Jamie McGuire - 02 Happenstance
Jamie McGuire - 02 Happenstance
Erin também está sendo correspondida por sua paixão de infância, Weston
Gates, o sonho que ela teve um dia agora era realidade.
Mas quando Erin se depara com segredos que lhe dão as respostas que ela
está procurando, ela também descobre uma verdade que ela nunca quis saber.
Índice
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Mesmo a luz estando apagada e a porta fechada, algo estava me
atraindo para o quarto da Alder. Eu estava morando com meus pais
verdadeiros há três semanas e nunca tinha visto a porta da Alder aberta, mas
cada vez que eu passava pela madeira pintada de branco com as letras em
madeira no tom pastel que se soletravam ERIN, algo dentro de mim dizia-me
para abri-la.
"Pelo cheiro parece que eles estão tentando atraí-la para a cozinha
novamente." Weston disse, inclinando-se para me dar um selinho.
Ele passou por mim, pegando minha mão no caminho. Nós andamos
pelo corredor levemente colorido e viramos para a direita, sob uma porta com
um arco. Julianne gostava de cores claras e muita luz natural, o que fazia
sentido, porque ela incorporava a luz do sol. Toda a casa era decorada,
principalmente na cor branca ou em tons de branco, azul claro e finas cortinas.
Weston olhou para mim com seus grandes olhos verde esmeralda,
porque ela não estava falando com ele.
Weston olhou para mim e depois para o relógio dele. "Temos tempo."
"Às vezes." Weston disse. "Mas ela não cozinha tão bem como
Julianne. Não sei se alguém o faz."
Sam andou até mim, inclinou-se e beijou meu cabelo. "Tenha um bom
dia, mocinha." Ele fez uma pausa. "Você trabalha hoje à noite?"
Weston assentiu.
"Estou brincando." Ele disse rindo. "Eu pensei que talvez pudéssemos
jantar mais tarde?"
Ele apertou meu ombro e depois pegou seu casaco, correndo pelo
corredor em direção á porta dos fundos que levava para a garagem.
Julianne afastou sua franja de seus olhos. "Eu tenho que cortar o
cabelo. Isso está me enlouquecendo."
Ela olhou para mim com entusiasmo em seus olhos. "Você quer ir?"
"É claro. Eu vou desempacotar as suas coisas, Erin. Você pode colocá-
las onde quiser esta noite."
Não tinha certeza se ele estava brincando ou não. Ele não sorriu.
Entrei, e Weston correu para o assento do motorista. Assim que sentou
atrás do volante, estendeu a mão para a minha. Quando eu a peguei, ele
puxou meus dedos.
1
Drive: Dirigir; para carros com câmbio automático.
Sra. Merit começou a aula assim que o sinal tocou e deu a maior parte
de seus slides na lousa digital quando Sara Glenn inclinou-se.
Ela não foi dissuadida. "Weston deve ter dado a você. Você esta o
usando todos os dias a quase um mês."
"Chrissy North disse que você se mudou para o quarto da Alder. Ele
está assombrado?"
"Não, e não."
"Então é verdade?"
"Isso é nojento."
Weston ficou vermelho de raiva, mas isso não era dirigido a mim. "Não
se desculpe por eles, Erin. Tenha pena deles. Isso é tão contraditório e..." Suas
palavras foram sumindo. "Quem teve essa ideia estava débil o suficiente para
falar para mais alguém e essa pessoa tem mais problemas do que fofocas.
Você não pode evitar o que pensam ou dizem."
"Eu sei. Não me importo com o que pensam de mim. Mas isso é
apenas... Não quero que chegue até Sam ou Julianne."
Minha boca caiu aberta. "Você disse a eles? Como pôde dizer isso a
eles?"
"É uma cidade pequena, Erin. É preferível que eles ouçam de nós, não
é?"
"Mas eles não ouviram isso de nós. Eles ouviram de você. Por que
você não me disse?"
Eu inclinei minha cabeça em direção a meu ombro, mas não virei. "Não
sei o que dizer."
"Diz que sou um idiota por falar com seus pais sem falar com você
primeiro, e depois diz que não me odeia."
"Eu não te odeio."
Olhei para cima. Era Brady Beck. "Você está realmente morando com
os Alderman’s agora?"
Permaneci em silêncio.
Eu não me virei.
“Easter,” ele sussurrou.
Foi a primeira vez que alguém tinha me chamado assim desde que a
notícia se espalhou que eu não era filha de Gina. Parecia depreciativo. Sempre
pareceu.
Eu ainda não tinha virado. Micah não tinha os amigos lá para encorajá-
lo a me intimidar, então se eu o ignorasse, geralmente ele desistiria. Havia três
tipos de valentões: aqueles como Sara que estava mais para passivo-agressivo
do que qualquer outra coisa, e geralmente só faziam quando estavam tendo
um dia ruim. Outros, como Micah ou Andrew, que só me magoavam quando
havia outras pessoas participando, e então os valentões como Brady e
Brendan, que não se importava em quem estava por perto. Quando eles
decidiam atacar alguém, o tormento não parava até que eles de alguma forma
haviam destruído sua presa.
"Eu não estou." Eu disse, mantendo minha voz baixa, esperando que
ele fizesse o mesmo.
Assim que a porta bateu, ele respirou. "Me desculpe, Erin. Eu pensei
que tivesse fazendo a coisa certa. Eu estava tentando protegê-la. Agora
2
Testando as águas: Gíria americana, testando o clima entre duas ou mais pessoas.
percebo que foi estúpido falar com eles sem falar com você primeiro." Ele
esperou que eu respondesse, claramente se preparando para um argumento.
"Eu vou superar." Eu não estava com raiva. Eu não sabia o que eu
estava sentindo, mas foi estranho ter alguém tão... arrependido por mim.
Uma linha se formou entre suas sobrancelhas, ele virou o rosto pra
frente, golpeando o câmbio para colocar em marcha ré. Ele estava infeliz com a
minha resposta e quieto, perdido em seus pensamentos enquanto dirigia para o
terreno baldio da antiga pizzaria. Todo mundo já estava em pé em frente á
parede de tijolos, pegando os materiais e preparados, quando ele parou no
estacionamento.
"Isso é novo para mim também, Erin" Weston disse. "Eu não me
importava se a Alder me desse o fora. Não me preocupava todas as noites
para qual faculdade ela iria, talvez eu nunca mais a veria novamente. Todas
essas coisas bizarras, horríveis e incríveis estão acontecendo com você, e
seria totalmente compreensível se você dissesse que não teria tempo para
fazer isto dar certo comigo... e eu sou louco por você, Erin. Você tem alguma
ideia do quanto isso me assusta?"
"Você quer falar sobre estar assustada? Você já sabia que a minha
mãe é uma boa cozinheira, porque você já namorou a filha dela.
Provavelmente já fizeram sexo no quarto onde eu durmo. Você conhece a
minha casa e meus pais melhor do que eu. Eu estou vivendo a vida de outra
pessoa, Weston. Então me conte mais sobre como você tem medo de levar um
fora."
Sra. Cup bateu na janela do lado do motorista, e nós dois viramos para
ver o topo de sua cabeça. Weston abriu a sua porta.
“Eu acordei, não só com chiclete no meu cabelo, mas também duas
melecas e um palito de picolé. Quer dizer, só eu, né?”
Eu fiz uma careta. “Eu não trabalhei todo esse tempo para ter que pedir
dinheiro a alguém.”
“Eles são seus pais, Erin. Isso é o que as crianças fazem. E está tudo
certo. Você merece.”
“Eu sei o que você está tentando dizer. Ainda assim não quero depender
de alguém para dinheiro. Nem mesmo Sam e Julianne. Além disso, eu posso
ou não sentir sua falta.”
“Também te odeio.”
“Eu meio que sinto falta de você recusar minhas caronas,” Frankie disse.
“Eu meio que sinto falta de você mal perguntar por que sabe que eu vou
dizer não.”
“Por que você deixa ele e nunca me deixou?” ela perguntou, limpando a
maquina de sorvete.
Seu boné de beisebol marrom e branco estava virado para trás, partes
de seu cabelo castanho saindo dele. Ele já tinha tomado banho, e eu imaginei
que seu desodorante old spice – que agora era meu cheiro favorito – iria
provavelmente chegar ao meu nariz no segundo que eu subisse em meu
banco.
“Você não vai pedir desculpas de novo por hoje cedo, não é?” ele
perguntou, claramente não querendo rediscutir.
