuta e no seu uso de técnicas.

Fonte: www.laleo.com

Acima de tudo, tais releituras são feitas dentro de uma nova concepção
epistemológica que redefine a abordagem quanto à noção do conhecimento, a prática
clínica no que se refere ao uso das técnicas e papel do terapeuta.
Como acontece em inúmeras situações na história da construção do
conhecimento e do desenvolvimento das práticas, uma intenção orientadora numa
determinada direção e com um determinado propósito acabam construindo um contexto
gerador de uma alternativa não intencionada, mas suficientemente inovadora, criativa
e generativa para uma nova abordagem ou uma nova compreensão. Assim
desenvolveram-se as abordagens pós-modernas para a terapia, como um salto
qualitativo, acompanhando as mudanças paradigmáticas que aconteceram nas
ciências em geral, organizando o sistema de ideias e práticas numa nova direção.

14
Fonte: www.psiquiatriasp.com

Distintas abordagens de terapia familiar situam-se sob os marcos referenciais da


pós modernidade, dentre as quais destaco as terapias colaborativas de base dialógica
e as terapias narrativas, além das que resultaram de mudanças epistemológicas nas
tradicionais terapias estruturais e estratégicas que abraçaram as ideias construtivistas.
De acordo com Anderson (1997), as teorias terapêuticas podem ser descritas,
analisadas e comparadas a partir de três questões básicas:
1. a posição do terapeuta – como define seu papel e seu propósito;
2. o processo de terapia – o que acontece e se entende como devendo acontecer
para que haja uma mudança terapêutica;
3. o sistema terapêutico – incluindo as metas da terapia e dos participantes no
processo. De acordo com essas questões podemos dizer que cada teoria influi em
como o terapeuta fala e age e quais a s suas intenções no seu falar e fazer.
Sucintamente, considero a seguir como respondem a essas questões algumas das
práticas pós-modernas da Terapia Familiar.

15
Fonte: maesemfrescura.net

Cumpre lembrar que esta classificação tem um caráter meramente didático, pois,
uma das consequências da era pós-moderna envolve o questionamento de fronteiras
rígidas entre disciplinas e práticas, mantida, porém, uma coerência epistemológica.

2.2 Abordagem colaborativa

Esta abordagem terapêutica é organizada em torno da definição dos sistemas


humanos como sistemas linguísticos, geradores de linguagem e significado,
organizadores e dissolvedores de problemas. Ao compreender o diálogo como uma
conversação transformadora a terapia apresenta-se como uma conversação de duas
mãos de trocas colaborativas, em que o cliente é o especialista (ANDERSON, 1994,
1997; ANDERSON & GOOLISHIAN, 1992; 1988; GOOLISHIAN & WINDERMAN,
1988). O processo de terapia é a conversação terapêutica na qual o terapeuta é um
participante ativo e “arquiteto do diálogo” (ANDERSON & GOOLISHIAN, 1988).

16
Fonte: manuelgross.bligoo.com

O diálogo é considerado uma forma de conversação na qual o terapeuta e o


cliente participam do co-desenvolvimento de novos significados, novas realidades e
novas narrativas, a partir de uma postura terapêutica de genuíno não-saber.
A terapia colaborativa organizada como uma prática de parceria na conversação
entre terapeuta e clientes coloca sua ênfase nos processos reflexivos e na abertura das
palavras para os significados por elas construídos, bem como no processo de
questionamento como contexto generativo em relação à mudança. Destaca-se
particularmente nesta forma de fazer terapêutico, além de Anderson e Goolishian, o
trabalho de Tom Andersen (ANDERSEN, 1987; 1991; 1995) e o de Peggy Penn,
enfatizando a importância das diferentes vozes, a que vem da escrita, a que vem dos
diálogos internos, além da que decorre das distintas conversações (PENN, 1985; 1998;
2001).

Fonte: www.psiquo.com

A terapia colaborativa é considerada pelos seus praticantes mais como uma


“abordagem” ou “suposições” sobre terapia do que teoria ou modelo. Encontramos no
17
escopo dessa prática diferentes denominações, tais como terapia colaborativa,
dialógica, conversacional, construcionista social, relacional e pós-moderna
(ANDERSON & GEHART, 2007). Do ponto de vista da ação os terapeutas colaborativos
procuram ater-se a forma como os clientes compreendem seus dilemas, a partir de
dentro da própria conversação no momento da terapia, no contexto local mais do que
das informações oriundas das suas pré-compreensões. Assim, as perguntas do
terapeuta são norteadas pelo que é dito pelas pessoas, legitimando o seu
conhecimento a partir de dentro da experiência vivida, ou seja, conhecimento local de
cada pessoa participante do processo terapêutico.

Fonte: www.redehumanizasus.net

A terapia colaborativa é mais uma instância filosófica ou uma filosofia de vida do


que uma abordagem informada por uma teoria. Refere-se, a “[...] ‘uma forma de estar’
em relacionamento e conversação: uma forma de pensar com, de experimentar com,
de estar em relação com, agir com e responder para com as pessoas, que encontramos
em terapia” (ANDERSON, 2007c, p. 43).
Apoiando-se na noção da linguagem e do conhecimento como generativos, sua
propriedade inventiva e criativa favorece novos conhecimentos, novas identidades com
maior auto agência, expertise e futuros possíveis. Colocado como um parceiro
conversacional, o terapeuta é aquele que, especializado em construir contextos de
diálogo e relacionamentos colaborativos, coloca-se numa atitude de curiosidade
genuína para aprender com o cliente sobre suas circunstâncias, sustentado pela crença
de que o cliente é o especialista na sua vida.
18
Fonte: www.mediare.com.br

