Processo Penal Doutrina - Novo Livro

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CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

1. Visão histórica

Sempre houve preocupação por parte da


sociedade em reprimir os delitos praticados, e frequentemente a punição era
exacerbada, sem quaisquer limites, invariavelmente sendo aplicada a pena capital.
O acusado não era sujeito de direitos, mas sim um mero objeto, sem quaisquer
direitos. Não lhe era dado o direito de defesa, direito de produzir provas, direito
de se defender, direito ao recurso, e a pena muitas vezes era desproporcional em
face do delito perpetrado.
Na própria Biblia encontramos o primeiro
Código Penal da humanidade como os dez mandamentos e um disciplina rígida e
ferrenha como encontramos no livro de Deuteronômio. Invariavelmente o ilícito era
punido com a pena de morte, isso quando não se aplicavam severos castigos
corporais, banimento, degredo dentre outras.

No antigo Egito, o poder jurisdicional era


exercido pelos sacerdotes. Caso o réu fosse condenado, o sacerdote colocava seu
destino nas mãos da deusa da Justiça e este era levado aos suplícios corporais ou a
pena capital. Como traço marcante tínhamos que o mal praticado pelo réu era
atribuído aos totens, e punia-se o condenado, oferecendo a vida do acusado como
agradecimento aos totens, como uma forma de agradecimento por algum favor
concedido ou como uma oferenda em tempos de colheita farta.

Na Palestina, não havia pena de prisão, mas


apenas e tão somente as penas de suplícios ou penas de morte. Não havia prisão
preventiva e nem instrução secreta. O réu tinha o direito de defesa, e havia no
caso de condenação, o recurso que era julgado pelo Tribunal dos 23 (vinte e três)
ou pelo Sinédrio, somente no caso de condenação sem que houvesse unanimidade.

No DIREITO ROMANO, havia uma divisão dos


crimes: os delitos públicos e os delitos privados. OS DELITOS PÚBLICOS que eram
crimes praticados contra a segurança da cidade e o parricídio, e os DELITOS
PRIVADOS que eram crimes praticados contra particulares. No primeiro delito a
aplicação da sanção era severa e nenhuma garantia era dada ao acusado, ficando a
punição à cargo do julgador que o julgava apenas como o polegar, colocando-o
para baixo, em caso de condenação.

Já nos delitos privados a função do Estado


era apenas de ÁRBITRO, onde se prestigiava a conciliação entre as partes e a
aplicação de pena só em último caso, aqui temos noticia da primeira aplicação da
hoje prestigiada composição ou arbitragem.

No DIREITO GERMÂNICO, os crimes privados


eram punidos com A VINGANÇA PRIVADA, mais tarde pela COMPOSIÇÃO, qual seja a
reparação dos danos causados pelo delito.

Também há noticia, nas priscas eras da


denominada ORDÁLIA OU JUÍZO DE DEUS, que nada mais era do que provas
corporais que eram impostas aos acusados pelos juizes (PROVA DE ÁGUA FERVENTE,
FERRO EM BRASA, FOGO), caso em que se acusado conseguisse sobreviver significa
que Deus o absolveu de seus pecados e em razão disso também era perdoado pela
justiça humana.

Posteriormente houve forte influência do


DIREITO CANÔNICO, em que o processo e a conseqüente punição somente poderia
ser exercida se o fosse apresentada pelos representantes da Igreja. Todavia com o
passar dos anos, o processo também passou a ser inquisitivo que VISAVA PUNIR A
HERESIA, O SORTILÉGIO E AS BRUXARIAS. Interessante neste ponto, mencionarmos
que as penas de reclusão (onde os sacerdotes ficavam reclusos para expiação de
seus pecados), e a penitência (que deu origem as penitenciárias onde se cumprem
as penas em regime fechado) que subsistem até nossos dias, tiveram sua origem no
Direito Canônico.
Finalmente surgiu o PROCESSO PENAL
MODERNO, com o denominado período humanitário do Direito Penal, condenando
aos torturas, os julgamentos secretos, EVITANDO QUE O JUIZ AGISSE COMO
VERDADEIRO INIMIGO DO ACUSADO, INSTITUINDO NO PROCESSO A FASE
INQUISITÓRIA (INVESTIGATÓRIA) E A FASE DE JULGAMENTO E PRODUÇÃO DE
PROVAS, preocupando-se mais com a aplicação das penas restritivas de direito
(multas, reparação de danos, prestação de serviços à comunidade), evitando-se o
encarceramento do condenado, que somente deve ser reservado aos criminosos de
mais alta periculosidade.

2. Conceito do Direito Processual Penal.

O processo, como se sabe, é uma forma que o Estado encontra na jurisdição para
resolver os conflitos de interesses.

Assim, o Estado atua na vida em sociedade buscando preservar a paz social e o


equilíbrio das relações sociais.

O processo penal encontra-se intimamente ligado com o Direito Penal. Este último
descreve os atos punidos com a norma repressiva e o Processo Penal serve como um
instrumento da aplicação das sanções jurídicas.

O processo penal não mais é do que uma série de atos coordenados que visam
aplicar a lei penal àqueles indivíduos que infringiram uma norma descrita como
crime no Direito Material.

Como se sabe o estado é o detentor do “jus puniendi”, ou do direito de punir e


através do processo o Estado visa composição da lide através da aplicação do
Direito Material.

Durante a história tivemos vários tipos de sistemas: o inquisitório, o acusatório e o


misto. O primeiro deles (inquisitório) o juiz tem a tarefa de julgar, acusar e
defender o réu. O processo era secreto, sem a presença de defensor, sem
contraditório e o réu ficava preso durante todo o processo e a sentença nunca
transitava em julgado. Caso surgissem novas provas da culpabilidade do réu, ele
poderia ser reaberto a qualquer tempo. Neste ponto deve ser observado que no
Brasil, atualmente a sentença penal transitada em julgado somente pode ser
revista se existirem provas da inocência do acusado.

Já o sistema acusatório consistia num julgamento popular ou um julgamento por


um juiz togado, onde a igualdade entre as partes era fator preponderante, não
havia qualquer limitação no campo probatório, predominando a oralidade e a
liberdade do acusado até o trânsito em julgado da sentença.

Já o sistema misto é dividido em uma fase de investigação anterior e


posteriormente uma fase processual, sendo a acusação realizada pelo Estado.

No processo penal temos a existência do SISTEMA MISTO: que engloba a primeira


fase denominada de INVESTIGATIVA e a segunda fase denominada de
CONTRADITÓRIO. Deve ser ressaltado que no Brasil, adota-se o sistema inquisitivo,
onde a parte acusatória fica a cargo do Estado, através do Ministério Público, e
com o Juiz eqüidistante das partes para julgamento do processo.

Atualmente nosso ordenamento jurídico adota o sistema inquisitório. Assim, se


cometido um ilícito pelo acusado em primeiro lugar existe a investigação do mesmo
pela Polícia Judiciária (inquérito ou termo circunstanciado de ocorrência),
posteriormente os autos da investigação são enviados a Juízo para que o titular da
ação penal (Ministério Público ou o querelante) possam instaurar o processo contra
o acusado, e assim iniciar a segunda fase do processo criminal brasileiro.

Observa-se claramente que a legislação pátria adota diferentes sujeitos com


funções absolutamente separadas e independentes entre si. O Delegado de Policia
tem a função de investigar e obter indícios de autoria e de materialidade. O
Ministério Público figurando como o autor da ação penal, e também tendo a função
de fiscal da lei, e o Magistrado independente, imparcial, analisando todas as
imputações e provas colhidas, deverá julgar a lide, aplicando ou não sanção ao
acusado.

3. O ato ilícito.

Como se sabe um ato humano pode gerar conseqüências na órbita da vida em


sociedade, podendo conter uma sanção meramente moral, uma sanção civil ou uma
sanção de natureza penal.

São com estes últimos atos que infringem dispositivos do Código Penal que são
amparados pelo Código de Processo Penal, que dá as partes o caminho para a
aplicação da pena correspondente ao crime infringido, sempre tendo em conta o
princípio da razoabilidade, onde a pena deve ser sempre proporcional ao delito
cometido.

Todavia, existe uma interpenetração de uma decisão criminal na esfera cível, visto
que a sentença penal transitada em julgado faz coisa julgada na esfera cível, qual
seja, isso ocorrendo na esfera cível não mais se abrirá campo para a discussão de
ocorrência de dolo ou culpa, mas sim mera discussão de valores ou de quantum
devido, já que a esfera criminal colocou termo a esta discussão. O mesmo poderá
ser dito em relação a ocorrência de causas excludentes de ilicitude (legitima
defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal, exercício
regular de direito) que reconhecidas na seara criminal sepulta e fulmina qualquer
direito indenizatório pleiteado na esfera cível.

4. “O jus puniendi”.

Como regra geral o direito de punir pertence ao Estado, que o procura através do
Ministério Público nas ações penais públicas incondicionadas e condicionadas.
Nestes tipos de ação penal, o interesse do Estado se sobrepõe ao interesse do
particular. Via de regra, as ações penais são sempre públicas incondicionadas,
reservando o legislador para o ofendido a titularidade das ações penais públicas
condicionadas (representação do ofendido) ou as ações penais privadas
(promovidas através de queixa crime). Somente o Estado através de seus órgãos
regularmente instituídos poderá aplicar a sanção penal correspondente. Caso o
cidadão resolva agir por conta própria, aplicando aquilo que comumente chamamos
de justiça pelas próprias mãos, poderá vir a responder pelo crime de exercício
arbitrário das próprias razões1. Observe-se, no exemplo citado no rodapé, que
acusados a pretexto de cobrar uma dívida da vítima que deveria ser realizada
através de competente ação judicial preferiram usar de outros métodos
configurando, assim o delito em comento.

Todavia existem casos dentro de nosso ordenamento jurídico em que o interesse da


vítima se sobrepõe ao interesse estatal, razão pela qual este delega a esta o “jus
persequendi in judicio” e o exercício do direito de ação passa a ser de
responsabilidade destas, conforme já explicado acima.

4. Conteúdo do processo penal.

Todo o processo seja ele na esfera cível, criminal, trabalhista ou administrativa


possuem em seu contexto a mesma estrutura, sendo dividido em matérias, com as
suas diferenças, meramente para fins de estudo e de compreensão de suas
particularidades. Todo o processo possui uma fase postulatória, uma fase de
defesa, uma instrutória, uma fase decisória, uma fase recursal e uma fase
executória.

Para fins de que o leitor possa compreender esta idéia observe que a apresentação
da denuncia corresponde a fase postulatória. A fase de defesa é completada com a
apresentação da resposta à acusação ou defesa preliminar, a fase de produção de
provas corresponde a oitiva das testemunhas de acusação e defesa, interrogatório
do acusado e realização de audiências, a fase decisória se completa com a prolação
de sentença pelo magistrado, podendo se for o caso ocorrer a fase recursal caso
1
APELAÇÃO – PENAL – RECURSO MINISTERIAL – DELITO DE EXTORSÃO DESCLASSIFICADO
PARA EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES – REFORMA DA SENTENÇA –
IMPOSSIBILIDADE – APELADOS QUE ESTAVAM COBRANDO DÍVIDA COM AS PRÓPRIAS MÃOS –
APELO A QUE SE NEGA PROVIMENTO – 1- Para a configuração do crime de extorsão é necessário que a
vantagem obtida seja indevida. 2- Os apelados estavam cobrando dívida proveniente de venda de veículo
automotor não quitado da forma correta, configurando, assim, o crime de exercício arbitrário das próprias razões.
3- Apelo a que se nega provimento . (TJAC – Ap 0000790-54.2012.8.01.0003 – (19.552) – C.Crim. – Rel. Des.
Francisco Djalma – J. 01.10.2015)v117
alguma das partes não concorde com a decisão poderá recorrer da mesma, e em
caso de condenação instaura-se a fase de execução da pena, com a aplicação da
Lei 7210/84 (Lei das Execuções Criminais).

O processo penal nada mais é do que uma série de atos que compreendem fases
distintas:

a) a formulação da acusação: realizada através da denúncia nos casos de ação


penal pública incondicionada e ação penal pública condicionada à representação, e
através de queixa crime nas ações penais privadas, onde na petição inicial é
delimitado pelo pedido até onde pode ser exercido o poder jurisdicional;

b) a produção das provas: neste passo deve ser lembrado que o processo penal, no
campo das provas, adota o princípio da verdade real, onde o juiz pode interferir no
campo probatório caso não esteja suficientemente convencido das alegações das
partes e dentro do processo penal são admitidos vários elementos de prova como o
interrogatório do réu, a prova documental, a prova pericial, a busca e apreensão
de pessoas e coisas, os indícios e também as declarações dos ofendidos, que
ganham capital importância no caso de crimes praticados às escondidas;

c) o exercício do direito de defesa: deve ser rememorado que o direito de defesa


do réu é indisponível, cabendo, ao Estado o dever de patrocinar a defesa do
acusado, caso este não tenha condições de arcar com os custos da defesa técnica.
Além disso, ao lado da defesa técnica, temos o direito do acusado à auto-defesa,
qual seja, o direito de participar da colheita da prova, e, ainda, caso o acusado não
tenha a sua defesa exercida eficazmente, pode o Magistrado destituir o defensor;

d) o julgamento da lide: no Processo Penal todas as decisões judiciais devem ser


fundamentadas sob pena de nulidade, ex vi do artigo 93 inciso IX da Constituição
Federal, cabendo importante papel ao Magistrado, que, em caso de condenação do
acusado ou de sua absolvição, deve na sua decisão dar todos os elementos de
convicção que o levaram a proferir tal decisão;
Temos ainda a fase de recursos que ocorrerá se algumas das partes não se
conformar com a sentença, e assim sendo poderá apresentar recurso aos Tribunais
Superiores. Por outro lado, somente haverá a parte de execução da pena em caso
de condenação, caso em que o processo será enviado para uma Vara Especializada,
no caso a Vara das Execuções Criminais que será responsável pela correta
fiscalização da pena imposta, análise de eventuais benefícios e extinção da sanção
caso a mesma tenha sido cumprida de forma completa.

O PROCESSO PENAL TEM SUAS FINALIDADES, EM DUAS GRANDES VERTENTES:

I- O PROCEDIMENTO: que é uma série de atos pré - ordenados que norteiam o


processo desde a sua proposição (com a denúncia) até a prolação de sentença. É o
caminho que se deve percorrer para se chegar a um resultado fim. (MÉTODO).

Assim este caminho é distinto para cada crime, que depende DA PENA APLICADA A
CADA UM DELES. Assim, se o crime for apenado com pena máxima superior a quatro
anos o processo seguirá o rito ordinário; se a pena máxima for de até quatro anos
no máximo o procedimento será o rito sumário; se o crime for de menor potencial
ofensivo terá a sua tramitação de acordo com a Lei 9.099/95 e, por fim, apenas a
título exemplificativo, se o crime for doloso tentando ou consumado contra a vida,
seguirá o rito do Júri Popular, dentre outros, que muitas vezes são previstos em
legislação esparsa como por exemplo a lei de drogas etc.

II- UMA RELAÇÃO JURÍDICA: o processo é um ato formado pelo JUIZ, PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO, PELO ACUSADO (RÉU) E PELO SEU DEFENSOR. Cada uma
destas partes possuem direitos e obrigações dentro dessa relação jurídica. Note-se
que nosso ordenamento jurídico prestigia o direito de defesa, colocando até mesmo
na categoria de direito indisponível, ou seja, o réu será defendido mesmo contra a
sua vontade, e caso o mesmo não possua condições financeiras para custear a sua
defesa, o Estado deverá custear a sua defesa seja através de defensor público, ou
através de defensor dativo. O direito de defesa assim é sagrado e qualquer
infringência poderá ocasionar nulidade do processo.
5. Relações do Processo Penal com as demais ciências.

Como o processo penal é uma ciência, esta ciência se interrelaciona com demais
ciências denominadas de ciências auxiliares, visando facilitar a sua aplicabilidade
prática. O processo penal relaciona-se com as seguintes ciências:

a) Política Criminal: pois esta ciência tema a função de propiciar critérios para
apreciação do valor da norma vigente e propõe o modelo de norma que vai vigorar.
Por razões de Politica Criminal certas sanções ou comportamentos deixam de ser
punidos como por exemplo a descriminalização do delito de adultério e de sedução
que não guardam mais qualquer aplicabilidade na sociedade moderna.

b) Criminologia: porque esta ciência se ocupa do estudo do crime, da pessoa do


infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo. Neste passo, o
Direito Penal deve sempre analisar o comportamento do criminoso, da vítima, até
mesmo do meio social, para a finalidade não só de punir, mas também de prevenir
a ocorrência de crimes.

c) Medicina Legal: tendo em vista que esta ciência tem como base averiguar a
inimputabilidade do réu, sobre sua sanidade mental, as sequelas produzidas pelo
crimososo na vítima, DOS QUAIS SE CONCLUI QUE O RESULTADO FINAL DO
PROCESSO ESTÁ INTIMAMENTE LIGADO AOS EXAMES PERICIAIS que são elaborados
pelos peritos. Também a Medicina Legal fornece ao operador do Direito a exata
compreensão da causa mortis, os meios empregados no crime (veneno, asfixia), os
tipos de lesões (contundente, cortante, perfurante) para que sejam instrumentos
preciosos na busca da aplicação do Direito.

d) Psiquiatria Forense: a razão desta ligação é a de que esta ciência auxiliar ocupa
do estudo da criminologia, ou seja, no estudo das DOENÇAS MENTAIS que ocupam e
levam o agente ao delito, tendo fundamental importância na aplicação do artigo 26
do Código Penal.
e) Polícia Judiciária: porque esta ciência está voltada para a descoberta dos
autores do crime, da materialidade e do “modus operandi” de cada um desses
agentes.

6. Relações do Processo Penal com outros Ramos do Direito.

Como o processo penal advém do Direito Público, onde predomina o interesse


público sobre o interesse privado:

a) Direito Constitucional: haja vista que a Constituição é a Lei Maior, razão pela
qual todas as matérias disciplinam as condutas humanas são subordinadas as
normas consitucionais, que visam a tutela da liberdade, em que se procura como
instrumento da realização da Justiça.

b) Direito Administrativo: regula-se tendo em vista que o Processo Penal visa


regular e disciplinar a aplicação, através do processo, das sanções administrativas
disciplinares e a aplicação da pena.

c) Direito Comercial: tendo em vista que íntima ligação com o processo falimentar,
haja vista que a falência muitas vezes pode ser fraudulenta e constituir delitos.

d) Direito Internacional: visa a adoção de normas comuns entre os países, visando


a aplicação de uma só lei visando reprimir condutas criminosas. Temos como
MERCOSUL e a COMUNIDADE ECONOMICA EUROPÉIA.

e) Direito Processual Civil: há uma tendência moderna de se unificar os


ordenamentos processuais civis e penais em um só, haja vista que em ambas as
matérias existe uma que engloba os conceitos básicos do processo: que é a TEORIA
GERAL DO PROCESSO.

7.Fontes do Direito Processual Penal.


A fonte é onde se origina a norma. É o seu modo de criação. Isto se chama de
FONTE DE PRODUÇÃO.

FONTE DE PRODUÇÃO PRIMÁRIA: que cria as normas de Direito Processual Penal é o


Estado, pois cabe a União privativamente legislar sobre direito processual.
Observe-se que nenhuma norma de direito penal ou de direito processual pode ser
criada através de medida provisória. A lei penal e a lei processual somente podem
ser criadas através do método legislativo próprio, através de aprovação pelo
Congresso Nacional e com a sanção do Chefe do Executivo, no caso o Presidente da
Republica.

FONTES FORMAIS OU SECUNDÁRIAS

São as fontes pelas quais se exteriorizam a aplicação da norma penal, que servem
muitas vezes como elementos criadores de uma norma processual.

FONTES FORMAIS DIRETAS: TRATA-SE DA EXISTÊNCIA DA PRÓPRIA NORMA NÃO


NECESSITANDO DE CRIAÇÃO, temos a legislação principal (Código de Processo
Penal), as legislações extravagantes e leis orgânicas.

FONTES FORMAIS INDIRETAS: UTILIZADAS QUANDO EXISTE LACUNA, OBSCURIDADE


OU FALTA DE LEI, e mesmo diante disso o Juiz não está eximido de decidir, o que
denomina de “non liquet”. Utiliza-se então de um critério ampliativo onde busca a
solução da lide nos PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO, NA ANALOGIA, NA
JURISPRUDÊNCIA E NOS COSTUMES.

Vale ressaltar dois requisitos: A LEI É A FONTE DO DIREITO PROCESSUAL PENAL E O


PROCESSO PENAL É UNO EM TODO O TERRITÓRIO BRASILEIRO.

7. Aplicação da Lei Processual.


A aplicação da lei processual seguirá dois critérios: a aplicação da lei processual no
tempo e a aplicação da lei processual no espaço.

1. A aplicação da lei processual no tempo:

a) NO TEMPO: pelo princípio da imediatidade, ou seja, a LEI PENAL TEM


APLICABILIDADE IMEDIATA, SEM PREJUÍZO DA VALIDADE DOS ATOS REALIZADOS.

2. A aplicação da lei processual no espaço:

b) NO ESPAÇO: foi adotado o princípio da territorialidade, pelo qual, AS LEIS NÃO


ULTRAPASSAM OS LIMITES DO ESTADO QUE AS PROMULGOU.

3. A interpretação da lei processual.

a) vista sob o aspecto subjetivo:

I- Autêntica: realizada pelo próprio legislador. Ex: exposição de motivos.

II- Doutrinária: a interpretação da lei é realizada pelos doutrinadores e


comentadores.

III- Judicial: realizada pelos juízes e Tribunais ao aplicarem a lei a um caso


concreto.

b) vista sob o aspecto objetivo:

I- Gramatical: visa compreender o sentido das palavras empregadas. Ex: queixa,


competência, parte.
II- Lógica: visa demonstrar a vontade ou a finalidade da lei. Vista sob os aspectos
sistemático, histórico, direito comparado, extrajurídico e sociológico.

c) vista em relação ao resultado:

I- Declarativa: esclarecer alguma dúvida do texto.

II- Extensiva: que visa ampliar o alcance do texto.

III- Restritiva: aquela que restringe a aplicação da norma.

IV- Analógica: forma de interpetação que serve para suprir certas falhas, pela
impossibilidade de descrição no texto penal, remetendo a outro que os englobe.

V- Progressiva: é aquela que visa adaptar a norma ás necessidade atuais.

8. Princípios Constitucionais do Processo Penal.

Os princípios concernentes à aplicação do


Direito Processual Penal, vem consignado tanto na Constituição Federal, como
também consagrados dentro de legislações alienígenas.

Todos sabemos que o processo tem dupla


garantia: em primeiro lugar para o autor que socorre-se da norma penal, para ver
garantida a aplicabilidade de sanção aquele indivíduo que infringiu uma disposição
penal. Temos aí consignada a garantia ativa.

Por outro lado, também o processo reveste-


se de uma garantia passiva, haja vista que o réu só será privado de sua liberdade,
depois de percorrido o devido processo legal e depois de garantido o contraditório
e ampla defesa.
Temos garantias constitucionais expressas
previstas na Constituição Federal e garantias constitucionais implícitas que são
aquelas não mencionadas expressamente em nossa Carta Magna.

Vê-se, claramente pela numeração de


tantos princípios que o Processo Penal foi construído com base na PERSPECTIVA DO
RÉU em que se prestigia a dignidade humana.

9. ENUMERAÇÃO DOS PRINCÍPIOS:

1- MAGISTRATURA: o juiz deve sempre ser


imparcial. O acusado ao cometer um crime deve saber de antemão, qual o juízo
que vai processá-lo e julgá-lo. Isso é que se denomina de “juiz natural” ou “juiz
constitucional”. Vedado é a criação dos tribunais de exceção - “criados ad hoc e
post factum em situação revolucionária para o julgamento de determinados casos”.
O acusado tem o direito de conhecer previamente o tribunal ou o juiz no caso de
infração penal.
2- PRINCÍPIO DA VERDADE REAL: o juiz deve
através das provas e das averiguações, descobrir a verdade como fundamento de
uma sentença. Por este princípio, o juiz não fica preso as provas produzidas pelas
partes no processo, todavia, poderá ele determinar a realização ou produção de
provas quando não se sinta convencido ou seguro dos elementos probatórios
produzidos pelas partes. Observe-se: “RECURSO ESPECIAL. DIREITO PROCESSUAL
PENAL. INDICAÇÃO DO ROL DE TESTEMUNHAS EM MOMENTO POSTERIOR. PEDIDO
TEMPESTIVO. INEXISTÊNCIA DE PRECLUSÃO E VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO.
DEFERIMENTO MOTIVADO. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL. 1. No processo penal da
competência do Tribunal do Júri, o momento adequado para o acusado alegar tudo
que interessa a defesa, com a indicação das provas que pretende produzir, a
juntada de documentos e a apresentação do rol de testemunhas é a defesa prévia,
nos termos do artigo 406, § 3º do Código de Processo Penal. 2. Não há preclusão se
a parte, no momento da apresentação da defesa prévia, formula pedido de
indicação de rol de testemunhas a posteriori; tampouco há violação do
contraditório se o magistrado defere o pedido em busca da verdade real e diante
da impossibilidade do contato do defensor público com o acusado. 3. Recurso
improvido. (Recurso Especial nº 1.443.533/RS (2014/0065295-8), 6ª Turma do STJ,
Rel. Maria Thereza de Assis Moura. j. 23.06.2015, DJe 03.08.2015)”.

3- PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ:


significa independência, decisões livres, desprovidas de coação ou ameaças. Para
tanto os magistrados, tem garantias da irredutibilidade de vencimentos,
inamovibilidade e vitaliciedade. No caso em que se constata relação de
parcialidade o prejudicado poderá se valer da exceção de suspeição apresentada
por escrito, e em separado, ou no caso de suspeição do Jurado deverá opor a
mesma verbalmente no Plenário do Júri.

4- PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES:


significa que o autor e réu, embora em planos opostos, tem os mesmos direitos,
ônus, obrigações e faculdades. Paridade de armas, prazos iguais, oportunidades
iguais, direitos e deveres sempre colocados em pé de igualdade, seja para a
defesa, seja para a acusação.

5- PRINCÍPIO DO LIVRE CONVENCIMENTO:


consagrado no artigo 157 do CPP, impede que o Juiz julgue o processo, utilizando-
se de conhecimento que possua fora do processo. O que não existe no processo,
não existe no mundo jurídico. O principio do livre convencimento divide-se em livre
convencimento motivado (neste caso o juiz ao condenar ou absolver o acusado
deverá faze-lo de forma motivada sob pena de nulidade) e livre convencimento
imotivado que somente é adotado no Brasil no caso de processos de competência
do Tribunal do Juri onde o jurado para absolver ou condenar o acusado utiliza-se de
uma cédula grafada com os dizeres “sim” ou “não” onde apenas deposita seu voto
sem explicitar as razoes de seu convencimento.

6- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE: vigora a


publicidade absoluta, segundo a qual todos os atos processuais são públicos. Alguns
processos tem seu sigilo preservado como garantia para os envolvidos como ocorre
por exemplo em processos que apuram crimes sexuais e nos delitos de drogas.
Recentemente tivemos o exemplo de decretação de sigilo em caso de
interceptação envolvendo pessoas que detinham altos cargos do Governo Brasileiro.

7- PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO:
diretamente relacionado com o princípio do “due process of law”, segundo o qual o
acusado goza do direito de amplitude de defesa e contrapor-se a qualquer prova
contra ele produzida. Este principio é importante visto que o acusado tem direito
de conhecer previamente da imputação que lhe é imputada, das provas que foram
produzidas e tem o direito de contrapor-se a elas utilizando-se de todos os meios
probatórios que entender necessários ao exercício de sua defesa.

ASSISTÊNCIA JURÍDICA GRATUITA: por este


princípio o direito de defesa é indisponível, tendo o acusado direito a defesa
técnica gratuita caso não tenha condições de arcar com os honorários de seu
advogado que será realizado pela Defensoria Pública ou mesmo por advogados
nomeados pelo Magistrado em cidades onde não houver a Defensoria. Observe-se,
ainda que em caso de defesa colidente, não poderá um mesmo defensor patrocinar
a defesa de ambos os réus sob pena de nulidade do processo, devendo o juiz
nomear um defensor distinto para cada um dos acusados.

8- PRINCÍPIO DA INICIATIVA DAS PARTES:


“nemo judex sine actore”. Não há juiz sem autor. Não existe prestação
jurisdicional sem que movimentação da máquina estatal judiciária por iniciativa
das partes envolvidas, que se dá a partir da propositura de Denúncia, e o
procedimento investigatório se dá após a ocorrência de um crime.

9- PRINCÍPIO DO NE EAT JUDEX ULTRA


PETITA PARTEM: o juiz não pode sentenciar sobre aquilo que não foi pedido pela
parte. Com a denúncia a apreciação do juiz apenas se dará sobre aquilo que foi
pedido pela parte. Com o PEDIDO se delimita a atuação do órgão jurisdicional. No
caso de ocorrência de crime mais grave do que aquele narrado pela denuncia, o
juiz deverá determinar o aditamento da denuncia pelo Ministério Público,
concedendo prazo para que a defesa se manifeste e produza elementos de prova de
seu interesse, para somente após isso, proferir decisão.

10- PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO


JUIZ: o juiz que deu início a instrução probatória deve julgar a lide. Este princípio
é de capital importância, eis que o juiz que presidiu a instrução fica vinculado ao
processo, ou seja, aquele magistrado que colheu a prova é que deve proferir a
decisão.

11- PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL:


dogma constitucional, pois ninguém poderá ser condenado sem a existência do
processo previsto em lei. O processo legal se traduz na existência de uma série de
atos coordenados, que guardam relação entre si, em que uma fase após encerrada
dá origem até outra fase no afã de se obter a decisão. Assim, após a fase
postulatória, ocorre a fase de defesa, encerrada esta temos a fase de produção de
prova, culminando com a decisão. Estes são ordenados, com formalidades
especificas, cuja a inobservância pode acarretar a nulidade do processo.

12- PRINCÍPIO DA INADMISSIBILIDADE DAS


PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO: prova produzida por meio ilícito não é
admitida em nosso ordenamento jurídico. Trata-se da teoria da arvore dos frutos
envenenados. (Fruits of the poisons tree), onde a prova ilícita uma vez produzida
causa a nulidade das provas produzidas de forma subsequente e que guardem
qualquer relação com a prova anteriormente produzida. Neste sentido observe-se:
“PENAL/PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIME TRIBUTÁRIO.
DENÚNCIA RECEBIDA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. PROVA ILÍCITA. QUEBRA DE
SIGILO BANCÁRIO SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. ANULAÇÃO DA AÇÃO PENAL
MANTIDA. I - Modificando a sistemática anterior, com a reforma do CPP, tornou-se
possível ao magistrado, até mesmo, absolver o réu sumariamente em algumas
situações (Código de Processo Penal, artigo 397) e, se, conforme o caso, o juiz
pode absolver sumariamente o réu, com muito mais razão pode acolher questões
preliminares tendentes à rejeição da denúncia ou ao reconhecimento de nulidades
processuais, máxime quando se tem que o artigo 396-A do Código de Processo
Penal expressamente permite ao réu "arguir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa". II - Verificando-se o desenrolar do procedimento
administrativo instaurado para apurar crimes tributários, anota-se, inicialmente,
que o sigilo bancário dos réus foi quebrado diretamente pelo Fisco, sem prévia
autorização judicial para fins de constituição de crédito tributário, o que enseja
flagrante constrangimento ilegal. Precedentes. III - Com efeito, a quebra do sigilo
bancário para investigação criminal deve ser necessariamente submetida à
avaliação do magistrado competente, a quem cabe motivar concretamente seu
decisum, nos termos dos artigos 5º, inciso XII e 93, inciso IX, da Constituição
Federal. IV - Não pode a Receita Federal, órgão interessado no processo
administrativo e tributário, sem competência constitucional específica,
fornecer dados obtidos mediante requisição direta às instituições bancárias,
sem prévia autorização judicial, para fins penais. V - Recurso ministerial
improvido para manter a declaração da ilicitude das provas obtidas por meio da
quebra de sigilo bancário dos recorridos e a rejeição da denúncia por ausência de
justa causa para o exercício da ação. (Recurso em Sentido Estrito nº 000.4584-
37.2013.4.03.6111, 11ª Turma do TRF da 3ª Região, Rel. Cecilia Mello. j.
07.04.2015, unânime, DE 14.04.2015)”.

Neste julgado vemos claramente a aplicação


do principio ora tratado, vez que o processo foi anulado tendo em vista que provas
e documentos foram apresentados sem que houvesse decisão judicial determinando
que o sigilo fosse quebrado, e em razão deste fato, houve por bem o Tribunal
anular o processo, prestigiando o entendimento constitucional de proibição de
utilização de provas obtidas de forma ilícita.

13- PRINCÍPIO DA INOCÊNCIA: ninguém será


considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Trata-se do Princípio do humanismo constitucional. Somente após o transito em
julgado o réu será considerado culpado, e assim sendo, até que haja o exaurimento
de todos os recursos, o acusado preserva a sua primariedade. Em nossa sistemática
processual, mesmo que o acusado possua vários processos, todos em andamento,
sem nenhuma condenação, sem que ocorra o transito em julgado, sua primariedade
restará incólume.

14- PRINCÍPIO DO “FAVOR REI”- sempre em


favor do réu. In dubio pro reo, ônus da prova sempre da parte acusadora. Este
princípio visa preservar a parte mais frágil da relação processual, que é o acusado.
Assim, como os acusados em geral são pobres, geralmente somente na fase judicial
é que os mesmos contam com assistência jurídica, na maioria das vezes por
defensor dativo ou defensor público, para tentar buscar o equilíbrio, já que o
Estado conta com todo o aparato de investigação e de pericia ao seu dispor na
investigação, qualquer dúvida na instrução ou nos elementos de prova, militará em
favor do acusado.
Neste diapasão assinala-se: “APELAÇÃO.
ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. MATERIALIDADE INCERTA. INSUFICIÊNCIA DE
PROVAS. PRINCÍPIO DO "IN DUBIO PRO REO". SENTENÇA CONDENATÓRIA
REFORMADA. Caso permaneça incerta e nebulosa a comprovação da materialidade
delitiva, mesmo após exaustivos procedimentos de investigação, presume-se
inocente o acusado de constranger mulher a com ele praticar ato libidinoso
diverso de conjunção carnal, no interior de Unidade Militar. O convencimento
judicial apto a cristalizar um juízo de condenação deve repousar sobre
circunstâncias objetivas, com lastro probatório nos autos; do contrário, impõe-se,
como única medida, a absolvição. Apelo defensivo provido. Decisão unânime.
(Apelação nº 79-67.2012.7.03.0103/RS, STM, Rel. José Américo dos Santos. j.
29.04.2014, DJe 13.05.2014)”.

Aqui neste ponto necessário se fazer um


reparo. Na primeira fase do procedimento dos crimes dolosos contra a vida,
havendo dúvidas sobre a autoria e a materialidade, o nosso ordenamento jurídico,
apenas e tão somente na primeira fase do procedimento do Juri adota o in dubio
pro societatis, e assim sendo, havendo duvidas sobre a ocorrência de
qualificadoras, autoria, causas excludentes haverá a pronuncia para que a duvida
seja dirimida pelo Conselho de Sentença que é o juiz natural para os crimes dolosos
tentados e consumados contra a vida.
Por outro lado, nos crimes praticados as
ocultas ou as escondidas, havendo confronto entre a negativa do acusado e a
palavra da vítima, se esta ultima restar coerente e não pairar duvida sobre o relato
da vítima, nos crimes sexuais essa dúvida pelo entendimento dominante levará a
condenação do acusado, segundo farta jurisprudência dominante. Neste ponto
assinala-se: “APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME DE TENTATIVA DE ESTUPRO. ABSOLVIÇÃO
POR NEGATIVA DE AUTORIA E AUSÊNCIA DE PROVAS. IMPOSSIBILIDADE.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA LESÃO CORPORAL. INVIABILIDADE. MATERIALIDADE E
AUTORIA DEVIDAMENTE COMPROVADAS. PALAVRAS FIRMES E COERENTES DA
VÍTIMA. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO NÃO PROVIDO. 1. É impossível a absolvição
quando os elementos contidos nos autos, corroborados pelos depoimentos da
vítima e da prova pericial (laudo de lesão corporal), formam um conjunto sólido,
dando segurança ao juízo para a condenação. 2. De acordo com o entendimento
jurisprudencial firmado pelo Superior Tribunal de Justiça, a palavra da
vítima, em crimes de conotação sexual, possui valor probatório diferenciado,
servindo de substrato condenatório quando o relato ocorre de maneira
coerente e harmônica, conforme se tem no caso em tela. 3. O dolo na conduta
do réu de satisfazer a sua lascívia constrangendo a vítima à conjunção carnal ou à
prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal, utilizando-se de violência,
se coaduna com o previsto para o crime de estupro e não com o de lesão corporal.
4. Recurso não provido. (Apelação nº 0005143-12.2013.8.01.0001, Câmara Criminal
do TJAC, Rel. Francisco Djalma. j. 19.11.2015)”.

15 - DIREITOS DO CIDADÃO BRASILEIRO: A


Constituição da República Federativa do Brasil, considerada por muitos como a
denominada Constituição cidadã, previu no artigo 5º. Intitulado dos direitos e das
garantias individuais, vários direitos ao cidadão brasileiro, dentre eles, podemos
citar os principais:

a) direito a habeas corpus, que prevê o


relaxamento de qualquer prisão considerada como ilegal ou indevida, podendo o
magistrado, mesmo de oficio, relaxar a prisão quando verificar ilegalidade ou abuso
na prisão, podendo ser concedido, em qualquer grau de jurisdição, mesmo que não
haja pedido expresso por parte do cidadão;
b) direito ao silêncio, sendo que o acusado
pode permanecer em silencio, sem que este fato seja considerado como presunção
de culpa ou de admissão de veracidade das imputações;
c) direito de identificar a pessoa que o
prendeu, e no caso de prisão ter o direito de se comunicar com seu advogado,
devendo ser colocado em liberdade quando a lei permitir a liberdade provisória ou
o arbitramento de fiança;
d) não submissão a identificação criminal,
sendo que aquele é civilmente identificado, apresentando documentação idônea,
não será submetido a identificação datiloscópica, que somente será utilizada em
casos expressamente previstos em lei, ou quando houver duvida sobre a identidade
daquele que apresentou o documento;
e) respeito a pessoa do preso que não será
submetido a penas corporais, suplícios, banimento ou pena de morte, não sendo
obrigado a trabalhos forçados;
f) direito de individualização da pena, neste
caso, respeita-se o previsto no artigo 59 do Código Penal, onde a pena deverá ser
proporcional ao ilícito praticado, devendo ser analisadas a culpabilidade, os
motivos do crime, a personalidade do acusado, para que a pena seja aplicada de
forma justa e adequada a prevenção e repressão do ilicito;
g) reserva legal, aqui deve ser considerado
que não haverá crime sem lei anterior que o defina, e nem pena sem prévia e
anterior previsão legal;
h) direito de liberdade, neste caso, nossa
legislação previu que o acusado terá direito a responder o processo em liberdade,
desde que primário, portador de bons antecedentes, com trabalho e residência
fixa, e desde que não estejam presentes os requisitos para a decretação de sua
prisão preventiva ou cautelar, sendo assim, prestigia-se a orientação de que a
prisão para ser decretada depende da existência de elementos de prova de que a
prisão é extremamente necessária;
i) fiança e liberdade provisória, que são
institutos que complementam o direito de liberdade, e apenas en passant, o
acusado terá direito a fiança na fase de investigação, a ser arbitrada pelo Delegado
de Polícia quando a pena máxima cominada ao crime for até quatro anos, e em
sendo superior a quatro anos a análise deste cabimento caberá ao Juiz de Direito,
que poderá também aplicar medidas cautelares alternativas à prisão. Reserva-se a
liberdade provisória sem fiança quando o acusado for pobre e não tiver condições
de adimplir o pagamento do valor fixado a titulo de fiança;

j) Júri Popular, fica mantido para


julgamento dos crimes dolosos tentados e consumados contra a vida, e todos os
crimes a ele conexos, deixando a critério da sociedade a análise dos crimes que
envolvem a vida como o homicídio, o aborto, o infanticídio e a instigação, auxilio e
induzimento ao suicidio.

16- PRINCIPIO DA SEPARAÇÃO DA APURAÇÃO


DA RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE CRIMINAL: por este princípio as
jurisdições civil e penal são independentes entre si, devendo em casos extremos,
caso o Juiz da esfera cível entenda necessário, suspender o processo civil por até
um ano, até decisões definitiva da seara penal (ex vi artigo 265, inciso IV, a do
CPC), uma vez que se o acusado for condenado esta condenação torna certa a
obrigação de reparar o dano (CPP, art. 63) e caso seja reconhecida a existência de
causa excludente da responsabilidade (estado de necessidade, legítima defesa,
exercício regular de um direito e estrito cumprimento do dever legal) estas
decisões fazem coisa julgada na esfera cível:

17- PRINCIPIO DA MOTIVAÇÃO DAS


DECISÕES: todas as decisões judiciais devem ser motivadas sob pena de nulidade
(CF, art.93), havendo exceção a esta regra onde predomina o livre convencimento
não motivado que são as decisões proferidas pelos Jurados no Tribunal do Júri.

18- PRINCIPIO DO “IN DUBIO PRO


SOCIETATE”: este princípio somente prepondera nas decisões proferidas na
Primeira Fase do Procedimento do Tribunal do Júri, onde o Juiz, havendo dúvidas
sobre a existência de alguma qualificadora, ou tese de defesa, deve submeter o réu
a Júri Popular, uma vez que no Tribunal do Júri prevalece a regra de que este é o
competente para julgamento dos crimes dolosos tentados ou consumados contra a
vida;

NOÇÕES GERAIS DE TEORIA GERAL DO PROCESSO

a) O interesse:

O processo tem como um dos seus elementos de


sustentação o INTERESSE.

O interesse é uma relação existente entre os homens e


os bens, que dependendo das circunstâncias ou acontecimentos pode ser maior ou
menor.

O Estado como se viu anteriormente tem o dever de


manter íntegra a relação entre as pessoas que formam uma coletividade, evitando
com a imposição de normas sancionadoras, a paz social.

b) o conflito de interesses:

No processo penal ocorre o conflito de interesses,


quando um membro da coletividade infringe um interesse comum, qual seja, a
preservação da paz social evitando os atos criminosos.

Para que as relações sociais permaneçam estáveis,


necessário foi que o Estado ditasse normas comportamentais sancionadoras de atos
praticados que configurariam o crime. Estas normas de conduta tipificadas como
crime, é que chamamos de DIREITO OBJETIVO, COM O OBJETIVO QUE FOI O DA
NORMATIZAÇÃO E O POLICIAMENTO E PUNIÇÃO DAS REGRAS DE CONDUTA ILÍCTAS.

c) a Relação Jurídica:
Surge então o que denominamos de RELAÇÃO JURÍDICA.
Relação jurídica é a tutela pela lei dos conflitos de interesses. Tem a função de
distinguir entre duas posições, qual dessas deve prevalecer. Trata-se de um
conflito de interesses compreendendo dois pólos absolutamente distintos: um polo
ativo (quem pede) e um polo passivo (contra quem é dirigido o pedido).

Para regular o pedido e a resistência surge o direito


subjetivo. O direito subjetivo tem a árdua missão de tutelar essa relação jurídica
formada entre a parte ativa e a parte passiva. São os meios colocados à disposição
dos cidadãos (acesso à justiça), para que através do Estado, faça atuar, no caso
concreto, o direito objetivo.

O direito subjetivo ou direito formal compreende uma


série de atos para atuar a lei (objetiva) ao caso concreto.

De ambos os lados vamos notar a presença da pretensão,


que pode ser conceituada como uma exigência de subordinação de um interesse
próprio sobre um interesse alheio. Neste diapasão temos a forma consensual, e a
forma resistencial.

Assim no campo do Direito Processual Penal temos na


parte ativa de uma relação processual, o Estado que tem o interesse de punir. No
outro campo, temos a resistência do acusado em não querer ser punido. Assim na
parte ativa, a grosso modo, quem acusa; na parte passiva quem se defende, o réu.

Instaura-se a lide que é o conflito de interesses (Estado X


particular) qualificado por uma pretensão resistida (o réu, no mais das vezes,
resiste bravamente através do direito de defesa a aplicação da pena).

A lide perturba a paz social, e é dever do Estado


preservar a paz social e no caso em que o direito objetivo foi violado cabe ao ente
estatal intervir, para restabelecer o “status quo ante”.

d) O processo:

A paz social volta a reinar na sociedade com a aplicação


do direito objetivo ao caso concreto, através da pronta atuação do Poder
Judiciário, e isto se faz através do que denominamos de PROCESSO.

PROCESSO é um meio ou instrumento para a composição


da lide. É O MEIO PELO QUAL SE OBTÉM A COMPOSIÇÃO ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DA
LEI AO CASO CONCRETO.

Sabemos que o Estado é o detentor do monopólio da


jurisdição e da administração da justiça, chegando a inexorável conclusão de que
ninguém pode fazer justiça pelas próprias mãos, sob pena de responder pelo delito
do artigo 345 do Código Penal - exercício arbitrário das próprias razões.

O processo é o meio pelo qual se consegue a composição


da lide, sendo o seu instrumento indispensável.

Assim uma visão moderna do processo pode derivar duas


óticas diferentes: a primeira de forma objetiva que é identificada pelo
procedimento (caminhos ou atos coordenados a se conseguir um objetivo fim); e
outra visão subjetivista, ou seja, uma relação jurídica com visualização de duas
partes: uma ativa e outra passiva.

Nesta visão subjetiva podemos destacar os sujeitos


processuais, na visão de Liebman, o processo é “actum trium personarum”, ou
seja, constatamos a presença de três pessoas juiz, autor e réu.

A finalidade do processo seria a preservação da paz


social, com a proteção dada pelo Direito Objetivo da vida, integridade física,
moral, do Estado, da família, aplicando-se ao violador a norma e a sanção prevista
pelo Direito Objetivo.

Temos então a ação. Como bem sabemos são três as


condições da ação: POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, A LEGITIMAÇÃO E O
INTERESSE DE AGIR. Ausentes qualquer uma dessas condições, temos a carência da
ação.

De outro lado temos, também para validação do processo


os denominados PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS. Os pressupostos processuais tem
grande importância porque deles dependem o DESENVOLVIMENTO VÁLIDO E
REGULAR DO PROCESSO.

Como todo o ato jurídico o processo exige AGENTE


CAPAZ, OBJETO LICITO E FORMA PRESCRITA EM LEI. O processo, portanto, deve
estrita obediência a certas circunstâncias que não sua ausência, causam a
NULIDADE DO PROCESSO.

Dividem-se os pressupostos processuais em duas grandes


categorias: os pressupostos objetivos que dizem respeito ao processo e os
pressupostos subjetivos que dizem respeito ás partes do processo.

Exemplificando os pressupostos objetivos: INEXISTÊNCIA


DE LITISPENDÊNCIA, COISA JULGADA, UMA PETIÇÃO APTA, A CITAÇÃO, E O
MANDADO.

Temos por exemplos: a INVESTIDURA DO JUIZ, A


DELIMITAÇÃO DE SUA COMPETÊNCIA E SUA IMPARCIALIDADE, E EM RELAÇÃO AS
PARTES: CAPACIDADE DE SER PARTE, CAPACIDADE DE ESTAR EM JUÍZO (AD
PROCESSUM), E A CAPACIDADE POSTULATÓRIA.
CAPÍTULO II - DO INQUÉRITO POLICIAL

O processo penal tem como finalidade primordial e


específica disciplinar as normas jurídicas concernentes a aplicação e dosagem
correta da pena, atribuindo ao autor do fato típico a sanção correspondente a
norma jurídica violada.

Dentro da processualistica brasileira, o processo penal é o


ramo mais importante do Direito, haja vista que disciplina e decide sobre o “status
libertatis” do cidadão brasileiro.

O inquérito policial nada mais é do que o conjunto de


diligências realizadas pela polícia judiciária, com a finalidade de apurar a autoria e
a materialidade de uma infração penal, para que o titular da ação penal possa
ingressar em juízo pedindo a aplicação da lei ao caso concreto.

A persecução penal divide-se em duas fases distintas: a fase


administrativa e a fase judicial. Na primeira fase é realizada através do Inquérito
Policial e na segunda fase é realizada em Juízo, pelo órgão acusatório (Ministério
Público ou o ofendido).

Posto isto, concluímos que a finalidade do Inquérito Policial é


a de apurar a ocorrência de uma infração penal, sua materialidade e conseqüente
autoria.

O Inquérito Policial é uma peça meramente investigatória,


escrita e sigilosa. É através deste procedimento administrativo, realizado pela
polícia judiciária, que se colhem elementos e evidências necessárias para
fundamentar uma eventual ação penal.

a) Peça Investigatória : o Inquérito Policial se destina a fazer


investigações sobre o fato criminoso e de seu autor. Dentro do Inquérito Policial
existem diversas peças dentre as quais podemos destacar - o indiciamento do
acusado, declarações da vítima, oitiva de testemunhas, perícias, portaria.

O Inquérito Policial é também chamado e classificado como


“inquisitivo”, pois o acusado não é pessoa de direitos, mas sim sujeito e objeto de
investigações.

b) Peça Escrita : o Inquérito Policial é sempre escrito,


atualmente ele é datilografado.

c) Peça Sigilosa : é sigiloso, porque no curso das investigações


policiais deve preponderar o interesse da coletividade e principalmente o direito
do acusado.

O advogado não participa ativamente do Inquérito Policial,


mas deve sempre que possível acompanhar o seu cliente nas eventuais diligências
(como no interrogatório e nas perícias) e tomar conhecimento das provas colhidas,
haja vista que na fase inquisitorial o acusado está sempre sujeito a
constrangimento e abusos por parte da polícia judiciária.

Também pode o advogado, dentro do Inquérito Policial,


peticionar ao Delegado de Polícia solicitando alguma diligência ou produção de
alguma prova, mas fica a critério da Autoridade Policial atender ou não a
solicitação.

É direito do advogado examinar em qualquer repartição


policial, mesmo sem procuração, qualquer Inquérito Policial, findo ou em
andamento ainda que concluso à Autoridade Policial, podendo copiar peças ou
tomar apontamentos- ex vi artigo 7o., inciso XIV do Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil.

É de suma importância salientar que o advogado não interfere


no Inquérito Policial no sentido de fazer defesa de seu constituinte, mas sempre
deve acompanhar e fiscalizar a colheita das provas a fim de que seu cliente não
seja prejudicado futuramente.

Muitas vezes a Polícia Judiciária separa o acusado dos demais


detentos, com o fito de que o acusado não influa nas investigações e na colheita
das provas durante a fase do Inquérito Policial.

É o que se denomina de “incomunicabilidade”, onde o acusado


fica recolhido em cela separada pelo prazo máximo de 03 (três) dias.

Tal proibição, não atinge o advogado que poderá livremente


comunicar-se com o acusado, reservadamente. Tal direito do profissional da área
do Direito está previsto no Estatuto dos Advogados em seu artigo 7o., inciso III da
Lei 8.906/94.

O impedimento ou o desrespeito a norma, evitando que o


advogado entreviste-se normalmente com o preso constitui verdadeiro
constrangimento ilegal, passível de impetração de ordem de Habeas Corpus contra
a Autoridade Coatora.

O Inquérito Policial é instaurado :

a) Por Auto de Prisão em Flagrante Delito;

b) Por Portaria da Autoridade Policial;


c) Através de requerimento por escrito do ofendido;

No primeiro caso, o processo penal tem início quando o


acusado é preso cometendo a infração penal, logo após cometê-la ou quando após
o delito ele é surpreendido com instrumentos, objetos que façam presumir a
autoria do delito.

Inicia-se com a peça processual denominada “Auto de Prisão


em Flagrante Delito”.

No segundo caso, o Inquérito Policial tem início de ofício,


mediante a simples comunicação a Autoridade Policial da ocorrência de um delito.
É a denominada “notitia criminis”.

O Inquérito Policial também poderá ter início através de


iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, levando a “notitia criminis”
ao Delegado de Polícia ou representando a este da ocorrência do fato por escrito.

Nos casos de crimes de ação penal privada, o Inquérito Policial


só será instaurado mediante requerimento por escrito do ofendido ou de seu
representante legal.

O Inquérito Policial também pode ser instaurado :

a) Por requisição do Ministério Público ou da Autoridade


Judiciária (Juiz);

b) Por requisição do Ministro da Justiça.


Quando o delito depender de representação, o ofendido
deverá representar a Autoridade, manifestando o seu desejo de ver o seu agressor
processado.

A representação é o ato pelo qual o ofendido ou seu


representante legal, manifesta a Autoridade Policial o seu desejo de ver
processado o seu ofensor. O “dominus littis” da Ação Penal, nos casos de delitos
que dependem de representação é sempre o Promotor de Justiça.

O Inquérito Policial por ser uma peça meramente


investigatória e inquisitiva tem sempre valor probatório relativo. O Inquérito
Policial tem valor probatório como qualquer outra prova, não valendo mais e nem
menos do que outras- (sistema de valoração das provas e princípio do livre arbítrio
e convencimento do Juiz).

Tratando-se de acusado preso, a polícia tem o prazo de 10


(dez) dias para concluir, relatar e remeter o Inquérito Policial a juízo.

Estando solto o acusado, o prazo para concluir, relatar e


remeter o Inquérito Policial a juízo é de 30 (trinta dias).

O que ocorre na prática é que estando o réu solto muito


raramente o Inquérito Policial se finda nos trinta dias, sendo comum o pedido de
dilação de prazo para conclusão do procedimento administrativo.

Depois de realizadas todas as diligências necessárias a


apuração do delito, a Autoridade Policial encerra o Inquérito Policial com o seu
Relatório, onde esta narra minuciosamente ao Juiz os fatos objetos do
procedimento inquisitório.

Relatado o Inquérito Policial, o Ministério Público pode :


a) Oferecer Denúncia contra o acusado;

b) Opinar sobre o arquivamento do Inquérito Policial;

c) Requerer a devolução dos autos a Delegacia de Polícia para


a realização de novas diligências que entender necessárias para o esclarecimento
da verdade-( acareações, perícias, oitiva de novas testemunhas, requerer o formal
indiciamento do acusado etc.)

No primeiro caso, com a Denúncia inicia-se o processo criminal


em Juízo, e sua tramitação regular segundo o procedimento adotado para cada
crime.

No segundo caso, arquivado os autos o acusado não terá


contra si nenhuma ação penal, encerrado está o procedimento policial.

No terceiro caso, nada impede que depois de remetido e


relatado o Inquérito Policial, o Ministério Público peça ao Juiz a devolução dos
autos a Autoridade Policial a fim de que esta realize as diligências requeridas pelo
órgão acusatório.

A Autoridade Policial jamais poderá arquivar qualquer


Inquérito Policial, haja vista que se trata de atribuição do Juiz de Direito, após
manifestação do órgão do Ministério Público.

Sendo arquivado os autos de Inquérito Policial, pelo Juiz, a


pedido do Ministério Público não pode ser iniciada a Ação Penal sem novas provas.
Veja a este respeito a Súmula 524 do STF.
A classificação da infração penal pela Autoridade Policial é
sempre provisória, podendo ser alterada a qualquer tempo pela Denúncia ou pela
sentença.

O Réu Menor é aquela pessoa que é menor de 21 (vinte e um)


anos e maior de 18 (dezoito anos) quando da prática do delito.

Curador é aquela pessoa que acompanha o menor acusado


evitando constrangimento ou abusos contra ele na fase policial ou em Juízo. Age o
curador como defensor dos direitos do acusado na fase policial e na fase judicial.

Na fase policial a falta de curador consitue mera


irregularidade, mas no caso de prisão em flagrante delito a presença do curador é
essencial, sob pena de relaxamento da prisão em flagrante.

Já na fase judicial, a ausência do curador para defender os


interesses do acusado implica em nulidade, pois se trata de formalismo
indispensável e necessário.

Como dito alhures, o curador pode ser qualquer pessoa, mas


entendemos que deve ser preferentemente um advogado, visto que o profissional é
o responsável pela defesa do acusado em Juízo quando da ação penal.

A Identificação Datiloscópica nada mais é que a identificação


criminal do autor da infração penal através de uma planilha, onde é colhido pela
Autoridade Policial, os dados pessoais e sua identificação pelo meio de colheita de
impressões digitais.

Com a promulgação da Constituição Federal é disposição


constitucional que o civilmente identificado não será submetido a identificação
criminal. Utiliza-se para tal fim, a Carteira de Identidade ou meio equivalente.
Existindo dúvida a respeito da identidade do acusado (v.g.
quando há suspeita de uso de documento falso), poderá ser o acusado identificado
criminalmente.

Tal procedimento ocorre nos casos em que existem fortes


presunções de autoria e materialidade do delito, quando existe praticamente
certeza e convicção de que o acusado seja o autor do crime a ele imputado.

Havendo dúvida, é melhor que o acusado seja ouvido em


Declarações, sendo indiciado “a posteriori” quando existir nos autos elementos de
convicção que apontem o acusado como autor do delito.

No meio policial indiciamento é a mesma coisa de “fichado”.

Em termos jurídicos, pode-se conceituar indiciamento como


simplesmente “ a formalização da acusação, por existir contra o acusado
elementos de convicção que levem a conclusão da autoria do delito”.

Existindo algum eventual vício no Inquérito Policial, este vício


não anula a ação penal, uma vez que se trata de peça meramente informativa,
inquisitória e administrativa. Nunca se deve falar em nulidade da ação penal por
vício contido no Inquérito Policial.

O mero indiciamento em inquérito policial não constitui


constrangimento ilegal a ser sanado por intermédio de habeas corpus.

O princípio do contraditório é inaplicável ao inquérito policial,


posto que inexiste instrução criminal e sim investigação criminal de natureza
inquisitiva.
Nada impede que a autoridade policial de uma circunscrição
investigue delito praticado em outra, que repercuta em sua competência.

A decisão condenatória baseada exclusivamente no inquérito


policial, contraria o princípio constitucional do contraditório. Em outra
oportunidade o STF decidiu que o inquérito policial não pode servir como suporte
para uma decisão condenatória, porque as provas testemunhais só adquirem valor
probatório quando repetidas em Juízo.

