Processo Penal Doutrina - Novo Livro
Processo Penal Doutrina - Novo Livro
Processo Penal Doutrina - Novo Livro
1. Visão histórica
O processo, como se sabe, é uma forma que o Estado encontra na jurisdição para
resolver os conflitos de interesses.
O processo penal encontra-se intimamente ligado com o Direito Penal. Este último
descreve os atos punidos com a norma repressiva e o Processo Penal serve como um
instrumento da aplicação das sanções jurídicas.
O processo penal não mais é do que uma série de atos coordenados que visam
aplicar a lei penal àqueles indivíduos que infringiram uma norma descrita como
crime no Direito Material.
3. O ato ilícito.
São com estes últimos atos que infringem dispositivos do Código Penal que são
amparados pelo Código de Processo Penal, que dá as partes o caminho para a
aplicação da pena correspondente ao crime infringido, sempre tendo em conta o
princípio da razoabilidade, onde a pena deve ser sempre proporcional ao delito
cometido.
Todavia, existe uma interpenetração de uma decisão criminal na esfera cível, visto
que a sentença penal transitada em julgado faz coisa julgada na esfera cível, qual
seja, isso ocorrendo na esfera cível não mais se abrirá campo para a discussão de
ocorrência de dolo ou culpa, mas sim mera discussão de valores ou de quantum
devido, já que a esfera criminal colocou termo a esta discussão. O mesmo poderá
ser dito em relação a ocorrência de causas excludentes de ilicitude (legitima
defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal, exercício
regular de direito) que reconhecidas na seara criminal sepulta e fulmina qualquer
direito indenizatório pleiteado na esfera cível.
4. “O jus puniendi”.
Como regra geral o direito de punir pertence ao Estado, que o procura através do
Ministério Público nas ações penais públicas incondicionadas e condicionadas.
Nestes tipos de ação penal, o interesse do Estado se sobrepõe ao interesse do
particular. Via de regra, as ações penais são sempre públicas incondicionadas,
reservando o legislador para o ofendido a titularidade das ações penais públicas
condicionadas (representação do ofendido) ou as ações penais privadas
(promovidas através de queixa crime). Somente o Estado através de seus órgãos
regularmente instituídos poderá aplicar a sanção penal correspondente. Caso o
cidadão resolva agir por conta própria, aplicando aquilo que comumente chamamos
de justiça pelas próprias mãos, poderá vir a responder pelo crime de exercício
arbitrário das próprias razões1. Observe-se, no exemplo citado no rodapé, que
acusados a pretexto de cobrar uma dívida da vítima que deveria ser realizada
através de competente ação judicial preferiram usar de outros métodos
configurando, assim o delito em comento.
Para fins de que o leitor possa compreender esta idéia observe que a apresentação
da denuncia corresponde a fase postulatória. A fase de defesa é completada com a
apresentação da resposta à acusação ou defesa preliminar, a fase de produção de
provas corresponde a oitiva das testemunhas de acusação e defesa, interrogatório
do acusado e realização de audiências, a fase decisória se completa com a prolação
de sentença pelo magistrado, podendo se for o caso ocorrer a fase recursal caso
1
APELAÇÃO – PENAL – RECURSO MINISTERIAL – DELITO DE EXTORSÃO DESCLASSIFICADO
PARA EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES – REFORMA DA SENTENÇA –
IMPOSSIBILIDADE – APELADOS QUE ESTAVAM COBRANDO DÍVIDA COM AS PRÓPRIAS MÃOS –
APELO A QUE SE NEGA PROVIMENTO – 1- Para a configuração do crime de extorsão é necessário que a
vantagem obtida seja indevida. 2- Os apelados estavam cobrando dívida proveniente de venda de veículo
automotor não quitado da forma correta, configurando, assim, o crime de exercício arbitrário das próprias razões.
3- Apelo a que se nega provimento . (TJAC – Ap 0000790-54.2012.8.01.0003 – (19.552) – C.Crim. – Rel. Des.
Francisco Djalma – J. 01.10.2015)v117
alguma das partes não concorde com a decisão poderá recorrer da mesma, e em
caso de condenação instaura-se a fase de execução da pena, com a aplicação da
Lei 7210/84 (Lei das Execuções Criminais).
O processo penal nada mais é do que uma série de atos que compreendem fases
distintas:
b) a produção das provas: neste passo deve ser lembrado que o processo penal, no
campo das provas, adota o princípio da verdade real, onde o juiz pode interferir no
campo probatório caso não esteja suficientemente convencido das alegações das
partes e dentro do processo penal são admitidos vários elementos de prova como o
interrogatório do réu, a prova documental, a prova pericial, a busca e apreensão
de pessoas e coisas, os indícios e também as declarações dos ofendidos, que
ganham capital importância no caso de crimes praticados às escondidas;
Assim este caminho é distinto para cada crime, que depende DA PENA APLICADA A
CADA UM DELES. Assim, se o crime for apenado com pena máxima superior a quatro
anos o processo seguirá o rito ordinário; se a pena máxima for de até quatro anos
no máximo o procedimento será o rito sumário; se o crime for de menor potencial
ofensivo terá a sua tramitação de acordo com a Lei 9.099/95 e, por fim, apenas a
título exemplificativo, se o crime for doloso tentando ou consumado contra a vida,
seguirá o rito do Júri Popular, dentre outros, que muitas vezes são previstos em
legislação esparsa como por exemplo a lei de drogas etc.
II- UMA RELAÇÃO JURÍDICA: o processo é um ato formado pelo JUIZ, PELO
MINISTÉRIO PÚBLICO, PELO ACUSADO (RÉU) E PELO SEU DEFENSOR. Cada uma
destas partes possuem direitos e obrigações dentro dessa relação jurídica. Note-se
que nosso ordenamento jurídico prestigia o direito de defesa, colocando até mesmo
na categoria de direito indisponível, ou seja, o réu será defendido mesmo contra a
sua vontade, e caso o mesmo não possua condições financeiras para custear a sua
defesa, o Estado deverá custear a sua defesa seja através de defensor público, ou
através de defensor dativo. O direito de defesa assim é sagrado e qualquer
infringência poderá ocasionar nulidade do processo.
5. Relações do Processo Penal com as demais ciências.
Como o processo penal é uma ciência, esta ciência se interrelaciona com demais
ciências denominadas de ciências auxiliares, visando facilitar a sua aplicabilidade
prática. O processo penal relaciona-se com as seguintes ciências:
a) Política Criminal: pois esta ciência tema a função de propiciar critérios para
apreciação do valor da norma vigente e propõe o modelo de norma que vai vigorar.
Por razões de Politica Criminal certas sanções ou comportamentos deixam de ser
punidos como por exemplo a descriminalização do delito de adultério e de sedução
que não guardam mais qualquer aplicabilidade na sociedade moderna.
c) Medicina Legal: tendo em vista que esta ciência tem como base averiguar a
inimputabilidade do réu, sobre sua sanidade mental, as sequelas produzidas pelo
crimososo na vítima, DOS QUAIS SE CONCLUI QUE O RESULTADO FINAL DO
PROCESSO ESTÁ INTIMAMENTE LIGADO AOS EXAMES PERICIAIS que são elaborados
pelos peritos. Também a Medicina Legal fornece ao operador do Direito a exata
compreensão da causa mortis, os meios empregados no crime (veneno, asfixia), os
tipos de lesões (contundente, cortante, perfurante) para que sejam instrumentos
preciosos na busca da aplicação do Direito.
d) Psiquiatria Forense: a razão desta ligação é a de que esta ciência auxiliar ocupa
do estudo da criminologia, ou seja, no estudo das DOENÇAS MENTAIS que ocupam e
levam o agente ao delito, tendo fundamental importância na aplicação do artigo 26
do Código Penal.
e) Polícia Judiciária: porque esta ciência está voltada para a descoberta dos
autores do crime, da materialidade e do “modus operandi” de cada um desses
agentes.
a) Direito Constitucional: haja vista que a Constituição é a Lei Maior, razão pela
qual todas as matérias disciplinam as condutas humanas são subordinadas as
normas consitucionais, que visam a tutela da liberdade, em que se procura como
instrumento da realização da Justiça.
c) Direito Comercial: tendo em vista que íntima ligação com o processo falimentar,
haja vista que a falência muitas vezes pode ser fraudulenta e constituir delitos.
São as fontes pelas quais se exteriorizam a aplicação da norma penal, que servem
muitas vezes como elementos criadores de uma norma processual.
IV- Analógica: forma de interpetação que serve para suprir certas falhas, pela
impossibilidade de descrição no texto penal, remetendo a outro que os englobe.
7- PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO:
diretamente relacionado com o princípio do “due process of law”, segundo o qual o
acusado goza do direito de amplitude de defesa e contrapor-se a qualquer prova
contra ele produzida. Este principio é importante visto que o acusado tem direito
de conhecer previamente da imputação que lhe é imputada, das provas que foram
produzidas e tem o direito de contrapor-se a elas utilizando-se de todos os meios
probatórios que entender necessários ao exercício de sua defesa.
a) O interesse:
b) o conflito de interesses:
c) a Relação Jurídica:
Surge então o que denominamos de RELAÇÃO JURÍDICA.
Relação jurídica é a tutela pela lei dos conflitos de interesses. Tem a função de
distinguir entre duas posições, qual dessas deve prevalecer. Trata-se de um
conflito de interesses compreendendo dois pólos absolutamente distintos: um polo
ativo (quem pede) e um polo passivo (contra quem é dirigido o pedido).
d) O processo:
c) a classificação do crime;
V- A Retratação.
Este tema apenas foi tratado pelo aspecto histórico, uma vez
que pelo advento da LEI 11.106/05 tal matéria foi revogada e não se encontra mais
em vigor.
André Vitu (1957, p. 54) ensina que “em matière pénale, l’infraction donne
naissence à deux actions: l’action pour l`application peines e l’action em
réparation du dommage cause”3.
Paulo Lúcio Nogueira (2000) critica a adoção de tal sistema pelos percalços
do processo crime e pela sua costumeira demora.
4
Ver Código Civil, artigo 935.
De uma forma indireta, a nova legislação veda a discussão de fatos já
decididos em outra instância, reservando apenas e tão somente a discussão do
quantum debeatur.
Significa que o causador do dano não poderá mais discutir no juízo cível se
praticou o fato ou não, se houve relação de causalidade entre a conduta e o
resultado ou não, se agiu ilicitamente ou não, se agiu culpavelmente ou não. Só
pode discutir a respeito da importância da reparação.
Tem-se entendido que “o juízo cível não poderá reabrir a questão sobre a
responsabilidade civil pelo fato reconhecido como crime, por sentença com trânsito
em julgado”.5
5
Neste sentido ver STF, RTJ 91/253.
6
Revista dos Tribunais 585:215, 584:236, 580:152, 547: 252
Ensina Heráclito Mossin Filho (1998, p.291), a respeito do tema, que:
Conforme ensina José Frederico Marques (1970, p.91), a coisa julgada pode
ser conceituada como:
Sobre o tema, necessário se faz lembrar com Silvio Ranieri (1965, p.364) que
a coisa julgada “é o conteúdo da decisão que exaure de modo imperativo,
definitivo e irrevogável o juízo, e a autoridade da coisa julgada é a eficácia que
vem reconhecida pela lei à decisão jurisdicional definitiva e irrevogável”
7
Ver RT 629/140.
Adverte Heráclito Mossin Filho (1998, p.392) que “não será reaberta
nenhuma discussão no juízo cível sobre a responsabilidade pelo fato reconhecido
como crime em sentença coberta pelo manto da res iudicata discutindo apenas o
montante do ressarcimento”.
Quando alguém pratica um fato que a lei não considera como sendo ilícito,
não pode ser punido por esta mesma lei.
Neste sentido é clara a disposição do artigo 935 do Código Civil que prevê
que “[...] a responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo,
questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando
estas questões se acharem decididas no crime.”
9
Revista dos Tribunais 509/69
decidida (excludentes reais) a responsabilidade civil não
estará afastada quando houver expressa previsão legal neste
sentido, ou seja prevendo a recomposição do dano mesmo nas
hipóteses de legítima defesa, estado de necessidade, estrito
cumprimento do dever legal ou exercício regular do direito.
10
“Em regra, quando a absolvição criminal se fundamenta na existência de causa excludente de antijuridicidade,
fica impedido o exercício da ação civil de reparação do dano. Com efeito, o art. 160, I e II, do CC, diz que não
constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa, estado de necessidade ou no exercício regular do
direito (que inclui o estrito cumprimento do dever legal). E, nos termos do art. 65 do CPP, ‘faz coisa julgada no
cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em
estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de um direito.’ Isto significa que, se o juiz criminal
absolver o réu com fundamento nas causas do art. 23 do CP, no juízo cível não poderá mais ser discutida a
matéria. Assim, se no juízo criminal o réu for absolvido com fundamento na legítima defesa, no juízo cível não
poderá mais ser discutido se o sujeito praticou o fato em legítima defesa ou não. A decisão criminal faz coisa
julgada no cível. E se o art. 160, I e II do CC, diz que não constituem atos ilícitos os fatos cometidos nos termos
do art. 23 do CP, em regra não cabe a actio civilis ex delicto. Por que ‘em regra’? Porque se a lei civil,
reconhecendo que o fato é lícito, não mencionar qualquer efeito sobre o direito à reparação do dano, o
prejudicado não poderá intentar a ação civil de reparação dos prejuízos eventualmente sofridos. Ao contrário, se
a lei civil, embora reconhecendo a licitude do fato, mencionar o efeito da reparação do dano, o prejudicado
poderá intentar a actio civilis ex delicto. Assim, a absolvição criminal com base nas causas de exclusão da
antijuridicidade, em regra, exclui o exercício da ação civil de reparação do dano. Só não o exclui quando a lei
civil, embora reconhecendo a licitude do fato, determina a obrigação do ressarcimento do dano. Conforme
Damásio Evangelista Jesus. Código Penal Anotado. 5a. Edição ampliada e atualizada. São Paulo: Saraiva, 1995,
p. 82.
As decisões penais, em certos casos, não impedem que a vítima possa
exercer o seu direito de indenização na esfera cível.
A primeira fase do sistema misto, qual seja, a fase investigatória tem seu
início com a instauração de um inquérito policial ou em delitos de menor potencial
ofensivo do termo circunstanciado de ocorrência 11.
11
O termo circunstanciado de ocorrência foi adotado pelo nosso ordenamento jurídico através da Lei 9.099/95
que prevê a dispensa do inquérito policial e a sua substituição pelo termo circunstanciado de ocorrência quando a
pena máxima do crime for igual ou inferior a um ano ou uma contravenção penal.