O processo de conversação que se instala como uma via de duas mãos, resulta
numa exploração conjunta e co-desenvolvimento de novas possibilidades.
A postura colaborativa convida o terapeuta a tornar público seus pensamentos e
a deixar-se transformar junto com o cliente, conforme a conversação segue adiante.
Essa postura não se define como uma técnica nem visa produzir técnicas. O terapeuta
colaborativo deixa de lado também a busca de intervenções terapêuticas, uma vez que
a mudança decorre da própria conversação.
O principal recurso que o terapeuta leva para o contexto de terapia é a si próprio
como ser humano, capaz de estar em relação não hierárquica e a sustentar e promover
uma conversação respeitosa abrindo espaço e dando as boas-vindas para a incerteza
e o inesperado.
A palavra chave para essa abordagem é com – referindo-se a uma busca do
terapeuta por estar com, de conectar-se e estar em relação com. Uma das grandes
inovações teórico-práticas desta abordagem foi o conceito de sistema determinado pelo
problema, contrapondo a noção da terapia familiar tradicional de que o sistema cria o
problema.
Nesse sistema organizado pelo problema, cabem tantas distinções de problema
quantos forem os participantes no processo, colocadas nas próprias palavras das
pessoas.
Portanto, a terapia colaborativa abandona descrições objetivas, explicações e
diagnósticos para referir-se às particularidades das histórias narradas, colocando cada
cliente como único e especial. Das descrições genéricas e impessoais para as
19
particulares e especiais, Anderson (2007, c) ressalta que a ênfase foi colocada no
cliente como pessoa, evidenciando assim, não apenas o seu lado humano, mas
também o do terapeuta como pessoa, mais do que um técnico.

3 PSICOTERAPIA DE CASAL NA PÓS MODERNIDADE

Fonte: prezi.com

Mudanças na instituição do casamento não são novas; na crise contemporânea,


parece ocorrer uma mudança nos padrões do relacionamento entre indivíduos, com um
aumento da mobilidade social, tornando possível que relações insatisfatórias possam
ser resolvidas com o rompimento conjugal.
Não parece que a instituição casamento esteja agonizante, mas que estejamos,
também, em busca de padrões mais satisfatórios e funcionais de relacionamento
amoroso que propiciem condições melhores para o processo de diferenciação e
desenvolvimento psicológico e emocional dos parceiros (Bowen, 1978; Goleman, 1998;
Féres-Carneiro, 1999; Jablonski, 1999; Féres-Carneiro, 2003; Jablonski, 2003).
Portanto, não se deve pensar a crise da conjugalidade contemporânea como um
momento de perda de uma instituição muito bem adaptada e saudável, porém como
uma ruptura com padrões psicossociais que trazem consigo normas sociais e familiares
disfuncionais, a serviço de uma ideologia dominante (MacGoldrick, 1995).
Na modernidade, a união conjugal tinha um valor precípuo e sua manutenção
deveria ser mantida a qualquer preço, conforme a expressão "até que a morte nos
separe". As mulheres deveriam se manter fiéis e dedicadas à criação dos filhos,

20
obedecendo aos maridos, em uma repetição de uma relação de submissão social e
econômica. A vida pública era reduto exclusivo dos homens. Os papéis eram
claramente marcados e diferenciados. A desigualdade era aceita e reforçada
socialmente, sem qualquer preocupação com os aspectos afetivos e sexuais da mulher.

Fonte: casamento.culturamix.com

Jablonski (1999; 2003), por exemplo, tem colocado em relevo o fato de que,
mesmo hoje, em nossa cultura, o casamento provoca uma descontinuidade muito
profunda na vida das mulheres. Em quase todos os aspectos - físico, mental, e mesmo
nas estatísticas criminais, as mulheres solteiras são mais sadias que as casadas (Apter,
1985). Esses resultados provavelmente se devam aos padrões de dominação que as
sociedades e famílias tradicionais impõem às mulheres, reprimindo-as. Além disso, as
mulheres demonstram se adaptar melhor e mais rapidamente à situação pós-divórcio
que os homens, parecendo indicar que o padrão do divórcio contemporâneo pode ser
um evento mais estressante para os homens do que para as mulheres (Gurin, Veroff &
Field, 1980).
Féres-Carneiro (2003) ressalta também o mesmo padrão de estresse masculino,
notando que pode estar relacionado ao fato de, na maior parte das separações, as
mulheres permanecerem em casa com os filhos enquanto os homens se mudam e
deixam de acompanhar o cotidiano dos filhos.
Por outro lado, apesar do estereótipo de que o casamento deva ser algo que os
homens devam temer e evitar, devido às perdas que ao homem seriam impostas
(Jablonski, 2003), muitas pesquisas indicam o contrário, ou seja, que o casamento
21
melhora a saúde física e mental dos homens, estando relacionado, até mesmo, com a
melhor possibilidade de sucesso profissional (Gurin, Veroff & Field, 1980).
Assim, as novas formas de relacionamento que emergem na pós-modernidade
podem ser vistas como um movimento libertário contra uma estrutura psicossocial de
domínio e exploração, característica das sociedades capitalistas modernas. Portanto,
os movimentos sociais característicos da pós-modernidade talvez possam ser mais
bem compreendidos como tentativas de resistências e escape aos processos de
sujeição, exercidos via biopolítica do poder, como assinalou Foucault (1982), o que não
impede que sejam capturados e reutilizados por outras instâncias (Hardt & Negri, 2002).