O inquérito policial não é imprescindível ao oferecimento da


denúncia ou da queixa, desde que a peça acusatória tenha fundamento em dados
de informação suficientes à caracterização da materialidade e da autoria do delito.

O desconhecimento da autoria do crime não impede a


instauração do Inquérito Policial, haja vista que o inquérito tem como finalidade
apurar a materialidade e a autoria do delito.

A autoridade policial ao tomar conhecimento da prática de um


crime deve sempre instaurar o Inquérito, não se trata de faculdade, mas sim de
dever. Nos crimes de ação penal pública condicionada a representação, o delegado
não pode instaurar o inquérito sem o oferecimento da representação- condição de
procedibilidade.

A não nomeação de curador a indiciado menor durante o


Inquérito Policial não tem nenhuma conseqüência.

Quando a pessoa é identificada civilmente é disposição


constitucional de que ela não será identificada criminalmente, salvo em casos
excepcionais quando o documento contém rasuras, indícios de falsificação etc.
Quando não houver qualquer suspeita a cerca da identidade do sujeito, não deve
ser identificado criminalmente, haja vista a disposição constitucional prevista no
artigo 5o., inciso LVII.
O indiciado que se recusa a identificação datiloscópica pode
responder por crime de resistência ou de desobediência.

O inquérito policial é sempre presidido pelo Delegado de


Polícia.

Não constitui nenhum constrangimento ilegal a intimação para


depor em Inquérito Policial, podendo a Autoridade Policial determinar, inclusive a
condução coercitiva da testemunha ou do acusado. Já se entendeu cabível,
inclusive a intimação verbal.

Cada peça do inquérito policial deve ser rubricada pela


autoridade que presidiu o ato.

A remessa do Inquérito Policial a Juízo no 11o. dia constitui


constrangimento ilegal, pois o inquérito deve ser distribuído dentro do decêndio
legal.

A falta de relatório da Autoridade Policial não anula a ação


penal.

A regra geral é que o inquérito policial é necessário, mas não


é imprescindível ao início da ação penal por denúncia ou queixa, uma vez que a
peça acusatória pode vir sustentada por peças de informação que caracterizam a
materialidade e a autoria do delito.

Réu menor é aquela pessoa maior de 18 anos e menor de 21


anos. Não há exigência legal quanto a qualidade profissional do curador nomeado
para assistir o acusado na fase policial, podendo a designação recair sobre
acadêmico estagiário ou qualquer pessoa idônea. Não pode porém, ser curador,
analfabeto e sem condições de exercer o munus.
Constitui constrangimento ilegal o desarquivamento de
inquérito policial e conseqüente oferecimento de denúncia e seu recebimento sem
novas provas. Ao revés, o desarquivamento de inquérito policial diante de outros
elementos de prova, não constitui nenhum constrangimento ilegal.

Novas provas são somente aqueles elementos probatórios que


produzem alguma alteração probatória sobre a materialidade e a autoria do delito,
devendo ser inovadora.

É irrecorrível o despacho que determina o arquivamento ou


desarquivamento do Inquérito Policial, não cabendo recurso de qualquer espécie.

O arquivamento do inquérito policial não pode ser feito de


oficio pelo juiz, sem ouvir previamente o órgão do Ministério Público.

O inquérito policial é instaurado de acordo com a localidade


que se consumou a infração, também não se impede que o inquérito policial seja
distribuído pela competência em razão da matéria (tóxicos, roubo a banco,
delegacia da mulher).

O professor Júlio Fabrini Mirabete entende que a


incomunicabilidade foi revogada pela nova Constituição, asseverando que o preso
quando no país for decretado o Estado de Sítio é vedada a sua incomunicabilidade,
entendendo assim o legislador na situação especial, porque então não aplicá-la na
situação geral. Já o professor Damásio E. De Jesus entende de forma diversa.

O Delegado de Polícia tem livre arbítrio no Inquérito, pode


ele, por exemplo, ouvir 3 testemunhas, como ouvir 50 testemunhas, a sua função é
angariar provas e elementos sobre a materialidade e a autoria do delito.

O juiz ao deferir a dilação de prazo deve sempre fixar novo


prazo para a conclusão do Inquérito Policial, prazo este nunca superior a 30 (trinta
dias).
Por fim, deve ser acrescentado que com o advento da Lei
9.009/95, não se instaura mais inquérito policial nos crimes de menor potencial
ofensivo2 e nas contravenções penais, mas sim um TERMO CIRCUNSTANCIADO DE
OCORRÊNCIA.

Referida matéria será tratada com maior profundidade no


capítulo inerente aos Juizados Especiais Criminais.

CAPÍTULO III- DA AÇÃO PENAL

Na maioria dos delitos previstos em nosso Código Penal, o


direito de punir (jus puniendi) pertence exclusivamente ao órgão estatal, e o autor
da ação penal, o dono da ação (dominus littis) é o Ministério Público.

Entretanto, existem delitos em que o interesse do ofendido à


repressão do delito se sobrepõe ao interesse do Estado.

Isto ocorre no caso dos crimes averiguados por intermédio da


Ação Penal Privada, segundo o qual o Estado transfere ao particular o direito de
perseguição e de acusar (jus acusationis).

A Ação Penal Privada tem início por intermédio de uma peça


processual denominada de QUEIXA CRIME, que a grosso modo é a mesma coisa que
a Denúncia, nos crimes de Ação Penal Pública Incondicionada ou Condicionada à
Representação.

A Queixa Crime deve ter os mesmos requisitos da Denúncia,


que são os seguintes:

a) a exposição do fato criminoso, com todas as suas


circunstâncias;
2
Crimes de menor potencial ofensivo são todos os delitos cuja a pena máxima seja igual ou inferior a dois
anos que são de competência do Juizado Especial Criminal que será tratado em capítulo à parte.
b) a qualificação do acusado ou esclarecimentos que possam
identificá-lo;

c) a classificação do crime;

d) quando necessário, o rol de testemunhas.

Também existe uma diferença primordial entre a Queixa


Crime e a Denúncia, quanto ao seu subscritor: na Denúncia o subscritor é o membro
do Ministério Público; enquanto que na Queixa Crime é o procurador do ofendido
(advogado) com poderes expressamente outorgados.

É requisito essencial que a procuração “ad judicia” outorgada


ao advogado do ofendido para a propositura da Queixa Crime contenha em seu
corpo, os poderes especiais que autorizam aquele profissional do Direito a propor a
Queixa Crime e que na própria procuração este narre pormenorizadamente os fatos
tidos como delituosos- “narração sucinta dos fatos criminosos”.

Também são requisitos da Queixa Crime, “ex vi” do artigo 43


do Código de Processo Penal:

a) que o fato narrado constitua crime, ao menos em tese;

b) que não esteja presente nenhuma causa extintiva de


punibilidade;

c) que as partes sejam legítimas e que não falte condição


exigida por lei, para o exercício da Ação Penal.
Nenhum crime apurado através de Ação Penal Privada pode
ser feito através do Ministério Público, pois falta a este legitimidade para agir,
atuando o Ministério Público na Ação Penal Privada, como apenas e tão somente
“custos legis”- fiscal da lei.

Para a instauração do inquérito policial nos crimes de ação


penal privada, a “conditio sine qua non” é o requerimento por escrito do ofendido
à Autoridade Policial para que esta comece o procedimento criminal contra o
ofensor da norma penal.

Antes do advento do Estatuto da Mulher Casada, a mulher não


podia sem o consentimento (outorga uxória) do marido promover a Ação Penal
Privada, segundo o que dispunha o artigo 35 do Código de Processo Penal.

Hoje, com o advento na nova Constituição Federal, a mulher


pode livremente promover e oferecer a Queixa Crime, mesmo sem a autorização de
seu marido.

Como em todos os demais crimes, o Inquérito Policial é


desnecessário para o oferecimento da Queixa Crime, desde que o ofendido possua
em mãos peças informativas com o qual se conclua a existência de indícios
suficientes de autoria e de materialidade.

Caso contrário, o Inquérito Policial torna-se necessário e pode


até ocorrer que a Queixa Crime seja rejeitada pelo Juiz por falta de justa causa.

A Queixa Crime somente pode ser oferecida pelo ofendido ou


pelo seu representante legal.

Para sabermos se um crime se processa pelo intermédio de


Ação Penal Privada, basta atentarmos para a Parte Especial do Código Penal, onde
constará a expressão “somente se procede mediante queixa”.
Contendo esta expressão o crime será averiguado mediante
Ação Penal Privada.

A Ação Penal Privada Personalíssima é aquela ação penal


privada que só pode ser promovida pelo ofendido. Somente o ofendido pode
exercer o “jus puniendi”. São exemplos de Ação Penal Personalíssima: o adultério
(artigo 240 do Código Penal) e induzimento a erro essencial e ocultação de
casamento (artigo 236 do Código Penal). Neste passo deve ser registrado que
atualmente a única possibilidade de ação penal privada personalíssima é o caso de
ocultação de vício de casamento (CP, art. 236), tendo em vista que o delito de
adultério foi revogado pela Lei 11.106/05, típico caso de abolitio criminis.

Temos os seguintes princípios da ação penal privada:

a) Princípio da Oportunidade: o exercício da Queixa Crime é


facultado ao titular (ofendido ou seu representante legal);

b) Princípio da Disponibilidade: segundo o qual permite a


Renúncia ao Direito de Queixa e o Perdão do Ofendido;

c) Princípio da Indivisibilidade: por este princípio obriga o


querelante a oferecer a Queixa Crime contra todos aqueles que cometeram a
infração penal.

Podem oferecer a queixa crime: a) o ofendido ou seu


representante legal: se o ofendido for menor de dezoito anos, o direito de queixa é
de seu representante legal. Se o ofendido for maior de dezoito e menor de vinte e
um anos, o direito de queixa tanto pode ser oferecido pelo ofendido, tanto pelo
seu representante legal. Quando o ofendido tiver completado dezoito anos pode ser
exercido o direito de queixa normalmente, sem necessidade de curador ou de
representante legal.
Quanto a mulher casada: pode ser exercido normalmente o
direito de queixa, haja vista estar revogado o artigo 35 do Código de Processo
Penal, pelo artigo 225, § 5º da Constituição Federal.

O ofendido tem o prazo de 06(seis) meses, contados da data


em que este tenha conhecimento de quem foi o autor do delito, para promover a
ação privada. Não oferecida neste prazo, a Queixa Crime, não mais o ofendido
poderá ofertá-la, pois estará extinta a puniblidade do acusado pela decadência.

Caso haja a morte do ofendido, o direito de perseguir na ação


penal privada se transfere ao cônjuge, ascendente ou descendente, nesta ordem.

Deve ser observado que se tratando de ação penal


personalíssima, se morto o ofendido opera-se a extinção da punibilidade do
ofensor.

O Querelante: é quem promove a Queixa Crime. É o ofendido


ou seu representante legal (vítima).

b) Querelado: é contra quem é proposta a Queixa Crime. É


aquele que violou o tipo penal (réu ou acusado).

A queixa-crime e conseqüentemente a ação penal privada tem


algumas particularidades que devem ser observadas, sob pena de extinção da
punibilidade, senão vejamos:

I- Decadência: é a perda do direito de ação do ofendido em


face do decurso do tempo. Atinge o direito de ação e incide sobre o “jus puniendi”.
No caso de ação penal privada ataca especificamente o direito de agir do ofendido.
O prazo Decadencial: é de 06(seis) meses contados a partir da data em que o
ofendido veio a saber quem foi o autor da ação penal. Trata-se de um prazo fatal
que não se prorroga e nem se interrompe. Quando há concurso de crimes e o
ofendido toma conhecimento dos fatos em datas diferentes, o prazo decadencial
começa a fluir do dia em que o ofendido tomou conhecimento da primeiro crime
(autoria).

II- Renúncia: nos crimes apurados mediante ação penal


privada somente o ofendido ou seu representante legal pode exercer o direito de
queixa. Diante de tal fato, nada impede que as partes desistam de iniciar o
processo criminal contra o ofensor da norma penal.

A renúncia do direito de queixa é a abdicação do ofendido ou


de seu representante legal no direito de promover a ação penal privada,
extinguindo a punibilidade do agente.

Será possível antes do início da ação penal privada, pois a


renúncia obsta o oferecimento da queixa crime, isto se exercida dentro dos seis
meses previstos para o exercício da ação penal privada.

A Renúncia Expressa: é aquela que consta uma declaração


assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou pelo procurador com
poderes especiais em que o ofendido não mais deseja processar o seu ofensor.

A Renúncia Tácita: consiste na prática de atos pelo ofendido


incompatíveis com a vontade deste ver ser processado o seu agressor. Ex: “A”
injuria “B” e “A” posteriormente chama “B” para ser padrinho de batismo de seu
filho.

III- Perdão do Ofendido: é o ato pelo qual, iniciada a ação


penal privada, o ofendido ou seu representante legal desiste do seu
prosseguimento. É causa de extinção da punibilidade, e só cabível na ação penal
privada.
Pode ser oferecido na ação penal privada depois de iniciada a
ação e até antes de transitar em julgado a sentença e extinguirá a punibilidade do
agente se aceito pelo mesmo, não afetando eventuais direitos na seara cível.

Temos o Perdão Processual: é aquele concedido nos autos da


ação penal privada.

O Perdão Extraprocessual: é aquele concedido fora dos autos


da ação penal privada.

O Perdão Expresso: é o perdão contido em declaração


assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou por seu procurador com
poderes especiais.

O Perdão Tácito: é o que resulta da prática de ato


incompatível com a vontade de perseguir na ação penal privada. Ex: readmissão do
querelado pelo empregador querelante, apoio político ao Prefeito querelado.

A Titularidade do perdão: só o querelante pode oferecer o


perdão e também é bom frisar que o instituto jurídico do perdão não se presume.

A Aceitação do perdão : só pelo querelado, e constitui-se em


um ato bilateral, haja vista que depende da vontade do querelado. Se o querelado
é menor de 21 anos e menor de 18 anos cabe a aceitação do perdão ao querelado
ou a seu representante legal, mas a aceitação de um e recusa de outro não produz
efeito jurídico algum.

Quando a proposta de perdão for feita de forma


extraprocessual, como por exemplo- uma Declaração e esta for juntada no
processo, o querelado deve ser intimado para que no prazo de 03(três) dias sobre a
aceitação ou não, e caso fique silente, o seu silêncio será interpretado como
aceitação tácita.

Aceito o perdão pelo querelado, extingue-se a punibilidade do


agente, não se podendo mais provar nada sobre a inocência daquela pessoa que
aceitou o perdão.

IV- Perempção da Ação.

Perempção é a perda do direito de demandar contra o


querelado pelo mesmo crime, em face de inércia do querelante. Só é possível nos
casos de ação penal privada. Estas hipóteses estão previstas em lei, no artigo 60 do
Código de Processo Penal e ocorrem :

a) quando inciada esta, o querelante deixa de promover o


andamento do processo durante 30(trinta) dias seguidos;

b) quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo a sua


incapacidade, não comparecer a Juízo, para prosseguir o processo dentro de
60(sessenta dias) o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão;

c) quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo


justificado a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de
formular o pedido de condenação nas alegações finais;

d) quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se


extinguir sem deixar sucessores.

Temos então como exemplos de perempção:

- a retenção de autos em poder do procurador do querelante


por prazo injustificado;
- a falta de depósito de custas para atos do processo;

- o não fornecimento de numerário ao Oficial de Justiça para


o cumprimento de diligência para intimar o querelado;

- não apresentação das Alegações Finais, e as apresentando,


deixar o querelante, de pedir a condenação do querelado.

V- A Retratação.

Retratar-se é retirar o que disse, confessar que errou, dando-


se a reparação ao ofendido e demonstrando arrependimento efetivo do agente. É o
ato pelo qual o agente do crime reconhece o erro que praticou.

A retratação somente tem cabimento :

a) nos crimes de calúnia e difamação e deve ser feita pelo


querelado e independe de aceitação pelo ofendido;

b) nos crimes contra a honra praticados através da imprensa;

c) cabe nos crimes de falso testemunho e falsa perícia e deve


ser prestada antes da sentença do processo em que o agente prestou depoimento
ou fez a falsa perícia.

Justifica-se tal instituto pelo estabelecimento da verdade em


todos os atos do processo.

VI - Do Casamento da Vítima.- Revogado pela Lei 11.106/05:

a) casamento da vítima com o agente que praticou o crime:


visa com a constituição da família, livrar a vítima da vergonha. É necessário que o
casamento se realize e poderá ser declarada extinta a punibilidade, mediante
certidão que comprove o matrimônio.

Instituto jurídico aplicável somente nos casos e crimes


previstos nos artigos 213 a 220 do Código Penal

b) casamento da vítima com terceira pessoa: extingue a


punibilidade do acusado, na hipótese da ofendida não requerer o prosseguimento
do Inquérito Policial ou da Ação Penal, no prazo de 60(sessenta dias) a contar da
celebração do casamento.

Aplica-se somente nos crimes cometidos sem violência ou


grave ameaça a pessoa, previstos nos artigos 215, 216, 217, 219 e 220 do Código
Penal; e nos casos dos crimes previstos nos artigos 213, 214, 216, 219, quando
resulta apenas e tão somente de “violência presumida ou ficta”.

É necessário ressaltar que para a ofendida desejar que o


processo continue e o seu agressor seja processado, necessário se faz que
manifeste sua intenção de prossseguir na ação penal, na forma escrita.

Este tema apenas foi tratado pelo aspecto histórico, uma vez
que pelo advento da LEI 11.106/05 tal matéria foi revogada e não se encontra mais
em vigor.

CAPÍTULO IV- DA AÇÃO CIVIL

8.1. Considerações Iniciais


Um dos aspectos mais importantes do processo criminal é que o legislador
brasileiro se preocupou, quando da elaboração do Código de Processo Penal, em
tutelar o direito do cidadão brasileiro, quando vítima de uma conduta penal ilícita.

A ação civil, no ensinamento do professor Fernando da Costa Tourinho Filho


(1998, p.03), é “a ação civil visando a satisfação do dano produzido pela infração
penal”.

André Vitu (1957, p. 54) ensina que “em matière pénale, l’infraction donne
naissence à deux actions: l’action pour l`application peines e l’action em
réparation du dommage cause”3.

Antes de mais nada, é de suma importância analisarmos que a jurisdição


penal e a jurisdição civil são totalmente independentes entre si, todavia, existem
influências nas decisões proferidas em suas instâncias que chegam até a prejudicar
o processo civil.

Adota-se, no Brasil, o sistema da interdependência ou de separação que nas


palavras do professor Paulo Lúcio Nogueira (2000, p.120) “traduz-se na autonomia
das ações, que são propostas separadamente e têm andamento independente”.

Maria Helena Diniz (1997, p.959-960) explica sobre a independência das


jurisdições e suas influências, nos seguintes moldes:

Vigora em nosso direito o princípio da independência da


responsabilidade civil em relação à penal, porém não se
poderá questionar mais sobre a existência do fato (isto é, do
crime e suas conseqüências) ou quem seja o seu autor,
quando estas questões se encontrarem decididas no crime.
Logo, enquanto o juízo criminal não tiver formado convicção
sobre tais questões, os processos correrão
independentemente, e as duas responsabilidades (civil e
penal), poderão ser, de fato investigadas. Em nosso
ordenamento a instância criminal julga o fato em seu aspecto
3
“Em matéria penal, a infração faz nascer duas ações: uma ação para a aplicação de pena e outra ação para a
reparação do dano causado.”
social, reprimindo o delinqüente por meio de penas. Logo, a
pretensão pecuniária só poderá ser pedida no juízo cível, que
julga quanto à vida que pleiteia a reparação do prejuízo.
Portanto, será impossível a reparação do dano no processo
criminal.

Existe ainda o sistema da cumulação. Tal sistema traduz-se na necessidade


da vítima habilitar-se no processo criminal para fornecer ao juiz criminal e este,
em uma só sentença, a existência do crime e da indenização.

Paulo Lúcio Nogueira (2000) critica a adoção de tal sistema pelos percalços
do processo crime e pela sua costumeira demora.

A Comissão de Reforma do Código de Processo Penal parece ter adotado a


idéia do sistema cumulativo, uma vez que uma das onze propostas sobre a reforma
versa justamente sobre o direito indenizatório da vítima.

Ada Pellegrini Grinover (1998, p.50), ao comentar sobre o tema ora


analisado, ensina que o anteprojeto do novo Código de Processo Penal “prevê,
ainda, que, na sentença condenatória, o juiz penal fixe o mínimo da indenização
devida a vítima, a ser executada imediatamente no juízo cível, após o trânsito em
julgado da sentença, sem prejuízo da liquidação pela diferença a ser apurada”.

8.2. A Influência da sentença penal condenatória na esfera cível.

Quanto à responsabilidade civil e criminal, o Código Civil prevê a


independência das jurisdições, não podendo mais se questionar a existência do
fato, ou sobre quem seja seu autor, quando estas questões já foram decididas na
4
esfera penal.

4
Ver Código Civil, artigo 935.
De uma forma indireta, a nova legislação veda a discussão de fatos já
decididos em outra instância, reservando apenas e tão somente a discussão do
quantum debeatur.

Muito embora em nosso ordenamento jurídico haja a separação e a


independência das jurisdições civis e criminais, a jurisdição penal tem grande
influência nas decisões e julgamentos da esfera civil, no tocante as ações de
reparação de dano, quando paralelamente tramita uma ação penal.

Em primeiro lugar, nunca é demais lembrarmos que a sentença penal


condenatória transitada em julgado, transforma-se, na esfera cível, em título
executivo. Neste sentido é o que dispõe o artigo 63 do Código de Processo Penal.

Conforme Alberto Silva Franco (1995, p.1076):

A condenação criminal torna certa a obrigação de reparar o


dano causado pelo crime. A sentença condenatória
irrecorrível vale como “título executivo judicial” (art. 584, II,
do CPC), apto a ensejar liquidação para apuração do quantum
devido. O valor da indenização ex delito está regulado no
Código Civil (arts. 1.537 e ss). A reforma penal de 1.984 não
alterou o sistema do Código Penal de 1.940, limitando-se a
pequena modificação redacional. Observe-se que “a extinção
da punibilidade, após o trânsito em julgado da sentença
condenatória não exclui o seu efeito secundário de obrigar o
sujeito à reparação do dano.

A sentença penal irrecorrível faz coisa julgada no cível para efeito de


reparação do dano, não se podendo mais discutir a respeito do “an debeatur”, mas
somente sobre o quantum debeatur.

Significa que o causador do dano não poderá mais discutir no juízo cível se
praticou o fato ou não, se houve relação de causalidade entre a conduta e o
resultado ou não, se agiu ilicitamente ou não, se agiu culpavelmente ou não. Só
pode discutir a respeito da importância da reparação.

Tem-se entendido que “o juízo cível não poderá reabrir a questão sobre a
responsabilidade civil pelo fato reconhecido como crime, por sentença com trânsito
em julgado”.5

Conforme Celso Delmanto (1991, p.141), “a condenação penal, a partir do


momento que se torna irrecorrível, faz coisa julgada no cível, para fins de
reparação do dano.” Tem a natureza de título executório, permitindo ao ofendido
reclamar a indenização civil, sem que o condenado pelo delito possa discutir a
existência do ou a sua responsabilidade por ele.

Conforme afirma Damásio Evangelista de Jesus (1994, p. 240):

Nos termos do artigo 159 do Código Civil, aquele que, por


‘ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito ou causar prejuízo, fica obrigado a reparar o
dano’. E o art. 91, I, do Código Penal determina que a
sentença penal condenatória tem o efeito de ‘tornar certa a
obrigação de reparar o dano resultante do crime’. Por sua
vez o Código de Processo Penal, em seu artigo 63, preceitua
que, ‘transitada em julgado a sentença penal condenatória,
poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o
efeito de reparar o dano, o ofendido ou o seu representante
legal ou seus herdeiros’. Vide art. 5 o., XLV, da Constituição
Federal.

Nossos Tribunais6 tem decidido de maneira unânime que a sentença penal


condenatória faz, pois, coisa julgada no cível, não podendo mais ser discutida a
culpa do condenado; apura-se apenas o quantum devido na execução.

5
Neste sentido ver STF, RTJ 91/253.
6
Revista dos Tribunais 585:215, 584:236, 580:152, 547: 252
Ensina Heráclito Mossin Filho (1998, p.291), a respeito do tema, que:

[...] conforme regra processual penal expressa no artigo 63


do Código de Processo Penal, transitada em julgado a
sentença penal condenatória, poderá promover-lhe a
execução, no juízo cível, para efeito de reparação do dano, o
ofendido ou seu representante legal ou seus herdeiros.
Observa-se, pelo preceito transcrito, que a sentença penal
nas condições legislativamente estabelecidas tem natureza de
título executivo civil, porquanto opera ela seus efeitos
processuais no juízo extrapenal, ali fazendo coisa julgada.

Necessariamente, devemos observar que a sentença penal condenatória


somente adquire a qualidade de título executivo na esfera cível, quando transitar
em julgado, ou seja, quando dela não mais restar a possibilidade de recurso.

Conforme ensina José Frederico Marques (1970, p.91), a coisa julgada pode
ser conceituada como:

[...] a qualidade dos efeitos da prestação jurisdicional


entregue com o julgamento da res in iudicium deducta, em
virtude da qual esses efeitos se tornam imutáveis entre as
partes. A sentença definitiva não mais sujeita a reexames
recursais transforma a res iudicanda em res iudicata, e a
vontade concreta da lei, afirmada no julgado, dá ao
imperativo jurídico, ali contido, a força e a autoridade de lei
especial entre as partes, no tocante ao litígio
jurisdicionalmente decidido e solucionado.

Sobre o tema, necessário se faz lembrar com Silvio Ranieri (1965, p.364) que
a coisa julgada “é o conteúdo da decisão que exaure de modo imperativo,
definitivo e irrevogável o juízo, e a autoridade da coisa julgada é a eficácia que
vem reconhecida pela lei à decisão jurisdicional definitiva e irrevogável”

Portanto, a sentença penal de conteúdo condenatório servirá como título


executivo para a sua competente execução na esfera cível, apenas quando
estiveram preclusas ou encerradas as vias recursais.

Neste sentido, conforme nossos julgados 7, a sentença penal condenatória faz


coisa julgada no Cível no tocante à obrigação do réu de indenizar os danos
suportados pela vítima. Resulta, implicitamente, condenação civil, ficando,
portanto, prejudicado o julgamento da lide, uma vez que a sentença penal já
dirimiu definitivamente, cumprindo ao lesado promover a execução forçada,
precedida de liquidação dos danos.

A condenação penal, a partir do momento em que se torna irrecorrível, faz


coisa julgada no cível para fins de reparação do dano.

Neste sentido, afirma Fernando da Costa Tourinho Filho (1998, p.23):

[...] uma vez proferida sentença condenatória, transitada em


julgado, a vítima poderá exigir a reparação no cível,
executando a decisão do Juiz penal. No cível, então, não se
discutirá mais se o réu tinha ou não razão, se ficou ou não
provada a relação de causalidade, pois o art. 1525 do CC
proclama que a responsabilidade civil é independente da
criminal. Entretanto não se poderá questionar mais sobre a
existência do fato, ou quem seja o seu autor, quando estas
questões se acharem decididas no crime.

Possui a natureza de título executivo, permitindo ao ofendido ou à vítima


reclamar a sua indenização na esfera cível, sem que seu ofensor possa discutir
novamente a existência do crime ou a sua responsabilidade.

7
Ver RT 629/140.
Adverte Heráclito Mossin Filho (1998, p.392) que “não será reaberta
nenhuma discussão no juízo cível sobre a responsabilidade pelo fato reconhecido
como crime em sentença coberta pelo manto da res iudicata discutindo apenas o
montante do ressarcimento”.

Nosso Código Civil, em seu artigo 935, é taxativo no sentido de que


comprovada no juízo criminal a existência do fato, bem como a sua autoria, tais
discussões não poderão ser mais discutidas na esfera cível.

Eugênio Pacelli de Oliveira (2002, p.137) considera a sentença penal


condenatória transitada em julgado na esfera cível como sendo “uma decisão de
eficácia preclusiva subordinante, na medida que impede a reabertura de qualquer
discussão em qualquer outro processo ou Juízo em homenagem à unidade da
jurisdição.”

Assim, não se admite novas indagações na esfera cível ao elemento subjetivo


da conduta, a cerca de dolo e da culpa imputados ao acusado, uma vez que tais
alegações já foram analisadas na sentença proferida em sede do processo criminal.

Cumpre mencionar que um dos efeitos da sentença penal condenatória nos


termos do artigo 91, inciso I , é tornar certa a reparação pelos danos sofridos.

É um dos efeitos da sentença penal condenatória que impõe ao condenado o


dever de reparar os danos causados à vítima.

Além de ser um dever, muitas vezes é requisito para que o condenado


obtenha o livramento condicional ou a sua reabilitação criminal.

A sentença penal condenatória irrecorrível é considerada como título


executivo judicial e poderá ser executado no local onde o fato se consumou ou no
foro do domicílio do autor.

8.3. O reconhecimento das excludentes na esfera penal


A sentença penal também causa sérias influências na ação civil, quando
reconhece que o acusado na esfera criminal praticou o fato amparado por
alguma excludente de antijuridicidade.

O artigo 65 do Código de Processo Penal é taxativo ao declarar que “faz


coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em
estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento do dever legal
ou no exercício regular do direito.”

Assim, reconhecida na esfera penal a ocorrência de uma causa excludente


de antijuridicidade, não tem ele nenhum dever ou obrigação legal de reparar o
dano causado, uma vez que, torna-se claro que seu ato foi praticado em total
consonância com o ordenamento jurídico.

Quando alguém pratica um fato que a lei não considera como sendo ilícito,
não pode ser punido por esta mesma lei.

Claramente se infere que, quando o legislador penal afirma que a sentença


penal que reconhece a presença de uma excludente faz esta decisão coisa julgada
na esfera cível, impedindo ao autor da esfera cível a discussão dessa matéria em
processo indenizatório.

Neste sentido é clara a disposição do artigo 935 do Código Civil que prevê
que “[...] a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo,
questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no crime.”

Com referência ao instituto da legítima defesa, objeto dessa monografia,


cumpre destacar que tem entendido a jurisprudência que é pacífica a tese de que a
pessoa que age em legítima defesa real não está obrigada a reparar o dano sofrido
pela vítima.8

[...] se o juiz penal reconhece ter o agente praticado o ato


em legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal ou no exercício regular de um
8
Revista dos Tribunais 565/97, 513/120, 488/89.
direito, tal decisão faz coisa julgada no cível, isto é, na sede
civil, e não se poderá mais negar a existência de qualquer
dessas excludentes de criminosidade. O juiz do cível deverá
aceitá-las sem que possa haver qualquer objeção. Se a lei
civil, entretanto, não atribuir nenhum efeito aos atos
praticados nessas circunstâncias, é claro que o prejudicado
nada receberá.(TOURINHO, 1998, P.45)

Câmara Leal (1942, p.250), comungando do mesmo entendimento de


Fernando da Costa Tourinho Filho, com maestria afirma que:

[...] quando a sentença é absolutória, por afirmar que


praticou o agente o fato em estado de necessidade, ou em
legítima defesa, ou em estrito cumprimento do dever legal,
ou no exercício regular de um direito, o Juiz do cível não
pode afastar-se dessas conclusões e é obrigado a isentar o réu
de responsabilidade pela reparação do dano, com fundamento
no artigo 160 do CC, julgando improcedente a ação.

Quanto ao estado de necessidade – outra causa excludente da


responsabilidade civil – deve se examinar cada caso concreto para se investigar
possível direito indenizatório a ser reparado.

Se o causador do dano é quem age em estado de necessidade, responde ante


a vítima inocente, que fica com ação regressiva contra o terceiro que causou o
perigo9, mesmo tendo em conta a sentença absolutória do crime.

Alerta Eugênio Pacelli de Oliveira (2002, p.139) que:

[...] de outro lado, impõe-se registrar que, embora seja


vedada a reabertura da discussão acerca da matéria então

9
Revista dos Tribunais 509/69
decidida (excludentes reais) a responsabilidade civil não
estará afastada quando houver expressa previsão legal neste
sentido, ou seja prevendo a recomposição do dano mesmo nas
hipóteses de legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito.

Assim, por exemplo, prevêem os artigos 1519 e 1520 do


Código Civil que o agente causador do dano à coisa deverá
indenizar o seu proprietário, ainda que assim tenha agido- e,
assim, causado o dano – em legítima defesa ou no exercício
regular de um direito (art. 160, I , Código Civil) ou a fim de
remover perigo iminente, desde que não seja aquele ( o dono
da coisa) culpado pelo perigo ou responsável pela agressão, e
que tenha efetivamente sofrido o prejuízo.

Conforme o entendimento de Damásio Evangelista de Jesus 10, temos que a


sentença penal transitada em julgado, que reconhece a presença das excludentes,
faz desaparecer a pretensão indenizatória.

8.4.Decisões penais que não impedem a ação civil

10
“Em regra, quando a absolvição criminal se fundamenta na existência de causa excludente de antijuridicidade,
fica impedido o exercício da ação civil de reparação do dano. Com efeito, o art. 160, I e II, do CC, diz que não
constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa, estado de necessidade ou no exercício regular do
direito (que inclui o estrito cumprimento do dever legal). E, nos termos do art. 65 do CPP, ‘faz coisa julgada no
cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de um direito.’ Isto significa que, se o juiz criminal
absolver o réu com fundamento nas causas do art. 23 do CP, no juízo cível não poderá mais ser discutida a
matéria. Assim, se no juízo criminal o réu for absolvido com fundamento na legítima defesa, no juízo cível não
poderá mais ser discutido se o sujeito praticou o fato em legítima defesa ou não. A decisão criminal faz coisa
julgada no cível. E se o art. 160, I e II do CC, diz que não constituem atos ilícitos os fatos cometidos nos termos
do art. 23 do CP, em regra não cabe a actio civilis ex delicto. Por que ‘em regra’? Porque se a lei civil,
reconhecendo que o fato é lícito, não mencionar qualquer efeito sobre o direito à reparação do dano, o
prejudicado não poderá intentar a ação civil de reparação dos prejuízos eventualmente sofridos. Ao contrário, se
a lei civil, embora reconhecendo a licitude do fato, mencionar o efeito da reparação do dano, o prejudicado
poderá intentar a actio civilis ex delicto. Assim, a absolvição criminal com base nas causas de exclusão da
antijuridicidade, em regra, exclui o exercício da ação civil de reparação do dano. Só não o exclui quando a lei
civil, embora reconhecendo a licitude do fato, determina a obrigação do ressarcimento do dano. Conforme
Damásio Evangelista Jesus. Código Penal Anotado. 5a. Edição ampliada e atualizada. São Paulo: Saraiva, 1995,
p. 82.
As decisões penais, em certos casos, não impedem que a vítima possa
exercer o seu direito de indenização na esfera cível.

Em certos casos, embora a jurisdição penal tenha decidido pela inexistência,


ou pelo arquivamento, ou pela extinção da punibilidade do agente, estas decisões
apenas têm influência na área do direito penal, não retirando do ofendido o direito
de ajuizar a ação de reparação de danos na esfera cível.

Dada a complexidade dos temas analisaremos cada um de per si.

a) Arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação

O processo criminal tem como finalidade garantir a paz social e reprimir


as práticas delituosas.

O processo penal adota em sua essência o sistema misto. O sistema misto


prevê a existência de uma fase investigatória preparatória e, ao depois, a fase
judicial.

A primeira fase do sistema misto, qual seja, a fase investigatória tem seu
início com a instauração de um inquérito policial ou em delitos de menor potencial
ofensivo do termo circunstanciado de ocorrência 11.

Durante a fase de investigação do crime, a Polícia Judiciária investiga a


existência de crime e de sua autoria, ouvindo o acusado, a vítima, as testemunhas,
realizando perícias, tudo no afã de propiciar ao Ministério Público, subsídios para
ajuizamento de uma ação penal.

Dependendo da situação do acusado, o inquérito policial deverá ser


terminado no prazo de 10 (dez) dias, se este estiver preso e 30 (trinta) dias se este
estiver em liberdade. Finaliza o inquérito com o relatório da Autoridade Policial.

11
O termo circunstanciado de ocorrência foi adotado pelo nosso ordenamento jurídico através da Lei 9.099/95
que prevê a dispensa do inquérito policial e a sua substituição pelo termo circunstanciado de ocorrência quando a
pena máxima do crime for igual ou inferior a um ano ou uma contravenção penal.
Ultimado o inquérito policial, este é enviado a Juízo e distribuído. O
Ministério Público tem três opções: a) poderá oferecer denúncia contra o acusado;
b) poderá requerer novas diligências para esclarecer os fatos e c) poderá requerer
o arquivamento do inquérito.

O arquivamento do inquérito policial não impede a autoridade policial de


realizar novas investigações sobre o fato e não transita em julgado, podendo ser
reaberto quando se descobrirem novas provas.

Já, quando se menciona sobre as peças de investigação, necessário se faz


afirmar que o inquérito policial não é indispensável para o oferecimento da
denúncia, uma vez que tendo o Ministério Público em mãos os elementos de autoria
e de materialidade do fato típico, não será necessário a instauração do
procedimento inquisitorial.

Neste sentido, a decisão de arquivamento do inquérito apenas e tão somente


impede o prosseguimento regular da ação penal, todavia, não impede a vítima de
ajuizar a ação penal, eis que não aprecia com força de coisa julgada a excludente.

Chama a atenção que nossa lei processual aduz que a sentença é que produz
os efeitos da coisa julgada, eis que é imutável e indiscutível. O despacho de
arquivamento de inquérito não produz este efeito, eis que, ao contrário da
sentença transitada em julgado, permite a reabertura de inquérito policial.

Outro dado importante é que o inquérito policial é administrativo,


inquisitivo e sigiloso. Diferentemente da ação penal que é judicial, bilateral,
contraditória e pública em seus atos e termos.

b) Decisão que julga extinta a punibilidade

O Código Penal, em seu artigo 107, enumera taxativamente quais são as


causas extintivas da punibilidade.

A primeira causa extintiva da punibilidade é a morte do agente. Ocorrendo a


morte do agente, morre com ele a ação penal, uma vez que a pena não pode passar
da pessoa do criminoso por força de dispositivo de ordem constitucional.
Conhecidíssimo é o brocardo jurídico do mors omnia solvit.

Todavia, na esfera cível, tal não ocorre, uma vez que a ação pode ser
proposta pelos ofendidos contra os sucessores, herdeiros ou o espólio daquele que
causou o dano.

Neste sentido, o ensinamento do professor Romeu de Almeida Salles Júnior


(1996, p.241), que diz que “a morte determina o desaparecimento da persecutio
criminis, a condenação e seus efeitos, subsistindo as conseqüências civis do delito.
A herança do condenado responde pelo dano causado pelo crime. Trata-se de causa
incomunicável”.

Importante é de se ressaltar que a herança responde pelo pagamento das


dívidas do falecido. Todavia, sendo efetivada a partilha dos bens, os herdeiros
somente responderão pela dívida, na proporção da parte que lhes coube na
herança.

Esta regra é adotada no Código Civil Francês (artigos 724, 802 e 870), no
Código Civil Português (artigos 2.068 e 2071) e no Código Civil Argentino (artigos
3.342, 3.343 e 3.371), bem como no Direito Uruguaio (artigos 1.069 e 1.092).

Os herdeiros não responderão com os seus bens pessoais, mas tão somente
com os bens recebidos e identificados no inventário, mantendo o status quo ante
mortem, ou seja, a responsabilidade pelas dívidas do de cujus limita-se unicamente
às forças da herança (bens recebidos).

Anote-se, ainda, que os herdeiros jamais responderão pelos encargos


superiores às forças da herança. Aos herdeiros cabe a prova do excesso,
demonstrando que as dívidas são superiores aos bens herdados.

A partilha define a responsabilidade individual de cada herdeiro, na


proporção de sua cota hereditária. As dívidas do falecido pesam sobre os bens que
este deixa e transmite. A responsabilidade do herdeiro é medida pela quantidade
hereditária que lhe foi entregue.

A partir do momento em que é efetivada a partilha, cada herdeiro passa a


responder, de forma individual, pela satisfação da dívida deixada pelo falecido,
dentro da cota que lhe coube na partilha, ou seja, dentro das forças as quais
recebeu de herança.

Esta regra também é adotada no Código Civil Francês (artigos 870 e 871), em
Portugal (Código Civil artigos 2.097 e 2.098), na Argentina (Código Civil artigo
3.940) e no Código Civil Uruguaio (artigo 1.168).

c) Anistia graça ou indulto

Anistia geralmente é concedida aos crimes políticos, por medida de política


criminal. Trata-se de causa extintiva da punibilidade que compete à União, por
meio de lei do Congresso Nacional.

A anistia, sendo concedida, apaga o crime e todas as suas conseqüências,


qual seja, os efeitos da sentença penal condenatória, todavia não abrange os
efeitos civis (dever de indenizar).

Já a graça é uma causa extintiva da punibilidade dirigida à pessoa


determinada e, hoje, passou a ser tratada como sendo indulto individual; atinge os
efeitos penais, não abrangendo os efeitos civis.

Cumpre salientar que a nossa Constituição Federal não faz menção à graça,
substituindo este termo por indulto.

d) Retroatividade da lei

A punibilidade do agente será extinta no campo penal, quando a lei nova não
mais considerar o fato como criminoso. Deixando a nova lei de considerar como
ilícito penal o ato praticado pelo agente, por revogação tácita ou expressa,
extingue-se o crime e todos os seus efeitos penais.

Observe-se, ainda, a titulo de esclarecimento, que somente retroagirá a lei


mais benéfica ou a lei nova que deixa de incriminar a conduta, não retroagindo a
lei nova mais prejudicial aos interesses do acusado.
e) Prescrição, decadência e perempção

A prescrição é causa extintiva da punibilidade que impede o Estado de


exercer o seu jus puniendi, em virtude do decurso de tempo. Decorre da inércia do
Estado em não punir o acusado nos prazos fixados para cada crime.

Sobre a prescrição é necessário afirmarmos que o Estado perde o seu direito


de punir, quando existe demora ocasionada processualmente (prescrição punitiva)
ou quando obtém o título executivo contra o acusado, mas não consegue executá-
lo pela fuga do acusado (prescrição executória).

Prescrição, nos ensinamentos de Damásio Evangelista de Jesus (1991, p.619),


é “perda da pretensão punitiva ou executória do Estado pelo decurso do tempo sem
o seu exercício”.

Já a decadência é um instituto processual encontrado nas ações públicas


condicionadas ou nas ações privadas. Na primeira, o direito de punir pertence ao
Estado que necessita para o seu exercício de autorização pela vítima
(representação). Se a representação não for exercida pela vítima no prazo de seis
meses, decairá do direito de ação.

Já as ações privadas, o interesse particular prepondera sobre o interesse


público, sendo o particular o detentor da legitimidade ativa. Age mediante queixa
crime que deverá ser apresentada dentro do prazo de seis meses, a contar da data
que o ofendido toma conhecimento de quem é o autor do crime.

Ocorre a decadência, quando o ofendido não representa nas ações penais


públicas condicionadas no prazo de seis meses, ou quando não ajuíza nas ações
privadas a queixa crime no prazo de seis meses.

Magalhães Noronha (1999, p.325) nos ensina que:

[...] a decadência é a extinção do direito de ação do ofendido


pelo decurso do tempo. Por via de conseqüência, ela atinge o
próprio direito de punir, uma vez que o Código Penal a inclui
entre as causas extintivas da punibilidade. A decadência
atinge o direito de agir, de forma direta, nos casos de ação
penal privada, em que ocorre a decadência do direito de
queixa; e de forma indireta nas ações penais públicas sujeitas
à previa representação do ofendido, porque, desaparecido o
direito de delatar, não pode agir o Promotor Público.

Quanto à perempção, este é um instituto próprio da ação penal privada.


Ocorre a perempção, quando o querelante deixa de dar regular andamento ao
processo e o deixa paralisado por mais de trinta dias, quando deixa de pedir em
alegações finais a condenação do acusado, quando falta, injustificadamente, a um
ato processual que deva estar presente. Pode ser considerada como um desleixo,
falta de zelo ou de cuidado do autor da ação penal privada.

Nas palavras de Alberto Silva Franco (1995, p.243) a perempção pode ser
conceituada como a “sanção jurídica cominada ao querelante, consistente na
perda, em face de sua inércia, do direito de demandar contra o querelado”

f) Renúncia

A renúncia é outra causa extintiva da punibilidade que privativa das ações


penais privadas. Trata-se do ato unilateral do querelante que acontece antes do
ajuizamento da queixa crime. Assim, não havendo ação penal, por conseguinte,
não há que falar em punição.

Renúncia é, segundo Celso Delmanto (1991, p.161), “desistência de exercer


o direito de queixa. Ela só pode ocorrer nas hipóteses de ação penal privada e
antes de ser iniciada”. Tourinho Filho (1998, p. 404) conceitua como sendo
“abdicação ao direito de queixa”.

g) Retratação
Conceitua-se, conforme Alberto Franco (1995, p.254), como sendo “o ato
jurídico pelo qual o agente do crime reconhece o erro praticado e o denuncia
coram judicem”. Para Romeu de Almeida Salles Júnior (1996, p.250), a retratação
se configura quando “o agente admite que agiu erradamente. Compreende o ato de
desdizer-se, retirando o que foi dito”

A retratação é um ato de arrependimento do autor do delito. Por ele o autor


confessa o seu erro, e assim o fazendo, fica isento de pena. Ocorre com muita
freqüência nas ações penais privadas de crimes contra a honra, e nos crimes de
falso testemunho e de falsa perícia, onde se o acusado confessar seu erro antes da
prolatação da sentença em primeiro grau, ficará isento de pena.

h)Casamento do agente com a vítima

O casamento da vítima com o agente e a constituição de família regular livra


a vítima da desonra e, com este ato, causa a reparação do mal causado.

É necessário que haja prova documental dessa ocorrência com a exibição da


certidão de casamento, não sendo suficiente a manutenção de concubinato.

Por incrível que possa parecer, o casamento da vítima com seu ofensor faz
desaparecer os efeitos penais do crime, todavia, não faz desaparecer o direito
indenizatório, no caso de crime sexual com casamento regular.

Paulo José da Costa Júnior (1986, p.499) comenta o instituto em estudo


assinalando os seus efeitos:

[...] o casamento do agente com a vítima, nos crimes contra


os costumes poderá ser celebrado antes ou depois da
condenação. No primeiro caso, extingue-se a pretensão
punitiva, sem que se pronuncie qualquer decisão. Na hipótese
restante, se a sentença tiver transitado em julgado, embora o
subsequens matrimonium atue sobre a pretensão executória,
a condenação subsiste, produzindo efeitos jurídicos.

i) Casamento da vítima com terceiro

Primeiramente diferencia-se esta causa extintiva da punibilidade da anterior


pelo fato de que extinguirá a punibilidade, no caso de crime sexual praticado sem
violência ou grave ameaça.

Em segundo lugar, somente se extinguirá a punibilidade, se a vítima não


requerer o prosseguimento da ação penal ou do inquérito no prazo de sessenta
dias, contados a partir da celebração do matrimônio.

Esta causa extintiva da punibilidade visa a assegurar e resguardar a nova


família, evitando-se o transtorno causado com o inquérito em curso ou com a ação
penal em tramitação.

j) Perdão judicial

Neste tipo de causa de extinção da punibilidade, o juiz reconhece a


prática do crime pelo agente, mas deixa de aplicar pena ao criminoso, desde que
existam fatos ou circunstâncias previstas em lei, tornando-se desnecessária ou
inconveniente a aplicação de qualquer sanção penal.

Pacificado está que o perdão judicial, apenas e tão somente incide na


aplicação da pena principal e da acessória, tornando os demais efeitos como
existentes, preservando inclusive o direito da vítima em postular os danos sofridos
na esfera cível, mediante ação própria.

Jorge Romeiro (1965, p.45) define o perdão como sendo:


[...] o instituto jurídico pelo qual o juiz reconhecendo a
existência de todos os elementos para condenar o acusado,
não o faz, declarando-o não passível de pena, atendendo a
que, agindo dessa forma, evita um mal injusto, por
desnecessário, e o acusado não tornará a delinqüir, é
aplicável a fatos cuja punição desagrada à consciência
popular, como no caso de punição de adultério, quando
cessada a vida em comum”

k) Atipicidade

Inicialmente é regra estampada em nosso direito que não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 12

Não se considera crime o fato que não estiver previsto em lei penal. Ainda
que o fato praticado pelo agente seja imoral, anti-social, desprezível ou danoso,
não haverá possibilidade de aplicação de sanção penal, se tal comportamento
não estiver rigorosamente previsto em lei.

O fato típico é o comportamento humano consistente em uma ação ou


omissão que provoca resultado lesivo e é previsto como infração penal. Tem-se
como atípico o fato quando “existe a correspondência exata, a adequação perfeita
entre o fato concreto e a descrição abstrata contida na lei penal”, como lembra
Júlio F. Mirabete (1996, p.133).

Pode ocorrer que o agente pratique um fato e que, na sua apuração,


verifica-se que o mesmo é atípico. Todavia, não ficará prejudicada a ação civil,
quando esta conduta – mesmo não sendo tipificada como crime- causar prejuízo.

Modernamente, tem se considerado como crime a ação ou a omissão do


agente praticada com dolo ou culpa que se ajusta perfeitamente ao tipo penal,
analisando-se, sempre, o objetivo do agente, tendo em vista a aplicação da teoria
finalista da ação.
12
Código Penal, artigo 1o.
l) Réu absolvido por falta de provas.

Como se sabe, a sentença põe fim ao processo, esgotando o juiz a sua


função no processo. Assim, temos a sentença terminativa e a sentença definitiva.

A sentença terminativa põe fim ao processo sem apreciar o seu mérito. Já a


sentença definitiva põe termo à relação jurídico-processual, analisando e julgando
o mérito.

No processo penal, temos a sentença de procedência, que já foi analisada


neste trabalho, que faz nascer após o trânsito em julgado o título executivo
judicial.

Já a sentença de improcedência, quando esta reconhece categoricamente


que o fato não existiu, opera a coisa julgada na esfera cível. Assim, a ação civil,
nesta hipótese, sequer pode ser ajuizada, uma vez que o juízo penal reconheceu
que não houve qualquer fato. Neste sentido, temos que “a sentença que
reconhece, categoricamente, a inexistência material do fato impede a propositura
da ação civil”13

Sobre o tema, com muita propriedade, temos a seguinte lição de Mossin


Filho (1999, p. 406) “a inexistência material do fato a que se refere o legislador
penal diz respeito aos fatos ou imputação vertida na denúncia ou queixa, não
guardando nenhum liame com o elemento normativo do tipo nem com a
comprovação do corpus delicti (elementos sensíveis do crime)”

O artigo 386 do Código de Processo Penal disciplina quais as hipóteses que


o réu deve ser absolvido. Se o acusado for absolvido por não haver prova da
participação do acusado, não existir prova de que o acusado participou da ação
delituosa, o ofendido pode propor a ação civil, chamando para si o ônus
probatório na esfera cível.

Neste sentido, podemos citar que “a absolvição na ação penal que resultou
em insuficiência de provas na esfera civil não impede a apreciação de culpa na

13
Conforme STF, RTJ 52/136
esfera civil”14 e, ainda, o julgado do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo, na esteira de que “não tendo sido reconhecido categoricamente a
inexistência material do fato (acidente de trânsito e o evento homicídio e lesões
corporais) e nem que o réu não foi o autor dos crimes culposos, tal sentença não
faz coisa julgada no cível.”15

8.5. Titularidade ativa e passiva para execução da sentença

A ação de execução da sentença penal condenatória, já transitada em


julgado, ou a ação civil ex delicto e, também, a ação de indenização na esfera civil
pode ser proposta pelo ofendido ou por seu representante legal. Assim, conforme
Damásio Jesus (1994, p.241) “transitada em julgado a sentença penal
condenatória, a sua execução no juízo cível visa ao quantum da reparação,
podendo ser promovida pelo ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros”.

As ações aqui nominadas, por serem de pretensão unicamente de caráter


civil, com repercussão no patrimônio do ofensor ou mesmo de terceiro, na falta do
ofendido por morte, ocorrerá a sua substituição por seus herdeiros, conforme
dispõe o artigo 63 do Código de Processo Penal.

Ensina Mirabete (1996, p.264) que “a ação deve ser, em princípio, proposta
pelo ofendido titular do bem jurídico lesado. Se for incapaz, deve ser movida por
seu representante legal (pai, tutor ou curador). Morto o ofendido, a ação deve ser
proposta por seus herdeiros”.

Questão intrigante é a que tange sobre a legitimidade passiva para figurar na


ação civil ex delicto ou na execução da sentença.

Todavia, quando tratamos sobre a ação civil ex delicto, necessário se faz


ressaltar que a execução da sentença penal condenatória somente pode atingir a
pessoa que foi parte no processo penal.

14
Ver RTJ 77/516
15
Ver RT 560/100
Quando se deseja atingir terceiros, o prejudicado deverá propor a
competente ação de indenização na esfera cível, utilizando a sentença penal
condenatório, apenas como elemento de convicção e de esclarecimento ao
magistrado da esfera civil. Os efeitos da condenação apenas atingem a pessoa que
figurou no pólo passivo do processo criminal.

Tal fato ocorre nos casos da responsabilidade dos pais pelos seus filhos
menores, o tutor e o curador pelos seus tutelados ou curatelados, o patrão, amo ou
comitente por seus empregados serviçais, donos de hotéis, hospedarias.

Nestes casos, exemplificadamente, temos uma empresa que contrata um


motorista para transportar passageiros até determinada localidade. No percurso, o
ônibus sofre um acidente e pessoas ficam lesionadas e outras morrem. O motorista
é condenado na esfera criminal. Neste caso, os ofendidos somente poderiam usar a
sentença penal condenatória contra o motorista do ônibus. Se desejassem
responsabilizar a empresa – vg. por ato de seu empregado – deveriam propor a ação
civil de indenização contra a empresa, utilizando o título obtido contra o motorista
para demonstrar a culpa in eligendo da empresa.

Esta posição é defendida pela professora Ada Pellegrini Grinover 16. Em


sentido oposto, considerando que a sentença penal condenatória induz à
responsabilidade de terceiro, temos a posição do professor Ruy Sérgio Rebello
Pinho17 .

Com efeito, entendemos que a sentença penal condenatória não pode atingir
pessoas ou empresas que não fizeram parte do processo criminal. Além do mais, o
texto civil faz menção ao autor do crime e a posição do reconhecimento da
responsabilidade solidária no campo do processo penal é violação ao princípio do
devido processo legal e da amplitude de defesa.

8.6. Legitimidade do Ministério Público

16
Ver Ada Pelegrini Grinover. Eficácia e autoridade da sentença penal. p. 46
17
Neste sentido ver Ruy Sérgio Rebello Pinho. A reparação do dano causado pelo crime e processo penal.
1987, p. 195-205.
O artigo 68 do Código de Processo Penal prevê a legitimação do Ministério
Público para a propositura da ação civil e para a execução da sentença penal
condenatória já transitada em julgado.

Para tanto, quando o ofendido for pobre, permite-se a substituição


processual pelo Parquet, uma vez que este defende direito alheio.

Para que haja a legitimação do Ministério Público, torna-se necessário que o


ofendido seja pobre. O conceito de pobreza é adotado pelo nosso ordenamento
jurídico, conforme Mirabete (1994, p.161) é:

[...] aquele que não pode suportar as custas do processo


(honorários e custas) sem prejudicar os recursos
indispensáveis ao próprio sustento ou da família (habitação,
alimentação, vestuário, educação, transporte etc) Não
desfigura o estado de pobreza possuir o interessado alguns
bens, mesmo imóveis, especialmente se for para uso próprio
ou da família. O decisivo é verificar se ele pode ou não arcar
com os encargos de uma ação penal sem se privar do
necessário à subsistência própria ou da família.

Para a comprovação da pobreza do requerente, basta um atestado da


autoridade policial em cuja cidade ou bairro que residir o ofendido. Atualmente, o
estado de miserabilidade do acusado é firmado por simples declaração assinada
pelo requerente.

Além disso, comprovada a pobreza e miserabilidade do ofendido pode o


Ministério Público patrocinar a ação civil ex delicto, promover a execução da
sentença penal condenatória. Apesar de alguns juristas e doutrinadores
sustentarem com bastante veemência que o artigo 68 do Código de Processo Penal
está revogado pela Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal, em recente
julgado, afirmou textualmente18 que o Ministério Público continua parte legítima
para promover, em juízo, a reparação dos danos de que trata o artigo 68 do Código
de Processo Penal.
18
RE AgRg 196.857-SP, rel. Ministra Ellen Gracie, 6-3-2001- Informativo do STF 219
A mesma posição é defendida por Ada Pellegrini Grinover (1994, p.05) que
sustenta que o artigo 68 ainda está em vigor, uma vez que amparado pelo artigo
129, inciso IX, combinado com o artigo 197 da Constituição Federal.

Em sentido contrário, argumentando que o Ministério Público não é


legitimado para o exercício da ação civil ex delicto e da execução da sentença
penal condenatória, encontramos árduos defensores que comungam da idéia de que
referido dispositivo legal estaria revogado pela existência e criação da Defensoria
Pública órgão essencial a função jurisdicional do Estado incumbido da defesa em
todos os graus dos necessitados.19

Dentre estes defensores encontramos a posição de Eugênio Pacelli de


Oliveira (2002, p.144) que assim se manifesta:

[...] embora não se possa deixar de incluir a pobreza entre os


interesses sociais, sobretudo diante de sua gigantesca
abrangência no país, o fato é que a intervenção do Ministério
Público, sobretudo no campo da iniciativa processual- mas
também como custos legis – somente se legitima a partir de
uma contextualização coletiva ou difusa dos interesses
individuais, não sendo permitida no âmbito da tutela
exclusivamente particular, como ocorre na hipótese do artigo
68 do CPP.

Muito embora seja sedutora a tese defendida por Ada Pellegrini Grinover,
entendo que a intervenção do Ministério Público ao patrocinar a ação civil ex
delicto deve ser afastada, uma vez que nestes casos, não se consegue visualizar o
interesse difuso ou coletivo, mas sim o de algumas pessoas envolvidas no evento.