Ultimado o inquérito policial, este é enviado a Juízo e distribuído. O
Ministério Público tem três opções: a) poderá oferecer denúncia contra o acusado;
b) poderá requerer novas diligências para esclarecer os fatos e c) poderá requerer
o arquivamento do inquérito.
Chama a atenção que nossa lei processual aduz que a sentença é que produz
os efeitos da coisa julgada, eis que é imutável e indiscutível. O despacho de
arquivamento de inquérito não produz este efeito, eis que, ao contrário da
sentença transitada em julgado, permite a reabertura de inquérito policial.
Todavia, na esfera cível, tal não ocorre, uma vez que a ação pode ser
proposta pelos ofendidos contra os sucessores, herdeiros ou o espólio daquele que
causou o dano.
Esta regra é adotada no Código Civil Francês (artigos 724, 802 e 870), no
Código Civil Português (artigos 2.068 e 2071) e no Código Civil Argentino (artigos
3.342, 3.343 e 3.371), bem como no Direito Uruguaio (artigos 1.069 e 1.092).
Os herdeiros não responderão com os seus bens pessoais, mas tão somente
com os bens recebidos e identificados no inventário, mantendo o status quo ante
mortem, ou seja, a responsabilidade pelas dívidas do de cujus limita-se unicamente
às forças da herança (bens recebidos).
Esta regra também é adotada no Código Civil Francês (artigos 870 e 871), em
Portugal (Código Civil artigos 2.097 e 2.098), na Argentina (Código Civil artigo
3.940) e no Código Civil Uruguaio (artigo 1.168).
Cumpre salientar que a nossa Constituição Federal não faz menção à graça,
substituindo este termo por indulto.
d) Retroatividade da lei
A punibilidade do agente será extinta no campo penal, quando a lei nova não
mais considerar o fato como criminoso. Deixando a nova lei de considerar como
ilícito penal o ato praticado pelo agente, por revogação tácita ou expressa,
extingue-se o crime e todos os seus efeitos penais.
Nas palavras de Alberto Silva Franco (1995, p.243) a perempção pode ser
conceituada como a “sanção jurídica cominada ao querelante, consistente na
perda, em face de sua inércia, do direito de demandar contra o querelado”
f) Renúncia
g) Retratação
Conceitua-se, conforme Alberto Franco (1995, p.254), como sendo “o ato
jurídico pelo qual o agente do crime reconhece o erro praticado e o denuncia
coram judicem”. Para Romeu de Almeida Salles Júnior (1996, p.250), a retratação
se configura quando “o agente admite que agiu erradamente. Compreende o ato de
desdizer-se, retirando o que foi dito”
Por incrível que possa parecer, o casamento da vítima com seu ofensor faz
desaparecer os efeitos penais do crime, todavia, não faz desaparecer o direito
indenizatório, no caso de crime sexual com casamento regular.
j) Perdão judicial
k) Atipicidade
Inicialmente é regra estampada em nosso direito que não há crime sem lei
anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. 12
Não se considera crime o fato que não estiver previsto em lei penal. Ainda
que o fato praticado pelo agente seja imoral, anti-social, desprezível ou danoso,
não haverá possibilidade de aplicação de sanção penal, se tal comportamento
não estiver rigorosamente previsto em lei.
Neste sentido, podemos citar que “a absolvição na ação penal que resultou
em insuficiência de provas na esfera civil não impede a apreciação de culpa na
13
Conforme STF, RTJ 52/136
esfera civil”14 e, ainda, o julgado do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São
Paulo, na esteira de que “não tendo sido reconhecido categoricamente a
inexistência material do fato (acidente de trânsito e o evento homicídio e lesões
corporais) e nem que o réu não foi o autor dos crimes culposos, tal sentença não
faz coisa julgada no cível.”15
Ensina Mirabete (1996, p.264) que “a ação deve ser, em princípio, proposta
pelo ofendido titular do bem jurídico lesado. Se for incapaz, deve ser movida por
seu representante legal (pai, tutor ou curador). Morto o ofendido, a ação deve ser
proposta por seus herdeiros”.
14
Ver RTJ 77/516
15
Ver RT 560/100
Quando se deseja atingir terceiros, o prejudicado deverá propor a
competente ação de indenização na esfera cível, utilizando a sentença penal
condenatório, apenas como elemento de convicção e de esclarecimento ao
magistrado da esfera civil. Os efeitos da condenação apenas atingem a pessoa que
figurou no pólo passivo do processo criminal.
Tal fato ocorre nos casos da responsabilidade dos pais pelos seus filhos
menores, o tutor e o curador pelos seus tutelados ou curatelados, o patrão, amo ou
comitente por seus empregados serviçais, donos de hotéis, hospedarias.
Com efeito, entendemos que a sentença penal condenatória não pode atingir
pessoas ou empresas que não fizeram parte do processo criminal. Além do mais, o
texto civil faz menção ao autor do crime e a posição do reconhecimento da
responsabilidade solidária no campo do processo penal é violação ao princípio do
devido processo legal e da amplitude de defesa.
16
Ver Ada Pelegrini Grinover. Eficácia e autoridade da sentença penal. p. 46
17
Neste sentido ver Ruy Sérgio Rebello Pinho. A reparação do dano causado pelo crime e processo penal.
1987, p. 195-205.
O artigo 68 do Código de Processo Penal prevê a legitimação do Ministério
Público para a propositura da ação civil e para a execução da sentença penal
condenatória já transitada em julgado.
Muito embora seja sedutora a tese defendida por Ada Pellegrini Grinover,
entendo que a intervenção do Ministério Público ao patrocinar a ação civil ex
delicto deve ser afastada, uma vez que nestes casos, não se consegue visualizar o
interesse difuso ou coletivo, mas sim o de algumas pessoas envolvidas no evento.
19
Para estes defensores o artigo 68 do Código de Processo Penal está revogado pelo artigo 134 da Constituição
Federal.
Ministério Público; eis que em alguns estados brasileiros já existe a Defensoria
Pública e no Estado de São Paulo um convênio mantido entre a Procuradoria Geral
do Estado e a Ordem dos Advogados do Brasil, visando à defesa dos interesses das
pessoas que não podem constituir advogado por falta de recursos financeiros.
20
Ainda segundo o autor: “O art. 1.525 do CC diz que a responsabilidade civil é independente da criminal.
Assim, o sujeito que pode ser absolvido no juízo criminal em face da prática de um fato inicialmente considerado
delituoso e, entretanto, ser obrigado à reparação do dano no juízo cível. O agente pode ser civilmente obrigado à
reparação do dano, embora o fato causador do prejuízo não seja típico. Assim, em regra, a responsabilidade do
agente numa esfera não implica em responsabilidade em outra. Em consonância com essa orientação, segundo a
qual a nossa legislação não adotou o sistema da absoluta separação entre ação penal e ação civil, o CPP, em seu
art. 64, reza o seguinte: ‘Sem prejuízo do disposto no artigo anterior (que trata da execução da sentença penal
condenatória), a ação para o ressarcimento do dano poderá ser proposta no juízo cível contra o autor do crime e,
se for o caso, contra o responsável civil. Em face da prática de um crime, o ofendido (representante legal ou
herdeiro) pode agir de duas formas: a) aguardar o desfecho da ação penal. Transitando em julgado a sentença
condenatória, pode ingressar no juízo cível com o pedido de execução para o efeito de reparar o dano; b)
ingressar desde logo no juízo cível com a ação civil de reparação do dano (actio civilis ex delicto). Se as duas
ações (a penal e a civil) se encontram em andamento, aplica-se o disposto no art. 64, parágrafo único: ‘Intentada
a ação penal, o juiz da ação civil poderá suspender o curso desta, até o julgamento definitivo daquela’. A
disposição visa impedir decisões contraditórias (Vide RHC 57.967, STF, DJU 15.8.80, p.5914). O despacho de
arquivamento do inquérito policial ou de peças de informação não impede a propositura da actio civilis ex
delicto, nos termos do que dispõe o art. 67, I, do CPP. Suponha-se que o Promotor de Justiça, embora
reconhecendo que o indiciado causou prejuízo a vítima, considere que o fato não é típico constituindo mero
ilícito civil pelo que requer o arquivamento do inquérito policial, sendo deferido o pedido pelo juiz. É claro que
não fica o ofendido impedido de exercer a actio civilis ex delicto. A decisão que decreta a extinção da
punibilidade não impede a propositura da ação civil de reparação do dano, em face do que dispõe o art. 67, II, do
CPP. Tratando-se, porém, de ressarcimento do dano no peculato culposo, fica impedido o exercício da ação civil
de reparação do dano por falta de objeto, uma vez que a sua incidência pressupõe que o sujeito já tenha efetuado
o ressarcimento dos prejuízos causados pelo delito.
A primeira, uma ação criminal e, a segunda, uma ação de reparação de
danos. Nestes casos, se ambas estiverem em curso, pode ocorrer que ambas sejam
julgadas e que ambas tenham desfecho diverso. Pode acontecer, por exemplo, que
a ação penal absolva o acusado, mas, na esfera cível, ele seja condenado ao
pagamento de indenização.
21
“Processual. Ação indenizatória dirigida contra quem, denunciado na esfera criminal alega legítima defesa.
Sobrestamento da ação civil até o julgamento final do processo penal. Medida de prudência. Exegese CPP, art.
64, parágrafo único.Ementa Oficial: Ação Indenizatória. Sentença prolatada por juiz que presidiu a audiência de
instrução e julgamento. Ação civil contemporânea da ação penal. Sobrestamento daquela. Inexiste nulidade
processual se, comprovadamente, o magistrado sentenciante presidiu a audiência de instrução e julgamento,
inobstante outro o fizesse quanto aquela em continuação.Iniciada a ação civil contemporaneamente à ação penal,
na qual é alegada a excludente de criminalidade da legítima defesa, impunha-se, por prudência e para evitar
decisões díspares e inconciliáveis, o sobrestamento da actio civilis ex delicto, ao teor do regrado pelo art.64,
parágrafo único, do CPP, invocada, à primeira hora, pelo apelante.”
Além disso, o Código de Processo Civil, em seu artigo 265, parágrafo quinto,
estipula prazo para esta suspensão que não pode ser superior a um ano, e que,
ultimado tal prazo, a ação civil deve ter o seu prosseguimento normalizado.
Interessante é de se assinalar que, neste caso, entendo que a ação civil para
reparação de danos fica prejudicada, uma vez que a sentença definitiva de caráter
condenatório constitui título executivo que será liquidada no cível.
22
Ver Agravo de Instrumento n. 98.282-4 - Itapira - 8ª Câmara de Direito Privado -
Relator: César Lacerda - 19.02.99 - V. U RESPONSABILIDADE CIVIL - Execução provisória - Existência de
duas decisões ainda não definitivas, conflitantes, uma condenatória, da Justiça Cível, e outra absolutória, do
Tribunal do Júri, que reconheceu a legítima defesa - Admissibilidade de suspensão da execução provisória, a fim
de se aguardar a decisão criminal - Recurso provido para esse fim.
23
Código Civil - Lei 10.406, de l0 de janeiro de 2002, artigo 206, § 3o, inciso V.
24
Conforme Código Civil, artigo 200.
Primordialmente, é de se consignar que a própria Constituição Federal
Brasileira não obedece às distinções entre a restituição, a reparação e a
indenização. O próprio texto constitucional utiliza o vocábulo indenização para
qualquer tipo de pedido de natureza ressarcitória ou reparatória. 25
25
Vide a respeito o artigo 5o. inciso V da CF/88 e artigo 68 do CPP
Para Júlio Fabrini Mirabete (1995, p.260), ressarcimento “é o pagamento de
todo o prejuízo causado a vítima (lucros cessantes, frutos), cobrindo todo o
prejuízo causado”.
26
Heráclito Mossin Filho continua na mesma linha ao ensinar que “consoante o exposto acima, assume o dono
moral dois sentidos: 1o. Interno – quando o lesado padece em termos subjetivos, ou seja, sente-se diminuído em
sua auto estima e valoração com ou sem repercussão somática; 2o. Externo – a partir do momento em que se
deprecia a imagem do ser humano objetivamente, isto é, a situação pela qual a sociedade repercute
negativamente circunstâncias que envolvem determinada pessoa, igualmente com reflexos sobre ela. Em assim
sendo, sofre dano moral quem é desvalorizado no meio social em virtude de aleijão, como também é vítima, com
nuanças externas, aquele que tem objetivamente depreciada a condição social em face de uma calúnia, difamação
ou injúria. Tanto no sentido interno, como no sentido externo existe prejuízo de ordem moral e dor psíquica,
apenas com a diferença quanto à origem dos males, se primacialmente interno (subjetivo) ou externo (objetivo).
27
VILLAS BOAS, Marco Antonio. Op. cit., p. 210.
pessoas a quem o morto devia, levando-se em conta a duração provável da vida da
vítima.
No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o artigo 949 dispõe que o causador
do dano fica obrigado a pagar indenização referente às despesas havidas com o seu
tratamento e dos lucros cessantes até o fim da convalescença, não sendo excluído
outra indenização por ventura existente.
O ofendido ainda pode optar se deseja que a indenização arbitrada seja paga
de uma só vez28.
28
Ver Novo Código Civil, art. 950, parágrafo único.
causada por imprudência, negligência ou imperícia que cause a morte do ofendido,
ou produza-lhe lesão que o impossibilite para o exercício laboral, mesmo agravando
o mal apresentado, será tutelada da mesma forma que os artigos 948, 949 e 950.
O Código Civil Novo, em seu artigo 954, inova ao tutelar as verbas devidas no
caso de ofensa à liberdade pessoal do ofendido.
A Lei 9.099/95 foi criada no Brasil para julgar os crimes de menor potencial
ofensivo e as contravenções penais.
CAPÍTULO V- DA COMPETÊNCIA
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO:
juiz natural: o réu tem o direito de ser processado pelo Juiz competente;
investidura: a jurisdição somente pode ser exercida por quem foi regularmente
investido no cargo;
imparcialidade: o réu tem o direito de ser julgado isento de ânimos, sem qualquer
laço de inimizade ou amizade com o julgador, permitindo-se o afastamento do juiz
em caso de suspeição ou impedimento;
indeclinabilidade: nenhuma lesão ou ameaça de lesão será excluída da apreciação
do Poder Judiciário;
improrrogabilidade: o juiz não pode invadir a jurisdição de outro juiz;
inevitabilidade: as normas processuais são expressas no sentido de quem será o juiz
competente para apreciação de determinado processo;
ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO: jurisdição civil e jurisdição penal.
Também deve ser lembrado que temos a delegação de competência que consiste
na transferência provisória da competência, o que se dá, por exemplo, nos casos de
carta rogatória ou carta precatória. O instituto da prorrogação de competência
consiste na transformação do juízo incompetente em juízo incompetente, caso a
parte interessada não apresente no prazo legal, a exceção de incompetência.