3.1 A relação conjugal na pós-modernidade

Fonte: wainerpsicologia.com.br

Uma pergunta se impõe: como se caracterizariam então as relações conjugais


na pós-modernidade?
Inicialmente, é preciso caracterizar o que se tem chamado de pós-modernidade.
Jameson (1995) nos lembra que, mais do que um período histórico, a pós-modernidade
se caracteriza por uma ruptura com a visão moderna de mundo e de homem, uma
resposta cultural ao capitalismo tardio, ou às novas formas de dominação nas quais a
própria cultura se torna mercadoria de consumo.
[...] assim na cultura pós-moderna, a própria cultura se tornou um produto e o
mercado tornou o seu próprio substituto, um produto exatamente igual a qualquer um

22
dos itens que o constituem: o modernismo era, ainda que minimamente e de forma
tendencial, uma crítica à mercadoria, um esforço de forçá-la a se auto transcender.
O pós-modernismo é o consumo da própria produção de mercadorias como
processo (Jamenson, 1995, p.14).

Fonte: sipatproducoes.blogspot.com.br

Esse autor destaca como características fundamentais do discurso pós-moderno


uma recusa de metanarrativas ou de qualquer projeto metafísico; uma ruptura na
temporalidade, com uma contração temporal em uma eterna referência ao discurso
presente; uma crítica do representacional; um esmaecimento de fronteiras e limites.
O discurso pós-moderno assume uma tarefa ideológica fundamental: a de
coordenar as novas práticas e hábitos sociais e mentais, em novos padrões de
organização e de produção econômica, que geram novas formas de subjetividade.
Essas formas de subjetividade são capturadas por forças de produção, ou de
agenciamentos, que constituem os novos tipos de dominação e de sujeição a serviço
de novas forças de dominação político-econômicas, descritas como capitalismo tardio,
com as características próprias (Jameson, 1995).
Tais formas de dominação são compostas por uma rede de empresas
transnacionais com interesses econômicos que rompem com a política nacionalista e
imperialista dos estados modernos, introduzindo uma lógica de produção que rompe
com delimitações e fronteiras, características dos estados modernos.

23
Fonte: www.casulepsicologia.com.br

Cria-se, assim, nova divisão internacional do trabalho, na qual as diferenças das


condições de produção são exploradas em uma perspectiva transnacional, rompendo
barreiras e divisões tradicionais.
Do ponto de vista econômico, instala-se uma dinâmica vertiginosa de transações
bancárias internacionais e de bolsas de valores, que transforma a versão capitalista
imperialista em uma instância global de controle financeiro das imensas dívidas do
segundo e do terceiro mundo.
Instala-se uma nova distribuição de trabalho com a passagem da produção
industrial e agrícola para o terceiro mundo, e a concentração da área de serviços no
primeiro mundo, criando uma crise das formas de trabalho tradicional pela introdução
de diferentes modos de produção e de distribuição do trabalho com alteração nas
relações de mais valia.

24
Fonte: www.filhosdenossasenhora.com.br

Surgem novas classes sociais, como os yupies, que introduzem novas formas
de subjetividade (Jameson, 1995; Hardt & Negri, 2002). Novas formas de
relacionamento de mídias, de transportes, de computadores, de tecnologias de
produção e de comunicação introduzem rupturas nas identidades e produzem novas
formas de subjetivação (Nicolaci-da-Costa, 2000; 2002).
Jamenson (1995) nos lembra que a relação entre os meios de produção
econômico-sociais na pós-modernidade e o cultural não é uma rua de mão única, mas
uma interação contínua e recíproca, na qual são produzidas subjetividades específicas
através de modos de sujeição que, por sua vez, produzem um campo político, social e
cultural em uma atividade retroativa.
O pós-moderno deve ser visto como a produção de pessoas pós-modernas,
capazes de funcionar em um mundo socioeconômico muito peculiar, um mundo cujas
estruturas, características e demandas objetivas - se dispuséssemos de uma exposição
adequada delas - constituiriam a situação para a qual o pós-modernismo é a resposta,
e que nos dariam algo mais decisivo do que a teoria do pós-modernismo (Jamenson,
1995, p.18).
A organização sociocultural e econômica reflete-se, portanto, na construção das
subjetividades e nas formas de vinculação social, afetiva e sexual, tais como as
experimentadas na conjugalidade, que parece estar se caracterizando pela ausência
de um modelo único, ou melhor, pela expressão em um modelo de multiplicidade de
identidades e papéis que, respondendo a múltiplos contextos, tornam-se contraditórios,

25
levando a novas formas de defesa, como o descompromisso, e uma organização
psíquica difusa.

