Decisão de 2 Instância
Decisão de 2 Instância
Decisão de 2 Instância
PROCESSO: 00058.016344/2018-11
INTERESSADO: PARINTINS TAXI AEREO LTDA - ME
SESSÃO DE JULGAMENTO
DECISÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA
AI/NI: 004632/2018 Data da Lavratura: 07/05/2018
Nº SIGEC: 670.628/20-2
Infração: Operar aeronave sem que fossem realizadas inspeções dentro do intervalo estabelecido pelo
fabricante.
Enquadramento: alínea "e" do inciso III do art. 302 do CBA c/c os itens 135.413 (a) e 135.421 (a),
ambos do RBAC 135, de 21/02/2014 - EMENDA nº 03.
Relator: Sérgio Luís Pereira Santos - Membro Julgador (SIAPE 2438309 / Portaria ANAC nº 1.921, de
21/10/2009).
1. INTRODUÇÃO
Trata-se de processo administrativo instaurado sob o número em referência, em face da empresa
PARINTINS TÁXI AÉREO LTDA. - ME, CNPJ nº. 03.293.432/0001-26, por descumprimento da
alínea "e" do inciso III do art. 302 do CBA c/c os itens 135.413 (a) e 135.421 (a), ambos do RBAC 135,
de 21/02/2014 - EMENDA nº 03, oportunidade em que o Auto de Infração nº. 004632/2018 foi lavrado
em 07/05/2018 (SEI! 1791170), com a seguinte descrição, abaixo, in verbis:
Auto de Infração nº. 004632/2018 (SEI! 1791170)
(...)
CÓDIGO DA EMENTA: 03.0007565.0109
DESCRIÇÃO DA EMENTA: Operar aeronave sem que fossem realizadas inspeções dentro do
intervalo estabelecido pelo fabricante.
HISTÓRICO: A aeronave PT-EGU realizou uma Inspeção Anual de Manutenção (IAM) no dia
30 de dezembro de 2015, na qual seu TSN de célula era de 6.435,6 horas. Dessa forma, de acordo
com o Manual de Manutenção do fabricante da aeronave EMB-810C, deveria haver uma
inspeção de 50 horas antes de a aeronave completar, portanto, 6.485,6 horas de TSN de célula.
De acordo com o próprio diário de bordo da aeronave, esta realizou, entre o período de 17 de
setembro de 2016 e 08 de outubro de 2016, 12 voos, totalizando 13,7 horas de voo, com o TSN
superior aos 6.485,6 h máximo previsto no Manual de Manutenção. Quando a aeronave realizou,
finalmente, uma nova inspeção (no caso, uma IAM), seu TSN já era de 6.500,7 h, ou seja, 15,1
horas acima do previsto no Manual de Manutenção, em claro desacordo com o previsto no
RBAC 135 itens 135.413(a) e 135.421(a) e na alínea (e) do inciso III do Art. 302 da Lei 7.565
(Código Brasileiro de Aeronáutica).
CAPITULAÇÃO: Alinea (e) do inciso III do artigo 302 do(a) Lei 7565 de 19/12/1986 c/c Item
135.413(a) do(a) RBAC 135 de 21/02/2014 c/c Item 135.425(a) do(a) RBAC 135 de 21/02/2014.
DADOS COMPLEMENTARES: Marcas da Aeronave: PTEGU.
Trecho Operado: SWEI-SBTT - Data da Ocorrência: 17/09/2016.
Trecho Operado: SBTT-SWEI - Data da Ocorrência: 18/09/2016.
Em anexo ao presente processo, a fiscalização apresenta as folhas nº. 005883 até 005891, todas do Diário
de Bordo nº. 007/PT-EGU/2015 (SEI! 1791503).
Notificada da lavratura do referido Auto de Infração, em 11/05/2018 (SEI! 1834518), a empresa
interessada apresenta a sua defesa, em 21/05/2018 (SEI! 1837746 e 1837745), oportunidade em que
alega, expressamente, que: (i) "[...] a cidade que mais operamos e Eirunepê-AM, que fica muito distante
de qualquer oficina de manutenção"; (ii) "[como] a próxima inspeção após a de 6.435.6 H seria de 100 h,
acrescentamos mais 10% de tolerância de horas de voo para que pudéssemos realizar a referida inspeção";
(iii) "[o] deslocamento foi até o aeródromo de Flores-AM, assim efetuamos uma inspeção de 100/50h com
6.500.7 h"; e (iv) "[...] o piloto teve seu repouso garantido após extrapolação da jornada supracitada".
O setor de decisão de primeira instância, por intermédio do Despacho JPI/SAR, de 26/12/2018
(SEI! 1936025), solicitou esclarecimentos ao setor técnico, oportunidade em que este apresenta, com
relação ao caso em tela, os seguintes esclarecimentos, por despacho, de 04/01/2019 (SEI! 2570632),
abaixo, in verbis:
Despacho GTAR/DF (SEI! 2570632)
(...)
2. O programa de inspeções da empresa, descrito em seu MGM aceito pela ANAC, contempla,
desta forma, a inspeção de 50 horas, conforme previsto no Manual de Manutenção do detentor
do projeto de tipo.