Dentro de um processo temos a competência funcional que se dá no caso dos juízes
em Primeiro Grau e dos tribunais de segundo grau nos demais casos.
SE DIVIDE EM :
Quando se trata de tentativa: lugar onde foi praticado o último ato do “iter
criminis”. Último ato de execução.
Fixa-se por critérios de organização judiciária. Por exemplo: Vara do Júri, Vara das
Execuções Criminais, DIPO, crimes contra o patrimônio.
VINCULO QUE ENTRELAÇA DUAS OU MAIS AÇÕES A PONTO DE EXIGIR QUE O MESMO
JUIZ DELA TOME CONHECIMENTO E DECIDA.
Exemplo: duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração, em concurso,
erro na execução ou aberratio ictus.
Verifica-se a continência:
Dois juízes são igualmente competentes para a prática de um algum ato. Quando
algum deles pratica algum ato no processo (liberdade provisória, prisão preventiva)
por este ato passa a ser competente para a apreciação do processo.
SEPARAÇÃO DO PROCESSO:
Na maioria das vezes, todos os acusados são julgados todos unidos e em um único
processo. Haverá a separação obrigatória quando houver concurso entre a
jurisdição comum e a jurisdição militar e da jurisdição comum com a Vara da
Infância e da Juventude.
29
“SUSPEIÇÃO. ARGÜIÇÃO POR ADVOGADO EM NOME PRÓPRIO. ALEGAÇÃO DE INIMIZADE ENTRE
O ADVOGADO E O JUIZ. HIPÓTESES NÃO PREVISTAS EM LEI. EXCEÇÃO REJEITADA.
ARQUIVAMENTO. O advogado não tem legitimidade para, em seu próprio nome, opor exceção de suspeição,
já que, a inimizade capital, a que se refere o inciso I do artigo 135 do CPC, é do juiz com qualquer das partes, e
não do juiz com o advogado.” (TJ-MT; ExSusp 32560/2004; Sinop; Primeira Câmara Cível; Relª Desª Anglizey
Solivan de Oliveira; Julg. 24/07/2006)”
em alguns casos: impronúncia quando surgirem novas provas da autoria ou da
materialidade e na revisão criminal.
As exceções são sempre opostas por escrito, oralmente é oposta no Tribunal
do Júri em relação ao jurado sorteado. São opostas em autos apartados, sendo que
a litispendência, as ilegitimidades de parte e da coisa julgada não suspendem o
curso do processo. Só suspende o andamento do processo a exceção de suspeição.
EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO: vide artigo 254 do CPP. Nesta situação o juiz pode
declarar-se suspeito de oficio, caso contrário poderá ser alegada pela parte através
de exceção. A SUSPEIÇÃO DA-SE ENTRE A PARTE E O JUIZ.
Como regra deve o Juiz de oficio declarar-se suspeito, não o fazendo surge o
direito a parte argüir esta situação através da exceção de suspeição. No Plenário
do Júri a exceção de suspeição de Jurado deve ser argüida oralmente pelo
prejudicado. Os casos mais freqüentes de suspeição são os casos de inimizade
capital ou amizade intima, que fazem com que o Juiz se afaste do caso, enviando
os autos ao seu substituto legal.
Se procedente a exceção de suspeição, esta anulará somente os atos decisórios.
Para o ajuizamento da exceção de suspeição, deve o advogado munir-se de
procuração com poderes específicos. Deve ser relembrado que o rol do artigo 254
do CPP é taxativo e não admite ampliações.
Tem por fundamento legal o principio do non bis in idem, qual seja, ninguém pode
ser processado ou condenado duas vezes pelo mesmo fato. Uma vez acatada gera a
extinção do feito posterior, podendo ser declarada ex officio ou provocação, em
qualquer fase do processo. Se negada, pode o interessado ingressar com pedido de
habeas corpus para trancamento da ação penal, anulando-se sempre o segundo
processo.
Também tem como fundamento legal o principio do non bis in idem, qual seja,
ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo fato, havendo necessidade de
um processo anterior já julgado, no que se diferencia da exceção de litispendência
que exige tão somente dois processos em curso, sem a exigência de trânsito em
julgado da decisão.
a) mesmo réu;
b) mesmos fatos;
c) mesma imputação;
d) decisão transitada em julgado (para exceção de coisa julgada);
e) processos idênticos em curso (para a exceção de litispendência).
COISAS APREENDIDAS:
No processo penal muitas vezes são apreendidas coisas, objetos, instrumentos que
tem relação com o crime ou sejam produtos dele.
Estes objetos são submetidos a exame pericial e são devolvidos a vítima ou ao
criminoso quando não tiverem relação com o objeto do processo.
Para que seja feita a restituição quando esta é negada pelo delegado cabe o pedido
ao juiz, sendo que da decisão de indeferimento cabe o Recurso em Sentido Estrito.
Visa assegurar eventuais direitos das pessoas lesadas com a prática de um crime,
servindo para assegurar o ressarcimento do dano.
ARRESTO: é uma medida cautelar que recai sobre qualquer bem do autor do crime
que garanta o pagamento da dívida.
Diferencia-se do sequestro, haja vista que este incide SOBRE BENS ADQUIRIDOS
COMO PRODUTO DO CRIME.
O pedido é feito em autos apartados, sendo necessário poderá ser feito PERÍCIA
COM DOIS PERITOS PARA AFIRMAREM A FALSIDADE.
Tem fundamento no artigo 26 do Código Penal, para isentar o réu de pena e aplicar
medida de segurança, no caso do agente ser ABSOLUTAMENTE INCAPAZ DE
ENTENDER O CARATER ILICITO DO FATO ou no caso do agente ser RELATIVAMENTE
INCAPAZ DE ENTENDER O CARATER ILICITO DO FATO, reduzindo-se a pena de 1/3 a
2/3.
Não havendo dúvidas, o pedido deve ser indeferido pelo Juiz, pois muitas vezes
trata-se de medida procrastinatória.
Pode ser realizada “ex oficio” pelo Juiz, pelo MP, ou a requerimento do advogado
do réu ou de seus familiares.
INTRODUÇÃO.
As provas são sem dúvida alguma o ponto crucial em qualquer processo, pois elas
servem para convencer o juiz da existência ou não de alguma ato ou fato.
a) comunhão das provas: significa que a prova produzida pode ser usada por
qualquer parte, significa que a prova produzida tem interesse comum, pouco
importando quem a produziu.
7. FONTES DA PROVA:
Tem o ônus – ou seja a obrigação de provar – a parte que alega, como no processo
civil. Assim a parte que alega tem que demonstrar através dos elementos de prova,
aquilo que afirma ou nega para o julgador.
Não se permite neste diapasão as provas ilícitas – aquelas que decorrem da violação
de direito material – e muito menos, as provas ilegítimas – que são as provas
obtidas e conseguidas através da violação de normas de direito adjetivo (normas
processuais).
Cumpre ainda lembrar que o juiz pode complementar a prova, através do princípio
da verdade real, onde este busca o material probatório onde quer que ele se
encontre, uma vez que este não pode se eximir de julgar, adotando o non liquet.
O valor deste tipo de prova é relativo, pois deve ser confirmado por outros meios
de prova (vg, prova testemunhal).
5. EXAME NECROSCÓPICO: é o exame cadavérico (autópsia ou necropsia). Prazo:
seis horas após o óbito (catalepsia ou letargia).
c) Crimes de furto: neste tipo de delito, o exame pericial é realizado nos casos
de furto qualificado pelo rompimento de obstáculo ou mediante escalada.
d) Incêndio: é realizado o trabalho pericial para se investigar as causas do
incêndio, o lugar onde o incêndio teve início para fins de se apurar possíveis
crimes de estelionato ou dano e ainda para fins de seguro.
DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
4. Opções do Réu: como se sabe o réu não tem o ônus de provar e muito menos tem
a obrigatoriedade de produzir provas contra si, uma vez que esta obrigação é do
órgão acusatório. Assim o réu pode negar todos os fatos (negativa geral), pode
assumir os fatos (confissão), permanecer em silêncio ou mesmo assumir
parcialmente a prática do delito.
O réu mudo é questionado de forma oral e por escrito dará as suas respostas.
O réu surdo-mudo é interrogado por escrito e por escrito dará as suas respostas.
Caso o réu tenha comparecido e não foi interrogado, trata-se de nulidade absoluta
do feito, que poderá ser arguída mediante ordem de habeas corpus.
12. Curador ao Réu Menor: Considera-se réu menor, o acusado maior de dezoito
anos de idade e menor de 21 anos. Essa idade deve ser levada em conta pelo
magistrado quando do interrogatório do acusado. Se este quando do interrogatório
judicial for menor de 21 anos, obrigatoriamente deverá ser assistido por um
curador nomeado pelo Juiz.
O curador pode ser qualquer pessoa maior, mas, na prática forense normalmente o
curador do réu menor é, na maioria dos casos, seu advogado que patrocinará a sua
defesa.
13. Momentos processuais do interrogatório:
Nos processos comuns, o réu é interrogado após o recebimento da denúncia ou da
queixa crime.
Nos procedimentos regidos pela Lei 9.099/95, houve uma inovação: o acusado é
interrogado por último, após a colheita das provas.
Vale ressaltar, uma vez mais, que a qualquer tempo o réu pode ser novamente
interrogado, quando o juiz necessite de novos esclarecimentos para julgamento do
processo.
Um novo interrogatório pode a qualquer tempo ser realizado, a pedido das partes
ou até mesmo de ofício pelo juiz, pelo princípio da verdade real.
Neste caso, o réu deverá ser citado por edital publicado na Imprensa Oficial. Caso
não compareça e nem constitua advogado, ficarão suspensos o processo e o prazo
prescricional que somente voltarão a correr quando de seu comparecimento.
A retratação pode ser total ou parcial. No primeiro caso quando o acusado muda
todo o seu depoimento e no segundo caso quando muda apenas parte de seu
depoimento.
Tem-se como inválida a confissão obtida por defeitos do ato jurídico como erro,
dolo, coação, simulação ou fraude.
Como já dito se o réu for citado por encontrar-se em lugar incerto e não sabido,
deverá ser citado por edital. Se não comparecer e nem constituir advogado, o
processo ficará suspenso, bem como o prazo prescricional.
Além deste fato, soma o interesse que a vítima tem na condenação do réu, pois
obtendo a sentença condenatória tem a seu favor título executivo que pode ser
executado na esfera civil, a título de reparação de danos.
A vítima deve depor quando arrolada pelas partes, o seu não comparecimento
ocasiona a sua condução coercitiva.
DA PROVA TESTEMUNHAL
8. Menção aos costumes: trata-se da verificação em que o Juiz faz para averiguar
se a testemunha possui algum laço de parentesco entre as partes ou com o
acusado.
12. Pessoas proibidas de depor: certas pessoas estão proibidas de depor em razão
de sua função (depositário), ministério (sacerdote), ofício (pessoas que
exercem sua função em cartórios judiciais) ou profissão (advogado, médico,
dentista, farmaceutico ou engenheiro), isto se o fato a ser testemunhado
decorreu do exercício de sua profissão. Esta proibição se faz necessária devido
ao sigilo que se emprega a certas profissões, podendo, se revelado constituir
crime ou infração disciplinar.
Se a testemunha não souber assinar, poderá terceiro assinar por esta (a rogo) ou o
juiz deverá colher a sua impressão digital.
16. Testemunha com receio do acusado: como regra o testemunho deverá ser livre.
Caso a testemunha tenha receio de depor por medo do acusado, ou sentir-se
constrangida com a presença deste, o juiz poderá retirá-lo da sala e fazer constar
da ata a sua retirada (CPP, art. 217).
b) por carta rogatória: quando a testemunha reside em país diverso de onde corre
o processo.
A expedição de carta precatória não suspende o processo penal, que segue o seu
curso normal.
6. Valor de prova: o valor de prova é relativo e deve ser corroborado por demais
meios de convicção.
Muito embora não previsto no CPP este tipo de prova é amplamente adotado,
desde que o CPP admite qualquer tipo de prova desde que não seja ilícito. O
mesmo ocorre com o exame de fonética (exame da voz e comparação de vozes).
DA ACAREAÇÃO
3. Ocasião: a acareação pode ser realizada na fase judicial como também na fase
policial.
5. Pessoas que podem ser acareadas: a vítima com o acusado, a vítima com a
testemunha, o acusado com a testemunha, e a testemunha com a testemunha.
6. Momento processual: a acareação pode ser realizada após o interrogatório do
réu ou da oitiva das testemunhas e pode ser requerida na fase das diligências
do artigo 499 do CPP, devendo a parte que requereu a acareação apontar a
parte do depoimento que entende contraditória.
8. Depoimento Prestado no Juízo Deprecado: caso ocorra tal fato, deverá ser
expedida carta precatória para se esclareça os pontos divergentes, devendo na
deprecata descrever os pontos da divergência.
CAPÍTULO IX- DAS PARTES NO PROCESSO PENAL e DAS CITAÇÕES E DAS INTIMAÇÕES
Assim os sujeitos que compõe a relação processual são divididos em duas classes
distintas:
SUJEITOS PRINCIPAIS: são as pessoas que compõe uma relação processual, e desta
participam ativamente. JUIZ, AUTOR, E RÉU.
SUJEITOS AUXILIARES: são aquelas pessoas que não participam ativamente do
processo, mas são auxiliares do Poder Judiciário no desempenho de suas funções.
São os escrivães, oficiais de justiça, contadores, peritos, interpretes, depositários e
escreventes.
SUJEITOS PRINCIPAIS:
SUJEITOS PROCESSUAIS
Prerrogativas (Garantias):
a) VITALICIEDADE – não perde o cargo, senão por decisaõ judicial. Após dois
anos de exercício, com aposentadoria complusáoria aos 70 anos, com
vencimentos integrais após 30 anos de serviço.
c) IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS
MINISTÉRIO PÚBLICO
GARANTIAS: - Vitaliciedade
- Inamovibilidade
- Irredutibilidade
O ACUSADO
O DEFENSOR DO RÉU
DESISTÊNCIA – 10 dias
O DIREITO DE DEFESA É INDISPONÍVEL, deve ser exercido mesmo contra a vontade
do réu. Sendo um munus público, pois é indispensável a administração da justiça.
A defesa pode ser DIRETA (quando ataca o mérito) ou INDIRETA (quando ataca o
processo).
A FALTA de defesa constitui a NULIDADE ABSOLUTA, e sua DEFICIÊNCIA a
NULIDADE RELATIVA.
A ASSISTÊNCIA
Não cabe recurso da decisão que aceitar ou não, mas cabe correição parcial ou
MS.
Não pode recorrer da sentença condenatória para majorar pena (vide art. 598).