Ele sorriu. “Oh sim?” Antes que eu pudesse responder, ele desapareceu,
inclinando-se para puxar a maçaneta da porta do lado do passageiro e
empurrando a aberto. Seu rosto estalou de volta à vista. “Salte para dentro,
babe. Eu tenho uma Fanta laranja no cooler na parte de trás com seu nome
nela.”
“Nada.”
“Mentiroso.”
“O que é embaraçoso?”
“Oh Deus. O que?” Pensei nos piores cenários possíveis, de modo que
não importa o que ele dissesse, não poderia ser tão ruim quanto eu imaginava.
“Tá?”
“Sam tinha algum tempo antes do seu caso até tarde, e eles me
convidaram para conversar. Eles” - ele se encolheu – “falaram comigo.”.
“O que falaram?”
Ele estava achando graça, nem um pouco preocupado que os meus pais
tinham falado com ele sobre nossa vida sexual. “Eles só queriam ter certeza de
que eu não estava me aproveitando da sua situação, e que estávamos, você
sabe, sendo cuidadosos. Eles sabem que você quer ir para a faculdade, e eles
não me queriam estragando isso.”
“Ele disse” - Weston baixou a voz para imitar a voz de Sam – “se você
não vai se casar com ela, então mantenha suas mãos longe do futuro de outro
homem.”.
Weston explodiu numa risada. “Ele disse: ‘Não!’” Ele balançou a cabeça
e levantou os braços, imitando um Sam muito perturbado. “Eu estava apenas
brincando com ele.”
Eu semicerrei um olho. “Por favor, me diga que você não admitiu nada.”
“Correto.”
Eu me levantei e me vesti. Weston não parecia feliz com isso, mas ele
não discutiu.
“Bem, sim, já que agora eles sabem o que temos feito. Cada minuto a
mais que fico fora, depois do trabalho, eles tem mais certeza de que estamos
fora... Isso é ruim. Tão constrangedor.”
3
“Nós não estamos no ensino fundamental mais. Somos adultos
conscientes.”
“Que ainda moram com os pais.” Eu grunhi. “Como é que eu vou olhar
nos olhos deles quando eu voltar?”
“Eu não quero que eles pensem que eu sou uma má pessoa.”
“Você não é. E eles não pensam,” ele se esquivou, olhando para longe.
Ele estava escondendo alguma coisa.
3
middle school – 6º ao 8º ano.
Nós levamos as nossas Fantas para a cabine da caminhonete e
voltamos para casa em um silêncio desconfortável. Quando paramos o carro,
eu espreitei a casa, como se houvesse um monstro esperando lá dentro.
“Eu não sei. Não voltar para casa com ele parece à mesma coisa que ter
a minha camisa de trás para frente.”
Weston jogou a cabeça para trás e riu. “Faz parte de recuperar o tempo
perdido, você consegue.”
“Não tem jeito certo de fazer isso, Erin. Pare de colocar tanta pressão
sobre si mesma.”
Eu assenti e deslizei a alça de nylon por cima do meu ombro, sorrindo
quando o Chevy não se afastou do meio-fio até que eu tinha um pé na porta da
frente. Eu comecei a subir as escadas, mas notei a luz da cozinha acesa.
Eu não tinha certeza quem EJ e Sami eram, mas ela parecia irritada com
a falta de união deles.
4
Days of our Lives é uma telenovela (soap opera) exibida originalmente pela NBC desde a sua
estreia em 1965.
“Eu posso ajudar com os pratos e o lixo. Se você apenas me mostrar
que botões apertar na máquina de lavar louça. Eu nunca usei uma antes, mas
não pode ser tão difícil.”
Ela olhou para a geladeira, mas não estava realmente olhando para ela.
“Na clinica? Eu não sei. Fui uma mãe dona de casa tanto tempo... Alder
sempre parecia ter um monte de coisas para eu fazer. Agora eu realmente não
tenho muito...” Seus olhos se focaram. “Oh, Erin. Eu não quis dizer nada com
isso. Eu nunca iria comparar você com ela. Vou parar agora de falar.” Ela
cobriu os olhos com dedos longos e elegantes. Suas unhas eram perfeitamente
lixadas e pintadas com um lilás claro.
Eu sorri.
Ela deslizou algo para mim, e eu olhei para baixo. Era um smartphone.
“Sam carregou ele, esta pronto pra ser usado, mas o carregador está
ligado à tomada atrás da mesa de cabeceira em seu quarto. O número está no
adesivo na parte de trás.”
Virei-o para ler os sete dígitos escritos em um rabisco do Sam em uma
tira de Post-it.
“É meu?”
“Obrigada, mas eu -”
“Nós, oh... nós conversamos com Weston hoje sobre algo. Eu não tenho
certeza se ele disse a você ou não, mas decidimos tarde demais que isso foi
um pouco pessoal demais e que nós fomos indiscretos.”
“Boa noite.”
“Erin?”
5
Marca de amaciante.
"Que isso?" Weston perguntou enquanto caminhávamos na direção da
Chevy.
"Isso."
"É um celular."
"Eu sei."
"Funciona?"
Ele devolveu-me com um sorrisinho no rosto. "Você não ligou? Por que
não?"
Dei de ombros e segui para a caminhonete. "Não tive tempo para ler as
instruções. Não sei como ligar."
“Por quê?”
Ele deu de ombros. "Eu não sei. É só algo que as pessoas fazem para
deixa-lo mais pessoal. Você não precisa se não quiser, mas definitivamente
você deve deixa-lo no silencioso. Se tocar durante a aula, podem pegar o seu
celular. "
Não esquecerei.
Digitei de volta, e deixei o celular cair no meu colo. Os cantos da minha
boca curvados para cima.
"Oh sim" disse ele, suas sobrancelhas ainda franzidas. Ele dirigiu pelo
nosso bairro em direção à escola. Ele parecia perdido em pensamentos, dando
seta e indo no limite da velocidade como ele tinha feito umas cem vezes antes.
Mas ele não disse mais nada até nós estacionarmos em uma vaga de alunos e
entrarmos.
Desta vez ele não tentou segurar minha mão. Ele colocou o braço em
volta de mim, me acompanhando até meu armário e beijou meu cabelo.
Coloquei minha mochila no armário, peguei meu livro de Bio e fui para a
aula. Minha mesa estava vazia quando cheguei, mas várias outras também
estavam. Eu estava adiantada, por isso era uma boa hora para colocar a minha
lição na mesa da Sra. Merit. Ter em vista fazer as coisas de um jeito que
chamasse menos atenção fazia parte de mim. Provavelmente sempre faria.
"Por que você apenas não diz o que quer que eu saiba, e nós podemos
acabar com isso?"
Os olhos de Brady brilharam com muitas coisas passando por trás deles.
Ele estava pensando em suas opções, o que queria dizer, e se o resultado
seria o que queria.
"Nah" ele disse empurrando para trás a cadeira e levantando. Ele sentou
na sua, ainda me encarando. "Você pode tirar a garota do trailer...6”.
Olhei para meu celular e apertei o botão que Weston me mostrou para
silenciar. Seu nome estava na tela, e eu sorri, sabendo que ele tinha colocado
seu número em meus contatos. Era bom ter uma breve conversa com ele para
me distrair enquanto a sala enchia com alunos sonolentos.
Vários dos alunos que tinham chegado e sentado se viraram para olhar
para mim.
6
A frase completa seria “You can take the girl out of the trailer park, but you can't take the trailer park
out of the girl” (Você pode tirar a garota do trailer, mas você não pode tirar o trailer da garota.). Que
seria um ditado que quer dizer que mesmo você mudando de posição social não quer dizer que perdeu
velhos hábitos. (Pessoas que moram em trailers nos EUA são consideradas de baixa renda)
"Não posso acreditar que eles estão simplesmente deixando você
assumir a vida dela assim, como se ela nunca tivesse existido."
"Abram seus livros na página 283" ela disse, caminhando para trás de
sua mesa.
"Mais ou menos."
"Por isso."
Ele se mexeu. "Por que você o deixa fazer o que quer, Erin? Por que
continua deixando ele te tratar desse jeito? Ele merece um soco no cara, tomar
uma surra, tropeçar e cair de cara... alguma coisa. Pessoas assim não podem
simplesmente tratar as outras como lixo e ir em frente com suas vidas sem
nenhuma repercussão.”
"Não foi você que disse outro dia para sentir pena deles?"
"Brady deixa muito difícil sentir alguma coisa em relação a ele, além de
extremo nojo. Não é só você. E essa imitação que ele faz de Annie Black toda
vez, dos motores de sua cadeira de rodas? E Jenny Squires?"