3. Quanto à tolerância de 10% constante no item 2 da defesa, lê-se no RBHA 91.409(b) que
"[...]A limitação de l00 horas de tempo de serviço pode ser excedida por não mais de l0
horas, caso seja necessário deslocar a aeronave para um local onde a inspeção possa ser
Nesta oportunidade, o setor técnico anexa ao presente processo, os seguintes documentos, realizando,
ainda, as suas respectivas considerações sobre os mesmos:
Manual Geral de Manutenção da Parintins Táxi Aéreo (SEI! 2570618): o item III.C do Manual
Geral de Manutenção do operador atesta (página 40 do arquivo .pdf): "as inspeções serão
executadas em oficina própria homologada pelo RBAC 145 e de acordo com o Manual do
Fabricante de cada aeronave" (grifos no original) ; e
Manual de Manutenção da aeronave EMB-810C (SEI! 2570617): conforme tabela III-I, página 3-3
(página 146 do arquivo .pdf), são enumerados diversos serviços que, conforme o programa de
inspeções recomendado pelo fabricante, devem ser realizados a cada período de 50 horas. Além da
tabela supracitada, constante na Seção III do Manual, são descritos, na Seção II, serviços a cada 50
horas no sistema de combustível (item 2-26), no cilindro de freio (item 2-32), na bomba hidráulica
(item 2-44), na bateria (item 2-46), no sistema de óleo do motor (item 2-56) e no filtro de óleo (item
2-60).
É o breve Relatório.
2. DAS PRELIMINARES
Do Recebimento do Recurso Sem Efeito Suspensivo
Observa-se que o referido recurso interposto pela empresa interessada foi recebido, pela Secretaria da
ASJIN, sem efeito suspensivo, com fundamento no vigente art. 38 da Resolução ANAC nº 472/18,
abaixo, in verbis:
Resolução ANAC nº. 472/18
(...)
Art. 38. Da decisão administrativa que aplicar sanção pecuniária, caberá recurso a ser interposto
no prazo de 10 (dez) dias, contados da data da ciência da decisão pelo autuado, no endereço
físico ou eletrônico indicado.
§ 1º O recurso não terá efeito suspensivo, ressalvada a possibilidade prevista no parágrafo
único do art. 61 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. (Redação dada pela Resolução nº 497,
de 29.11.2018)
(...)
(grifos nossos)
Como visto, a Administração Pública poderá conceder o efeito suspensivo, desde que haja "receio de
prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução", conforme apontado no parágrafo único
do art. 61 da Lei nº. 9.784/99, o qual assim dispõe, in verbis:
Lei nº. 9.784/99
(...)
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente da execução, a
autoridade recorrida ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito suspensivo ao
recurso.
(...)
(grifos nossos)
No caso em tela, deve-se apontar que o recorrente não apresenta argumentos plausíveis para a adoção dos
quesitos permissivos para a incidência da referida excludente. Como se pode observar, o interessado não
demonstrou no presente processo que a sua sujeição imediata à execução da sanção aplicada poderá
vir, de alguma forma, a lhe trazer prejuízos de difícil ou incerta reparação.
Da Regularidade Processual:
Notificada da lavratura do referido Auto de Infração, em 11/05/2018 (SEI! 1834518), a empresa
interessada apresenta a sua defesa, em 21/05/2018 (SEI! 1837746 e 1837745). O setor de decisão de
3. DA FUNDAMENTAÇÃO
Quanto à Fundamentação da Matéria – Operar aeronave sem que fossem realizadas inspeções dentro
do intervalo estabelecido pelo fabricante.
A empresa interessada foi autuada por operar aeronave sem que fossem realizadas inspeções dentro do
intervalo estabelecido pelo fabricante, em afronta à alínea "e" do inciso III do art. 302 do CBA c/c os
itens 135.413 (a) e 135.421 (a), ambos do RBAC 135, de 21/02/2014 - EMENDA nº 03, cujo Auto de
Infração nº. 004632/2018, de 07/05/2018 (SEI! 1791170), foi lavrado com a seguinte descrição, in verbis:
Auto de Infração nº. 004632/2018 (SEI! 1791170)
(...)
CÓDIGO DA EMENTA: 03.0007565.0109
DESCRIÇÃO DA EMENTA: Operar aeronave sem que fossem realizadas inspeções dentro do
intervalo estabelecido pelo fabricante.
HISTÓRICO: A aeronave PT-EGU realizou uma Inspeção Anual de Manutenção (IAM) no dia
30 de dezembro de 2015, na qual seu TSN de célula era de 6.435,6 horas. Dessa forma, de acordo
com o Manual de Manutenção do fabricante da aeronave EMB-810C, deveria haver uma
inspeção de 50 horas antes de a aeronave completar, portanto, 6.485,6 horas de TSN de célula.
De acordo com o próprio diário de bordo da aeronave, esta realizou, entre o período de 17 de
setembro de 2016 e 08 de outubro de 2016, 12 voos, totalizando 13,7 horas de voo, com o TSN
superior aos 6.485,6 h máximo previsto no Manual de Manutenção. Quando a aeronave realizou,
finalmente, uma nova inspeção (no caso, uma IAM), seu TSN já era de 6.500,7 h, ou seja, 15,1
horas acima do previsto no Manual de Manutenção, em claro desacordo com o previsto no
RBAC 135 itens 135.413(a) e 135.421(a) e na alínea (e) do inciso III do Art. 302 da Lei 7.565
(Código Brasileiro de Aeronáutica).