A VÍTIMA, caso queira pode ter seus interesses representados por um advogado que
atua como ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO, que tem como função conseguir a
condenação do réu (título executivo), a fim de que consiga indenização na esfera
cível.
DOS PRAZOS.
TERMO: compreende o dia que começa o prazo (a quo) e o dia que termina (ad
quem). Prazo inicial: dies a quo; Prazo final: dies ad quem.
O prazo pode ser comum (igual para as duas partes, tanto para o autor quanto para
o réu), próprio (prazo diferenciado para uma das partes), legal ou judicial, pois
todos os prazos são fixados pelo Código de Processo Penal.
DA CITAÇÃO.
CITAÇÃO é o ato pelo qual o réu é chamado a juízo a fim de que se defenda.É o ato
pelo qual se leva ao conhecimento de alguém, qual seja, o réu de que uma
denúncia ou uma queixa-crime foi recebida pelo Poder Judiciário e de que foi
designada data para que seja realizado seu interrogatório.
De outro lado, devemos mencionar que existe também a citação ficta, qual seja,
aquela em que o legislador presume, supõe e imagina que tenha ocorrido, e temos
como exemplo a citação por via editalícia.
É feita também através de REQUISIÇÃO que é feita ao preso e aos militares. Sobre a
citação é necessário lembrarmos que esta pode ser realizada em qualquer dia ou
horário, bem como caso o réu seja citado ou citado e não atenda o chamamento
judicial será considerado revel.
Urge salientar que o acusado preso será citado ou intimado dos atos do processo
pessoalmente, o mesmo ocorrendo com os Membros do Ministério Público, os
defensores dativos e os Defensores Públicos. A única exceção à esta regra é em
relação aos advogados constituídos que serão intimados da sentença através de
publicação nos órgãos incumbidos de dar ciência oficial dos atos, como o Diário
Oficial da União ou dos Estados.
Exceções:
Réu que se encontra em lugar inacessível: 15 (quinze) dias CPP, art. 363,I,
cc.364.
Quando incerta a pessoa que deva ser citada: 30 (trinta) dias. CPP, art. 363, II,
cc. 364.
DIFERENCIAÇÃO:
O prazo é o lapso temporal onde o ato processual deve ser realizado, sob pena de
preclusão. Constitui-se o prazo de termo a quo (que é o prazo inicial) e o termo ad
quem (que é o prazo final).
310 DO CPP);
4.1- Prisão Preventiva - Este tipo de prisão tem como finalidade a de que o
acusado aguarde preso o seu julgamento. Sendo uma medida cautelar, necessário
se faz com que estejam presentes os dois requisitos autorizadores de toda a
medida cautelar que são: o periculum in mora e o fumus boni juris.
Para a sua decretação necessário se faz a presença de pelo menos indícios de
autoria e materialidade de uma delito.
e) clamor público: neste caso, leva-se em conta o motivo do crime, seu modo de
execução e as condutas do agentes antes ou depois do crime que levam a sociedade
a Ter pelo criminoso e pelo crime uma verdadeira repulsa, de modo que exige-se
uma pronta resposta eficaz do Estado, através da prisão do acusado.
f) para a garantia do próprio acusado: muitas vezes o crime provoca uma reação
popular que pode levar à morte o acusado, através do linchamento e através deste
tipo de prisão, procura-se evitar tal fato, segregando-o em um estabelecimento
penal onde possa ter garantia a sua integridade física, evitando-se, assim, a
vingança privada.
1. Fundamento.
2. Espécies.
5. Da Fiança.
A fiança é um meio de garantir a liberdade
provisória, um direito subjetivo do acusado, que lhe permite mediante caução e
cumprimento de certas obrigações, conservar a sua liberdade até a sentença penal
irrecorrível (transitada em julgado).
6- Regra Geral.
7- Modalidades da Fiança.
8. Generalidades.
a) REFORÇO: quando a fiança é
insuficiente, deverá o acusado complementá-la até o valor fixado.
d) REINTEGRAÇÃO: se dá quando a
Superior Instância reforma a decisão do Juiz, que julgou quebrada a fiança,
restabelecendo a liberdade do acusado.
9. Termo de Fiança.
CAPÍTULO XI - DA SENTENÇA
Devemos assinalar que pelo princípio da correlação o réu se defende dos fatos e
não pode, a princípio, ter uma pena maior do que aquela requerida na denúncia ou
na queixa crime.
a) sentença definitiva: aquela que põe termo ao processo, sem apreciar o seu
mérito.
b) sentença terminativa: aquela que põe termo a relação processual, decidindo o
mérito da causa.
A sentença lacunosa, obscura ou ambígua: neste caso para aclarar e reparar o erro
do Magistrado que a proferiu a lei expressamente prevê a utilização dos embargos
de declaração, que servem para corrigir, aclarar ou mesmo completar a sentença
corrigindo a falha havida.
São eles:
2- Sentença Condenatória:
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
IMPRÓPRIAS: são aquelas que o juiz absolve, mas impõe a medida de segurança;
VAZIAS: são aquelas que são passíveis de anulação por falta de fundamentação ou
aquelas que não enfrentam o mérito.
OCORRÊNCIAS NA SENTENÇA:
1- quando a denúncia tipifica crime maior e na sentença o juiz aplica crime
menor= DESCLASSIFICAÇÃO.
3- MUTATIO LIBELI (ART. 384) : neste caso, não há erro na capitulação do crime,
mas, os fatos foram narrados de forma correta pelo MP, todavia, os fatos
narrados demonstram a ocorrência de crime mais grave, tratando-se, pois na
mudança dos fatos ou da mudança na acusação. TRATA-SE DA NOVA DEFINIÇÃO
DO FATO.
NESTE CASO:
ABRE PRAZO PARA A DEFESA SE MANIFESTAR DE TRÊS DIAS PARA QUE ESTA SE
QUISER APRESENTE NOVAS PROVAS.
SENTENÇAS DO PROCEDIMENTO DO JÚRI:
c) oferecer denúncia.31
Finalizado o Inquérito, termina a fase administrativa do Procedimento
Criminal. Com o oferecimento da denúncia tem início a fase judicial do processo
30
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender.
31
Os prazos para oferecimento da denúncia são os seguintes: se o acusado estiver solto o prazo será de 15
(quinze) dias e se preso o prazo será de 05 (dias). Caso a denúncia não seja oferecida neste prazo, a vítima
poderá ingressar com a queixa crime, o que é denominado pela doutrina de ação penal privada subsidiária da
pública.
O art. 29 do CPP dispõe: “Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal”.
Sobre o Prazo da denúncia temos: “Art. 46. O prazo para o oferecimento da denúncia, estando o réu preso, será
de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito policial, e de 15
dias, se o réu estiver solto ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à autoridade policial
(art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão do Ministério Público receber novamente os autos”.
crime, que atribuirá ao Poder Judiciário o juízo de culpabilidade sobre a conduta
do acusado, inocentando-o ou condenando-o pela prática da infração penal.
Se o órgão do Ministério Público verificar que há elementos de convicção
sobre a materialidade e autoria do delito, nos crime de ação pública, ele oferece
denúncia, dando início ao processo crime. A denúncia é a primeira peça do
processo crime.
Mutatis mutandis, podemos afirmar que a denúncia é comparável à petição
inicial do Processo Civil e deve ela conter os requisitos previstos no artigo 41 do
C.P.P., sendo eles: qualificação do acusado ou outra forma de individualização do
mesmo; classificação do crime, rol de testemunhas.
Vale ressaltar que o réu se defende, única e exclusivamente, dos fatos
alegados na denúncia, sendo que a classificação dada ao delito pelo Promotor é
provisória, podendo ser alterada até mesmo quando da sentença final, tudo em
obediência ao princípio do “due process of law”. Por exemplo: se o acusado for
denunciado por fatos que configuram furto, jamais poderá ser condenado por
homicídio, mesmo sendo esta a classificação dada ao delito, na denúncia, pelo
Promotor.
A sentença penal deve corresponder exatamente ao pedido formulado, como
conseqüência da aplicabilidade do princípio da correlação. Assim sendo, não pode o
Juiz condenar o acusado por fatos não constantes da denúncia, sob pena de
proferir decisão extra petita. Todavia, deve ser salientado que o réu se defende
dos fatos e, se estes tiverem sido narrados de forma correta, todavia, houve erro
na capitulação do crime, pode o juiz cominar pena mais grave, corrigindo a
capitulação equivocada da denúncia. Isto se denomina de emendatio libeli,
prevista no artigo 383 do Código de Processo Penal.
Em sentido oposto, se durante a instrução se demonstra a prática de crime
mais grave, que foram constatados durante a instrução do processo, o juiz somente
poderá cominar pena mais grave se observar os preceitos do artigo 384 do Código
de Processo. Se ocorrer esta situação, que se denomina de Mutatio Libelli, o juiz
deve baixar o processo em cartório, e intimar a defesa para que se manifeste no
prazo de 08(dias) e, se quiser, possa oferecer rol de testemunhas de no máximo de
três testemunhas. Além disso, deve baixar o processo, no afã de possibilitar ao
Ministério Público o aditamento da denúncia, consignando o crime mais grave,
abrindo-se em seguida, prazo para a defesa se manifestar e, se a defesa assim o
desejar, que arrole testemunhas no número máximo de três.
Oferecida a denúncia pelo membro ministerial 32, os autos irão conclusos ao
juiz de direito que poderá receber ou não a denúncia. Se o juiz não receber a
denúncia, cabe ao Ministério Público interpor recurso em sentido estrito., mas caso
ele a receba, tem início a fase judicial do Procedimento Criminal.
Na relação processual penal temos os seguintes sujeitos:
a) Juiz;
b) Ministério Público;
c) Réu;
d) Defensor;
e) eventualmente, o Assistente de Acusação.
O defensor do acusado, na fase judicial, atua efetivamente no processo,
orientando o seu constituinte, arrolando testemunhas, requerendo diligências, em
suma, fazendo a defesa propriamente dita. O defensor pode ser:
32
Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito
policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas,
fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral e este oferecerá a denúncia, designará
outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então
estará o juiz obrigado a atender.
No processo penal, o advogado é figura indispensável, sendo mister ressaltar
que a defesa do acusado só pode ser feita por profissional tecnicamente habilitado,
devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
“A vítima pode ingressar no processo ao lado do Ministério Público, na
qualidade de assistente de acusação”, conforme se observa do artigo 268 do Código
de Processo Penal. A assistência de acusação tem duas funções: a) a de proteger os
interesses e a dignidade da vítima, e b) obter a condenação do réu e com isso obter
o título executivo judicial. Deve ser observado que o pedido de assistência somente
pode ser realizado após o oferecimento da denúncia, sendo incabível na fase de
inquérito policial. Pode o assistente propor meios de prova, participar das
audiências e dos debates, aditar o libelo. No Tribunal do Júri o assistente poderá
requerer a sua participação no processo, em até três dias antes da realização do
Júri Popular, anotando que a sua ausência não adiará o julgamento. O assistente de
acusação somente pode recorrer para agravar a pena do réu, em caso de não haver
sido proposta pelo Ministério Público o recurso no prazo legal (RT 621/415),
havendo decisões em sentido oposto, uma vez que, se já houve a condenação do
réu, não há que se falar em apelação do assistente uma vez que ausente o
pressuposto da sucumbência (RT 565/383). Caso o Magistrado indefira a
participação do assistente de acusação no processo, caberá mandado de segurança
ou correição parcial.
O recebimento da denúncia é fase importantíssima para o processo penal,
haja vista que é causa interruptiva da prescrição.
No despacho de recebimento da denúncia, o juiz, além de efetuar o
recebimento, designa data para o interrogatório, determinando a citação do
acusado, para comparecimento. A citação é obrigatória e pode ser efetivada
pessoalmente ou por edital. A citação pessoal é feita por meio de mandado por
oficial de justiça. A editalícia é feita no caso de o réu não ser encontrado, ou se
encontrar em local incerto e não sabido, ou, em caso de crime apenado com
detenção, o réu estiver em localidade fora do país.
Em qualquer dos casos acima, o juiz é obrigado a nomear defensor ao
acusado, o mesmo ocorre quando o acusado, embora citado, não comparece para o
interrogatório.
Caso o réu não seja encontrado para ser citado, ou se encontre em lugar
incerto e não sabido será efetivada a sua citação por edital. Caso o acusado, citado
por edital, não compareça no dia designado e nem constitua defensor, o juiz
determinará a suspensão do processo e do prazo prescricional. Esta é regra do
artigo 366 do Código de Processo Penal. Caso o juiz suspenda o processo, é cabível
o recurso em sentido estrito e não o recurso de apelação. Vale salientar que, se o
réu não comparecer, mas constitui defensor, o processo e o prazo prescricional tem
curso normal, devendo o juiz decretar a revelia e prosseguir com o feito.
Interessante é que o prazo máximo de suspensão do processo pela incidência da
regra do artigo 366 do CPP é o do máximo da prescrição in abstrato cominada ao
delito33
No caso de réu menor - cuja idade é menor de 21 anos e maior de 18 - é
necessária a nomeação de curador, no ato do interrogatório, sob pena de nulidade
do processo, a partir deste ato.
Deveras interessante é a questão da obrigatoriedade ou não da nomeação de
curador para o réu menor quando de seu interrogatório, estabelecida a partir da
vigência do Código Civil que alterou a idade para obtenção da capacidade civil de
21(vinte e um anos) para 18 (dezoito anos). Neste sentido temos posicionamento de
que não é mais possível a alegação de nulidade pela ausência de curador ao menor
de 21 anos, pela revogação tácita dos artigos 15 e 564, Inciso III, de forma tácita e
pela revogação do artigo 194 do CPP pela Lei nº 10.792, de 1.12.2003, DOU
2.12.2003 (TJ-MG; HC 1.0000.05.431506-4/000; Belo Horizonte; Segunda Câmara
Criminal; Rel. Des. Hyparco de Vasconcellos Immesi; Julg. 02/02/2006; DJMG
11/04/2006).Neste sentido, temos várias decisões. 34
33
“CRIMINAL. HC. POSSE DE ENTORPECENTE. Suspensão do processo nos termos do art. 366 do CPP.
Suspensão do prazo prescricional. Limite. Prescrição caracterizada. Ordem concedida. II. III. lV. V. VI. VII. I.
O art. 366 do CPP não fixa prazo máximo tanto para o período da suspensão do curso processual, quanto para a
implementação do lapso prescricional. Admitir que a suspensão do prazo prescricional siga indefinidamente
significaria tornar imprescritíveis condutas cuja punição abstratamente cominada seja branda. O parâmetro para
o limite da suspensão do curso do prazo prescricional, em caso de suspensão do processo nos termos do art. 366
do CPP, é aquele determinado pelos incisos do art. 109 do Código Penal, adotando-se o máximo da pena
abstratamente cominada ao delito. Precedentes. Prescrição que deve ser reconhecida - Considerando-se a pena
máxima cominada ao delito de posse de entorpecente - Se, entre o último marco interruptivo da contagem do
prazo prescricional e a presente data já transcorreu o período de 02 (dois) anos. Ordem concedida, para declarar
extinta a punibilidade do paciente, em razão da prescrição. (Superior Tribunal de Justiça STJ; HC 56.426; Proc.