Fonte: vestidosdenoiva.blog.br

Assim como Lasch (1979) nos fala sobre um culto das relações interpessoais
pouco exigentes, Vaitsman (1994) ressalta: "o que caracteriza a família e o casamento
numa situação pós-moderna é justamente a inexistência de um modelo dominante, seja
no que diz respeito às práticas, seja enquanto um discurso normalizador das práticas"
(p.19).
Casamentos que insistem em se manter convencionais, na tentativa de repetir
um padrão de valores modernos, coexistem com novos estilos de conjugalidade, como
manda o padrão mundial de consumo. Outros sujeitos, com suas subjetividades
múltiplas submetidas às forças de produção, levam à produção de famílias
monoparentais e à crise do par conjugal (Mello da Silveira, 1998).
Podemos observar esses padrões em diferentes aspectos das experiências
conjugais: na sexualidade, na afetividade e nas relações familiares, nas quais se
experienciam novas identidades pautadas ora nos indivíduos ora no social. A
multiplicidade de papéis, com o abandono dos tradicionais, vivenciados em uma rápida
sucessão, leva a uma experiência subjetiva de fragmentação.
No caso da mulher, além do abandono da posição de "rainha do lar", com a
demanda para entrada no mercado de trabalho, a maternidade passou a ser vivida não
mais como o aspecto marcante da subjetividade feminina. O papel de mãe e esposa
choca-se com o de profissional, levando a uma fusão entre o público e o privado.
26
No caso do homem, ele perde o lugar de figura de força e poder, esmaecido,
primeiro pela autoridade pública, depois pelas mulheres. Encontra-se perdido entre
identidades difusas e em mudança. Já não é mais o pai moderno, com quem os filhos
têm de disputar o poder, admirando-o e odiando-o, e nem o macho dominador, "o
cabeça do casal" capaz de fazer o seu desejo prevalecer sobre o da esposa. Perdido,
aloja-se em um lugar mais distante nas relações da família.

Fonte: www.clicoufestas.com.br

Os papéis definidos rompem-se, deixando fluidas as fronteiras entre marido e


mulher e filhos. Surge a família igualitária. As relações conjugais tornam-se mais
instáveis na busca dessa igualdade e da individualidade submetida a campos de
multiplicidade contextual. Passam a se sustentar, quase que totalmente, nas
satisfações sexual e emocional, que, por sua vez, se tornam instáveis.
Padrões de relação antes vistos como desvios passam a conviver com relações
formalizadas, havendo uma heterogeneidade nos relacionamentos afetivo-sexuais.
Não desaparecem os traços do modernismo, surgem outros que convivem com os
antigos. Não se acredita mais que duas pessoas sejam feitas uma para a outra.

27
3.2 A conjugalidade no Brasil da pós-modernidade

A família no Brasil apresenta diferentes padrões de organização ao longo de sua


história, desde o modelo patriarcal característico do Brasil colonial até a família nuclear
monogâmica, característica da modernidade (Candido, 1951).
Com a Revolução Industrial e as inúmeras mudanças sociais ocorridas a partir
do final do século XVIII, os espaços públicos e privados foram demarcados e o mundo
público do trabalho passou a ser definido como um mundo masculino.
A industrialização crescente no século XIX passou a demandar um número maior
de trabalhadores, levando as mulheres, sobretudo aquelas de famílias dos segmentos
menos privilegiados da população brasileira, para o trabalho nas fábricas. No início do
século XX, também as mulheres dos segmentos médios saem dos espaços privados e
passam a ocupar cargos de apoio em empresas enquanto se preparam para o
casamento (Rocha-Coutinho, 2003).

Fonte: blogdesenvolvimento.blogspot.com.br

Hoje, apesar da discriminação ainda existente, encontramos as mulheres


ocupando posições de destaque no mercado de trabalho, mesmo que na família elas
continuem sendo as maiores responsáveis pelas tarefas domésticas e pelos cuidados
com os filhos.
Doherty (1992) e Jablonski (2003) ressaltam que, ao longo do século XX,
pudemos conviver com três tipos de família. Inicialmente, com a família tradicional,

28
caracterizada pela autoridade paterna, pela produção econômica conjunta, pela ênfase
nos aspectos pragmáticos do casamento e por uma composição ampliada que abrigava
muitos membros.
No momento seguinte, temos a família moderna, muito influenciada pelos valores
do individualismo, com uma organização mais nuclear e igualitária, na qual predominam
as emoções e os sentimentos. No final do século XX, surge a família pós-moderna, na
qual convivem várias formas de arranjos não tradicionais, ainda menos permanentes e
mais flexíveis e igualitários que aqueles das famílias da modernidade (Vaitsman, 1994;
Goldenberg, 2000; Jablonski, 2003).

Fonte: www.culture-se.com.br

Nos últimos anos, na sociedade brasileira, vemos a família sofrer rápidas e


profundas mudanças estruturais, tanto na composição de seus membros como na inter-
relação de seus papéis. Inúmeras pesquisas têm como objetivo o estudo da família em
transformação (Féres-Carneiro, 1999; Jablonski, 1999; Rocha-Coutinho, 2000; Féres-
Carneiro, 2003; Jablonski, 2003; Rocha-Coutinho, 2003). Vemos reflexos desse
momento de crise com o aumento do número de divórcios e o aumento de famílias
monoparentais surgidas sobretudo de separações (Grzybowski, 2002).
Observamos o surgimento de famílias reconstituídas com diferentes estruturas
e configurações bem como os casamentos entre homossexuais (Féres-Carneiro, 1997).
Nicolaci-da-Costa (2000; 2002) ressalta o surgimento de novas tecnologias como meio
de busca e expressão afetivo-sexual, como, por exemplo, o sexo na Internet. Esse
quadro marca a crise da identidade masculina e feminina com o surgimento de novos

29
papéis para o homem e para a mulher, em parte pelo aumento da liberdade sexual
feminina e da demanda de qualidade nas relações, levando ao aparecimento de novas
formas de relação a dois, como o "ficar".
Frente a esse quadro, tem ocorrido um aumento do número de homens com
disfunções sexuais, perda dos referenciais de papéis parentais claramente definidos, e
ainda uma sobrecarga das funções da mulher, com acúmulo do papel parental e de
provedora. Esses são sinais do novo campo de construção da subjetividade a que a
relação conjugal está submetida. A resposta a essa crise tem se dado por uma
multiplicidade de modelos que implicam diferentes papéis, implicitamente
incongruentes e conflitantes. O discurso corrente fala de relação amorosa, na qual é
preciso preservar o "espaço", garantir a "individualidade" e a "privacidade" dos
parceiros.