"Você fez."
Weston agarrou Brady pela camiseta e o virou, batendo com força suas
costas contra o armário ao lado do meu.
"Se Karma7 não chuta a sua bunda, eu vou", Weston fervia de raiva, um
pouco ofegante.
Toquei o braço de Weston, dando uma rápida olhada para ver se algum
professor estava vindo.
7
Karma tem um sentido de destino, vida.
Os olhos selvagens de Weston lentamente relaxaram, e ele soltou os
dois punhados da camiseta de suas mãos.
A respiração ofegante que antes mal se ouvia agora estava mais forte.
Weston respirava com um pouco mais de dificuldade.
Parte de mim estava feliz que eu tinha que me virar para sobreviver a
um bom tempo. Sem suas mães por perto, a maioria dos meus colegas de
classe não tinham idéia de como controlar seus gastos ou até mesmo quanto
Tylenol tomar e quantas vezes. Na escola eramos tratados como bebês, nos
repreendiam e diziam quando deviamos comer. Nós até tinhamos que levantar
as mãos para pedir permissão para ir ao banheiro. Em apenas algumas
semanas nós seremos livres para ter cartões de crédito e empréstimos
estudantis, ou assinar contratos de um apartamento que podemos não ser
capazes de pagar, porque fomos ensinados como fazer, mas não como viver.
8
Fogo e Gelo
Puxei meu celular do bolso, olhando minhas mensagens, e clicando em
seu nome. Esse parecia o jeito mais fácil de fazer isso.
Tá melhor?
Nah. ;)
;)
Prometi para mim mesma que não faria isso de novo, mas essa não foi á
única promessa que eu quebraria nesse dia.
Frankie limpou a calda de chocolate no avental e xingou, imediatamente
cobrindo sua boca. "Oops.”
“Contanto que você não faça isso em um megafone." Eu disse com uma
piscadela.
"Nervosa?"
"Estou tão feliz que os dias estejam mais longos." Frankie disse
limpando depois seu rímel manchado. "Dá tempo de brincar com as crianças
quando eu saio do trabalho."
Ela olhou para o relógio. "Bem. É hora de fechar mocinha. Como estou?"
Ela estava balançando suas curvas em um novo par de jeans capri e uma
camisa xadrez roxa de botão.
Ela riu e tirou o avental. "Obrigada, Erin. Tenha um bom jantar com o
seu... Sam."
“Eu vou. Eu vou ter um fantástico jantar com o meu Sam." Eu sorri.
Gostei de como aquilo soava.
"Claro." Eu disse. Sam dirigiu para a estrada e nós seguimos para o sul.
O primeiro minuto ou dois foi em silêncio então Sam limpou a garganta. "Você
pode mudar a estação, se você quiser."
"Sem problemas, em sua maior parte. Weston passou lá. Frankie tem
um encontro hoje à noite."
Sam pensou por um momento depois admitiu. "Você tem razão. O pelo
teria desencadeado sua asma também. Naquela época, no entanto, víamos
Sonny quase todos os dias. Por um bom tempo, Weston apenas aparecia se
Peter e Veronica o obrigassem brincar com as meninas."
"Por favor, nos deixe fazer isso. Eu nem sei quem deu a ideia. Ambos,
eu acho."
Sam passou os braços ao meu redor. "Por favor, nos deixe fazer isso
por você."
"Eu nem sei como aceitar algo assim. Isso esta ficando mais louco a
cada dia, mas do melhor jeito possível. Não por causa das coisas. Não são as
coisas." As palavras saíram engraçadas e abafadas, eu não tinha certeza se
eles conseguiam até me entender.
Eu assenti.
"Eu preciso de uma carona para o jantar antes que eu morra de fome."
Sam estava tentando me provocar tão delicadamente quanto podia, claramente
tentando melhorar o clima.
Ela assentiu com a cabeça. "Vai passar algum tempo com o seu...”.
Meu rosto caiu. "Eu não quero parecer ingrata. Este... Obrigada. Muito
obrigada. Isto é incrível. Só é... Muito incrível. Isso tá meio que me assustando
um pouco. Eu sinto as coisas começarem a melhorar, ruim vai ser quando tudo
acabar. Não as coisas. Eu não quero dizer as coisas.”
"Você está indo muito bem." Sam disse quando eu levantei a alavanca
dando sinal, e virei à direita.
Sam riu. "Estou feliz que você gostou. É um alívio. Tivemos medo de
que não gostasse e ficasse chateada.”
Pensei sobre o que deve ter sido pra eles ver a decepção nos olhos de
Alder, quando lhe deram um carro em seu décimo sexto aniversário. No
próximo sinal de Pare, tive a certeza de olhar diretamente nos olhos de Sam.
"Você não tem que me dar nada. A maneira como você tem sido
acolhedor e compreensível é mais do que eu poderia pedir. Mas isso é
absolutamente incrível. Eu amo isso. Eu não consigo agradecer o suficiente."
"Então, ela está vivendo com você agora?" Carolyn perguntou, com a
voz entrecortada e cheia de desprezo.
Assim que eu dei um passo para frente, Carolyn deu um passo para ficar
na frente da porta.
"Você tem alguma ideia do que nós passamos Sam?" Ela fervia.
"Eu realmente não estou à vontade para discutir isso na frente de Erin,
Carolyn. Por favor”, disse ele, apontando para ela se afastar.
Sam olhou para mim e depois de volta para ela. "Julianne está certa.
Nossa prioridade é a Erin, e não é uma boa ideia para você estar perto dela,
considerando..." Ele me abraçou do lado dele. "Eu realmente sinto muito,
Carolyn. Mas eu não vou discutir isso agora. Todos nós já passamos por muita
coisa, e agora simplesmente não é o momento."
"Compreensível."
Sam fez uma pausa, surpreso com o meu comentário, depois riu. "Sim,
bem, eu tenho certeza que é. Julianne é geralmente muito... amigável. Carolyn
não está acostumada a ser ignorada. Como eu tenho certeza que você pode
sentir, há um pouco tensão entre nós."
Ele ergueu os óculos redondos. "Não importa para mim ou para a sua...
Julianne. Só estamos interessados em uma transição suave para você neste
momento e... Oh, Erin. Sinto muito. Isso soa muito clinico."
"Você não tem que se fazer de burro pra mim, Sam. Você é um
cirurgião. Eu espero que você fale com inteligência."
Sam riu uma vez. "Bem, eu não estou falando com você como seu
cirurgião. Eu estou falando com você como o seu Sam.”
Wow.
O Quê?
Eu estava com medo de que isso também acabasse.
O que você quer dizer?
9
Fodão
Nossa carona de manhã para a escola juntos. Me liga antes de vc ir
para a cama. Amei o carro.
Ok. Obrigada! Eu também!
"As coisas vão bem com vocês dois?" Sam perguntou quando coloquei
meu celular no bolso.
"É estranho pra você? Que eu esteja passando um tempo com Weston e
ele foi o namorado da Alder?”
Sam pensou por um momento, mas eu sabia que ele já sabia a resposta.
Ele estava apenas decidindo que palavras usar.
A boca de Sam puxou para o lado. “Você é... adorável, Erin. Mas eu
mantenho a minha declaração original.”
Eu passei meu dedão pelo controle preto que ainda estava em minha
mão. Eu não tinha colocado ele no criado-mudo ou deixado na cozinha perto
das chaves de Sam porque eu tinha um medo irracional que se eu o largasse,
ele iria desaparecer. Tudo que tinha acontecido comigo no ultimo mês era tão
surreal, totalmente oposto ao caminho que minha vida tinha tomado até agora,
quase tão perfeito que eu mal poderia acreditar. Então eu segurava o controle
remoto como se segurasse a esperança que eu iria abrir meus olhos na manhã
seguinte sobre o mesmo belo ventilador de teto, no corredor onde do outro lado
da porta agora faltavam às letras em cores pastel.
Eu olhei para o relógio digital na mesa e suspirei. Eram duas da manhã.
Depois do jantar eu tinha ligado para Weston e nós tínhamos conversado por
uma hora sobre o carro. Ele queria dirigir por ai comigo, mas eu estava
cansada naquela hora. Agora, deitada aqui no colchão macio, eu estava
afundada nele, os lençóis tão suaves que pareciam até meio gordurosos (do
melhor jeito possível). Eu não conseguia dormir.