No artigo 133 da Constituição Federal é taxativo que o advogado é


indispensável à administração da Justiça, cabendo ao advogado propor as ações
necessárias à defesa de seus constituintes. Necessário se faz colocar ainda que no
caso da vítima ser pobre, não necessita a mesma de amparo ou proteção do

19
Para estes defensores o artigo 68 do Código de Processo Penal está revogado pelo artigo 134 da Constituição
Federal.
Ministério Público; eis que em alguns estados brasileiros já existe a Defensoria
Pública e no Estado de São Paulo um convênio mantido entre a Procuradoria Geral
do Estado e a Ordem dos Advogados do Brasil, visando à defesa dos interesses das
pessoas que não podem constituir advogado por falta de recursos financeiros.

a) Suspensão da ação civil.

Como visto, o nosso ordenamento jurídico não adotou a teoria da


cumulação, onde a jurisdição penal decidiria sobre a aplicação de pena e a
indenização devida à vítima.

Conforme Damásio Evangelista de Jesus (1995, p. 81), “na ação civil de


reparação de danos o ofendido pode escolher entre aguardar o desfecho da ação
penal ou ajuizar a ação civil ordinária de reparação de danos” 20.

Reafirme-se que nossa jurisdição adotou a separação entre a jurisdição civil


e a jurisdição penal ressalvadas, evidentemente, as decisões de interpenetração.

Pode ocorrer que, concomitantemente, estejam em curso duas ações,


apurando a responsabilidade de um agente pela prática de um ato ilícito penal.

20
Ainda segundo o autor: “O art. 1.525 do CC diz que a responsabilidade civil é independente da criminal.
Assim, o sujeito que pode ser absolvido no juízo criminal em face da prática de um fato inicialmente considerado
delituoso e, entretanto, ser obrigado à reparação do dano no juízo cível. O agente pode ser civilmente obrigado à
reparação do dano, embora o fato causador do prejuízo não seja típico. Assim, em regra, a responsabilidade do
agente numa esfera não implica em responsabilidade em outra. Em consonância com essa orientação, segundo a
qual a nossa legislação não adotou o sistema da absoluta separação entre ação penal e ação civil, o CPP, em seu
art. 64, reza o seguinte: ‘Sem prejuízo do disposto no artigo anterior (que trata da execução da sentença penal
condenatória), a ação para o ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível contra o autor do crime e,
se for o caso, contra o responsável civil. Em face da prática de um crime, o ofendido (representante legal ou
herdeiro) pode agir de duas formas: a) aguardar o desfecho da ação penal. Transitando em julgado a sentença
condenatória, pode ingressar no juízo cível com o pedido de execução para o efeito de reparar o dano; b)
ingressar desde logo no juízo cível com a ação civil de reparação do dano (actio civilis ex delicto). Se as duas
ações (a penal e a civil) se encontram em andamento, aplica-se o disposto no art. 64, parágrafo único: ‘Intentada
a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela’. A
disposição visa impedir decisões contraditórias (Vide RHC 57.967, STF, DJU 15.8.80, p.5914). O despacho de
arquivamento do inquérito policial ou de peças de informação não impede a propositura da actio civilis ex
delicto, nos termos do que dispõe o art. 67, I, do CPP. Suponha-se que o Promotor de Justiça, embora
reconhecendo que o indiciado causou prejuízo a vítima, considere que o fato não é típico constituindo mero
ilícito civil pelo que requer o arquivamento do inquérito policial, sendo deferido o pedido pelo juiz. É claro que
não fica o ofendido impedido de exercer a actio civilis ex delicto. A decisão que decreta a extinção da
punibilidade não impede a propositura da ação civil de reparação do dano, em face do que dispõe o art. 67, II, do
CPP. Tratando-se, porém, de ressarcimento do dano no peculato culposo, fica impedido o exercício da ação civil
de reparação do dano por falta de objeto, uma vez que a sua incidência pressupõe que o sujeito já tenha efetuado
o ressarcimento dos prejuízos causados pelo delito.
A primeira, uma ação criminal e, a segunda, uma ação de reparação de
danos. Nestes casos, se ambas estiverem em curso, pode ocorrer que ambas sejam
julgadas e que ambas tenham desfecho diverso. Pode acontecer, por exemplo, que
a ação penal absolva o acusado, mas, na esfera cível, ele seja condenado ao
pagamento de indenização.

Necessariamente devem ser evitadas decisões contraditórias sobre um


mesmo fato. Assim, o juiz da jurisdição civil pode suspender o curso do processo
indenizatório até que, na esfera cível, a questão seja definitivamente julgada. 21

Esta suspensão é de extrema eficácia na vida forense, isto porque, se a


esfera penal decide pela condenação do agente, esta sentença penal condenatória
servirá como título executivo, discutindo-se apenas e tão somente o valor do
pedido indenizatório. Por outro lado, se provada a existência de excludente ou a
inexistência do fato que traduzem evidentemente na coisa julgada, o processo
indenizatório será extinto. Por fim, se a decisão criminal pautar na absolvição do
acusado por qualquer outro motivo que não os elencados até o momento, a ação
civil voltará a seu curso normal.

Defendo não só a suspensão do processo civil, mas como o caráter


obrigatório, uma vez que tal solução evita decisões conflitantes, evita o
desperdício do Poder Judiciário com a produção de duas provas sobre os mesmos
fatos (uma na esfera cível e outra na esfera penal), evita o manejo de ações
rescisórias e execuções precipitadas, não havendo prejuízo à vítima que mantém
intacto o seu direito de ação.

Assim, possível a suspensão do processo civil até o julgamento definitivo da


lide penal. Todavia, a suspensão do processo civil é uma faculdade do juiz, que
adota tal decisão, quando o pedido de reparação dependa do reconhecimento na
esfera penal da ocorrência de ato ilícito.

21
“Processual. Ação indenizatória dirigida contra quem, denunciado na esfera criminal alega legítima defesa.
Sobrestamento da ação civil até o julgamento final do processo penal. Medida de prudência. Exegese CPP, art.
64, parágrafo único.Ementa Oficial: Ação Indenizatória. Sentença prolatada por juiz que presidiu a audiência de
instrução e julgamento. Ação civil contemporânea da ação penal. Sobrestamento daquela. Inexiste nulidade
processual se, comprovadamente, o magistrado sentenciante presidiu a audiência de instrução e julgamento,
inobstante outro o fizesse quanto aquela em continuação.Iniciada a ação civil contemporaneamente à ação penal,
na qual é alegada a excludente de criminalidade da legítima defesa, impunha-se, por prudência e para evitar
decisões díspares e inconciliáveis, o sobrestamento da actio civilis ex delicto, ao teor do regrado pelo art.64,
parágrafo único, do CPP, invocada, à primeira hora, pelo apelante.”
Além disso, o Código de Processo Civil, em seu artigo 265, parágrafo quinto,
estipula prazo para esta suspensão que não pode ser superior a um ano, e que,
ultimado tal prazo, a ação civil deve ter o seu prosseguimento normalizado.

Um julgado já decidiu sobre a viabilidade da suspensão do processo civil. 22

Quanto ao prazo prescricional, o Código Civil estipula o prazo geral de 10


(dez) anos para pleitear direitos. Todavia, ao tratar da responsabilidade civil, fixa
o prazo em 03 (três anos)23.

Interessante é de se observar que, quando a ação se originar de fato que


deva ser apurado no juízo criminal, não corre a prescrição, até que seja proferida a
respectiva sentença definitiva.24

Trata-se de fato significativo, uma vez que o prazo prescricional do Código


Civil fica subordinado à jurisdição penal, que é deveras demorada.

Interessante é de se assinalar que, neste caso, entendo que a ação civil para
reparação de danos fica prejudicada, uma vez que a sentença definitiva de caráter
condenatório constitui título executivo que será liquidada no cível.

Referido dispositivo só teria aplicabilidade no caso de absolvição do agente,


no caso de extinção da punibilidade ou no caso de reconhecimento de atipicidade.

Encerrando, na prática, o prazo para a vítima ajuizar a ação de indenização


ou de ressarcimento de dano terá um prazo muito maior do que o prazo de três
anos, previsto pelo novo ordenamento jurídico, vez que o prazo prescricional só
passa a correr a partir da data em que a sentença penal transitar em julgado.

b) Distinções entre Restituição, Ressarcimento, Reparação e Indenização

22
Ver Agravo de Instrumento n. 98.282-4 - Itapira - 8ª Câmara de Direito Privado -
Relator: César Lacerda - 19.02.99 - V. U RESPONSABILIDADE CIVIL - Execução provisória - Existência de
duas decisões ainda não definitivas, conflitantes, uma condenatória, da Justiça Cível, e outra absolutória, do
Tribunal do Júri, que reconheceu a legítima defesa - Admissibilidade de suspensão da execução provisória, a fim
de se aguardar a decisão criminal - Recurso provido para esse fim.
23
Código Civil - Lei 10.406, de l0 de janeiro de 2002, artigo 206, § 3o, inciso V.
24
Conforme Código Civil, artigo 200.
Primordialmente, é de se consignar que a própria Constituição Federal
Brasileira não obedece às distinções entre a restituição, a reparação e a
indenização. O próprio texto constitucional utiliza o vocábulo indenização para
qualquer tipo de pedido de natureza ressarcitória ou reparatória. 25

A distinção, que doravante será feita, classifica os pedidos da seguinte


maneira.

A restituição é a mais simples e completa satisfação do dano, uma vez que,


nestes casos, a lesão do bem jurídico ocorre quando o ofendido se vê privado da
livre utilização do bem, tendo como exemplos o roubo, o furto e a apropriação
indébita, sendo tal pedido cabível no Código Civil (artigo 1543) e no Código de
Processo Penal (artigo 119 e 120).

Hélio Tornaghi (1989, p.78) é claro no sentido de que:

[…] a mais singela maneira de satisfação do dano é a


restituição da coisa. Nos casos em que a diminuição do bem
jurídico consistiu na privação de um objeto, como no furto,
na apropriação indébita, a primeira forma de restaurar a
situação do lesado está lhe repor nas mãos a res furtiva. O
Direito brasileiro ordena a restituição e a regula (CPP, arts.
119 e 120 e seus parágrafos; CC, art. 1543). Entretanto, a
mera reintegração do lesado na posse ou detenção da coisa
não cobre toda a lesão, pois não paga a privação sofrida,
embora temporária. Há mister ressarcir o dano por inteiro.

Nas palavras de Marco Antônio Villas Boas (1991, p.210), restituição “é a


transferência direta do bem para a mão de seu legítimo proprietário.”

Já o ressarcimento é uma composição com fundo patrimonial, com a


compensação da vítima ante a amargura do prejuízo moral.

25
Vide a respeito o artigo 5o. inciso V da CF/88 e artigo 68 do CPP
Para Júlio Fabrini Mirabete (1995, p.260), ressarcimento “é o pagamento de
todo o prejuízo causado a vítima (lucros cessantes, frutos), cobrindo todo o
prejuízo causado”.

Na mesma esteira de pensamento temos Helio Tornaghi (1989, p.79) de que


“o ressarcimento é o pagamento do dano patrimonial, de todo o dano, isto é, do
prejuízo emergente e do lucro cessante, do principal e dos frutos que lhe adviram
com o tempo e o emprego da coisa”

O ressarcimento do dano deve ser o mais amplo possível. Eugênio Pacelli de


Oliveira (2002, p.135) afirma que “o ressarcimento buscará satisfazer, além do
dano emergente, também aquilo que o ofendido deixou de receber com a fruição
do bem (lucros cessantes)”

A reparação do dano é referente aos danos de caráter não patrimonial,


beneficiando a vítima com o recebimento de valores por sua amargura moral.

Júlio Fabrini Mirabete (1995, p.261) ministra preciosa lição no sentido de


que a reparação “é cabível quando o dano não for ressarcível por não estar
estimado em dinheiro, por não ter caráter patrimonial, há necessidade de
compensação do dano que sirva para repará-lo, para confortar a dor, para
contrabalançá-la. É a reparação, em seu sentido estrito, forma de compensação do
dano moral”

Heráclito Mossin Filho (1999, p.395) ensina que:

[...]a expressão reparação do dano tem um endereçamento


específico: cuida do denominado dano moral, que se verifica
através de fatos humanos que conduzem a lesões em
interesses alheios, juridicamente protegidos, mas que
atingem a reserva psíquica do ofendido, buscando repassar ao
mundo dos fatos a teoria explicitada, tem-se por possível a
ocorrência de dano moral, quando exemplificadamente a
vítima é caluniada, difamada ou injuriada, ou tem de
qualquer maneira prejudicada a imagem que dela faz a
sociedade.26

Por fim, indenização, conceitualmente, conforme Julio Mirabete (1995,


p.261), “é o meio de compensar o dano de ato lícito do Estado que, entretanto é
lesivo ao particular”.

“Prejuízos sofridos pela ação do Estado contra terceiros” é o conceito de


indenização atribuído por Marco Antônio Villas Boas(1991, p.210) 27.

Já para Eugênio Pacelli de Oliveira (2002, p.135) indenização é “modalidade


de recomposição patrimonial do dano causado por ato lícito do Estado
(desapropriações)”.

d) Reparações Específicas no Direito Pátrio.

Nosso Código Civil tem dispositivos específicos para a reparação de dano em


alguns casos.

No caso de homicídio, aplica-se o artigo 948, excluindo-se a reparação por


dano moral, uma vez que a ofensa à honra somente por este pode ser sentida e não
seus sucessores, não podendo sentir o falecido diminuição em sua auto estima ou
honorabilidade, no conceito que tinha na sociedade ou valor social, que somente
pode ser pleiteada em crime contra a honra.

No caso de homicídio, são devidas as despesas com o tratamento da vítima,


seu funeral, e o luto da família. Deverá, ainda, o ofensor prestar alimentos às

26
Heráclito Mossin Filho continua na mesma linha ao ensinar que “consoante o exposto acima, assume o dono
moral dois sentidos: 1o. Interno – quando o lesado padece em termos subjetivos, ou seja, sente-se diminuído em
sua auto estima e valoração com ou sem repercussão somática; 2o. Externo – a partir do momento em que se
deprecia a imagem do ser humano objetivamente, isto é, a situação pela qual a sociedade repercute
negativamente circunstâncias que envolvem determinada pessoa, igualmente com reflexos sobre ela. Em assim
sendo, sofre dano moral quem é desvalorizado no meio social em virtude de aleijão, como também é vítima, com
nuanças externas, aquele que tem objetivamente depreciada a condição social em face de uma calúnia, difamação
ou injúria. Tanto no sentido interno, como no sentido externo existe prejuízo de ordem moral e dor psíquica,
apenas com a diferença quanto à origem dos males, se primacialmente interno (subjetivo) ou externo (objetivo).
27
VILLAS BOAS, Marco Antonio. Op. cit., p. 210.
pessoas a quem o morto devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima.

Em sede de lesões corporais, aplica-se o artigo 949, desde que resulte


basicamente na perda ou inutilização de membro ou deformidade permanente,
ressarcindo a vítima por danos decorrentes de sua depreciação de imagem. Prevê
o Código o pagamento com as despesas com o tratamento e dos lucros cessantes
até o final da convalescença.

No caso da lesão grave (aleijão ou deformidade permanente), caso o


ofendido não possa voltar a ocupar seu trabalho, será devida também uma pensão.
O prejudicado pode exigir que a indenização seja paga de uma só vez.

Observe-se, por fim, que, no caso de repulsa de agressão perpetrada pelo


ofendido, e o ofensor age em legítima defesa, a indenização não será devida.

Quanto aos crimes culposos cometidos por médicos, cirurgiões,


farmacêuticos, parteiras e dentistas aplica-se o artigo 947. No primeiro caso,
deverão estes refazer a cirurgia, e se esta por qualquer motivo não puder ser
realizada, a obrigação será transformada em pecúnia.

Nos crimes contra a honra (artigo 953), o ordenamento civil prevê a


reparação do dano que causou ao ofendido. Caso não se possa apurar o prejuízo, o
juiz deve fixar com eqüidade a indenização, conforme as circunstâncias do evento.

8.7. Fixação de Indenização no caso de homicídio

Disciplina o Código Civil as indenizações devidas em caso de homicídio, nos


casos de lesão ou de ofensa à saúde, dos médicos, do esbulho ou da usurpação e a
devida por injúria, calúnia ou difamação e a indenização por ofensa à liberdade
pessoal.

Primeiramente, no caso de homicídio conforme artigo 948, – desde que não


ocorra causa excludente da criminalidade – a indenização, sem excluir a
indenização por dano moral, consistirá no pagamento pelo ofensor das despesas
realizadas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família, bem como
na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima.

8.8. Fixação de indenização nos casos de lesão ou de ofensa à saúde

No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o artigo 949 dispõe que o causador
do dano fica obrigado a pagar indenização referente às despesas havidas com o seu
tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, não sendo excluído
outra indenização por ventura existente.

No caso de lesão causada pelo ofensor, que cause ao ofendido


impossibilidade de exercer seu trabalho ou profissão, ou de ofensa que cause
diminuição em sua capacidade laborativa, conforme o artigo 950, a indenização,
além de conter os valores relativos às despesas com tratamento até o final da
convalescença, bem como os lucros cessantes, incluirá o pagamento de pensão
correspondente à importância do trabalho que a vítima se inabilitou ou
considerando outro critério que é a depreciação na capacidade laborativa que foi
abalada.

O ofendido ainda pode optar se deseja que a indenização arbitrada seja paga
de uma só vez28.

8.9. Fixação de indenização nos casos de lesão ou de ofensa à saúde

Quanto à responsabilidade dos médicos, dentistas, parteiras, anteriormente


prevista no Código Civil de 1910, foi esta contemplada pelo novo ordenamento
jurídico, em seu artigo 951, com a roupagem de que a indenização devida, se

28
Ver Novo Código Civil, art. 950, parágrafo único.
causada por imprudência, negligência ou imperícia que cause a morte do ofendido,
ou produza-lhe lesão que o impossibilite para o exercício laboral, mesmo agravando
o mal apresentado, será tutelada da mesma forma que os artigos 948, 949 e 950.

Desta maneira, os referidos profissionais estão sujeitos ao pagamento de


valor monetário, no caso de homicídio, no pagamento pelo ofensor das despesas
realizadas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família, bem como
na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima.

No caso de lesão corporal, consiste no pagamento das despesas com o


tratamento e dos lucros cessantes até a convalescença, além de outra indenização,
esta, no caso, por dano moral.

Por fim, a responsabilidade destes profissionais, no caso de defeito que


impossibilite a vítima de exercer seu ofício ou profissão, ou no caso de diminuição
da capacidade laborativa, ficam sujeitos ao pagamento de indenização que
compreenderá o pagamento com as despesas com tratamento até o final da
convalescença, bem como os lucros cessantes, incluirá o pagamento de pensão
correspondente à importância do trabalho que a vítima se inabilitou, ou
considerando outro critério que é a depreciação na capacidade laborativa que foi
abalada.

8.10. Fixação de indenização em casos de calúnia, injúria e difamação

Tutela o Código Civil novo, no artigo 953, a reparação do dano em casos de


calúnia, injúria e difamação.

Obriga o ofensor a reparar o dano causado, devendo o ofendido provar o


prejuízo causado, adotando o Código a regra da responsabilidade aquiliana ao
exigir prova do dano e do prejuízo.
Quando o ofendido não puder provar o prejuízo, a fixação da indenização
ficará ao critério do magistrado, que deverá fixá-la de forma eqüitativa, em
conformidade com as particularidades do caso.

O Código Civil Novo, em seu artigo 954, inova ao tutelar as verbas devidas no
caso de ofensa à liberdade pessoal do ofendido.

8.11. Fixação de indenização em casos de calúnia, injúria e difamação

Considera a nova legislação como atos ofensivos à liberdade pessoal, o


cárcere privado, a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé e a prisão ilegal.

Nestes casos, a indenização consiste no pagamento de perdas e danos que o


ofendido sofrer e, se este não puder prová-los, a fixação da indenização ficará a
cargo do magistrado, atendendo as particularidades do caso.

a) Composição dos Danos Civis.

A Lei 9.099/95 foi criada no Brasil para julgar os crimes de menor potencial
ofensivo e as contravenções penais.

As infrações penais de menor potencial ofensivo, segundo o texto de lei, são


todas as infrações penais em que a lei penal, para o tipo, preveja máxima igual ou
inferior a um ano.

A compensação dos danos civis, quando ocorrer, será reduzida a escrito e


homologada pelo juiz competente e será considerada como título executivo que
poderá ser executada no juízo cível competente.

Havendo a composição civil dos danos, mediante sentença homologatória do


juiz, acarreta a renúncia ao direito de queixa ou de representação, devendo ser
extinta a punibilidade.
Na esfera penal, precisamente nos Juizados Especiais Criminais, designa-se
uma audiência de conciliação, onde o Magistrado procura a composição dos danos
civis (reparação dos danos) e a aplicação de pena imediata, evitando-se a pena
carcerária.

A composição dos danos civis constitui obviamente uma medida de


despenalização, uma vez que obtida, retira do ofendido o direito de ingressar com
a queixa crime ou de oferecer a representação nos crimes de ação penal pública
condicionada.

Sobre o tema é precisa a lição de Ada Pellegrini Grinover, Antônio Fernandes


e Luiz Flávio Gomes (1995, p. 104-105):

[...] as formas de auto composição a que a conciliação pode


conduzir são a renúncia, a submissão e a transação. Na
primeira, o titular da pretensão cede, deixando de exigir a
tutela dos direitos ou interesses de que se entendia
possuidor. Na submissão, é o titular da resistência que cede à
pretensão oposta, reconhecendo-a. Ambas – submissão e
renúncia – são formas de concessões unilaterais, por isso
mesmo mais raras do que a transação. Já nesta há concessões
bilaterais, mútuas e recíprocas, desistindo cada titular em
conflito de parte de suas pretensões. Com relação à
conciliação dos Juizados Especiais Criminais, no campo civil,
esta poderá tanto levar à transação, a renúncia e a
submissão. Mas, no campo penal é sempre transação.

CAPÍTULO V- DA COMPETÊNCIA

JURISDIÇÃO: é a função própria e exclusiva do Poder Judiciário. É nesta esfera,


dentro dessa atuação, que o Estado atua o direito objetivo na composição dos
conflitos de interesses ocorrentes. Trata-se do poder conferido ao Estado para
decidir e conhecer dos negócios e contendas surgidas no decorrer da vida em
sociedade. É o poder de fazer atuar o Direito num caso concreto, através das
autoridades judiciárias revestidas.

A jurisdição é uma, mas é divida em categorias para melhor resolver os conflitos de


interesses. Etmologicamente, jurisdição significa o poder de dizer o direito num
caso concreto.

As partes não podem recusar o Juiz, salvo nos casos de suspeição ou de


impedimento. Deve ser assinalado que deve haver uma relação entre o pedido
formulado e a sentença a ser proferida. O juiz não pode decidir além daquilo que
foi pedido pela parte, sob pena de proferir uma sentença extra petita. A denúncia
ou a queixa delimitam o poder jurisdicional do Juiz.

Para que haja a jurisdição necessário se faz a presença de um juiz regularmente


investido, com a garantia do contraditório, da ampla defesa e observados os
preceitos do devido processo legal. Tem a jurisdição como elementos: a conigção
que é conhecer dos litígios, prover a regularidade do processo, verificar as
condições da ação e dos pressupostos processuais e recolher o material probatório;
o chamamento que se dá através da citação que tem como escopo o de fazer
comparecer alguém a Juízo; a coerção que são as medidas processuais necessárias
à garantia do bom funcionamento do poder jurisdicional, como a condução
coercitiva e a prisão preventiva; o julgamento que é o dever do juiz prolatar uma
decisão evitando-se o non liquet; e, por fim, a execução que se trata das medidas
necessárias ao devido cumprimento da decisão proferida.

PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO:

juiz natural: o réu tem o direito de ser processado pelo Juiz competente;
investidura: a jurisdição somente pode ser exercida por quem foi regularmente
investido no cargo;
imparcialidade: o réu tem o direito de ser julgado isento de ânimos, sem qualquer
laço de inimizade ou amizade com o julgador, permitindo-se o afastamento do juiz
em caso de suspeição ou impedimento;
indeclinabilidade: nenhuma lesão ou ameaça de lesão será excluída da apreciação
do Poder Judiciário;
improrrogabilidade: o juiz não pode invadir a jurisdição de outro juiz;
inevitabilidade: as normas processuais são expressas no sentido de quem será o juiz
competente para apreciação de determinado processo;
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO: jurisdição civil e jurisdição penal.

QUANTO A GRADAÇÃO: jurisdição inferior e jurisdição superior, estadual ou


federal.

COMPETÊNCIA: é a delimitação da atividade jurisdicional. A competência sempre é


uma questão de ordem pública, razão pela qual não pode ser objeto de transação
entre as partes. Necessário se dizer que a incompetência do Juízo, no Processo
Penal, pode ser declarada de ofício, em qualquer momento do processo.

A regra geral no processo penal para a fixação da competência é a do lugar onde se


consumou a infração. Caso o crime seja tentado, a competência será firmada pelo
lugar onde foi praticado o último ato executório. Desconhecido o lugar da
consumação, passa-se ao segundo critério que é o do domicílio ou residência do
réu. O último critério e que somente será utilizado caso haja o desconhecimento
dos critérios anteriores (consumação e residência do réu) será a prevenção.

Também deve ser lembrado que temos a delegação de competência que consiste
na transferência provisória da competência, o que se dá, por exemplo, nos casos de
carta rogatória ou carta precatória. O instituto da prorrogação de competência
consiste na transformação do juízo incompetente em juízo incompetente, caso a
parte interessada não apresente no prazo legal, a exceção de incompetência.
Dentro de um processo temos a competência funcional que se dá no caso dos juízes
em Primeiro Grau e dos tribunais de segundo grau nos demais casos.

SE DIVIDE EM :

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO LUGAR- “ratione locci”,

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA - “ratione materiae”,

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA FUNÇÃO (foro especial).

COMPETÊNCIA ABSOLUTA: prepondera razões de ordem pública, não prevalecendo


a vontade das partes;

COMPETÊNCIA RELATIVA: prepondera razões de ordem privada, pode prevalecer a


vontade da parte (princípio da disponibilidade);

COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO: (locus delicti)

Rege-se pelo local onde o agente esgotou a atividade criminosa.

Prevalece o critério da prevenção geral e da economia processual.

A COMPETÊNCIA no Direito Processual penal se dá no lugar onde se consuma a


infração penal (teoria da consumação).

Quando se trata de tentativa: lugar onde foi praticado o último ato do “iter
criminis”. Último ato de execução.

COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU DA RESIDÊNCIA DO RÉU:

Domicílio é onde a pessoa estabelece sua residência com ânimo definitivo.


Residência é o local onde o agente fixa sua habitação.

Quando o agente tiver VÁRIOS DOMICÍLIOS, fixa a competência pela prevenção.

Se o agente não tiver domicílio fixa-se a competência pela Autoridade que em


primeiro lugar tomar conhecimento da prática do delito.

COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO:

Fixa-se por critérios de organização judiciária. Por exemplo: Vara do Júri, Vara das
Execuções Criminais, DIPO, crimes contra o patrimônio.

COMPETÊNCIA PELA DISTRIBUIÇÃO: havendo um ou mais juízes competentes, sua


competência é fixada pela distribuição.

COMPETÊNCIA POR CONEXÃO:

CONEXÃO é um vínculo, um nexo, entre duas ou mais ações, de tal maneira


relacionadas entre si, que faz com que sejam conhecidas e decididas pelo mesmo
juiz, muitas vezes até no mesmo processo.
Na conexão existe um único processo para vários réus. Ocorre quando duas ou mais
infrações penais estiverem entrelaçadas por um vínculo, um nexo, um liame que
aconselha a junção dos processos para melhor visão da prova. Exemplos: rixa, furto
e receptação, crimes praticados por várias pessoas reunidas, por várias pessoas em
concurso, por diversas pessoas umas contra as outras.

VINCULO QUE ENTRELAÇA DUAS OU MAIS AÇÕES A PONTO DE EXIGIR QUE O MESMO
JUIZ DELA TOME CONHECIMENTO E DECIDA.

Quando duas ou mais infrações forem praticadas ao mesmo tempo reunidas ou em


concurso, ou ainda por várias pessoas umas contra as outras.

COMPETÊNCIA POR CONTINÊNCIA:


Continência é um fenômeno processual que dá-se entre duas ou mais ações, sempre
que HÁ IDENTIDADE quanto ás pessoas, e o OBJETO DE UMA por SER MAIS AMPLO,
abranje o das outras. A continência nos dá a idéia de uma coisa que está contida
em outra coisa, sendo impossível a separação. Assim as infrações penais são
reunidas em um único processo, pois se torna impossível a cisão ou separação
delas. Temos como exemplos clássicos: o concurso de agentes, o concurso de
crimes, o erro na execução e o resultado diverso do pretendido.

Exemplo: duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração, em concurso,
erro na execução ou aberratio ictus.

Júri e outro órgão: sempre prevalece o Júri.

Jurisdições da mesma categoria (crimes de furto e roubo): prevalece o crime mais


grave.

Jurisdição Comum e Especial: prevalece a jurisdição especial (crime Eleitoral e


crime comum).

Verifica-se a continência:

a) as ações tem as mesmas partes;

b) as ações tem a mesma causa de pedir;

c) só que o pedido de uma delas tem CONTEÚDO MAIS AMPLO E ABRANGENTE DO


QUE O DA OUTRA.

COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO:


Prevenção é o fenômeno processual pelo qual, dada a existência de vários juízes
igulamente competentes, FIRMA-SE a competência daquele juiz QUE EM PRIMEIRO
LUGAR TOMAR CONHECIMENTO DA CAUSA.

Aquele que primeiro tomar conhecimento da causa, tem a sua JURISDIÇÃO


PREVENTA.

Dois juízes são igualmente competentes para a prática de um algum ato. Quando
algum deles pratica algum ato no processo (liberdade provisória, prisão preventiva)
por este ato passa a ser competente para a apreciação do processo.

COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO:

É o denominado foro especial, onde originariamente pela sua função o agente é


julgado e processado.

Exemplos: Prefeito - Tribunal de Justiça, cidadão crime doloso contra a vida -


Tribunal do Júri, juízes e MP nos crimes comuns e de responsabilidade - Tribunal de
Justiça.

SEPARAÇÃO DO PROCESSO:

Na maioria das vezes, todos os acusados são julgados todos unidos e em um único
processo. Haverá a separação obrigatória quando houver concurso entre a
jurisdição comum e a jurisdição militar e da jurisdição comum com a Vara da
Infância e da Juventude.

Poderá o juiz, no caso, de infrações praticadas em circunstância e tempo


diferentes, pelo excessivo numero de acusados e para evitar o prolongamento da
prisão cautelar determinar a separação do processo, através do desmembramento
do mesmo.
No caso de cheques emitidos sem a suficiente provisão de fundos a competência se
dará pelo lugar onde foi negado o pagamento. No crime de falso testemunho, o juiz
competente será o do local onde foi prestado o depoimento falso. Em crimes em
que figura como vítima a União ou qualquer de suas autarquias ou empresas
públicas a competência será da Justiça Federal.

DAS QUESTÕES E DOS PROCESSOS INCIDENTES

São circunstâncias acidentais, esporádicas, eventuais e acessórias. Por esta


característica devem ser solucionadas pelo Juiz antes da prolação da sentença,
uma vez que há uma dependência lógica entre o conteúdo da sentença e o
incidente criado no processo.

Estas questões incidentes são obstáculos ao desenvolvimento válido e regular do


processo, e por tal circunstância devem ser decididas antes da sentença, tendo por
finalidade evitar decisões contraditórias sobre o mesmo tempo.

Temos as questões prejudiciais obrigatórias que se referem ao estado civil das


pessoas, a sua capacidade e a cidadania, e são chamadas de obrigatórias, porque
ocorrendo num determinado processo, obrigam o juiz a suspender o processo até
decidi-las. Temos como exemplos :a questão da bigamia, o registro de nascimento
inexistente, discussão sobre a idade penal ou a capacidade do réu.

Já as questões prejudiciais facultativas, ao reverso, são diferenciadas das


prejudiciais obrigatórias, porque tratam de questões diferentes do estado civil, da
capacidade ou da cidadania, sendo qualquer outra matéria como posse,
propriedade, profissão. As questões prejudiciais facultativas, podem levar o Juiz a
suspender ou não o processo criminal.

Para que haja a argüição da questão prejudicial, seja ela obrigatória ou


facultativa, é necessário que esteja em curso uma ação civil, anterior a propositura
da ação penal.
Somente pode ser alegada em processo, sendo vedada a sua alegação em autos de
inquérito policial. Suspendem o processo até a decisão proferida na esfera cível,
sem necessidade de transito em julgado, não correndo neste período o prazo
prescricional.

DAS DEFESAS PROCESSUAIS E INCIDENTES PROCESSUAIS

A defesa processual tem duas vertentes: a primeira em relação ao MÉRITO, e a


segunda em relação a DEFESA CONTRA O PROCESSO. A primeira é denominada de
DEFESA DIRETA e a segunda de DEFESA INDIRETA.

No processo, a defesa indireta se volta contra PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS e


contra as CONDIÇÕES DA AÇÃO (possibilidade jurídica do pedido, legitimação para
agir e interesse de agir).

QUESTÕES INCIDENTAIS: são referentes ao formalismo processual, relacionando-se


com o desenvolvimento VÁLIDO E REGULAR DO PROCESSO, não se discutindo mérito
da causa.

É um acidente no curso do processo entre o pedido e a sentença de mérito. São


denominadas também de PREJUDICIAIS, pois é um obstáculo que se forma para a
prolação de uma sentença de mérito.

CAPÍTULO VI - DAS EXCEÇÕES (Art. 95 e ss do CPP).

DAS EXCEÇÕES (Art. 95 e ss do CPP)

Exceções são uma espécie de defesa indireta contra o processo, com a


finalidade de extingui-lo ou dilatar o seu exercício. São classificadas em dilatórias
as exceções que visam procrastinar o curso do processo e peremptórias as que
visam à extinção do processo.
Exceção De Suspeição: vide artigo 254 do CPP. Nesta situação o juiz pode
declarar-se suspeito de ofício, caso contrário poderá ser alegada pela parte através
de exceção.

A suspeição se dá entre a parte e o juiz29.


Para alguns doutrinadores, a exceção não suspende o processo e nem corre
em autos apartados, devendo ser alegada após o interrogatório do réu.
A Exceção de Incompetência só pode ser oferecida depois de oferecida a
Denúncia, tanto pela incompetência “ratione locci”, quanto para a competência
“ratione materiae”.
Acatada a exceção, o juiz remete os autos para o juiz competente. Se
julgada procedente, cabe recurso em sentido estrito, se não reconhecida não há
recurso próprio.
A Exceção de Ilegitimidade de Parte é o meio processual usado para
combater irregularidade referente ao exercício da ação penal pelo seu titular (MP,
querelante).
Já Exceções Peremptórias visam à extinção do processo e a Exceção de
Litispendência tem como fundamento o fato de que ninguém pode ser acusado pela
mesma infração penal, evitando-se o “bis in idem”. O pressuposto é a existência de
dois processos para a mesma infração penal. Só pode ser argüida depois de
efetivada a citação do réu.
A Exceção de Coisa Julgada é utilizada quando há ocorrência de outro
processo definitivamente julgado. A sentença tem o caráter de imutabilidade e
indiscutibilidade após o trânsito em julgado. Temos duas modalidades de exceção
de coisa julgada: coisa julgada formal e coisa julgada material.
A coisa julgada formal ocorre quando é referente a matéria processual, não
havendo mais recurso cabível. Já a coisa julgada material se refere à qualidade da
sentença quanto aos seus efeitos. No processo penal a sentença pode ser revista

29
“SUSPEIÇÃO. ARGÜIÇÃO POR ADVOGADO EM NOME PRÓPRIO. ALEGAÇÃO DE INIMIZADE ENTRE
O ADVOGADO E O JUIZ. HIPÓTESES NÃO PREVISTAS EM LEI. EXCEÇÃO REJEITADA.
ARQUIVAMENTO. O advogado não tem legitimidade para, em seu próprio nome, opor exceção de suspeição,
já que, a inimizade capital, a que se refere o inciso I do artigo 135 do CPC, é do juiz com qualquer das partes, e
não do juiz com o advogado.” (TJ-MT; ExSusp 32560/2004; Sinop; Primeira Câmara Cível; Relª Desª Anglizey
Solivan de Oliveira; Julg. 24/07/2006)”
em alguns casos: impronúncia quando surgirem novas provas da autoria ou da
materialidade e na revisão criminal.
As exceções são sempre opostas por escrito, oralmente é oposta no Tribunal
do Júri em relação ao jurado sorteado. São opostas em autos apartados, sendo que
a litispendência, as ilegitimidades de parte e da coisa julgada não suspendem o
curso do processo. Só suspende o andamento do processo a exceção de suspeição.

EXCEÇÕES: são uma defesa indireta contra o processo, com a finalidade de


extingui-lo ou dilatar o seu exercício.

São classificadas em DILATÓRIAS que visam procrastinar o curso do processo e


PEREMPTÓRIAS que visam a extinção do processo.

EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO: vide artigo 254 do CPP. Nesta situação o juiz pode
declarar-se suspeito de oficio, caso contrário poderá ser alegada pela parte através
de exceção. A SUSPEIÇÃO DA-SE ENTRE A PARTE E O JUIZ.

Para alguns doutrinadores, a exceção não suspende o processo e nem corre em


autos apartados, devendo ser alegada após o interrogatório do réu.

A SUSPEIÇÃO ocorre nos casos de suborno, prevaricação, concussão ou prevaricação


do Juiz, devendo esta situação ser anterior ao processo. Também causa a suspeição
os casos de impedimento do Juiz, nas hipóteses do artigo 252 do CPP.

Como regra deve o Juiz de oficio declarar-se suspeito, não o fazendo surge o
direito a parte argüir esta situação através da exceção de suspeição. No Plenário
do Júri a exceção de suspeição de Jurado deve ser argüida oralmente pelo
prejudicado. Os casos mais freqüentes de suspeição são os casos de inimizade
capital ou amizade intima, que fazem com que o Juiz se afaste do caso, enviando
os autos ao seu substituto legal.
Se procedente a exceção de suspeição, esta anulará somente os atos decisórios.
Para o ajuizamento da exceção de suspeição, deve o advogado munir-se de
procuração com poderes específicos. Deve ser relembrado que o rol do artigo 254
do CPP é taxativo e não admite ampliações.

A oposição da exceção de suspeição é sempre realizada por escrito, excetuando-se


a hipótese do Júri onde é realizada oralmente. A exceção de suspeição suspende o
curso da ação penal, uma vez que o Juiz tido como suspeito, não pode ter nenhuma
atuação no processo, vez que se reconhecida a suspeição, gerará a nulidade de
todos os atos praticados.

EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA: só pode ser oferecida depois de oferecida a


Denúncia, tanto pela incompetência “ratione locci”, quanto para a competência
“ratione materiae”, podendo ser oposta tanto pela defesa quanto pela acusação.

Acatada a exceção, o juiz remete os autos para o juiz competente. Julgada


procedente cabe recurso em sentido estrito, não reconhecida não há recurso
próprio. Deve ser afirmado que a declaração de incompetência do Juiz apenas
anulará os atos decisórios, devendo os mesmos serem ratificados ou retificados
pelo Juiz competente.

Deve ser realizada mediante petição, não suspendendo o andamento do processo


criminal.

EXCEÇÃO DE ILEGITIMIDADE DE PARTE: é o meio processual usado para combater


irregularidade referente ao exercício da ação penal pelo seu titular (MP,
querelante).

Trata-se de exceção privativa do acusado, uma vez que se volta contra a


titularidade do exercício do direito de ação.

EXCEÇÕES PEREMPTÓRIAS: visam a extinção do processo.


EXCEÇÃO DE LITISPENDÊNCIA: tem como fundamento o fato de que ninguém pode
ser acusado pela mesma infração penal, evitando-se o “bis in idem”. Pressuposto é
a existência de DOIS PROCESSOS PARA A MESMA INFRAÇÃO PENAL.

Tem por fundamento legal o principio do non bis in idem, qual seja, ninguém pode
ser processado ou condenado duas vezes pelo mesmo fato. Uma vez acatada gera a
extinção do feito posterior, podendo ser declarada ex officio ou provocação, em
qualquer fase do processo. Se negada, pode o interessado ingressar com pedido de
habeas corpus para trancamento da ação penal, anulando-se sempre o segundo
processo.

Só pode ser aguída depois de efetivada a citação do réu.

EXCEÇÃO DE COISA JULGADA: utilizada quando há ocorrência de outro processo


DEFINITIVAMENTE JULGADO. A sentença tem o caráter de imutabilidade e
indiscutibilidade APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO.

Também tem como fundamento legal o principio do non bis in idem, qual seja,
ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo fato, havendo necessidade de
um processo anterior já julgado, no que se diferencia da exceção de litispendência
que exige tão somente dois processos em curso, sem a exigência de trânsito em
julgado da decisão.

Tanto a exceção de litispendência, quanto a exceção de coisa julgada, visam


preservar a segurança e a estabilidade das decisões judiciais, protegendo a coisa
julgada e o ato jurídico perfeito.

Devemos lembrar que no processo penal brasileiro, somente se admite a revisão da


sentença já transitada em julgada em favor do réu, quando o mesmo foi condenado
com base em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos ou
quando após a sua condenação surgem novas provas de sua inocência, utilizando-se
para tanto da revisão criminal.
Tanto a exceção de coisa julgada, quanto a exceção de litispendência devem
possuir os seguintes requisitos para extinção do processo:

a) mesmo réu;
b) mesmos fatos;
c) mesma imputação;
d) decisão transitada em julgado (para exceção de coisa julgada);
e) processos idênticos em curso (para a exceção de litispendência).

COISA JULGADA FORMAL: ocorre quando é referente a matéria processual, não


havendo mais recurso cabível.

COISA JULGADA MATERIAL: refere-se a qualidade da sentença quanto aos seus


efeitos. No processo penal a sentença pode ser revista em alguns casos:
IMPRONÚNCIA quando surgirem novas provas da autoria ou da materialidade e na
REVISÃO CRIMINAL.

As exceções são sempre opostas por escrito, ORALMENTE é oposta no Tribunal do


Júri em relação ao jurado sorteado.

SÃO OPOSTAS EM AUTOS APARTADOS, sendo que a LITISPENDÊNCIA, ILEGITIMIDADE


DE PARTE E DA COISA JULGADA não suspendem o curso do processo.

SÓ SUSPENDE O ANDAMENTO DO PROCESSO A EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO.

COISAS APREENDIDAS:

No processo penal muitas vezes são apreendidas coisas, objetos, instrumentos que
tem relação com o crime ou sejam produtos dele.
Estes objetos são submetidos a exame pericial e são devolvidos a vítima ou ao
criminoso quando não tiverem relação com o objeto do processo.

Não são devolvidos as armas e os instrumentos do crime, pois uma das


consequências da condenação é a perda destes objetos para a União (art. 91 do
CP).

Para que seja feita a restituição quando esta é negada pelo delegado cabe o pedido
ao juiz, sendo que da decisão de indeferimento cabe o Recurso em Sentido Estrito.

A restituição é cabível quando a certeza do direito e falta de interesse para o


processo. OPONÍVEL TAMBÉM O MANDADO DE SEGURANÇA.

Geralmente as coisas apreendidas são restituídas ao interessado, desde que este


comprove a propriedade da coisa ou quando estas não mais interessarem ao
processo (já foram periciadas). São restituídas após o trânsito em julgado, podendo
o prejudicado ingressar no inquérito policial com pedido de restituição de coisas
apreendidas.

O juiz criminal não decide sobre o pedido de reconhecimento de propriedade da


coisa, e em caso de dúvida acerca desta condição remete as partes para debaterem
a questão na esfera cível.

As coisas deterioráveis serão avaliadas e levadas a leilão público e o dinheiro


arrecadado deverá ser depositado em conta judicial, e o dinheiro será destinado ao
terceiro ou ao prejudicado.
Somente devem ser apreendidos os obejtos, coisas, instrumentos que tenham
relação direta ou indireta com o crime ou que seja produto da infração penal, uma
vez que estes, se condenado o réu, serão confiscados pela União, respeitando-se
sempre o direito do lesado ou do terceiro de boa-fé.

CAPÍTULO VII- DAS MEDIDAS ASSECURATÓRIAS OU CAUTELARES (Art. 125 do CPP).


MEDIDAS CAUTELARES NO DPP

A medida cautelar tem como finalidade principal assegurar o cumprimento de uma


obrigação, que pode decorrer da obrigação de reparar o dano que é conseqüência
da sentença penal condenatória.
Visa garantir a reparação do dano causado pelo crime. Temos como exemplos: o
seqüestro, o aresto e a hipoteca legal.
Tem natureza preventiva, sendo necessária a prova do fumus boni juris (existência
de um direito que ampara a pretensão) e do periculum in mora (perigo de
perecimento ou perda do direito em face da demora da prestação jurisdicional)..
Deve ser acrescido que pode ser utilizada para todos os bens que o réu tenha
adquirido com proveito do crime ou vantagens deste.
As medidas cautelares podem ser usadas para apreensão de coisas ou objetos que
devam ser usados como meios probatórios, para a reparação do dano ou de coisas
ou objetos adquiridos com proventos da infração delituosa, evitando o
enriquecimento ilícito por parte do agente criminoso.
Podem ter natureza prebentiva como escopo de ser usadas como prova antes do
processo, e como natureza conservativa para propiciar a reparação do dano depois
do processo.
Estas medidas cautelares tem como objetivo a apreensão e depósito da coisa ou do
objeto, com a finalidade de proteger o direito do lesado ate a decisão final do
processo.
Incidem sobre sobre os bens imóveis adquiridos com proventos da infração penal. O
reu pode se defender destas medidas cautelares através de embargos (alegando
que não foi adquirido com proventos do crime ou que foram adquiridos antes da
prática do delito) ou através do mandado de segurança, argumentando infração ao
direito de propriedade.
Pode ser decretada através de pedido por parte do interessado ou de oficio pelo
Juiz.
O seqüestro é utilizado para bens imóveis adquiridos com produtos da infração
penal, bastando indícios da aquisição ilegal do imóvel. Pode ser decretado mesmo
que o imóvel tenha sido transferido a terceiros. Pode ser realizado em qualquer
fase do inquérito ou do processo. Tem como requisito, para valer contra terceiros,
que ele seja inscrito no Cartório de Registro de Imóveis.
O acusado pode se defender do seqüestro alegando, através de embargos, que os
bens não são provenientes de atividade delituosa, pelo terceiro desde que tenha
sido transferido de forma onerosa e deve demonstrar a sua boa-fé.
As hipóteses de levantamento do seqüestro são quando a ação penal não for
intentada no prazo de 60(sessenta) dias, quando o terceiro prestar caução, ou
quando o réu for absolvido ou for extinta sua punibilidade.
O processo de seqüestro é autuado em apenso, os bens serão depositados em poder
do depositário judicial ou de terceiro.
Já quanto aos bens móveis podem eles ser alvo também do seqüestro, desde que,
obviamente, tenha indícios de proveniência dos mesmos de ato delituoso.Após
decretado seqüestro estes bens serão vendidos em hasta pública e o numerário
obtido será utilizado para pagamento das vítimas do crime.
Já a hipoteca legal é um direito real de garantia instituído sobre o bem imóvel do
acusado, visando garantir o adimplemento dos danos causados pelo crime. A
hipoteca legal é uma garantia, de sorte que, não transfere o bem para o acervo da
vítima.
A hipoteca legal pode ser convencional (resulta de acordo entre as partes), pode
ser legal (resulta da lei) ou judicial (instituída pelo juiz através da sentença).
Pode ser instituída para pagamento das custas do processo, da pena de multa e dos
danos causados pelo crime, pouco importando se o imóvel é o único pertencente ao
acervo do criminoso ou se este foi adquirido com proventos do crime.
Necessita de requerimento por escrito da vítima ou de seus representantes legais,
por intermédio do Ministério Público e somente pode ser requerida no processo
criminal.
Deve a hipoteca legal ser inscrita no CRI e somente pode ser requerida a hipoteca
após instaurada a lide criminal. Necessita de indícios veementes de autoria e
materialidade do delito, devendo o interessado apresentar o valor dos danos e o
bem sobre o qual deve recair a medida supra citada.
O pedido é autuado em apenso, e após a defesa do réu, caso o juiz se convença da
necessidade desta cautelar o juiz determinará a inscrição no Cartório de Imóveis. O
recurso cabível da decisão que determinar ou não a hipoteca legal, será o recurso
de apelação.
Devemos observar que após a sentença criminal condenatória transitar em julgado,
o juiz deve remeter as partes para a esfera cível para que lá seja procedida a
execução e alienação forçada do bem hipotecado.

Tem como pressuposto a existência do “fumus boni juris” e o “periculum in mora”.

Visa assegurar eventuais direitos das pessoas lesadas com a prática de um crime,
servindo para assegurar o ressarcimento do dano.

SEQUESTRO: é a retenção de bens imóveis e móveis que foram conseguidos COM O


PRODUTO DA INFRAÇÃO PENAL.

Para os bens móveis é nomeado um DEPOSITÁRIO, e para os bens imóveis é


necessário A INSCRIÇÃO DO SEQUESTRO NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS.

O sequestro é requerido em autos apartados.

O levantamento do sequestro pode ser feito através de embargos ou de embargos


de terceiro, podendo ser levantado:

a) pelo não ajuizamento da ação penal em 60 (sessenta) dias, depois da efetivação


do sequestro;

b) quando o terceiro presta caução;

c) quando ocorrer a absolvição do réu ou a extinção de punibilidade.

HIPOTECA LEGAL: é uma garantia em relação á terceiros com preferência a


demais credores. Só para bens imóveis.
Pode ser convencional (feita através de acordo entre as partes), judicial (quando
determinada por sentença do juiz) ou legal (quando instituída pela lei : vítima ou
herdeiros dela sobre os imóveis do autor do crime - CC. artigo 827, VI ou em
relação a Fazenda para percebimento da pena pecuniária - CC. Artigo 827, VII do
CC).

É necessária a certeza da infração penal e indícios da autoria. É realizado através


de pedido por escrito ao juiz, e do deferimento ou indeferimento cabe o recurso de
apelação.

ARRESTO: é uma medida cautelar que recai sobre qualquer bem do autor do crime
que garanta o pagamento da dívida.

Diferencia-se do sequestro, haja vista que este incide SOBRE BENS ADQUIRIDOS
COMO PRODUTO DO CRIME.

Recai sobre bens para a garantia de sucesso na execução de sentença ou na ação


de reparação de danos. Recai sobre BENS MÓVEIS (depositário) ou IMÓVEIS
(inscrição no CRI).

O MP pode agir quando as pessoas são pobres na acepção jurídica do termo. A


busca e apreensão no Processo Penal , É USADA COMO MEIO PROBATÓRIO e NÃO
COMO AÇÃO CAUTELAR, QUE É ESPECÍFICA DO PROCESSO CIVIL.

DENOMINADA TAMBÉM DE SEQUESTRO PRÉVIO.

CAPÍTULO VII- INCIDENTE DE FALSIDADE (Arts. 145 do CPP).

É um procedimento usado para levantar, no curso do processo, a alegação de


falsidade contra documentos ou atos judiciais que possam influir na decisão da
causa. É um processo incidente usado para se apurar a veracidade de um
documento apresentado como prova. Se provado que o documento é falso, o
agente responde pelo delito de falsidade documental.
A falsidade pode ser de três tipos: a material, a ideológica e a pessoal. A
falsidade material recai sobre a coisa, alteração, supressão ou contrafação.A
ideológica é referente ao conteúdo do documento. Já a falsidade pessoal recai
sobre a identidade da pessoa.
O pedido é feito em autos apartados, sendo necessário poderá ser feita a
perícia com dois peritos para afirmarem a falsidade.

È usado quando é levantado no curso do processo alegação de falsidade contra


DOCUMENTOS OU ATOS JUDICIAIS que possam influir na decisão da causa.

È um processo incidente usado para se apurar a VERACIDADE de um documento


apresentado como prova. Se provado que o documento é falso, o agente responde
pelo delito de falsidade documental.

A falsidade pode ser de três tipos;

FALSIDADE MATERIAL: sobre a coisa, alteração, supressão ou contrafação.

FALSIDADE IDEOLÓGICA: referente ao conteúdo do documento.

FALSIDADE PESSOAL: recai a falsidade sobre a identidade da pessoa.

O pedido é feito em autos apartados, sendo necessário poderá ser feito PERÍCIA
COM DOIS PERITOS PARA AFIRMAREM A FALSIDADE.

O incidente de falsidade documental tem como escopo impugnar documento tido


como viciado, fazendo o interessado, prova através deste incidente, de que o
documento impugnado não corresponde a realidade e não serve como elemento de
prova. Uma vez aceita a impugnação, sua conseqüência é o desentranhamento do
documento dos autos.
INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL (149 do CPP).

Peça utilizada para se averiguar a responsabilidade penal do agente. Como


se sabe a averiguação da capacidade penal do agente está adstrita a dois
requisitos: o biológico – qual seja a idade do acusado; e a capacidade – sujeita a
análise da compreensão do agente - sobre a ilicitude de seu comportamento, ou
capacidade de entender o caráter ilícito do fato.
Ela tem fundamento no artigo 26 do Código Penal, para isentar o réu de
pena e aplicar medida de segurança, no caso do agente ser absolutamente incapaz
de entender o caráter ilícito do fato ou no caso do agente ser relativamente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato, reduzindo-se a pena de 1/3 a 2/3; é
utilizada quando existe dúvida sobre a insanidade mental do acusado.
Anteriormente, o sistema utilizado pelo Código Penal Brasileiro era o sistema
do duplo binário, onde o Juiz, ao condenar o réu impunha a pena e também a
medida de segurança. Todavia, o sistema hoje adotado é o vicariante, onde o Juiz
pode aplicar a pena ou a medida de segurança, não havendo mais a possibilidade
de aplicação de ambas as medidas. Fica com isso, pela adoção do sistema
vicariante a pena reservada para o imputável e a medida de segurança aos
inimputáveis.
Nesse caso, é realizado exame pericial no acusado por dois peritos e se
nomeia um curador ao mesmo. Na fase judicial, pode ser indicado assistente
técnico e existe possibilidade de oferecimento de quesitos. Se for provada a
sanidade do acusado, o pedido deve ser indeferido pelo Juiz, pois, muitas vezes,
trata-se de medida procrastinatória.
Mas se a perícia considerar o réu absolutamente incapaz, absolve-se o réu e
aplica-se medida de segurança, podendo causar até o internamento em manicômio
judicial.
No caso de a perícia considerar o réu relativamente incapaz, o juiz deve
reduzir a pena aplicada de 1/3 a 2/3 pela incidência do artigo 26, Parágrafo Único
do Código Penal.
Essa perícia pode ser realizada “ex oficio” pelo Juiz, pelo MP, ou a
requerimento do advogado do réu ou de seus familiares. Entretanto, necessário se
faz, para o deferimento do incidente de insanidade mental, que o réu apresente
sinais visíveis de perturbação mental.
Uma das condições que o Direito Penal brasileiro exige para que um agente
seja punido por um ato ilícito é que ele tenha capacidade para entender que a sua
conduta feriu um bem jurídico e que esse agente deve ser responsabilizado por
seus atos, de acordo com a pena prevista para cada infração penal cometida. Esse
princípio é chamado de Imputabilidade.
Todavia, existem casos que o agente não pode ser responsabilizado
criminalmente, por faltar-lhe discernimento para distinguir o que é certo do que é
errado. Falta-lhe a capacidade, termo que significa a possibilidade do agente de
entender e de compreender que o ato que praticou é ilícito.
Às vezes, pode faltar ao agente a capacidade derivada de alguma doença,
bebida, uso de drogas, que o levam a um desenvolvimento mental incompleto ou
retardado e que o torna inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do seu
ato.
Neste sentido temos o artigo 26 do Código Penal, e daí temos duas
conseqüências básicas:

a) Se o agente for inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do


ato, não haverá sentença de condenação, mas sim a substituição da pena por
medida de segurança.

b) Pode ser que o agente seja relativamente incapaz de entender o


caráter ilícito do fato, e neste caso, não há imposição de medida de segurança,
mas sim uma redução na pena.
Esse incidente de insanidade mental é utilizado quando existem dúvidas
sobre a integridade mental do acusado e os Pressupostos para a utilização da
presente peça processual são os seguintes:

a) Dúvida razoável sobre a integridade mental do acusado;


b) Pode ser instaurado de ofício ou a pedido das partes, ou até mesmo
pela Autoridade Policial.
c) Processa-se em autos apartados;
d) Pode ser instaurado em qualquer fase do processo, inquérito policial
ou até mesmo em fase de execução da sentença.

Há argüição de insanidade mental do acusado também no Tribunal do Júri e,


se o juiz entender cabível o incidente, deve suspender a sessão do Júri, dissolver o
Conselho de Sentença e submeter o acusado ao exame pericial (psiquiátrico).
Não cabe nenhum recurso da decisão que acolhe o pedido de insanidade
mental. Do indeferimento, o acusado pode pleitear junto à Instância superior
ordem de habeas corpus, para que se determine a realização do exame pericial.
O incidente de insanidade mental possui os seguintes efeitos práticos:

a) Causar a suspensão da ação penal até a realização do exame;


b) o juiz deve nomear curador ao réu;
c) o juiz deve nomear os peritos judiciais e determinar a internação do
acusado em estabelecimento adequado para a realização do exame;
d) o acusado pode, na fase processual, oferecer quesitos.

O prazo para realização do exame é de 45 (quarenta e cinco) dias.Este


exame pericial tem como finalidade de verificar a existência de alguma doença
mental, perturbação da saúde ou do desenvolvimento mental ou retardado.
Se o acusado for considerado inimputável o processo tem a sua marcha
regular, mas obrigatoriamente com a presença de um curador nomeado ao
acusado. Ao final, o juiz deve absolver o réu e aplicar-lhe a medida de segurança
consistente em internação ou tratamento ambulatorial.
Caso o acusado seja relativamente incapaz de entender o caráter ilícito do
ato (art. 26, Parágrafo Único do CP), o processo segue a sua forma normal, e ao
final o juiz se for aplicar a pena deve obrigatoriamente reduzi-la.

Utilizada para se averiguar a responsabilidade penal do agente.