CAPITULAÇÃO: Alinea (e) do inciso III do artigo 302 do(a) Lei 7565 de 19/12/1986 c/c Item
135.413(a) do(a) RBAC 135 de 21/02/2014 c/c Item 135.425(a) do(a) RBAC 135 de 21/02/2014.
DADOS COMPLEMENTARES: Marcas da Aeronave: PTEGU.
Trecho Operado: SWEI-SBTT - Data da Ocorrência: 17/09/2016.
Trecho Operado: SBTT-SWEI - Data da Ocorrência: 18/09/2016.
O fato foi enquadrado na alínea "e" do inciso III do art. 302 do CBA c/c os itens 135.413 (a) e
135.421 (a), ambos do RBAC 135, de 21/02/2014 - EMENDA nº 03, abaixo transcritos, in verbis:
CBA
(...)
CAPÍTULO III - Das Infrações
(...)
Art. 302. A multa será aplicada pela prática das seguintes infrações:
(...)
III – Infrações imputáveis à concessionária ou permissionária de serviços aéreos:
(...)
e) não observar as normas e regulamentos relativos à manutenção e operação das
aeronaves;
(...)
(sem grifos no original)
Ao se relacionar os fatos concretos, estes descritos no Auto de Infração do presente processo, com o que
Voto CJIN 5176791 SEI 00058.016344/2018-11 / pg. 7
determina os fragmentos legais descritos, configura-se o descumprimento da legislação em vigor pelo
autuado.
Sendo assim, no caso em tela, ao se confrontar os aspectos fáticos com os fundamentos jurídicos disposto
na legislação vigente, identifica-se a materialidade dos atos tido como infracionais.
35. Ainda, segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro consiste na "conformidade do ato à lei; em
decorrência desse atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos
foram emitidos com observância da lei" (Direito Administrativo, pág. 191, 18ª Edição, 2005,
Atlas, São Paulo). Ainda de acordo com a citada autora, a "presunção de veracidade diz respeito
aos fatos; em decorrência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela
Administração." (op. cit. pág. 191, grifos do original).
36. Como visto e exaustivamente debatido, a aplicação da presunção de veracidade tem o
condão de inverter o ônus da prova, cabendo ao particular comprovar de forma cabal a
inocorrência dos fatos descritos pelo agente público, ou circunstância que exima sua
responsabilidade administrativa, o que inocorreu no presente caso, tendo a autuada afirmado que
"foi feito um levantamento das horas, conforme páginas 005857 a 005892 do diário de bordo nº
002/PT-EGU/2015, e constatado erro na soma das horas para manutenção requerida (relatório
em anexo), pois o piloto em comando estava colhendo horas para a manutenção da partida ao
corte, e não do pouso a decolagem conforme requerido na legislação de preenchimento do
diário de bordo". Afirmou, ainda, que a aeronave havia voado 10 horas a mais que o previsto,
sendo realizada uma inspeção de 100 horas, não tendo sido verificado nenhum tipo de danos à
manutenção, levando em conta que os 10% estariam previstos no manual de manutenção do
fabricante da aeronave, quando o Despacho GTARDF (2570632), foi categórico, ao afirmar que
"Quanto à tolerância de 10% constante no item 2 da defesa, lê-se no RBHA 91.409(b) que "[...]A
limitação de l00 horas de tempo de serviço pode ser excedida por não mais de l0 horas, caso
seja necessário deslocar a aeronave para um local onde a inspeção possa ser realizada.[..]".
Contudo, o diário de bordo da aeronave (SEI nº 1791503) atesta que a aeronave voou pelo
menos 9,7 horas em trechos locais (TSN de 6.487 a 6.496,7 horas) com a inspeção de 50 horas
vencida (vencimento com TSN de 6.485 horas), sem ter como destino final o aeródromo de
Flores (SWFN), no qual, segundo a defesa, foi realizada a manutenção. Dessa forma, a
tolerância prevista no RBHA 91 não pode ser levada em conta neste caso para qualquer fim,
uma vez que a aeronave realizou os voos previamente mencionados sem, contudo, ter efetuado
as inspeções previstas após o término dos voos".
37. Assim, em decorrência do princípio da veracidade e presunção de legitimidade do ato, já
No presente processo, verifica-se notificação de decisão, datada de 03/09/2020 (SEI! 4732289), a qual foi
recebida pela empresa interessada, em 08/09/2020 (SEI! 4743582), oportunidade em que esta apresenta,
em 18/09/2020, o seu recurso (SEI! 4789575 e 4789573), alegando, entre outras coisas, que:
(i) reitera os seus argumentos apostos em sede de defesa - A empresa recorrente reitera os argumentos
apostos em sede de defesa, o que, contudo, não pode prosperar, pois, como visto acima, foram,
adequadamente, afastados em sede de decisão de primeira instância (SEI! 4174634), o que foi, inclusive,
corroborado, agora, por este Relator.