Eu andei pelo quarto com meus pés descalços e abri a porta. Ela rangeu
então eu congelei e espiei pelo corredor. Estava escuro e quieto. Sam e
Julianne estavam em suas camas há um tempo já.
O quarto estava escuro, mas a luz da lua que se infiltrava pela janela
oferecia luz suficiente para que eu pudesse ver as fotos colocadas nas fitas
cruzadas no mural na parede10, fotos de Erin quando líder de torcida em jogos
de futebol americano, saindo com Brady, Brendan, Chrissy e, é claro, Weston.
Eu engoli. Ele parecia feliz e isso fez meu estômago se revirar, mesmo quando
me lembrei de vê-lo sempre com Alder com essa mesma expressão. Aqueles
10
olhos brilhantes que eram só para ela. Eu pensei em como ele olhava para
mim.
Seu quarto estava limpo e tudo estava em seu devido lugar. Ele tinha
sido aspirado recentemente e a cama estava feita. Eu me sentei em seu
edredom preto e branco e olhei ao redor para as várias decorações que tinham
na parede. Parecia errado, mas também era excitante, mil vezes melhor do que
mandar mensagens durante a aula. Alder teria morrido de novo se soubesse
que eu estava em seu quarto – se ela soubesse que eu estava vivendo aqui, e
que Weston estava vindo me ver. Eu me perguntava como Sam e Julianne
conseguiam racionalizar essas coisas, equilibrando me fazer feliz com não
sentir como se estivessem pouco se lixando para sua memória.
Eu andei até seu armário e abri a porta. Era um closet igual ao meu.
Suas roupas estavam pressionadas e penduradas em vários sacos plásticos
idênticos aos meus. Mas ela tinha vários uniformes de lideres de torcida em
seu armário, e vários vestidos e sapatos de salto. Um dos sacos plásticos se
destacava de todas as outras roupas, eu acendi a luz do closet para olhar
melhor. Era o vestido para o baile.
“Obrigada.” Eu disse.
Sam piscou e correu pela porta de trás que levava a garagem. “Tenho
que ir querida!”
“Você é tão... tudo é sempre tão perfeito. Essa casa toda poderia ser
fotografada para uma revista.”
Julianne sorriu. “Obrigada. Isso é meu passa tempo, na verdade. Eu fico
inquieta,” ela disse, colocando suas palmas na beira do balcão. Ela olhou ao
redor. “E um pouco entediada, se você quer saber a verdade.”
“Sobre isso,” ela disse, mordendo seu lábio inferior. “O que você acha de
diminuir algumas horas? Isso te daria mais tempo livre em casa... e com
Weston. E mais tempo para você aproveitar seu ultimo ano e o verão antes de
ir para a faculdade. Sem pressão. Apenas uma ideia.”
“Erin, querida, nós vamos pagar pela sua faculdade. Tudo que você
juntou você pode gastar como quiser.”
“Um... isso é tão generoso. Mas você e Sam já fizeram tanto. Vocês me
deram um lugar para ficar e um carro incrível que está do lado de fora. Eu não
posso aceitar mais de vocês. E eu tenho bolsa de estudo.”
“Você trabalhou tão duro, e você é uma pessoa tão boa apesar das
circunstancias,” ela começou a lacrimejar, mas rapidamente limpou seus olhos.
“Seu dinheiro é seu. Qualquer coisa que sua bolsa não cobre, nós cuidaremos.
Eu sei que provavelmente parece que estamos fazendo muito, mas isso é só
porque está acontecendo tudo junto. Se você estivesse aqui o tempo todo,
seria algo mais gradual. Se está te assustando, me desculpe.”
Eu dei um meio sorriso. “Talvez eu possa falar com Patty sobre contratar
alguém para me cobrir nos finais de semana e diminuir minhas horas de
trabalho no verão.”
Eu andei pelo corredor, até a porta dos fundos dessa vez. Sam tinha
deixado à porta da garagem aberta, sabendo que logo eu estaria saindo. Eu
balancei minha cabeça. O pensamento de ter um carro – ainda mais uma BMW
– para ir a escola era inacreditável, mas ali estava ela, brilhante, linda e
esperando para eu entrar.
Eu dei ré devagar e cuidadosamente fui até a casa de Weston, na
esquina. Eu estacionei na rua, mas, quando sai, percebi que tinha estacionado
longe demais do meio fio. Eu comecei a voltar para arrumar minha pobre
baliza.
Weston correu para fora com sua mochila em sua mão, sorrindo. “Não
se preocupe com isso, babe.”
Eu dei de ombros e balancei minha cabeça. “Eu sei. Eles são bons de
mais comigo.”
Seus pais deram tchau para nós enquanto eu saia nervosa. Weston
conversou sobre o treino de baseball e nosso teste de saúde, sem parecer nem
um pouco preocupado com minha noção de direção. Eu tinha dirigido sua
caminhonete algumas vezes, mas isso era bem diferente.
“Isso é seu?” ela perguntou sua voz mais alta que o normal.
“Seus pais acabaram de comprar para ela,” Weston disse. “Legal, né?”
Eu não tinha pensado nessa resposta, mas amei o jeito que soou: meus
pais. Sam e Julianne eram meus.
Julianne me abraçou de volta. “Eu tentei evitar ser substituta,” ela disse
baixinho no meu ouvido.
O sol estava alto no céu, lançando uma sombra fraca ao longo do trecho
de concreto onde os outros estudantes estavam em pé com os pincéis nas
mãos. Sra. Cup olhou por cima do ombro, observando minha chegada com um
pequeno aceno de cabeça.
"Por que você demorou tanto?” perguntou Weston. "Você devia tá bem
atrás de mim."
"Sobre o quê?"
"Algo que eu fiz."
Ele hesitou, fazendo alguns traços com seu pincel. "Eu quero saber?"
"Provavelmente não."
"Eu... É ruim."
"Não."
Ele se virou e deu de ombros, parecendo chocado com ele mesmo. "Eu
não sei por que disse isso. Minha mente está acelerada, imaginando que coisa
séria você precisa falar com ela. Eu não acho que você iria rouba-la. Ou
qualquer um.”
"Dizer o quê?"
"O que eles falavam?" Perguntou. "Quando foi o último registro?" Ele
manteve os olhos na parede, mas suas perguntas estavam tingidas com
preocupação.
"Eu não tenho que lhe dizer que é errado, Erin. Tudo está na expressão
do seu rosto. Apenas... Não. Não leia.”
Ele estava certo. A argumentação era inútil. Mas pela minha visão
periférica eu o vi se mexendo, o que me deixou curiosa.
"Ela tem alguns realmente velhos. Talvez ela tenha escrito sobre por que
ela e Sonny pararam de falar comigo."
"Elas pararam de falar com você porque elas eram umas vadias." Ele
retrucou. "Mesmo no ensino fundamental."
Ele derrubou o pincel. Ele tentou saltar para trás, mas a tinta verde
espirrou em sua calça jeans e tênis.
"Droga!" Ele rosnou, erguendo as mãos.
"Consiga um pano molhado", Sra. Cup, disse rápido. Ela tentou ajudar,
mas a pintura só manchou mais.
A Sra. Cup olhou para o relógio. "Nós só temos mais vinte minutos.
Pode ir. Não corra."
"Não leia mais, Erin. Ela se foi. Nada disso importa mais."
Depois de mais um dia produtivo no mural, a Sra. Cup nos liberou cinco
minutos mais cedo. Eu dirigi direto para o Dairy Queen, estacionando ao lado
do Taurus da Frankie.
"Mas que porra é essa?" Ela perguntou, apontando para o meu carro.
"Seu carro? Seu carro? Sam e Julianne compraram uma BMW? Não
responda a isso, a resposta é óbvia, mas Santa Mãe, Erin!” Ela disse,
seguindo-me para a porta dos fundos.
"Julianne quer que eu... Ela me pediu pra pedir a Patty, uh... para
trabalhar menos horas." Frankie me observou por um momento.
Eu dei de ombros.
"Quero dizer." Disse ela, encolhendo os ombros também, "É claro que
você está. Que adolescente não iria querer mais tempo livre? Yeah. Quer dizer,
eu vou deixar Patty saber que você quer falar com ela, mas eu entendo.”.
Ela fez um gesto com a mão. "Claro que não. Nem um pouco.”
"Eu sei que Patty pode ter que contratar alguém novo. Vou ficar até que
seja treinado."
"Não estou."
Uma menina com chocolate em seu rosto veio até a janela. Quando
Frankie a ignorou, ela bateu nele.