Tem fundamento no artigo 26 do Código Penal, para isentar o réu de pena e aplicar
medida de segurança, no caso do agente ser ABSOLUTAMENTE INCAPAZ DE
ENTENDER O CARATER ILICITO DO FATO ou no caso do agente ser RELATIVAMENTE
INCAPAZ DE ENTENDER O CARATER ILICITO DO FATO, reduzindo-se a pena de 1/3 a
2/3.

Utilizada quando existe dúvida sobre a insanidade mental do acusado.

É realizado EXAME PERICIAL no acusado por DOIS PERITOS, nomeando-se CURADOR


ao mesmo.

Na fase judicial pode ser indicado ASSISTENTE TÉCNICO e existe possibilidade de


oferecimento de QUESITOS.

Não havendo dúvidas, o pedido deve ser indeferido pelo Juiz, pois muitas vezes
trata-se de medida procrastinatória.

Tratando-se de perícia que considere o RÉU ABSOLUTAMENTE INCAPAZ, absolve-se


o réu e aplica-se medida de segurança, podendo causar até o internamento em
manicômio judicial.

Tratando-se de perícia que considere o RÉU RELATIVAMENTE INCAPAZ, o juiz deve


reduzir a pena aplicada de 1/3 a 2/3 pela incidência do artigo 26, Parágrafo Único
do Código Penal.

Pode ser realizada “ex oficio” pelo Juiz, pelo MP, ou a requerimento do advogado
do réu ou de seus familiares.

NECESSÁRIO SE FAZ PARA O DEFERIMENTO DO INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL


QUE O RÉU APRESENTE SINAIS VISÍVEIS DE PERTURBAÇÃO MENTAL.

A defesa processual tem duas vertentes: a primeira em relação ao Mérito, e a


segunda em relação à Defesa contra o Processo. A primeira é denominada de
Defesa Direta e a segunda de Defesa Indireta.
No processo, a defesa indireta se volta contra pressupostos processuais e contra as
condições da ação (possibilidade jurídica do pedido, legitimação para agir e
interesse de agir).

As questões incidentais são referentes ao formalismo processual e relacionam-se


com o desenvolvimento válido e regular do processo, não se discutindo mérito da
causa; é um acidente no curso do processo entre o pedido e a sentença de mérito.
São denominadas também de prejudiciais, pois são um obstáculo que se forma para
a prolação de uma sentença de mérito.

CAPÍTULO VIII- DA PROVA

INTRODUÇÃO.

As provas são sem dúvida alguma o ponto crucial em qualquer processo, pois elas
servem para convencer o juiz da existência ou não de alguma ato ou fato.

Estas devem obedecer aos principais principais princípios processuais do devido


processo legal, do contraditório e da ampla defesa.

1. CONCEITO: é o conjunto de elementos produzidos pelas partes ou pelo próprio


juiz, visando estabelecer dentro do processo a existência ou inexistência de
certos fatos.

2. Função da prova: convencer a quem julga a existência ou inexistência de


algum fato. Serve para esclarecer a quem julga sobre algum ponto que se
encontra obscuro.

3. A prova no Processo Penal: a prova no processo penal segue um primordial


princípio: o da verdade real, onde o juiz pode por si produzir elementos
probatórios para julgar a lide.
Difere do processo civil, onde o juiz fica preso aos elementos probatórios
fornecidos pelas partes – princípio da verdade formal- , onde o autor se não prova
aquilo a que se propôs, tem como consequência a improcedência da ação.

4. Princípios sobre as provas:

a) comunhão das provas: significa que a prova produzida pode ser usada por
qualquer parte, significa que a prova produzida tem interesse comum, pouco
importando quem a produziu.

b) averiguação: vem do Direito Alemão, onde o magistrado ou julgador tem


liberdade em buscar provas para decidir a lide, uma vez que não pode se
utilizar do non liquet.

c) Imediação: originária do Direito Espanhol, tem como consequência em que a


sentença deve se basear nas provas produzidas no processo, trata-se do célebre
brocardo - o que não existe nos autos, não existe no mundo jurídico.

d) oralidade: é a predominância da palavra falada sobre o escrito.

e) Concentração: trata-se de um momento próprio dentro do processo, onde são


realizadas as provas de acusação e de defesa, ou em alguns casos a audiência
de instrução, debates e julgamento, onde as provas são produzidas em uma só
audiência.

f) Publicidade: as provas são públicas por natureza.

g) Verdade Real: trata-se da possibilidade do juiz interferir na prova buscando a


realidade dos fatos.
h) Audiência contraditória: a parte contrária tem o direito de manifestar-se sobre
a prova produzida, através de perguntas, perícias ou impugnações. Trata-se da
bilateralidade.

5. Objeto da prova: são elementos de fato para esclarecer a quem julga.


OBJETO DA PROVA VERSA SOBRE AS QUESTÕES FÁTICAS, OU SEJAM, PROVAM-
SE OS FATOS.

6. SISTEMAS DE APRECIAÇÃO DAS PROVAS:

A) PAGÃO OU RELIGIOSO: as provas tem um valor préfixado, ou seja, as provas


tem em si um valor determinado. Por exemplo: a confissão é a rainha das
provas.

a) SENTIMENTAL: o juiz não precisa dar as razões de seu convencimento para a


sua decisão. No Brasil ainda existe, trata-se do júri, ou livre convencimento
não motivado.

b) CONVICÇÃO LEGAL: julgamento baseado na lei (Direito Natural).

c) LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO: é o adotado no Brasil, onde o julgamento é


realizado pelas provas contidas no processo, onde o juiz deve manifestar-se de
forma fundamentada sobre a adoção de sua razão de decidir.

7. FONTES DA PROVA:

Denúncia, Defesa Prévia, Libelo Crime Acusatório, e Contrariedade do Libelo e no


Inquérito Policial.

8. PROVAS CIENTÍFICAS: muito utilizadas no Direito Estrangeiro, vedadas no


Brasil pois atingem a integridade física ou moral do acusado. Exemplos: o soro
da verdade, narcoanálise, detector de mentiras e o bafômetro.
9. DIREITO DO ACUSADO: O acusado pode mentir ou permanecer em silêncio,
pois o ônus da prova é da acusação. Ninguém é obrigado a fazer prova contra
si próprio.

10. PROIBIÇÃO DA UTILIZAÇÃO DA PROVA ILÍCITA: os elementos de prova devem


ser legitimamente obtidos, vedada a utilização das provas obtidas por meio
ilícito. Trata-se da teoria dos frutos da árvore envenenada. Existem três
teorias a respeito da prova ilícita:

a) a prova ilícita não pode ser utilizada por nenhuma parte;


b) a prova ilícita somente pode ser usada em favor do réu;
c) a prova ilícita pode ser utilizada por qualquer parte, mas o responsável pela
produção da ilicitude é punido pelo crime correspondente.

11. DÚVIDA DO JUIZ NO PROCESSO: se houver dúvida no curso do processo, o juiz


pode dirimi-la através da produção da prova, através do princípio da verdade
real. (CPP, art. 156).

12. DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA:

Trata-se da Lei número 9269 de 24 de julho de 1.996, que permite a interceptação


de ligações telefônicas ou de correspondências, somente com ordem judicial e
desde que o crime seja apenado com reclusão, quando houverem indícios de
autoria e materialidade e quando a prova não puder ser realizada de outra
maneira. Apenas deve ser juntada ao processo as conversas ou escritos que
interessarem ao feito, devem os outros obtidos serem destruídos.

13. PROVA EMPRESTADA:

Trata-se de material probatório obtido em processo diferente, mas que serve de


prova em processo diverso. Os documentos que interessem ao processo posterior
são transportados para o processo, para alí servirem também de material
probatório.
Para ser aceita necessário se faz que tenha sido produzida num processo, com as
mesmas partes sob a égide do princípio do contraditório.

14. ÔNUS DA PROVA:

Tem o ônus – ou seja a obrigação de provar – a parte que alega, como no processo
civil. Assim a parte que alega tem que demonstrar através dos elementos de prova,
aquilo que afirma ou nega para o julgador.

Assim, no processo penal a acusação deve provar a autoria do crime, a sua


materialidade, as qualificadoras, ficando, a defesa incumbida de provar as causas
excludentes, as atenuantes e os benefícios.

Não se permite neste diapasão as provas ilícitas – aquelas que decorrem da violação
de direito material – e muito menos, as provas ilegítimas – que são as provas
obtidas e conseguidas através da violação de normas de direito adjetivo (normas
processuais).

Cumpre ainda lembrar que o juiz pode complementar a prova, através do princípio
da verdade real, onde este busca o material probatório onde quer que ele se
encontre, uma vez que este não pode se eximir de julgar, adotando o non liquet.

DO EXAME DE CORPO DE DELITO E PERÍCIAS

1. Fundamento: em certos processos, o julgador ou as partes necessitam de


esclarecimentos para o deslinde da causa procurando, assim, auxílio nas
ciências ou nos ramos auxiliares do Direito.
Neste caso, é necessário as partes ou ao julgador recorrer a pessoas que possuam
conhecimento técnico especializado em algumas áreas.
Essas pessoas, então, são designadas de peritos e produzem laudos periciais.

No processo penal pátrio, segundo a Lei 8862/94 há necessidade de laudo pericial


assinado por dois peritos, sob pena de nulidade (Súmula 361 do STF).

2. AUSÊNCIA DE PERITOS OFICIAIS: inexistindo peritos oficiais, é lícito ao julgador


nomear outras pessoas como peritos para realizar o trabalho pericial, desde
que estas pessoas possuam conhecimento técnico especializado.

3. MOMENTO PARA A REALIZAÇÃO DO EXAME PERICIAL: normalmente os exames


periciais são realizados na fase policial, mas nada impede que seja realizados
em Juízo, de ofício, ou a requerimento das partes.

4. OBRIGATORIEDADE: o exame de corpo de delito é indispensável sempre que a


infração penal deixar vestígios, como é o caso dos crimes materiais.

5. RECURSOS DO INDEFERIMENTO DE PERICIA REQUERIDO PELAS PARTES: pode


ocorrer que exista pedido da parte interessada na realização de exame pericial
e haja negativa do magistrado, neste caso, havendo recusa pode o prejudicado
impetrar mandado de segurança ou mesmo habeas corpus, ou mesmo, reiterar
o pedido através de pedido de reconsideração dirigido ao próprio magistrado.

6. PARTICULARIDADES: as partes podem oferecer quesitos, impugnar o perito


nomeado e até mesmo contrariar o laudo.

7. COMPOSIÇÃO DO LAUDO: o laudo pericial é composto de um preâmbulo


(introdução), exposição (onde o perito narra os objetivos do trabalho pericial),
de uma discussão (onde o perito apresenta as diversas soluções para o
problema proposto e responde aos quesitos das partes) e a conclusão (parte
final do laudo onde o perito conclui o trabalho e apresenta o seu parecer
final).

8. O JUIZ E O TRABALHO PERICIAL: antigamente o juiz era vinculado ao laudo


pericial e deveria sempre aceitá-lo, era o sistema vinculatório. Todavia, hoje,
adota-se o princípio do livre convencimento, onde o magistrado não está
adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou recusá-lo ou determinar a realização
de nova perícia, desde que o faça de forma fundamentada.

9. PERITOS: ao serem nomeados os peritos nomeados são compromissados, e se


realizarem um trabalho pericial que não condiza com a realidade ou que
elaborem um trabalho pericial falso, podem ser processados pelo crime de
falsa perícia.
1. CONCEITO: trata-se do conjunto de vestígios deixados pela infração penal.
Temos como exemplo, os crimes materiais de homicídio, lesões corporais,
falsificação, estupro etc.

2. UTILIZAÇÃO: esse exame serve sempre para determinar a materialidade do


crime. Utilizado obrigatoriamente nas infrações que deixam vestígios (crimes
materiais) e nestes tipos de delito são obrigatórios.

3. Exemplos e denominação: no crime de homicídio é feito no cadáver o exame


necroscópico, autópsia ou necrópsia, nos crimes sexuais é realizado na vítima o
exame de conjunção carnal., no estelionato é realizado o exame grafotécnico.

4. EXAME DE CORPO DE DELITO INDIRETO: quando não é possível a realização do


exame pericial por ausência ou desaparecimento do objeto a ser periciado.
Exemplos: afogamento (corpo não encontrado) ou furto (coisa não
recuperada).

O valor deste tipo de prova é relativo, pois deve ser confirmado por outros meios
de prova (vg, prova testemunhal).
5. EXAME NECROSCÓPICO: é o exame cadavérico (autópsia ou necropsia). Prazo:
seis horas após o óbito (catalepsia ou letargia).

6. EXAME INTERNO: é realizado apenas quando a causa mortis é desconhecida.


Fora disso, tratando-se de causa mortis aparente (ex. acidente, pessoa
degolada) não é necessário.

7. Também no local do crime é realizado um trabalho pericial, onde são tiradas


fotos do lugar do crime, posição do cadáver e das manchas de sangue.

8. EXUMAÇÃO: trata-se do exame realizado no cadáver após o mesmo ter sido


sepultado (art. 163 do CPP).

9. EXAME DE LESÕES CORPORAIS: é realizado para se averiguar as lesões que


foram produzidas por certos agentes, que ofenderam a integridade física de um
ser humano. Em se tratando de lesão corporal de natureza grave e gravíssima,
após trinta dias do primeiro exame, tem-se como necessário o exame
complementar. Caso este não seja realizado, já é entendimento pacífico da
jurisprudência em desclassificar o delito de natureza grave ou gravíssima,
para o caput do artigo 129 do Código Penal que é o delito de lesões corporais
de natureza leve.

10. OUTROS EXAMES PERICIAIS:

a) exame de laboratório: utilizado nos delitos praticados contra a saúde pública.


Ex: envenenamento de água potável.

b) Avaliação: trata-se de exame pericial usado nos crimes contra o patrimônio,


tem como finalidade apurar o valor do objeto subtraído e se este é de
pequeno valor.

c) Crimes de furto: neste tipo de delito, o exame pericial é realizado nos casos
de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo ou mediante escalada.
d) Incêndio: é realizado o trabalho pericial para se investigar as causas do
incêndio, o lugar onde o incêndio teve início para fins de se apurar possíveis
crimes de estelionato ou dano e ainda para fins de seguro.

e) Exame grafotécnico: usado basicamente nos crimes contra patrimônio –


normalmente nos crimes de estelionato – para se identificar o autor do escrito.

f) Exame nos instrumentos, armas ou objetos do crime: tem como escopo


analisar se aqueles objetos, armas ou instrumentos utilizados na prática do
delito, tem potencialidade lesiva, para se apurar se o instrumento, arma ou
objeto era idôneo para a prática de delitos.

g) Bafômetro: introduzido como o Código Nacional de Trânsito, é usado para se


perquirir o grau de embriaguez do agente.

h) Exame Químico –Toxicológico: é usado normalmente em delitos de porte ilícito


de substância entorpecente ou tráfico de drogas, para se investigar se a droga
possui substância capaz de levar a dependência física ou psicológica.

DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO

1. CONCEITO: O interrogatório vem da palavra latina interrogare – e é o conjunto


de perguntas que a autoridade dirige ao acusado a respeito da acusação contra ele
formulada. Trata-se do início da fase instrutória do processo penal.

2. Funções: o interrogatório tem a função de identificar o acusado, de dar ciência a


este das acusações contra ele formuladas, de dar oportunidade ao réu de contestar
as acusações, e por fim, obter em alguns casos sua confissão.
3. Identificação do acusado: são feitas indagações ao acusado sobre o seu nome,
naturalidade, estado civil, filiação, residência, profissão e o lugar onde exerce as
suas atividades profissionais.

4. Opções do Réu: como se sabe o réu não tem o ônus de provar e muito menos tem
a obrigatoriedade de produzir provas contra si, uma vez que esta obrigação é do
órgão acusatório. Assim o réu pode negar todos os fatos (negativa geral), pode
assumir os fatos (confissão), permanecer em silêncio ou mesmo assumir
parcialmente a prática do delito.

5. Procedimento prático do interrogatório: na vida forense, o interrogatório


normalmente começa pela leitura da denúncia pelo magistrado, posteriormente o
magistrado pergunta ao acusado sobre os fatos descritos na denúncia e por fim
indaga ao réu se tem alguma inimizade ou suspeita pelas testemunhas arroladas
pelo Ministério Público ou pelo querelante.

6. O interrogatório como meio de prova: o interrogatório é considerado como meio


de prova da defesa e da acusação, pelo princípio da comunhão das provas. A
doutrina dominante entende que o interrogatório é prova de defesa, pois
normalmente o réu ao ser ouvido apresenta a sua versão sobre os fatos articulados
na exordial acusatória.

A partir da vigência da Lei 10.792 de 01 de dezembro de 2.003, o


interrogatório, doravante, necessita da participação do advogado. Reserva, ao réu,
o direito de antes de ser ouvido, ter entrevista reservada com seu defensor. Exige o
CPP que o interrogatório do réu seja realizado na presença de seu defensor, que
pode, após as perguntas realizadas pelo Juiz, fazer perguntas ao interrogado,
conforme se observa do artigo 188 do Estatuto Processual Penal.
Embora deva ser realizado logo após o recebimento da denúncia, nada
impede que o interrogatório seja realizado em qualquer fase do processo, mesmo
após a prolação de sentença. É prova de defesa, pois o réu apresenta, livre de
qualquer vício ou coação, sua versão sobre os fatos. Nada impede que o acusado
permaneça calado e não responda às perguntas, sendo este direito elevado a foro
de constitucional.
Caso o acusado confesse o delito, sua confissão tem valor relativo, como
todas as outras provas processuais penais e só será aceita se corroborada por
demais elementos de prova e de convicção.
O interrogatório deve ser datilografado, assinado pelo juiz, pelo acusado, pelo
defensor, se estiver presente, e, no caso de réu menor, também pelo seu curador

Quando o acusado é menor de 21 (vinte e um) anos é necessário, no interrogatório,


a presença de um curador, como fiscal de seus interesses.

Normalmente o acusado é interrogado perante o juiz do local onde o crime se


consumou. Todavia, quando o acusado mora em Comarca diversa de onde está
sendo processado este é interrogado mediante carta precatória.

7. Forma do interrogatório: o interrogatório é feito de forma oral pelo Juiz ao


acusado através de perguntas. Posteriormente, de acordo com as respostas
dadas pelo acusado, o juiz dita as respostas ao escrivão em obediência estrita
ao seu conteúdo. Este ato é chamado de transcrição.

O réu surdo é arguído por escrito e a sua resposta é oral.

O réu mudo é questionado de forma oral e por escrito dará as suas respostas.

O réu surdo-mudo é interrogado por escrito e por escrito dará as suas respostas.

No processo penal utiliza-se o tradutor ou interprete quando o acusado é


analfabeto ou quando não se comunica pela linguagem dos sinais ou labial, ou
quando o acusado for estrangeiro que não conhece o idioma pátrio.

8. Obrigatoriedade do interrogatório: decorre do princípio do audiatur altera


pars, ou seja, seja ouvida a parte contrária e também do princípio de que
ninguém será condenado sem ser ouvido.
O interrogatório no processo penal tem o caráter de imprescindibilidade e estando
o réu presente – mesmo que tenha faltado no momento próprio – deve ser
interrogado.

10. Momento para a realização do interrogatório: como foi dito anteriormente, o


réu deve ser interrogado logo após o recebimento da denúncia. Deve o réu, então,
ser citado para ser interrogado. Nada impede que o réu seja interrogado em
qualquer fase do processo, mesmo que o processo esteja pendente de recurso em
Instância Superior ou qualquer momento que for encontrado.

Caso o réu tenha comparecido e não foi interrogado, trata-se de nulidade absoluta
do feito, que poderá ser arguída mediante ordem de habeas corpus.

11. Direito ao Silêncio: por força de mandamento constitucional o réu pode


permanecer em silêncio, não sendo o silêncio considerado como admissão tácita da
acusação. A parte final do artigo 186 do Código de Processo Penal foi revogada pelo
artigo 5º LXIII da Constituição Federal, uma vez que seu silêncio jamais pode ser
considerado e interpretado como prejuízo a sua defesa, uma vez que
permanecendo calado apenas e tão somente fez valer um direito
constitucionalmente adquirido.

12. Curador ao Réu Menor: Considera-se réu menor, o acusado maior de dezoito
anos de idade e menor de 21 anos. Essa idade deve ser levada em conta pelo
magistrado quando do interrogatório do acusado. Se este quando do interrogatório
judicial for menor de 21 anos, obrigatoriamente deverá ser assistido por um
curador nomeado pelo Juiz.

O curador pode ser qualquer pessoa maior, mas, na prática forense normalmente o
curador do réu menor é, na maioria dos casos, seu advogado que patrocinará a sua
defesa.
13. Momentos processuais do interrogatório:
Nos processos comuns, o réu é interrogado após o recebimento da denúncia ou da
queixa crime.

No Plenário do Júri o réu é inquirido após a formação do Conselho de Sentença, ou


seja, após o sorteio dos sete jurados.

Nos procedimentos regidos pela Lei 9.099/95, houve uma inovação: o acusado é
interrogado por último, após a colheita das provas.

Vale ressaltar, uma vez mais, que a qualquer tempo o réu pode ser novamente
interrogado, quando o juiz necessite de novos esclarecimentos para julgamento do
processo.

Um novo interrogatório pode a qualquer tempo ser realizado, a pedido das partes
ou até mesmo de ofício pelo juiz, pelo princípio da verdade real.

14. Suspensão do Processo e do Prazo Prescricional: uma vez recebida a denúncia


o réu deve ser citado para comparecer em Juízo e ser interrogado. Pode ocorrer
que o acusado não seja encontrado pelo Oficial de Justiça e seu paradeiro seja
ignorado por estar em lugar incerto e não sabido.

Neste caso, o réu deverá ser citado por edital publicado na Imprensa Oficial. Caso
não compareça e nem constitua advogado, ficarão suspensos o processo e o prazo
prescricional que somente voltarão a correr quando de seu comparecimento.

Neste caso, não impede ao Magistrado que determine a produção antecipada de


provas nomeando defensor dativo ao acusado. Nesta situação, o Ministério Público
poderá representar ao magistrado requerendo a prisão preventiva do acusado.

Anteriormente a esta disposição, o acusado se não fosse encontrado, seria citado


por edital e seria processado a revelia.
DA CONFISSÃO.

1. Conceito: é a admissão por parte do réu, total ou parcial, da acusação contra


ele formulada. Trata-se, pois, da admissão da autoria do crime.

2. Requisito Primordial: a confissão para ter validade deve ser espontânea,


desprovida de quaisquer dos vícios de consentimento. Quando a confissão é
obtida de forma ilícita como a tortura, trata-se de prova ilícita não admitida
em nosso ordenamento jurídico.

3. Valor Probatório: como os outros elementos de convicção, a confissão tem


valor relativo e deve ser sustentada por demais elementos de prova. Assim,
tem-se uma posição na doutrina de que a confissão obtida na fase policial tem
valor probatório relativo, enquanto que na confissão realizada em juízo, tem
valor absoluto, uma vez que se tem presentes os princípios da amplitude de
defesa e do contraditório.

4. Formas da Confissão: temos duas: a confissão implícita e a confissão explícita.

a) confissão implícita: é a confissão indireta, aquela que por presunção ou


dedução lógica, se consegue a autoria do crime. Trata-se de presunção juris
tantum, que admite prova e sentido contrário. Exemplo: ressarcir os danos
causados à vítima.

b) confissão explícita: é o tipo de confissão em que o acusado de forma


espontãnea reconhece a veracidade das acusações.

5. Momento da Confissão: geralmente a confissão é obtida no interrogatório do


réu ou em qualquer momento em que o acusado é ouvido.

6. Retratação da Confissão: retratar é voltar atrás, desdizer-se. Em qualquer


momento do processo, o réu pode se retratar da confissão, pois a qualquer
momento pode ser reinterrogado. Não é necessário qualquer requisito, vez que
se trata de direito do acusado.

O caso mais comum, em nossa vida profissional, é o caso do acusado confessar a


autoria do crime perante a Autoridade Policial, e posteriormente, em Juízo, negar
os fatos a ele imputados. Por isso, é que existe o cuidado por parte da Autoridade
Policial em arrolar duas testemunhas estranhas ao quadro da Polícia para servirem
de testemunhas de leitura, para evitar que em Juízo o réu utilize-se da
argumentação de que confessou porque foi coagida pela Policia Judiciária.

A retratação pode ser total ou parcial. No primeiro caso quando o acusado muda
todo o seu depoimento e no segundo caso quando muda apenas parte de seu
depoimento.

7. Requisitos da Confissão Válida: ao confessar um crime, o acusado deverá agir


de forma livre, o que significa que sua confissão deve ser voluntária com
intenção de dizer a verdade.

Tem-se como inválida a confissão obtida por defeitos do ato jurídico como erro,
dolo, coação, simulação ou fraude.

8. Confissão Ficta: ocorre apenas no Direito Civil, não encontrando-se presente no


campo do Direito Processual Penal a presunção de veracidade, devendo as
acusações serem provadas de forma convincente para o nascedouro de uma
sentença penal condenatória.

Como já dito se o réu for citado por encontrar-se em lugar incerto e não sabido,
deverá ser citado por edital. Se não comparecer e nem constituir advogado, o
processo ficará suspenso, bem como o prazo prescricional.

9. Benefícios inerentes à confissão: confessando o crime o infrator terá em seu


favor uma causa atenuante genérica. Pelo advento da Lei 9.807/99 em seu
artigo 13 poderá obter o perdão judicial ou redução de pena.
DAS PERGUNTAS AO OFENDIDO

1. Conceito: trata-se da palavra da vítima, ou seja, sujeito passivo da ação


delituosa.

2. Momentos da Oitiva da Vítima: a vítima é ouvida na fase policial e em juízo,


antes da oitiva das testemunhas de acusação.

3. Dispensa de Compromisso: a vítima é ouvida como declarante, e, portanto,


mesmo que mentir, falsear a verdade ou omitir certos fatos, não responderá
por delito de falso testemunho. Também não se aplica a vítima o instituto da
contradita.

4. Razões da Vítima não prestar compromisso: por motivos de ordem


psicológica, de muitas vezes estar abalada com o delito contra si praticado e
encontrar-se de forma inconsciente com animosidade contra o réu.

Além deste fato, soma o interesse que a vítima tem na condenação do réu, pois
obtendo a sentença condenatória tem a seu favor título executivo que pode ser
executado na esfera civil, a título de reparação de danos.

A vítima deve depor quando arrolada pelas partes, o seu não comparecimento
ocasiona a sua condução coercitiva.

5. Valor probatório: como em todo o processo penal, em matéria de provas, o


valor de suas declarações tem valor relativo. A vítima ao depor poderá ser
inquirida pelas partes. Assim, quando sua palavra resta isolada e não
corroborada por demais elementos de convicção, não serve para a adoção de
sentença condenatória.
6. Crimes praticado ás Escondidas: em certos crimes a palavra da vítima torna-
se indispensável, na ausência de demais provas. É o que ocorre nos
denominados delitos sexuais ou em roubos à mão armada. Neste caso, o
magistrado deverá agir com extrema cautela e se houver nas palavras da
vítima coerência e exatidão, pela natureza do crime e pela ausência de
demais provas, poderá prolatar decisão condenatória.

DA PROVA TESTEMUNHAL

1. Conceito: origina-se da palavra testemonium – trata-se da pessoa que atesta a


veracidade de um ato, prestando esclarecimentos, afirmando-os ou negando-
os. Tem como função primordial o esclarecimento do julgador.

2. Número de testemunhas que podem ser arroladas pelas partes: no processo


penal o número de testemunhados é delineado pelo tipo de procedimento.
Assim no procedimento comum para os crimes apenados com reclusão podem
ser arroladas oito testemunhas. Nos crimes apenados com detenção o número
de testemunhas a serem arroladas é de cinco. Nos procedimentos do Tribunal
do Júri o seu número é de oito testemunhas para a primeira fase do
procedimento e de cinco testemunhas que podem ser arroladas quando do
Plenário.

3. Peças Processuais que as testemunhas são arroladas: são arroladas pela


Acusação na Denúncia e no Libelo Crime Acusatório e pela defesa na defesa
prévia (art. 395) e na contrariedade ao libelo crime acusatório.

4. Testemunhas Referidas e Testemunhas do Juízo: testemunhas referidas são


aquelas pessoas que foram mencionadas em depoimentos de outras
testemunhas, mas que não foram arroladas pelas partes. Normalmente são
ouvidas pelo juiz, em respeito ao princípio da verdade real, e daí passam a
denominação de testemunhas do juízo, que conceitualmente, são aquelas
pessoas que não foram arroladas, mas que são ouvidas para esclarecimento dos
fatos.

5. Capacidade para ser testemunha: segundo a regra do próprio Código de


Processo Penal, toda a pessoa pode ser testemunha.

6. Compromisso: ao serem inquiridas as testemunhas são compromissadas, ou


sejam, não podem mentir, calar a verdade ou omitir fatos, sob pena de
responderem por crime de falso testemunho. Assim, as testemunhas prestam
compromisso de dizer a verdade, sob pena de responderem pelo delito de
falso.

7. Pessoas que não prestam compromisso: essas pessoas abaixo relacionadas


podem ser ouvidas, mas se mentirem não respondem criminalmente pelos seus
atos. São elas: doentes mentais, deficientes mentais, os menores de 14 anos,
as vítimas e ofendidos, o ascendente, o descendente, o cônjuge ou filho
adotivo do acusado. Essas pessoas são ouvidas como declarantes.

8. Menção aos costumes: trata-se da verificação em que o Juiz faz para averiguar
se a testemunha possui algum laço de parentesco entre as partes ou com o
acusado.

9. Crime de falso testemunho: ao verificar que a testemunha mentiu o


magistrado deverá apurar a conduta da testemunha na sentença, mandando
extrair cópias de seu depoimento e encaminhar a autoridade policial para a
instauração de inquérito policial. Ocorrendo o falso testemunho em Plenário do
Júri, o juiz de oficio ou as partes, deverão submeter a conduta da testemunha
ao conselho de sentença através de quesitação própria.

10. Forma do depoimento: as testemunhas devem permanecer separadas de forma


que não possam ouvir o teor do depoimento das outras. O depoimento é
prestado de forma oral, permitindo a consulta desta a apontamentos ou
escritos. É proibido a testemunha trazer o seu depoimento por escrito.
Também é de ressaltar que as testemunhas tem obrigação de depor e sua
recusa poderá dar causa a condução coercitiva ou ao crime de desobediência
conforme o caso.

11. Recusa: encontra-se prevista no artigo 206 do Código de Processo Penal.


Podem-se recusar a depor o ascendente, o descendente, o afim em linha reta,
o cônjuge, o irmão, o pai, mãe ou filho adotivo do acusado, por motivos de
compaixão ou solidariedade. Caso sejam ouvidos, deverão o ser, como
declarantes, sem o compromisso de dizer a verdade, portanto, não sujeitos ao
delito de falso testemunho.

12. Pessoas proibidas de depor: certas pessoas estão proibidas de depor em razão
de sua função (depositário), ministério (sacerdote), ofício (pessoas que
exercem sua função em cartórios judiciais) ou profissão (advogado, médico,
dentista, farmaceutico ou engenheiro), isto se o fato a ser testemunhado
decorreu do exercício de sua profissão. Esta proibição se faz necessária devido
ao sigilo que se emprega a certas profissões, podendo, se revelado constituir
crime ou infração disciplinar.

13. Contradita: prevista no artigo 214 do Código de Processo Penal, trata-se de um


meio impugnativo da testemunha, fazendo com que o juiz não a ouça como
testemunha, ou em caso contrário, se a ouvir que esta pessoa não seja ouvida como
testemunha, mas sim como mero declarante, o que retira em grande parte o teor
de validade de seu depoimento. Deve ser realizada antes do começo do
depoimento.

14. Arguição: são inquiridas em primeiro lugar as testemunhas de acusação e a


posteriori as testemunhas de defesa. Quem faz em primeiro lugar as perguntas é o
Magistrado e ao depois a parte que as arrolou, posteriormente passando a palavra
para a parte contrária. As perguntas são feitas por intermédio do magistrado, não
existindo a pergunta de forma direta.
Caso seja feita uma pergunta e houver o indeferimento desta pergunta pelo
Magistrado, a parte que se sentir prejudicada deverá fazer constar em ata o seu
protesto e a pergunta que foi indeferida, para posterior apreciação em eventual
recurso.

Também é proibido a parte realizar perguntas de forma subjetiva e respostas de


forma subjetiva, bem como conduzir o depoimento. As perguntas devem ser
objetivas e sem caracteres de subjetividade.

15. Redução a termo do depoimento das testemunhas: o magistrado deverá reduzir


a escrito as respostas dadas pelas testemunhas, e posteriormente deverá ser
assinado por ele, pelas partes, pelo acusado e pelo depoente.

Se a testemunha não souber assinar, poderá terceiro assinar por esta (a rogo) ou o
juiz deverá colher a sua impressão digital.

16. Testemunha com receio do acusado: como regra o testemunho deverá ser livre.
Caso a testemunha tenha receio de depor por medo do acusado, ou sentir-se
constrangida com a presença deste, o juiz poderá retirá-lo da sala e fazer constar
da ata a sua retirada (CPP, art. 217).

17. Local da inquirição: as testemunhas deverão ser inquiridas em audiência


própria na presença das partes e do magistrado. De regra, a testemunha é inquirida
no Fórum do lugar onde tem seu domicílio.

Certas pessoas são inquiridas em local especial como o Presidente da República, os


Governadores, os Vice Governadores, os deputados, senadores e os juízes de
direito, Ministros e Desembargadores.

18. Testemunha faltosa: as testemunhas são arroladas pelas partes na denúncia


(pela acusação) e na defesa prévia (pela defesa). Se estas forem arroladas com a
expressão na forma da lei, e se estas faltarem as partes podem insistir em seu
depoimento. Neste passo, poderão as testemunhas faltosas serem conduzidas
coercitivamente e responderem por desobediência e pagarem as custas pela sua
condução.

Caso a testemunha seja arrolada pela parte, com a expressão independentemente


de intimação, e caso esta falte, a parte não poderá insistir em seu depoimento.

As testemunhas nominadas de referidas ou do juízo poderão ser ouvidas pelo juiz


de ofício ou mediante requerimento das partes. Esse pedido se faz na fase do
artigo 499 do CPP que é a fase própria para se requerer diligências
complementares.

19. Outras formas de inquirição das testemunhas:

a) por carta precatória: quando a testemunha reside em local diverso de onde


corre o processo;

b) por carta rogatória: quando a testemunha reside em país diverso de onde corre
o processo.

Quando existe a expedição de carta precatória, a defesa deve ser intimada da


expedição da deprecata ou da rogatória, sendo que, se não houver tal intimação,
dar-se-à causa a nulidade do processo, por falta de formalidade essencial a
validade do ato.

A expedição de carta precatória não suspende o processo penal, que segue o seu
curso normal.

20. Depoimento ad perpetuam rei memoriam: como foi afirmado anteriormente


existe um momento próprio para a realização da audiência para a oitiva das
testemunhas. Todavia, esta audiência pode ser antecipada quando a testemunha
tiver de se ausentar ou quando a testemunha estiver doente ou de idade já
avançada, para se evitar o perecimento da prova. Esta antecipação pode ser
requerida tanto pela defesa, quanto pela acusação.

DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS

1. Conceito: este tipo de elemento de convicção serve para individualização e de


identificação de pessoas ou coisas.

2. Finalidade: serve como prova da autoria e de materialidade de um ato ilícito.

3. Reconhecimento de pessoa: serve para individualização e identificação de


réus, vítimas ou de testemunhas. Com este tipo de reconhecimento é que faz
nascer o retrato falado que se trata de desenho dos traços físicos de uma
pessoa.

4. Reconhecimento pessoal: o identificado deve ser colocado lado a lado com


pessoas semelhantes e dentre elas deverá ser apontado o autor do delito.

5. Contraditório: normalmente este tipo de prova é realizado na fase


inquisitorial, e assim sendo, não se admite a participação das partes, tendo
elas apenas a função de acompanhamento.

6. Valor de prova: o valor de prova é relativo e deve ser corroborado por demais
meios de convicção.

7. Após o reconhecimento é feito um AUTO DE RECONHECIMENTO POSITIVO OU


NEGATIVO DE PESSOA.

8. O RECONHECIMENTO DE COISAS: consiste no reconhecimento de coisas,


objetos, ou instrumentos do crime. Para o reconhecimento vários objetos são
misturados e dentre estes o identificar deve reconhecê-los.
9. Reconhecimento fotográfico: aqui a pessoa ou coisa é reconhecida através de
fotos em albuns que ficam normalmente nas Delegacias de Polícia.

Muito embora não previsto no CPP este tipo de prova é amplamente adotado,
desde que o CPP admite qualquer tipo de prova desde que não seja ilícito. O
mesmo ocorre com o exame de fonética (exame da voz e comparação de vozes).

DA ACAREAÇÃO

1. Conceito: deriva-se da palavra cara ou rosto de homem. Designa a ação de


confrontar uma testemunha com outra, pondo-as face a face uma das outras e
dando-se-lhes a conhecer as divergências de seus depoimentos, para que os
acareados se expliquem.

2. Utilização: a acareação pode ser realizada de ofício ou a requerimento das


partes interessadas, desde que haja divergência ou contradição nos
depoimentos oferecidos. Colocam-se as pessoas frente a frente para que se
possa apurar quem das partes está dizendo a verdade. Desnecessário dizer que
a pessoa que mentiu poderá ser processada pelo crime de falso, no caso de
testemunhas.

3. Ocasião: a acareação pode ser realizada na fase judicial como também na fase
policial.

4. Pressuposto: para que a acareação seja realizada necessário se faz a


existência de divergência entre fatos e circunstâncias relevantes para o
deslinde da causa, que possam influenciar no julgamento do processo.

5. Pessoas que podem ser acareadas: a vítima com o acusado, a vítima com a
testemunha, o acusado com a testemunha, e a testemunha com a testemunha.
6. Momento processual: a acareação pode ser realizada após o interrogatório do
réu ou da oitiva das testemunhas e pode ser requerida na fase das diligências
do artigo 499 do CPP, devendo a parte que requereu a acareação apontar a
parte do depoimento que entende contraditória.

7. Termo de Acareação: após realizada a acareação deve ser reduzida a escrito


através do termo de acareação, com a explicação dos pontos divergentes.

8. Depoimento Prestado no Juízo Deprecado: caso ocorra tal fato, deverá ser
expedida carta precatória para se esclareça os pontos divergentes, devendo na
deprecata descrever os pontos da divergência.

CAPÍTULO IX- DAS PARTES NO PROCESSO PENAL e DAS CITAÇÕES E DAS INTIMAÇÕES

Todo o processo tem como finalidade o de se conseguir uma sentença de mérito,


que consiga preservar a paz social. Para se conseguir uma sentença de procedência
é necessário que o sujeito da relação processual produza elementos de convicção
aptos a conseguir o seu objetivo.

Para que se consiga o objetivo da sentença é necessário que o processo obedeça


um caminho, que se denomina de PROCEDIMENTO.

Antes de adentrarmos ao estudo das provas é necessário que façamos algumas


observações sobre as pessoas que compõem a relação processual, que são
chamadas de PARTES.

Assim os sujeitos que compõe a relação processual são divididos em duas classes
distintas:

SUJEITOS PRINCIPAIS: são as pessoas que compõe uma relação processual, e desta
participam ativamente. JUIZ, AUTOR, E RÉU.
SUJEITOS AUXILIARES: são aquelas pessoas que não participam ativamente do
processo, mas são auxiliares do Poder Judiciário no desempenho de suas funções.
São os escrivães, oficiais de justiça, contadores, peritos, interpretes, depositários e
escreventes.

SUJEITOS PRINCIPAIS:

SUJEITOS PROCESSUAIS

Trata-se da relação triangular, um ato de três pessoas.

1- Partes – As partes do processo são o autor (querelante, parte ativa, acusadora


ou vítima) e o réu (querelado, parte passiva ou acusado).

2- Juiz – ao magistrado compete prover a regularidade do processo, promovendo a


aplicação da lei. Deve manter a ordem podendo, inclusive requisitar a força
pública.

Como dito, o juiz tem poderes em relação a produção da prova, disciplina,


coerção, economia processual.

Prerrogativas (Garantias):

a) VITALICIEDADE – não perde o cargo, senão por decisaõ judicial. Após dois
anos de exercício, com aposentadoria complusáoria aos 70 anos, com
vencimentos integrais após 30 anos de serviço.

b) INAMOVIBILIDADE – estabilidade no local onde exerce suas funções, salvo por


2/3 do tribunal.

c) IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS
MINISTÉRIO PÚBLICO

É um órgão constitucional, titular da ação penal pública e dos interesses sociais e


individuais indisponíveis.

O MP é um só órgão, indivisível com independência funcional.

INDISPONIBILIDADE – não pode dispor da ação pública;


IRRECUSABILIDADE – não pode ser recusado (suspeição);
INDEPENDÊNCIA – não fica sujeito a ordem de ninguém;
IRRESPONSABILIDADE – não responde pelos prejuízos.

GARANTIAS: - Vitaliciedade
- Inamovibilidade
- Irredutibilidade

FUNÇÕES: - promover a ação penal (papel parte)


↓ - requisitar investigações
↓ - controle da atividade policial

Custos legis - pedir absolvição / impetrar habeas corpus e até recorrer em
favor do réu

O ACUSADO

É a pessoa contra quem é proposta a ação penal.

Deve ter idade superior ou = a 18 anos e possuir a capacidade de reconhecer a


ilicitude do ato (Caráter biopsicológico).

CUIDADO COM A IMUNIDADE


Pessoa Jurídica – ordem financeira (art. 173 § 5º) e meio ambiente => perda de
bens

Direitos do réu : - devido processo legal


- ampla defesa / contraditório
- prova ilícita
- prisão legal / processo em liberdade
- direito ao silêncio
- assistência jurídica
- habeas corpus
- não comparecimento ao interrogatório

O acusado pode deixar de comparecer ao interrogatório, pois o não


comparecimento é um direito e não um dever. Se indispensável sua presença, pode
o juiz determinar sua CONDUÇÃO COERCITIVA (art.260).

O DEFENSOR DO RÉU

É aquele que é possuidor do “jus postulandi”, com outorga de procuração.

Substebelecimento COM e SEM RESERVA

No substabelecimento com reserva de poderes, o que antes era mandatário outorga


seus poderes para um terceiro, podendo atuar junto com ele, ou com a
prerrogativa de reassumir a conduta de mandatário a qualquer momento.

Já o sem reserva de poderes, pode ser conceituado como renúncia do poder de


representação, uma vez que o ora outorgante, se desvincula de vez do contrato,
passando definitivamente todos os seus poderes ao novo mandatário.

DESISTÊNCIA – 10 dias
O DIREITO DE DEFESA É INDISPONÍVEL, deve ser exercido mesmo contra a vontade
do réu. Sendo um munus público, pois é indispensável a administração da justiça.

Defesa técnica => advogado

Auto-defesa – participar dos atos do processo (interrogatório).

Ausência do Defensor  nomeação do ad hoc.

Defensor Constituído: - outorga de procuração


- Renúncia
- 10 dias

 é o advogado contratado pelo réu em qualquer momento do processo.

Por ocasião do interrogatório “ad hoc apud acta”

Novo interrogatório - participação

Defensor Dativo: - não pode subestabelecer (intuitu personae)

 é o advogado nomeado pelo juiz. Sua nomeação poderá ser recusada.

Em caso de litisconsórcio  cuidado com a defesa colidente (nulidade um para


todos)

Curador  menor de 21 – emancipado – constitui nulidade

A defesa pode ser DIRETA (quando ataca o mérito) ou INDIRETA (quando ataca o
processo).
A FALTA de defesa constitui a NULIDADE ABSOLUTA, e sua DEFICIÊNCIA a
NULIDADE RELATIVA.

Vide artigo 261 § único da Lei 10792/03 – Exige manifestação fundamentada.

A ASSISTÊNCIA

É o direito que a vítima, seus ascendentes, descendentes, cônjuge ou irmãos têm


de contratar advogado para auxiliar o MP no exercício da ação (acusação).

Qual a finalidade da assistência? Status dignitatis e a reparação civil

O assistente é a parte adesiva, com finalidade de reforçar a acusação e obter


indenização. Pode inclusive, ser a própria vítima.

Cabimento: cabe em toda e qualquer ação pública, devendo ser observado se o


requerente é sujeito passivo (Nulidade se não for intimado).

Admissão: pode ser admitido a qualquer momento, até o trânsito em julgado da


sentença. NÃO PODE NA FASE DO INQUÉRITO POLICIAL .

Júri: pode ser admitido até 03 dias antes do júri.

Não cabe recurso da decisão que aceitar ou não, mas cabe correição parcial ou
MS.

Poderes: - auxílio e reforço ao MP


- pode juntar docs
- requisitar perícias
- arrolar testemunhas (art. 271)
- fazer perguntas
- pode aditar (acrescer) libelo – pedir pena + severa ou efeito secundário
- participar dos debates

Não pode recorrer da sentença condenatória para majorar pena (vide art. 598).

O JUIZ: É investido no cargo, após concurso público, cuja função é a de julgar os


conflitos de interesses postos para a sua apreciação. Cabe fiscalizar a regularidade
do processo. Tem poderes de nomeação e decisórios, probatórios. Tem para
garantir a sua imparcialidade a garantia da INAMOVIBILIDADE, INSDISPONIBILIDADE
DE VENCIMENTOS E VITALICIEDADE.

O MINISTÉRIO PÚBLICO: Tem a função de defesa da ordem jurídica, do regime


democrático, dos interesses sociais e atua no processo como parte e como fiscal da
lei. Cabe a ele a propositura da ação penal, não pode dispor da ação penal.

O ACUSADO: É a parte contra quem é proposta a ação penal. É a pessoa maior de


18 anos. È representado em juízo pelo seu ADVOGADO, que é o detentor do JUS
POSTULANDI.

Tem o direito: liberdade provisória, prisão legal, permanecer calado, identificar os


autores de sua prisão, não ser identificado criminalmente, princípio da inocência,
plenitude de defesa e contraditório, respeito a integridade física e mental, direito
a ter um advogado, ser citado, curador se menor e nota de culpa se preso em
flagrante.

O defensor do réu pode ser CONSTITUIDO, DATIVO, AD HOC.

A VÍTIMA, caso queira pode ter seus interesses representados por um advogado que
atua como ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO, que tem como função conseguir a
condenação do réu (título executivo), a fim de que consiga indenização na esfera
cível.

Pode se habilitar em qualquer fase do processo, até a decisão final.

DOS PRAZOS.

PRAZO: é um período temporal, onde determinado ato deve realizar-se.

TERMO: compreende o dia que começa o prazo (a quo) e o dia que termina (ad
quem). Prazo inicial: dies a quo; Prazo final: dies ad quem.

O prazo pode ser comum (igual para as duas partes, tanto para o autor quanto para
o réu), próprio (prazo diferenciado para uma das partes), legal ou judicial, pois
todos os prazos são fixados pelo Código de Processo Penal.

DA CITAÇÃO.

CITAÇÃO é o ato pelo qual o réu é chamado a juízo a fim de que se defenda.É o ato
pelo qual se leva ao conhecimento de alguém, qual seja, o réu de que uma
denúncia ou uma queixa-crime foi recebida pelo Poder Judiciário e de que foi
designada data para que seja realizado seu interrogatório.

A citação somente ocorre uma única vez durante o processo. Diferencia-se da


intimação, uma vez que esta última, é a comunicação por parte do Judiciário
informando aos interessados que foi praticado um ato no processo. Já a
notificação, também usada em nossa legislação, é a ciência que é dada a alguém
de um despacho, decisão ou outro ato, para que a parte interessada seja compelida
a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, sob pena de aplicação de alguma sanção.
A citação pode ser REAL que é feita de forma PESSOAL ao réu, através de MANDADO
(ordem do juiz) e através de oficial de justiça. A citação real é aquela que
efetivamente ocorre no processo. Devemos nos lembrar que no processo penal, não
temos a citação por hora certa (no caso do réu se ocultar a citação é realizada por
edital) e também não existe a citação por carta com aviso de recebimento, vez que
no processo penal a citação somente é válida se esta se dirigir única e
exclusivamente a pessoa a ser citada.

De outro lado, devemos mencionar que existe também a citação ficta, qual seja,
aquela em que o legislador presume, supõe e imagina que tenha ocorrido, e temos
como exemplo a citação por via editalícia.

É feita também através de REQUISIÇÃO que é feita ao preso e aos militares. Sobre a
citação é necessário lembrarmos que esta pode ser realizada em qualquer dia ou
horário, bem como caso o réu seja citado ou citado e não atenda o chamamento
judicial será considerado revel.

Quando o réu residir em outra Comarca, diferente daquela onde é processado a


citação através de CARTA PRECATÓRIA. Quando o réu reside em outro país,
diferente daquele onde é processado, a citação se faz através de CARTA
ROGATÓRIA. Caso o réu esteja respondendo a processo em Instância Superior (como
por exemplo nos casos de competência originária ou caso de prerrogativa de função
será citado ou intimado dos atos processuais através de carta de ordem).

Urge salientar que o acusado preso será citado ou intimado dos atos do processo
pessoalmente, o mesmo ocorrendo com os Membros do Ministério Público, os
defensores dativos e os Defensores Públicos. A única exceção à esta regra é em
relação aos advogados constituídos que serão intimados da sentença através de
publicação nos órgãos incumbidos de dar ciência oficial dos atos, como o Diário
Oficial da União ou dos Estados.

De suma importância é a disposição contida no artigo 366 do Código de Processo


Penal. Caso o acusado esteja em local incerto e não sabido, será citado por edital.
Caso o mesmo, citado por edital, não compareça no dia aprazado e nem constitua
(contrate) um advogado, a conseqüência será a suspensão do processo até a sua
localização, podendo ser decretada a sua custódia cautelar, e também o prazo
prescricional, que durará até o termo final da prescrição do delito a ele imputado.

Existe também a citação FICTA que é aquela modalidade em que o acusado é


chamado para integrar o processo POR EDITAL, que é afixado na sede da Comarca e
publicado no Diário Oficial.

Utiliza-se da citação por edital quando:

 o réu não for encontrado;

 o réu se oculta para não ser citado;

 o réu estiver em local inacessível.

A citação é importante porque através dela se consegue o chamamento do réu a


Juízo para que se defenda, assegurando o exercício da amplitude de defesa.

Com a citação, instaura-se o processo.

Prazos para a citação por edital:

 Regra Geral: 15 (quinze) dias - CPP, art. 361.

Exceções:

 Réu que se oculta: 5 (cinco) dias - art. 362 do CPP.

 Réu que se encontra em lugar inacessível: 15 (quinze) dias CPP, art. 363,I,
cc.364.
 Quando incerta a pessoa que deva ser citada: 30 (trinta) dias. CPP, art. 363, II,
cc. 364.

 Réu no estrangeiro (lugar sabido ou não), sendo a infração afiançável:


30 dias (art. 367 do CPP).

DIFERENCIAÇÃO:

 CITAÇÃO: é o chamamento do réu à Juízo para defender-se.

 NOTIFICAÇÃO: é a ciência de um ato que vai realizar-se (FUTURO).

 INTIMAÇÃO: é a ciência de um ato já praticado. (PASSADO).

Problemática é a questão dos prazos dentro do ordenamento jurídico brasileiro,


uma vez que a intimação e a notificação fazem nascer o direito da parte, não se
conformando com a decisão, poder dela recorrer.

O prazo é o lapso temporal onde o ato processual deve ser realizado, sob pena de
preclusão. Constitui-se o prazo de termo a quo (que é o prazo inicial) e o termo ad
quem (que é o prazo final).

Os prazos dentro do processo penal, via de regra, são peremptória e levam a


preclusão. Conceitua-se preclusão, como sendo uma sanção á parte que não pratica
o ato processual dentro dos limites temporais fixados por lei, e em razão disso,
perde o direito de praticá-lo. Temos como exemplos a perda do prazo de três dias
para apresentação da defesa prévia, e a perda do prazo para requerer diligências
suplementares e a perda do prazo para oferecimento da contrariedade ao libelo
crime acusatório.
A contagem do prazo deve ser realizado excluindo-se o dia do início (termo a quo)
e incluindo o prazo final (termo ad quem). Diferencia-se do prazo do Direito Penal,
onde é computado o prazo inicial.

Assim, via de regra os prazos são contados da data da intimação, e no caso de


intimação por carta precatória da juntada desta aos autos.

Importante é lembrarmos que o Defensor Público possui o prazo em dobro para a


sua manifestação no processo, havendo divergência na jurisprudência sobre se este
prazo em dobro engloba o defensor dativo, qual seja, aquele nomeado pelo Juiz em
caso de ausência de recursos financeiros por parte do acusado.
Não há no processo penal condenação no pagamento de honorários advocatícios,
valendo dizer que, as custas processuais somente serão devidas pelo réu em caso
de condenação.

Capítulo x- DA PRISÃO E DA LIBERDADE PROVISÓRIA

PRISÃO - é a privação da liberdade de locomoção e do direito


de ir e vir, por meio de ilícito penal ou por ordem legal.

A prisão pode ser dividida em duas espécies principais :

A prisão penal definitiva- que ocorre após o trânsito em


julgado da sentença.

A prisão cautelar- é aquele tipo de prisão que ocorre


provisoriamente, onde não existe ainda, uma sentença transitada em julgado.
Dentro da espécie da prisão cautelar, temos as seguintes
espécies :

A) PRISÃO POR AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO (ARTS. 301 A

310 DO CPP);

B) PRISÃO PREVENTIVA (ARTS. 311 A 316 CPP);

C) PRISÃO RESULTANTE DE SENTENÇA DE PRONÚNCIA (ARTS. 282 E 408,


PARÁGRAFO PRIMEIRO DO CPP);

D) PRISÃO TEMPORÁRIA (LEI 7.960, DE 21-12-89).

E) PRISÃO RESULTANTE DE SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA- (ART.


393,I, DO CPP).

A título de esclarecimento existe também a prisão civil nos


casos de pessoa que não paga alimentos e nos casos de depositário infiel, prisão
administrativa.

Não existe na legislação brasileira prisão civil por dívida.

A prisão para os doutrinadores só deveria ocorrer para o


cumprimento de uma sentença penal condenatória, mas a prisão,
excepcionalmente, mesmo na ausência de processo, por questões de necessidade
ou de oportunidade.

Só pode a pessoa ser privada de seu “status libertatis”,


mediante ordem escrita denominada processualmente de “mandado de prisão”,
excepcionado os casos de prisão em flagrante delito.

II- DA PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO.


A palavra flagrante deriva do latim “flagrans”, do verbo
“flagrare”, que significa ardente, crepitante, que está em chamas.

Desta denominação resulta a expressão jurídica “prisão em


flagrante delito”, que significa o delito no instante de seu cometimento, delito que
está sendo cometido.

É a certeza visual do crime, é o ato de capturar alguém no


momento em que o agente está cometendo o crime.

Nossa legislação exige para efetivação de qualquer prisão uma


ordem escrita (mandado), formalismo que inexiste no caso de prisão em flagrante
delito.

Aplica-se o instituto da prisão em flagrante, quando o agente :

a) é surpreendido praticando o crime;

b) quando é pego quando acaba de praticar o crime;

c) perseguido logo após ter cometido o delito;

d) ou ainda, quando é encontrado logo após o crime, com


instrumentos, armas ou objetos que façam presumir que ele é o autor do delito.

Entendem os doutrinadores que não existe nenhuma


discordância quanto a legalidade jurídica da prisão em flagrante, pois se há
possibilidade de prender-se de imediato, quando o acusado estiver praticando o
crime, entende-se que é um mal necessário, em prol da segurança e da ordem
pública.
A prisão em flagrante tem tríplice efeito:

a) exemplaridade : serve de advertência aos maus;

b) satisfação : restitui a tranqüilidade aos bons e preserva o


bem estar da sociedade;

c) prestígio : restaura a confiança na lei, na ordem jurídica e


na Autoridade.

Na prática, possibilita a autoridade policial colher de


imediato, as provas referentes a materialidade e a autoria do delito.

Existem três modalidades de prisão em flagrante:

a) FLAGRANTE PRÓPRIO: ocorre quando o agente é


surpreendido praticando a infração, ou é preso logo após cometê-la.

b) FLAGRANTE IMPRÓPRIO: ocorre quando o agente é


perseguido logo após cometer o crime, pela autoridade, pelo ofendido ou por
qualquer pessoa.

c) FLAGRANTE PRESUMIDO OU QUASE-FLAGRANTE: é uma


ficção jurídica. Ocorre quando o agente é perseguido e é encontrado logo após a
prática do delito com instrumentos, armas, objetos e papéis que façam presumir
ser ele o autor da infração penal.

É de se ressaltar que o indivíduo, em qualquer das situações


acima mencionadas, poderá ser autuado e preso em flagrante delito.

É necessário, nos casos em que o acusado é surpreendido logo


após a prática do delito, que exista efetiva perseguição por parte da autoridade
policial ou por qualquer pessoa. Destarte, não existindo perseguição, não se pode
falar em estado de flagrância.

É muito conhecida a fala popular de que basta ao autor do


fato fugir durante 24 horas para que esteja fora do estado de flagrância.
Entretanto, se, mesmo após este prazo, o autor do fato estiver sendo perseguido, o
estado de flagrância permanece, podendo ele ser preso e autuado em flagrante.

Pode-se citar como exemplo, a perseguição policial contra


Leonardo Pareja, que, fugido por mais de 40 dias, a polícia não deixou de tentar a
sua localização.

O Sujeito ativo- CONDUTOR- é a pessoa que pode efetivar a


prisão em flagrante. A autoridade policial, seus agentes ou qualquer pessoa do
povo podem ser sujeitos ativos da prisão em flagrante, cabendo ressaltar que, no
primeiro e segundo casos, a prisão em flagrante é obrigatória, ou seja, a
autoridade policial e seus agentes têm o dever de efetivar a prisão em flagrante,
sendo que, no terceiro caso, a pessoa do povo tem a mera faculdade de efetivar
esta prisão. É o que decorre da leitura do artigo 301, do C.P.P.

O Sujeito passivo- CONDUZIDO- é o autor do delito, é aquela


pessoa que é encontrada em situação de flagrância, podendo ser qualquer pessoa.
A prisão em flagrante é uma prisão cautelar, de natureza
processual, sendo mero ato administrativo, já que levado a cabo pela polícia
judiciária, órgão integrante do Poder Executivo.