Fonte: tvpipocaplay.blogspot.com.br

A construção de novas formas e configurações familiares, por outro lado, tem


servido de campo para novas formas de subjetivação, na qual os modelos tradicionais
de famílias nucleares parecem não oferecer suporte (Féres-Carneiro, 1999; Ferro-
Bucher, 1999; Diehl, 2002; Falcke, Diehl & Wagner, 2002; Wagner, 2002; Féres-
Carneiro, 2003). Essa situação convida a uma reflexão sobre a prática da psicoterapia
de casal e de família e seu papel na construção da subjetividade na pós-modernidade.
Multifacetado, com uma variedade enorme de funções, sem tempo para
perceber-se em cada mudança que acontece, o sujeito da pós-modernidade vê-se
30
fragmentado, mais do que nunca, cindido entre o sentir, o pensar e o agir. Essa
diversidade de modelos provoca crises e sintomas, realimentando-se deles.
Nesse contexto, é necessário construir novas abordagens psicoterapêuticas que
respondam às demandas dos sujeitos no contexto pós-moderno. Porém, não se pode
buscar responder a tais questões com modelos de organizações subjetivas originadas
da modernidade e que, presentes nas teorias personalistas e identitárias clássicas da
psicoterapia, levam a teorias e discursos centrados na conceituação de identidades
construídas em um self auto-referente e monádico.

Fonte: posmoderno.weebly.com

3.3 Novas possibilidades terapêuticas

O que comumente se chama de crise da pós-modernidade é, na verdade, um


processo de superação da visão de homem e de mundo característico do período
moderno, com o aparecimento de novas propostas epistemológicas e estéticas.
A modernidade leva-nos a construir uma certa visão de mundo caracterizada
pelas grandes metanarrativas: discursos totalizadores que trazem em seu bojo
pressupostos tanto de uma posição metafísica da essencialidade, como de uma
posição epistemológica da possibilidade de um conhecimento verdadeiro, pretendendo,
assim, uma posição de ordenador do pensamento e de outros discursos.
Na tentativa de construir uma psicologia científica moderna, a questão "o que é
o self?" parece central. Seu núcleo é, ao mesmo tempo, uma pergunta metafísica e
31
epistemológica. No sentido epistemológico, o self pode ser conhecido não só pelo
próprio como pelos demais. Em consequência, pode ser observado, medido, avaliado,
quantificado. De qualquer modo que se entenda a pergunta, ela pressupõe a existência
de uma entidade que preexista à nossa necessidade de descrevê-la. No sentido
metafísico, perguntar o que é o self significa perguntar sobre a essência daquilo que se
interroga, implicando em algo central, inerente à condição humana e irredutível.

Fonte: www.lookbebe.com.br

Todas as abordagens tradicionais na psicologia, subjetivistas e essencialistas,


concebem que o self é delimitado. Há o self e o "não self". Cada pessoa seria um
acontecimento único, em um universo delimitado e integrado, e o centro de suas ações.
Essa posição convida a certas perguntas, tais como: de que somos conscientes quando
somos conscientes de nós mesmos? Como saber se nossa consciência reflete o estado
real de nossa mente? Que é este self e como podemos verdadeiramente conhecê-lo?
Perguntas como essas criaram muitos dilemas, aos quais Descartes, por
exemplo, respondeu definindo uma divisão metafísica da realidade, do sujeito e do
objeto, em termos de uma "res extensa" e "res cogitans".

32
Fonte: nepo.com.br

A Psicologia Cognitiva tem evitado a cisão cartesiana e essas questões,


afirmando a emergência quer do self quer da consciência como explicável pelas ações
do sistema nervoso central. A metáfora é computacional: segundo esse modelo
computadorizado e cognitivo do sistema psicológico, as operações mentais e do self só
processam informações e resultados em relação a um critério ou sintaxe intrínsecos,
construídos dentro do sistema.
Sob essa acepção encontra-se muito da chamada revolução cognitiva. Esses
pontos de vista se apoiam na ideia cartesiana e lokeana de que a mente é um espaço
fechado e auto-suficiente.
O perigo dessa crença epistemológica modernista consiste em supor que é
possível reduzir todos os fenômenos psíquicos a alguma base ou modelo último, a
alguma origem fundamental, e é por isso que todas têm uma explicação de base causal
essencialista, que remete a algum tipo de fundamento imanente.
A posição pós-moderna não rejeita o discurso e as teorias modernas sobre o self
por assumir outro fundamento, mas por relativizar todo os discursos. Ela aponta para a
impossibilidade de uma fundamentação imanente, e assume a relatividade dos
discursos como paradigmática, abrindo outros caminhos que, por exemplo, nos
permitem evitar a posição da existência transcendental de um self, tornando

33
desnecessária uma concepção epistemológica e metafísica do si-mesmo. Isso nos situa
no campo pós-moderno e nas atividades da hermenêutica e da interpretação.