Frankie olhou para ela e colocou a mão sobre o vidro para bloquear a
visão dela. "Cai fora, MilkyWay, nós estamos conversando."
"Frankie!" Eu disse, franzindo a testa. Abri a janela e peguei seu pedido.
Sua mãe estava esperando em uma minivan, olhando para o meu carro.
"Eu aposto que você não diria isso se tivesse com a minha idade."
"Patty gosta."
"Patty é a dona."
"Oh Wow."
"O quê?"
Patty não mexeu a cabeça. Em vez disso, seus olhos ficaram mudando
entre nós. "Parece que é um bom dia pra eu parar por aqui. Eu só estava vindo
lhe avisar que a minha sobrinha estará ajudando neste verão." Ela virou-se pra
mim. "Eu vi Julianne no outro dia e ela mencionou estar esperando que você
gaste um pouco mais tempo em casa. Ela falou com você sobre isso?”
Eu assenti.
Patty piscou. "Nós temos tudo resolvido, sunshine." Ela virou a cabeça
para o lado. "Se manda."
Minha cabeça se moveu para frente com os olhos arregalados. "O quê?
Agora?"
Ela deu uma risadinha. "Não tem problema, contanto que você esteja
bem com isso. Eu já tinha discutido com Julianne e estamos preparadas. E ela
está certa. Você trabalhou bastante. Agora vai ser uma criança, enquanto você
ainda tem um pouco de tempo.”
Olhei para Frankie, que parecia perdida. "Ela está certa." disse ela. "Vai,
mocinha. Te mando mensagem com seus novos horários depois que eu e Patty
conversarmos."
Eu assenti.
Frankie concordou.
"Eu sei." disse ela. "Não seria justo para mim, colocar todo peso em
você. Eu disse antes que você deveria aliviar suas horas. Não sei. Eu acho que
não pensei que você realmente faria. Eu só vou sentir sua falta.”
Patty estendeu a mão. "Eu preciso de seu avental, Erin. Tenha um bom
resto de dia!"
Frankie sorriu para mim. "Vejo você na próxima semana. Eu estou bem"
disse ela com um sorriso forçado. "Sinto muito. Isso foi estúpido.”
Por alguma razão, eu peguei um desvio pra casa para passar pela casa
de Gina. Parecia a mesma. As janelas ainda estavam sujas, a porta de tela
ainda estava pendurada errada, á varanda ainda precisava de uma pintura, o
muro do quintal ainda estava quebrado. Eu me perguntei se ela tinha deixado
meu quarto do jeito que estava, ou se ela tinha vendido tudo. Nada parecia ter
mudado lá. Eu me perguntei se ela se importava o suficiente comigo que ela
nem quisesse olhar para as minhas coisas, ou se ela estava tão aliviada por se
livrar de mim que ela queria se livrar de qualquer lembrança minha também.
"O que houve florzinha?" Ela perguntou. "Patty não estava chateada,
estava?"
Eu balancei minha cabeça. "Ela disse que você já tinha falado com ela
sobre isso."
Julianne encolheu. "Oh Deus, Erin, espero que esteja tudo bem. Eu não
quis dizer que ela tinha que reduzir suas horas. Eu apenas disse a ela que eu
esperava que você quisesse e que eu ia falar com você sobre isso”.
"Está tudo bem. Eu estava indo falar... Ela só falou antes de mim.”
"Não. Mas eu preciso te dizer uma coisa. Eu acho que você vai ficar
chateada comigo."
Ela assentiu e deu alguns passos até que ela pudesse colocar as
palmas das mãos no granito da ilha.
"Eu, hum... Eu entrei no quarto da Alder. Estava curiosa, não que isso
seja uma desculpa. Mas eu vi a caixa cheia de diários."
"Sinto muito. Eu não deveria ter feito isso. Eu não vou entrar em seu
quarto novamente. A pior parte é que eu sabia que era errado, mas eu fiz,
mesmo assim.”
Julianne olhou para mim com os olhos molhados. "Você não é a única."
"Perdão?"
"Eu sempre soube que ela mantinha diários. Estive lendo eles também,
desde que ela morreu. A curiosidade é uma enorme armadilha, não é?" Ela
disse encabulada. "Mas, Erin... Você não deveria ler mais. Você não vai
gostar.”
"Ele disse a mesma coisa. Que eu não deveria ler mais. Ele agiu muito
estranho sobre isso."
Ele olhou para o campo. "Não acredito que esse é o meu último ano. Eu
vou sentir falta. Da maior parte. Baile. Formatura. Então acabou."
Ele balançou a cabeça. "Ele está muito animado com Duke, Erin. Cada
vez que penso em falar sobre o assunto, não parece ser o momento certo."
"Não tem uma hora certa para algo assim, e você vai esperar até não ter
mais tempo."
"Talvez ele tenha razão. Talvez Duke seja o melhor pra mim."
Seus olhos dançaram para frente e para trás através dos meus. "Meu
Deus, como você é linda."
"Isso foi quando você não tinha Julianne Alderman como mãe. Ela vai
ajudar você a encontrar um vestido."
"Você não precisa. Somente diga a ela que eu convidei você para o
baile."
Ele segurou meu colar entre seu polegar e dedo indicador. Se inclinou e
o beijou, depois subiu para o meu pescoço.
Eu suspirei, movendo meu queixo para o lado, esticando o pescoço um
pouquinho para lhe dar melhor acesso.
Eu ri. "Eu mal trabalhei hoje. Patty assumiu meu turno, e minhas horas
foram reduzidas para eu ter mais tempo livre. Pedido da Julianne."
"Por favor, vá ao baile comigo." Ele sussurrou contra minha boca. "Não
quero ir sozinho. Não quero ir com mais ninguém além de você, e este é meu
último ano. Eu não quero perdê-lo. Mesmo que seja só para ficarmos tempo
suficiente para posar pra uma foto estúpida."
"Bem," ele disse, seus lábios se moveram para o meu ouvido, "Às vezes
nós temos que fazer coisas que não gostamos. É uma boa lição para a vida.”.
"Você está certo. Se você contar para seu pai sobre Duke, então eu vou
ao baile com você."
Ele se sentou, chocado com a minha proposta. "Isso não é justo, Erin."
"Você disse..."
"Eu sei o que eu disse. Mas o baile e irritar o meu pai não são
exatamente a mesma coisa."
"É parecido."
"Negócio fechado".
Eu engoli em seco.
"Por que você não me segue até em casa? Meus pais não vão estar lá
por algumas horas."
Ele assentiu. "Ele disse para eu ficar longe da esposa de alguém. Mas
você não vai ser a esposa de outra pessoa."
"Eu amo que você use isto todos os dias", disse ele tocando meu colar.
"Eu te amo."
"Erin?"
"Estou contente."
Fechei meus olhos, sabendo que eu o tinha magoado. "Eu quero dizer
isso. Só que parece estranha."
"Você diria?"
"É assustador, Weston. Mesmo se você for para Dallas, você vai estar a
cinco horas de distância. Nós vamos viver vidas separadas. Ninguém fica junto
quando vão para faculdades diferentes."
"Você não sabe." Ele franziu a testa. "Por que você tem que ser tão
negativa? Vamos nos ver tanto quanto pudermos. Vamos nos falar pelo
telefone todas as noites. Nós vamos ficar juntos, e então você vai me visitar e
se apaixonar por Dallas e vai se mudar pra lá depois que se formar."
"É assim?"
"Eu não estou sendo negativa. Estou sendo realista. Eu não quero que
nenhum de nós sofra."
"Se não ficarmos juntos, eu vou sofrer. Isso vai me destruir. Eu não
quero mais ninguém."
"Weston, você tem dezoito anos. Você não sabe o que quer."
Acabei de me vestir e amarrei meus tênis. "É apenas bom senso. Nós
vivemos num aquário aqui, mas existem milhares de mulheres jovens e bonitas
em Dallas."
"Por que está tão nervoso? Por que temos que falar sobre isso agora?"
"Blackwell é temporário."
"Eu sei! Só não estou fazendo promessas que não posso cumprir."
Meus ombros caíram. Ele estava jogando sujo. "Eu tenho que ir para
casa." Eu contornei sua cama até a porta, mas ele parou na minha frente. Ele
respirou fundo, tocou meus braços e pressionou sua testa contra a minha...
"Dever de casa?"
"Tipo isso."
"Eu quero ler os diários antigos da Alder. Eu quero saber por que elas
pararam de falar comigo."
Ele paralisou. "Eu pensei que você não iria ler mais".