2006/0059970-1; SP; Quinta Turma; Rel. Min. Gilson Langaro Dipp; Julg. 15/08/2006; DJU 18/09/2006; Pág.
345)
34
“A Lei nº 10.792/2003 extinguiu a figura do curador ao réu maior de 18 anos e menor de 21 anos, por
motivo da revogação do art. 194 do Código de Processo Penal, e, tacitamente, de seus arts. 15 e 564, inciso III,
Neste passo nunca é demais lembrarmos que se o réu for citado por edital,
não comparecer e não constituir (contratar) advogado, nos termos do artigo 366 do
Código de Processo Penal ficarão suspensos o processo e também o prazo
prescricional. Presentes os pressupostos do artigo 312 do Código de Processo Penal
não haverá óbice para a decretação da prisão preventiva do acusado. Tem-se
entendido, por fim, que o prazo de suspensão do processo jamais poderá ser
superior ao prazo da prescrição in abstrato do delito.
Citado o réu e comparecendo em juízo, ele será interrogado pelo juiz, sobre
as acusações que lhe são imputadas. O juiz pergunta ao réu sobre a sua
personalidade, sobre os fatos, as circunstâncias e motivos que o levaram à prática
do crime e, também, se o réu possui alguma relação com as testemunhas arroladas
com a denúncia.
Anteriormente, o interrogatório era considerado como ato personalíssimo
entre o acusado e o Juiz. A partir da vigência da Lei 10.792 de 01 de dezembro de
2.003, o interrogatório, doravante, necessita da participação do advogado.
Reserva, ao réu, o direito de antes de ser ouvido, ter entrevista reservada com seu
defensor. Exige o CPP que o interrogatório do réu seja realizado na presença de seu
defensor, que pode, após as perguntas realizadas pelo Juiz, fazer perguntas ao
interrogado, conforme se observa do artigo 188 do Estatuto Processual Penal.
Embora deva ser realizado logo após o recebimento da denúncia, nada
impede que o interrogatório seja realizado em qualquer fase do processo, mesmo
após a prolação de sentença. É prova de defesa, pois o réu apresenta, livre de
qualquer vício ou coação, sua versão sobre os fatos. Nada impede que o acusado
permaneça calado e não responda às perguntas, sendo este direito elevado a foro
de constitucional.
alínea c. A ausência de curador na prestação de declarações no inquérito e no interrogatório judicial, não é
causa de nulidade absoluta do processo, sendo imprescindível a demonstração de prejuízo à defesa. 2. O
procedimento inquisitório constitui-se em peça meramente informativa, razão pela qual eventuais
irregularidades nessa fase não tem o condão de macular a futura ação penal. O maior de 18 e menor de 21
anos de idade deixou de ser relativamente incapaz”. (TJ-MG; HC 1.0000.05.431506-4/000; Belo Horizonte;
Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Hyparco de Vasconcellos Immesi; Julg. 02/02/2006; DJMG 11/04/2006)
“O art. 10 da Lei nº 10.792/03, ao revogar expressamente o art. 194 do Código de Processo Penal, encerrou a
discussão acerca da necessidade de nomeação de curador a acusado maior de dezoito anos, instaurada com o
advento do novo Código Civil, inexistindo, atualmente, nulidade absoluta por inobservância da prescrição
legal, ainda que em fase policial. Se não há manifestação do douto Juiz Singular acerca do pedido de liberdade
formulado pela defesa, estando a decisão hostilizada carente de fundamentação acerca de sua possibilidade ou
não, não há como esta Corte proceder a tal exame, sob pena de supressão de instância”. (TJ-MG; HC
1.0000.05.421374-9/000; Nova Lima; Primeira Câmara Criminal; Relª Desª Márcia Maria Milanez Carneiro;
Julg. 28/06/2005; DJMG 02/08/2005)
Caso o acusado confesse o delito, sua confissão tem valor relativo, como
todas as outras provas processuais penais e só será aceita se corroborada por
demais elementos de prova e de convicção.
O interrogatório deve ser datilografado, assinado pelo juiz, pelo acusado,
pelo defensor, se estiver presente, e, no caso de réu menor, também pelo seu
curador. Findo o interrogatório, o juiz designará data para a audiência de início de
instrução, sem prejuízo da defesa prévia, sendo que na referida audiência ocorre a
inquirição da vítima e das testemunhas de acusação.
Na hipótese de o defensor constituído ou dativo não estar presente no ato do
interrogatório, deverá ser intimado para a apresentação de defesa prévia 35.
Logo depois de realizado o interrogatório pelo juiz, no prazo de três dias, o
defensor do acusado pode apresentar defesa prévia. A defesa prévia é apresentada
no denominado tríduo legal. O prazo para sua apresentação começa a correr do
interrogatório do acusado, ou da intimação de seu defensor. A questão do prazo em
dobro é, ainda, polêmica, conforme se observa na citação de rodapé.
Se o acusado tiver advogado constituído nos autos, e, estiver o defensor
presente ao ato do interrogatório, o prazo para apresentação de defesa prévia é
contado a partir desta data. Na hipótese de estar ausente o advogado, ele deve ser
intimado para a apresentação de defesa prévia, sob pena de cerceamento de
defesa e conseqüente nulidade de todo o processado.
Se o defensor for dativo, deve ele ser intimado para a apresentação das
alegações preliminares, via Diário Oficial ou mandado (o que ocorre no caso de réu
preso). Normalmente, se o acusado for beneficiário da Assistência Judiciária ou for
assistido pela Defensoria Pública, o defensor deverá ser intimado pessoalmente e
tem a seu favor, ainda, a contagem em dobro do prazo.
A defesa prévia é mera faculdade do defensor, não ocorrendo nulidade por
sua falta. A nulidade só existirá quando não houver a concessão, pelo juiz, do prazo
35
“Prazo em dobro para o defensor dativo: APELAÇÃO. FURTO QUALIFICADO. DEFENSOR DATIVO.
PRAZO EM DOBRO. IMPOSSIBILIDADE. INAPLICABILIDADE DA LEI Nº 1.060/50. PRECEDENTES DO
STF. Conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal, o defensor dativo não tem direito ao benefício do
prazo em dobro para recorrer previsto na Lei nº 1060/50 que somente se aplica aos defensores públicos. (TJ-
MG; ACr 1.0209.03.024203-3/001; Curvelo; Quinta Câmara Criminal; Rel. Des. Alexandre Victor de Carvalho;
Julg. 12/09/2006; DJMG 06/10/2006) – em sentido contrário: “Tratando-se de defensor dativo, pertencente aos
quadros da assistência judiciária, será em dobro o prazo para recorrer; tema pacificado, tanto pela
interpretação extensiva do parágrafo 5., artigo 5., da Lei n. 1.060/50, com redação determinada pela Lei nº
7.871/89, quanto pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Apelação intempestiva. (TJ-GO; ACr
26314-6/213; Proc.200401826702; Valparaíso de Goiás; Primeira Câmara Criminal; Rel. Des. Byron Seabra
Guimarães; Julg. 14/12/2004; DJGO 10/01/2005)
de três dias para apresentação de defesa prévia. O defensor sempre deve
apresentar a defesa prévia, pois é esta a única oportunidade que tem para arrolar
testemunhas, requerer diligências, acareações, esclarecimentos sobre provas
periciais e juntar documentos. Se não o fizer, seu direito processual estará
precluso, pois fora desta oportunidade não poderá mais a defesa do réu efetivar
aqueles atos.
Vale ressaltar que o advogado do acusado não deve, na defesa prévia, já
fazer a efetiva defesa do acusado, expondo sua tese defensiva, ou, em termos
chulos, “dando o prato de comer ao faminto”. Deve, portanto, apresentá-la de
forma genérica, simplesmente protestando por provar a inocência do réu ao final
da instrução probatória.
Nada impede, entretanto, que o advogado já ataque de plano o mérito,
refute as acusações, negue a autoria, levante tese de presença de causa
excludente da antijuridicidade e da culpabilidade, ou até forneça um álibi, mas
isto demonstrará, “data venia”, a absoluta falta de técnica processual penal, vez
que as alegações poderão ser afastadas na audiência seguinte que é a oitiva de
testemunhas de acusação.
Entretanto, matérias de ordem preliminar devem ser de logo argüidas, tais
como: suspeição, litispendência, coisa julgada, ilegitimidade de parte (v.g., caso
de homônimo), prescrição etc, sob pena de saneamento, pois se tratam de
nulidades relativas.
Por exemplo, no crime de ação penal pública condicionada à representação
do ofendido, verifica-se sua inexistência. O advogado deve aduzir este fato em
sede de preliminar, na defesa prévia, desde que esgotado o prazo decadencial para
a oferta de representação.
Na defesa prévia o defensor do réu poderá arrolar:
a) oito testemunhas de defesa, caso o crime siga o rito ordinário (dos crimes
apenados com reclusão);
36
“No processo penal, a falta de defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se
houver prova de prejuízo para o réu” SÚMULA 523 do STF
É inadmissível que o advogado do acusado peça, na única oportunidade que
tem para defender o seu constituinte, a sua condenação nas alegações finais, e se
isto, por ventura ocorrer anula-se toda a ação penal, a partir das alegações finais.
O mesmo ocorre quando o defensor dativo pede a condenação do réu.
As alegações finais elaboradas por estagiário causam nulidade do processo,
pois tal ato é privativo do profissional da área do direito.
Segundo a jurisprudência dominante, o prazo total para encerramento da
instrução em se tratando de réu preso por crime apenado com reclusão é de 81
(oitenta e um) dias para encerramento da prova de acusação; descumprido e não
observado este prazo, caracteriza-se o constrangimento ilegal, reparável através
de ordem de “habeas corpus”37.
Existindo vários réus, sendo estes defendidos por advogados diferentes,
impõe-se em decorrência do prazo comum, a permanência dos autos em cartório,
não podendo, com isto, ser retirados para a elaboração das alegações finais.
Mas, os advogados podem conjuntamente e através de petição, requerer ao
Juiz a retirada dos autos de Cartório, estipulando um prazo para cada um dos
advogados apresentar a defesa de seus constituintes.
Em se tratando de defesa colidente 38, sob pena de nulidade, é necessário
que o Magistrado tome a precaução de nomear defensores distintos para cada
acusado.
37
“PRAZO DE 81 DIAS: HABEAS CORPUS. ACUSATÓRIA ANCORADA NOS ARTIGOS 288, 180 E 304 DO
CÓDIGO PENAL. EXCESSO DE PRAZO NA CONCLUSÃO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL. O paciente está recolhido na cadeia pública da Comarca de Guaíra desde 18
de maio de 1992 e arte o ofício enviado pelo Dr. Juiz de Direito apontado como autoridade coatora, datado de
28 de setembro de 1992, a instrução da ação criminal não estava concluída, mas sim na fase preambular;
Houve, portanto, decurso de prazo superior a oitenta e um (81) dias, sem que a formação da culpa se
completasse, apesar do paciente estar custodiado, o que caracteriza constrangimento ilegal. Ordem concedida
a fim de expedir, em favor do paciente, alvará de soltura. (TJ-PR; HC Crime 0023794-5; Ac. 6010; Guaíra;
Segunda Câmara Criminal; Rel. Des. Plínio Cachuba; DJPR 02/02/1993)
Em sentido oposto: “O prazo de 81 dias para a conclusão da instrução não é absoluto. O constrangimento
ilegal por excesso de prazo só pode ser reconhecido quando a demora for injustificada. Não se acolhe alegação
de constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação da culpa, se os autos demonstram encontrar-se, o
feito, na fase de alegações finais. Súmula nº 52/STJ”.- (Superior Tribunal de Justiça STJ; HC 21208; PA; Quinta
Turma; Rel. Min. Gilson Langaro Dipp; Julg. 25/06/2002; DJU 02/09/2002; pág. 00217)- Súmula nº 52.
“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo.” (DJU
24.9.1992).
€
38
“APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO TENTADO. COLIDENCIA ENTRE DEFESA TÉCNICA E AUTODEFESA.
DECLARAÇÃO, DE OFÍCIO, DE NULIDADE POR VIOLAÇÃO DA GARANTIA DA DEFESA PLENA.
Ressaindo dos autos que o advogado do réu ofereceu tese de defesa colidente com a versão dos fatos
apresentados pelo seu constituinte em sua autodefesa, impõe-se reconhecer violada a garantia constitucional e
infraconstitucional da defesa plena, com a declaração, de ofício, de nulidade processual. Recurso conhecido.
Nulidade decretada de ofício”. (TJ-GO; ACr 24275-2/213; Proc.200300946133; Goiânia; Segunda Câmara
Criminal; Rel. Des. Aluízio Ataídes de Sousa; Julg. 02/10/2003; DJGO 16/10/2003)
PROCEDIMENTOS
Notitia Criminis
Inquérito Policial
Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.
Denúncia pelo MP
Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.
Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça
Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.
Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar oito testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.
Audiência para oitiva de testemunhas de acusação.
Audiência para oitiva de testemunhas de defesa.
Fase das Diligências: art. 499 do CPP (24 horas para cada parte, utlizada para
requerer alguma diligência necessária para esclarecimento de algum ponto
obscuro no processo).
Fase das Alegações Finais; Artigo 500 do CPP. São feitas por escrito, no prazo de
três dias.
Sentença pelo Juiz: de procedência, improcedência ou de desclassificação.
Recurso de Apelação.
Notitia Criminis
Inquérito Policial
Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.
Denúncia pelo MP
Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.
Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça
Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.
Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar cinco testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.
Despacho Saneador: designação de data de audiência de Instrução, Debates e
Julgamento.
Audiência de Instrução Debates e Julgamento, que consiste:
Oitiva da Vítima
Oitiva das testemunhas de acusação
Oitiva das testemunhas de defesa
Debates Orais: a palavra é dada primeiramente ao membro do Ministério Público,
posteriormente ao advogado do réu pelo prazo de 20 (vinte) minutos, prorrogável
por mais 10 (dez) minutos á critério do magistrado.
Sentença pelo Juiz: procedência, improcedência ou parcial procedência.
Notitia Criminis
Inquérito Policial
Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.
Denúncia pelo MP
Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.
Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça
Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.
Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar oito testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.
Audiência para oitiva de testemunhas de acusação.
Audiência para oitiva de testemunhas de defesa.