Fonte: espiritismoeconhecimento.wordpress.com

No processo de valorização da exploração da multiplicidade dos discursos, o


"eu", o ego, o self, os papéis sociais e as identificações deixam de ser expressões da
neurofisiologia e não podem ser explicáveis por um discurso fundacional.
Muitos cientistas sociais, há mais de vinte anos, começam a explorar as
consequências de definir o self como narrador e como um processo humano produtor
de significados por meio da ação da linguagem. O self pode ser, em uma perspectiva
pós-moderna, considerado como uma expressão dessa capacidade para a linguagem
e a narrativa, que são atos sociais. Na melhor das hipóteses, não somos mais que co-
autores de uma narrativa em permanente mudança, que se transforma em nosso "si-
mesmo". Histórias imersas no nosso passado, narradas em função de um futuro
contado em múltiplos contextos.
Essa perspectiva não é nova. Freud (1968), na sua obra "Construções na
análise", de 1936, aponta que quando a análise das defesas do "eu" e o processo de
associação livre não recuperam as necessárias lembranças edípicas da infância, é
possível para o analista criar uma história próxima do que o paciente poderia ter
recordado. Assim, Freud rechaça a abordagem narrativa ao compará-la com a ideia

34
delirante do psicótico, alertando-nos sobre os riscos dessa possível "intervenção" por
parte do analista.

Fonte: doutissima.com.br

Spence (1984) estendeu o conceito para uma abordagem narrativa e


construtivista. Segundo ele, já que nunca podemos chegar à verdade real das vivências
infantis, temos que nos contentar com um relato construído, que seja adequado ao
cliente e às circunstâncias. Segundo esse ponto de vista, a tarefa da psicoterapia
parece consistir na construção de uma história de vida que seja consistente com as
circunstâncias atuais do paciente, sem levar em conta a verdade "arqueológica" dessa
construção.
Schafer (1978) adota uma perspectiva mais próxima de Wittgenstein e do
construtivismo social. Para ele, o self é uma manifestação da ação humana, da ação
de falar sobre o si mesmo. No entanto, diferentemente de Spence (1984), que estava
interessado no conteúdo da narrativa, Shafer (1978) interessa-se pelo modo da
construção e pelo discurso narrativo. Ele sustenta que estamos contando,
aparentemente, a nós mesmos e aos outros, quem somos, incorporando essas histórias
umas às outras.

35
Fonte: acuradefreud.blogspot.com.br

Dessa perspectiva, o "si-mesmo" se converte nas maneiras mais ou menos


estáveis e emocionais de contar, a nós mesmos e aos outros, sobre nossa continuidade
no processo de viver, em nosso enlaçamento, e os significados de nossas interações.
Para Shafer (1978), assim como para outros psicoterapeutas pós-modernos,
também o outro se manifesta narrativamente. O desafio terapêutico, nessa perspectiva,
consiste em auxiliar os clientes a recontar as histórias de suas vidas de maneira que
lhes permita uma compreensão de sua origem, de seu significado e de suas atuais
dificuldades, de tal forma que a mudança se torne narrativamente concebível,
alcançável e crível.
Como assinala Rorty (1979), os seres humanos são geradores perpétuos de
novas descrições e narrações, mais do que seres que se possam descrever de maneira
precisa, objetiva e fixa. Isso faz com que a natureza do self e a de nossas subjetividades
se convertam em fenômenos intersubjetivos. Tais fenômenos são o produto de
narrarmos histórias uns aos outros e a nós mesmos, acerca de nós e dos outros, e das
histórias que outros narram para nós, sobre nós e sobre eles.

36
Fonte:karinaferrari.com.br

Do ponto de vista da psicoterapia de casal, essas colocações nos afastam de


uma determinada visão da terapia de família que vê os sistemas como uma arquitetura
social relativamente fixa, e convida-nos a vê-los como um sistema intersubjetivo, fluido
de construção de significados.
Para a abordagem narrativa, a psicoterapia é um processo conversacional. Na
psicoterapia, o objetivo passa a ser a narrativa de uma nova história, de um novo
presente que seja mais tolerável, coerente e contínuo, do que aqueles que as narrativas
anteriores permitiam.
A mudança passa a centrar-se mais no nosso ser e devir que em um passado
histórico cambiante. Em psicoterapia, esse é o resultado de mudar as auto narrativas
do self, e tem como consequência uma transformação do agente e da interação, ou
seja, do self e do contexto. Portanto, uma questão emerge: que narrativas construir?

37
Fonte: www.equilibrioemvida.com

Uma psicoterapia imbuída de uma tradição hermenêutica implica a abertura a


novos significados, o abandono de uma metanarrativa paradigmática supra-ordenadora
de sentidos. Saber de antemão, seja a partir de uma teoria ou de um diagnóstico, é
reduzir a compreensão a um nível tão abstrato que passa por cima da índole
intersubjetiva, única e singular da interpretação naquela interação e contexto.
Toda ação social pode ser concebida como o resultado de uma interação em um
sistema de indivíduos que atuam, ajustando e conectando seus comportamentos, em
relação a si mesmos e aos demais, mediante um processo hermenêutico de
interpretação de si mesmos, ou seja, através da construção da narrativa humana.
Vivemos, uns com os outros, vidas narradas. A pressão social - o estigma do
divórcio, o fato de a mulher depender economicamente do marido etc. -, que antes
mantinha os casais unidos, não é mais o "alicerce" do casamento. Novas narrativas
serão necessárias para a construção das novas formas de conjugalidade.