"Eles não são da sua conta, Erin. Isto é errado, e você sabe disso!"
"Tudo bem". Ele deu um passo para o lado, sai furiosa, passando por
Veronica no caminho.
Depois de alguns segundos sem resposta, entrei no meu carro e fui para
casa.
É por isso que elas me odiavam. Elas tinham achado que Gina e eu
quase fizemos os pais de Sonny se divorciarem.
Meus pensamentos viajaram até Gina. Os pais da Sonny eram bem mais
velhos do que ela. Ele era co-proprietário de uma fábrica próspera nos
arredores da cidade. Ele devia estar por volta dos trinta anos quando Sonny
nasceu - quando todas nós nascemos. Gina não tinha idade suficiente para
comprar bebida alcoólica quando ela ficou grávida, e ela nunca falou sobre o
homem que achávamos que era meu pai.
Uma súbita simpatia recaiu sobre mim, fazendo-me sentir tão pesada
que me sentia presa ao chão. Estava tão zangada com ela, mas a verdade era
que ambas sabíamos como era ser odiada por todos. Não ter ninguém.
Aprender desde cedo que a melhor defesa era afastar todo mundo, mesmo
aqueles que tentam ajudar. Ela estava muito devastada para ser minha mãe;
não era que não queria ser.
"Erin?" Julianne disse antes de espiar. O cabelo dela não estava macio e
brilhante. Estava embaraçado e emaranhado em vários lugares de sua cabeça.
Seu rosto estava brilhante e livre de maquiagem, e seu pijama floral rosa
estava a maior parte coberto por um longo robe fino. "Oh, querida. São três da
manhã. Você não acha que talvez devesse fazer uma pausa?"
Foi então que percebi que meus olhos pareciam secos, ásperos e
inchados sob minhas pálpebras e a pele em torno deles estava pesada e
apertada ao mesmo tempo.
"O-ok," ela disse. "Weston ligou algumas vezes mais cedo. Ele disse que
você não estava atendendo seu celular."
Fechei os olhos. "Não me admira que Gina estivesse com raiva. Ela
estava sozinha e culpada e odiada, e tudo que ela tinha era a mim como um
lembrete."
"Não é você. Não foi você. Você foi concebida com amor e nada mais.
Você é nossa."
"Não. Eles a deixaram com toda a culpa, e ele ainda tem sua família e
sua reputação. Não é justo."
"Eu preciso vê-la. Não sei por quê. Eu não estou pronta ainda, mas eu
preciso falar com ela sobre isso."
Meus olhos caíram para o diário no meu colo, e Julianne fechou a porta.
Descansei meu queixo no meu punho enquanto eu virava ás páginas dos
diários de Alder do ensino médio. Ela sabia que eu gostava do Weston, e essa
foi á única razão dela ter o perseguido. Ela escreveu sobre perder a virgindade,
mas para minha surpresa absoluta, não foi com o Weston. Ela estava traindo
ele com Eric Liberty. Meu rosto se contorceu de desgosto. Eric era um
desengonçado, maconheiro, espinhento, que tinha sido preso duas vezes, e
então largou o ensino médio totalmente, e ela estava apaixonada por ele, não
por Weston.
Por que ficou comigo depois que Alder morreu? Por que continuar com a
farsa? E então me ocorreu: ele me convidou para ir ao baile. Ele ia realizar o
plano dela. Ele era apaixonado por ela, e ele estava determinado a realizar seu
último desejo.
Quão maldoso alguém teria que ser para aceitar fazer uma coisa assim?
Eu sabia que as Erins eram más, mas Weston... Era sobre isso que o Brady
estava falando. Ele sabia o que o Weston estava fazendo. Eu tinha me dado
para alguém assim. Deixei ele me tocar. Colocar sua boca em mim. Me
penetrar.
“Eu sei que eu disse que eu queria poupar Sam dos detalhes, mas...”
Julianne começou. Mas não teve que terminar. Eu podia ver no rosto de Sam
que ele sabia o que fizemos.
“Eu venho tentando pensar em algo para dizer pra fazer você se sentir
melhor. Pais deveriam ser sábios, mas quando você é quem criou o
responsável...” Ele parou de falar, recuando de seus próprios pensamentos.
Olhei para Julianne, seu suéter branco a fazia parecer o anjo que ela
era. “Eu acordei você?”
“Apenas deixe-me falar com ela,” Weston disse, com a voz elevada. “Eu
posso explicar.”
“O que quer dizer com ela não quer me ver? Erin?” ele chamou
novamente. “Erin!”
11
Tipo de piso de mármore
Os olhos de Julianne se arregalaram quando um tumulto podia ser
ouvido e ela correu para a porta da frente também. Eu abaixei minha cabeça e
apoiei em minhas mãos.
Eu balancei minha cabeça. “Por favor, não. Eu só quero que isso acabe.”
“Por que você não tirar o dia de folga comigo? Podemos ir às compras.
Ou ficar em casa e alugar filmes de comédia.” O sorriso artificial de Julianne
era estranhamente reconfortante. Ela estava sofrendo por mim, assim como
Sam. Empatia não era algo que eu estava acostumada, mas não havia nada
parecido. Nossa família parecia completa e real naquele momento, e pela
primeira vez, senti que pertencia a ali aquela cozinha, com as duas pessoas
que me amavam suficiente para ficarem acordados a noite toda se
preocupando, empurrando porta e ligando para o diretor. Eu pertencia a eles,
porque eu era deles.
“Eu sei.” Peguei minha bolsa do chão e pendurei-a por cima do meu
ombro. “Vejo vocês depois da escola.”
“O que mais podemos fazer?” Escutei Julianne dizer. “Eu preciso que as
coisas sejam melhores para ela.”
“Ela é a pessoa mais forte que eu conheço, querida. Ela não precisa que
consertemos isso para ela. Só vamos ama-la por isso.”
12
Rigidez ou fidelidade aos seus próprios princípios
facilmente trazidas de volta à superfície, mais forte do que nunca, porque desta
vez eu tinha um sólido sistema de apoio em casa. Eu sabia que não importava
o que aconteceu com Weston, eu teria sempre Sam e Julianne. Eles eram
meus. Para sempre.
“Sam ligou?”
“O senhor Bringham não falou mais. Por quê? Está tudo bem em casa?”
“Sorte?”
“Por tê-la com eles novamente. Ter você de volta, mesmo depois de
perder Alder, deve ter sido um pouco mais fácil, você não acha?”
“Eu não sei. Eles realmente não falam sobre isso. Eu acho que eles têm
medo que seja injusto comigo falar sobre sentir falta dela.”
“Entendo. Faz sentido. Mas eles podem sentir falta dela e ainda estar
feliz por ter você.”
“Eles sentem. Eles estão. Eu não conheço ninguém que poderia lidar
com isso da maneira que eles têm. Ouço Julianne chorando no quarto de Alder
às vezes. Não muito. Deve ser muito difícil para eles, não ser capaz de se
lamentar normalmente.”
“Eu vou só dizer a eles que você está aqui,” disse ela.
“Eu tenho que usar a máquina de Xerox e juntar algumas coisas para a
próxima aula.”
Com isso, ela andou por trás da divisória e pelo corredor para as áreas
administrativas, e eu entrei no escritório do senhor Bringham. Ele sentou-se
atrás de sua mesa com um meio sorriso, seus dedos entrelaçados na sua
frente. Senhora Rogers sentou-se em uma das duas cadeiras em frente de sua
mesa, igualmente feliz. Desta vez, o vice-diretor, o Sr. Mann, sentou-se na
reunião também. Seu avermelhado cabelo ralo e óculos quadrados
combinavam com seu suéter ferrugem.
“Eu espero que você não esteja nervosa, Erin. Nós só queríamos saber
como você estava. Como vão as coisas na nova casa? Se dando bem com
Sam e Julianne?”
“Eles têm sido incríveis. Eles me disseram outro dia que eles vão cuidar
das minhas despesas da faculdade.”
“Obrigada.”
“Inexistente.”
Ela assentiu com a cabeça, claramente sem saber como reagir. “Todo
mundo reage de forma diferente. Isso deve ser difícil para ela também.”
“Oh,” Senhor Mann disse, balançando sua cabeça. “Eu não chegaria a
esse ponto. Você é uma ótima jovem, Erin. Nós só queremos que você saiba
que estamos aqui. Estamos torcendo por você. Coisas como esta... às vezes a
realidade bate quando não estamos preparados, e se você se encontrar
perdida, nós gostaríamos que você nos deixasse encontrar-lhe alguns recursos
para ajudá-la a compreender tudo isso. Porque é demais.”