(ii) houve desídia da Administração Pública - Importante ressaltar que o presente processo preservou
todos os direitos da empresa interessada, dentre estes, em especial, o contraditório e a ampla defesa,
estando, assim, dentro dos princípios informadores da Administração Pública. Deve-se reforçar que, na
verdade, não houve qualquer tipo de desídia por parte desta Administração Pública, como alegado pela
recorrente, mas, sim, tendo em vista, talvez, o volume de serviço constante nesta Administração, a
duração deste processo não refletiu as expectativas das partes, no entanto, deve-se registrar que dentro do
estrito cumprimento da Lei nº 9.873/99.
(iii) "[...] o auto de infração deveria ter sido lavrado e a notificação encaminhada à suposta
infratora no prazo máximo de 10 (dez) dias, o que não ocorreu, sendo, portanto, nulo o referido
ato e seus desdobramentos" (grifos no original) - Esta alegação da empresa recorrente não pode
prosperar, pois, como visto acima, o processamento em curso se encontra em perfeita consonância com o
disposto na Lei nº 9.873/99, não se podendo falar em qualquer tipo de mácula nos atos administrativos
exarados.
(iv) "[...] que o auto de infração e o procedimento instaurado são nulos de pleno direito e não estão aptos a
gerarem efeitos como atos administrativos perfeitos, a não observância das formalidades exigidas para o
caso e a flagrante violação às normas reguladora" - Esta alegação da recorrente, na verdade, não pode
prosperar, pois, como visto acima, todos os atos administrativos foram exarados dentro da estrita
legalidade, não se podendo apontar qualquer tipo de vício que possa vir a anular qualquer um destes atos.
Ressalta-se que o agente fiscal pode, com segurança, materializar os atos tidos como infracionais,
apontando, ainda, os fatos e fundamentos de direito necessários à higidez processual.
(v) "[...] que o auto de infração foi lavrado fora do prazo estabelecido, ou seja, quase dois anos após nove
meses após a data da suposta infração, o que impede ou no mínimo dificulta o exercício da sua
ampla defesa, pois a morosidade da Administração em notificá-lo tempestivamente impossibilita que
realizasse qualquer investigação" - Como já apontado acima, o presente processo se encontra em
consonância com os dispositivos disposto na Lei nº 9.873/99, não se podendo falar em nulidade de
quaisquer deles.
Voto CJIN 5176791 SEI 00058.016344/2018-11 / pg. 12
(vi) "[...] a Administração Pública deve se ater a adequada produção de provas antes de
impulsionar um feito que venha a prejudicar ou questionar a conduta daqueles que administra
(art. 2, par. único, inc. X)" (grifos no original) - Esta alegação da empresa recorrente não pode
prosperar, pois, como visto na fundamentação a este Voto, o Auto de Infração nº. 004632/2018,
de 07/05/2018 (SEI! 1791170), foi elaborado contendo todos os elementos necessários à materialização
dos atos tidos como infracionais, bem como apresentou todos os fundamentos jurídicos necessários, de
forma que este, com certeza, pode proporcionar todas as condições necessárias para que a recorrente
viesse a exercer o seu direito ao contraditório. Deve-se, ainda, ressaltar que o Relatório de Fiscalização nº.
005930/2018/GGAF, datado de 21/05/2018 (SEI! 1791435), apresentou outras considerações do agente
fiscal, facilitando, ainda mais, o pleno exercício ao contraditório pela empresa interessada. Nesta
oportunidade, todos os fatos foram, exaustivamente, descritos pelo agente fiscal, materializando, assim,
plenamente os atos infracionais objetos do presente processo.
Importante ressaltar, também, que o setor de decisão de primeira instância, por intermédio do Despacho
JPI/SAR, de 26/12/2018 (SEI! 1936025), solicitou esclarecimentos ao setor técnico, oportunidade em que
este apresenta, com relação ao caso em tela, os novos esclarecimentos, por despacho, de 04/01/2019
(SEI! 2570632), buscando, assim, melhor instruir o presente processo. Pelo Ofício nº 5155/2020/ASJIN-
ANAC, de 10/06/2020 (SEI! 4421489), a empresa interessada foi, devidamente, notificada, em
24/06/2020 (SEI! 4544690), quanto à anexação dos referidos documentos pelo setor técnico,
oportunidade em que, em 04/08/2020, apresenta as suas considerações (SEI! 4611310 e 4611308), logo,
tendo a oportunidade de ter pleno conhecimento do processamento em seu desfavor.
Sendo assim, no caso em tela, não se verifica qualquer tipo de ato administrativo exarado quer possa
restar viciado, não havendo nenhuma mácula/vício que possa vir a prejudicar, até a presente data, o seu
regular processamento.
(vii) nulidade do referido Auto de Infração por vício material na sua motivação - Esta alegação não pode
prosperar, pois, como visto no processamento em curso, todos os atos administrativos exarados foram,
devidamente, fundamentados e motivados, em especial, quanto ao Auto de Infração nº. 004632/2018,
de 07/05/2018 (SEI! 1791170), o qual se encontra dentro das formalidades legais e normativas.