38
4 TERAPIA FAMILIAR PÓS MODERNA

Fonte: terapiacasalefamilia.blogspot.com.br

A terapia familiar é comumente identificada de forma genérica com a sua


vertente mais influente e abrangente, a terapia familiar de referência sistêmica (FÉRES-
CARNEIRO; PONCIANO, 2005). A terapia sistêmica considera a família como um com
qualidades cibernéticas. Os relacionamentos entre os membros da família,
componentes do sistema, são não lineares, e as interações são entendidas sob uma
perspectiva de causalidade circular.
Há um complexo sistema de inter-relação e de retroalimentação entre os
membros da família em que os sintomas são vistos como uma que se encontravam
vinculadas a um paradigma moderno de ciência, com os terapeutas especialistas,
detentores do conhecimento e condutores do processo terapêutico, num enfrentamento
à homeostase e às resistências da família tratada (VASCONCELLOS, 1995).
Com os passar das décadas os terapeutas familiares acabaram por ultrapassar
as próprias dissensões entre os teóricos sistêmicos, com terapeutas não mais se
autodenominando bowenianos, estratégicos ou estruturalistas. Este ecletismo auxiliou
a mudança pós-moderna que influenciou o movimento nos anos seguintes (NICHOLS;
SCHWARTZ, 2007).
Para Vasconconcellos (2009), a terapia familiar sistêmica é uma abordagem em
constante mudança, e seus desenvolvimentos teóricos epistemológicos, vinculados aos
conceitos da chamada primeira cibernética, evoluíram com o desenrolar das décadas
para uma proposta afinada com a cibernética de segunda ordem. Esta nova terapia
39
familiar ela denominou terapia familiar sistêmico-si-cibernética ou terapia familiar novo-
paradigmática.

Fonte: terapiacasalefamilia.blogspot.com.br

Segundo Lax (1998), a mudança na terapia familiar para um modelo pós-


moderno iniciou-se a partir dos modelos de Milão de terapia familiar, num retorno ao
pensamento recursivo de Bateson, com os teóricos Tom Andersen, Harold Goolishian,
Harlene.
Anderson e Lynn Hoffman e suas propostas colaborativas, além dos teóricos da
terapia Com o florescimento do pensamento pós-moderno, a terapia familiar foi, na
psicologia, uma das abordagens que mais sofreu o impacto desta tendência. Mas o que
é o pensamento ou paradigma pós-moderno?
O que é chamado pensamento, discurso ou paradigma pós-moderno não tem
uma definição clara e consensual na literatura científica; pode-se assumir que esta
tradição transcende a modernidade, rejeitando a busca sobre a verdade última, numa
visão antirepresentacionista na linguagem, antiessencialista do self e relativista
histórica, ética e culturalmente quanto aos parâmetros universais de verdade (ABIB,
1999; GRANDESSO, 2000).
Alguns autores simplesmente definem o pensamento pós-moderno como sendo
todo aquele que transcende e critica o modelo moderno, modelo este de crença no
discurso de uma realidade última verdadeira, no progresso linear, crescente e
cumulativo da ciência, no essencialismo e estruturalismo das teorias explicativas do

40
funcionamento humano em psicologia e nas metanarrativas (ou metadiscursos) de
legitimação de verdades atemporais e universais.

Fonte: www.pinterest.com

Alguns destes autores pós-modernos em terapia familiar, como Harold


Goolishian e Harlene Anderson, propõem um modelo de terapia colaborativo em que a
família apresenta ao terapeuta suas competências e a construção da terapia se faz por
meio desta troca, social.
Segundo Grandesso (2000), Foucalt demonstra a importância dos discursos
sobre a realidade como prática de manutenção de verdades discursivas e de relações
de poder sobre os indivíduos e a sociedade. O construcionismo social desenvolve que
a realidade de cada indivíduo é construída a partir de sua interação discursiva com o
mundo a partir da linguagem, que é, por sua vez, construída socialmente; portanto, as
narrativas são construídas e constroem a experiência (GRANDESSO, 2000;
ANDERSEN, 2002).

41
Fonte: telmalenzi.com.br

Nesse sentido, não existem verdades e sim múltiplas narrativas que irão
competir, algumas mais funcionais, outras precipitadoras de maior sofrimento. As
próprias teorias são entendidas como narrativas, e “uma teoria passa a ser considerada
útil, conforme ofereça subsídios para a construção de significados que façam sentido
para organizar a experiência vivida pela família e a evolução do sistema terapêutico.
Há na citação de Grandesso (2001) a inclusão de uma característica nem
sempre explicitada no debate pós-moderno em terapia familiar, qual seja, a existência
de um critério pragmático de utilidade para as narrativas. A busca da verdade é deixada
de lado com o pensamento moderno, e o critério pragmático define a manutenção da
determinada teoria/narrativa.
Com uma forte influência de métodos experimentais, apelo empírico e
objetividade, o behaviorismo floresce em sua versão metodológica. Hull, Tolman e
outros desenvolvem suas pesquisas e modelos, mas o mais influente deles é Skinner
que desenvolve a análise experimental do comportamento, transcendendo o modelo
estímulo-resposta e criando sua própria filosofia do comportamento, denominada
Behaviorismo Radical, e cindindo com o Behaviorismo metodológico então vigente.
O behaviorismo radical enquanto filosofia está intrinsecamente relacionado à sua
ciência, a Análise do Comportamento.
As afiliações filosóficas da Análise do Comportamento são diversas. Alguns
autores apontam ao operacionismo, enquanto preocupação com definições
42
operacionais dos termos e conceitos desta nova ciência; ao positivismo, dada sua
ênfase na objetividade e no fisicalismo dos fenômenos estudados; ao empirismo com
seu forte viés experimental de método indutivo; e ao selecionismo da teoria da evolução
darwiniana. Outros autores realçam a influência do pragmatismo e do contextualismo,
presente no critério funcional de seleção por consequências e na explicitação da
complexidade de relações entre as variáveis envolvidas no processo comportamental.