“Não tem sido totalmente fácil. É muita coisa para assimilar. Mas nós
estamos levando um dia após o outro.”
“Tão bom ouvir você dizer nós,” senhora Rogers disse. “É importante ter
suporte em casa.”
Eu não respondi.
“Eu sei o que você está pensando. Eu entendo que você me odeia
agora, e se eu fosse você, eu me odiaria também, mas, por favor, deixe-me
explicar. Você pode me dar um soco ou gritar comigo, se quiser, mas apenas
me ouça.”
Após uma breve pausa, Brady falou. “Sem problemas. Weston apenas
não deixa a Erin em paz, mesmo ela querendo que ele a deixe.”
Engoli em seco e então balancei a cabeça. “Eu não sei do que ele está
falando.”
“Eu diria que Weston mentir para você, fingir gostar de você, fazer com
que você acreditasse que ele está afim de você o suficiente para você dizer sim
ao baile, para que Alder pudesse derramar sopa de merda sobre sua cabeça
na frente de todos é alguma coisa,” disse Brady.
Seus dentes estavam cerrados. Ele estava respirando pelo nariz, suas
narinas dilatadas. Ele se pendurou a sua mesa como se sua vida dependesse
disso, os nós dos dedos vermelhos e, em seguida, muito branco.
Treinador Morris lutou com Weston todo o caminho para fora da sala de
aula, e momentos depois o sinal tocou. Os outros alunos reuniram suas coisas
e apressaram-se para fora pra que pudessem ver qualquer que fosse a cena
que estava acontecendo no corredor.
“Erin,” ele disse, sua voz baixa e suave. “Eu sou um babaca. Eu trabalho
muito duro pelo título. Eu também sou baixo o suficiente para saber que a
melhor maneira de se vingar de Gates é indo ao baile comigo.”
Eu congelei. Isso não era nem mesmo a última coisa que eu esperava
que ele dissesse. Me chamar para o baile não estava em qualquer lugar no
espectro de coisas que Brady Beck poderia dizer para mim. Eu olhei para ele, e
pela primeira vez, ele não estava olhando para mim com ódio ou desprezo.
Ele tentou algo como um sorriso, mas acabou sendo um trivial, dar de
ombros, indiferente. “Ainda não.”
Após uma longa pausa, levantei, ainda encontrando seus olhos, mesmo
ele sendo uma cabeça mais alto do que eu. “Talvez seja porque todo mundo
acha que você é um mimado, repugnante, miserável pedaço de merda
também.”
"Sim, somos." disse Julianne, olhando para Sam com o mesmo amor no
olhar que vi nas fotos do casamento.
"Mesmo na faculdade?"
13
Cidade localizada no estado norte-americano de Oklahoma
“Mas mal nos víamos. Eu estava no Kappa Kappa Gamma14, Sam era
Sig Ep15, e nós dois tínhamos que estudar muito. Tínhamos concordado que a
experiência universitária vinha primeiro, e se fosse para ser, acabaríamos
juntos. Experimentamos coisas sozinhos, mas as minhas melhores
recordações são das que experimentei com o Sam.”
“Agora estou ainda mais ansiosa do que antes,” disse olhando para
minhas mãos.
“O quê?” perguntei.
14
Fraternidade Feminina
15
Fraternidade Masculina – Sig Ep é abreviação de Sigma Phi Epsilon (ΣΦΕ)
“E se comprássemos um vestido, se decidir ir estará preparada. Se não,
podemos vendê-lo, ou pode ficar com ele para uma festa caso entre em uma
fraternidade.”
“Talvez,” respondi.
Meu celular acendeu. Era Weston. Outra vez. Sempre era Weston.
Coloquei de volta o celular na mesa de café.
Tentei ignorá-lo, mas quando ia abrir a porta, ele agarrou a minha mão e
pôs um papel dobrado nela.
Amassei o papel.
“Por favor, leia. Não vou te encher mais, se você apenas ler.”
Contei ao meu pai a respeito de Dallas. Vejo você as seis na noite do baile.
Te amo,
Weston
“É ruim?”
“Não estão?”
“Não. Ele... Descobri que ele pretendia ajudar Alder me convidando para
o baile para eles poderem me humilhar lá.”
Ela ficou pálida. “Tem que haver uma explicação. Tem que ter mais
alguma coisa que você não sabe.”
“Ele falou pra ela que continuaria? Não sei. Eu sabia que havia mais
algum motivo. Sabia que ele não se interessaria subitamente por mim. Eu só...
queria acreditar nisso,” disse com a voz falha.
Estendi o bilhete, e ela pegou para ler. Depois olhou para mim. “O que
significa?”
“Eu tinha prometido que se ele dissesse ao pai que queria ir para o Art
Institute of Dallas em vez de ir para Duke, ia com ele ao baile.”
“Você não acha que ele pretende ir em frente com isso. Ele… Erin, algo
no meio desta confusão toda o fez mudar de ideia. Ele se apaixonou por você,
e agora que você sabe a horrível verdade, ele quer resolver isso. Ele não é o
tipo de pessoa que faz uma coisa tão cruel.”
Encolhi os ombros.
“Não precisa ir com ele. Se tem medo do que pode acontecer, não vai.”
Levantei o queixo e limpei as bochechas outra vez. “Não tenho medo
deles. Me recuso. Não importa o que eles podem fazer comigo, eu consigo
controlar o que os outros me fazem sentir. Se eu não deixar, eles não
conseguem me magoar.”
“Eles podem vir com tudo o que tiverem. A piada será sobre eles.” Eu
disse, ao abrir a janela quando o primeiro carro se aproximou lentamente e
parou em frente à loja.
“Sou uma veterana que quer ir ao baile. Tenho uma chance de ver como
é. Que se danem. Que se dane ele. Que se danem todos eles.”
“Essa é minha garota.” Disse Frankie, mantendo a mão nas minhas
costas. “Para o inferno todos eles. E se ele fizer alguma coisa para te humilhar,
até mesmo sequer agir como um idiota, que Deus tenha pena dele. Porque os
teus pais e eu vamos imprensa-lo contra a parede.”
Boa! Quem?
Weston
Tem certeza?
Então, ok. Falamos desta reviravolta mais tarde. Mas vai precisar de
um vestido.
Na terça depois da escola, Julianne se encontrou comigo na Frocks &
Fashion 16 no centro da cidade. Eu meio que fiquei zanzando enquanto ela
olhava os vestidos. Ela me mostraria um, e eu balançaria a cabeça negando.
“Todas.”
Alguns minutos depois, ela trouxe outro vestido, seus olhos animados.
“Olha para esse!” ela deu uma olhada melhor na etiqueta. “É o seu tamanho!”
Era um rosa claro, com uma saia comprida leve que fluía até o chão,
com uma grossa e plissada cintura império por baixo de um corpete
transparente. O tecido transparente passava por ambos os ombros, e centenas
de pequenos strass prateados agrupados cobriam a área do peito e depois se
separaram enquanto iam até o decote.
“Não gostou?”
16
Frocks & Fashion é uma loja localizada na cidade de Ponca City.
Balancei a cabeça. “Não, na verdade, até é bonito.”
“Nah. Vamos” disse ela, abrindo uma das cortinas dos provadores.
Tentei fechar o vestido, mas não conseguia pôr as mãos para trás o
suficiente. “Acho que preciso de ajuda com o zíper.”
Ela me pegou pela mão e segurou meus ombros de frente para mim em
direção ao espelho de três lados. Ela fechou o zíper das costas e entregou-me
os sapatos.
Olhei para ele. “Por quê? É assim tão importante para você continuar
com o plano da Alder?”
“Acho que sim. Não quero arrependimentos. Quero ter a garota que amo
nos meus braços durante a última dança. Quero que ela veja o meu último jogo
de baseball. Quero essas últimas memórias do ensino médio, mas as quero
com você. Mas isso é tudo que eu quero. Eu juro.”
"Isso está começando a fazer mais sentido." Ela disse, tentando soar
positiva. "Como mãe, eu não sei se estou bem com essa coação."
"Para o jogo?"
"Sim. O seu Sam está aqui. Eu aposto que ele também gostaria de ir
para o último jogo de Weston."
"Hum... sim. Sim. Por favor, venha." Pelo menos eu teria alguém para
ficar.
Ele deu um passo e olhou para trás mais uma vez, vendo-me entrar. Ele
se dirigiu para a cerca, colocando os dedos através dos orifícios agarrando-os,
com um largo sorriso e alívio em seus olhos.