Admite-se a prisão em flagrante nos crimes averiguados


mediante ação penal pública condicionada à representação do ofendido e nos
crimes de ação penal privada.

Em tais casos, a ação penal depende da vontade da vítima.


No primeiro caso, a prisão em flagrante depende de
autorização do ofendido ou de quem legalmente o represente, e, no segundo, de
requerimento do ofendido.

Preso o acusado, deverá ele ser imediatamente conduzido à


presença do Delegado de Polícia. Nesta fase, o acusado no flagrante é denominado
de conduzido, haja vista que é levado a presença da autoridade policial da
localidade em que foi cometido o crime.

Aquela pessoa que apresenta o conduzido à autoridade policial


é denominado condutor que pode ser a própria pessoa que efetuou a prisão ou
outra pessoa qualquer encarregada de apresentá-la à autoridade policial.

Devem estar presentes também no local da lavratura do auto


de prisão em flagrante a vítima e as testemunhas que presenciaram o fato.

Caso não existam testemunhas do delito, devem ser levadas à


autoridade policial duas pessoas que presenciaram a apresentação do conduzido.

Presentes todas essas pessoas, e constatando a autoridade


policial que existe crime “ in these “, deve ser lavrado o auto de prisão em
flagrante, e no respectivo auto devem constar data, hora e local da lavratura do
auto.

Depois disso, são ouvidos o condutor, as testemunhas ( que


deverão ser qualificadas) e, por último, ser ouvido e interrogado o conduzido.

O auto de prisão em flagrante deverá ser assinado pela


autoridade policial, pelo condutor, pelas testemunhas e pela vítima. Se o
conduzido não quiser ou não puder assiná-lo, duas testemunhas deverão fazê-lo
depois de lida a peça na presença de todos.
Findo o auto, a autoridade policial pode determinar a
realização de alguma diligência, remeter ao Meritíssimo Juiz de Direito cópia da
lavratura do auto de prisão em flagrante, expedir a nota de culpa, arbitrar fiança
e colocar o acusado em liberdade em determinados casos.

Nota de culpa é a comunicação ao conduzido, por escrito, no


prazo de 24 horas, dos motivos pelos quais foi cerceado seu “status libertatis “,
que deve ser entregue no original. Se ele se recusar a assinar a nota de culpa
deverão assiná-la duas testemunhas.

O procedimento prático da prisão em flagrante é o seguinte:

1- Comunicação ao Juiz através de ofício, anexando cópia do


auto de flagrante delito;

2- Expedição de nota de culpa;

3- Averiguar a conduta do acusado antes e depois do


cometimento do delito (situação psíquica, social e moral);

4- Se a infração praticada pelo acusado é daquelas em que o


mesmo se livra solto, independentemente de fiança, deve a autoridade policial
colocar o acusado imediatamente em liberdade;

5- Em caso de infração punida com pena de detenção ou


prisão simples, arbitrar fiança para que o acusado se livra solto e;

6- O acusado deve ser obrigatoriamente informado de seus


direitos constitucionais, dentre os quais em permanecer em silêncio, sendo-lhe
garantida assistência da família e facultativamente de advogado (art. 5º, LXIII, da
CF/88).
O prazo para conclusão do inquérito é de dez dias para réu
preso, exceto nos casos de ser concedida fiança ou que o réu se livra solto, em
que o prazo é de trinta dias (art. 10, CPP).

Nenhuma participação tem o advogado no auto de prisão em


flagrante, cabendo a ele tão somente zelar pelos interesses de seu cliente,
podendo ser inclusive ser nomeado como curador ao réu menor.

Como vimos, ao menor de 21 anos e maior de 18 anos de


idade, a Autoridade Policial deve nomear ao réu menor um curador, cuja
formalidade é essencial e caso desobedecida poderá dar ensejo ao relaxamento
da prisão.

Todas as formalidades devem ser obedecidas, sob pena de


invalidade do auto como peça coercitiva.

3.1- OBSERVAÇÕES SOBRE A PRISÃO EM FLAGRANTE :

I- Quando da lavratura do auto de prisão em flagrante, além


do condutor, deverá existir pelo menos 02 (duas) testemunhas. O condutor,
segundo a jurisprudência dominante, pode ser considerado como testemunha.

II- A Autoridade Policial deverá após a lavratura do auto


deverá expedir a nota de culpa ao conduzido e comunicar de imediato a prisão ao
Juiz, com cópia do auto de prisão em flagrante delito.

III- Se a nota de culpa não for expedida dentro do prazo de


vinte e quatro horas após a efetivação da prisão, e mesmo que tenha sido, nela não
constar o motivo da prisão, os nomes do condutor, testemunhas, constituirá
constrangimento ilegal, sanável por intermédio de habeas corpus.
IV- Se não houver comunicação por parte da Autoridade
Policial ao Juiz, com a respectiva cópia dos autos, poderá ele responder por crime
de responsabilidade (abuso).

V- Se o juiz receber cópia do auto de prisão em flagrante e


verificar que a mesma é ilegal, deverá de imediato relaxá-la, podendo, caso não
faz isto, responder por crime previsto na Lei 4.898/65.

VI- A prisão em flagrante pode ser efetuada por qualquer


pessoa, mesmo que seja a vítima. Neste caso é mera faculdade, tratando-se de
autoridade policial ou de seus agentes não é faculdade e sim dever.

VII- Se o acusado é perseguido logo após a prática de um


delito, para que a prisão seja legítima, deve existir perseguição contra o mesmo,
ou caso contrário, se preso com instrumentos, objetos e papéis que façam presumir
que ele seja o autor do delito, este período de perseguição deve ser exíguo, para
que possa subsistir a prisão em flagrante.

VIII- Se depois de muito tempo, não houver a perseguição e o


infrator for preso, trata-se de constrangimento ilegal e o flagrante será nulo,
sanável através de relaxamento ou de habeas corpus.

IX- Nada impede que a Autoridade Policial persiga e prenda o


acusado em outra Comarca, pouco importando o tempo de perseguição.

X- O acusado apresentando-se espontaneamente a Autoridade


Policial não poderá ser lavrado contra ela auto de prisão em flagrante. Também, se
depois da ocorrência do delito o acusado se apresenta espontaneamente também
não poderá ser preso em flagrante.

XI- O auto de prisão em flagrante deverá sempre ser presidido


pela Autoridade Policial do local onde se efetivou a prisão. Não sendo presidido por
esta Autoridade o flagrante poderá ser relaxado, pois tal fato não legitima a prisão.
XII- O juiz pode presidir o flagrante, quando o delito é
praticado em sua presença ou contra ele no exercício de suas funções.

XIII- O auto de prisão em flagrante deve ser lavrado de


imediato quando da apresentação do conduzido a Autoridade Policial. O prazo fatal
no Flagrante é de 24 horas para entrega da nota de culpa ao conduzido, sob pena
de ser caracterizado um constrangimento ilegal.

XIV- Se a Autoridade Policial não conceder fiança nos crimes


em que ela é cabível, poderá requere-la ao Juiz ou impetrar habeas corpus a seu
favor.

XV- Nos casos de flagrante em crime de ação penal pública


condicionada à representação ou ação penal privada, antes da lavratura do auto de
prisão em flagrante, deverá a Autoridade Policial no primeiro caso requerer a
representação junto ao ofendido e no segundo caso que a vítima represente por
escrito.

XVI- Não há crime quando a preparação do flagrante pela


polícia torna impossível a sua consumação.

Daí temos três espécies de flagrante :

A) FLAGRANTE PREPARADO OU ESPERADO : existe a intenção do


agente em praticar determinado delito, ocorre quando a polícia ou a vítima,
sabendo da intenção criminosa do agente, prepara a sua prisão e o crime não se
consuma por circunstâncias alheias a vontade do agente. Há tentativa punível.

B) FLAGRANTE PROVOCADO : inexiste a intenção do agente em


praticar determinado crime, ocorre quando o agente é impelido a prática criminosa
e é impedido de conseguir o seu intento por absoluta impropriedade do meio
empregado (vigilância da vítima da polícia).
C) FLAGRANTE FORJADO : ocorre quando a Polícia inventa um fato
ou crime visando prender ou prejudicar determinada pessoa. É um flagrante feito
ao arrepio da lei, podendo o policial ser processado por abuso de poder.

XVII- Se alguém prende outrem sem qualquer motivo, o


Delegado deve relaxar o estado de flagrância e encaminhar o auto de prisão ao Juiz
para que ele tome as providências em relação a pessoa que fez a prisão arbitrária.

XVIII- O Delegado de Polícia só arbitra fiança nas infrações


penais punidas com detenção ou prisão simples, e em se tratando de crime punido
com reclusão tal atribuição compete ao juiz.

XIX- Não havendo irregularidades ou nulidades no auto de


prisão em flagrante delito, o advogado pode pleitear junto ao Juiz, a liberdade
provisória do acusado com ou sem fiança, junto ao Juiz, que poderá ou não
concedê-la, caso não seja a hipótese de decretação de prisão preventiva.

XX- RELAXAMENTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE : é cabível quando


existe algum vício ou nulidade no Auto de Prisão em Flagrante Delito, tendo como
conseqüência um constrangimento ilegal.

PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA : é cabível quando o flagrante


está formalmente em ordem, não existindo vícios ou nulidades, e quando
preencher os requisitos previstos nos artigos 321 e seguintes do CPP.

XXI- A apresentação expontânea do acusado impede a


lavratura do Auto de Prisão em Flagrante Delito, mas não impede a decretação da
prisão preventiva, se estiverem presentes os requisitos exigidos pela lei.
XXII- Deve ser lembrado que a Lei 11.113/05 alterou o
procedimento das prisões em flagrante, sendo permitido agora a Autoridade
Policial ouvir o condutor, colhendo desde logo a sua assinatura e entregando ao
condutor recibo de entrega do preso, e após, ouvir as testemunhas e as
dispensando em seguida, não havendo mais a necessidade de se terminar todo o
auto para que os participantes, ao final assinem.

4.1- Prisão Preventiva - Este tipo de prisão tem como finalidade a de que o
acusado aguarde preso o seu julgamento. Sendo uma medida cautelar, necessário
se faz com que estejam presentes os dois requisitos autorizadores de toda a
medida cautelar que são: o periculum in mora e o fumus boni juris.
Para a sua decretação necessário se faz a presença de pelo menos indícios de
autoria e materialidade de uma delito.

As hipóteses para a sua decretação estão presentes no artigo 312 do Código de


Processo Penal, e são as seguintes:

a) garantia da ordem pública: sua intenção é evitar que o criminoso pratique


novos crimes contra a vítima ou qualquer outra pessoa, seja porque faz do crime
seu modo de vida, seja porque, evita-se com a segregação provisória a prática de
novos delitos, seja pelo mesmo deliquente, ou por terceiros que se achem
estimulados pela prática do crime anterior. Visa não só a prevenção de novos
crimes, como também como uma forma de credibilidade do Poder Judiciário,
demonstrando que este age quando um crime coloca em risco a paz social;

b) garantia da ordem econômica: ocorre tal pressuposto, quando pessoas que


infringem a Lei Anti Truste, que se aplica as pessoas que tentam limitar falsear ou
de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa, além de
procurar dominar o mercado de bens e serviços, aumentar arbitrariamente os
lucros e exercer de forma abusiva posição dominante;

c) conveniência da instrução criminal: trata-se de um meio colocado à disposição


do ente estatal, para assegurar todas e quais provas que devam ser produzidas
contra o criminoso, evitando-se que as mesmas desapareçam ou que o acusado
coaja testemunhas, destrua provas ou apague vestígios ou mesmo suborne pessoas
que devam julgar ou que a princípio com seus depoimentos incriminem o agente;

d) assegurar a aplicação da lei penal: é decretada para garantir que o acusado


responda pelos seus atos delituosos, evitando-se, que em liberdade possa fugir e
assim escapar da sanção penal. É muito usada em caso de pessoas sem domicílio
certo, pessoas de difícil reconhecimento e que em liberdade procurarão,
certamente, fugir para outro Estado ou país, dificultando a instrução criminal.

e) clamor público: neste caso, leva-se em conta o motivo do crime, seu modo de
execução e as condutas do agentes antes ou depois do crime que levam a sociedade
a Ter pelo criminoso e pelo crime uma verdadeira repulsa, de modo que exige-se
uma pronta resposta eficaz do Estado, através da prisão do acusado.

f) para a garantia do próprio acusado: muitas vezes o crime provoca uma reação
popular que pode levar à morte o acusado, através do linchamento e através deste
tipo de prisão, procura-se evitar tal fato, segregando-o em um estabelecimento
penal onde possa ter garantia a sua integridade física, evitando-se, assim, a
vingança privada.

Pode ser decretada na fase de inquérito ou na fase judicial, por despacho


fundamentado do Juiz. Pode ser decretada de ofício pelo juiz, a requerimento do
órgão do Ministério Público, pelo Delegado de Polícia através de representação e no
caso de queixa crime através de pedido do querelante.

Prisão Temporária - A prisão temporária nasceu em nosso ordenamento jurídico


através da Lei número 7.960 de 1.989, e trata-se de uma prisão de caráter cautelar
de cunho investigatório.

Pode ser decretada na fase de investigação policial, nos crimes denominados de


graves pela lei, e somente por ser decretada quando imprescindível para as
investigações ou quando o indiciado não tiver residência ou quando deixar de
fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade.
Como toda a decisão judicial, o despacho judicial para a decretação de uma prisão
temporária, deve ser fundamentado, sob pena de nulidade.
O juiz não pode decretar a prisão temporária de officio, uma vez que somente são
legitimados para requerê-la o Delegado de Polícia que é o chefe das investigações
através de representação e o Ministério Público como fiscal da lei e autor da futura
ação penal, também através do instituto da representação.
Quando preso temporiamente o acusado deve ser submetido a exame de corpo de
delito quando de sua entrada no estabelecimento prisional, o mesmo procedimento
deve ser adotado quando de sua saída, devendo, também, obrigatoriamente, ficar
separado dos demais detentos.
O prazo de duração prisão temporária é dividido em dois prazos: 05(cinco) dias
para os crimes comuns e 30 (trinta) dias para os crimes rotulados de hediondos,
valendo ressaltar que a prisão temporária pode ser prorrogada por mais uma única
vez.
Em casos de prisão temporária, para a sua revogação utiliza-se de dois recursos:
um pedido de revogação feito junto a Autoridade Judicial que decretou a prisão
temporária, e se indeferido, um pedido de habeas corpus junto ao Tribunal ad
quem.

Prisão resultante de sentença de pronúncia - Este tipo de prisão somente é


aplicável ao procedimento do Tribunal do Júri. Tem como efeito principal o de
fazer com que o acusado pronunciado aguarde o julgamento de seu processo pelo
Júri, preso.

Trata-se de medida excepcional, tendo em vista a regra contida no artigo 584 do


Código de Processo Penal, uma vez que a regra que se aplica no ordenamento
jurídico processual brasileiro é a de que o acusado somente fique preso, quando
tiver contra si uma decisão judicial já transitada em julgado, é um corolálio do
princípio da inocência.

Sendo o acusado primário, possuidor de bons antecedentes, tendo residência fixa e


domiciliado no distrito da culpa, não havendo razões para a decretação de sua
prisão preventiva, tem direito a aguardar seu julgamento em liberdade.
Caso a sentença de pronúncia determine que o acusado aguarde preso o seu
julgamento, o prejudicado poderá utilizar-se do pedido de liberdade de provisória
em primeiro grau. Sendo indeferido tal pedido, poderá ser impetrada ordem de
habeas corpus junto ao Tribunal, para tentar fazer cessar tal coação.

CAPÍTULO X - DA LIBERDADE PROVISÓRIA COM OU SEM FIANÇA


(Artigos 321 a 350 do Código de Processo Penal)

1. Fundamento.

O instituto jurídico da liberdade provisória


fundamenta-se basicamente no princípio constitucional da presunção de inocência,
e tem como principal vantagem a de substituir a prisão provisória por outra
providência, que assegure ao Estado a presença do acusado no processo criminal,
evitando o seu encarceramento (prisão).

Por este instituto jurídico, permite-se que


um acusado permaneça em liberdade enquanto não for definitivamente julgado
pelo crime que cometeu seja perante o juízo singular ou perante o Tribunal do
Júri.

A liberdade provisória se dá quando


permitida por lei ( artigo 310 do CPP), quando por conveniência (artigo 310,
Parágrafo Único do CPP), e quando não estão presentes no caso os requisitos que
permitam a decretação da prisão preventiva.

O beneficiário da liberdade provisória está


sujeito a determinados requisitos, como a obrigatoriedade de comparecer a todos
os atos e termos do processo, sob pena de, não cumprida tal exigência, ser
revogado o seu benefício, retornando o mesmo ao cárcere.
Caso, por exemplo, mude de endereço ou
fuja da Comarca, o benefício da liberdade provisória outrora concedido poderá ser
cassado e seu retorno à prisão será inevitável.

2. Espécies.

Temos como espécies de liberdade


provisória:

a) liberdade provisória obrigatória;


b) liberdade provisória permitida;
c) liberdade provisória vedada.

a) LIBERDADE PROVISÓRIA OBRIGATÓRIA:


trata-se de um direito do acusado e nem a Autoridade Policial, nem o Juiz podem
negá-la. Ocorre nos casos em que o réu se livra solto, independentemente da
prestação de fiança ou quando o máximo da pena privativa de liberdade não
exceda 03(três) meses.

Também pode ser concedida, mediante o


pagamento de fiança, quando a pena mínima cominada não for superior a 02(dois)
anos.

Quando o crime praticado for apenado


com detenção ou prisão simples, a fiança poderá ser arbitrada pela Autoridade
Policial (Delegado de Polícia); caso contrário, quando o crime for apenado com
reclusão a competência para arbitrar fiança será do Juiz de Direito.

b) LIBERDADE PROVISÓRIA PERMITIDA:


neste caso a liberdade provisória ficará a critério do Juiz, que deverá decidir se
liberta ou não provisoriamente o acusado. Ocorre nos seguintes casos:
I- quando o juiz verificar que o acusado
praticou o fato em legítima defesa, estado de necessidade, em estrito
cumprimento do dever legal (artigo 310 do CPP), mediante termo de compromisso
a todos os atos do processo, sob pena de revogação;

II- quando ausentes os requisitos que


autorizariam a custódia preventiva do acusado;

III- nos casos em que couber fiança, mas


que o réu não pode prestá-la, por motivo de pobreza.

c) LIBERDADE PROVISÓRIA VEDADA: o


acusado não terá o direito e o benefício de se defender em liberdade das
acusações, ocorrendo nos seguintes casos:

I- nos crimes punidos com reclusão em que


a pena mínima cominada ao crime for superior a três anos;

II- nas contravenções penais de vadiagem


(artigo 59) e mendicância (artigo 60), ambos da Lei de Contravenções Penais;

III- nos crimes dolosos punidos com pena


privativa de liberdade, se o réu já tiver sido condenado por outro crime doloso,
em que houver sentença transitada em julgado;

IV- em qualquer caso, se houver prova de


ser o réu vadio;

V- nos casos de crimes punidos com


reclusão, que provoquem clamor público ou que tenha sido cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa;
VI- aos que houverem quebrado fiança ou
que tenham descumprido qualquer das condições a que se refere o artigo 350 do
Código de Processo Penal;

VII- em caso de prisão administrativa,


disciplinar ou militar;

VIII- ao condenado que estiver em gozo de


“sursis” ou livramento condicional, salvo em caso de crime culposo ou
contravenção afiançáveis;

IX- quando presentes os requisitos que


autorizariam a prisão preventiva;

X- crimes hediondos (Lei 8.072/90);

XI- crimes contra a fauna (Lei 5.197 de


03.01.67, alterada pela Lei 7.653/88).

4. Liberdade Provisória: Preceito Constitucional.

Em face do advento na nova Constituição


Federal, ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória com ou sem fiança. Para os processualistas modernos, trata-se
de um direito subjetivo do acusado “ex vi” do artigo 5º, inciso LXVI, da CF/88.

Do despacho que concede a liberdade


provisória a um indivíduo, não é cabível nenhum recurso.

5. Da Fiança.
A fiança é um meio de garantir a liberdade
provisória, um direito subjetivo do acusado, que lhe permite mediante caução e
cumprimento de certas obrigações, conservar a sua liberdade até a sentença penal
irrecorrível (transitada em julgado).

Cabimento: em regra, cabe nos crimes


punidos com reclusão em que a PENA MÍNIMA, seja igual ou inferior a 02 (dois)
anos.

O salário mínimo serve como base e


parâmetro para fixação do valor da fiança.

6- Regra Geral.

Em regra a fiança é prestada na fase


policial, nas prisões em flagrante delito, e em que o acusado se livra da prisão,
mediante o pagamento de certa importância ou mediante caução prestada pelo
acusado.

A Autoridade Policial pode arbitrar fiança


nos crimes punidos com detenção ou prisão simples, mas quando o crime for punido
com reclusão, o arbitramento da fiança deve ser requerido ao Juiz, que deve
decidir sobre o pedido em 48(quarenta e oito) horas, segundo o artigo 322 do CPP.

7- Modalidades da Fiança.

a) FIANÇA POR DEPÓSITO: consiste no


depósito de dinheiro, pedras, objetos, metais preciosos, títulos da dívida pública.

b) FIANÇA POR HIPOTECA: quando o


pagamento da fiança recair sobre imóveis.

8. Generalidades.
a) REFORÇO: quando a fiança é
insuficiente, deverá o acusado complementá-la até o valor fixado.

b) CASSAÇÃO: se dá quando a fiança é


concedida erradamente ou se houver alteração original para crime inafiançável.

c) QUEBRAMENTO: ocorre quando o


afiançado descumpre alguma das condições impostas, como a de comparecer a
todos os atos e termos do processo.

d) REINTEGRAÇÃO: se dá quando a
Superior Instância reforma a decisão do Juiz, que julgou quebrada a fiança,
restabelecendo a liberdade do acusado.

e) RESTITUIÇÃO: quando o valor pago é


devolvido ao acusado, quando transita em julgado a sentença absolutória ou
quando a fiança é declarada sem efeito por não ter sido reforçada ou quando
extinta a ação penal.

f) PERDA TOTAL: quando o valor pago a


título de fiança é perdido quando existe a prolação de sentença condenatória a
pena privativa de liberdade e o afiançado não se apresenta à prisão.

A fiança será concedida


independentemente de audiência do Promotor de Justiça, e só após lhe será dada
vista do processo para requerer o que bem entender.

9. Termo de Fiança.

É lavrado em livro próprio existente nas


Delegacias de Polícia e o valor da fiança é recolhido na entidade bancária, através
de guia própria.
O juiz não pode de forma alguma
submeter a apreciação do pedido de fiança à apresentação do condenado revel.

A fiança prestada pelo acusado garante a


sua liberdade, mesmo depois de sentença penal condenatória. Enquanto não
transitar em julgado a sentença penal condenatória, o réu permanecerá solto.

Decidiu o TACRIM que, tomando


conhecimento do afastamento do afiançado do distrito da culpa, sem comunicação
ao juízo, o juiz não pode decretar o quebramento da fiança, sem ouvir antes a
defesa do acusado.

A proibição de mudança da residência do


afiançado ou de sua ausência, poderá ser questionada perante o princípio
constitucional da ampla defesa, em sede de Habeas Corpus.

Em qualquer momento processual pode ser


concedida a fiança, enquanto não transitar em julgado a sentença penal
condenatória.
Quando o acusado é absolvido, a fiança
prestada deverá ser lhe restituída, o mesmo ocorrendo quando o Inquérito Policial
é arquivado. Da decisão que determina a cassação da fiança ou que julga quebrada
a fiança, cabe Recurso em Sentido Estrito.

CAPÍTULO XI - DA SENTENÇA

Trata-se, pois, do ato processual de natureza decisória.


Conceito: ato processual (decisão) judicial da aplicação do direito no caso
concreto, ou a solução dada a lide pelo Juiz de primeiro grau. A sentença proferida
pelo Juiz deve ser necessariamente fundamentada, sob pena de nulidade.
A sentença deve conter o relatório (exposição sucinta dos fatos), a fundamentação
(razões de fato e direito e análise da prova que levaram o juiz a proferir aquela
decisão) e a parte dispositiva (conclusão do raciocínio do Juiz externado quando de
sua fundamentação).

Caso a sentença seja omissa, lacunosa, obscura ou contraditória a parte pode


requerer ao Magistrado que aclare a sentença, no prazo de dois dias, através dos
embargos de declaração.

Devemos assinalar que pelo princípio da correlação o réu se defende dos fatos e
não pode, a princípio, ter uma pena maior do que aquela requerida na denúncia ou
na queixa crime.

É o último ato do processo, após o interrogatório do réu, da produção das provas e


das alegações das partes.

De forma clássica temos dois tipos principais de sentença:

a) sentença definitiva: aquela que põe termo ao processo, sem apreciar o seu
mérito.
b) sentença terminativa: aquela que põe termo a relação processual, decidindo o
mérito da causa.

Requisitos Formais: toda a decisão judicial deve possuir os seguintes requisitos


formais: o relatório – exposição daquilo que foi apurado no processo; a motivação
que é a fundamentação do magistrado a respeito do que foi exposto; e a conclusão
que é a decisão do juiz a respeito do caso.
Observação: toda a decisão judicial deve ser fundamentada, sob pena de nulidade.

A sentença lacunosa, obscura ou ambígua: neste caso para aclarar e reparar o erro
do Magistrado que a proferiu a lei expressamente prevê a utilização dos embargos
de declaração, que servem para corrigir, aclarar ou mesmo completar a sentença
corrigindo a falha havida.

Princípio da relatividade ou da correspondência: A Denúncia ou a queixa crime


ofertadas pelo autor da ação penal delimitam o poder do juiz em julgar a lide.
Assim, deve existir a correlação entre aquilo que foi pedido e a decisão do juiz.
Assim, de forma resumida, a sentença deve corresponder a acusação.

Espécies de Sentença no Direito Processual Penal:

1- Sentença Absolutória: cujo os fundamentos estão expressos no artigo 386 do


Código de Processo Penal.

Aquela que julga improcedente a ação penal. IMPROCEDENTE

São eles:

1) estar provada a inexistência do fato;


2) não haver prova da existência do fato;
3) não constituir o fato infração penal;
4) não existir prova de ter o réu concorrido para a prática da infração penal;
5) existir circunstância que exclua o crime ou isente o réu de pena;
6) não existir prova suficiente para a condenação.

Efeitos da sentença absolutória:


 mandar por o réu em liberdade se este estiver preso (alvará de soltura);
 ordenar a cessação das medidas cautelares;
 aplicar medida de segurança, se cabível, no caso do absolutamente
inimputável;

2- Sentença Condenatória:

É aquela que julga, no todo ou em parte, a pretensão punitiva procedente.


PARCIALMENTE PROCEDENTE OU TOTALMENTE PROCEDENTE.

Neste tipo de sentença, ocorre o seguinte:

 o juiz aplica a pena principal;


 impõe, se foro caso, aos inimputáveis as medidas de segurança;
 mencionar as circunstâncias agravantes e atenuantes;
 mencionar o regime a ser observado no cumprimento de pena;
 decidir se o réu pode recorrer em liberdade;

EFEITOS DA CONDENAÇÃO

Temos dois efeitos principais, um no campo civil e outro no campo penal.


No campo civil: torna certa a obrigação de reparar o dano, perda para a União dos
instrumentos e armas usadas no crime; no campo penal a imposição das penas e o
lançamento do nome do réu no livro denominado “rol dos culpados”.

Recurso cabível: em se tratando de sentença o recurso cabível é o de apelação, e


se tratando de sentença interlocutória prevista no artigo 581 do CPP a impugnação
que se oferece é o recurso em sentido estrito.
TIPOS DE SENTENÇA:

DEFINITIVAS: as que põem fim ao processo, decidindo o mérito (absolvendo ou


não);

TERMINATIVAS: aquelas que põe fim ao processo sem decidir o mérito;

GENUÍNA OU PRÓPRIAS: aquelas que põe fim ao processo condenando ou


absolvendo;

IMPRÓPRIAS: são aquelas que o juiz absolve, mas impõe a medida de segurança;

SUICIDAS: as sentenças cujo dispositivo contraria as razões invocadas na


fundamentação,

CONDICIONAIS: são as sentenças cuja execução depende de uma condição


suspensiva, por exemplo, quando o juiz condena o réu, mas aplica a ele o sursis;

VAZIAS: são aquelas que são passíveis de anulação por falta de fundamentação ou
aquelas que não enfrentam o mérito.

DO REFORMATIO IN PEJUS: é proibida toda e qualquer reforma da sentença para


agravar a situação do réu, quando somente este tiver recorrido. Para reformar para
pior a condição sine qua non é que haja recurso do Ministério Público ou do
querelante.

OCORRÊNCIAS NA SENTENÇA:
1- quando a denúncia tipifica crime maior e na sentença o juiz aplica crime
menor= DESCLASSIFICAÇÃO.

2- EMENDATIO LIBELI (artigo 383) : é a definição de nova capitulação. Trata-se da


correção na peça acusatória. É o exercício correcional, existe a narração do
fato, MAS EXISTE ERRO NO SEU ENQUADRAMENTO LEGAL. Ex: O Ministério
Público descreve fato como estelionato, mas ao elaborar a denúncia, capitula
como sendo o de apropriação indébita.

3- MUTATIO LIBELI (ART. 384) : neste caso, não há erro na capitulação do crime,
mas, os fatos foram narrados de forma correta pelo MP, todavia, os fatos
narrados demonstram a ocorrência de crime mais grave, tratando-se, pois na
mudança dos fatos ou da mudança na acusação. TRATA-SE DA NOVA DEFINIÇÃO
DO FATO.

Ao contrário da desclassificação: passa de crime menos grave para crime mais


grave.

Ex: Na denúncia o Ministério Público aponta o crime de furto contra o réu. No


decorrer da instrução comprova-se que o furto era qualificado. Outro exemplo o
crime culposo para doloso ou de porte de substância entorpecente para tráfico.

NESTE CASO:

 o JUIZ MANDA AOS AUTOS PARA O MP ADITAR A DENÚNCIA;

 ABRE PRAZO PARA A DEFESA SE MANIFESTAR DE TRÊS DIAS PARA QUE ESTA SE
QUISER APRESENTE NOVAS PROVAS.
SENTENÇAS DO PROCEDIMENTO DO JÚRI:

- PRONÚNCIA: determina o julgamento do réu pelo Conselho de sentença;


- IMPRONÚNCIA: aquela que o indíviduo não vai a Júri por falta de autoria ou de
materialidade;
- DESCLASSIFICAÇÃO: O réu está sendo processado por cime mais grave e a
sentença considera que houve crime menos grave. Ex: de homicídio qualificado
para homicídio simples; de crime doloso para culposo;
- ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA: o réu não vai a Julgamento Popular porque o juiz
entende que ele agiu amparado por alguma causa excludente.amparado por
alguma causa excludente.

CAPÍTULO XI - DO PROCEDIMENTO COMUM E DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO

Como já visto, a persecução penal tem início com a instauração de Inquérito


Policial contra o infrator da norma penal, visando com isto, angariar subsídios
referentes a materialidade e a autoria do delito, para a futura aplicação da lei
penal.
No procedimento administrativo, a polícia judiciária se movimenta no
sentido da colheita das provas - oitiva da vítima, oitiva de eventuais testemunhas
do fato delituoso, exames periciais, reprodução simulada de crime.
Ao encerrar o inquérito policial, o delegado oferece o seu relatório, onde
narra, minuciosamente, tudo o que foi apurado no inquérito policial e ele não deve
emitir juízo de valor sobre as eventuais provas colhidas no procedimento.
Os autos do inquérito policial, então, são remetidos ao fórum, para
distribuição a um dos juízes da Comarca, se houver mais de um. Nas Comarcas
onde haja fórum criminal, os autos do procedimento administrativo são para lá
enviados, para o mesmo fim.
Distribuídos os autos a uma das Varas, o juiz respectivo remete os autos ao
representante do Ministério Público que, ao recebê-los, tem três opções:
a) requerer o retorno dos autos à Delegacia de Polícia para a efetivação de
novas diligências.
Nesta hipótese, o Promotor de Justiça entende que faltam elementos nos
autos para a procedência integral de eventual ação penal.

b) requerer o arquivamento do inquérito policial.


Nesta hipótese, o Promotor entende que não existem indícios de
materialidade ou de autoria, ou há falta de provas, ou não há crime, para a
procedência da ação penal.
Vale ressaltar que quem determina o arquivamento é o juiz, a requerimento
do Ministério Público. Assim, não é o juiz obrigado a arquivar os autos do Inquérito
Policial: quando entender que é caso de ação penal, deve remeter os autos ao
Procurador Geral de Justiça que, então, fechará a questão. Se o Procurador Geral
requerer o arquivamento, o juiz é obrigado a aceitar a decisão. Se entender de
forma diversa, nomeia outro Promotor para oferecimento de denúncia e este não
poderá mais requerer o arquivamento dos autos.30

c) oferecer denúncia.31
Finalizado o Inquérito, termina a fase administrativa do Procedimento
Criminal. Com o oferecimento da denúncia tem início a fase judicial do processo

30
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender.
31
Os prazos para oferecimento da denúncia são os seguintes: se o acusado estiver solto o prazo será de 15
(quinze) dias e se preso o prazo será de 05 (dias). Caso a denúncia não seja oferecida neste prazo, a vítima
poderá ingressar com a queixa crime, o que é denominado pela doutrina de ação penal privada subsidiária da
pública.
O art. 29 do CPP dispõe: “Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal”.
Sobre o Prazo da denúncia temos: “Art. 46. O prazo para o oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será
de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial
(art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos”.
crime, que atribuirá ao Poder Judiciário o juízo de culpabilidade sobre a conduta
do acusado, inocentando-o ou condenando-o pela prática da infração penal.
Se o órgão do Ministério Público verificar que há elementos de convicção
sobre a materialidade e autoria do delito, nos crime de ação pública, ele oferece
denúncia, dando início ao processo crime. A denúncia é a primeira peça do
processo crime.
Mutatis mutandis, podemos afirmar que a denúncia é comparável à petição
inicial do Processo Civil e deve ela conter os requisitos previstos no artigo 41 do
C.P.P., sendo eles: qualificação do acusado ou outra forma de individualização do
mesmo; classificação do crime, rol de testemunhas.
Vale ressaltar que o réu se defende, única e exclusivamente, dos fatos
alegados na denúncia, sendo que a classificação dada ao delito pelo Promotor é
provisória, podendo ser alterada até mesmo quando da sentença final, tudo em
obediência ao princípio do “due process of law”. Por exemplo: se o acusado for
denunciado por fatos que configuram furto, jamais poderá ser condenado por
homicídio, mesmo sendo esta a classificação dada ao delito, na denúncia, pelo
Promotor.
A sentença penal deve corresponder exatamente ao pedido formulado, como
conseqüência da aplicabilidade do princípio da correlação. Assim sendo, não pode o
Juiz condenar o acusado por fatos não constantes da denúncia, sob pena de
proferir decisão extra petita. Todavia, deve ser salientado que o réu se defende
dos fatos e, se estes tiverem sido narrados de forma correta, todavia, houve erro
na capitulação do crime, pode o juiz cominar pena mais grave, corrigindo a
capitulação equivocada da denúncia. Isto se denomina de emendatio libeli,
prevista no artigo 383 do Código de Processo Penal.
Em sentido oposto, se durante a instrução se demonstra a prática de crime
mais grave, que foram constatados durante a instrução do processo, o juiz somente
poderá cominar pena mais grave se observar os preceitos do artigo 384 do Código
de Processo. Se ocorrer esta situação, que se denomina de Mutatio Libelli, o juiz
deve baixar o processo em cartório, e intimar a defesa para que se manifeste no
prazo de 08(dias) e, se quiser, possa oferecer rol de testemunhas de no máximo de
três testemunhas. Além disso, deve baixar o processo, no afã de possibilitar ao
Ministério Público o aditamento da denúncia, consignando o crime mais grave,
abrindo-se em seguida, prazo para a defesa se manifestar e, se a defesa assim o
desejar, que arrole testemunhas no número máximo de três.
Oferecida a denúncia pelo membro ministerial 32, os autos irão conclusos ao
juiz de direito que poderá receber ou não a denúncia. Se o juiz não receber a
denúncia, cabe ao Ministério Público interpor recurso em sentido estrito., mas caso
ele a receba, tem início a fase judicial do Procedimento Criminal.
Na relação processual penal temos os seguintes sujeitos:

a) Juiz;
b) Ministério Público;
c) Réu;
d) Defensor;
e) eventualmente, o Assistente de Acusação.
O defensor do acusado, na fase judicial, atua efetivamente no processo,
orientando o seu constituinte, arrolando testemunhas, requerendo diligências, em
suma, fazendo a defesa propriamente dita. O defensor pode ser:

a) Constituído: quando o acusado efetivamente contrata o profissional, seja


por instrumento de procuração, seja por termo “apud acta”, o que significa que o
acusado, no termo de interrogatório, declina o nome do profissional que irá
defendê-lo naquela ação penal;

b) Dativo: quando o profissional é nomeado pelo juiz, pois o acusado não


tem defensor constituído, seja porque não tem condições de constituir um, ou
porque é revel;

c) Defensor “ad hoc”: quando o profissional é nomeado pelo juiz, apenas


para um determinado ato processual).

32
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender.
No processo penal, o advogado é figura indispensável, sendo mister ressaltar
que a defesa do acusado só pode ser feita por profissional tecnicamente habilitado,
devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
“A vítima pode ingressar no processo ao lado do Ministério Público, na
qualidade de assistente de acusação”, conforme se observa do artigo 268 do Código
de Processo Penal. A assistência de acusação tem duas funções: a) a de proteger os
interesses e a dignidade da vítima, e b) obter a condenação do réu e com isso obter
o título executivo judicial. Deve ser observado que o pedido de assistência somente
pode ser realizado após o oferecimento da denúncia, sendo incabível na fase de
inquérito policial. Pode o assistente propor meios de prova, participar das
audiências e dos debates, aditar o libelo. No Tribunal do Júri o assistente poderá
requerer a sua participação no processo, em até três dias antes da realização do
Júri Popular, anotando que a sua ausência não adiará o julgamento. O assistente de
acusação somente pode recorrer para agravar a pena do réu, em caso de não haver
sido proposta pelo Ministério Público o recurso no prazo legal (RT 621/415),
havendo decisões em sentido oposto, uma vez que, se já houve a condenação do
réu, não há que se falar em apelação do assistente uma vez que ausente o
pressuposto da sucumbência (RT 565/383). Caso o Magistrado indefira a
participação do assistente de acusação no processo, caberá mandado de segurança
ou correição parcial.
O recebimento da denúncia é fase importantíssima para o processo penal,
haja vista que é causa interruptiva da prescrição.
No despacho de recebimento da denúncia, o juiz, além de efetuar o
recebimento, designa data para o interrogatório, determinando a citação do
acusado, para comparecimento. A citação é obrigatória e pode ser efetivada
pessoalmente ou por edital. A citação pessoal é feita por meio de mandado por
oficial de justiça. A editalícia é feita no caso de o réu não ser encontrado, ou se
encontrar em local incerto e não sabido, ou, em caso de crime apenado com
detenção, o réu estiver em localidade fora do país.
Em qualquer dos casos acima, o juiz é obrigado a nomear defensor ao
acusado, o mesmo ocorre quando o acusado, embora citado, não comparece para o
interrogatório.
Caso o réu não seja encontrado para ser citado, ou se encontre em lugar
incerto e não sabido será efetivada a sua citação por edital. Caso o acusado, citado
por edital, não compareça no dia designado e nem constitua defensor, o juiz
determinará a suspensão do processo e do prazo prescricional. Esta é regra do
artigo 366 do Código de Processo Penal. Caso o juiz suspenda o processo, é cabível
o recurso em sentido estrito e não o recurso de apelação. Vale salientar que, se o
réu não comparecer, mas constitui defensor, o processo e o prazo prescricional tem
curso normal, devendo o juiz decretar a revelia e prosseguir com o feito.
Interessante é que o prazo máximo de suspensão do processo pela incidência da
regra do artigo 366 do CPP é o do máximo da prescrição in abstrato cominada ao
delito33
No caso de réu menor - cuja idade é menor de 21 anos e maior de 18 - é
necessária a nomeação de curador, no ato do interrogatório, sob pena de nulidade
do processo, a partir deste ato.
Deveras interessante é a questão da obrigatoriedade ou não da nomeação de
curador para o réu menor quando de seu interrogatório, estabelecida a partir da
vigência do Código Civil que alterou a idade para obtenção da capacidade civil de
21(vinte e um anos) para 18 (dezoito anos). Neste sentido temos posicionamento de
que não é mais possível a alegação de nulidade pela ausência de curador ao menor
de 21 anos, pela revogação tácita dos artigos 15 e 564, Inciso III, de forma tácita e
pela revogação do artigo 194 do CPP pela Lei nº 10.792, de 1.12.2003, DOU
2.12.2003 (TJ-MG; HC 1.0000.05.431506-4/000; Belo Horizonte; Segunda Câmara
Criminal; Rel. Des. Hyparco de Vasconcellos Immesi; Julg. 02/02/2006; DJMG
11/04/2006).Neste sentido, temos várias decisões. 34

33
“CRIMINAL. HC. POSSE DE ENTORPECENTE. Suspensão do processo nos termos do art. 366 do CPP.
Suspensão do prazo prescricional. Limite. Prescrição caracterizada. Ordem concedida. II. III. lV. V. VI. VII. I.
O art. 366 do CPP não fixa prazo máximo tanto para o período da suspensão do curso processual, quanto para a
implementação do lapso prescricional. Admitir que a suspensão do prazo prescricional siga indefinidamente
significaria tornar imprescritíveis condutas cuja punição abstratamente cominada seja branda. O parâmetro para
o limite da suspensão do curso do prazo prescricional, em caso de suspensão do processo nos termos do art. 366
do CPP, é aquele determinado pelos incisos do art. 109 do Código Penal, adotando-se o máximo da pena
abstratamente cominada ao delito. Precedentes. Prescrição que deve ser reconhecida - Considerando-se a pena
máxima cominada ao delito de posse de entorpecente - Se, entre o último marco interruptivo da contagem do
prazo prescricional e a presente data já transcorreu o período de 02 (dois) anos. Ordem concedida, para declarar
extinta a punibilidade do paciente, em razão da prescrição. (Superior Tribunal de Justiça STJ; HC 56.426; Proc.
2006/0059970-1; SP; Quinta Turma; Rel. Min. Gilson Langaro Dipp; Julg. 15/08/2006; DJU 18/09/2006; Pág.
345)

34
“A Lei nº 10.792/2003 extinguiu a figura do curador ao réu maior de 18 anos e menor de 21 anos, por
motivo da revogação do art. 194 do Código de Processo Penal, e, tacitamente, de seus arts. 15 e 564, inciso III,
Neste passo nunca é demais lembrarmos que se o réu for citado por edital,
não comparecer e não constituir (contratar) advogado, nos termos do artigo 366 do
Código de Processo Penal ficarão suspensos o processo e também o prazo
prescricional. Presentes os pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal
não haverá óbice para a decretação da prisão preventiva do acusado. Tem-se
entendido, por fim, que o prazo de suspensão do processo jamais poderá ser
superior ao prazo da prescrição in abstrato do delito.
Citado o réu e comparecendo em juízo, ele será interrogado pelo juiz, sobre
as acusações que lhe são imputadas. O juiz pergunta ao réu sobre a sua
personalidade, sobre os fatos, as circunstâncias e motivos que o levaram à prática
do crime e, também, se o réu possui alguma relação com as testemunhas arroladas
com a denúncia.
Anteriormente, o interrogatório era considerado como ato personalíssimo
entre o acusado e o Juiz. A partir da vigência da Lei 10.792 de 01 de dezembro de
2.003, o interrogatório, doravante, necessita da participação do advogado.
Reserva, ao réu, o direito de antes de ser ouvido, ter entrevista reservada com seu
defensor. Exige o CPP que o interrogatório do réu seja realizado na presença de seu
defensor, que pode, após as perguntas realizadas pelo Juiz, fazer perguntas ao
interrogado, conforme se observa do artigo 188 do Estatuto Processual Penal.
Embora deva ser realizado logo após o recebimento da denúncia, nada
impede que o interrogatório seja realizado em qualquer fase do processo, mesmo
após a prolação de sentença. É prova de defesa, pois o réu apresenta, livre de
qualquer vício ou coação, sua versão sobre os fatos. Nada impede que o acusado
permaneça calado e não responda às perguntas, sendo este direito elevado a foro
de constitucional.
alínea c. A ausência de curador na prestação de declarações no inquérito e no interrogatório judicial, não é
causa de nulidade absoluta do processo, sendo imprescindível a demonstração de prejuízo à defesa. 2. O
procedimento inquisitório constitui-se em peça meramente informativa, razão pela qual eventuais
irregularidades nessa fase não tem o condão de macular a futura ação penal. O maior de 18 e menor de 21
anos de idade deixou de ser relativamente incapaz”. (TJ-MG; HC 1.0000.05.431506-4/000; Belo Horizonte;
Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Hyparco de Vasconcellos Immesi; Julg. 02/02/2006; DJMG 11/04/2006)
“O art. 10 da Lei nº 10.792/03, ao revogar expressamente o art. 194 do Código de Processo Penal, encerrou a
discussão acerca da necessidade de nomeação de curador a acusado maior de dezoito anos, instaurada com o
advento do novo Código Civil, inexistindo, atualmente, nulidade absoluta por inobservância da prescrição
legal, ainda que em fase policial. Se não há manifestação do douto Juiz Singular acerca do pedido de liberdade
formulado pela defesa, estando a decisão hostilizada carente de fundamentação acerca de sua possibilidade ou
não, não há como esta Corte proceder a tal exame, sob pena de supressão de instância”. (TJ-MG; HC
1.0000.05.421374-9/000; Nova Lima; Primeira Câmara Criminal; Relª Desª Márcia Maria Milanez Carneiro;
Julg. 28/06/2005; DJMG 02/08/2005)
Caso o acusado confesse o delito, sua confissão tem valor relativo, como
todas as outras provas processuais penais e só será aceita se corroborada por
demais elementos de prova e de convicção.
O interrogatório deve ser datilografado, assinado pelo juiz, pelo acusado,
pelo defensor, se estiver presente, e, no caso de réu menor, também pelo seu
curador. Findo o interrogatório, o juiz designará data para a audiência de início de
instrução, sem prejuízo da defesa prévia, sendo que na referida audiência ocorre a
inquirição da vítima e das testemunhas de acusação.
Na hipótese de o defensor constituído ou dativo não estar presente no ato do
interrogatório, deverá ser intimado para a apresentação de defesa prévia 35.
Logo depois de realizado o interrogatório pelo juiz, no prazo de três dias, o
defensor do acusado pode apresentar defesa prévia. A defesa prévia é apresentada
no denominado tríduo legal. O prazo para sua apresentação começa a correr do
interrogatório do acusado, ou da intimação de seu defensor. A questão do prazo em
dobro é, ainda, polêmica, conforme se observa na citação de rodapé.
Se o acusado tiver advogado constituído nos autos, e, estiver o defensor
presente ao ato do interrogatório, o prazo para apresentação de defesa prévia é
contado a partir desta data. Na hipótese de estar ausente o advogado, ele deve ser
intimado para a apresentação de defesa prévia, sob pena de cerceamento de
defesa e conseqüente nulidade de todo o processado.
Se o defensor for dativo, deve ele ser intimado para a apresentação das
alegações preliminares, via Diário Oficial ou mandado (o que ocorre no caso de réu
preso). Normalmente, se o acusado for beneficiário da Assistência Judiciária ou for
assistido pela Defensoria Pública, o defensor deverá ser intimado pessoalmente e
tem a seu favor, ainda, a contagem em dobro do prazo.
A defesa prévia é mera faculdade do defensor, não ocorrendo nulidade por
sua falta. A nulidade só existirá quando não houver a concessão, pelo juiz, do prazo
35
“Prazo em dobro para o defensor dativo: APELAÇÃO. FURTO QUALIFICADO. DEFENSOR DATIVO.
PRAZO EM DOBRO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 1.060/50. PRECEDENTES DO
STF. Conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, o defensor dativo não tem direito ao benefício do
prazo em dobro para recorrer previsto na Lei nº 1060/50 que somente se aplica aos defensores públicos. (TJ-
MG; ACr 1.0209.03.024203-3/001; Curvelo; Quinta Câmara Criminal; Rel. Des. Alexandre Victor de Carvalho;
Julg. 12/09/2006; DJMG 06/10/2006) – em sentido contrário: “Tratando-se de defensor dativo, pertencente aos
quadros da assistência judiciária, será em dobro o prazo para recorrer; tema pacificado, tanto pela
interpretação extensiva do parágrafo 5., artigo 5., da Lei n. 1.060/50, com redação determinada pela Lei nº
7.871/89, quanto pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Apelação intempestiva. (TJ-GO; ACr
26314-6/213; Proc.200401826702; Valparaíso de Goiás; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Byron Seabra
Guimarães; Julg. 14/12/2004; DJGO 10/01/2005)
de três dias para apresentação de defesa prévia. O defensor sempre deve
apresentar a defesa prévia, pois é esta a única oportunidade que tem para arrolar
testemunhas, requerer diligências, acareações, esclarecimentos sobre provas
periciais e juntar documentos. Se não o fizer, seu direito processual estará
precluso, pois fora desta oportunidade não poderá mais a defesa do réu efetivar
aqueles atos.
Vale ressaltar que o advogado do acusado não deve, na defesa prévia, já
fazer a efetiva defesa do acusado, expondo sua tese defensiva, ou, em termos
chulos, “dando o prato de comer ao faminto”. Deve, portanto, apresentá-la de
forma genérica, simplesmente protestando por provar a inocência do réu ao final
da instrução probatória.
Nada impede, entretanto, que o advogado já ataque de plano o mérito,
refute as acusações, negue a autoria, levante tese de presença de causa
excludente da antijuridicidade e da culpabilidade, ou até forneça um álibi, mas
isto demonstrará, “data venia”, a absoluta falta de técnica processual penal, vez
que as alegações poderão ser afastadas na audiência seguinte que é a oitiva de
testemunhas de acusação.
Entretanto, matérias de ordem preliminar devem ser de logo argüidas, tais
como: suspeição, litispendência, coisa julgada, ilegitimidade de parte (v.g., caso
de homônimo), prescrição etc, sob pena de saneamento, pois se tratam de
nulidades relativas.
Por exemplo, no crime de ação penal pública condicionada à representação
do ofendido, verifica-se sua inexistência. O advogado deve aduzir este fato em
sede de preliminar, na defesa prévia, desde que esgotado o prazo decadencial para
a oferta de representação.
Na defesa prévia o defensor do réu poderá arrolar:

a) oito testemunhas de defesa, caso o crime siga o rito ordinário (dos crimes
apenados com reclusão);

b) cinco testemunhas, nos casos de crimes relativos a entorpecentes,


contravenções e crimes que devam seguir o rito sumário (dos crimes punidos com
detenção).
Ao contrário do processo civil, no Direito Processual Penal não se protesta
pelo oferecimento oportuno de rol de testemunhas. Este deve ser oferecido com a
defesa prévia, constando os nomes, profissões e endereços das testemunhas.
Também ao reverso do Processo Civil, a defesa prévia não precisa contestar
todos os fatos alegados na exordial acusatória, visto que a defesa possui o direito
de apresentar seus argumentos na fase final do feito.
As testemunhas podem ser intimadas ou poderão comparecer à audiência
independentemente de intimação. No primeiro caso, a testemunha é intimada por
mandado, pelo oficial de justiça. Nesta hipótese, se ela não comparecer, o
advogado pode requerer sua condução coercitiva. No segundo caso, cabe ao
acusado levá-la à audiência. Se a testemunha não comparecer, presume-se a
desistência de sua oitiva pelo acusado.
A defesa prévia, embora não seja obrigatória, deve sempre ser realizada,
mesmo que não existam testemunhas a serem arroladas. No caso de o acusado não
ter oferecido o rol de testemunhas ao advogado, tal fato deve ser mencionado na
defesa prévia, para evitar futuras conseqüências ao profissional.
Ainda sobre a defesa prévia, deve ser esclarecido que, nos termos do artigo
514 do Código de Processo Penal, esta antecede ao recebimento da denúncia, no
caso de crimes de responsabilidade de funcionários públicos; ela deve ser
apresentada no prazo de 15 dias e que tal defesa é imprescindível, sob pena de
nulidade do processo (RT 708/374).
Deve ser acrescido que, nos crimes de tóxicos, ex vi da Lei 11.343 de 23 de
agosto de 2006, depois de oferecida a denúncia, o juiz deve ordenar a notificação
do acusado para oferecer a sua defesa no prazo de 10(dez) dias. Nesta defesa, o
réu poderá argüir preliminares, exceções, juntar documentos, alegar suas teses
defensivas e nesta peça, deve indicar as suas testemunhas de defesa, em número
de 05 (cinco). Observe-se que, caso não haja apresentação de defesa pelo réu, o
juiz deve nomear advogado para apresentá-la.

A fase das alegações finais encerra a instrução criminal. Neste passo é


necessário lembrarmos que existem três tipos de alegações finais:
a) escritas, no prazo de três dias, no procedimento ordinário;
b) orais, no prazo de vinte minutos, prorrogáveis por mais dez minutos, no
procedimento sumário;
c) escritas, no prazo de cinco dias, no procedimento dos crimes dolosos
tentados ou consumados contra a vida;

É nesta fase processual que as partes (Ministério Público e o Defensor do


Acusado e eventualmente o Assistente de Acusação) devem argüir as nulidades que
não foram sanadas, tendo como conseqüência que, se não alegadas, ficarão
sanadas.
Quanto ao mérito é nesta fase processual que as partes devem analisar
documentos, depoimentos, perícia, enfim, toda a prova produzida e fazer ver ao
julgador a procedência da tese sustentada.
As alegações finais podem ser feitas nos próprios autos, logo após e abaixo
do “Termo de Vista”, no próprio processo ou, caso contrário, apresentadas em
separado, em laudas datilografadas, juntadas “a posteriori”, no processo.
O prazo para apresentação das alegações finais nos procedimentos dos
crimes punidos com reclusão é de 03(três) dias. No procedimento do Tribunal do
Júri o prazo é de cinco dias.
Na fase das alegações finais, podem as partes juntar documentos, exceção
feita aos crimes de competência do Tribunal do Júri, ante a proibição expressa
contida no artigo 406, § 2º do Código de Processo Penal.
Segundo dispõe o artigo 501 do Código de Processo Penal, os prazos a que se
referem os artigos 499 e 500 do Código de Processo Penal correm em Cartório,
independentemente de intimação das partes, salvo em relação ao Ministério
Público, que deve necessariamente intimado para tais atos.
Trata-se de um tratamento desigual dado às partes na relação processual,
violando, inclusive, preceito de natureza constitucional - “princípio do
contraditório” em que prevê que as partes tanto acusadora, quanto a defesa,
estejam situadas em plano de igualdade. É óbvio que, processualmente, não se
deve permitir ao acusador o que não se permite à defesa. Por isto, vasta corrente
jurisprudencial tem entendido que os prazos dos artigo 499 e 500 do Código de
Processo Penal correm a partir da intimação das partes, seja pelo Ministério
Público, seja para a Defesa (RT 401/331, 436/416, 355/95, 373/276, 444/342 e a
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal).
Na prática adota-se a corrente acima citada e por via de conseqüência os
advogados são intimados (seja via Oficial de Justiça, seja D.O.E., seja no balcão do
cartório) para manifestarem-se na fase do artigo 499 e 500 do Código de Processo
Penal.
As alegações finais são normalmente feitas por escrito. Excepcionalmente
são feitas oralmente, sendo feitas nos processos em que o legislador rotulou de
sumário (Contravenções Penais, lei 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais,
crimes punidos com detenção). Nestes casos, as alegações finais são feitas
oralmente, não havendo impedimento algum que as partes requeiram ao Juiz a
juntada aos autos de Memorial, em que é apresentada a defesa do acusado por
escrito.
Outros advogados levam um rascunho de suas alegações e ditam para o
escrevente. Outros advogados falam na hora. O prazo para alegações finais orais é
de 20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10(dez) minutos.
Como nesta fase processual é que se realiza efetivamente a defesa do
acusado, a ausência das alegações finais, que é peça essencial do processo,
acarreta a nulidade absoluta, haja vista ficar o réu manifestamente indefeso 36.
Mas, existem entendimentos contrários afirmando que a falta de alegações finais é
mera irregularidade, pois as alegações finais não são peça essencial do processo.
O entendimento majoritário entende que as alegações finais constituem
peça e termo essencial do processo e sua falta caracteriza manifesto cerceamento
de defesa - “absoluta falta de defesa”.
Se o advogado, por qualquer motivo não as apresenta, o réu não ficará
indefeso, haja vista que o juiz deverá nomear outro advogado para apresentá-la.
O advogado tem o direito de retirar os autos do processo crime do cartório
para efetivamente fazer a defesa do réu, pois com tal providência tem melhores
condições de estudar as provas colhidas no processo e analisá-las para poder
elaborar uma defesa tecnicamente correta.