(viii) "[...] a manutenção da aeronave PT-EGU não extrapolou as horas prevista no manual, considerando
a flexibilização de 10% inerentes ao deslocamento da aeronave para cidade destino onde realizou a
revisão programada." - Quanto a esta alegação da recorrente, deve-se apontar que o setor de decisão de
primeira instância, por intermédio do Despacho JPI/SAR, de 26/12/2018 (SEI! 1936025), solicitou
esclarecimentos ao setor técnico, oportunidade em que este apresenta, com relação ao caso em tela, os
seguintes esclarecimentos, por despacho, de 04/01/2019 (SEI! 2570632), abaixo, in verbis:
Despacho GTAR/DF (SEI! 2570632)
(...)
2. O programa de inspeções da empresa, descrito em seu MGM aceito pela ANAC, contempla,
desta forma, a inspeção de 50 horas, conforme previsto no Manual de Manutenção do detentor
do projeto de tipo.
3 . Quanto à tolerância de 10% constante no item 2 da defesa, lê-se no RBHA 91.409(b) que
"[...]A limitação de l00 horas de tempo de serviço pode ser excedida por não mais de l0
horas, caso seja necessário deslocar a aeronave para um local onde a inspeção possa ser
realizada.[..]". Contudo, o diário de bordo da aeronave (SEI nº 1791503) atesta que a
aeronave voou pelo menos 9,7 horas em trechos locais (TSN de 6.487 a 6.496,7 horas) com a
inspeção de 50 horas vencida (vencimento com TSN de 6.485 horas), sem ter como destino
final o aeródromo de Flores (SWFN), no qual, segundo a defesa, foi realizada a manutenção.
Dessa forma, a tolerância prevista no RBHA 91 não pode ser levada em conta neste caso
para qualquer fim, uma vez que a aeronave realizou os voos previamente mencionados sem,
Sendo assim, deve-se apontar que, da mesma forma, esta alegação da empresa recorrente não pode
prosperar.
(ix) "[...] o ato infracional descrito no Auto de Infração combatido não reflete a verdade material
dos fatos, até por ausência de informações concisas por parte da administração pública, sendo
incontestável a existência de vício material na motivação, o que leva também à nulidade da
Autuação em questão por esse aspecto" (grifos no original) - Esta alegação da recorrente não pode
prosperar, pois, conforme apontado acima, o Auto de Infração nº. 004632/2018,
de 07/05/2018 (SEI! 1791170), se encontra dentro das formalidades legais e normativas.
(x) incidência do princípio do non bis in idem e da conduta continuada - No presente processo, apesar dos
atos tidos como infracionais serem semelhantes, não são idênticos, não se podendo, assim, serem
considerados em afronta ao princípio do non bis in idem. Deve-se apontar que cada um dos voos
realizados em afronta à norma deve ser considerado como ato infracional autônomo, ou seja, com
características próprias, como dito, apenas semelhantes, mas, de forma alguma, idênticos. Obser4va-se
que os fatos geradores de cada um dos 12 (doze) atos infracionais cometidos são autônomos, não se
podendo apontar qualquer tipo de afronta ao princípio do non bis in idem.
Sendo assim, deve-se apontar que o interessado, tanto em defesa quanto em sede recursal, não consegue
apresentar qualquer excludente quanto ao ato infracional que lhe está sendo imputado no presente
processo.
6. DA DOSIMETRIA DA SANÇÃO
Verificada a regularidade da ação fiscal, temos que verificar a correção do valor da multa aplicada como
sanção administrativa ao ato infracional imputado.
Quanto à circunstância atenuante prevista no inciso I do §1º do art. 22 da então vigente Resolução ANAC
nº 25/08 ("reconhecimento da prática da infração"), o ente regulado deve reconhecer não só a prática do
ato, mas também o fato de que essa conduta infringiu norma de competência da Autoridade de Aviação
Civil, ou seja, o autuado deve reconhecer, expressamente, o cometimento da conduta infracional.
Segundo entendimento desta ASJIN, inexiste a possibilidade da concessão deste tipo de condição
atenuante (inciso I), quando o interessado, durante o processamento em seu desfavor, apresenta
argumento contraditório ao necessário "reconhecimento da prática da infração", como, por exemplo: (i)
alegação de algum tipo de excludente de sua responsabilidade pelo cometimento do ato infracional; (ii)
arguição de inexistência de razoabilidade para a manutenção da sanção aplicada; (iii) requerimento no
sentido de afastar a sanção aplicada; e ou (iv) requerimento de anulação do auto de infração
e, consequentemente, o arquivamento do processo sancionador.
Cumpre mencionar a Súmula Administrativa aprovada pela Diretoria desta Agência, conforme Decisão nº
73, de 24/05/2019, publicada na Seção 1, página 02, do D.O.U., de 30/05/2019, conforme redação
abaixo, in verbis:
SÚMULA ADMINISTRATIVA ANAC Nº 001/2019
ENUNCIADO: A apresentação pelo autuado de argumentos contraditórios ao “reconhecimento
da prática da infração” é incompatível com a aplicação da atenuante prevista no art. 22, § 1º,
inciso I, da Resolução nº 25, de 25 de abril de 2008, e no art. 36, § 1º, inciso I, da Resolução nº
472, de 6 de junho de 2018, a menos que se trate de explanação do contexto fático no qual
ocorreu a infração ou de questões preliminares processuais.