Fonte: terapiacasalefamilia.blogspot.com.br

Concepção de comportamento verbal na Análise do Comportamento se une à


Crítica pós-moderna aos modelos tradicionais de linguagem como
representação, e afilia-se aos jogos de linguagem de Wittgenstein e aos atos da fala do
filósofo inglês John Austin.
O comportamento verbal só pode ser compreendido contextualmente, e a
linguagem é dependente do contexto da cultura. Portanto, o comportamento verbal
como discurso sobre o mundo, sobre as coisas e sobre o próprio sujeito é constituído
e mantido nas relações contingenciais (contextuais) entre o os sujeitos falantes e a
comunidade linguística da qual comportamento foge a qualquer concepção
representacionista da realidade e se afilia ao pensamento pós-moderno de crítica
antirepresentacionista.
Na concepção da linguagem como contextual e na negação do modelo
representacionista de linguagem.
Na terapia sistêmica tal mudança é fortemente influenciada pelos movimentos
construtivistas e construcionista social, que definem os discursos e a linguagem como

43
construídos socialmente; e na Análise do Comportamento, com a concepção
skinneriana de comportamento verbal com significado existindo numa relação,
construída na comunidade verbal do falante.

Fonte: www.libertas.com.br

Ambas as abordagens têm afinidades com as apresentações pós-modernas em


filosofia da linguagem, marcadas principalmente por filósofos como Ludwig
Wittgenstein, John Austin e Jürgen Harbermas. Segundo Marcondes (2005), estes
filósofos citados têm comprometimentos com a filosofia da linguagem contemporânea
e se unem, numa pragmática da análise do significado como contexto e da linguagem
como ação.
Na visão epistemológica da ciência e da realidade. Para a terapia sistêmica
Segundo Zuriff (1998), devemos identificar distinções entre o construtivismo social
metafísico e o construtivismo social empírico. Ambos defendem que é através da
interação social que os indivíduos constroem seu conhecimento sobre o mundo no qual
interagem.
As teorias psicológicas modernas sobre o sujeito apontam para a constituição de
um self, uma personalidade, seja na teoria do traço, seja na humanista, o sujeito, detém
uma personalidade, composta de atributos, capacidades e características que podem
inclusive ser mensuradas com testes e inventários de personalidade. Esta
personalidade é mais importante que as situações e os contextos em que a pessoa
vive, pois a personalidade é pouco afetada pelos contextos e situações.

44
É contra esta concepção de sujeito que se insurge o discurso pós-moderno. Para
o construcionismo social, o discurso sobre o sujeito é compreendido como discurso
social.
Como apontado anteriormente, o construcionismo social foi pensamento
marcante na construção dos discursos pós-modernos na psicologia social e na terapia
familiar. Nos modelos pós-modernos de terapia familiar, o sujeito é sujeito narrativo.
Melhor dizendo, a construção do self é uma construção narrativa.

Fonte: www.psicologoeterapia.com.br

45
BIBLIOGRAFIA

ANDERSEN, T. Processos Reflexivos. Rio de Janeiro: NOOS, 2002.

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. 1. ed. São Paulo: Livraria Martins Fontes
Editora. 1992. p. 421.

BAUM, W. M. Compreender o Behaviorismo. Porto Alegre: ArtMed, 1999

BECK, A. T.; RUSH, A. J.; SHAW, B. F; EMERY, G. Terapia Cognitiva da Depressão.


Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

BERTALANFFY, L. von. Teoria geral dos sistemas. Petrópolis: Editora Vozes, 1975.

BRUNER, J. Atos de significação. Porto alegre: Artes Médicas, 1997.

FÉRES-CARNEIRO, T. (2003). Construção e dissolução do laço conjugal na


terapia de casal. In T. Féres-Carneiro (Org.). Família e casal: arranjos e demandas
contemporâneas (pp. 201-214). Rio de Janeiro: PUC-Rio.

FERRO-BUCHER, J.S.N. (1999). O casal e família sob novas formas de interação.


In T. Féres-Carneiro (Org.). Casal e família: entre a tradição e a transformação (pp.169-
193). Rio de Janeiro: Nau Editora.

GRANDESSO, Marilene. Sobre a reconstrução do significado: uma análise


epistemológica e hermenêutica da prática clínica. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2000

GOLDENBERG, M. (2000). De Amélias a operárias: um ensaio sobre os conflitos


femininos no mercado de trabalho e nas relações conjugais. In M. Goldenberg (Org.).
Os novos desejos (pp.105-124). Rio de Janeiro: Record.

GOLEMAN, D. (1998). A Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva.

GRANDESSO, M. A. Dialogando sobre teorias:metáforas teóricas da terapia familiar.


Nova Perspectiva Sistêmica: 1997, .Ano VI, 10: 18-23.

KOHLENBERG, R. J.; TSAI, M. Psicoterapia Analítica Funcional – FAP. Santo


André: ESETec, 2001

46
ROCHA-COUTINHO, M.L. (2000). Dos contos de fada aos super-heróis: mulheres e
homens brasileiros reconfiguram identidades. Psicologia Clínica, 2 (12), 65-82.

RUBIO, A. R. Behaviorismo Radical: Uma revisão do Conceito de Self na obra de B.


F. Skinner. In: Sobre Comportamento e Cognição. (Org.) BRANDÃO, M. Z. S. et al.
Santo André: ESETec, 2004.

SKINNER, B. F. O Comportamento Verbal. São Paulo: Editora Cultrix 1978


[publicação original em 1957]

STERN PECK, J., & Manocherian, J. (1995). O divórcio no ciclo de vida familiar. InB.
Carter & M. MacGoldrick. As mudanças no ciclo de vida familiar (pp. 291-320). Porto
Alegre: Artes Médicas.

47

Você também pode gostar