36
“No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo para o réu” SÚMULA 523 do STF
É inadmissível que o advogado do acusado peça, na única oportunidade que
tem para defender o seu constituinte, a sua condenação nas alegações finais, e se
isto, por ventura ocorrer anula-se toda a ação penal, a partir das alegações finais.
O mesmo ocorre quando o defensor dativo pede a condenação do réu.
As alegações finais elaboradas por estagiário causam nulidade do processo,
pois tal ato é privativo do profissional da área do direito.
Segundo a jurisprudência dominante, o prazo total para encerramento da
instrução em se tratando de réu preso por crime apenado com reclusão é de 81
(oitenta e um) dias para encerramento da prova de acusação; descumprido e não
observado este prazo, caracteriza-se o constrangimento ilegal, reparável através
de ordem de “habeas corpus”37.
Existindo vários réus, sendo estes defendidos por advogados diferentes,
impõe-se em decorrência do prazo comum, a permanência dos autos em cartório,
não podendo, com isto, ser retirados para a elaboração das alegações finais.
Mas, os advogados podem conjuntamente e através de petição, requerer ao
Juiz a retirada dos autos de Cartório, estipulando um prazo para cada um dos
advogados apresentar a defesa de seus constituintes.
Em se tratando de defesa colidente 38, sob pena de nulidade, é necessário
que o Magistrado tome a precaução de nomear defensores distintos para cada
acusado.
37
“PRAZO DE 81 DIAS: HABEAS CORPUS. ACUSATÓRIA ANCORADA NOS ARTIGOS 288, 180 E 304 DO
CÓDIGO PENAL. EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. O paciente está recolhido na cadeia pública da Comarca de Guaíra desde 18
de maio de 1992 e arte o ofício enviado pelo Dr. Juiz de Direito apontado como autoridade coatora, datado de
28 de setembro de 1992, a instrução da ação criminal não estava concluída, mas sim na fase preambular;
Houve, portanto, decurso de prazo superior a oitenta e um (81) dias, sem que a formação da culpa se
completasse, apesar do paciente estar custodiado, o que caracteriza constrangimento ilegal. Ordem concedida
a fim de expedir, em favor do paciente, alvará de soltura. (TJ-PR; HC Crime 0023794-5; Ac. 6010; Guaíra;
Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Plínio Cachuba; DJPR 02/02/1993)
Em sentido oposto: “O prazo de 81 dias para a conclusão da instrução não é absoluto. O constrangimento
ilegal por excesso de prazo só pode ser reconhecido quando a demora for injustificada. Não se acolhe alegação
de constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação da culpa, se os autos demonstram encontrar-se, o
feito, na fase de alegações finais. Súmula nº 52/STJ”.- (Superior Tribunal de Justiça STJ; HC 21208; PA; Quinta
Turma; Rel. Min. Gilson Langaro Dipp; Julg. 25/06/2002; DJU 02/09/2002; pág. 00217)- Súmula nº 52.
“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo.” (DJU
24.9.1992).

38
“APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO TENTADO. COLIDENCIA ENTRE DEFESA TÉCNICA E AUTODEFESA.
DECLARAÇÃO, DE OFÍCIO, DE NULIDADE POR VIOLAÇÃO DA GARANTIA DA DEFESA PLENA.
Ressaindo dos autos que o advogado do réu ofereceu tese de defesa colidente com a versão dos fatos
apresentados pelo seu constituinte em sua autodefesa, impõe-se reconhecer violada a garantia constitucional e
infraconstitucional da defesa plena, com a declaração, de ofício, de nulidade processual. Recurso conhecido.
Nulidade decretada de ofício”. (TJ-GO; ACr 24275-2/213; Proc.200300946133; Goiânia; Segunda Câmara
Criminal; Rel. Des. Aluízio Ataídes de Sousa; Julg. 02/10/2003; DJGO 16/10/2003)
PROCEDIMENTOS

a) para crimes punidos com reclusão.

Notitia Criminis

Inquérito Policial

Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.

Denúncia pelo MP

Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.

Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça

Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.

Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar oito testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.

Audiência para oitiva de testemunhas de acusação.

Audiência para oitiva de testemunhas de defesa.

Fase das Diligências: art. 499 do CPP (24 horas para cada parte, utlizada para
requerer alguma diligência necessária para esclarecimento de algum ponto
obscuro no processo).

Fase das Alegações Finais; Artigo 500 do CPP. São feitas por escrito, no prazo de
três dias.

Sentença pelo Juiz: de procedência, improcedência ou de desclassificação.

Recurso de Apelação.

b) para crimes punidos com detenção.

Notitia Criminis

Inquérito Policial

Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.

Denúncia pelo MP

Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.

Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça

Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.

Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar cinco testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.

Despacho Saneador: designação de data de audiência de Instrução, Debates e
Julgamento.

Audiência de Instrução Debates e Julgamento, que consiste:

Oitiva da Vítima

Oitiva das testemunhas de acusação

Oitiva das testemunhas de defesa

Debates Orais: a palavra é dada primeiramente ao membro do Ministério Público,
posteriormente ao advogado do réu pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogável
por mais 10 (dez) minutos á critério do magistrado.

Sentença pelo Juiz: procedência, improcedência ou parcial procedência.

c) do procedimento do Júri: crimes dolosos, tentados ou consumados contra vida.

PRIMEIRA FASE (OITO TESTEMUNHAS)

Notitia Criminis

Inquérito Policial

Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.

Denúncia pelo MP

Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.

Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça

Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.

Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar oito testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.

Audiência para oitiva de testemunhas de acusação.

Audiência para oitiva de testemunhas de defesa.

Não há neste procedimento a fase do artigo 499 do CPP

Fase das Alegações Finais; Artigo 406 do CPP. São feitas por escrito, no prazo de
três dias.

Sentença pelo Juiz: de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou de absolvição
sumária ou liminar.

Recurso em Sentido Estrito.

SEGUNDA FASE: CINCO TESTEMUNHAS.

Envio dos autos á Vara do Tribunal do Júri.



Libelo Crime Acusatório ofertado pelo MP: onde arrola testemunhas de acusação
que irão depor em Plenário, máximo de 05 testemunhas.

Contrariedade ao Libelo Crime Acusatório: ofertado pela defesa, onde arrola
testemunhas de defesa que irão depor em Plenário, máximo de 05 testemunhas.

Designação pelo Juiz de data para o julgamento do processo.

Abertura dos trabalhos

Chamada dos 21 jurados.

Apresentação do Réu e pergunta se este tem defensor.

Sorteio dos Jurados: 03 recusas injustificadas para cada parte.

Compromisso dos Jurados.

Interrogatório do Réu

Relatório do processo pelo Juiz.

Leitura de Peças requeridas pelo MP e pela Defesa

Inquirição das Testemunhas: primeiro as de acusação e depois de defesa.

Debates Orais
prazo: 02 horas em caso de um réu, 03 horas em se tratando de mais de um réu.
Acusação fala em primeiro lugar, depois a defesa.

Réplica: própria do MP
prazo: meia hora em caso de um acusado, e uma hora em caso de mais de um
acusado.


Tréplica: própria da Defesa.
prazo: meia hora em caso de um acusado, e uma hora em caso de mais de um
acusado

Recolhimento dos Jurados na Sala Secreta
votação dos quesitos
princípio do livre convencimento não motivado.

Sentença proferida pelo Juiz

Recurso de Apelação.

CAPÍTULO XII - DO PROCEDIMENTO DO JURI

Generalidades - Para os crimes dolosos consumados ou tentados contra a vida, a


legislação brasileira prevê o julgamento do acusado pelos seus pares, isto é, por
cidadãos do povo, escolhidos na sociedade, que são os jurados.

Os crimes que vão a julgamento popular são o homícidio (simples ou qualificado), o


aborto, a instigação ao suícidio e o infantícidio, segundo previsão expressa do
artigo 121 usque 128 do Código Penal.
Portanto, excluídos estão o latrocínio – que é um crime contra o patrimônio e a
morte é uma forma do agente conseguir a substração da coisa – e a lesão corporal
seguida de morte – uma vez que se trata de crime contra a integridade física e
além disso um crime preterdoloso em que há dolo no antecedente e culpa no
resultado e meta optata do agente não é a morte da vítima.

6.2- Procedimento do Júri: O processo bi-fásico. - A doutrina brasileira encara o


procedimento do júri como sendo um procedimento que tem em seu corpo duas
fases distintas:

a) a primeira fase que é a mera admissibilidade da acusação, em que se encerra


com a sentença de pronúncia e que impera o princípio do in dubio pro societatis,
adotada uma vez que os jurados são os juízes naturais da causa;
b) a segunda fase que é a realização do julgamento em plenário do Júri.

Vejamos cada uma delas:

5.1) PRIMEIRA FASE DO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI.

Como foi citado anteriormente, o processo do Tribunal do Júri no Brasil é bi-fásico,


ou seja, tem em si duas grandes fases distintas: a primeira que se inicia com o
cometimento do delito indo até o trânsito em julgado, que é juízo de
admissibilidade da acusação, onde não existe a investigação e decisão sobre o
mérito da causa; e a Segunda que é o julgamento propriamente dito que nasce com
o envio dos autos à Vara do Júri e se encerra com a prolatação de sentença pelo
Juiz Presidente, após a votação dos quesitos pelo Conselho de Sentença.

De maior vulto se destacar é que na


primeira fase do procedimento dos crimes dolosos tentados ou consumados contra a
vida, é que ao contrário, do que ocorre nos demais crimes onde vigora o princípio
do in dubio pro reo, na primeira fase do procedimento do júri vigora o princípio do
in dubio pro societatis, ou seja, qualquer dúvida que surgir durante a fase de
cognição do procedimento do Júri deverá ser resolvida pelos jurados, que são os
juiz naturais da causa.
PRIMEIRA FASE (OITO TESTEMUNHAS)

Notitia Criminis

Inquérito Policial

Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.

Denúncia pelo MP

Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.

Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça

Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.

Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar oito testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.

Audiência para oitiva de testemunhas de acusação.

Audiência para oitiva de testemunhas de defesa.

Não há neste procedimento a fase do artigo 499 do CPP

Fase das Alegações Finais; Artigo 406 do CPP. São feitas por escrito, no prazo de
cinco dias.

Sentença pelo Juiz: de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou de absolvição
sumária ou liminar.

Recurso em Sentido Estrito.

Das sentenças da primeira fase do procedimento do júri.

Como visto acima, temos quatro tipos de


decisão que podem ser prolatadas pelo juiz na primeira fase do Júri.
São elas:

a) impronúncia: neste caso o réu não vai


a julgamento popular, seja pela ausência de autoria do crime, ou seja pela falta de
materialidade do delito;

b) pronúncia: trata-se da decisão


judicial que determina que o acusado seja julgado pelo júri, tendo em vista
estarem presentes indícios de autoria e de materialidade;

c) absolvição sumária: neste tipo de


decisão, o acusado não é levado às barras do Tribunal Popular, uma vez que o juiz
reconhece sumariamente a presença de alguma excludente de antijuridicidade;

d) Desclassificação: trata-se da decisão


judicial que reconhece a prática de crime menor que o descrito na denúncia,
podendo ou não, conforme o caso fazer com que o acusado seja julgado pelo Júri.
Exemplos:

Caso 1- João é denunciado por homicídio


qualificado e o juiz o pronuncia por homicídio simples. Houve reconhecimento de
crime menor, todavia contra a vida, mantendo-se o julgamento pelo Júri;

Caso 2- Bernardete é denunciada por


homicídio doloso, todavia o delito da sentença da primeira fase do júri imputa a
ela um crime de homicídio culposo. O caso sai da esfera do Tribunal Popular para
ser julgado pelo juiz singular.

Cabe salientar que das decisões da primeira


fase do Júri cabe o recurso em sentido estrito.
Mesmo que haja a interposição de recurso
de apelação nesta primeira fase, tendo em vista que no nosso ordenamento
jurídico, mais precisamente no sistema recursal, adota-se o princípio da
fungibilidade, que permite o recebimento de um recurso equivocado, como se fosse
o correto, desde não haja má fé do recorrente e desde que este recurso esteja no
prazo do recurso correto.

DA SEGUNDA FASE DO TRIBUNAL DO JÚRI.

O julgamento em plenário desencadeia a


Segunda fase do procedimento do Tribunal do Júri.

Este procedimento segue o quadro sinótico


abaixo descrito:

SEGUNDA FASE: CINCO TESTEMUNHAS.

Envio dos autos á Vara do Tribunal do Júri.



Libelo Crime Acusatório ofertado pelo MP: onde arrola testemunhas de acusação
que irão depor em Plenário, máximo de 05 testemunhas.

Contrariedade ao Libelo Crime Acusatório: ofertado pela defesa, onde arrola
testemunhas de defesa que irão depor em Plenário, máximo de 05 testemunhas.

Designação pelo Juiz de data para o julgamento do processo.

Abertura dos trabalhos

Chamada dos 21 jurados.

Apresentação do Réu e pergunta se este tem defensor.

Sorteio dos Jurados: 03 recusas injustificadas para cada parte.

Compromisso dos Jurados.

Interrogatório do Réu

Relatório do processo pelo Juiz.

Leitura de Peças requeridas pelo MP e pela Defesa

Inquirição das Testemunhas: primeiro as de acusação e depois de defesa.

Debates Orais
prazo: 02 horas em caso de um réu, 03 horas em se tratando de mais de um réu.
Acusação fala em primeiro lugar, depois a defesa.

Réplica: própria do MP
prazo: meia hora em caso de um acusado, e uma hora em caso de mais de um
acusado.


Tréplica: própria da Defesa.
prazo: meia hora em caso de um acusado, e uma hora em caso de mais de um
acusado

Recolhimento dos Jurados na Sala Secreta
votação dos quesitos
princípio do livre convencimento não motivado.

Sentença proferida pelo Juiz

Recurso de Apelação.

Importante:

No Plenário do Júri estão presentes:

a) o Juiz Presidente;
b) o membro do Ministério Público;
c) o réu e seu defensor;
d) os sete jurados;
e) os oficiais de justiça e o escrivão do feito.

Libelo crime acusatório - Trata-se a rigor de uma segunda denúncia dentro do


procedimento bi-fásico dos crimes dolosos tentados ou consumados contra a vida.
Fica adistrito e nos limites da sentença de pronúncia não podendo ultrapassá-la. O
princípio da correlação também predomina nesta fase, uma vez que o acusador ao
elaborar o libelo tem como limite a sentença de pronúncia.
O libelo pode ser conceituado como “a exposição escrita e articulada do fato
criminoso reconhecido na pronúncia, com a indicação do nome do réu, das
circunstâncias agravantes previstas na lei penal, bem como o pedido de
procedência da pretensão penal”39
No dizer de PAULO LÚCIO NOGUEIRA o libelo constitui o “o ato de postulação da
acusação, emana da pronúncia e constitui a principal fonte do questionário”. 40
As partes do libelo crime acusatório são divididas em três frentes bem distintas: a
introdução, o articulado e o pedido.

O libelo crime é importante para o acusador, uma vez que nesta fase processual é
que ele arrola as testemunhas de acusação que irão depor em Plenário, em número
de cinco, juntar os documentos que entender necessários e requerer diligências.

39
Júlio Fabrini Mirabete, Processo Penal, p. 492.
40
Curso Completo de Processo Penal, p. 422.
MODELO DE LIBELO CRIME ACUSATÓRIO

POR LIBELO CRIME ACUSATÓRIO, DIZ A JUSTIÇA PÚBLICA, COMO AUTORA, POR SEU
PROMOTOR, CONTRA O RÉU MOYSES FELIPPE MOYSES, VULGO MOYSES AO
QUADRADO, QUALIFICADO ÀS FLS. 24, POR ESTA E NA MELHOR DE DIREITO

E. S. N. (E SENDO NECESSÁRIO) PROVARÁ:

1o. ) que no dia 24 de fevereiro de 1.999 do corrente ano, às 10:30 min, no interior
de um bar sito à Rua das Flores, número 24, bairro das Camélias, nesta Comarca,
MOYSES FELIPPE MOYSES, a golpes de chave de fenda, produziu em Joaquina
Bernardete de Luzia os ferimentos descritos no auto de exame de corpo de delito
de fls. 33/34;

2o.) que estes ferimentos foram a causa da morte da vítima.

Nestes Termos, pede-se a condenação do réu MOYSES FELIPPE MOYSES, nas penas
do art. 121 caput do C.P.

Data.

ROL DE TESTEMUNHAS

a) nome e endereço
b) nome e endereço
c) nome e endereço
d) nome e endereço
e) nome e endereço
Advogado

Notificação do réu do libelo crime acusatório - Sabemos que o procedimento do


júri é um procedimento bi-fásico e sabedores disso, necessário também dar ciência
ao acusado da acusação formal formulada contra ele perante o Egrégio Tribunal do
Júri.
A notificação da apresentação do libelo ao réu deve seguir a seguinte fórmula:
deve ser realizada por mandado judicial, a ser cumprida por oficial de justiça e de
forma pessoal.

Tal diligência é necessária uma vez que no processo penal brasileiro, vige-se o
princípio da igualdade, e em razão disso, como o Promotor arrola as suas
testemunhas de acusação no libelo crime acusatório, o acusado também pode
requerer a oitiva de testemunhas de defesa em Plenário.
Caso não seja cumprida tal formalidade, tal fato é tido juridicamente como causa
de nulidade absoluta do processo, conforme dispõe o artigo 564, III, f do Código de
Processo Penal.

Contrariedade ao libelo crime acusatório - O artigo 421 do Código de Processo


Penal faculta ao defensor a apresentação da contrariedade ao libelo crime
acusatório.
Nesta oportunidade processual é que o defensor tem a oportunidade de arrolar
testemunhas de defesa que irão depor em Plenário, em número de cinco, bem
como juntar documentos ou requerer alguma diligência que seja pertinente ao
deslinde da causa.

Como na defesa prévia, conforme ensina MIRABETE, “a contrariedade não exige


forma especial, não necessita ser articulada e pode ser apresentada por negação
geral”. 41, e mais do que isto, ao apresentar a contrariedade de forma geral, a tese
defensiva fica preservada, sendo apenas apresentada quando dos debates em
Plenário.
Pode acontecer que o réu não tenha defensor quando da notificação, devendo
então o magistrado nomear um advogado para a defesa do acusado. Pode
acontecer, também que o réu tenha defensor constituído e que este não apresente
a contrariedade, neste caso, apesar de ser a contrariedade uma peça facultativa,
para preservar os interesses do acusado, seria de maneira prudente a atuação do
juiz em intimar o réu para constituir novo defensor, sob pena de ser-lhe nomeado
um defensor dativo, uma vez que o acusado jamais pode arcar com a negligência
de seu defensor.

MODELO DE CONTRARIEDADE AO LBELO CRIME ACUSATÓRIO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DO JÚRI


DA COMARCA DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA- ESTADO DE SÃO PAULO.

- Referência Processo Crime - Cartório do Júri.


- Cartório do Júri

41
Processo Penal, p. 495.
“A”, já devidamente qualificado nos
autos, feito epigrafado, Ação Penal, que lhe promove A Justiça Pública, por
suposta infração ao elencado no artigo 121, § 2 O., incisos I e IV do Código Penal,
cujo caderno processual tem tramitação perante este Egrégio Juízo e r. cartório de
feitos criminais, neste ato devidamente representado por seu advogado nomeado e
indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil, comparece com o costumeiro
respeito e acatamento forense à nobilíssima presença de Vossa Excelência, nos
termos do artigo 421 e seguintes do Código de Processo Penal, para
tempestivamente apresentar a sua :

CONTRARIEDADE AO LIBELO CRIME ACUSATÓRIO

ofertado pelo brilhantíssimo e mui digo Representante do Ministério Público desta


Comarca, reservando-se, no entanto, o direito de apresentar a sua defesa “in
opportuno tempore”, quando de seu julgamento pelos seus pares perante o Egrégio
Tribunal do Júri desta comarca.

Outrossim, arrola, como lhe faculta a lei


processual penal, nesta fase, as seguintes testemunhas de defesa, que deverão ser
intimadas na forma da lei, as quais a Defesa considera imprescindíveis e
indispensáveis para a garantia do sacrossanto direito de defesa do ora acusado, em
conformidade com o disposto no artigo 455 e seguintes do Código de Processo
Penal.

*** ROL DE TESTEMUNHAS ***

(qualificar as testemunhas)
REQUERIMENTOS ADICIONAIS INDISPENSÁVEIS FORMULADOS PELA DEFESA:

Tendo em vista que esta Defensoria foi


nomeada a poucos dias para defender os interesses do acusado, alguns
requerimentos são indispensáveis e imprescindíveis para a realização da defesa do
réu perante os seus pares, assim sendo, requer a Vossa Excelência:

a) as necessárias providências para que


sejam juntadas aos autos, a folha de antecedentes da vítima B, data de nascimento
04. 06.40, portador do RG número , junto ao Instituto de Identificação Ricardo
Gublenton Daunt, junto ao Cartório Distribuidor desta Comarca e que seja oficiado
a Delegacia Seccional de Polícia para que esta envie também o D.V.C. da vítima e
que seja oficiado a Delegacia de Polícia de................., para que esta informe as
ocorrências policiais que tiveram como autor a vítima e se em algum momento
havia suspeita por parte daquela repartição policial que a vítima era dada ao
tráfico ilícito de entorpecentes;

b) as necessárias providências para que


sejam fornecidas à defesa, cópia integral do presente feito – de capa a capa,
gratuitamente e de forma urgente – urgentíssima, ante a proximidade do
julgamento do acusado e tendo em vista que o mesmo é beneficiário da Assistência
Judiciária;

c) as necessárias providências para que seja


oficiado a...........................”, para que esta envie aos autos o prontuário de
atendimento da vítima, devendo o respectivo ofício responder a hora que a vítima
deu entrada naquele nosocômio, bem como a hora do óbito e quais foram os
procedimentos médicos adotados na ocasião.

Nestes termos,
Pede Deferimento.
São João da Boa Vista,
aos 08 de abril de 2.000.

ADVOGADO

Mudança no lugar do julgamento – “desaforamento” - Este instituto processual é


utilizado na prática forense com o intuito de transferir o julgamento do acusado
para comarca diferente de onde o crime foi cometido, ou “o ato processual pelo
qual o processo é submetido a julgamento em foro diverso do local em que se deu
a pronúncia”.42
Os motivos para o desaforamento de júri são taxativos e expressos no artigo 424 do
Código de Processo Penal, que são o interesse da ordem pública, quando existir
dúvida sobre a imparcialidade do júri, dúvida sobre a segurança pessoal do réu ou a
não realização do julgamento no prazo de um ano a contar do recebimento do
libelo desde que o réu e a defesa não tenham concorrido para este atraso.

Necessário se dizer que o pedido de desaforamento deverá ser dirigido ao Tribunal


de Justiça, podendo ser requerido pelo Ministério Público, pela defesa ou até
mesmo de ofício pelo Juiz Presidente do Júri.
Uma vez desaforado, não se permite o reaforamento, ou seja, o retorno dos autos
a Comarca inicialmente competente, mesmo que desaparecidas as causas que
deram origem ao pedido de desaforamento junto ao Tribunal de Justiça.

Já se decidiu que necessário se faz para o deferimento do pedido de


desaforamento a existência de provas concretas dos motivos autorizadores do
desaforamento, não bastando meras conjecturas 43.
Finalmente, só é admissível o pedido de desaforamento após a pronúncia do
acusado, ou seja, após o trânsito em julgado da sentença de pronúncia.

42
Alexandre Cebrian Araújo Reis e Outro, Sinopses Jurídicas – Processo Penal, Procedimentos, Nulidades e
Recursos, n. 15, p. 53
43
RT 603/425, 558/381, 591/429, 701/408, 460/332, 639/291
MODELO DO PEDIDO DE DESAFORAMENTO

EXMO. SR. DR. DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO


ESTADO DE SÃO PAULO.

“A”(QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE),
atualmente preso na Cadeia Pública de Vargem Grande do Sul, por seu advogado,
vem à presença de Vossa Excelência para requerer, com fundamento no artigo 424
do CPP, o presente pedido de DESAFORAMENTO, de acordo com os fatos e
fundamentos seguintes:

1. (descrever os fatos e motivos que levam ao pedido de desaforamento)


- os motivos que levam o desaforamento são os seguintes:

a) dúvida sobre a imparcialidade do Júri;


b) interesse da ordem pública o reclamar;
c) segurança pessoal do réu;
d) se um após o recebimento do libelo não se realizar o julgamento, desde que a
demora não foi ocasionada pelo réu ou sua defesa.

2. (juntar prova de todo o alegado no item anterior)


3. (colacionar entendimentos de doutrina e jurisprudência)

DIANTE DO EXPOSTO, depois de ouvido o Procurador Geral, requer o desaforamento


do julgamento do requerente para Comarca mais próxima do distrito da culpa,
onde se acredita que o julgamento do acusado será realizado com imparcialidade
que é necessária nos crimes do Júri, tudo como forma de JUSTIÇA!!!

Ntpd.
Data e assinatura.

Advogado

A designação de data pelo Juiz do Julgamento - Após o recebimento do libelo crime


acusatório, apresentada ou não a contrariedade pela defesa, o juiz deve designar a
data para julgamento do acusado pelo Tribunal Popular, e desta designação
deverão ser intimadas as partes, as testemunhas.

O despacho do Juiz seria, exemplificadamente, o seguinte:

“Vistos etc.

Processo formalmente em ordem e preparado para o Julgamento.

Designo o dia 21 de maio de 2.000, às 9:00 hs, para a realização do Júri.

Procedam-se as intimações, requisições e demais formalidades de estilo.

Juiz de Direito”.

Nota importante:

Segundo dispõe o artigo 431, os réus presos


tem preferência e serão julgados em primeiro lugar. Se houver mais de um réu
preso será julgado o que se encontra por mais tempo na prisão. Se houver
igualdade de condições, será julgado primeiro o réu que foi pronunciado a mais
tempo.

Oficiais de Justiça - Os Oficiais de Justiça tem função essencial em todos os


processos, notadamente neste procedimento. São eles os encarregados pelo Juiz de
proceder a entrega do libelo ao acusado, de intimarem as testemunhas arroladas
pelas partes no libelo, na contrariedade e ainda responsáveis pela intimação do réu
e dos jurados que irão participar do Júri.
Quando do julgamento em Plenário os oficiais de justiça são responsáveis pelo
pregão, pela incomunicabilidade dos jurados, e tem função sui generis na sala
secreta que é a função de recolher os votos válidos e os descartes.
No julgamento pelo Conselho de Sentença, participam em número de 02(dois), uma
vez que um desses oficiais recolhe na sala secreta os votos válidos e o outro os
descartes.

Notificação de jurados para participarem da Sessão do Júri – exemplo

O Doutor ADAILTON CRUZ DE PAULA, Juiz de Direito Presidente do Tribunal do Júri


desta Comarca de São João da Boa Vista do Estado de São Paulo, no uso de suas
atribuições e na forma legal,

MANDA a qualquer Oficial de Justiça deste Juízo ao qual for este apresentado,
estando, por mim assinado, que em seu cumprimento notifique, nesta comarca,
onde possam ser encontrados os cidadãos do rol abaixo, sorteados para servirem
como Jurados na próxima sessão do Tribunal do Júri, no dia 27 de fevereiro de
2.000, às 9:00hs e seguintes, sob pena de imposição de multa, na forma da lei.

CUMPRA-SE, São João da Boa Vista, aos 04 de janeiro de 2.000.

Eu, Paulo Cesar Borges, Escrivão, Subscrevi.


O JUIZ DE DIREITO.

Os jurados - É da essência da democracia a participação popular nos julgamentos


perlo Júri. A justificativa que o povo julgue o povo, porque os jurados conhecem a
vida em comunidade, conhecem o réu, conhecem a vítima e os meandros de um
caso criminal.
Todavia, hoje, o Plenário do Júri perdeu muito do seu glamour de tempos antigos.
Assim, “o Tribunal do Júri no Brasil tem previsão constitucional e papel de relevo,
porquanto representa a maior expressão de uma nação democrática.
A instituição tem origem indefinida, atribuindo até as suas origens estejam no
colegiado de apóstolos que acompanhavam Cristo; todavia, o que importa
realmente é que esta instituição permanece até os nossos dias, no Brasil e em
diversos países do mundo.
É verdade que houve tempo no qual o Júri exercia atração, mobilizando a
sociedade que lotava salas onde se desenvolviam calorosos debates; é verdade
também que hoje estamos diante de profunda indiferença de nossa sociedade, que
ignora o ocorre nos plenários, na maioria vazios. É lamentável que isto esteja
ocorrendo” 44

Paralelo a isso, necessário se faz analisarmos quem compõe o conselho de


sentença, formado por sete pessoas que irão determinar o destino de uma pessoa
acusada de um delito doloso contra a vida, consumado ou não.

Os jurados são alistados pelo Juiz Presidente, do qual forma-se uma lista geral.
Conforme a lição de HERÁCLITO MOSSIN FILHO “a escolha dos juízes de fato, em
número consoante a população da comarca é feito pelo magistrado da predita vara
levando em conta seu conhecimento pessoal sobre as qualidades subjetivas e
objetivas das pessoas que poderão compor o tribunal do júri, que é em número de
sete, ou então buscando informações precisas a este respeito.
Como exposto por Borges da Costa, ‘a
escolha por conhecimento pessoal é a que faz o juiz, utilizando de suas relações
pessoais, que lhe fornecem conhecimento das qualidades individuais das pessoas
com as quais costuma tratar na sua vida pessoal. A escolha por informação
44
Luiz Flávio Borges D’Urso, Direito Criminal na Atualidade, p. 122
fidedigna é a que o juiz faz, guiando-se pelo conhecimento das pessoas
conceituadas em suas relações, que atestam as condições de idoneidade moral e
intelectual de outros cidadãos. A organização da lista de jurados mediante
requisição é facultativa ao juiz, mas deve ser obrigatória a obediência a mesma” 45
Consoante se verifica do artigo 427 do Código de Processo Penal, a convocação do
júri será feita por edital.

Antes disso, porém é necessário sabermos quais dos jurados que fazem parte da
lista geral vão participar do julgamento pelo Júri.
Neste diapasão, para chegarmos aos vinte e um jurados se realiza um sorteio, com
as portas abertas e um menor de 18(dezoito) anos fará o sorteio e estes nomes
serão colocados em uma urna separada, ex vi do artigo 428 do Código de Processo
Penal.
Os jurados que forem sorteados e comparecem a sessão do Júri não sofrerão
descontos em seus vencimentos. Trata-se de serviço obrigatório, sendo isentos os
maiores de 60(sessenta) anos.
Uma das vantagens de participar de um Júri, sendo alistado como jurado, é o de se
preso ter direito a prisão especial até o julgamento definitivo do crime.
No exercício de suas funções os jurados são responsáveis criminalmente, da mesma
forma que os juízes, em casos de concussão, prevaricação ou corrupção 46, uma vez
que são considerados, pela transitoriedade, como funcionários públicos.

O pregão - Pregão é o ato processual realizado pelo oficial de justiça ou pelo


porteiro, necessário a se constatar a presença do número mínimo de jurados, do
membro do Ministério Público e do assistente de acusação se houver, do acusado e
do seu defensor e finalmente das testemunhas.

Sobre o pregão ensina JULIO FABRINI MIRABETE, “o meirinho fará o pregão, ou


seja, chamará em voz alta o Ministério Público, o querelante, o réu e seu
defensor, apregoando também o assistente de acusação que tenha sido admitido
durante a instrução criminal ou cuja intervenção em plenário tenha sido requerida
com antecedência de pelo menos três dias (art. 477, parágrafo único). O porteiro
45
Júri e Crimes e Processo, p. 352
46
CP, arts. 316, 317 §§ 1o. e 2o. e 319
do Tribunal, ou na falta deste, o oficial de justiça certificará haver apregoado as
partes e as testemunhas, que são chamadas logo após as partes. É o que determina
o artigo 457. Após o anúncio do julgamentoe do pregão é que devem ser alegadas
as nulidades posteriores à pronúncia, sob pena de serem consideradas sanadas
(art. 571, V e 572, I, cc. 447)47
Trata-se de um momento importante, uma vez que as nulidades que acontecerem
até esta fase deverão ser arguídas depois do preegão sob pena de preclusão.
As faltas justificadas do membro do Ministério Público, do acusado, do defensor
importam em adiamento do julgamento; Todavia, resta analisarmos as ausências
injustificadas:

a) do Promotor de Justiça: adia-se o julgamento, uma vez que não se permite a


nomeação de promotor ad hoc. Gera-se consequentemente expedição de ofício do
Procurador Geral do Ministério Público para que este adote as medidas
administrativas cabíveis, nomeando, se necessário, outro Promotor para o júri
eventualmente designado.

b) do acusado: resta-nos saber se a infração praticada é afiançável ou


inafiançável. No primeiro caso, o julgamento será realizado sem a sua presença. No
segundo caso – tratando-se de infração inafiançável – o julgamento será adiado,
podendo ser decretada a prisão preventiva do acusado (CPP, art. 312);

c) do defensor: o julgamento será adiado, devendo o juiz nomear advogado dativo


para patrocinar a defesa do acusado, não ficando afastada a possibilidade do
acusado constituir novo defensor para futura sessão;

d) do assistente de acusação: não se adia o Júri, se estiver presente o membro do


Ministério Público, por que este é o titular da ação penal.

e) das testemunhas: primeiro se indaga a parte que arrolou se insiste ou desiste de


seu depoimento, podendo ou não adiar o Júri. Neste passo, necessário se faz
afirmar sobre a conveniência de sempre se arrolar uma testemunha de defesa ou

47
Processo Penal, p. 507
de acusação como o caráter de imprescindibilidade 48, uma vez que esta condição
dá ensejo a que se paralise o julgamento e se determine a condução coercitiva da
testemunha faltosa. Somente será adiado o júri se a testemunha não for localizada.
Frise-se, por oprotuno, que somente se admite a condução coercitiva se presente a
condição de imprescindibilidade. Caso não seja apontada esta condição – no libelo
ou na contrariedade ou mesmo protesto em ata– o julgamento não será adiado49.

As testemunhas que residem fora da Comarca onde o réu será julgado, se forem
arroladas por qualquer das partes, não tem obrigação de comparecer, tendo que a
parte que a arrolou providenciar seu comparecimento no dia do Júri.

A formação do conselho de sentença - Após a constatação pelo Sr. Oficial de


Justiça de pelo menos quinze jurados presentes, o próximo passo deste
procedimento é a formação do conselho de sentença, que se dá processualmente
com o sorteio dos jurados dentre os vinte e um convocados para participar do Júri.
A escolha é feita através de sorteio, realizada pelo Juiz Presidente do Júri. Neste
passo, vale lembrar que as partes são consultadas para se constatar se as partes
aceitam ou recusam aquela pessoa que foi sorteada.

As recusas injustificadas, isto é, aquela recusa em que a parte não necessita


explicar as razões pelas quais não deseja aquele jurado. As questões que motivam
tal recusa são as mais variadas possíveis passando desde o sexo do jurado, indo até
para as convicções filosóficas ou religiosas.
As recusas injustificadas, para cada parte, são em número de 03(três).

Já as recusas justificadas, quais sejam aquelas questões que tornam o jurado


suspeito por algum motivo, devem ser arguídas de plano e de forma oral, conforme
dispõe o artigo 106 do Código de Processo Penal.
Cumpre salientar que essa suspeição deve ser arguída quando dizem respeito as
relações entre jurados e o réu e não entre jurado e as partes.

48
vide a respeito: CPP, art. 455.
49
“Não tendo sido a testemunha arrolada com a declaração de imprescindibilidade de seu depoimento, sua
dispensa, por não ter sido localizada pelo Oficial de Justiça, não acarreta a nulidade do julgamento do Júri,
notadamente se nenhum protesto foi consignado em ata”(RT 583/342).
O momento que deve ser arguída a suspeição do jurado é quando anunciado o
nome do jurado pelo Presidente do Júri.50
Interessante é o exemplo da jurisprudência: “jurados alunos da Faculdade de
Direito local, dirigida pelo Promotor que funcionou na acusação. Protesto da
defesa. Suspeição ocorrente”51
Neste caso anulou-se o julgamento por se julgar haver subordinação disciplinar e
intelectual.52
Uma vez formado o conselho de sentença, os jurados deverão ser compromissados
e deverão responder ao Juiz Presidente do Júri: “assim o prometo”.
Trata-se de uma formalidade contida no artigo 464 do Código de Processo Penal,
um ato solene de investidura provisória de pessoas do povo na árdua função de
juízes de fato, unicamente para o caso que vai ser levado às barras do Tribunal
Popular, que garante a imparcialidade daqueles que vão julgar o caso, sendo o
seguinte:

“Em nome da lei, concito-vos a examinar com imparcialidade


esta causa e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa
consciência e os ditames da Justiça”.

Por esta formalidade, verifica-se que os jurados julgam de acordo com a sua
consciência e com os ditames da Justiça, sendo por isso, o Tribunal do Júri de
tribunal do coração, onde os jurados não julgam de acordo com a fria letra da lei.

Termo de compromisso dos jurados - A seguir, em Plenário, constituído o Conselho


de Sentença, o Meritíssimo Juiz Presidente, levantando-se, e com ele, todos os
presentes, tomou dos jurados:

O compromisso legal de bem e sinceramente decidirem a


causa, proferindo o voto a bem da verdade e da justiça,

50
Damásio de Jesus, CPP Anotado, p. 109
51
RT 452/348
52
Mirabete, CPP Interpretado, p. 588.
nos termos do disposto no art. 464 do Código de Processo
Penal. Do que dou fé e, para constar, datilografei este
termo que vai assinado por mim, Escrivão, pelo Juiz
Presidente e pelos Senhores Jurados. São João da Boa
Vista, aos 27 de fevereiro de 2.000.

JUIZ PRESIDENTE

JURADOS

Dos atos instrutórios - Uma vez formado o conselho de sentença, começa, como em
todo o processo a fase de instrução da causa, ou seja, a produção das provas.
A produção das provas começa a teor do artigo 465 do Código
de Processo Penal, com o interrogatório do acusado.
Como é cediço o interrogatório do réu é prova de defesa, necessariamente,
mormente no Tribunal do Júri o réu deve dar a sua versão dos acontecimentos,
pois, neste momento é a sua oportunidade de se manifestar, e depois durante todo
o julgamento o réu deverá manter-se em silêncio.
Como se sabe, o réu em seu interrogatório pode apresentar a versão que melhor
entender para o exercício de sua defesa, podendo permanecer silente ou mesmo
deixar de responder qualquer questionamento do juiz, uma vez que não é obrigado
a produzir prova contra si mesmo. Por igual, diferentemente do que ocorre nos
Estados Unidos, não é perguntado ao réu se é inocente ou culpado e nem mesmo o
réu se mentir estará incurso no crime de perjúrio, pois não há previsão legal no
Brasil da existência deste delito.
Por igual, caso perceba o advogado que o juiz interroga o réu de forma inquisitiva,
procurando direcionar o seu depoimento para uma condenação, o advogado poderá
requerer ao juiz que conste em ata que o réu está sendo interrogado de forma
parcial, numa tendência a se buscar a sua condenação, interferindo no ânimo dos
jurados que são os juízes de fato da causa.
Posteriormente ao interrogatório, o juiz presidente do Júri deverá fazer um breve
relatório do processo aos jurados, onde de forma alguma poderá externar a sua
opinião pessoal sobre o caso que vai ser julgado, uma vez que se externada tal
opinião poderá influenciar no ânimo dos juízes de fato, muitas vezes leigos em
direito.
Caso se constate tal irregularidade, a parte prejudicada poderá requerer ao juiz
que conste em ata de julgamento o seu protesto.
A lei veda ao juiz ao elaborar o relatório que manifeste a sua opinião sobre o
mérito da acusação ou da defesa.

Depois do interrogatório e após o relatório do processo, o juiz consulta as partes se


têm interesse na leitura de alguma peça constante no processo. Esta leitura ficará
a cargo do escrivão do feito.

Nada impede de que as partes entreguem aos jurados cópias das peças do processo,
que entendem necessárias ao esclarecimento da tese que será sustentada quando
dos debates. Proibida, porém, é a distribuição de fotos, documentos, laudos que
não foram juntados em tempo hábil nos autos.53

Isso é agora afirmado, uma vez que o que não existe nos autos não existe no mundo
jurídico e a lei processual penal assinala o prazo de 03 (três) dias de antecedência
para a juntada e ciência de qualquer documento à parte contrária. 54
Neste sentido o julgado do Superior Tribunal de Justiça: “nulidade pela exibição de
documento novo – surpresa da parte contrária. Não nega vigência ao artigo 475 do
CPP, mas antes o cumpre fielmente, o acórdão anulatório do julgamento pelo Júri
durante o qual se exibiu documento novo – parecer médico legal – sem prévia
comunicação ao ex adverso”55

Posteriormente a leitura de peças, o juiz passará a produção da prova oral


consistente na oitiva das testemunhas de acusação e defesa que foram arroladas
pelas partes no libelo crime acusatório e na contrariedade ao libelo pela defesa.

53
RT 599/302
54
Art. 475 CPP. Durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura de documento que não tiver
sido comunicado a parte contrária com a antecedência pelo menos de três dias compreendida nesta proibição a
leitura de jornais ou qualquer escrito, cujo conteúdo versar sobre matéria de fato constante do processo.
55
JSTJ 19/235, no mesmo sentido: TJMS RT 554/405, TJSP RT 550/301, 610/337-8.
É o que se depreende do artigo 467 do CPP, valendo salientar que as testemunhas
são inquiridas primeiramente pelo juiz, depois pela parte que a arrolou e depois
pelos jurados.
Antes do depoimento, caso suspeita sobre a testemunha deverá ser arguída a
contradita, antes de ser tomado o depoimento.
As perguntas formuladas as testemunhas podem ser feitas pessoalmente, sem a
interferência do magistrado, sendo uma diferença do Júri para os demais
procedimentos onde as perguntas são formuladas por intermédio do Juiz.
Neste sentido, “as que devam ser ouvidas em Plenário serão inquiridas
sucessivamente pelo Juiz, pelo acusador, pelo assistente e pelo advogado de
defesa nesta ordem, em se tratando de testemunha da acusação (CPP, 467); e pelo
juiz, pelo advogado do réu, pelo acusador particular, pelo Promotor e pelo
assistente, nesta ordem quando se trata de testemunha de defesa (CPP, 468).
Aos jurados, que o quiserem – após a inquirição feita pelo Juiz e pelas partes – é
facultado sempre formular perguntas as testemunhas (CPP, art. 467 e 468).
Poderão as partes reperguntar pessoalmente (Promotor e Defensor) e não somente
por intermédio do Juiz (TJSC RT 446/463).
Explica Magalhães Noronha que ‘a inquirição agora (no Plenário do Júri) como se
vê do artigo 467, diverge da feita na instrução (art. 212); aqui as partes
reperguntam as testemunhas por intermédio do juiz, mas no Júri inquire-nas
56
diretamente”.
Concordamos com a inquirição direta pelas partes das testemunhas, fazendo nossas
as palavras de Hermínio Alberto Marques Porto, “em plenário a inquirição direta
da testemunha mostra ser a fórmula acertada e necessária para a melhor aferição
do valor do depoimento pelo jurado que não possui a tal respeito, a mesma
experiência do juiz singular, na inquirição direta, o jurado, que é juiz, observa
melhor a testemunha ao inquiri-la, bem como ela é inquirida pelas partes”. 57
Cumpre salientar que a parte pode desistir da testemunha, pode ainda, no caso de
depoimentos divergentes proceder a acareação e reinquiri-la até o final do
julgamento.

56
Adriano Marrey e Outros, Teoria e Prática do Júri, p. 213
57
Op. cit. 214
No caso de falso testemunho prestado perante o Tribunal do Júri, o Juiz Presidente
deverá elaborar quesito a respeito do eventual crime de falso e submetê-lo a
apreciação do Conselho de Sentença.
Curioso é que para muitos quando a testemunha mente em Plenário e fica retida
aguardando o final do Júri. Aparentemente, no dizer de Gustavo Massari “isto
parece um certo tipo de coação, uma vez a testemunha mentirosa vê todas as
outras testemunhas irem embora e fica com isso constrangida e resolve falar a
verdade”, todavia, isto é feito uma vez que como o depoimento foi prestado em
Plenário os jurados é que são competentes para a apreciação do crime de falso
testemunho e ainda a testemunha fica retida uma vez que até a prolação da
sentença pode utilizar-se da retratação e diante disso não comete crime de
qualquer espécie.58
Assim, “se verificar que a pessoa ouvida na causa, antes da pronúncia ou inquirida
em Plenário prestou falso testemunho quem deve deliberar a cerca de seu
indiciamento na sanção do artigo 342 do Código Penal é o próprio Tribunal do Júri.
A decisão é sua. Ali ‘os jurados decidem de fato e de direito sobre a pretensão
punitiva.
Para que isto aconteça caberá a qualquer das partes (aquela prejudicada pela
subversão da verdade e somente ela) requerer ao Juiz Presidente para que
formule ao conselho de sentença um quesito especial” 59
Sendo positiva a resposta dos jurados entendendo que houve crime de falso, o juiz
deverá extrair cópias do depoimento e enviá-lo a Delegacia de Polícia para
instauração de inquérito para averiguação deste crime e não aplicar pena, uma vez
que seria necessário o contraditório e a necessidade da amplitude de defesa.

Os debates - Após a ouvida das testemunhas de acusação e defesa, o Juiz passará


para a fase dos debates, que é a “discussão e exposição dos fatos pelas partes, em
que o Ministério Público sustenta os termos do libelo em que consubstancia a
imputação pela qual o acusado responde, e a defesa contesta, ao refutar o teor da
acusação apresentando a tese mediante a qual pretende convencer os jurados da

58
art. 342....omissis
§1o. omissis
§2o. omissis.
§3o. O fato deixa de ser punível se, antes da sentença, o agente se retrata ou declara a verdade.
59
Adriano Marrey e outro, Op. cit., p.225
inocência do réu , ou da juridicidade de sua conduta ou, pelo menos, da ocorrência
de circunstâncias que atenuam a pena”60

Primeiramente será dada a palavra ao Promotor de Justiça que deverá ler o libelo,
(cfr. art. 471 CPP), o qual contem a exposição do fato e os dispositivos legais ao
qual se encaixa o fato praticado pelo réu.
O Promotor de Justiça fica preso ao libelo crime acusatório não podendo de
maneira alguma se esquivar, neste sentido nos ensina Pimenta Bueno: “ O
acusador não pode neste ato pedir outra pena por novo crime não compreendido
no libelo, porquanto só se trata de debater a verdade do que fora articulado; aliás
seria o réu surpreendido e indefeso”.

A acusação terá 2(duas) horas para desenvolver a sua tese, conforme estabelece o
art. 474 do CPP; caso tenha mais que um acusador, o tempo será dividido entre
eles não sofrendo nenhum acréscimo.
Caso tenha um assistente de acusação, este somente poderá se manifestar se
estiver legalmente habilitado, podendo participar dos debates orais, dividindo o
tempo com o destinado a acusação.
Vale ressaltar que caso o Promotor de Justiça peça a absolvição do acusado, o
assistente de acusação não poderá se opor, visto que, o titular da ação penal é o
Ministério Publico, conforme determina a Constituição Federal em seu artigo 129,
inciso I .
O Jurista, Hugo Nigro Mazzilli, nos ensina que “no campo criminal, porém, ao
contrário do que muitos leigos pensam, não é o promotor de justiça obrigado a
acusar: tem plena liberdade de convicção e de atuação. Não só pode como deve
pedir a absolvição ou recorrer em favor do acusado, se se convencer da sua
inocência.”61
Terminada a exposição por parte da acusação, o Juiz Presidente dará a palavra a
defesa para que esta desenvolva sua defesa pelo prazo de 2(duas) horas, no caso de
1(hum) réu.
Em se tratando de mais de 1 (hum) réu o prazo será estendido em mais uma hora,
passando, assim, a ser de 3(três) horas, conforme estabelece o art. 472, § 2.º ,
(com a redação da Lei 5.941, de 22.11.73).
60
Adriano Marrey e outros. Op. cit. p.226.
61
Consulex. N.º 37 p. 66
A defesa, ao contrario da acusação, não fica preso ao que foi abordado durante
todo o processo, podendo levar a plenário tese totalmente divergente da
sustentada no decorrer de todo o processo, neste sentido, “fato novo surgido
durante o julgamento - não constitui nulidade sua revelação pelo defensor ao
Conselho de Sentença”62Findo a primeira fase dos debates, deverá o Juiz
Presidente indagar o representante do Ministério Público se quer fazer uso da
palavra para a réplica.
Caso o Promotor de Justiça recusar a réplica, ficará prejudicada a tréplica para o
defensor, pois se trata de mera faculdade do acusador, o uso da réplica.

A réplica será de 30 minutos para um réu e de 1(uma) hora caso se tenha mais réus
em julgamento.

Nada impede que o Ministério Público peça a absolvição do acusado, pois


“facultado ao promotor pedir a absolvição do réu, tudo conforme se depreende
das regras dos arts. 404 e 385 do CPP, que por extensão e na falta de outro
dispositivo, aplica-se também no processo dos crimes de competência do Júri” 63

Observação se faz necessária quanto aos apartes, somente sendo admitidos quando
o expositor permiti-los e desde que haja solicitação, evitando-se assim os discursos
paralelos.

Quem nos fala sobre apartes é o professor Manoel Pedro Pimentel, “quando se abre
a bateria de ataques pessoais, ferindo-se o juiz, o promotor ou o advogado
adverso, com doestos, as razões sem importância, e de modo nenhum deverá o
aparteante – assim como este os oradores – permitir-se a liberdade de caçoar de
seu adversário, pilheriando com a parte ou seu representante legal. O processo é
uma coisa séria e nele são tratados diversos interesses. Por isso, as pessoas que
nele intervém também devem estar sérias e tratar com seriedade as questões. Se
é admissível o fino humor, que transparece numa rápida tirada de espírito,
inevitável às vezes a demonstração de humorismo, a chacota, visando ridicularizar
o expositor. Pode-se aniquilar um adversário com argumentos e provas, mas deve-
se respeitá-lo sempre pelo que ele representa”64

62
RT 433/367
63
RT 496/265
64
Op. cit. p. 60
Outra hipótese que pode acontecer é a de o conselho de sentença ser dissolvido
quando o réu for considerado indefeso (CPP, art. 497, V), e o professor Luis Flávio
Borges D’Urso defende a idéia da dissolução do conselho de sentença quando
houver deficiência na acusação65, adotando a regra do artigo 564, III, l do Código de
Processo Penal66.
Questão polêmica que vem à tona é o de vários réus a serem julgados pelo mesmo
processo e em uma data só para tal realização.
Certamente, não é conveniente o julgamento de vários réus num mesmo dia tendo
em vista que o prazo para a defesa deverá ser repartido entre os advogados que
patrocinam a defesa dos acusados, mormente quando as teses defensivas são
conflitantes.
Neste sentido, poderá se dar a separação dos processos, a teor do artigo 461 do
Código de Processo Penal. Assim não concordando os defensores a respeito da
recusa de qualquer jurado sorteado se dará a separação obrigatória do processo.
Aceito o jurado por um dos defensores e pela acusação, o réu que pela recusa tiver
dado causa à separação será julgado a posteriori.
O quadro explicativo do professor Adriano Marrey é bem elucidativo:

Ré Roberta Ré Bianca Promotor Resultado


Recusa jurado Aceita Jurado Recusa jurado
Recusa de jurado
Aceita jurado Recusa Jurado Aceita jurado Separação de
processo
Recusa Jurado Aceita Jurado Aceita Jurado Separação de
processo

Assim, não coincidindo, pois as manifestações da defesa, feita a ressalva supra,


dar-se à pela separação dos julgamentos, adiando-se o do acusado recusante (CPP,
art. 461) 67.
65
A propósito do tema leciona José Frederico Marques, A Instituição do Júri, p. 115: “Acusação deficiente,
fraca ou sem o menor lastro de argumento é em tudo igual a acusação inexistente. Parece-nos, pois, que o juiz
em tal situação deve ordenar de ofício as providências necessárias para sanar a nulidade (CPP, 497, XI). E se a
diligência não puder ser realizada, imediatamente, outra solução não restará que a dissolver o Conselho de
Sentença, marcando novo dia para o Julgamento”.
66
Proposta do Juiz Ruy Borges, in Direito Criminal na Atualidade, p. 123.
67
Op. cit. 204
Bem lembra o professor HERACLITO MOSSIN FILHO: “se os defensores aceitarem
igualmente os jurados ou igualmente recusarem até três, o julgamento será
realizado para todos os co-autores ou particípes”68
E conclui o mestre: “entretanto, se o jurado for aceito por um defensor e
recusado por outro e desde que o Ministério Público ou o querelante também o
aceite, haverá a separação do processo, prosseguindo-se somente em relação
àquele que tiver aceito o juiz de fato.” 69

A formulação dos quesitos - Concluídos os debates, o juiz perguntará ao Conselho


de Sentença se os jurados estão aptos a proferir uma decisão.
Neste passo vale salientar que os jurados podem pedir
esclarecimentos ao juiz presidente ou as partes, bem como ter vista dos autos para
dirimir as suas dúvidas.
Os jurados respondem a uma questionário, a que chamamos de quesitos. Não
precisam destarte, motivar o seu voto, por isso que se diz que o Tribunal do Júri
vigora o livre convencimento não motivado do juiz.
Os jurados recebem para a votação duas cédulas idênticas, uma com a palavra SIM
e outra cédula com a palavra NÃO, cédulas estas que respondem o questionário
feito pelo Magistrado.
A fonte da quesitação é o libelo crime acusatório e as teses sustentadas pela defesa
quando de sua explanação perante o Tribunal Popular.
Questionário, no dizer do professor Júlio Fabrini Mirabete, é “o conjunto de
quesitos destinados a ser respondidos pelos jurados, acerca do fato delituoso, suas
circunstâncias e defesa apresentada, a fim de que possam eles, respondendo-os,
70
julgarem a causa”.

A ordem para a formulação dos quesitos é a seguinte:

a) formulação de quesito relativo a


autoria e materialidade do crime – fato principal;
68
Op. cit. p. 385
69
Op.loc.cit
70
CPP Interpretado, p. 611
b) formulação de quesito relativo as
teses defensivas;
c) formulação de quesito relativo as
circunstâncias qualificadoras;
d) formulação de quesito relativo as
causas de aumento e diminuição de pena e agravantes;
e) quesito relativo as circunstâncias
atenuantes.

O julgamento é nulo quando deixa de ser apresentado ao jurado um quesito


expressamente exigido por lei ou indispensável para o julgamento, quando, vg, não
é perguntado aos jurados as teses defensivas, as circunstâncias atenuantes. Neste
sentido é a súmula 156 do STF: “é absoluta a nulidade do júri por falta de quesito
obrigatório”.
Outra causa de nulidade do julgamento é quando o quesito é redigido de forma
duvidosa, complexa, deficiente ou prejudiciais que impedem a compreensão da
pergunta pelo Conselho de Sentença.71

Termo de votação – Exemplo

Aos vinte e sete de fevereiro do ano de dois mil, na sala secreta das deliberações
do Júri, a portas fechadas, onde se achavam presentes o MM. Juiz de Direito
Presidente do Júri, Dr. Adaílton Pereira Cruz, e o Conselho de Sentença composto
dos seguintes jurados:

71
STF: “a nulidade pela submissão ao Conselho de Sentença de quesito complexo ou deficiente é absoluta e
insanável e, tendo sido constatada no caso sub judice, nulo é o julgamento por infração ao art. 484, c/c o art. 564
parágrafo único, ambos do CPP. RT 568/385, RTJ 80/450 RT 658/374, 660/380, RT 575/365 e RT 558/353.
(nominar os jurados)

o Promotor de Justiça Dr._______________________, o advogado do réu


Dr.___________________, comigo Escrivão Diretor, e os Oficiais de Justiça, e de
acordo com os arts. 485, 486 e 487 do Código de Processo Penal, o MM. Juiz
Presidente procedeu a votação dos quesitos abaixo relativos ao
acusado_________________________, com a observância das formalidades legais,
depois de lidos e explicados cada um, tendo sido apurados os seguintes resultados:

(descrever os quesitos e o resultado da votação)

Diante desse resultado o Meritíssimo Juiz Presidente deu por encerrada a votação,
durante a qual estiveram presentes o Dr. Promotor de Justiça, e o defensor do
acusado, sem, contudo, nela intervirem. E, de tudo, para constar, lavrei esse
termo que vai devidamente assinado. Eu, _____________________________,
escrivão subscrevi.

JUIZ DE DIREITO

PROMOTOR DE JUSTIÇA

DEFENSOR DO ACUSADO
Certidão de incomunicabilidade dos jurados – Exemplo

Certificamos e damos fé, nós oficiais de justiça, abaixo assinados que, durante o
julgamento de hoje, neste Tribunal do Júri, mantivemos os senhores jurados
incomunicáveis, e no ensejo da votação recolhemos as cédulas respectivas.

Comarca e data.

Assinatura dos Oficiais de Justiça.

A elaboração da sentença pelo Juiz Presidente - Após o resultado da votação, o juiz


presidente do Júri proferirá sentença, que deverá necessariamente respeitar o
veredicto dos jurados. Caso não respeite, existe a nulidade do julgamento. 72
As sentenças podem ser condenatórias, absolutórias ou de desclassificação,
devendo ser fundamentada e lida ao público antes do encerramento da sessão,
devendo todos os assistentes ficarem de pé para acompanharem a leitura da
decisão.

No caso de absolvição o juiz imediatamente deverá mandar colocar o réu em


liberdade se este estiver preso e no caso de reconhecimento de inimputabilidade a
aplicação imediata de medida de segurança.

Desclassificado o delito para outro de competência do juiz singular, poderá o


magistrado proferir decisão ou mesmo remeter os autos para a Vara de origem,
uma vez que os jurados julgaram-se incompetentes para apreciação do delito.

No caso de aplicação de pena, decidiu o Supremo Tribunal Federal que:


“necessidade de fundamentação da sentença relativamente ao quantum da pena
aplicada. Recurso extraordinário conhecido e provido em parte para anular a
sentença e determinar que outra venha a ser proferida, com a devida
fundamentação acerca da pena fixada” 73

72
RT 569/429
73
RT 579/356
MODELO DE SENTENÇA

Proc. Crime 002/00

MOYSES FELIPPE MOYSES, qualificado nos autos, foi denunciado e pronunciado,


porque segundo a denúncia, que no dia 24 de fevereiro de 1.999 do corrente ano,
às 10:30 min, no interior de um bar sito à Rua das Flores, número 24, bairro das
Camélias, nesta Comarca, o acusado MOYSES FELIPPE MOYSES, a golpes de chave de
fenda, produziu em Joaquina Bernardete de Luzia os ferimentos descritos no auto
de exame de corpo de delito de fls. 33/34 e que estes ferimentos foram a causa da
morte da vítima.
Pronunciado e submetido a julgamento nesta data, o Júri, após reconhecer por
unanimidade de votos a materialidade e autoria, e também por unanimidade de
votos rechaçou as teses de defesa a da legítima defesa e do homicídio privilegiado.
Por igual, por unanimidade, negou-lhe qualquer atenuante.

É o relatório.

Obedecendo a vontade popular e em estrita obediência ao resultado do Egrégio


Conselho de Sentença e a vista disso passo a dosar a pena.

O réu é primário e não registra antecedentes, devendo a pena mínima no mínimo


legal. Face a ausência de circunstâncias atenuantes ou agravantes fico-lhe a
reprimenda de 06(seis) anos de reclusão.