No caso em tela, a empresa interessada não reconheceu o cometimento do ato infracional que lhe
está sendo imputado no presente processo, podendo-se, então, considerar que não houve por parte da
empresa a materialização da condição atenuante prevista no inciso I do §1º do art. 22 da então
vigente Resolução ANAC nº. 25/08.
Sendo assim, deve-se apontar que não cabe a aplicação de qualquer das condições agravantes, conforme
disposto nos diversos incisos previstos no §2º do art. 22 da então vigente Resolução ANAC nº. 25/08.
Em decisão de primeira instância foi reconhecida uma condição agravante (inciso IV do §2º do art. 22
da antes vigente Resolução ANAC nº. 25/08). No entanto, deve-se apontar que o presente processo não
apresenta a materialização desta suposta "exposição ao risco da integridade física de pessoas", ou seja,
não há qualquer menção da fiscalização quanto a esta condição, que possa a vir a justificar o agravamento
Para Celso Antônio BANDEIRA DE MELLO, em sua obra Curso de direito administrativo. São
Paulo: Malheiro Editores, 2009. p. 105, o princípio da legalidade pode ser conceituado de forma
similar, a saber:
O princípio da legalidade no Brasil significa que a Administração nada pode fazer senão o que
lei determina. Ao contrário dos particulares, os quais podem fazer tudo o que a lei não proíbe, a
Administração só pode fazer o que a lei antecipadamente autorize.
Quanto à jurisprudência, por sua vez, observa-se o Superior Tribunal de Justiça - STJ, o qual, inúmeras
vezes, já lançou mão deste princípio, ratificando, assim, o conceito adotado, verbi gratia:
ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS INATIVOS. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE
TÉCNICO-ADMINISTRATIVA-GATA. DECRETO-LEI Nº 2.200/84. RECEBIMENTO
INTEGRAL. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. ADMINISTRADOR PÚBLICO. OBEDIÊNCIA
AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. I - O
art. 5º do Decreto-lei nº 2.200/84, fixou que "Aos funcionários já aposentados a incorporação da
Gratificação de Atividade Técnico-Administrativa, far-se-á na razão da metade do percentual
máximo atribuído à categoria funcional em que ocorreu a aposentadoria." II - Segundo o
princípio da legalidade estrita - art. 37, caput da Constituição Federal - a Administração está,
em toda a sua atividade, adstrita aos ditames da lei, não podendo dar interpretação extensiva
ou restritiva, se a norma assim não dispuser. A lei funciona como balizamento mínimo e
máximo na atuação estatal. O administrador só pode efetuar o pagamento de vantagem a
servidor público se houver expressa previsão legal, o que não ocorreu na hipótese dos autos em
relação à percepção integral da Gratificação de Atividade Técnico-Administrativa aos inativos.
III - Recurso especial conhecido e desprovido. (STJ - REsp: 907523 RJ 2006/0265251-2,
Relator: Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento: 10/05/2007, T5 - QUINTA TURMA, Data
de Publicação: DJ 29/06/2007 p. 715) (grifos nossos).
Reforça-se que a Administração só pode atuar diante da prévia previsão legal e/ou normativa, ou seja, em
consonância com o que já se encontra determinado pelo ordenamento jurídico. A aplicação deste
instituto, ou qualquer outro que seja, desde que não esteja inserido previamente no ordenamento, fere
o princípio da legalidade, conforme acima definido, devendo ser afastado do âmbito desta Administração
Pública.
Em suma, deve-se reconhecer a estreita relação existente entre o Direito Penal e o Direito Administrativo
Sancionador, guardadas, claro, as devidas e necessárias especificidades, cada qual na proteção e guarda
de seus próprios bens jurídicos distintos. Diante de um caso concreto, optando o administrador por lançar
mão de algum dos princípios próprios do Direito Penal, deve-se, necessariamente, estar alinhado aos
ditames legais e/ou normativos, tendo em vista a vinculação do Poder Público ao princípio da legalidade,
imprescindível ao pleno exercício do Estado Democrático de Direito. Sendo assim, quanto à
aplicabilidade do instituto da infração continuada por esta ANAC, conceito extraído do Direto Penal,
poderá ser, sim, utilizado, mas desde que, previamente, definido/conceituado pela legislação e/ou
normatização específica sobre a matéria, oportunidade em que deverá, ainda, determinar os seus contornos
e limites/parâmetros, para, só então, serem aplicados aos casos em geral.
Recentemente, deve-se reconhecer que esta ANAC elaborou dispositivo normativo complementar
específico sobre o instituto da infração de natureza continuada, apresentando seus necessários parâmetros,
de forma a ser aplicado, com segurança, nos processamentos em curso.
Deve-se entender que, hoje, se está diante do necessário conceito e imprescindíveis contornos fáticos e
jurídicos, para a aplicação ou não o instituto da infração de natureza continuada, se tornando possível a
sua aplicação, no caso em tela ou em qualquer outro caso concreto no âmbito desta ANAC, em atenção
ao princípio da legalidade.