Não há neste procedimento a fase do artigo 499 do CPP
Fase das Alegações Finais; Artigo 406 do CPP. São feitas por escrito, no prazo de
três dias.
Sentença pelo Juiz: de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou de absolvição
sumária ou liminar.
Recurso em Sentido Estrito.
Tréplica: própria da Defesa.
prazo: meia hora em caso de um acusado, e uma hora em caso de mais de um
acusado
Recolhimento dos Jurados na Sala Secreta
votação dos quesitos
princípio do livre convencimento não motivado.
Sentença proferida pelo Juiz
Recurso de Apelação.
Notitia Criminis
Inquérito Policial
Ministério Público : pode denunciar, pedir o arquivamento ou requerer novas
diligências.
Denúncia pelo MP
Recebimento da Denúncia Pelo Juiz: designa data de interrogatório e mandar citar
o réu.
Citação do Réu: forma pessoal, através de mandado cumprido pelo Oficial de
Justiça
Interrogatório do Réu: ato pessoal entre réu e Juiz.
Defesa Prévia: apresentada pelo advogado, no prazo de 03 (três) dias, podendo
arrolar oito testemunhas, juntar documentos, pedir perícias. Prazo preclusivo.
Audiência para oitiva de testemunhas de acusação.
Audiência para oitiva de testemunhas de defesa.
Não há neste procedimento a fase do artigo 499 do CPP
Fase das Alegações Finais; Artigo 406 do CPP. São feitas por escrito, no prazo de
cinco dias.
Sentença pelo Juiz: de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou de absolvição
sumária ou liminar.
Recurso em Sentido Estrito.
Tréplica: própria da Defesa.
prazo: meia hora em caso de um acusado, e uma hora em caso de mais de um
acusado
Recolhimento dos Jurados na Sala Secreta
votação dos quesitos
princípio do livre convencimento não motivado.
Sentença proferida pelo Juiz
Recurso de Apelação.
Importante:
a) o Juiz Presidente;
b) o membro do Ministério Público;
c) o réu e seu defensor;
d) os sete jurados;
e) os oficiais de justiça e o escrivão do feito.
O libelo crime é importante para o acusador, uma vez que nesta fase processual é
que ele arrola as testemunhas de acusação que irão depor em Plenário, em número
de cinco, juntar os documentos que entender necessários e requerer diligências.
39
Júlio Fabrini Mirabete, Processo Penal, p. 492.
40
Curso Completo de Processo Penal, p. 422.
MODELO DE LIBELO CRIME ACUSATÓRIO
POR LIBELO CRIME ACUSATÓRIO, DIZ A JUSTIÇA PÚBLICA, COMO AUTORA, POR SEU
PROMOTOR, CONTRA O RÉU MOYSES FELIPPE MOYSES, VULGO MOYSES AO
QUADRADO, QUALIFICADO ÀS FLS. 24, POR ESTA E NA MELHOR DE DIREITO
1o. ) que no dia 24 de fevereiro de 1.999 do corrente ano, às 10:30 min, no interior
de um bar sito à Rua das Flores, número 24, bairro das Camélias, nesta Comarca,
MOYSES FELIPPE MOYSES, a golpes de chave de fenda, produziu em Joaquina
Bernardete de Luzia os ferimentos descritos no auto de exame de corpo de delito
de fls. 33/34;
Nestes Termos, pede-se a condenação do réu MOYSES FELIPPE MOYSES, nas penas
do art. 121 caput do C.P.
Data.
ROL DE TESTEMUNHAS
a) nome e endereço
b) nome e endereço
c) nome e endereço
d) nome e endereço
e) nome e endereço
Advogado
Tal diligência é necessária uma vez que no processo penal brasileiro, vige-se o
princípio da igualdade, e em razão disso, como o Promotor arrola as suas
testemunhas de acusação no libelo crime acusatório, o acusado também pode
requerer a oitiva de testemunhas de defesa em Plenário.
Caso não seja cumprida tal formalidade, tal fato é tido juridicamente como causa
de nulidade absoluta do processo, conforme dispõe o artigo 564, III, f do Código de
Processo Penal.
41
Processo Penal, p. 495.
“A”, já devidamente qualificado nos
autos, feito epigrafado, Ação Penal, que lhe promove A Justiça Pública, por
suposta infração ao elencado no artigo 121, § 2 O., incisos I e IV do Código Penal,
cujo caderno processual tem tramitação perante este Egrégio Juízo e r. cartório de
feitos criminais, neste ato devidamente representado por seu advogado nomeado e
indicado pela Ordem dos Advogados do Brasil, comparece com o costumeiro
respeito e acatamento forense à nobilíssima presença de Vossa Excelência, nos
termos do artigo 421 e seguintes do Código de Processo Penal, para
tempestivamente apresentar a sua :
(qualificar as testemunhas)
REQUERIMENTOS ADICIONAIS INDISPENSÁVEIS FORMULADOS PELA DEFESA:
Nestes termos,
Pede Deferimento.
São João da Boa Vista,
aos 08 de abril de 2.000.
ADVOGADO
42
Alexandre Cebrian Araújo Reis e Outro, Sinopses Jurídicas – Processo Penal, Procedimentos, Nulidades e
Recursos, n. 15, p. 53
43
RT 603/425, 558/381, 591/429, 701/408, 460/332, 639/291
MODELO DO PEDIDO DE DESAFORAMENTO
“A”(QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE),
atualmente preso na Cadeia Pública de Vargem Grande do Sul, por seu advogado,
vem à presença de Vossa Excelência para requerer, com fundamento no artigo 424
do CPP, o presente pedido de DESAFORAMENTO, de acordo com os fatos e
fundamentos seguintes:
Ntpd.
Data e assinatura.
Advogado
“Vistos etc.
Juiz de Direito”.
Nota importante:
MANDA a qualquer Oficial de Justiça deste Juízo ao qual for este apresentado,
estando, por mim assinado, que em seu cumprimento notifique, nesta comarca,
onde possam ser encontrados os cidadãos do rol abaixo, sorteados para servirem
como Jurados na próxima sessão do Tribunal do Júri, no dia 27 de fevereiro de
2.000, às 9:00hs e seguintes, sob pena de imposição de multa, na forma da lei.
Os jurados são alistados pelo Juiz Presidente, do qual forma-se uma lista geral.
Conforme a lição de HERÁCLITO MOSSIN FILHO “a escolha dos juízes de fato, em
número consoante a população da comarca é feito pelo magistrado da predita vara
levando em conta seu conhecimento pessoal sobre as qualidades subjetivas e
objetivas das pessoas que poderão compor o tribunal do júri, que é em número de
sete, ou então buscando informações precisas a este respeito.
Como exposto por Borges da Costa, ‘a
escolha por conhecimento pessoal é a que faz o juiz, utilizando de suas relações
pessoais, que lhe fornecem conhecimento das qualidades individuais das pessoas
com as quais costuma tratar na sua vida pessoal. A escolha por informação
44
Luiz Flávio Borges D’Urso, Direito Criminal na Atualidade, p. 122
fidedigna é a que o juiz faz, guiando-se pelo conhecimento das pessoas
conceituadas em suas relações, que atestam as condições de idoneidade moral e
intelectual de outros cidadãos. A organização da lista de jurados mediante
requisição é facultativa ao juiz, mas deve ser obrigatória a obediência a mesma” 45
Consoante se verifica do artigo 427 do Código de Processo Penal, a convocação do
júri será feita por edital.
Antes disso, porém é necessário sabermos quais dos jurados que fazem parte da
lista geral vão participar do julgamento pelo Júri.
Neste diapasão, para chegarmos aos vinte e um jurados se realiza um sorteio, com
as portas abertas e um menor de 18(dezoito) anos fará o sorteio e estes nomes
serão colocados em uma urna separada, ex vi do artigo 428 do Código de Processo
Penal.
Os jurados que forem sorteados e comparecem a sessão do Júri não sofrerão
descontos em seus vencimentos. Trata-se de serviço obrigatório, sendo isentos os
maiores de 60(sessenta) anos.
Uma das vantagens de participar de um Júri, sendo alistado como jurado, é o de se
preso ter direito a prisão especial até o julgamento definitivo do crime.
No exercício de suas funções os jurados são responsáveis criminalmente, da mesma
forma que os juízes, em casos de concussão, prevaricação ou corrupção 46, uma vez
que são considerados, pela transitoriedade, como funcionários públicos.
47
Processo Penal, p. 507
de acusação como o caráter de imprescindibilidade 48, uma vez que esta condição
dá ensejo a que se paralise o julgamento e se determine a condução coercitiva da
testemunha faltosa. Somente será adiado o júri se a testemunha não for localizada.
Frise-se, por oprotuno, que somente se admite a condução coercitiva se presente a
condição de imprescindibilidade. Caso não seja apontada esta condição – no libelo
ou na contrariedade ou mesmo protesto em ata– o julgamento não será adiado49.
As testemunhas que residem fora da Comarca onde o réu será julgado, se forem
arroladas por qualquer das partes, não tem obrigação de comparecer, tendo que a
parte que a arrolou providenciar seu comparecimento no dia do Júri.
48
vide a respeito: CPP, art. 455.
49
“Não tendo sido a testemunha arrolada com a declaração de imprescindibilidade de seu depoimento, sua
dispensa, por não ter sido localizada pelo Oficial de Justiça, não acarreta a nulidade do julgamento do Júri,
notadamente se nenhum protesto foi consignado em ata”(RT 583/342).
O momento que deve ser arguída a suspeição do jurado é quando anunciado o
nome do jurado pelo Presidente do Júri.50
Interessante é o exemplo da jurisprudência: “jurados alunos da Faculdade de
Direito local, dirigida pelo Promotor que funcionou na acusação. Protesto da
defesa. Suspeição ocorrente”51
Neste caso anulou-se o julgamento por se julgar haver subordinação disciplinar e
intelectual.52
Uma vez formado o conselho de sentença, os jurados deverão ser compromissados
e deverão responder ao Juiz Presidente do Júri: “assim o prometo”.
Trata-se de uma formalidade contida no artigo 464 do Código de Processo Penal,
um ato solene de investidura provisória de pessoas do povo na árdua função de
juízes de fato, unicamente para o caso que vai ser levado às barras do Tribunal
Popular, que garante a imparcialidade daqueles que vão julgar o caso, sendo o
seguinte:
Por esta formalidade, verifica-se que os jurados julgam de acordo com a sua
consciência e com os ditames da Justiça, sendo por isso, o Tribunal do Júri de
tribunal do coração, onde os jurados não julgam de acordo com a fria letra da lei.
50
Damásio de Jesus, CPP Anotado, p. 109
51
RT 452/348
52
Mirabete, CPP Interpretado, p. 588.
nos termos do disposto no art. 464 do Código de Processo
Penal. Do que dou fé e, para constar, datilografei este
termo que vai assinado por mim, Escrivão, pelo Juiz
Presidente e pelos Senhores Jurados. São João da Boa
Vista, aos 27 de fevereiro de 2.000.
JUIZ PRESIDENTE
JURADOS
Dos atos instrutórios - Uma vez formado o conselho de sentença, começa, como em
todo o processo a fase de instrução da causa, ou seja, a produção das provas.
A produção das provas começa a teor do artigo 465 do Código
de Processo Penal, com o interrogatório do acusado.
Como é cediço o interrogatório do réu é prova de defesa, necessariamente,
mormente no Tribunal do Júri o réu deve dar a sua versão dos acontecimentos,
pois, neste momento é a sua oportunidade de se manifestar, e depois durante todo
o julgamento o réu deverá manter-se em silêncio.
Como se sabe, o réu em seu interrogatório pode apresentar a versão que melhor
entender para o exercício de sua defesa, podendo permanecer silente ou mesmo
deixar de responder qualquer questionamento do juiz, uma vez que não é obrigado
a produzir prova contra si mesmo. Por igual, diferentemente do que ocorre nos
Estados Unidos, não é perguntado ao réu se é inocente ou culpado e nem mesmo o
réu se mentir estará incurso no crime de perjúrio, pois não há previsão legal no
Brasil da existência deste delito.
Por igual, caso perceba o advogado que o juiz interroga o réu de forma inquisitiva,
procurando direcionar o seu depoimento para uma condenação, o advogado poderá
requerer ao juiz que conste em ata que o réu está sendo interrogado de forma
parcial, numa tendência a se buscar a sua condenação, interferindo no ânimo dos
jurados que são os juízes de fato da causa.
Posteriormente ao interrogatório, o juiz presidente do Júri deverá fazer um breve
relatório do processo aos jurados, onde de forma alguma poderá externar a sua
opinião pessoal sobre o caso que vai ser julgado, uma vez que se externada tal
opinião poderá influenciar no ânimo dos juízes de fato, muitas vezes leigos em
direito.
Caso se constate tal irregularidade, a parte prejudicada poderá requerer ao juiz
que conste em ata de julgamento o seu protesto.
A lei veda ao juiz ao elaborar o relatório que manifeste a sua opinião sobre o
mérito da acusação ou da defesa.
Nada impede de que as partes entreguem aos jurados cópias das peças do processo,
que entendem necessárias ao esclarecimento da tese que será sustentada quando
dos debates. Proibida, porém, é a distribuição de fotos, documentos, laudos que
não foram juntados em tempo hábil nos autos.53
Isso é agora afirmado, uma vez que o que não existe nos autos não existe no mundo
jurídico e a lei processual penal assinala o prazo de 03 (três) dias de antecedência
para a juntada e ciência de qualquer documento à parte contrária. 54
Neste sentido o julgado do Superior Tribunal de Justiça: “nulidade pela exibição de
documento novo – surpresa da parte contrária. Não nega vigência ao artigo 475 do
CPP, mas antes o cumpre fielmente, o acórdão anulatório do julgamento pelo Júri
durante o qual se exibiu documento novo – parecer médico legal – sem prévia
comunicação ao ex adverso”55
53
RT 599/302
54
Art. 475 CPP. Durante o julgamento não será permitida a produção ou leitura de documento que não tiver
sido comunicado a parte contrária com a antecedência pelo menos de três dias compreendida nesta proibição a
leitura de jornais ou qualquer escrito, cujo conteúdo versar sobre matéria de fato constante do processo.
55
JSTJ 19/235, no mesmo sentido: TJMS RT 554/405, TJSP RT 550/301, 610/337-8.
É o que se depreende do artigo 467 do CPP, valendo salientar que as testemunhas
são inquiridas primeiramente pelo juiz, depois pela parte que a arrolou e depois
pelos jurados.
Antes do depoimento, caso suspeita sobre a testemunha deverá ser arguída a
contradita, antes de ser tomado o depoimento.
As perguntas formuladas as testemunhas podem ser feitas pessoalmente, sem a
interferência do magistrado, sendo uma diferença do Júri para os demais
procedimentos onde as perguntas são formuladas por intermédio do Juiz.