O regime inicial para cumprimento de pena será o regime semi-aberto.


Merecedor do benefício do artigo 593 do Código de Processo Penal, poderá o réu
recorrer em liberdade desta decisão.

Posto isto e pelo mais do que dos autos consta julgo procedente a ação penal e
condeno MOYSES FELIPPE MOYSES, à pena de 06 (seis) anos de reclusão que deverá
ser cumprida inicialmente no regime semi aberto, por infração ao disposto no
artigo 121 caput do Código Penal.

Custas na forma da lei.

Transitada em julgado esta decisão, lance-se o nome do réu no rol dos culpados.

Dou por publicada esta decisão no plenário do Júri de Aguaí às 21:00 hs do dia 10
de fevereiro de 2.000.

PRIC.
JUIZ DE DIREITO

Elaboração da Ata de Julgamento - Ata de julgamento, “é o registro por escrito,


pelo escrivão, em livro próprio, dos trabalhos da sessão de julgamento, com
menção especial aos fatos e circunstâncias referidos nos itens do artigo 495” 74
O prazo para a sua elaboração é de 02(dois) dias e deve ser feita pelo escrivão do
feito, devendo descrever fielmente todo o ocorrido quando do julgamento em
Plenário, e deve obedecer a todos os itens do artigo 495 do Código de Processo
Penal.
Deve ser assinada por todos aqueles que participaram do julgamento.
Qualquer ocorrência ou protesto durante a realização do júri deverá ser consignada
em ata.
Conforme observa o professor HERACLITO MOSSIN FILHO: “além das ocorrências
que devem ser observadas pelo magistrado, essa ata mencionará especialmente: a
hora de instalação dos trabalhos, o magistrado que a presidiu e os jurados

74
Julio Fabrini Mirabete, op. cit., p. 632
presentes, os jurados que deixaram de comparecer, com escusas legítimas ou sem
elas, os ofícios e requerimentos apresentados e arquivados, os jurados dispensados
e as multas impostas, o sorteio dos suplentes, o adiamento da sessão, se houver
ocorrido, com a declaração do motivo; a abertura da sessão e a presença do órgão
do Ministério Público; o pregão das partes e das testemunhas, seu comparecimento
ou não, e as penas impostas as que faltarem; as testemunhas dispensadas de
depor; o recolhimento das testemunhas onde não pudessem ouvir aos debates,
nem as respostas de uma as outras; a verificação das cédulas pelo juiz; a formação
do conselho de sentença, com a indicação dos jurados sorteados e as recusas feitas
pelas partes, o compromisso, simplesmente com referência ao termo, o
interrogatório, também com simples referência ao termo, o relatório e os debates
orais, os incidentes, a divisão da causa, a publicação da sentença, na presença do
réu, a portas abertas. É o que se encontra consubstanciado no artigo 495, incisos I
usque XVII do Código de Processo Penal”.75

Ata de julgamento - Exemplo

ATA DA REUNIÃO DA SESSÃO PERIÓDICA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE


_______________________________DO ESTADO DE SÃO PAULO.

Aos ____dias do mês de __________de _________, e _________nesta Comarca de


__________, no Edifício do Fórum e Sala das Sessões do Tribunal do Júri, a portas
abertas, às _____horas, presentes o Excelentíssimo Senhor Doutor _____________,
Promotor de Justiça comigo escrevente e o escrivão do Júri, assim como os
senhores________________, e _______________, oficiais de justiça, além do
Senhor________, porteiro dos auditórios, foi iniciada a sessão com as solenidades
legais.

75
Curso de Processo Penal, Vol. 3, p. 181
O MM Juiz Presidente, cumprindo o disposto no artigo 442 do CPP, abriu a urna
contendo as cédulas com os nomes dos vinte e um jurados sorteados para esta
sessão e, verificando publicamente que ali se achavam todos, conforme termo
respectivo, mandou que se fizesse a chamada e, havendo número legal de jurados,
declarou instalada a sessão depois de Ter verificado a presença de _____(número)
jurados sorteados que são os seguintes:

(nominar os jurados, descriminar os jurados que deixaram de comparecer,


descriminar os jurados que antecipadamente justificaram sua ausência)

Havendo número legal declarou o MM Juiz Presidente aberta a sessão e fez nova
verificação da urna para os fins e observância do disposto no artigo 447 do CPP e
anunciou que ia ser submetido a julgamento o processo em que é autora a Justiça
Pública e réu (nominar os réus) – determinando o porteiro que apregoasse as partes
e as testemunhas (se houver).

Apregoadas, acudiram ao pregão o Promotor de Justiça Dr. ________________, e


o(s) réu (s)________________, ordenando ao porteiro que apregoasse também as
testemunhas (de acusação e de defesa) _________________________________.

As partes tomaram os seus respectivos lugares e as testemunhas foram recolhidas à


sala própria onde não podiam ouvir os debates e nem as respostas uma das outras,
tudo conforme certidão do porteiro.

Conduzindo o réu a presença do MM Juiz Presidente e sendo-lhe perguntado qual


seu nome, idade e se tinha defensor, respondeu chamar-se ________________, Ter
_________anos de idade e que seu Defensor era o Dr.______________________,
que foi convidado a ocupar a Tribuna de Defesa (ausente o defensor outro será
nomeado pelo Juiz Presidente adiado o julgamento para o primeiro dia desimpido).

Tomadas as partes os respectivos lugares, o MM Juiz Presidente procedeu ao sorteio


de jurados suplentes (se for o caso) através de cédulas em substituição aos que não
compareceram e aos que foram jubilados e que são:
(descriminar os jurados)

que deverão comparecer a partir do próximo dia – ____de_____do corrente ano, às


_____horas, até serem dispensados na forma da lei (na hipótese de outras sessões
estarem designadas para os dias subsequentes).

Após cumprir o disposto no artigo 457 do CPP, conforme termo nos autos, pelo MM
Juiz foi dito que ia ser procedido o sorteio para formação do conselho de sentença,
antes, porém, conforme determina o artigo 458 do CPP, fazendo as advertência aos
jurados dos entendimentos das incomunicabilidades e incompatibilidades legais por
suspeição, uma vez sorteados tudo com base no artigo 258 §§1 o. e 2o. e 462 ; 252 a
255 e ainda o artigo 461 todos do CPP.

A medida que as cédulas que iam sendo tiradas da urna, uma a uma, o MM Juiz
havia sendo sorteados os seguintes jurados na ordem que foram aceitos obedecido
o disposto no artigo 459, §2o. do CPP, passando a constituir o Conselho de
Sentença:

1-

2-

3-

4-

5-

6-

7-

(consignar as recusas a jurados, as declarações de impedimentos e


incompatibilidades aceitos e se em julgamento mais de um réu a cissão ou não do
julgamento).
Formado o Conselho de Sentença o MM Juiz tomou de seus componentes o
compromisso legal conforme termo nos autos, fazendo em seguida o interrogatório
do réu pela forma do respectivo termo nos autos.

Em seguida o MM Juiz sem manifestar sua opinião sobre o mérito da acusação ou da


defesa fez o relatório do processo, expondo as provas, fatos e conclusões das
partes, indagando das mesmas e dos jurados se necessitavam da leitura de peças
do processo. (consignar a leitura ou não de peças do processo e quem a requereu).

Em seguida foram tomados os depoimentos das testemunhas arroladas pela


acusação e após, inquiridas as arroladas pela defesa conforme termo em separado
(se for o caso).

Neste ato às _____________horas a reunião foi suspensa por _______minutos para


lanche e descanso dos senhores jurados (se for o caso).

Continuando os trabalhos às ________horas o MM Juiz deu a palavra ao Dr.


Promotor de Justiça para a acusação. Este manifestou-se das ______às
________horas. Leu o libelo crime acusatório, fez as saudações de estilo e pediu a
condenação do réu nos termos do libelo (ou pediu a absolvição alegando_______).

Em seguida, o MM Juiz deu a palavra ao Dr. Defensor para a defesa do réu. Este
manifestou-se das ________às ________horas. Fez as saudações de estilo e pediu a
absolvição do réu alegando __________(esclarecer a tese defensiva).

Em seguida o MM Juiz suspendeu a sessão por ______minutos (se for o caso) para
descanso, lanche ou jantar, recolhendo-se com os Senhores Jurados à sala secreta
ou outra dependência do Fórum, onde permaneceram das
_________às______horas.
Retornando todos a sala pública foi reaberta a sessão com a presença das partes,
tendo o MM Juiz dado a palavra ao Dr. Promotor de Justiça para a réplica (se este
manifestou o propósito dela fazer uso). Este manifestou-se das ___às ___horas
ratificando a sua postulação anteriormente formulada (ou quaisquer outras
alegações feitas).

Em seguida o MM Juiz deu a palavra ao Dr. Defensor para a tréplica (se a acusação
fez o uso da réplica e a defesa manifestou desejo da tréplica) e dela fez uso das
____às ___horas ratificando a sua postulação anteriormente formulada (ou
quaisquer outras alegações feitas).

Concluído os debates, o MM Juiz indagou dos Senhores Jurados se estavam


habilitados a julgar a causa ou se precisam de mais esclarecimentos nos termos do
artigo 478 do CPP.

Obtendo a resposta que estavam habilitados a julgar e dispensavam


esclarecimentos (ou após prestar os esclarecimentos pelos jurados) declarou que ia
organizar os quesitos, o que fez com observância no disposto do artigo 484 § único
do CPP, com as modificações do artigo 5o. da Lei 263 de 23. 02. 1948.

Lido os quesitos e explicada a significação legal de cada um, o MM. Juiz em


obediência ao artigo 479 do CPP indagou das partes se tinham algum requerimento
ou reclamação a fazer. Obtendo das partes a resposta que não tinham
requerimento ou reclamação a fazer (OU CONSIGNAR OS REQUERIMENTOS E
RECLAMAÇÕES E A DECISÃO PROFERIDA), declarou que o tribunal passaria a
funcionar em caráter secreto, dirigindo-se para a sala secreta, acompanhado do
Conselho de Jurados, do Dr. Promotor de Justiça, do Defensor do acusado, comigo
escrivão e os oficiais de justiça no início citados.
Procedeu-se a votação dos quesitos propostos, cuja as respostas foram dadas pelo
Conselho de Sentença por intermédio das respectivas cédulas feitas em papel
opaco, dobráveis, contendo uma a palavra SIM e a outra a palavra NÃO, tudo nos
termos dos artigos 485, 486 e 487 do CPP, conforme termo que foi lido e assinado
sendo lavrada a respectiva sentença declarando o MM Juiz cessada a
incomunicabilidade dos jurados.

Voltando todos a sala pública, a portas abertas, e na presença do réu e defensor e


do Promotor de Justiça o MM Juiz Presidente leu a sentença a qual o réu -
_________________, foi condenado ao cumprimento da pena de _________por
infração ao artigo ____do CP, com (ou sem) a concessão do benefício da suspensão
condicional da pena pelo prazo de ___( ) anos (ou foi absolvido em razão do
Conselho de Sentença ter aceito a tese da ________determinando o Juiz Presidente
(se for o caso) a colocação do réu em liberdade), tudo conforme sentença e termo
junto aos autos (consignar ainda em caso de condenação, se foi ou não concedido
ao réu o benefício de recorrer em liberdade).

Publicada a sentença o MM Juiz Presidente agradeceu as homenagens recebidas


retribuindo-as apresentando as todos os presentes agradecimentos, inclusive aos
Senhores Jurados, pelo comparecimento e pelos relevantes serviços prestados à
causa da Justiça, declarando encerrada a sessão às _____horas do dia___de_____de
______.

E de tudo, para constar, é lavrada esta ata que lida e achada conforme vai
devidamente assinada. Eu, _____________, escrevente datilografei. Eu, _______ ,
escrivão do Júri a subscrevi.

Nada mais. Está conforme. Dou fé.

_______(Comarca), ______de__________de_______.
Escrivão do Júri

JUIZ PRESIDENTE

PROMOTOR DE JUSTIÇA

DEFENSOR DO RÉU

***OBSERVAÇÃO: conforme o ensinamento de Adriano Marrey, “a ata conterá o


registro fiel de todos os atos procedimentais da sessão do Tribunal do Júri e dos
incidentes requerimentos, impugnações e deliberações manifestadas durante o
desenrolar do julgamento. Embora o artigo 494 do CPP preceitue que a ata do
julgamento deva ser assinada pelo Juiz e pelo órgão do Ministério Público seria
prudente que fosse assinada, também, pelo defensor ou defensores do réu” 76

Capítulo XIII- DAS NULIDADES

Generalidades - O processo penal é um processo formal por sua própria natureza.


Exige que o juiz, as partes, cumpram determinadas formalidades que se tornam
essenciais para a validade do ato jurídico processual a ser efetuado.
No Brasil em tema de nulidade adota-se o princípio do pas de nullité sans grief, ou
seja, nenhuma nulidade será decretada se não houver o efeito prejuízo para a

76
Op. cit. 807
parte. Exige a lei pátria não só a existência da nulidade, mas também prova de que
a nulidade causou prejuízo a parte.77

De forma substancial, as nulidades são vícios, defeitos, falhas ou imperfeições que


podem tornar ineficaz o processo no todo ou em parte. Nosso Código de Processo
Penal adota o princípio do pás de nullité sans grief, ou seja, para que um ato seja
declarado nulo será necessário que o interessado demonstre a ocorrência da
nulidade e que esta nulidade causou gravame à parte que o alega.
As nulidades, a grosso modo, são classificadas em nulidades absolutas e nulidades
relativas. As nulidades absolutas são aquelas que ferem texto constitucional,
jamais são sanadas, podem ser alegadas a qualquer momento e o prejuízo é
presumido. Já as nulidades relativas, por seu turno, são aquelas que violam
legislação infraconstitucional, se não forem alegadas no momento oportuno são
sanadas e para que seja o ato declarado nulo torna-se essencial a prova da
existência de um prejuízo.

Não haverá a nulidade do ato, se este for praticado de forma diversa da prescrita
em lei e o objetivo for atingido. Este princípio é o da instrumentalidade. Os atos
que não tiverem sido praticados anteriormente ao ato nulo serão conservados.
Além disso, a parte que deu causa a nulidade não pode alegar a sua ocorrência,
uma vez que ninguém pode aproveitar-se de sua torpeza.

Via de regra as nulidades devem ser argüidas logo na primeira oportunidade que a
parte interessada tiver de se manifestar no processo. Pode ser argüida mediante
simples petição ao Juiz. Caso haja o indeferimento deste pedido, a parte pode se
insurgir através de recurso em sentido estrito ou ordem de habeas corpus. Após o
trânsito em julgado, a alegação de nulidade somente será possível se esta for uma
nulidade absoluta e através de habeas corpus ou de revisão criminal.

As nulidades que ocorrerem até o interrogatório do réu, devem ser alegadas na


defesa prévia. Aquelas nulidades que ocorrerem na instrução criminal deverão ser
alegadas na fase das alegações finais. Caso haja uma nulidade que ocorra na

77
STJ – Processual Penal – Nulidade sem prejuízo – Inexistência (RSTJ 17/383)
sentença, esta deverá ser alegada em matéria preliminar do recurso. Já no
Tribunal do Júri a alegação de nulidade deverá ser realizada de imediato,
requerendo ao magistrado que preside o Júri Popular, que a faça constar
expressamente da ata de julgamento e após argüida como matéria preliminar do
recurso de apelação. Neste ponto, urge lembrar que a preclusão temporal é o
critério adotado pela legislação brasileira, uma vez que se a nulidade não for
argüida nestes momentos processuais, considerar-se-à sanada.

As omissões da denúncia ou da queixa-crime, da representação e do auto de prisão


em flagrante poderão ser supridas até a prolação da sentença. Devemos também
rememorar que caso o acusado compareça espontaneamente, este comparecimento
supre a falta da citação ou da intimação. Já em relação a coisa julgada, esta
acoberta todas as nulidades relativas que passam a ser sanadas, excetuando-se as
nulidades absolutas que podem ser argüidas via de habeas corpus ou mesmo de
revisão criminal.

O Supremo Tribunal Federal editou diversas sumulas sobre nulidades que são as de
números 155, 156, 160, 162, 206, 351, 352, 361, 366, 431, 523, 564.

A título exemplificativo foram declarados nulos os seguintes atos: a) falta de


intimação das partes para os atos processuais, b) defesa do réu tida como
inexistente; c) defesa colidente (um advogado nomeado para defesa de todos os
réus); d) falta de intimação de testemunhas; e) ausênci8a de curador ao réu semi-
imputável; f) prisão decretada sem a necessária fundamentação; g) exame pericial
realizado sem dois peritos; h) citação de réu por edital, mesmo preso em mesma
unidade da Federação; i) audiência de testemunhas de acusação realizada sem a
requisição de réu preso; j) condenação de acusado com apoio em prova ilícita; l)
ausência de exame de dependência químico toxicológica em caso de réu viciado em
substância entorpecente; m) documento juntado no dia do Júri sem a audiência da
parte contrária; n) busca e apreensão realizada sem mandado; o) ausência de
quesito obrigatório; p) nulidade do ato citatório; q) ausência de interrogatório de
réu presente na audiência; r) quebra de sigilo e incomunicabilidade entre os
jurados na sala secreta; s) desarquivamento de inquérito policial sem novas provas;
dentre outros exemplos pinçados da jurisprudência.

Classificação das Nulidades - As nulidades podem ser classificadas em nulidades


absolutas e nulidades relativas. As primeiras, não exigem a arguição em um
momento pré-determinado e nunca se convalidam, podendo, inclusive, ser
declarada de ofício pelo magistrado. Trata-se de violação de mandamento
processual de ordem constitucional garantidora do interesse público Já as nulidades
relativas, é a violação de uma exigência promanada de norma infraconstitucional.
Ambas dependem de declaração judicial através de decisão, despacho ou sentença.
No caso das nulidades relativas, o prejudicado deve provar dois pressupostos
essenciais: primeiro a existência da nulidade e em segundo plano a existência de
prejuízo. Ao contrário da nulidade absoluta, a nulidade relativa não pode ser
reconhecida de ofício pelo julgador, depende de provocação da parte, sob pena de
não fazendo, operar-se a preclusão consumativa ou aceitação tácita do vício.

Princípios das Nulidades - Temos como princípios das nulidades: a) princípio da


instrumentalidade das formas, ou seja, nenhuma nulidade será declarada se o ato
praticado atingir a sua finalidade, mesmo que a prática do mesmo decorrer de
forma diversa do que constar em lei; b) princípio do prejuízo que é decorrente de
que nenhuma nulidade será declarada se não houver prejuízo para a parte; c)
princípio da causalidade ou consequência, que trás em si, a consequência de que se
não houver com o ato posterior ao ato declarado relação de subordinação, a este
não será estendido os efeitos da nulidade.
Também é vedado a parte que deu causa a nulidade, arguí-la, isto porque ninguém
pode aproveitar-se de sua própria torpeza (princípio do interesse).

Momento para arguição da nulidade - As nulidades que ocorrem no procedimento


do Tribunal do Júri na primeira fase do procedimento bi-fásico deverão ser
alegadas pelas partes na fase das alegações finais, ou seja, na fase do artigo 406 do
CPP.
Já as nulidades ocorridas posteriormente á prolação da sentença de pronúncia até
o início do julgamento deverão ser arguídas quando do pregão pelo oficial de
justiça.
As nulidades ocorridas no Plenário de Julgamento, deverão ser arguídas de forma
imediata pela parte prejudicada, tomando sempre o cuidado de fazer com que o
Magistrado conste o protesto da acusação ou da defesa, na ata de julgamento.
Caso não sejam alegadas nestes momentos processuais, ocorre o fenômeno da
preclusão temporal, de forma que, se a nulidade relativa não for arguída pelo
interessado, presume-se sanada.

Nulidades em Espécie no Procedimento do Júri –

a) falta de sentença de pronúncia, libelo e respectiva cópia com o rol de


testemunhas perante o Júri. - A nulidade aqui ocorre quando não há prolação de
sentença de pronúncia. Como se sabe a sentença de pronúncia é a conditio sine
qua non, a peça inaugural da segunda fase do procedimento do Tribunal Popular.
Assim quando a sentença de pronúncia inexiste, inexistirá também o libelo uma vez
que este prende-se e é subordinado a sentença de pronúncia. Também tem-se a
nulidade quando a falta de cópia do rol de testemunhas, uma vez que existe
violação ao princípio da igualdade, pois o defensor tem o direito de saber quais
serão as provas produzidas contra o acusado em Plenário, evitando-se, assim a
surpresa e garantindo o princípio da paridade de armas.

b) falta de intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri,


quando a lei não permitir o julgamento ‘a revelia. - Ninguém pode ser condenado
sem ser ouvido e o acusado nos procedimento do Juri deve ser intimado para a
sessão de julgamento, que se faz necessária, pois como se sabe o seu interrogatório
é considerado como prova da defesa. Obviamente, se o acusado não comparece,
nos delitos tidos como inafiançáveis o magistrado poderá decretar a sua prisão
preventiva. Assim nos crimes em que a pena cominada é de reclusão e sendo a sua
reprimenda mínima superior a 02 (dois) anos a sua intimação se faz necessária. A
intimação se faz necessária, pois sem esta não se completa o actum trium
personarum.
c) falta da intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade nos
termos estabelecidos por lei - Aqui existe afronta o princípio da produção de prova,
tanto da defesa, quanto da acusação. Além de ser direito da parte produzir provas
de suas alegações, a não intimação das testemunhas faz gerar um peso maior para
a parte: além de ter de provar as suas alegações, fica esta impossibilitada de os
fazer, uma vez que o Estado não cumpriu a sua obrigação de propiciar os meios
necessários ao cumprimento do princípio da produção da prova. Já se entendeu que
é causa de nulidade absoluta do julgamento, a falta de intimação das testemunhas
arroladas pelas partes, mesmo que a testemunha resida em lugar distante. 78

d) presença de pelo menos 15 jurados para a constituição do Júri - Aqui existe


violação de próprio mandamento processual do CPP, uma vez que tal número
encontra-se expressamente previsto no artigo 442, devendo o juiz na falta do
quórum legal adiar o Julgamento Popular. Deverá ele convocar os jurados para o
dia útil imediato ou transferir o julgamento para reunião periódica posterior.

e) falta de sorteio de jurados do Conselho de Sentença em número legal e sua


incomunicabilidade - Neste caso existe violação ao princípio democrático popular
do povo julgar um semelhante seu. Aqui ocorre a nulidade por falta do número de
composição do conselho de sentença, em número de sete, ou na ausência de
sorteio dos juízes de fato pelo magistrado.

Em tema de incomunicabilidade, esta é imposta para se garantir o princípio da


imparcialidade, assegurando a sua independência para proferir o seu julgamento de
acordo com a sua consciência, impedindo que este influencie um jurado indeciso –
prejudicando ou favorecendo – o acusado. Já se decidiu em anular julgamento
quando jurado exterioriza sua opinião, aventando aspecto técnico de que tem
conhecimento79 ou a opinião pessoal sobre o processo direcionado a outro jurado. 80

78
RSTJ 93/396-7
79
RT 469/387
80
RT 729/519
f) falta de quesitos e respectivas respostas - Como se sabe é absoluta a nulidade do
julgamento pelo júri, por falta de quesito obrigatório. 81
Além disso, também é absoluta a nulidade no procedimento do júri, quando os
quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes 82. Além disso, o
entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal consagra-se na nulidade do
julgamento ulterior do acusado com a participação de jurado que funcionou em
julgamento anterior.83
Saliente-se que anulado o julgamento do acusado, este ao ser julgado, deve ser
submetido a juízes leigos diversos do juízes que participaram anteriormente.
Já se decidiu pela nulidade do julgamento, no caso de questão da legítima defesa,
arguída em Plenário pela defesa e que não foi alvo de quesitação aos jurados.
Neste caso, o julgamento foi anulado, uma vez que foi concedido habeas corpus ao
acusado, anulando o julgamento pelo Júri.84

g) falta de acusação e defesa na sessão de julgamento - Esse tema já foi tratado no


presente livro, todavia, nunca é demais lembrar-mos que a falta de defesa do
acusado em processo criminal constitui nulidade absoluta. Todavia, em se tratando
de defesa deficiente só se anulará o processo, se houver prova de que houve
prejuízo evidente aos interesses do acusado.85
A falta do Promotor impede o Juiz de continuar o julgamento, uma vez que é
vedado nomear-se um Promotor de Justiça ad hoc.

Finalmente o artigo 564, em seu parágrafo único a nulidade poderá ser decretada
quando houver nos julgamentos pelo Tribunal do Júri, deficiência nos quesitos ou
contradição nas respostas.
È necessário que o juiz ao elaborar o questionário ou quesitos o faça de forma
clara, de forma a propiciar aos juízes leigos o entendimento necessário para o
julgamento do delito. Nunca devemos esquecer que os jurados, no mais da vezes,
são leigos em direito.

81
Sumula 156 do Supremo Tribunal Federal.
82
Sumula 162 do Supremo Tribunal Federal.
83
Sumula 206 do Supremo Tribunal Federal
84
JTJ 201/320.
85
Sumula 523 do Supremo tribunal Federal.
Quando existe divergência entre as respostas dadas pelos jurados, em sua maioria,
deve o juiz submeter novamente o quesito a nova votação. È de bom alvitre o juiz
esclarecer os juízes de fato da ocorrência. Caso o juiz não proceda a nova votação,
no caso de respostas divergentes ocorrerá a invalidade do julgamento, uma vez que
não se obteve dos juizes de fato a resposta popular ao quesito perguntado.

CAPÍTULO XIV- DOS RECURSOS

O recurso nada mais é do que uma iresignação diante de uma decisão


desfavorável. Nada mais é do que um inconformismo E se funda na necessidade
psicológica de não se conformar perante uma única decisão. A palavra recurso vem
do latim “recurrere” que significa voltar pelo mesmo caminho. O recurso tem como
ponto principal a falibilidade humana e foi concebido como uma maneira de
reparar possíveis erros do juiz de primeiro grau.
O recurso visa possibilitar o reexame das questões de fato e de direito por
Juízes diferentes e por um Juízo Colegiado. As fontes dos recursos são o Código de
Processo Penal, a Constituição Federal, os Regimentos Internos e as leis
extravagantes. São pressupostos do recurso: de que ele seja adequado ao caso
concreto e de que esteja ele no prazo fixado por lei.
Prevê a legislação brasileira a existência do princípio da fungibilidade que é
o recebimento de um recurso errado, como se correto fosse, desde que este esteja
no prazo, desde que não seja considerado como erro grosseiro e desde que não
haja má fé por parte do recorrente. Um dos pressupostos do recurso é a
sucumbência que pode ser total ou parcial.
São recursos obrigatórios: a) no caso de absolvição sumária, b) no caso do
Juiz conceder a reabilitação, c) no caso de procedência do pedido de reabilitação
criminal e, finalmente, nos casos de crimes contra a economia popular.
Além disso, para prosseguimento do recurso é necessário o juízo de
admissibilidade recursal que é realizado em primeiro grau pelos juízes e em
segundo grau pelos Desembargadores ou Ministros dos Tribunais Superiores.
O recurso pode ser extinto pela desistência (apenas por parte do réu, uma
vez que pelo princípio da indisponibilidade o Ministério Público não pode desistir do
recurso que haja interposto), pela renúncia ao direito de recorrer e, pela deserção,
(assim conceituada, apenas no recurso de apelação, quando o réu empreende fuga
após haver apelado, ou caso de não pagamento das custas de preparo do recurso).
Os efeitos dos recursos são: a) devolutivo (devolve a Instância Superior todo
o reexame da matéria de fato e de direito); b) suspensivo (a pena fica suspensa até
o julgamento de todos os recursos); c) o regressivo ou juízo de retratação (cabível
nos recursos de decisões interlocutórias nos casos de recurso em sentido estrito ou
de agravo em execução penal) e d) extensivo (apenas os efeitos benéficos dos
recursos são estendidos aos co-réus não recorrentes, salvo no caso de provimento
do inconformismo por questões personalíssimas).
No Brasil é inadmissível a reformatio in pejus, qual seja, o agravamento da
situação do acusado em recurso manejado apenas pela defesa. Permite o nosso
ordenamento jurídico a reformatio in melius, qual seja, que a situação do réu seja
melhorada (redução de pena, absolvição e anulação do processo) mesmo em
recurso manejado apenas pela Justiça Pública. Também é de se destacar a
reformatio in pejus indireta, em que, se anulado o processo e se proferida
condenação, se houver necessidade de ser proferida nova sentença, essa deve ser
balizada pela condenação anterior, não se permitindo a aplicação de pena superior
àquela que foi anulada pelo recurso.
São recursos privativos da defesa: a) revisão criminal; b) o protesto por novo
júri, c) os embargos infringentes e de nulidade e d) o hábeas corpus, matéria
discutível, mesmo porque existem entendimentos que o Ministério Público pode
impetrar ordem de hábeas corpus em favor do réu na qualidade de fiscal da lei
(custos legis).
Por fim, modernamente tem se admitido a execução provisória da pena que
é a possibilidade do réu preso obter algum benefício prisional (progressão de
regimes, livramento condicional) sem que haja necessidade de transito em julgado
da decisão.

Supremo Tribunal Federal (violação de normas constitucionais)



Superior Tribunal de Justiça (violação de lei federal)

2ª. Instância: Tribunais de Justiça, Tribunais Regionais Federais

1ª. Instância: Juiz de Direito, Juiz Federal,
CAPÍTULO XVII – DO RECURSO DE APELAÇÃO

Apelação deriva do latim “apelatio” que significa dirigir a palavra,


ensejando novo julgamento substituindo o anterior e é um recurso interposto
contra sentença definitiva, com o objetivo de modificá-la, no todo ou em parte,
em Segunda Instância. Esse recurso tem previsão legal no artigo 593 do CPP. A
apelação pode ter cabimento no caso de sentenças definitivas ou de sentenças com
força de definitiva. Sua aplicabilidade se dá no caso de sucumbência total ou
parcial na hipótese de sentença definitiva e não admite retratação pelo juiz , pois
a competência é do tribunal superior.
Apelação Plena ocorre quando o objeto do recurso tem por finalidade
reformar toda a decisão. Entende-se, então, que a denúncia foi julgada totalmente
procedente. Já a Apelação Limitada acontece quando o objeto do recurso objetiva
reformar apenas parte da sentença que foi desfavorável ao apelante. A denúncia
então foi julgada parcialmente procedente.
O que rege o Recurso de Apelação é o princípio latino do “tantum
devolutum, quantum apelatum”, ou seja, aprecia-se todo o processo, não só
embasando nas razões e contra-razões do recurso. Tem interesse em recorrer de
uma decisão, ou seja, tem interesse em apelar, aquela parte que teve seu direito
lesado e prejudicado pela prolação de uma sentença ou acórdão.
A Legitimidade para interpor o recurso de apelação se dá para a parte
prejudicada com a decisão. Assim, temos normalmente no processo penal: o
Ministério Público, o advogado, o acusado, a vítima e, em casos excepcionais, o
assistente de acusação.
Pode ocorrer também a renúncia ou desistência da apelação, pois nada
impede que o acusado renuncie ou desista do recurso já interposto. Uma vez
exercida a desistência ou a renúncia, esta se torna um ato irrevogável e
irretratável. O Ministério Público não pode desistir ou renunciar do recurso
interposto (princípio da indisponibilidade da ação penal). Entre a vontade do réu e
a de seu defensor, prepondera, segundo farta corrente jurisprudencial a vontade
deste último, embora existam entendimentos em sentido contrário.
Deve ser acrescido que, nos termos 598 do CPP, a vítima poderá apelar da
sentença. Neste diapasão, temos duas situações: a primeira é a de que se esta
estiver habilitada nos autos seu prazo será de 05(cinco) dias. Caso não esteja
habilitada, o prazo será de 15 (quinze dias) e corre após o término do prazo do
Ministério Público. Em ambos os casos, não haverá o efeito suspensivo.
Devemos observar que, nos termos do artigo 82 da lei 9.099, caberá recurso
de apelação da decisão do juiz que rejeita a queixa crime e julga o mérito nas
infrações penais de menor potencial ofensivo. Esta apelação deve ser apresentada
neste prazo, com a interposição e as razões conjuntamente, e este recurso será
julgado pelo Colégio recursal que é composto por três juízes.
Deve ser observado que é possível ao réu absolvido recorrer da sentença,
com o intuito de mudar o fundamento de sua absolvição, e assim sendo, evitar os
reflexos na seara cível ou até mesmo no âmbito administrativo. Vejamos que: “o
réu absolvido por insuficiência de provas tem interesse recursal para pleitear a
modificação do non liquet, pois, poderá eventualmente, livrar-se de outras
conseqüências” (RT 762/596).
Nos termos do artigo 600, parágrafo quarto do Código de Processo Penal, o
réu, ao interpor o recurso de apelação, poderá requerer que as razões de apelação
possam ser apresentadas em Segundo Grau. Neste caso, após a remessa do processo
ao Tribunal, a Secretaria intima o defensor, via imprensa oficial, para que no prazo
legal ofereça as razões de seu inconformismo

POSSIBILIDADE DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE APELAÇÃO

Observe-se, a propósito, o disposto no artigo 593 do CPP:

a) Sentenças Definitivas Proferidas pelo Juiz Singular;


b) Sentenças Definitivas Proferidas pelo Tribunal do Júri.
PRAZO PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO DE APELAÇÃO

O prazo legal para interposição do recurso de apelação é de 05 (cinco) dias,


contados da data da intimação do réu ou do seu defensor, seja por mandado, seja
via publicação do D.O.E. . Na dúvida sobre a tempestividade do recurso,
necessariamente, segundo farta corrente doutrinária e jurisprudencial, ele deve
ser aceito. O prazo para interposição do recurso é de 05 (cinco) dias,
mas, além deste prazo legal, o CPP fixa prazo de 08 (oito) dias para a apresentação
das razões recursais, nada impedindo que o recorrente apresente junto com a
interposição as razões de seu inconformismo.
A título de esclarecimento, cumpre salientar que, com o advento da Lei
9.099/95, o prazo de recurso foi alterado para 10 (dez) dias, com a gravame das
razões necessariamente acompanharem a interposição do recurso.
Por fim, vale salientar que o recorrente pode optar em apresentar as razões
de seu inconformismo em Superior Instância, desde que tal opção conste na petição
de interposição e que seja intimado para realizar tal mister.

INTERPOSIÇÃO, EFEITOS E ENDEREÇAMENTO DO RECURSO DE APELAÇÃO

A interposição do recurso de apelação pode ser feita:

a) por petição;
b) por termo nos autos;
c) por qualquer outro meio que revele intenção patente de recorrer da
sentença desfavorável, mormente quando se tratar de réu preso.
Já em relação aos efeitos do recurso de apelação, temos:

a) Efeito Devolutivo: significa a devolução da matéria, objeto do recurso,


para apreciação da Instância Superior;
b) Efeito Suspensivo: significa que a decisão não pode ser executada, até
que ocorra o julgamento do recurso;
c) Efeito Extensivo: significa que havendo concurso de agentes, a decisão do
recurso interposto por apenas um dos réus beneficia os demais que não recorreram,
se fundado em motivos que não sejam de caráter pessoal, aproveitando aos
demais.

O endereçamento do recurso é apresentado (interposto) perante o Juiz e


endereçado ao Tribunal Superior (Tribunal de Justiça, Colegiado Recursal ou
Tribunal Regional Federal).
Reformatio in Pejus é um fenômeno processual que ocorre quando a
sentença combatida é agravada pelo recurso, sem que o órgão acusatório tenha
apelado, requerendo a majoração da pena anteriormente fixada. Não é admitida
pelo nosso ordenamento jurídico.
Reformatio in Melius é um fenômeno processual que ocorre quando a
sentença combatida é reformada, melhorando a situação do réu.
Se o juiz negar seguimento ao recurso de apelação, cabe recurso em sentido
estrito desta decisão e, se este ainda negar seguimento ao recurso em sentido
estrito, cabe ao recorrente o recurso da Carta Testemunhável.

JUNTADA DE DOCUMENTOS NA APELAÇÃO

Nada obsta que as partes apresentem novos documentos, pois no Processo


Penal as partes podem livremente juntar documentos em qualquer fase do
processo. Se juntados por qualquer das partes, a outra parte deverá ter
oportunidade para se manifestar sobre os documentos juntados.
Uma observação se faz relevante: o simples fato do Defensor não interpor o
recurso não significa e nem traduz inexistência ou deficiência da defesa, pois a
questão de interpor ou não o recurso, é questão de ordem técnica que cabe ao
advogado. A apelação sobe, via de regra, nos próprios autos, em casos
excepcionais previstos no artigo 601, Parágrafo Primeiro, via traslado.
Caso não haja a apresentação das razões de apelação, o Juiz deve intimar o
réu para, no prazo de 10(dez) dias constituir novo advogado, sob pena de
nomeação de defensor dativo. Deve ser observado que, a ausência de razões de
apelação, ou mesmo que estas sejam apresentadas de forma tardia, tais
circunstâncias não impedem o conhecimento do recurso de apelação. 86

EXTINÇÃO DO RECURSO DE APELAÇÃO

O recurso de apelação se extingue quando:


a) o réu fugir, depois de interposto o recurso;
b) há falta de preparo, que não existe no ordenamento jurídico atual, pois o
processo penal é isento de pagamento de custas processuais;
c) pela desistência, quando o réu desiste do recurso e de sua conseqüente
apreciação pela Instância Superior.

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DO RECURSO DE APELAÇÃO

I- Autorização legal (previsibilidade do recurso);


II- Tempestividade;
III- Forma de interposição;

86
Revista dos Tribunais 386/292, 392/121, 404/373, 515/276, 519/331.
IV- Recolhimento do réu à cadeia (salvo se for primário e de bons
antecedentes ou por crime em que se livre solto). Vide a respeito o disposto no
artigo 594 do Código de Processo Penal.
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Este recurso é um meio impugnativo das decisões terminativas


ou com forças de definitivas que não possuem carga de mérito. Esta modalidade de
recurso está prevista no artigo 581 do Código de Processo Penal. A maioria dos
doutrinadores e a majoritária corrente jurisprudencial entendem que a
enumeração das hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito é taxativa,
não permitindo ampliação. Todavia, uma minoria tem entendimento que tais
hipóteses são meramente exemplificativas, podendo ser utilizado em casos
semelhantes, utilizando-se, para tanto, da interpretação analógica. 87
O recurso em sentido tem grande semelhança com o agravo de instrumento
do processo civil, e sua interposição pode ocorrer tanto por petição, quanto por
termo nos autos.
Segundo expressa previsão legal, o recurso em sentido estrito pode ser
interposto em 05 (cinco) dias; e depois de recebido, o prazo para apresentação das
razões e das contra razões é de 02 (dois) dias e pode subir para apreciação do
Tribunal de duas formas distintas: na primeira forma, o recurso em sentido estrito
sobe nos próprios autos e, na segunda, sobe por meio de traslado.

O recurso em sentido estrito sobe nos próprios autos nas hipóteses seguintes:

a) quando interposto de ofício;


b) quando não prejudicar o andamento do processo;
c) nos casos do artigo 581, incisos I, III, IV, VI, VIII e X (1,3,4,6,8 e 10);
d) sentença de pronúncia.
87
Taxatividade do recurso em sentido estrito: “RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. TAXATIVIDADE.
"Impossibilidade de atacar decisões não elencadas no rol do art. 581, do Código de Processo Penal, através do
recurso em sentido estrito”. (TJ-MG; RSE 1.0024.04.515239-4/001; Belo Horizonte; Quarta Câmara Criminal;
Rel. Des. William Silvestrini; Julg. 28/06/2006; DJMG”
Fora destas hipóteses, o recurso em sentido deve ser precedido da formação
de um traslado. O recurso em sentido estrito é enviado ao tribunal competente
através de instrumento, tal como ocorre com o agravo de instrumento da esfera
cível.
O recorrente deve então formar o traslado, o que significa que este deve
providenciar as cópias das peças que devem acompanhar o recurso, uma vez que o
processo principal fica no juízo a quo. Em igual prazo, a parte contrária apresenta
sua resposta: as contra-razões (contra minuta) do recurso, bem como indica as
peças.
O Juízo de Retratação é permitido ao recurso em sentido estrito ao juiz que
reconsidere a sua decisão, reformando a decisão anteriormente proferida.
Caso a parte recorrida se sinta prejudicada com a reforma da decisão pelo
juiz, mediante simples petição pode requerer ao juiz que envie ao Tribunal os
autos para apreciação do recurso, independentemente de propositura de novo
recurso ou apresentação de novas razões ou contra razões.
Caso o juiz negue seguimento ao recurso em sentido estrito, cabe a parte
prejudicada interpor o recurso denominado de carta testemunhável.

EFEITOS DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Os efeitos do recurso em sentido estrito podem ser regressivo, devolutivo ou


suspensivo. O efeito Regressivo permite ao juiz retratar-se, ou seja, reformar a
sua decisão. Os autos vão para o juiz após a apresentação das razões e das contra
razões do recurso para que este reforme ou mantenha a sua decisão, sendo que
neste segundo caso determina a remessa dos autos ao Tribunal;
O Devolutivo é a reforma da decisão combatida; se mantida, deve ser
apreciada pela Instância Superior, pois houve o exaurimento da instância inferior;
Na maioria dos casos, o recurso em sentido estrito, não tem efeito
suspensivo, mas ocorre nos casos de decisão que julga quebrada a fiança e no caso
de prolação de sentença de pronúncia.
DOS PRAZOS

1. Exceção ao Prazo Geral é prevista no artigo 581 em que o prazo passa


a ser de 20 (vinte) dias, quando ocorre a hipótese de inclusão ou exclusão de
jurado da lista geral. As hipóteses contidas no artigo 581, incisos XIX a XXIV não há
o cabimento do recurso em sentido estrito, mas sim a hipótese de utilização do
agravo em execução penal, pela Lei 7.210/84.
O recurso em sentido estrito deixará de existir pelo anteprojeto de reforma
do Código de Processo Penal, sendo substituído pelo recurso de agravo, que contará
com novo procedimento e casos diversos daqueles hoje previstos no artigo 581 do
Código de Processo Penal88
DO PROTESTO POR NOVO JÚRI

Este é mais um dos recursos previstos em nosso ordenamento jurídico


processual penal que é um recurso exclusivo e privativo da defesa do réu. Pela
reforma do Anteprojeto de reforma do Código de Processo Penal “serão eliminados

88
Alterações do CPP em tema de recursos: “Em regra, contra as sentenças cabe apelação; contra algumas
decisões cabe recurso em sentido estrito. Aprovado o projeto referido, fica claro que contra as decisões de
mérito sempre caberá apelação. Continuam irrecorríveis (como regra) os despachos e contra as decisões
interlocutórias caberá agravo. Essa é a sistemática do Código de Processo Civil. Mas não significa que esse
sistema foi transposto pura e simplesmente para o processo penal. Serão duas as modalidades de agravo: o
retido (nos autos) e o de instrumento. Há um rol de decisões que dará ensejo a esse último (mais ou menos no
estilo do atual recurso em sentido estrito - CPP, art. 581). No mais, o recurso cabível será o agravo retido, com
efeito, apenas devolutivo. Ambos serão interpostos em primeira instância. No que tange ao agravo de
instrumento, terá efeito suspensivo nos casos em que, a critério do juiz e sendo relevante a fundamentação do
pedido, possa a decisão provocar lesão grave ou de difícil reparação. Norma de organização judiciária poderá
disciplinar órgão específico para o julgamento desses agravos de instrumento nos tribunais, incluindo-se
eventual pedido de efeito suspensivo.”(Reformas Penais XII, Recursos, Luiz Flávio Gomes, Doutor em Direito
Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP,
Diretor-Presidente do IELF - Instituto de Ensino Jurídico e Autor do curso de DP pela internet
(www.iusnet.com.br))
dois recursos: carta testemunhável e protesto por novo júri.” (Reformas Penais XII,
Recursos, Luiz Flávio Gomes, Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da
Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP, Diretor-
Presidente do IELF - Instituto de Ensino Jurídico e Autor do curso de DP pela
internet (www.iusnet.com.br))

Obviamente, somente cabe das decisões proferidas pelo Tribunal do Júri


quando o réu é condenado a uma pena de reclusão igual superior a vinte anos. 89
Apesar de ser um recurso, o referido instituto é endereçado ao próprio Juiz
Presidente do Júri e não à Superior Instância. Não há necessidade de alegação de
qualquer tese defensiva, bastando apenas que a pena imposta seja de reclusão por
tempo igual ou superior a vinte anos. Trata-se de direito subjetivo do acusado, e
somente tem cabimento uma única vez.
Neste ponto são necessárias algumas observações:
a) Esta pena de reclusão igual ou superior a vinte anos deve resultar de um
só crime, ou ser resultado de concurso formal ou crime continuado, que
por ficção legal, faz com que o crime seja considerado único.
b) Este recurso tem preponderância sobre todos os demais recursos, vez que
se interpostos dois recursos (exemplo apelação e protesto por novo júri),
o que prevalecerá é o recurso ora em estudo.

89
“PROTESTO POR NOVO JÚRI. PACIENTE CONDENADO EM CONCURSO MATERIAL DE CRIMES, A
UMA PENA QUE SUPLANTA VINTE ANOS DE RECLUSÃO. A pena a que se refere o artigo 607 do CPP deve
resultar de um só crime. Não se defere o protesto por novo júri caso a soma resultante do concurso material
seja igual ou superior a vinte anos de reclusão, mas decorrendo cada uma das penas de condenações inferiores
ao referido quantum. Alegação de que a hipótese configura concurso formal de infrações. Inadmissibilidade do
exame, em sede de Habeas Corpus, por implicar o reexame de provas”.(TJ-MG; HC 1.0000.05.418738-0/000;
Guaxupé; Terceira Câmara Criminal; Rel. Des. Paulo Cézar Dias; Julg. 19/04/2005; DJMG 20/05/2005)
Protesto por novo júri e concurso formal: “Consoante se observa da sentença proferida pelo juiz presidente do
tribunal do júri, nenhuma das penas, consideradas isoladamente, e igual ou superior a 20 (vinte) anos. A pena
de 43 (quarenta e três) anos e 06 (seis) meses de reclusão aplicada ao réu decorre da continuidade delitiva
entre dois crimes de homicídio qualificados, consumados, e duas tentativas de homicídios qualificados. -
Aparentemente, não seria cabível o protesto por novo júri, vez que o requisito de pena igual ou superior a 20
(vinte) anos deve ser considerado isolada e relativamente a cada um dos delitos. - Ocorre, entretanto, que se
tem admitido o protesto por novo júri quando a pena aplicada for igual ou superior a 20 (vinte) anos e decorrer
de concurso formal ou continuidade delitiva. (TJ-PR; Rec. 177857-0; Ac. 18278; Foz do Iguaçu; Segunda
Câmara Criminal; Rel. Des. Jesus Sarrão; Julg. 01/12/2005)”
Saliente-se que, nos termos do artigo 607, parágrafo único, que se a pena for majorada em grau de recurso e
suplante o prazo de vinte anos, é inadmissível o protesto por novo júri.
c) Deve ser assinalado que referido recurso abrange apenas as decisões
proferidas pelo Júri, isto quer dizer que se a pena do réu for exasperada
em grau de apelação tal recurso não será cabível.
d) Seu prazo é de cinco dias, devendo ser apresentado através de petição
endereçada ao Presidente do Tribunal do Júri.
e) Sendo indeferido o protesto por novo júri, o recurso cabível será a
apelação, tendo alguns entendido que é cabível o mandado de segurança,
pois consideram que o direito a novo júri quando a pena for superior a
vinte anos é um direito liquido e certo do condenado.
f) A fuga do acusado, ao contrário do que ocorre com o recurso de
apelação, não causa a deserção do recurso.
g) Por fim, se admitido o protesto por novo Júri e realizado o segundo júri
popular, a jurisprudência dominante tem entendimento que esta pena
não pode ser superior a primeira sob pena de se configurar a reformatio
in pejus indireta.90

DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Os embargos declaratórios têm como finalidade primordial aclarar ou


esclarecer uma decisão judicial que se encontra omissa, obscura, lacunosa ou
ambígua. Trata-se de um recurso comum, que pode ser usado tanto pela parte
ativa no processo, quanto pela parte passiva. Os embargos declaratórios podem ser
interpostos contra a sentença ou contra o acórdão. É interposto contra o julgador
que prolatou a decisão.
Segundo a regra constante do artigo 382 do Código de Processo Penal, o
presente recurso deverá ser interposto no prazo de dois dias.

90
“Não se pode admitir que no segundo julgamento, em decorrência de protesto por novo júri – favor dispensado
à liberdade – tenha resultado mais gravoso para o acusado, a quem o recurso, privativo da defesa, visa
beneficiar” (RT 575/365).
São cabíveis quando a decisão não possui redação clara, confundindo o leitor
(obscuridade). Poderá ser interposto quando a decisão permitir duas ou mais
interpretações (ambigüidade). Cabe ainda nos casos em que houver contradição –
quando existe a colisão de informações – e no caso de omissão quando algum dos
pontos afirmados pelas partes não foi alvo de apreciação judicial.
Cumpre ressaltar que os embargos de declaração não modificam qualquer
decisão judicial, uma vez que quando da prolatação da sentença, o juiz encerra a
sua atividade jurisdicional, mas apenas aclaram ou corrigem pontos incorretos no
decisium judicial.
Uma vez interpostos, os embargos de declaração suspendem o prazo para
interposição de outro recurso. Caso não haja o acolhimento da pretensão do
embargante, a matéria poderá ser novamente debatida em grau de recurso. Em
primeiro grau os embargos de declaração recebem o nome de “embarguinhos”.
A mesma disciplina se aplica nos casos de decisão de Segundo Grau que se
apresentam como lacunosas, ambíguas, contraditórias, omissas ou lacunosas. O
prazo é o mesmo de 02 (dois) dias.

Cabem embargos de declaração nos seguintes casos: quando há falta de


clareza na decisão; quando não se sabe, com certeza qual o pensamento do Juiz na
sentença; quando a decisão proferida admite dúbia interpretação ou quando os
fundamentos da decisão são colidentes, ou quando o juiz deixa de apreciar algum
fato ou fundamento da denúncia ou das alegações finais.
O professor Júlio Fabbrini Mirabete entende não ser possível a alteração da
decisão através dos embargos de declaração (caráter de infringência dos
embargos), uma vez que estes somente podem corrigir os erros materiais e as
contradições (Processo Penal, Editora Atlas, São Paulo, 2004, p, 488).
Deverá ser apresentado ao Relator do Acórdão, podendo ser indeferido in
limine quando não preenchidos os requisitos legais. Da decisão que não recebe os
embargos de declaração, cabe o recurso em sentido estrito 91. Além disso, é pacífico
na jurisprudência que os embargos de declaração não se prestam à rediscussão da
matéria92
91
RJDTACRIM 22/55
92
“Os embargos declaratórios são cabíveis para sanar ambigüidade, obscuridade, contradição ou omissão (art.
619 do CPP). In casu, inexiste omissão ou contradição quando no voto foi devidamente examinada a quaestio
juris suscitada, sendo impossível, pela presente via, o reexame de matéria já decidida. Recurso não provido.”
Um dos efeitos dos embargos de declaração é que ele pode ser
indeferido in limine pelo juiz ou pelo Relator do Acórdão. Uma vez aceito, este
suspende o prazo para eventual recurso, como bem assinala o professor Júlio
Fabrini Mirabete, “tratando-se de suspensão e não de interrupção de prazo, são
descontados do lapso de tempo previsto para o recurso os dias transcorridos até a
interposição do recurso, a soma dos embargos de declaração” 93 Temos ainda que o
prazo para oposição de embargos de declaração deduzidos em matéria penal é de
dois dias, consoante disposto no art. 619 do CPP e no art. 263 do RISTJ. Incabível a
aplicação, nesta Corte, dos prazos estabelecidos no Regimento Interno do Tribunal
a quo. Embargos declaratórios intempestivos não têm o condão de suspender o
prazo dos outros recursos, consoante precedentes desta Corte. Agravo regimental
que não se conhece. (Superior Tribunal de Justiça STJ; AgRg-EDcl-AgRg-EDcl-Ag
634825; MG; Sexta Turma; Rel. Min. Paulo Geraldo de Oliveira Medina; Julg.
28/03/2006; DJU 12/06/2006; Pág. 548)

DOS EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE

Em primeiro lugar, este recurso é exclusivo da defesa e tem utilização


quando em segundo grau de jurisdição a decisão não for unânime em prejuízo do
acusado. Ou seja, para sua interposição necessário se faz uma decisão de segundo
grau, não unânime, desfavorável ao acusado. Os embargos infringentes e de
nulidade serão restrito á matéria objeto da divergência. 94

Este recurso poderá ser interposto no prazo de 10(dez) dias, contados da


publicação do acórdão. Os embargos são infringentes quando a contradição versar
sobre a matéria de mérito do recurso. Por outro, o embargo será de nulidade,
quando a divergência versar sobre a matéria processual.
(TJ-ES; EDcl-ACr 024.03.013545-3; Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. José Luiz Barreto Vivas; Julg.
22/11/2006; DJES 15/12/2006)
93
Código de Processo Penal Interpretado, p. 721
94
RT 554/431, JTACRESP 64/52, 70,83, RJTJERGS 173/68
Ele tem cabimento apenas quando o recurso em que houver o desacordo for
o recurso de apelação ou o recurso em sentido estrito. 95 Existe posicionamento
contrário que admite a oposição dos embargos infringentes e de nulidade, quando a
divergência for resultante de revisão criminal, uma vez que a lei menciona apenas
decisões de segundo grau, não especificando, de forma expressa, os recursos
criminais a que se limitados.96
A jurisprudência pátria não admite a interposição deste recurso, em caso de
divergência em julgamento de habeas corpus97, em caso de embargos infringentes
no julgamento dos embargos infringentes98 e ainda no caso de divergência no
julgamento de agravo em sede de execução penal.99
O recurso deve ser dirigido ao Relator do Acórdão.
Frise-se, por final, que não há necessidade do acusado recolher-se à prisão
para interposição dos embargos infringentes e de nulidade.

DA REVISÃO CRIMINAL

A revisão criminal é o remédio cabível contra decisão transitada em julgado


contra a qual não caiba mais recurso e é uma verdadeira ação, assemelhada a ação
rescisória no âmbito do direito processual civil. Seu fundamento legal é baseado na
imutabilidade das sentenças transitadas em julgado, que no direito criminal,
podem ser revistas em qualquer tempo. Seu cabimento cinge-se apenas nas
hipóteses expressamente previstas no artigo 621 do Código de Processo Penal.

Quanto aos seus efeitos podemos destacar que a decisão pode: absolver o
requerente, alterar a classificação da infração ou mesmo modificar a pena, sendo
inadmissível a reformatio in pejus.

95
A jurisprudência tem afastado a possibilidade de interposição dos embargos infringentes nos casos de
desacordo em desaforamento, habeas corpus, mandado de segurança, agravo em execução penal.
96
RT 681/369
97
STF – RT 584/469, 570/397, 581/312
98
RT 641/383
99
RT 670/272, RJTJESP 114/574, RT 670/292.
A decisão proferida em revisão criminal que vem a anular o processo, a nova
sentença que deverá ser proferida não poderá ser maior do que a que foi anulada,
sob pena de ocorrer a reformatio in pejus indireta; todavia há entendimento que a
sentença, por ser nula, não produz efeito algum e pode, destarte, a nova decisão
ser superior a que foi anulada.

As hipóteses de cabimento da revisão criminal são:

a) quando a sentença ou a decisão proferida for contrária a texto de lei


ou for contrária a evidência dos autos;
b) quando a decisão fundar-se em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos;
c) quando, após a sentença, forem descobertas provas da inocência do
réu ou circunstância que autorize a modificação da pena;

O pedido de revisão criminal deverá ser apensado nos autos do processo


originário.

Para que haja revisão criminal é conditio sine qua nom que haja uma
sentença criminal transitada em julgado, não importando que tenha ocorrido ou
não alguma das causas extintivas da punibilidade. Trata-se de recurso exclusivo da
defesa, razão pela qual não se admite a revisão criminal em favor da sociedade.
Também não é necessário o recolhimento do acusado na cadeia para ingressar com
o pedido de revisão criminal.

O artigo 630 permite ao autor do pedido revisional a possibilidade de se


cumular a ação de revisão criminal com pedido de reconhecimento à indenização.
Por este dispositivo, se julgada procedente o pleito revisional, o Tribunal
reconhece o direito à indenização que será liquidada na esfera cível. Caso não haja
o pedido de reconhecimento de indenização, o prejudicado deverá voltar-se a
perseguir este dano através de ação ordinária. De posse do acórdão, o interessado
ingressa na seara cível com pedido de liquidação, onde requererá ao Juiz que fixe
os danos através de simples cálculo aritmético, artigos de liquidação ou mesmo por
arbitramento. Apenas após esta providência é que poderá o interessado se valer da
ação executória.
DO HABEAS CORPUS

O Habeas Corpus é um remédio processual que pode ser utilizado por


qualquer pessoa, para fazer cessar ou impedir que venha a se efetivar a violência
ou coação no direito de ir e vir de qualquer cidadão. Trata-se, pois, de remédio
processual de natureza constitucional, para proteger o direito de locomoção. O
remédio heróico é previsto no artigo 5º inciso LXVIII da Constituição Federal e no
artigo 647 a 667 do Código de Processo Penal. Ele é, para uns autores, uma ação de
cunho popular em que qualquer cidadão pode impetrar para outros autores um
recurso.
O habeas corpus de ofício trata-se de uma imposição inserta no texto
constitucional, que obriga o magistrado ou qualquer juiz a relaxar toda e qualquer
prisão ilegal. O termo de ofício significa que, se ocorrer a prisão ilegal, o
magistrado pode relaxar a prisão, mesmo que não haja provocação por parte do
ofendido.

EFEITOS DO HABEAS CORPUS

Um dos efeitos desse remédio legal é conceder a ordem, pois faz cessar a
coação ou o constrangimento ilegal, por ordem de Autoridade Judicial superior
àquela que a proferiu. Tem-se como necessário, no caso de habeas corpus
concedido em primeiro grau de jurisdição que o juiz recorra de ofício para o
Tribunal Superior. Trata-se, na hipótese, de recurso obrigatório ou reexame
necessário.
O referido recurso também denega a ordem. Neste caso, a Autoridade
Superior entende que não existe a coação ou constrangimento ilegal,
permanecendo a situação que deu origem ao ajuizamento do writ.
Quando este julgamento ocorrer quando da apreciação do habeas corpus, tal
fato é significativo de que a situação que deu origem ao pedido do remédio heróico
cessou ou deixou de existir.
O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa, por se tratar de
instituto protetivo da liberdade e de garantia constitucional, sendo, inclusive,
válido o habeas corpus impetrado por menor e por pessoa jurídica em favor de seus
diretores.