Observa-se referencia à Lei nº. 9.873/99, a qual estabelece prazo de prescrição para o exercício de ação
punitiva pela Administração Pública Federal, direta e indireta, e dá outras providências, onde, em
especial em seu artigo 1º, determina a incidência do instituto da prescrição em cinco anos para a ação
punitiva da Administração, quando no exercício do seu poder de polícia, objetivando apurar infração à
legislação em vigor, contados da data do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do
dia em que tiver cessado. Nesse sentido, explica-se que tal dispositivo, apesar de reconhecer, em âmbito
administrativo, a possibilidade de se ter infração continuada, conforme, inclusive, apontado acima, não
viabiliza a sua, plena e imediata, aplicabilidade, na medida em que não constitui, previamente, o seu
conceito/definição, bem como, não estabelece as condições/requisitos necessários no âmbito
Nota-se que o ilustre doutrinador, apesar de favorável à aplicação do instituto da infração continuada,
registra importante observação, a qual deve ser levada em consideração por qualquer órgão regulador de
determinada atividade. O fato de, até hoje, não ter se materializado a necessária definição do referido
instituto pelas áreas técnicas, bem como, não ter sido normatizado e determinados os necessários
requisitos/condições para a sua aplicação, torna-se a sua aplicabilidade, sem tais critérios, no mínimo,
temerária e, principalmente, contrária aos interesses da Administração Pública.
Ainda nesta mesma obra, OLIVEIRA (2005, p. 107) cita o art. 266 da Lei nº. 9.503, de 23/09/1997 -
Código de Trânsito Brasileiro, o qual assim dispõe, in verbis:
CTB
(...)
Art. 266. Quando o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, ser-lhe-ão
aplicadas, cumulativamente, as respectivas penalidades.
(...)
Observa-se que o referido acima diploma legal, ao conferir a regulação no que tange às questões relativas
ao trânsito brasileiro, prevê a cumulatividade das sanções, em se tratando de duas ou mais infrações,
mesmo que simultaneamente.
Observa-se que, à época dos atos tidos como infracionais, ou seja, de 24/07/2018, se encontrava em vigor
a Resolução ANAC nº. 25/08 (revogada pela Resolução ANAC nº. 472/18), a qual, mesmo não se
referindo, expressamente, à infração continuada, apresentava, salvo engano, a ideia de sua não
aplicabilidade, conforme se pode extrair dos dispositivos abaixo in verbis:
Resolução ANAC nº. 25/08
(...)
Art. 10. Constatada, pelo agente da autoridade de aviação civil, a existência de indícios da
prática de infração, será lavrado Auto de Infração e instaurado processo administrativo.
(Redação dada pela Resolução nº 306, de 25.2.2014)
(...)
§ 2º Havendo indícios da prática de duas ou mais infrações relacionadas a um mesmo contexto
probatório ou cuja prova de uma possa influir na prova de outra(s), será lavrado um único Auto
de Infração, para a apuração conjunta dos fatos conexos, mediante a individualização objetiva de
todas as condutas a serem perquiridas e das normas infringidas. (Redação dada pela Resolução nº
306, de 25.2.2014)
§ 3º Na hipótese do parágrafo anterior, a apuração conjunta dos fatos não implicará a
utilização de critério de dosimetria distinto do estabelecido no Título III para a imposição de
No acima referido dispositivo, as sanções, na "apuração conjunta dos fatos", são aplicadas "de forma
individualizada, pela prática de cada uma das infrações cometidas", sugerindo, apesar de não
expressamente, a não incidência do instituto da infração continuada por esta ANAC.
Este entendimento prevaleceu nesta ANAC, onde se pode verificar diversos outros processos
sancionadores, em casos similares, nos quais não foram consideradas a aplicação do instituto da infração
continuada, a saber: Processos nºs. 00066.052932/2012-15; 00065.167973/2013-04;
00065.019481/2012-14; 00065.019512/2012-37; 00065.167986/2013-75; e 00065.021960/2012-09.
Em 04/12/2018, com a vigência da Resolução ANAC nº. 472/18, o instituto da infração de natureza
continuada mereceu citação, conforme abaixo, in verbis:
Resolução ANAC nº. 472/18
(...)
TÍTULO III
DAS PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS SANCIONATÓRIAS
(...)
Seção VII
Da Decisão em Primeira Instância
Art. 32. A decisão de primeira instância conterá motivação explícita, clara e congruente,
abordando as alegações do autuado, indicando os fatos e fundamentos jurídicos pertinentes,
podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 1º Na hipótese de prática de 2 (duas) ou mais infrações relacionadas, prevista no art. 17
desta Resolução, a apuração conjunta dos fatos não implicará a utilização de critério de
dosimetria distinto do estabelecido na Seção IX do Capítulo II do Título III desta Resolução
para a imposição de sanções.
§ 2º As decisões que cominarem sanções deverão discriminar a prática de cada uma das infrações
cometidas, salvo se caracterizada infração continuada conforme normativo específico.
§ 3º Na hipótese de decisão de sanção de multa pela autoridade julgadora, será lançado um único
crédito em montante correspondente ao somatório das multas previstas para cada uma das
infrações cometidas.
(...)
(sem grifos no original)
Ocorre que a Resolução ANAC nº. 566, de 12/06/2020, deu nova redação ao referido acima §2º,
oportunidade em que passou a vigorar com o texto abaixo, in verbis:
Resolução ANAC nº. 472/18
(...)