"Erin!"
Ele olhou para trás para seu treinador, para mim e então retornou a sua
posição. Eu o vi enquanto subia os degraus. Ele deixou a primeira bola passar.
17
Strike: Quando se faz o arremesso e a bola passa em baixo do ombro, em cima do joelho
entre a base.
A bola encontrou o bastão com um estalo e então foi lançada baixa e
reta, passando direito o interbases e saltou no campo a esquerda, fazendo os
defensores externo correrem.
Quando ele arremessou a bola, ela voltou direto nele. Ele se esquivou, e
foi direto para a luva da segunda base. A multidão soltou um coletivo Ooh.
"Senhor, essa foi por pouco." Veronica disse, colocando a mão em seu
peito.
18
Runs ou Corridas (R): Número de corridas anotadas pelo rebatedor.
Weston tossiu em seu cotovelo e esperou pelo receptor. Ele balançou a
cabeça duas vezes e depois acenou. Ele levou a bola para trás, levantou a
perna e a lançou para o batedor.
"Alguém esta pegando fogo hoje." Peter disse depois que Weston lançou
três strikes consecutivos.
"Ele sempre tem." Peter disse, tentando parecer casual, mas eu percebi
um pouco de preocupação em sua voz.
Peter segurou seus ombros enquanto ela levou suas mãos em concha
sobre a boca.
Eu corri com ela para seu G-Wagon. A porta bateu atrás de mim, e a vi
girar a ignição e engatar a marcha ré e, em seguida, colocar em Drive.
"Quem?"
"Deus."
"Eles estão estabilizando-o." Ele disse, mas ele colocou a mão nas
costas de Julianne e levou-a para o corredor.
Eles falavam baixinho, tendo uma conversa intensa. Julianne olhou para
mim uma vez e cobriu a boca com sua mão.
Eu tentei olhar através de Peter... Mas, não consegui dar uma boa
olhada.
"Obrigado por sua ajuda hoje." Peter disse aos meus pais. "Se você não
tivesse ajudado, não sei se ele teria conseguido aqui no hospital."
"Eu sinto que devia ter percebido isso antes." Treinador Langdon disse.
"Não, eu concordei... Que se ele perdesse o jogo hoje, não teria que ir
ao baile com ele."
Lágrimas encheram meus olhos. "Ele não queria ir para Duke. Ele queria
ir para o Art Institute de Dallas. Dei-lhe a minha palavra que se ele dissesse ao
Peter, eu iria ao baile com ele. Ele disse ao Peter, mas eu não pude ir. Não,
depois... Weston ofereceu tudo ou nada. Ele me pediu para ir ao jogo hoje e
disse que se ele não ganhasse então ele não me incomodaria para ir ao baile."
"Todo mundo esta dizendo como ele foi terrível, e eu fui á vítima. Até
ele. Mas vocês estão errados. Eu sou terrível. Eu sei como é doloroso e eu...
Eu o amo. E eu sei como é sentir a rejeição de alguém que deveria amá-lo. Eu
não tinha uma desculpa para trata-lo desse jeito, e ele quase morreu hoje por
causa desse estúpido baile. Que eu apenas iria com ele."
"Okay." Julianne disse, pegando minha mão. "Sam, você tem um caso
logo cedo. Eu vou ficar aqui com a nossa filha."
"Eu estava com medo." Eu sussurrei. "Não sabia como perdoá-lo. Não
sabia que estava apaixonada por ele. Não sabia como fazer funcionar. Sinto
como se estivesse esperando a minha vida começar, e Blackwell era como se
fosse provisório. Eu pensei que Weston fosse parte disso. Eu não podia ver
ninguém daqui se adequando em minha nova vida."
"Você estava magoada pelo o que tinha lido no diário. Em cima dos anos
de dor que já suportou. Ninguém te culpa. Nem mesmo Weston. É óbvio pelo
seu comportamento. Ele disse por que concordou em ajudar Alder?"
"Só que ela ofereceu-lhe uma maneira de fazer algo que ele já queria."
"Oh", ela disse, mas foi mais um Aw. Ela colocou a palma da mão
suavemente em minha testa.
"Ele me faz sentir coisas. Passei toda a minha vida não deixando as
pessoas se aproximarem. O que eu sinto por ele me assusta."
Fiquei ali deitada, tentando relaxar, mas tão cansada quanto meu corpo
sentia, eu não consegui fechar meus olhos, com medo de acordar com más
notícias. Horas se passaram, e eu senti a mão de Julianne relaxar, e sua
respiração se estabilizar.
"Ele está perguntando por você. Ele não vai voltar a dormir. Eu esperava
que ainda estivesse aqui."
"Erin." Ele disse, sua voz estava fraca. Ele acariciou o cobertor fino azul,
querendo que eu me sentasse no lugar vazio ao seu lado.
Na mão dele estava colado um tubo de IV19, que levava a uma bolsa de
soro. Uma cânula estava em nariz presa na parte de trás de suas orelhas, o
oxigênio fluía a partir de um aparelho na parede. Ele parecia ainda mais pálido
e frágil vestido na camisola hospitalar azul bebê que usava. Seus pés
chegavam até a extremidade da cama.
19
*IV: Intra Venal.
Ele franziu a testa. "Bem, inferno. Se eu soubesse que tudo o que eu
tinha que fazer era ter um ataque de asma para você ir comigo, eu teria tido um
a uma semana atrás." Ele piscou.
"Preciso saber que você entende. Não, mais do que isso. Eu preciso que
você acredite em mim. Concordei em me aproximar de você, mas foi só um
pretexto, Erin. Alder estava disposta a me ajudar com algo que eu queria a um
bom tempo... sem incomodar você sobre isso. Ela queria levá-la ao baile, então
ela ia recuar. Todos eles iam."
"O que aconteceu na esquina naquele dia com as Erins e o Brady? E ela
ir até o meu trabalho?"
"Se ela recuasse completamente, ela tinha medo que você descobriria o
que eles estavam aprontando."
"O que você estava fazendo. Você fala como se não estivesse com
eles."
"Foi á única maneira de estar com você, sem fazer você ser um alvo.
Que tipo de oportunidade eu teria então?"
"Isso não é um jogo, Weston. Se ele não tivesse ido do jeito que você
queria...”.
"Se eu achasse que não haveria nenhuma maneira de evitar o que eles
iam tentar fazer no baile, nós teríamos nosso próprio baile, no nosso viaduto,
só você e eu. Eu não arriscaria isso. Você está certa, eu fui dissimulado sobre
isso, isto não é um jogo. Mas no final do dia, não havia maneira de acabar com
a Alder para estar com você e fazer isso dar certo. Teria sido infeliz. Eu teria
perdido você. Você decidiria que não valeria a pena. Você teria me evitado
como uma praga até que você fosse para a faculdade, e seria o fim."
"Eu não podia arriscar, Erin. Eu pensei que eu era louco por você antes,
planejando tudo isso só para ter uma chance com você. Achei que não fosse
possível te amar mais, mas aconteceu. Eu entrei em pânico. Eu não sabia o
que fazer."
"Dissesse a verdade. Mesmo que fosse uma droga. Mesmo que isso não
fosse sobre mim. Como, as Erins sendo meia irmã."
Seu queixo quase tocou seu peito quando ele olhou para mim. "Você
sabe disso também?"
20
Weston fez um trocadilho com Baseball, no original ele dizia que para se chegar a um home precisasse
trapacear em alguma base.
Ele pensou por um momento, balançando a cabeça, incrédulo. "Loucura
pensar como as coisas teriam sido diferentes se tivessem descoberto sem o
acidente."
Toquei meu ombro contra o seu peito com um pequeno sorriso. Meus
olhos tinham se ajustado ao escuro, e eu pude ver os pensamentos girando por
trás de seus olhos.
"Ok, aqui esta a verdade: Eu tenho pensado sobre como ficar com você
desde o ginásio." Ele disse. "Esse foi nosso último ano. Eu não tive muito
tempo, e eu estava ficando desesperado. Você acha que a Sonny era
inteligente o suficiente para chegar a esse plano por conta própria? Quem você
acha que plantou a semente em sua mente maligna?"
Ele apertou minha mão. "Tudo o que sou é tudo o que somos."
Meu lábio inferior tremia. Eu tinha sido tão terrível para ele, e agora ele
estava numa cama de hospital, tentando consertar as coisas. "Você não
deveria ser legal comigo. Eu não mereço mais um tratamento especial de
você."