Neste sentido, “as que devam ser ouvidas em Plenário serão inquiridas
sucessivamente pelo Juiz, pelo acusador, pelo assistente e pelo advogado de
defesa nesta ordem, em se tratando de testemunha da acusação (CPP, 467); e pelo
juiz, pelo advogado do réu, pelo acusador particular, pelo Promotor e pelo
assistente, nesta ordem quando se trata de testemunha de defesa (CPP, 468).
Aos jurados, que o quiserem – após a inquirição feita pelo Juiz e pelas partes – é
facultado sempre formular perguntas as testemunhas (CPP, art. 467 e 468).
Poderão as partes reperguntar pessoalmente (Promotor e Defensor) e não somente
por intermédio do Juiz (TJSC RT 446/463).
Explica Magalhães Noronha que ‘a inquirição agora (no Plenário do Júri) como se
vê do artigo 467, diverge da feita na instrução (art. 212); aqui as partes
reperguntam as testemunhas por intermédio do juiz, mas no Júri inquire-nas
56
diretamente”.
Concordamos com a inquirição direta pelas partes das testemunhas, fazendo nossas
as palavras de Hermínio Alberto Marques Porto, “em plenário a inquirição direta
da testemunha mostra ser a fórmula acertada e necessária para a melhor aferição
do valor do depoimento pelo jurado que não possui a tal respeito, a mesma
experiência do juiz singular, na inquirição direta, o jurado, que é juiz, observa
melhor a testemunha ao inquiri-la, bem como ela é inquirida pelas partes”. 57
Cumpre salientar que a parte pode desistir da testemunha, pode ainda, no caso de
depoimentos divergentes proceder a acareação e reinquiri-la até o final do
julgamento.
56
Adriano Marrey e Outros, Teoria e Prática do Júri, p. 213
57
Op. cit. 214
No caso de falso testemunho prestado perante o Tribunal do Júri, o Juiz Presidente
deverá elaborar quesito a respeito do eventual crime de falso e submetê-lo a
apreciação do Conselho de Sentença.
Curioso é que para muitos quando a testemunha mente em Plenário e fica retida
aguardando o final do Júri. Aparentemente, no dizer de Gustavo Massari “isto
parece um certo tipo de coação, uma vez a testemunha mentirosa vê todas as
outras testemunhas irem embora e fica com isso constrangida e resolve falar a
verdade”, todavia, isto é feito uma vez que como o depoimento foi prestado em
Plenário os jurados é que são competentes para a apreciação do crime de falso
testemunho e ainda a testemunha fica retida uma vez que até a prolação da
sentença pode utilizar-se da retratação e diante disso não comete crime de
qualquer espécie.58
Assim, “se verificar que a pessoa ouvida na causa, antes da pronúncia ou inquirida
em Plenário prestou falso testemunho quem deve deliberar a cerca de seu
indiciamento na sanção do artigo 342 do Código Penal é o próprio Tribunal do Júri.
A decisão é sua. Ali ‘os jurados decidem de fato e de direito sobre a pretensão
punitiva.
Para que isto aconteça caberá a qualquer das partes (aquela prejudicada pela
subversão da verdade e somente ela) requerer ao Juiz Presidente para que
formule ao conselho de sentença um quesito especial” 59
Sendo positiva a resposta dos jurados entendendo que houve crime de falso, o juiz
deverá extrair cópias do depoimento e enviá-lo a Delegacia de Polícia para
instauração de inquérito para averiguação deste crime e não aplicar pena, uma vez
que seria necessário o contraditório e a necessidade da amplitude de defesa.
58
art. 342....omissis
§1o. omissis
§2o. omissis.
§3o. O fato deixa de ser punível se, antes da sentença, o agente se retrata ou declara a verdade.
59
Adriano Marrey e outro, Op. cit., p.225
inocência do réu , ou da juridicidade de sua conduta ou, pelo menos, da ocorrência
de circunstâncias que atenuam a pena”60
Primeiramente será dada a palavra ao Promotor de Justiça que deverá ler o libelo,
(cfr. art. 471 CPP), o qual contem a exposição do fato e os dispositivos legais ao
qual se encaixa o fato praticado pelo réu.
O Promotor de Justiça fica preso ao libelo crime acusatório não podendo de
maneira alguma se esquivar, neste sentido nos ensina Pimenta Bueno: “ O
acusador não pode neste ato pedir outra pena por novo crime não compreendido
no libelo, porquanto só se trata de debater a verdade do que fora articulado; aliás
seria o réu surpreendido e indefeso”.
A acusação terá 2(duas) horas para desenvolver a sua tese, conforme estabelece o
art. 474 do CPP; caso tenha mais que um acusador, o tempo será dividido entre
eles não sofrendo nenhum acréscimo.
Caso tenha um assistente de acusação, este somente poderá se manifestar se
estiver legalmente habilitado, podendo participar dos debates orais, dividindo o
tempo com o destinado a acusação.
Vale ressaltar que caso o Promotor de Justiça peça a absolvição do acusado, o
assistente de acusação não poderá se opor, visto que, o titular da ação penal é o
Ministério Publico, conforme determina a Constituição Federal em seu artigo 129,
inciso I .
O Jurista, Hugo Nigro Mazzilli, nos ensina que “no campo criminal, porém, ao
contrário do que muitos leigos pensam, não é o promotor de justiça obrigado a
acusar: tem plena liberdade de convicção e de atuação. Não só pode como deve
pedir a absolvição ou recorrer em favor do acusado, se se convencer da sua
inocência.”61
Terminada a exposição por parte da acusação, o Juiz Presidente dará a palavra a
defesa para que esta desenvolva sua defesa pelo prazo de 2(duas) horas, no caso de
1(hum) réu.
Em se tratando de mais de 1 (hum) réu o prazo será estendido em mais uma hora,
passando, assim, a ser de 3(três) horas, conforme estabelece o art. 472, § 2.º ,
(com a redação da Lei 5.941, de 22.11.73).
60
Adriano Marrey e outros. Op. cit. p.226.
61
Consulex. N.º 37 p. 66
A defesa, ao contrario da acusação, não fica preso ao que foi abordado durante
todo o processo, podendo levar a plenário tese totalmente divergente da
sustentada no decorrer de todo o processo, neste sentido, “fato novo surgido
durante o julgamento - não constitui nulidade sua revelação pelo defensor ao
Conselho de Sentença”62Findo a primeira fase dos debates, deverá o Juiz
Presidente indagar o representante do Ministério Público se quer fazer uso da
palavra para a réplica.
Caso o Promotor de Justiça recusar a réplica, ficará prejudicada a tréplica para o
defensor, pois se trata de mera faculdade do acusador, o uso da réplica.
A réplica será de 30 minutos para um réu e de 1(uma) hora caso se tenha mais réus
em julgamento.
Observação se faz necessária quanto aos apartes, somente sendo admitidos quando
o expositor permiti-los e desde que haja solicitação, evitando-se assim os discursos
paralelos.
Quem nos fala sobre apartes é o professor Manoel Pedro Pimentel, “quando se abre
a bateria de ataques pessoais, ferindo-se o juiz, o promotor ou o advogado
adverso, com doestos, as razões sem importância, e de modo nenhum deverá o
aparteante – assim como este os oradores – permitir-se a liberdade de caçoar de
seu adversário, pilheriando com a parte ou seu representante legal. O processo é
uma coisa séria e nele são tratados diversos interesses. Por isso, as pessoas que
nele intervém também devem estar sérias e tratar com seriedade as questões. Se
é admissível o fino humor, que transparece numa rápida tirada de espírito,
inevitável às vezes a demonstração de humorismo, a chacota, visando ridicularizar
o expositor. Pode-se aniquilar um adversário com argumentos e provas, mas deve-
se respeitá-lo sempre pelo que ele representa”64
62
RT 433/367
63
RT 496/265
64
Op. cit. p. 60
Outra hipótese que pode acontecer é a de o conselho de sentença ser dissolvido
quando o réu for considerado indefeso (CPP, art. 497, V), e o professor Luis Flávio
Borges D’Urso defende a idéia da dissolução do conselho de sentença quando
houver deficiência na acusação65, adotando a regra do artigo 564, III, l do Código de
Processo Penal66.
Questão polêmica que vem à tona é o de vários réus a serem julgados pelo mesmo
processo e em uma data só para tal realização.
Certamente, não é conveniente o julgamento de vários réus num mesmo dia tendo
em vista que o prazo para a defesa deverá ser repartido entre os advogados que
patrocinam a defesa dos acusados, mormente quando as teses defensivas são
conflitantes.
Neste sentido, poderá se dar a separação dos processos, a teor do artigo 461 do
Código de Processo Penal. Assim não concordando os defensores a respeito da
recusa de qualquer jurado sorteado se dará a separação obrigatória do processo.
Aceito o jurado por um dos defensores e pela acusação, o réu que pela recusa tiver
dado causa à separação será julgado a posteriori.
O quadro explicativo do professor Adriano Marrey é bem elucidativo:
Aos vinte e sete de fevereiro do ano de dois mil, na sala secreta das deliberações
do Júri, a portas fechadas, onde se achavam presentes o MM. Juiz de Direito
Presidente do Júri, Dr. Adaílton Pereira Cruz, e o Conselho de Sentença composto
dos seguintes jurados:
71
STF: “a nulidade pela submissão ao Conselho de Sentença de quesito complexo ou deficiente é absoluta e
insanável e, tendo sido constatada no caso sub judice, nulo é o julgamento por infração ao art. 484, c/c o art. 564
parágrafo único, ambos do CPP. RT 568/385, RTJ 80/450 RT 658/374, 660/380, RT 575/365 e RT 558/353.
(nominar os jurados)
Diante desse resultado o Meritíssimo Juiz Presidente deu por encerrada a votação,
durante a qual estiveram presentes o Dr. Promotor de Justiça, e o defensor do
acusado, sem, contudo, nela intervirem. E, de tudo, para constar, lavrei esse
termo que vai devidamente assinado. Eu, _____________________________,
escrivão subscrevi.
JUIZ DE DIREITO
PROMOTOR DE JUSTIÇA
DEFENSOR DO ACUSADO
Certidão de incomunicabilidade dos jurados – Exemplo
Certificamos e damos fé, nós oficiais de justiça, abaixo assinados que, durante o
julgamento de hoje, neste Tribunal do Júri, mantivemos os senhores jurados
incomunicáveis, e no ensejo da votação recolhemos as cédulas respectivas.
Comarca e data.
72
RT 569/429
73
RT 579/356
MODELO DE SENTENÇA
É o relatório.
Posto isto e pelo mais do que dos autos consta julgo procedente a ação penal e
condeno MOYSES FELIPPE MOYSES, à pena de 06 (seis) anos de reclusão que deverá
ser cumprida inicialmente no regime semi aberto, por infração ao disposto no
artigo 121 caput do Código Penal.
Transitada em julgado esta decisão, lance-se o nome do réu no rol dos culpados.
Dou por publicada esta decisão no plenário do Júri de Aguaí às 21:00 hs do dia 10
de fevereiro de 2.000.
PRIC.
JUIZ DE DIREITO
74
Julio Fabrini Mirabete, op. cit., p. 632
presentes, os jurados que deixaram de comparecer, com escusas legítimas ou sem
elas, os ofícios e requerimentos apresentados e arquivados, os jurados dispensados
e as multas impostas, o sorteio dos suplentes, o adiamento da sessão, se houver
ocorrido, com a declaração do motivo; a abertura da sessão e a presença do órgão
do Ministério Público; o pregão das partes e das testemunhas, seu comparecimento
ou não, e as penas impostas as que faltarem; as testemunhas dispensadas de
depor; o recolhimento das testemunhas onde não pudessem ouvir aos debates,
nem as respostas de uma as outras; a verificação das cédulas pelo juiz; a formação
do conselho de sentença, com a indicação dos jurados sorteados e as recusas feitas
pelas partes, o compromisso, simplesmente com referência ao termo, o
interrogatório, também com simples referência ao termo, o relatório e os debates
orais, os incidentes, a divisão da causa, a publicação da sentença, na presença do
réu, a portas abertas. É o que se encontra consubstanciado no artigo 495, incisos I
usque XVII do Código de Processo Penal”.75
75
Curso de Processo Penal, Vol. 3, p. 181
O MM Juiz Presidente, cumprindo o disposto no artigo 442 do CPP, abriu a urna
contendo as cédulas com os nomes dos vinte e um jurados sorteados para esta
sessão e, verificando publicamente que ali se achavam todos, conforme termo
respectivo, mandou que se fizesse a chamada e, havendo número legal de jurados,
declarou instalada a sessão depois de Ter verificado a presença de _____(número)
jurados sorteados que são os seguintes:
Havendo número legal declarou o MM Juiz Presidente aberta a sessão e fez nova
verificação da urna para os fins e observância do disposto no artigo 447 do CPP e
anunciou que ia ser submetido a julgamento o processo em que é autora a Justiça
Pública e réu (nominar os réus) – determinando o porteiro que apregoasse as partes
e as testemunhas (se houver).
Após cumprir o disposto no artigo 457 do CPP, conforme termo nos autos, pelo MM
Juiz foi dito que ia ser procedido o sorteio para formação do conselho de sentença,
antes, porém, conforme determina o artigo 458 do CPP, fazendo as advertência aos
jurados dos entendimentos das incomunicabilidades e incompatibilidades legais por
suspeição, uma vez sorteados tudo com base no artigo 258 §§1 o. e 2o. e 462 ; 252 a
255 e ainda o artigo 461 todos do CPP.
A medida que as cédulas que iam sendo tiradas da urna, uma a uma, o MM Juiz
havia sendo sorteados os seguintes jurados na ordem que foram aceitos obedecido
o disposto no artigo 459, §2o. do CPP, passando a constituir o Conselho de
Sentença:
1-
2-
3-
4-
5-
6-
7-
Em seguida, o MM Juiz deu a palavra ao Dr. Defensor para a defesa do réu. Este
manifestou-se das ________às ________horas. Fez as saudações de estilo e pediu a
absolvição do réu alegando __________(esclarecer a tese defensiva).
Em seguida o MM Juiz suspendeu a sessão por ______minutos (se for o caso) para
descanso, lanche ou jantar, recolhendo-se com os Senhores Jurados à sala secreta
ou outra dependência do Fórum, onde permaneceram das
_________às______horas.
Retornando todos a sala pública foi reaberta a sessão com a presença das partes,
tendo o MM Juiz dado a palavra ao Dr. Promotor de Justiça para a réplica (se este
manifestou o propósito dela fazer uso). Este manifestou-se das ___às ___horas
ratificando a sua postulação anteriormente formulada (ou quaisquer outras
alegações feitas).