Art. 32.
(...)
§ 2º As decisões que cominarem sanções deverão discriminar a prática de cada uma das infrações
cometidas, observado o art. 37-A desta Resolução. (Incluído pela Resolução nº 566, de
12.06.2020)
(...)
Observa-se, então, que o "normativo específico", referido na redação original do §2º do art. 32 da
Resolução ANAC nº 472/18, foi implementado com a mudança na redação deste mesmo dispositivo, o
Observa-se que a Resolução ANAC nº 566/20, a qual alterou a Resolução ANAC nº 472/18, conforme
visto acima, entrou em vigor em 1º de julho de 2020, contando, assim, com a inclusão de dispositivos
sobre Infração Administrativa de Natureza Continuada, os quais são de aplicabilidade imediata a todos os
processos administrativos sancionadores em que não tenha ocorrido o trânsito em julgado administrativo.
Ao se analisar estes dispositivos, hoje vigentes, entende-se que esta ANAC apresenta, a partir de então,
elementos que devem ser observados para a possibilidade de caracterização da aplicação do instituto
da infração de natureza continuada, nos moldes do art. 37-A supra mencionado.
Sendo assim, as práticas decorrentes de ações ou omissões que, porventura, seja constituídas de infrações
idênticas e, ainda, desde que apuradas na mesma ação fiscalizatória e não havendo violação, poderá, com
fundamento no art. 37-A da Resolução ANAC nº 472/18, ser identificada a incidência da infração de
natureza continuada, cabendo, então, a aplicação de sanção com base na dosimetria prevista no art. 37-B
deste mesmo diploma normativo.
Em suma, agora, existe um normativo que possibilita a aplicação do instituto da infração de natureza
continuada aos casos concretos desta ANAC, ao contrário, do antes determinado pela então vigente à
época Resolução ANAC nº. 25/08.
Desta forma, deve-se observar se no caso em tela pode-se ou não aplicar o instituto da infração de
natureza continuada.
Ao se analisar, mais detidamente, o Auto de Infração nº. 004632/2018, de 07/05/2018 (SEI! 1791170)
e, ainda, o Relatório de Fiscalização nº. 005930/2018/GGAF, datado de 21/05/2018 (SEI! 1791435),
observa-se tratar da mesma ação fiscal, a qual estabeleceu que todos os 12 (doze) atos tidos como
Valor total da multa = R$ 7.000,00 * 121/2 = R$ 24.248,71 (vinte e quatro mil, duzentos e
quarenta e oito reais e setenta e um centavos).
Demonstra-se, assim, que a aplicação da penalidade à entidade interessada no feito tem base legal,
afastando as alegações apresentadas, em sede recursal.
8. DO VOTO
Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, REDUZINDO a sanção aplicada pela
autoridade competente da primeira instância administrativa, para o valor de R$ 24.248,71 (vinte e
SEI nº 5176791
PROCESSO: 00058.016344/2018-11
INTERESSADO: PARINTINS TAXI AEREO LTDA - ME
Considerando o disposto no art. 43 da Resolução ANAC nº 472, de 06 de junho de 2018, art. 13 da
Instrução Normativa ANAC nº 135, de 28 de fevereiro de 2019 e art. 8º da Portaria nº 1.244/ASJIN, de
23 de abril de 2019, profiro meu voto nos seguintes termos:
SEI nº 5645681
PROCESSO: 00058.016344/2018-11
INTERESSADO: PARINTINS TAXI AEREO LTDA - ME
1. Acompanho o voto do Relator, Voto CJIN 5176791, para NEGAR PROVIMENTO ao recurso e
REFORMAR a sanção aplicada pela autoridade competente da primeira instância administrativa,
REDUZINDO o valor da penalidade para o valor de R$ 24.248,71 (vinte e quatro mil, duzentos
e quarenta e oito reais e setenta e um centavos), em razão dos doze atos infracionais de natureza
continuada cometidos e descritos no Auto de Infração – AI nº 004632/2018, pelas condutas de
operar aeronave sem que fossem realizadas inspeções dentro do intervalo estabelecido pelo
fabricante, capituladas na alínea "e" do inciso III do art. 302 do CBA c/c itens 135.413 (a) e
135.421 (a), ambos do RBAC 135, de 21/02/2014 - EMENDA nº 03.
É como voto.
Rio de Janeiro, 28 de abril de 2021.
SEI nº 5647776
Processo: 00058.016344/2018-11
Interessado: PARINTINS TAXI AEREO LTDA - ME
Auto de Infração: 004632/2018
Crédito de multa: 670.628/20-2
Membros Julgadores ASJIN:
Cássio Castro Dias da Silva - SIAPE 1467237 - Portarias ANAC nº 751, de 07/03/2017, e
nº 1.518, de 14/05/2018 - Presidente Turma Recursal – RJ
Sérgio Luís Pereira Santos - SIAPE 2438309 - Portaria ANAC nº 1.921, de 21/10/2009 -
Relator
Renata de Albuquerque de Azevedo - SIAPE 1766164 - Portaria ANAC nº 626, de
27/04/2010 - Membro Julgador