SUJEITOS DA RELAÇÃO PROCESSUAL

Neste item trataremos das definições dos sujeitos da Relação Processual.

a) Impetrante: trata-se da pessoa que postula a ordem, normalmente trata-


se do subscrito e no mais das vezes é o advogado.

b) Paciente: trata-se da pessoa que está sofrendo ou está na iminência de


sofrer o constrangimento em sua liberdade de ir e vir (locomoção).

c) Coator ou Autoridade Coatora: trata-se da pessoa ou Autoridade que


exerce a coação ou está em vias de exercê-la contra o paciente.

DAS ESPÉCIES DE HABEAS CORPUS


Temos duas espécies de habeas corpus, que são usados de acordo com o tipo
de constrangimento. Assim temos, o habeas corpus preventivo e o habeas corpus
liberatório.

a) Habeas Corpus Preventivo (Salvo-Conduto): trata-se de uma


modalidade usada quando houver a ameaça ‘a liberdade de ir e vir do paciente’.
Sendo procedente o pedido, expede-se em favor do paciente o salvo conduto, isto
é, uma ordem judicial em favor do mesmo impedindo de ser preso ou de sofrer
qualquer tipo de coação, decorrente do fato originário da impetração. É utilizado
quando o constrangimento ‘a liberdade não se consumou, mas está em vias de
ocorrer.

b) Habeas Corpus Liberatório: trata-se da modalidade de habeas corpus,


utilizada quando o paciente já sofreu o constrangimento ao seu direito de ir e vir, e
tem como fim fazer cessar esta coação. É o que ocorre na maioria dos casos de
habeas corpus.
Para a concessão de uma liminar, torna-se necessário a presença de dois
pressupostos: o periculum in mora, isto é, o perigo da demora, da morosidade nos
julgamentos, que pode ocasionar ao paciente sérias conseqüências e o fumus boni
juris, qual seja, no caso, deve estar presente um direito sobre o qual não haja
nenhuma discussão ou dúvida que se aparenta de forma plausível. Assim, no habeas
corpus, considerado como uma ação, pode o impetrante requerer a liminar, que
nada mais é do que uma antecipação do provimento final da ação, ou seja,
antecipa-se o pedido formulado pelo impetrante.
O habeas corpus pode ser interposto por qualquer pessoa, inclusive pelo
próprio paciente, tendo ou não capacidade postulatória, uma vez que se trata de
garantia constitucional. Assim, nem mesmo o instrumento de procuração é
necessário, mesmo se tratando de uma ação.
Se a ordem de habeas corpus for negada em primeiro grau, o impetrante
pode renovar o pedido em instância superior. Pode, ainda, neste caso, recorrer em
sentido estrito. Da denegação no Tribunal de Alçada ou de Justiça, poderá ser
interposto o recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça. Vale frisar que,
em todos os casos, permite-se a reiteração do pedido para a Instância Superior.
ALGUNS CASOS DE IMPETRAÇÃO DE HABEAS CORPUS

Já se decidiu cabível a concessão da ordem de habeas corpus quando o juiz


recebe denúncia ou queixa-crime em que o fato descrito não é crime (atipicidade);
nos casos em que não existe prova de autoria ou materialidade em que a ação
penal é trancada por falta de justa causa; quando alguém se encontra preso fora
das situações de prisão em flagrante ou sem ordem escrita da autoridade
competente; no caso de decretação de prisão preventiva sem a suficiente
fundamentação; nos casos de processos manifestamente nulos, por falta de exame
de corpo de delito, falta de citação do acusado ou defeitos neste ou no caso de
cerceamento de defesa; nos casos em que manifesta extinção da punibilidade; ou
por falta de formalidade essencial ‘a validade do ato’.
O pedido de informações decorre de que a autoridade superior deve sempre
dar oportunidade à Autoridade Coatora de apresentar a sua versão dos fatos
apresentados, dando as razões pelas quais foram adotadas as medidas combatidas
na ordem de habeas corpus. A autoridade superior deve solicitar informações à
autoridade coatora, e esta deve prestá-las no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.
A apresentação do pedido de habeas corpus deve ser feito em 03 (três) vias:
a primeira via formará o caderno processual, a segunda via será enviada a
Autoridade Coatora para que esta preste as informações e a terceira via para o
protocolo, comprobatório de que o pedido deu entrada no Poder Judiciário.

HIPÓTESES LEGAIS DE CABIMENTO DE HABEAS CORPUS

Estão previstas no artigo 648 do Código de Processo Penal e são:


a) falta de justa causa: neste caso, falta algum pressuposto inerente ao
Direito, isto é, falta de algum requisito de ordem legal para a configuração do
delito. Por exemplo, no crime de peculato, o agente que o pratica não é
funcionário público; no crime de aborto tem-se como vítima indivíduo do sexo
masculino, etc.
b) cidadão preso por mais tempo que a lei determina: neste caso o
habeas corpus pode ser concedido quando o agente já cumpriu a sua pena, ou no
caso, de o agente estar preso por mais de 81 (oitenta e um) dias e ainda a
instrução de oitiva das testemunhas de acusação ainda não se findou;
c) quando quem ordenou a coação não tem qualidade para fazê-lo: neste
caso a Autoridade responsável pela ordem não tem legitimidade para ordená-la,
podendo, conforme, o caso responder por crime de abuso de autoridade. Por
exemplo, no caso de toda e qualquer prisão efetivada contra alguém, pela
Autoridade Policial, fora das hipóteses de prisão em flagrante ou sem ordem por
escrito da Autoridade Judicial.
d) Quando houver cessado o motivo que ordenou a coação: neste caso, o
motivo que determinou a existência da coação não existe mais, quando por
exemplo, alguém que é preso de forma preventiva por garantia da ordem pública, e
que decorrido o processo não ficou demonstrado tal ocorrência que deu origem à
prisão do acusado.
e) Quando alguém não puder prestar fiança: existem certos casos em
que, para obter sua liberdade, o indivíduo deve dar ao Estado em troca de sua
liberdade, uma garantia, que é a fiança. Temos como exemplo o caso de um
indivíduo que é preso por crime afiançável e a Autoridade de forma injustificada,
nega-se a arbitrar fiança para que este responda o processo em liberdade.
f) Quando o processo for manifestamente nulo: como se sabe o processo
penal brasileiro é extremamente formal, e exige para a sua validade que sejam
cumpridos todos os requisitos previstos pelo nosso Código de Processo Penal. Neste
caso, a coação configura ofensa ao devido processo legal, como por exemplo: a
falta de citação do réu, a falta de defensor ao réu, a falta de intimação para o
Defensor apresentar a defesa prévia ou as alegações finais.
g) Quando extinta a punibilidade: neste caso, qualquer causa extintiva
da punibilidade encerra o processo e impede o prosseguimento do processo
criminal. São aquelas cláusulas catalogadas no artigo 107 do Código Penal, e são de
forma exemplificativa: a decadência, a perempção, a prescrição, o perdão, a
renúncia, a anistia, a graça, o indulto etc.

DO MANDADO DE SEGURANÇA

Trata-se do direito de ação e remédio processual contra qualquer decisão de


direito individual desde que não amparado por via do habeas corpus. Normalmente
o mandado de segurança é utilizado contra decisões que não tenham condão de
prejudicar o status libertatis do cidadão, mas as questões processuais (como a de
dar efeito suspensivo a um recurso), ou questões patrimoniais (como a de requerer
a restituição de uma coisa apreendida) ou mesmo de proteger um direito liquido e
certo (entrevistar-se livremente com um preso, vista dos autos de inquérito policial
etc.).

Na jurisprudência encontramos os seguintes exemplos:

 direito de vista dos autos de inquérito policial por advogado;

 direito de acompanhar seu cliente na fase inquisitorial;

 direito de entrevistar-se com o réu preso;

 direito de obter certidões;

 direito de obter a juntada aos autos de documentos;

 obter efeito suspensivo a recurso;

 restituir coisas apreendidas;

 do despacho do juiz que indefere a participação no processo de assistente


de acusação;

 evitar ou conseguir a transferência de preso de uma cidade para outra.


Na prática, sugere-se que o advogado faça seu pedido em primeiro lugar a
Autoridade e, ao vir dela o indeferimento, configura-se a figura da autoridade
coatora, dando margem ao ajuizamento do mandado de segurança.

O mandado de segurança não admite dilação probatória, razão pela qual o


impetrante deve juntar com o seu pedido todos os documentos probatórios aptos a
demonstrar o seu direito liquido e certo.

Quando a Lei alude a direito líquido e certo, está exigindo que esse direito
se apresente com todos os requisitos para seu reconhecimento e exercício no
momento da impetração. Em última análise, direito líquido e certo deve ser
comprovado de plano.
Trata-se do comando da lei, do ordenamento jurídico que deve ser certo e
determinado e sobre o qual não deva pairar qualquer discussão. A situação de fato
deve ser provada de forma incontroversa e o direito deve ser determinado e que
não haja, sobre a sua existência, qualquer dúvida ou indagação.
Caberá o mandado de segurança quando houver ilegalidade (qualquer ato do
agente da administração deve ser revestido de legalidade, impessoalidade,
finalidade e publicidade) e não pode o agente público agir contra a lei e lesar
direito do cidadão.
Haverá abuso de poder quando o agente atua além dos limites permitidos
pela lei. Assim o mandado de segurança terá cabimento quando o ato é eivado de
ilegalidade ou abuso de poder, emanado de autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de função pública que lese direito do cidadão ou que seja
contrário a lei. O prazo para impetração do mandado de segurança é de 120 (cento
e vinte dias) a partir da ciência oficial do ato, cabendo pedido de liminar. Após a
Autoridade Coatora deverá prestar as informações ao Juízo no prazo de 10(dez)
dias. Da sentença proferida nos autos de mandado de segurança caberá apelação
em primeiro grau, e no caso de decisão denegatória em segundo grau, caberá
recurso ordinário constitucional.

DO RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL, DO RECURSO ESPECIAL E DO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO
Recurso Ordinário Constitucional, Recurso Especial e Recurso Extaordinário
são meios impugnatórios da decisão judicial apresentados perante o Supremo
Tribunal Federal ou perante o Superior Tribunal de Justiça, das decisões proferidas
em grau de recurso junto aos Tribunais Estaduais. Todos estes recursos estão
previstos na Constituição Federal.
Sobre o Recurso Ordinário, o Superior Tribunal de Justiça (art. 105, II, a) diz:

Das decisões que julgarem habeas corpus decididos em


única ou última instância pelo Tribunal Regional Federal
ou Tribunais de Estado, quando a decisão for
denegatória.
Das decisões que julgarem mandados de segurança nos
mesmos casos da hipótese anterior, desde que seja
denegatória.

Do Recurso Ordinário – Supremo Tribunal Federal (no art. 102, II, a): “Das
decisões que julgarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data em
única ou última instância decididas pelos Tribunais Superiores, quando a decisão
for denegatória.”
Cabe Recurso Extraordinário – (art. 102, III, a, b,c) quando se violar texto da
Constituição Federal; declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
julgar válida a lei ou ato de governo em desacordo com o mandamento
constitucional.
Do Recurso Especial (Superior Tribunal de Justiça) – CF/88 – art. 105, III, a,
b, c
Contrariar texto de lei federal ou negar-lhe vigência
Julgar válida lei ou ato de governo em desacordo com lei federal;
Dar interpretação divergente sobre lei federal que outro Tribunal julgou.
Importante:
Violação de lei federal – Superior Tribunal de Justiça
Violação de Constituição Federal – Supremo Tribunal Federal.

Recurso Violação Tribunal

Especial Lei Federal STJ


Extraordinário Constituição STF
Ordinário HC/MS- TJ/TA STJ
Ordinário HC/MS- julgado pelo STJ STF

DO RECURSO ESPECIAL (CF, 105,III, a, b e c)

Esse recurso tem como objetivo a avaliação e julgamento das questões infra-
constitucionais. É dirigido ao Superior Tribunal de Justiça. Tem como requisito de
admissibilidade o pré-questionamento. Trata-se de recurso comum, podendo ser
intentado por qualquer das partes. Tem cabimento contra decisão que contraria
lei federal, julgar válida a lei ou ato de governo local em face de lei federal ou
quando der a lei interpretação diversa do que o deu anteriormente outro Tribunal
ou quando houver divergência jurisprudencial.
Seu processamento é igual ao do recurso extraordinário. Caso seja indeferido
cabe agravo de instrumento, no prazo de 05 (cinco) dias. No seu julgamento, caso
haja divergência entre os membros do Tribunal cabível é o recurso de embargos de
divergência no prazo de 15(quinze) dias.

Neste diapasão temos a SÚMULA 07 DO STJ: “Súmula nº 7. A pretensão de


simples reexame de prova não enseja recurso especial”.
E ainda: “É inadmissível o Recurso Especial cuja tese jurídica suscitada
reclama a reapreciação do substrato probatório. Inteligência da Súmula nº 07 do
STJ. Recurso Especial não-conhecido”. (STJ; RESP 489738; SP; Sexta Turma; Rel.
Min. Paulo Geraldo de Oliveira Medina; Julg. 07/08/2003; DJU 15/09/2003; pág.
00415)”

Já o recurso ordinário constitucional é uma modalidade recursal que pode


ser apresentada tanto no Supremo Tribunal Federal, quando no Superior Tribunal
de Justiça, conforme o caso. Vejamos:

Hipótese 1 – caso haja o julgamento de habeas corpus e mandado de


segurança decidido pelo Superior Tribunal de Justiça, em única e última instância,
de caráter denegatório, cabível é o recurso ordinário constitucional para o Supremo
Tribunal Federal;

Hipótese 2 – caso haja o julgamento de habeas corpus e mandado de


segurança decidido pelo Tribunal de Justiça dos Estados ou de Alçada ou Regional
Federal, em única e última instância, de caráter denegatório, cabível é o recurso
ordinário constitucional para o Superior Tribunal de Justiça;
Este recurso pode ser substituído pelo habeas corpus e pelo mandado de
segurança, ao invés da interposição do recurso ordinário constitucional, embora o
professor Mirabete entenda tal substituição impossível pelo fenômeno da supressão
de instância.

O recurso extraordinário tem como objetivo tutelar e defender os


mandamentos constitucionais. Deve ser apresentado ao Supremo Tribunal Federal
nas decisões das quais não caiba mais recurso ordinário. Ele é usado também para
uniformização das decisões judiciais.
O pré-questionamento é conditio sine qua non para a sua admissibilidade,
isto significa que a ofensa a Constituição Federal deverá ter sido objeto de
impugnação em recurso anterior. Trata-se também de recurso comum, que pode
ser apresentado por ambas as partes.
Esse recurso tem cabimento quando a decisão recorrida contraria dispositivo
de ordem constitucional; quando a decisão recorrida declara a
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal – decisão em ação declaratória de
inconstitucionalidade ou quando julgar válida lei ou ato de governo em desacordo
com os preceitos constitucionais.
Deve ser apresentado no prazo de 15(quinze) dias, devendo ser endereçado
ao Presidente do Tribunal recorrido. A petição deverá conter a exposição de fato e
de direito, a demonstração do cabimento do recurso e seu respectivo fundamento
legal e as razões e pedido de reforma. Quando houver divergência jurisprudencial
deverá ser feita prova da divergência mediante certidão ou cópia do jornal oficial
ou repertório atualizado de jurisprudência.

Recebido o recurso é aberta vista a parte contrária pelo prazo de 15(quinze)


dias para impugnação. Após, os autos irão conclusos ao Presidente do Tribunal para
decisão sobre a admissibilidade ou não do recurso. Isto é chamado de juízo de
prelibação. Caso haja indeferimento por parte do Presidente do Tribunal, os
recursos cabíveis são a carta testemunhável, ou o agravo de instrumento no prazo
de 05 (cinco) dias. Quando o Tribunal nega seguimento ao Agravo, cabe no Agravo
dirigido ao Supremo Tribunal Federal no prazo de 05(cinco) dias para recebimento
do agravo anterior.

DA CARTA TESTEMUNHÁVEL

A finalidade da carta testemunhável é o de levar a Segunda Instância o


conhecimento de um recurso não recebido, ou que teve obstado o seu seguimento
por ato da autoridade judiciária. Tem-se o prazo de 48 (quarenta e oito) horas para
impetração deste recurso, contados da data em que se obstou o seguimento do
recurso originário.

Quanto à sua natureza podemos consignar que trata-se de remédio


processual que faz o recurso subir para o tribunal, e de natureza imprópria, pois
não é dirigido ao Juiz, mas sim ao Escrivão do feito.

O caso mais freqüente é o do indeferimento do recurso de apelação e do


indeferimento do recurso em sentido estrito, cabendo a seguir a carta
testemunhável. O outro caso mais freqüente é o caso do cabimento da carta
testemunhável após o indeferimento do protesto por novo júri.
Este recurso será extinto pelo ANTEPROJETO DE REFORMA DO CPP, in
(Reformas Penais XII, Recursos, Luiz Flávio Gomes, Doutor em Direito Penal pela
Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito
Penal pela USP, Diretor-Presidente do IELF - Instituto de Ensino Jurídico e Autor do
curso de DP pela internet (www.iusnet.com.br))

DA CORREIÇÃO PARCIAL

A correição parcial é um meio impugnativo das decisões judiciais em que


houver erro ou abuso que impliquem em tumulto processual. Trata-se de recurso
de natureza administrativa, utilizado quando houver tumulto processual causado
pelo error in procedendo ou pelo error in judicando, inexistindo para a decisão
impugnada recurso específico.

O Error in Procedendo é quando um é erro cometido pelo juiz no processo e


esse erro causa tumulto processual, na fase processual, sem adentrar ao mérito da
causa. Já o Error in Judicando é quando o erro cometido pelo juiz é relativo a
decisão de mérito sobre o procedimento. A correição parcial tem a finalidade de
impugnar ato judicial quando não haja recurso específico que cause tumulto
processual.
Neste caso, esse recurso é julgado pelas Câmaras dos Tribunais de Justiça ou
de Alçada e deve ser interposto no prazo de cinco dias. Ele obedece ao rito do
agravo de instrumento ou do recurso em sentido estrito.
O recurso de Correição Parcial não possui efeito suspensivo, devendo utilizar
para obtenção deste efeito o mandado de segurança. A correição é interposta
perante o juiz de direito com efeito de retratação.
São exemplos de error in procedendo: indeferimento de pedido de incidente
de insanidade mental, indeferimento de pedido de ovas diligências, juiz que ouve
testemunhas arroladas fora do prazo legal ou arroladas de forma tempestiva e não
ouvidas.
São exemplos de error in judicando: demora do juiz em proferir sentença,
quando o juiz manda riscar expressões injuriosas e quando o juiz relega a
apreciação de pedido de prisão preventiva futuramente.
O prazo para interposição deste recurso, que não está previsto no Código de
Processo Penal, mas sim nas leis orgânicas de cada Tribunal, no Estado de São
Paulo é de 05 (cinco) dias contados da data da ciência ou da publicação da decisão
que implicou em abuso ou tumulto processual.

Esta modalidade tem cabimento unicamente na esfera penal, para as


hipóteses das decisões judiciais em que provoquem no curso do processo, abuso ou
tumulto processual, valendo salientar seu cabimento somente quando não haja na
legislação adjetiva recurso próprio de impugnação do ato.

CAPÍTULO XIII- DA REABILITAÇÃO

A reabilitação é uma petição e um instituto que garante ao condenado o


sigilo sobre as suas condenações, possibilitando ao mesmo que retorne ao estado
anterior à sua condenação. Este pedido tem cabimento após o lapso temporal de
dois anos após a extinção da pena ou do cumprimento do sursis ou do livramento
condicional.

A reabilitação apenas garante ao condenado o sigilo de suas condenações, qual


seja, o efeito primário não produzindo qualquer efeito no âmbito do retorno ao
cargo, emprego ou função pública ou mesmo ao retorno do poder familiar, tutela
ou curatela. O condenado deve provar que foi cumprido o lapso temporal de dois
anos, demonstrar ao Juiz da Condenação que teve domicílio no País durante este
tempo e dar efetiva demonstração de bom comportamento público e privado. Deve
ressarcir a vítima pelos danos causados, salvo a hipótese de impossibilidade
econômica financeira.
Deve se dizer que, concedida a reabilitação, o Juiz deve recorrer de ofício
de sua decisão. Negado pelo Juiz, o sucumbente pode valer-se do recurso de
apelação ou mesmo reiterar o pedido com novos documentos, novos fatos ou novas
provas.
A reabilitação será revogada se o beneficiário vier novamente a ser
condenado por outro crime, por decisão já passada em julgado, desde que a pena
não seja a de multa.
Se houver várias condenações deverá ser requerida a reabilitação em cada
processo de maneira individual e separada. Por fim uma observação que se faz
necessária: o pedido de reabilitação é formulado perante o Juiz que proferiu a
condenação, desarquivando-se o processo de conhecimento, e não ao Juiz da
Execução.

CAPÍTULO XIV- DA EXECUÇÃO PENAL

O processo penal possui, como na esfera cível, o processo de execução.


Diferentemente do que ocorre na esfera cível, o processo de execução na esfera
penal tem como objetivo primordial o cumprimento por parte do condenado da
penalidade imposta, através, muitas vezes, do cerceamento do seu direito de ir e
vir. Trata-se, assim, de um conjunto de atos judiciais pelos quais se dá efetividade
à sentença judicial.
Na esfera penal o título executivo do Estado é a sentença penal
condenatória transitada em julgado, uma vez que esta impõe ao acusado
(sentenciado) o dever de cumprir a pena imposta.
A Vara De Execuções Criminais é um órgão especializado da justiça comum
que tem como finalidade fiscalizar os direitos e deveres dos presos, bem como o
cumprimento da pena. Perante esse órgão é que são requeridos todos os benefícios
devidos aos detentos. Compõe-se de um Juiz de Direito e um órgão do Ministério
Público.
Como é sabido de todos, no Brasil temos três regimes de cumprimento de
pena, a saber: regime fechado, regime semi-aberto e regime aberto.

Regime fechado Condenado a pena superior a oito anos


de reclusão ou reincidente

Regime semi-aberto Condenado a pena superior a quatro de


reclusão, mas que não exceda a oito
anos.
Regime aberto Condenado a uma pena que não exceda
a quatro anos de reclusão

O regime fechado caracteriza-se pelo cumprimento da pena corporal em


estabelecimento prisional denominado penitenciária, onde o agente fica recluso
durante todo o tempo. Já no regime semi-aberto, um pouco menos rígido, o
condenado cumpre a sua reprimenda em estabelecimento agrícola ou industrial,
onde trabalha durante o dia, sendo somente recolhido à noite. Já no regime
aberto, o agente cumpre a pena em estabelecimento aberto, trabalhando durante
o dia, e recolhendo-se à noite na casa do albergado. Lembre-se, ademais, que em
nosso País adota-se o sistema progressivo, pelo qual o sentenciado passa de um
regime mais severo para um regime menos severo, depois de cumprido, pelo
menos, mais de um sexto da reprimenda imposta e desde que possua bom
comportamento carcerário.
Lembre-se que no Brasil, quando da aplicação da pena, adota-se o sistema
vicariante ou unitário, segundo o qual o juiz deve aplicar ou a pena ou a medida de
segurança. Com a reforma da parte geral do Código Penal, foi abolido o regime do
duplo binário ou dualista, pelo qual o juiz, além de aplicar a pena, deveria também
aplicar a medida de segurança.
Nossa legislação penal adotou para a execução penal o sistema filosófico da
ressocialização do sentenciado, que busca a reintegração do preso ao meio social,
através da sua gradativa recolocação na sociedade. Diante disso, encontramos
tanto na legislação penal, quanto na legislação processual, quanto na Lei 7.210/84,
vários benefícios dentre os quais devemos citar:
a) Progressão de Regimes: baseia-se no mérito do condenado. Este passa
de um regime de cumprimento de pena em regime mais grave para um menos grave
- desde que tenha cumprido mais de um sexto da pena imposta e que possua bom
comportamento carcerário. (LEP – ART. 112).
Deve ser observado que é incabível a progressão de regimes nos casos de
prática de crimes hediondos (ex vi da Lei 8.072/90), uma vez que a pena por este
crime deve ser cumprida integralmente em regime fechado. O STF, no entanto,
que também mantinha posicionamento pacífico nessa mesma linha, em julgamento
inédito, por 6 votos a 5, na sessão de 23.02.06, ao apreciar o HC 82.959, mudou a
sua orientação e reconheceu, incidenter tantum, a inconstitucionalidade do § 1º do
art. 2º da Lei nº 8.072/90, por entender o Plenário que o mencionado dispositivo
legal fere o princípio da individualização da pena, da dignidade humana e da
proibição de penas cruéis.
Progressão de regime em crimes praticados em detrimento da Administração
Pública:

ART. 33 § 4º O condenado por crime contra a


administração pública terá a progressão de regime do
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano
que causou, ou à devolução do produto do ilícito
praticado, com os acréscimos legais. (NR) (Parágrafo
acrescentado conforme determinado na Lei nº 10.763,
de 12.11.2003, DOU 13.11.2003)

b) Livramento Condicional: trata-se de uma liberdade antecipada do


condenado, desde que tenha bom comportamento carcerário e demonstre que tem
aptidão para o trabalho e que não mais irá delinqüir. É cabível quando a pena
imposta exceder (for superior) a dois anos, nas seguintes circunstâncias: a) réu
primário: deve ter tenha cumprido mais de 1/3 da pena; b) réu reincidente em
crime doloso: deve ter cumprido mais da metade da pena; c)réu em crime
hediondo: que tenha cumprido mais de 2/3 da pena e que não seja reincidente
específico (LEP, 131).
O termo reincidente específico está previsto na Lei de Crimes Hediondos e
consiste na reincidência de qualquer dos crimes previstos em referido mandamento
legal. Portanto, reincidente específico é aquele acusado que pratica qualquer
crime previsto na Lei de Crimes Hediondos e a finalidade de tal instituto é a de
impedir o livramento condicional. Caso o indivíduo pratique em concurso de crimes
um crime hediondo e outro crime que não seja hediondo, deverá cumprir 2/3 do
crime hediondo e 1/3 (um terço) se primário ou metade, se reincidente, do crime
remanescente.
Neste sentido temos que o reincidente específico é aquele indivíduo pratica
dois ou mais crimes, em que o crime anterior e o posterior são da mesma natureza,
isto é, ambos previstos na Lei de Crimes Hediondos, pouco importando qual seja o
bem jurídico atingido pela conduta delituosa.Trata-se de reincidência específica
aquele que pratica qualquer crime previsto na Lei de Crimes Hediondos, qual seja,
depois de condenado por crime hediondo, vem a praticar qualquer outro crime
hediondo.100
Anote-se que, se o acusado foi condenado por algum crime taxado por
hediondo antes da vigência da Lei de Crimes Hediondos (26 de julho de 1990), e
pratica um crime hediondo, obterá o direito a obter o livramento condicional, uma
vez que a lei penal não pode retroagir, salvo para beneficiar o réu.101
b) Observe, ainda que o prazo para obtenção deste benefício em crime
hediondo será aumentado para 2/5 (dois quintos do cumprimento da pena), caso
seja aprovado Projeto de Lei 6793/06, do Poder Executivo, que disciplina o direito
à progressão de pena do condenado por crime hediondo. Pelo texto aprovado, o
condenado por esse tipo de crime terá de cumprir 2/5 da pena no regime fechado
para poder pedir a progressão de pena para o regime semi-aberto. Se ele for
reincidente, deverá cumprir 3/5 da pena. A matéria ainda será votada pelo Senado.
c) Detração: é o desconto, na pena imposta, do tempo de prisão que o
sentenciado ficou preso temporária ou preventivamente.
d) Remição: trata-se de um direito do detento em descontar da pena os
dias que trabalhou. No Brasil, adota-se o critério de para três dias trabalhados
descontar um dia de pena (LEP 126).

100
“Progressão de regime e livramento condicional. Apenado com duas condenações por tráfico de
entorpecentes, nas quais o regime fixado foi o integralmente fechado. Impossibilidade de progressão em face da
Lei nº 8.072/90. Impossibilidade também do livramento condicional, pois reincidente específico segundo a regra
do art. 83, inc. I do CP. Negaram provimento ao agravo.” (TJ-RS; AG-Ex 70009360884; Ijuí; Primeira Câmara
Criminal; Rel. Des. Marcel Esquivel Hoppe; Julg. 08/09/2004)

101
STF, 1ª. Turma, RE 304385, RJ, Relator Ministro Ilmar Galvão, j. 22/02/2002, p. 55).
e) Suspensão Condicional da Pena – Sursis – Benefício previsto no Código
Penal. A pena é suspensa mediante o cumprimento de determinadas condições,
quando não for superior a dois anos (LEP 156).
f) Unificação de Penas – o tempo de cumprimento da pena corporal no
Brasil não pode ultrapassar trinta anos. Por esse instituto, as penas são juntadas
em um mesmo processo. Além disso, quando o agente pratica dois ou mais crimes
com as mesmas circunstâncias de lugar, tempo e modo de execução, os crimes
subseqüentes podem ser considerados juridicamente como continuidade do
primeiro. É o que prevê o artigo 71 do Código Penal, ao contemplar a figura do
crime continuado.
g) Anistia – não é exercida pelo poder jurisdicional, mas concedida pelo
Congresso Nacional por meio de Lei, pela qual o Poder Público deixa de punir
certas condutas delituosas e é de caráter geral.
h) Graça – também não é exercida pelo Poder Judiciário. Trata-se de um
perdão de caráter individual concedido a determinada pessoa pelo Presidente da
República.
i) Indulto – é um ato de caráter geral do Poder Público, um perdão
coletivo ou uma redução de pena, concedido independentemente de provocação,
em certas ocasiões, por exemplo, às vésperas do Natal.
A reabilitação criminal é um instituto processual que visa a reintegrar o
sentenciado à coletividade, depois de cumprida ou extinta a sua pena,
restabelecendo seus direitos. O instituto visa a garantir o sigilo das condenações.
A medida de segurança consiste na pena aplicada ao inimputável ou semi-
imputável. Pode ser cumprida de forma reclusiva, que é a internação em hospital
psiquiátrico, ou na forma ambulatorial, dependendo das conclusões de laudo
pericial.
As recompensas são previstas na Legislação de Execução da Pena, tendo em
vista o bom comportamento do detento ou recluso, a sua colaboração com o
trabalho e a disciplina. São recompensas dadas aos presos o elogio, as regalias e as
saídas temporárias.
A prisão domiciliar é o cumprimento de pena na residência do condenado,
quando se tratar de condenado maior de setenta anos, condenado acometido de
doença grave, condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental, ou
condenada gestante. Prevista no artigo 117 da LEP.
A permissão de saída tem cabimento para os condenados em regime fechado
ou semi-aberto e para os presos provisórios. Estes podem obter autorização para
sair do estabelecimento prisional, com escolta policial, em casos de falecimento ou
doença grave do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, ou em caso de
tratamento médico. (LEP art. 120).
A saída temporária é cabível para os condenados em regime semi-aberto,
(LEP 122), para visita à família, freqüência a curso supletivo ou profissionalizante
etc. Prazo de sete dias. Requisitos: a)comportamento adequado; b)que
cumprimento de mais de 1/6 da pena (se primário) ou ¼ (se reincidente).
A regressão de regimes (LEP ART. 118.) consiste na transferência do preso
para regime mais grave, quando pratica crime doloso ou falta grave, ou quando
sofre condenação por crime anterior, de modo que a soma das penas torne
incompatível o regime.
A execução de pena privativa de liberdade tem início com a prisão do
sentenciado, ordenando o juiz a expedição da guia de recolhimento. Formam-se os
autos de execução penal, com a elaboração do cálculo de liquidação da pena. A
execução da pena de multa deve ser realizada pela Fazenda Pública através de
execução fiscal, uma vez que a multa criminal é considera dívida de valor. Segue o
procedimento de lançamento da dívida ativa e, após, o ajuizamento de ação
executiva fiscal, com a penhora de bens do executado.
No caso de superveniência de doença mental, o condenado será internado
em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Se o condenado não se
recuperar, a pena considera-se extinta pelo seu cumprimento, devendo ele ser
posto em liberdade. Restabelecendo-se o condenado, volta ao efetivo cumprimento
da pena, devendo o tempo em que ficou internado ser descontado do tempo de
cumprimento da pena.
Quanto ao recurso na execução penal, a lei de execução penal prevê que,
das decisões proferidas em execução penal, cabe o recurso de agravo, sem efeito
suspensivo, nos prazos e na forma do recurso em sentido estrito (prazo de cinco
dias interposição no juízo das execuções, razões em dois dias endereçadas ao
Tribunal, presença do efeito regressivo).
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO

Esta forma diferenciada de cumprimento da pena foi introduzida em nosso


ordenamento jurídico pela Lei 10.792 de 1 de dezembro de 2003.
O RDD - regime disciplinar diferenciado - possui as seguintes
características: 1ª) duração máxima de 360 dias, sem prejuízo de repetição da
sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena
aplicada; 2ª) recolhimento em cela individual; 3ª) visitas semanais de duas pessoas,
sem contar as crianças, com duração de duas horas; 4ª) o preso terá direito à saída
da cela por duas horas diárias para banho de sol.
Segundo o disposto no § 1º do art. 52, o regime disciplinar diferenciado
também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou
estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do
estabelecimento penal ou da sociedade. Por fim, dispõe o § 2º do mesmo
dispositivo que estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso
provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento
ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou
bando.
Da decisão que defere o pedido de inclusão do preso no regime disciplinar
diferenciado ou nega tal pretensão, caberá o agravo em execução penal.
Também será disciplinado o uso de aparelho celular em Presídio, o Projeto
de Lei 7225/06, do Senado, que considera como falta grave o fato de o preso ter
em sua posse, usar ou fornecer aparelho telefônico, de radiocomunicação e todos e
quaisquer meio de comunicação eletrônico ou similar. Em seu substitutivo,
apresentado em Plenário pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, o
deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) ampliou o texto para tornar mais explícita
a proibição de o preso usar esses aparelhos. A nova regra vale para as
penitenciárias administradas pela União, pelos estados ou pelo Distrito Federal.
O projeto acrescenta, ao Código Penal (Decreto-lei 2848/41), artigo para
tipificar o crime de omissão do diretor de penitenciária (e de outros agentes
públicos) em seu dever de vedar ao preso o acesso a esses tipos de aparelho. A
pena será de detenção de três meses a um ano.
O Plenário da Câmara aprovou por unanimidade o Projeto de Lei 7227/06, do
Senado, que torna regra geral o uso da videoconferência nos interrogatórios e nas
audiências judiciais das quais participe o juiz, o acusado preso e seu advogado.
Atualmente, a prática para ouvir o acusado é transportá-lo até o fórum, devido à
falta de segurança para o comparecimento do juiz ao presídio.
Outro projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional é que trata da
prescrição intercorrente. Esse projeto mantém a possibilidade de aplicação da
prescrição retroativa, prevista no Código Penal, com a contagem somente a partir
do recebimento da denúncia ou da queixa de um crime. A matéria agora será
votada pelo Senado.
Atualmente, esse tipo de prescrição pode ser contada a partir da data do
crime, o que acaba por isentar do cumprimento de penas os criminosos com
sentença transitada em julgado que demoraram para ser proferidas pela Justiça

CAPÍTULO XV- DOS JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS

Os juizados especiais têm como função promover a conciliação, o


julgamento e execução das infrações penais de menor potencial ofensivo.
Consideram-se como infrações penais de menor potencial ofensivo as
contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não exceda a um ano. O
objetivo primordial dos juizados especiais é reparação de danos, a aplicação de
penas alternativas e a multa.
Sua competência é determinada pelo lugar onde foi cometida a infração
penal. As audiências e os termos poderão ser realizados em qualquer dia da semana
e no horário noturno. A citação será sempre feita de forma pessoal no próprio
Juizado ou por mandado.
Nos Juizados Especiais Criminais não se suspende o processo: não encontrado
o acusado, os autos são enviados para o Juízo Comum, portanto há ausência do
Instituto da Revelia. Nesses institutos, devem sempre ser intimados a vítima e o
acusado, valendo constar que o advogado é presença indispensável nos juizados.
Na fase preliminar, em se tratando de infrações penais de menor potencial
ofensivo, o Delegado de Polícia não elabora inquérito policial. De outro lado, está
ele obrigado a elaborar um termo circunstanciado de ocorrência (T.C.O) que deve
ser enviado ao Fórum, com o autor, a vítima e os exames periciais necessários.
Se o autor do fato que após a lavratura do Termo Circunstanciado de
Ocorrência se comprometer a comparecer espontaneamente no Juizado, contra ele
não será lavrado auto de prisão em flagrante e nem será exigida dele fiança.
Elaborado o termo circunstanciado de ocorrência, as partes deverão
ser encaminhadas ao Juizado, onde será realizada uma audiência, denominada de
audiência preliminar, onde deverão estar presentes: o representante do Ministério
Público; o autor do fato; a vítima, se possível, o seu representante legal e os
advogados representando as partes.
O juiz deverá esclarecer sobre a possibilidade da composição dos danos e da
aceitação pelo acusado, da proposta de aplicação de pena imediata de pena não
privativa de liberdade.
É um Ato bilateral que depende da aceitação de ambos, ou seja, se houver
acordo e consenso entre as partes, referentes ao pagamento dos danos sofridos
pela vítima, esta composição será reduzida a escrito e deverá ser homologada pelo
juiz e estando as partes de acordo, será considerada como sentença irrecorrível,
tendo eficácia de título executivo, que poderá ser executada no juízo cível.
Em se tratando de ação penal pública condicionada, a homologação do
acordo retira da vítima o direito de representar contra o autor do fato.
Já nos casos de crimes de lesões corporais leves e lesões corporais culposas
houve inovação da lei, que transformou o crime antes apurado através de ação
penal pública incondicionada em ação penal pública condicionada, havendo
substancial mudança também no prazo decadencial que passa a ser de trinta dias.
PROCEDIMENTO DA LEI 9.099/95:

Para o encerramento do processo, é facultado ao Promotor de Justiça fazer


a proposta inicial que consiste na imediata aplicação de pena não restritiva de
direitos ou multa.
Uma observação: quando o crime for punido unicamente com pena de multa,
o juiz pode reduzir a pena pecuniária até a metade.

Não é admitida a proposta quando:

a) Ter sido o beneficiário anteriormente condenado à pena privativa de


liberdade, por sentença transitada em julgado (reincidente);
b) Ter sido o infrator beneficiado anteriormente no prazo de 05 (cinco)
anos pela aplicação de pena restritiva de direitos ou de multa;
c) quando suas condições psico-sociais, seus antecedentes, sua conduta e
sua personalidade demonstrarem a insuficiência da sanção para reprimenda social.

Para que haja a Aceitação da proposta são necessárias a proposta do


Ministério Público e sua aceitação pelo acusado e seu defensor.
A aplicação da pena restritiva de direitos e de multa não gera reincidência. É
registrada apenas para efeito de não ser mais aplicado o benefício pelo prazo de
cinco anos. Da sentença que homologa a proposta, cabe o recurso de apelação, no
prazo de dez dias.
Algumas vantagens: não constará da Certidão de Antecedentes, não gera
reincidência e não tem efeito civil algum.

PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Não havendo proposta ou ela não aceita a denúncia feita pelo ministério
público é oral. O inquérito policial é dispensável, bastando o Termo
Circunstanciado de Ocorrência. O boletim médico supre o exame oficial.
Devidamente citado, o infrator recebe cópia da denúncia oral, e já sai ciente
da designação da Audiência de Instrução e Julgamento, em que poderá trazer as
suas testemunhas. Este requerimento de testemunhas de defesa deve ser feito no
prazo de até cinco dias da audiência de instrução, debates e julgamento e as
intimações podem ser feitas por carta com aviso de recebimento (AR) ou por meio
de mandado através de Oficial de Justiça.
Na audiência, o juiz

Dá a palavra ao defensor do acusado para se manifestar sobre a denúncia;


Decide o magistrado se recebe ou não a denúncia;
Passa a inquirir as testemunhas de acusação e defesa;
Inquire o acusado por último;
Palavra às partes;
Prolação de decisão.

O recurso cabível para as decisões do Juizado é o recurso de apelação, com


uma ressalva, tanto a peça de interposição como as razões recursais devem ser
apresentadas no prazo de 10 (dez) dias. Prazo contado da data da realização de
audiência.
Sobre os Juizados Especiais Criminais temos as seguintes orientações:

a) É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por Juiz de


primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de Juizado Especial cível
e criminal (Súmula nº 640 do STF);
b) Súmula nº 203 do STJ. Não cabe recurso especial contra decisão proferida
por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais;
c) os recursos cabíveis nos Juizados Especiais Criminais são apenas o recurso
de apelação e os embargos declaratórios e o recurso extraordinário, sendo
incabíveis o recurso especial, os embargos infringentes e de nulidade;
d) por outro lado, em casos excepcionais, são admitidos o recurso em
sentido estrito, o habeas corpus e a revisão criminal.

O recurso é enviado para o Colegiado, na sua inexistência os autos irão para


o Tribunal de Alçada Criminal.
Nos crimes em que a pena mínima cominada ao delito for igual ou inferior a
um ano, o juiz pode:
Suspender o processo pelo prazo de 02 a 04 anos;
Desde que o acusado não esteja sendo processado por outro crime, ou tenha
sido condenado por outro delito,
Desde que estejam previstos os requisitos do sursis;
É um ato bilateral que exige a aceitação do acusado e de seu defensor e tem
como condições obrigatórias:
Reparar o dano;
Proibição de freqüentar determinados lugares;
Proibição de ausentar-se da comarca onde reside;
Comparecimento mensal a juízo para comprovar as suas atividades.

Como condições facultativas, além das obrigatórias, pode o juiz impor ao


beneficiário outras condições necessárias a sua readaptação social.
Da revogação obrigatória convém ressaltar: revoga-se obrigatoriamente o
benefício se o acusado não reparar o dano ou no curso do benefício vier a ser
processado por novo crime. Já da revogação facultativa, lembramos que ela pode
ocorrer se no curso do processo vier a ser processado por contravenção penal ou
descumprir qualquer das outras condições impostas.
Cumprida a suspensão sem nenhuma alteração ou descumprimento de
qualquer das condições impostas, extingue-se a punibilidade do agente. A
prescrição não corre no período da suspensão. Se houver recusa do beneficiário e
este não aceitar a proposta o processo segue seu curso normal. Muito embora a lei
mencione que o presente benefício não se aplique aos feitos em andamento, a
doutrina e a jurisprudência são uniformes no sentido que o benefício se estende a
estes feitos, uma vez que a lei processual benéfica retroage sempre em benefício
do acusado.
Observação sobre a lesão corporal leve e culposa: estes delitos sofreram uma
modificação substancial no seu procedimento e na ação penal, que passaram a ser
apurados mediante ação penal pública condicionada que exige para a validade do
ato, a representação da vítima. A vítima, para ver processado seu ofensor, deve
representar a Autoridade sua vontade, tendo para isso prazo decadencial de trinta
dias. Deve ser intimada para exercer a sua vontade. Ficando silente ou não
representando extingue-se a punibilidade do agente.
A execução da pena é feita no próprio Juizado Especial Criminal. Tratando-
se de pena de multa, o acusado pagando valor extingue a sua punibilidade. Se não
o fizer, permite-se ao Estado promover a inscrição da multa na dívida ativa,
podendo executar o acusado através da Execução Fiscal. Importante se dizer que o
não pagamento não gera a cassação do benefício, mesmo porque se trata de
sentença homologatória transitada em julgado, podendo apenas o estado receber o
seu crédito através da ação executória, não podendo o ente estatal ou mesmo o
ofendido requerer o prosseguimento do feito.
SINÓTICO DE TRANSAÇÃO PENAL
Transação penal (art. 76)

Esclarecimentos do juiz sobre a possibilidade da transação (art.72)

Proposta especificada pelo Ministério Público (art. 76 caput)

Aceitação do autor do fato e de seu defensor

DESTA FASE DUAS HIPÓTESES PODEM OCORRER:

1ª Hipótese: o juiz recusa a proposta


Se for legal, cabe ao interessado o recurso de apelação.
Se for ilegal o juiz manda os autos ao Procurador Geral (art. 28).

2ª Hipótese: o juiz acata a proposta


Homologa judicialmente a transação e aplica de imediato a pena
restritiva de direitos ou multa.
Se quiserem as partes, discordando da decisão, podem recorrer:
apelação.

DA FASE PRELIMINAR
Fase Administrativa

TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA (encaminhamento ao


Juizado Especial Criminal da vítima e do autor do fato)

Designação de data para realização da Audiência Preliminar
Fase Judicial – DA AUDIÊNCIA PRELIMINAR

Ação penal pública incondicionada, condicionada e ação penal privada



TRANSAÇÃO PENAL: possibilidade de composição dos danos, aplicação
de pena não privativa de liberdade ou pena pecuniária.
Havendo a composição ou da aceitação da proposta de aplicação de
pena não privativa de liberdade ou multa

Não há denúncia, não há direito de representação ou de oferecimento
de queixa crime (ação penal pública condicionada ou privada), havendo
ressarcimento dos danos

Homologação judicial – extinção da punibilidade.

Não havendo a composição dos danos ou mesmo a aceitação da
proposta pelo infrator

Possibilidade de arquivamento de início ou oferecimento de denúncia
ou de queixa crime

PROCEDIMENTO
Designação de Audiência de Instrução e Julgamento

O réu se preferir poderá arrolar testemunhas de defesa até cinco dias
antes da audiência

Audiência de Instrução, Debates e Julgamento.

O advogado tem a palavra para a finalidade de que o juiz não receba a
denúncia ou a queixa. Duas situações: primeira não recebe, recurso de
apelação ao interessado, Segunda segue fluxo normal.

Recebimento da Denúncia ou Queixa pelo Juiz

Oitiva das Testemunhas de Acusação, Defesa – Audiência Una e
Indivisível.

Interrogatório do Acusado

Debates Orais (Ministério Público e Defesa)

Sentença pelo Juiz

Recurso de Apelação: prazo de dez dias – Colegiado ou Tribunal de
Alçada Criminal – peça de interposição + razões, igual prazo para contra
razões.

SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO


Oferecimento da Denúncia

Propositura da suspensão condicional do processo, com as condições
obrigatórias: reparação do dano, proibição de freqüentar determinados
lugares, comparecimento mensal a juízo para justificar as suas atividades,
proibição de ausentar-se da Comarca onde reside sem prévia autorização
judicial, ou imposição de condições facultativas.

Designação de audiência pelo Juiz

Audiência

Aceitação pelo acusado e pelo seu defensor, na presença do Juiz.
Havendo recusa o processo tem regular prosseguimento seguindo o rito
adotado para o crime

Recebimento da denúncia pelo Juiz

Determinação de suspensão condicional.

Período de Prova

Cometimento de crime ou não reparação dos danos.

REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA DA SUSPENSÃO CONDICIONAL

Cometimento de Contravenção Penal ou descumprimento das outras


circunstâncias do artigo 89, fora da reparação ou de condições facultativas:
REVOGAÇÃO FACULTATIVA DA SUSPENSÃO DO PROCESSO.

Cumprido o período de prova, extingue-se a punibilidade.

CAPÍTULO XXXII - DAS NOVAS LEIS QUE ALTERARAM A LEI DE CRIMES


HEDIONDOS E A LEI DE EXECUÇÃO PENAL

No dia 28 de março de 2007, foram sancionadas duas leis que alteraram


aspectos da Lei de Execução Penal, e também aspectos da Lei 8.072/90 que
trata da Lei de Crimes Hediondos. Com o Objetivo de facilitar o estudo, bem
como visualizar as alterações as alterações são apresentadas no texto original
com o comentário dos autores abaixo de cada modificação.

O art. 50 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução


Penal, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VII:

“Art. 50.  ...........................................................

 ........................................................................

VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de


rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou
com o ambiente externo

COMENTÁRIO: A lei 11.466 de 28 de março de 2007, considera falta grave a


ser aplicada ao detento que estiver portando, possuindo, utilizando ou
fornecendo aparelho celular ou qualquer outro tipo de aparelho telefônico
dentro do estabelecimento prisional. Durante o cumprimento da pena
privativa de liberdade, a Lei de Execução Penal define uma série de normas
inerentes ao cumprimento da pena, inerentes à manutenção e preservação da
disciplina dentro do regime prisional, impondo sanções e recompensas sempre
tendo em conta o seu comportamento. Tendo em vista este princípio, o uso
de aparelho celular pelo detento pode ocasionar a aplicação ao infrator de
uma sanção disciplinar que pode ser advertência verbal, repreensão, a
suspensão ou restrição de direitos de visita, isolamento na própria cela ou em
local adequado), não se podendo aplicar tal sanção isoladamente, sendo
necessário para aplicação desta sanção, um processo administrativo
disciplinar, garantindo ao detento o direito a ampla defesa e ao contraditório.
Este procedimento, poderá ser revisto pela autoridade judiciária (Juiz da Vara
das Execuções Criminais), naquilo que se revele em afronta aos direitos dos
acusados.

Apenas a título de esclarecimento a prática de falta grave previstas no artigo


50 e 51 da Lei de Execução Penal pode redundar a aplicação de advertência
verbal, repreensão ou restrição de direitos, isolamento na própria cela ou em
cela distinta, podendo ser aplicada pelo Diretor do próprio estabelecimento
prisional ou pelo Conselho Disciplinar. Deve se levada em conta a pessoa do
condenado, a circunstância do fato e as conseqüências da falta disciplinar.
Para aplicação desta sanção necessário se faz a instauração de processo
administrativo disciplinar, assegurando ao infrator o amplo direito de defesa,
e a decisão proferida deverá ser motivada sob pena de nulidade. Há
entendimentos de que havendo excesso na aplicação da sanção pode o
prejudicado impetrar o mandado de segurança ou o habeas corpus.

Também prevê a Lei de Execução Penal uma medida cautelar preparatória


antes da aplicação da sanção disciplinar que é o isolamento preventivo do
sentenciado pelo prazo máximo de dez dias, desde que o fato tenha violado o
interesse da disciplina e desde que necessário o isolamento para apuração do
fato, caso o sentenciado venha a interferir na coleta da prova, descontando-
se este tempo da sanção aplicada de forma definitiva.

Deve ser lembrado que a prática de falta grave pelo detento leva a perda dos
dias remidos (trabalhados), por força do artigo 50 a 52 da Lei de Execuções
Penais. Além disso, pode a falta grave ser considerada para fins e efeitos de
concessão, pelo Diretor do Presídio, do atestado de bom comportamento
carcerário, fazendo consignar tal fato, sendo obstáculo a concessão de
progressão de regimes ou do livramento condicional.

Trata-se evidentemente de novatio legis in pejus incriminadora e assim


sendo sua aplicabilidade fica restrita aos fatos praticados posteriormente à
sua vigência, não retroagindo. Para os fatos anteriores (posse de aparelho
celular em Presídio) antes da edição desta Lei, aplica-se o entendimento
sufragado pelo Superior Tribunal de Justiça que a posse de aparelho celular
em Presídio não constitui falta grave tendo em vista a ausência de previsão
legal a respeito, aplicando a máxima do nullum crimen nulla poena sine lege.
Vide a este respeito o voto do ministro Gilson Dipp do Superior Tribunal de
Justiça proferido no julgamento de um habeas corpus (HC 45278) em favor de
Celso Aparecido dos Santos.
O Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passa a
vigorar acrescido do seguinte art. 319-A:

“Art. 319-A.  Deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de


cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo:

Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.”

COMENTÁRIO: trata-se de crime próprio (uma vez que somente pode ser
praticado pelo Diretor de Presídio ou agente público). É um crime contra a
Administração da Justiça, sendo crime omissivo puro (que se perfaz com a
simples abstenção da realização do ato, independente de ocorrência do
resultado) e somente punido a título de dolo. Tem sua consumação
aperfeiçoada quando o agente público ou o Diretor do Presídio tem
conhecimento de que o detento possui o parelho celular, e diante desta
situação deixa de coibir tal comportamento. Tem pena cominada de detenção
de até um ano, permitindo a suspensão condicional do processo e tem sua
competência fixada junto ao Juizado Especial Criminal, permitindo a
transação penal. Este crime visa proteger a Administração Pública. Deve ser
consignado que este crime não admite a tentativa, uma vez que se trata de
crime omissivo puro (ou pratica o ato ou não), permitindo o concurso de
agentes. Trata-se de crime apurado mediante ação penal pública
condicionada. Trata-se de novatio legis incriminadora, razão pela qual,
somente tendo aplicabilidade aos crimes praticados posteriormente à sua
vigência, não atingindo fatos anteriores à edição da Lei.

ALETRAÇÕES REALIZADAS NA LEI DE CRIMES HEDIONDOS (Lei 11.464 de 28


de março de 2007):

Já em relação a lei de crimes hediondos, as alterações foram:

O art. 2o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, passa a vigorar com a


seguinte redação: 

“Art. 2o  ......................................

..................................................

II - fiança. 

COMENTÁRIO: A nova lei suprimiu (retirou) da Lei 8.072/90 a expressão


liberdade provisória, levando o interprete da lei a concluir que a nova lei
apenas e tão somente permite a concessão de fiança. Assim, com a nova lei,
permite-se aos acusados de crimes hediondos postularem o direito de
requerer ao Juízo a liberdade provisória sem fiança, demonstrando a sua
primariedade, seus bons antecedentes, a residência fixa e o emprego lícito.
Deve ser argumentado que, pela nova lei, o acusado por crimes hediondos
poderá responder ao processo em liberdade, desde que não estejam presentes
no caso concreto os requisitos da sua custódia preventiva (CPP, art. 312 do
CPP). Como se trata de lei nova mais benéfica, referido benefício pode ser
requerido a acusados de crimes hediondos praticados antes do advento da
nova lei, uma vez que a lei nova mais benéfica retroage em favor dos
acusados.

§ 1o  A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em
regime fechado. 

Comentário: A nova lei retirou do texto da Lei 8.072/90 a expressão


integralmente substituindo por inicialmente. Tal alteração, doravante,
possibilita aos condenados por crimes hediondos começarem a cumprir a sua
pena em regime fechado, e possuindo bom comportamento carcerário,
requererem o regime semi aberto e o regime aberto, conforme foi autorizado
no parágrafo subseqüente. Retira-se da lei de crimes hediondos a
obrigatoriedade de cumprirem toda a pena em regime fechado,
impossibilitando a progressão de regimes. O mandamento legal prestigia a
orientação do Supremo Tribunal Federal que julgou inconstitucional o artigo
2º. da Lei 8.072/90, quando do julgamento do Habeas Corpus (HC) 82959.
Naquela oportunidade, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, por seis
votos a cinco, os ministros do Supremo decidiram que é inconstitucional o
parágrafo 1º do artigo 2º da Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) que
proíbe a progressão de regime para condenados por crimes hediondos.
Os ministros Marco Aurélio, Carlos Ayres Britto, Gilmar Mendes, Cezar Peluso,
Eros Grau e Sepúlveda Pertence votaram pela inconstitucionalidade da
proibição da progressão de regime de cumprimento de pena. Entretanto os
ministros Carlos Velloso, Joaquim Barbosa, Ellen Gracie, Celso de Mello e
Nelson Jobim divergiram deste entendimento e votaram pela
constitucionalidade da proibição da progressão de regime de cumprimento de
pena. Em razão desta decisão, entendemos que foi realizada a alteração na
Lei.

§ 2o  A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes


previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos)
da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se
reincidente. 

Comentário: Em decorrência da alteração do parágrafo anterior, foi deferida


aos praticantes de crimes hediondos a possibilidade de requererem a
progressão de regimes. Devemos lembrar que nos demais crimes, o acusado
pode solicitar a sua transferência para o regime mesmo grave (do fechado
para o semi-aberto e do semi-aberto para o regime aberto) quando tiver
cumprido mais de 1/6 (um sexto) da pena e desde que tenha bom
comportamento carcerário. A nova lei dividiu o sistema de progressividade do
cumprimento da pena em dois grandes grupos: a) acusados de crimes que não
sejam hediondos (mais de um sexto da pena); b) acusados de crimes
hediondos (2/5 dois quintos da pena – primários – 40% da condenação; e 3/5
três quintos da pena – 60% da condenação se reincidentes). Trata-se de
novatio legis in melius (lex mitior), razão pela qual tem aplicabilidade aos
processos e fatos praticados antes da vigência aos fatos posteriores a sua
vigência.

§ 3o  Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá


fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. 

Comentário: Em regra se o acusado estiver em liberdade e não estiverem


presentes os requisitos para a decretação de sua prisão preventiva, em
obediência ao principio constitucional da inocência, poderá recorrer em
liberdade. Se preso estiver, e a situação que determinou sua custódia ainda
permanecer (flagrante, preventiva) deverá aguarda preso o desfecho de seu
recurso. Nada obsta ao condenado por crime hediondo, sem sentença passada
em julgado, requerer ao juiz o direito de aguardar o julgamento de seu
recurso em liberdade, argumentando em seu favor o principio constitucional
da presunção de inocência, demonstrando a sua primariedade e seus bons
antecedentes, e principalmente não estarem presentes os requisitos
autorizadores de sua custódia cautelar. Caso haja indeferimento pelo Juiz
desta pretensão, poderá o prejudicado manejar habeas corpus junto ao
Tribunal para obter tal benefício.

§ 4o  A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n o 7.960, de 21 de


dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e
comprovada necessidade.” (NR) 

Comentário: Neste caso, em se tratando de crime grave o prazo da prisão


temporária será de cinco dias, conforme dispõe a Lei 7960/89. Em se tratando
de crimes hediondos, desde que presentes os requisitos para a decretação da
prisão temporária (imprescindibilidade para a investigações e desde que o
acusado não possua residência fixa e se recuse a fornecer dados sobre a sua
investigação), em se tratando de crimes hediondos o prazo de duração da
prisão temporária será de 30(trinta) dias, podendo ser prorrogado, por uma
única vez, por igual prazo, por decisão fundamentada do Juiz.

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