Em seguida o MM Juiz deu a palavra ao Dr. Defensor para a tréplica (se a acusação
fez o uso da réplica e a defesa manifestou desejo da tréplica) e dela fez uso das
____às ___horas ratificando a sua postulação anteriormente formulada (ou
quaisquer outras alegações feitas).
E de tudo, para constar, é lavrada esta ata que lida e achada conforme vai
devidamente assinada. Eu, _____________, escrevente datilografei. Eu, _______ ,
escrivão do Júri a subscrevi.
_______(Comarca), ______de__________de_______.
Escrivão do Júri
JUIZ PRESIDENTE
PROMOTOR DE JUSTIÇA
DEFENSOR DO RÉU
76
Op. cit. 807
parte. Exige a lei pátria não só a existência da nulidade, mas também prova de que
a nulidade causou prejuízo a parte.77
Não haverá a nulidade do ato, se este for praticado de forma diversa da prescrita
em lei e o objetivo for atingido. Este princípio é o da instrumentalidade. Os atos
que não tiverem sido praticados anteriormente ao ato nulo serão conservados.
Além disso, a parte que deu causa a nulidade não pode alegar a sua ocorrência,
uma vez que ninguém pode aproveitar-se de sua torpeza.
Via de regra as nulidades devem ser argüidas logo na primeira oportunidade que a
parte interessada tiver de se manifestar no processo. Pode ser argüida mediante
simples petição ao Juiz. Caso haja o indeferimento deste pedido, a parte pode se
insurgir através de recurso em sentido estrito ou ordem de habeas corpus. Após o
trânsito em julgado, a alegação de nulidade somente será possível se esta for uma
nulidade absoluta e através de habeas corpus ou de revisão criminal.
77
STJ – Processual Penal – Nulidade sem prejuízo – Inexistência (RSTJ 17/383)
sentença, esta deverá ser alegada em matéria preliminar do recurso. Já no
Tribunal do Júri a alegação de nulidade deverá ser realizada de imediato,
requerendo ao magistrado que preside o Júri Popular, que a faça constar
expressamente da ata de julgamento e após argüida como matéria preliminar do
recurso de apelação. Neste ponto, urge lembrar que a preclusão temporal é o
critério adotado pela legislação brasileira, uma vez que se a nulidade não for
argüida nestes momentos processuais, considerar-se-à sanada.
O Supremo Tribunal Federal editou diversas sumulas sobre nulidades que são as de
números 155, 156, 160, 162, 206, 351, 352, 361, 366, 431, 523, 564.
78
RSTJ 93/396-7
79
RT 469/387
80
RT 729/519
f) falta de quesitos e respectivas respostas - Como se sabe é absoluta a nulidade do
julgamento pelo júri, por falta de quesito obrigatório. 81
Além disso, também é absoluta a nulidade no procedimento do júri, quando os
quesitos da defesa não precedem aos das circunstâncias agravantes 82. Além disso, o
entendimento sumulado do Supremo Tribunal Federal consagra-se na nulidade do
julgamento ulterior do acusado com a participação de jurado que funcionou em
julgamento anterior.83
Saliente-se que anulado o julgamento do acusado, este ao ser julgado, deve ser
submetido a juízes leigos diversos do juízes que participaram anteriormente.
Já se decidiu pela nulidade do julgamento, no caso de questão da legítima defesa,
arguída em Plenário pela defesa e que não foi alvo de quesitação aos jurados.
Neste caso, o julgamento foi anulado, uma vez que foi concedido habeas corpus ao
acusado, anulando o julgamento pelo Júri.84
Finalmente o artigo 564, em seu parágrafo único a nulidade poderá ser decretada
quando houver nos julgamentos pelo Tribunal do Júri, deficiência nos quesitos ou
contradição nas respostas.
È necessário que o juiz ao elaborar o questionário ou quesitos o faça de forma
clara, de forma a propiciar aos juízes leigos o entendimento necessário para o
julgamento do delito. Nunca devemos esquecer que os jurados, no mais da vezes,
são leigos em direito.
81
Sumula 156 do Supremo Tribunal Federal.
82
Sumula 162 do Supremo Tribunal Federal.
83
Sumula 206 do Supremo Tribunal Federal
84
JTJ 201/320.
85
Sumula 523 do Supremo tribunal Federal.
Quando existe divergência entre as respostas dadas pelos jurados, em sua maioria,
deve o juiz submeter novamente o quesito a nova votação. È de bom alvitre o juiz
esclarecer os juízes de fato da ocorrência. Caso o juiz não proceda a nova votação,
no caso de respostas divergentes ocorrerá a invalidade do julgamento, uma vez que
não se obteve dos juizes de fato a resposta popular ao quesito perguntado.
a) por petição;
b) por termo nos autos;
c) por qualquer outro meio que revele intenção patente de recorrer da
sentença desfavorável, mormente quando se tratar de réu preso.
Já em relação aos efeitos do recurso de apelação, temos:
86
Revista dos Tribunais 386/292, 392/121, 404/373, 515/276, 519/331.
IV- Recolhimento do réu à cadeia (salvo se for primário e de bons
antecedentes ou por crime em que se livre solto). Vide a respeito o disposto no
artigo 594 do Código de Processo Penal.
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
O recurso em sentido estrito sobe nos próprios autos nas hipóteses seguintes:
88
Alterações do CPP em tema de recursos: “Em regra, contra as sentenças cabe apelação; contra algumas
decisões cabe recurso em sentido estrito. Aprovado o projeto referido, fica claro que contra as decisões de
mérito sempre caberá apelação. Continuam irrecorríveis (como regra) os despachos e contra as decisões
interlocutórias caberá agravo. Essa é a sistemática do Código de Processo Civil. Mas não significa que esse
sistema foi transposto pura e simplesmente para o processo penal. Serão duas as modalidades de agravo: o
retido (nos autos) e o de instrumento. Há um rol de decisões que dará ensejo a esse último (mais ou menos no
estilo do atual recurso em sentido estrito - CPP, art. 581). No mais, o recurso cabível será o agravo retido, com
efeito, apenas devolutivo. Ambos serão interpostos em primeira instância. No que tange ao agravo de
instrumento, terá efeito suspensivo nos casos em que, a critério do juiz e sendo relevante a fundamentação do
pedido, possa a decisão provocar lesão grave ou de difícil reparação. Norma de organização judiciária poderá
disciplinar órgão específico para o julgamento desses agravos de instrumento nos tribunais, incluindo-se
eventual pedido de efeito suspensivo.”(Reformas Penais XII, Recursos, Luiz Flávio Gomes, Doutor em Direito
Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP,
Diretor-Presidente do IELF - Instituto de Ensino Jurídico e Autor do curso de DP pela internet
(www.iusnet.com.br))
dois recursos: carta testemunhável e protesto por novo júri.” (Reformas Penais XII,
Recursos, Luiz Flávio Gomes, Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da
Universidade Complutense de Madri, Mestre em Direito Penal pela USP, Diretor-
Presidente do IELF - Instituto de Ensino Jurídico e Autor do curso de DP pela
internet (www.iusnet.com.br))
89
“PROTESTO POR NOVO JÚRI. PACIENTE CONDENADO EM CONCURSO MATERIAL DE CRIMES, A
UMA PENA QUE SUPLANTA VINTE ANOS DE RECLUSÃO. A pena a que se refere o artigo 607 do CPP deve
resultar de um só crime. Não se defere o protesto por novo júri caso a soma resultante do concurso material
seja igual ou superior a vinte anos de reclusão, mas decorrendo cada uma das penas de condenações inferiores
ao referido quantum. Alegação de que a hipótese configura concurso formal de infrações. Inadmissibilidade do
exame, em sede de Habeas Corpus, por implicar o reexame de provas”.(TJ-MG; HC 1.0000.05.418738-0/000;
Guaxupé; Terceira Câmara Criminal; Rel. Des. Paulo Cézar Dias; Julg. 19/04/2005; DJMG 20/05/2005)
Protesto por novo júri e concurso formal: “Consoante se observa da sentença proferida pelo juiz presidente do
tribunal do júri, nenhuma das penas, consideradas isoladamente, e igual ou superior a 20 (vinte) anos. A pena
de 43 (quarenta e três) anos e 06 (seis) meses de reclusão aplicada ao réu decorre da continuidade delitiva
entre dois crimes de homicídio qualificados, consumados, e duas tentativas de homicídios qualificados. -
Aparentemente, não seria cabível o protesto por novo júri, vez que o requisito de pena igual ou superior a 20
(vinte) anos deve ser considerado isolada e relativamente a cada um dos delitos. - Ocorre, entretanto, que se
tem admitido o protesto por novo júri quando a pena aplicada for igual ou superior a 20 (vinte) anos e decorrer
de concurso formal ou continuidade delitiva. (TJ-PR; Rec. 177857-0; Ac. 18278; Foz do Iguaçu; Segunda
Câmara Criminal; Rel. Des. Jesus Sarrão; Julg. 01/12/2005)”
Saliente-se que, nos termos do artigo 607, parágrafo único, que se a pena for majorada em grau de recurso e
suplante o prazo de vinte anos, é inadmissível o protesto por novo júri.
c) Deve ser assinalado que referido recurso abrange apenas as decisões
proferidas pelo Júri, isto quer dizer que se a pena do réu for exasperada
em grau de apelação tal recurso não será cabível.
d) Seu prazo é de cinco dias, devendo ser apresentado através de petição
endereçada ao Presidente do Tribunal do Júri.
e) Sendo indeferido o protesto por novo júri, o recurso cabível será a
apelação, tendo alguns entendido que é cabível o mandado de segurança,
pois consideram que o direito a novo júri quando a pena for superior a
vinte anos é um direito liquido e certo do condenado.
f) A fuga do acusado, ao contrário do que ocorre com o recurso de
apelação, não causa a deserção do recurso.
g) Por fim, se admitido o protesto por novo Júri e realizado o segundo júri
popular, a jurisprudência dominante tem entendimento que esta pena
não pode ser superior a primeira sob pena de se configurar a reformatio
in pejus indireta.90
90
“Não se pode admitir que no segundo julgamento, em decorrência de protesto por novo júri – favor dispensado
à liberdade – tenha resultado mais gravoso para o acusado, a quem o recurso, privativo da defesa, visa
beneficiar” (RT 575/365).
São cabíveis quando a decisão não possui redação clara, confundindo o leitor
(obscuridade). Poderá ser interposto quando a decisão permitir duas ou mais
interpretações (ambigüidade). Cabe ainda nos casos em que houver contradição –
quando existe a colisão de informações – e no caso de omissão quando algum dos
pontos afirmados pelas partes não foi alvo de apreciação judicial.
Cumpre ressaltar que os embargos de declaração não modificam qualquer
decisão judicial, uma vez que quando da prolatação da sentença, o juiz encerra a
sua atividade jurisdicional, mas apenas aclaram ou corrigem pontos incorretos no
decisium judicial.
Uma vez interpostos, os embargos de declaração suspendem o prazo para
interposição de outro recurso. Caso não haja o acolhimento da pretensão do
embargante, a matéria poderá ser novamente debatida em grau de recurso. Em
primeiro grau os embargos de declaração recebem o nome de “embarguinhos”.
A mesma disciplina se aplica nos casos de decisão de Segundo Grau que se
apresentam como lacunosas, ambíguas, contraditórias, omissas ou lacunosas. O
prazo é o mesmo de 02 (dois) dias.
DA REVISÃO CRIMINAL
Quanto aos seus efeitos podemos destacar que a decisão pode: absolver o
requerente, alterar a classificação da infração ou mesmo modificar a pena, sendo
inadmissível a reformatio in pejus.
95
A jurisprudência tem afastado a possibilidade de interposição dos embargos infringentes nos casos de
desacordo em desaforamento, habeas corpus, mandado de segurança, agravo em execução penal.
96
RT 681/369
97
STF – RT 584/469, 570/397, 581/312
98
RT 641/383
99
RT 670/272, RJTJESP 114/574, RT 670/292.
A decisão proferida em revisão criminal que vem a anular o processo, a nova
sentença que deverá ser proferida não poderá ser maior do que a que foi anulada,
sob pena de ocorrer a reformatio in pejus indireta; todavia há entendimento que a
sentença, por ser nula, não produz efeito algum e pode, destarte, a nova decisão
ser superior a que foi anulada.
Para que haja revisão criminal é conditio sine qua nom que haja uma
sentença criminal transitada em julgado, não importando que tenha ocorrido ou
não alguma das causas extintivas da punibilidade. Trata-se de recurso exclusivo da
defesa, razão pela qual não se admite a revisão criminal em favor da sociedade.
Também não é necessário o recolhimento do acusado na cadeia para ingressar com
o pedido de revisão criminal.
Um dos efeitos desse remédio legal é conceder a ordem, pois faz cessar a
coação ou o constrangimento ilegal, por ordem de Autoridade Judicial superior
àquela que a proferiu. Tem-se como necessário, no caso de habeas corpus
concedido em primeiro grau de jurisdição que o juiz recorra de ofício para o
Tribunal Superior. Trata-se, na hipótese, de recurso obrigatório ou reexame
necessário.
O referido recurso também denega a ordem. Neste caso, a Autoridade
Superior entende que não existe a coação ou constrangimento ilegal,
permanecendo a situação que deu origem ao ajuizamento do writ.
Quando este julgamento ocorrer quando da apreciação do habeas corpus, tal
fato é significativo de que a situação que deu origem ao pedido do remédio heróico
cessou ou deixou de existir.
O habeas corpus pode ser impetrado por qualquer pessoa, por se tratar de
instituto protetivo da liberdade e de garantia constitucional, sendo, inclusive,
válido o habeas corpus impetrado por menor e por pessoa jurídica em favor de seus
diretores.
DO MANDADO DE SEGURANÇA
Quando a Lei alude a direito líquido e certo, está exigindo que esse direito
se apresente com todos os requisitos para seu reconhecimento e exercício no
momento da impetração. Em última análise, direito líquido e certo deve ser
comprovado de plano.
Trata-se do comando da lei, do ordenamento jurídico que deve ser certo e
determinado e sobre o qual não deva pairar qualquer discussão. A situação de fato
deve ser provada de forma incontroversa e o direito deve ser determinado e que
não haja, sobre a sua existência, qualquer dúvida ou indagação.
Caberá o mandado de segurança quando houver ilegalidade (qualquer ato do
agente da administração deve ser revestido de legalidade, impessoalidade,
finalidade e publicidade) e não pode o agente público agir contra a lei e lesar
direito do cidadão.
Haverá abuso de poder quando o agente atua além dos limites permitidos
pela lei. Assim o mandado de segurança terá cabimento quando o ato é eivado de
ilegalidade ou abuso de poder, emanado de autoridade pública ou agente de pessoa
jurídica no exercício de função pública que lese direito do cidadão ou que seja
contrário a lei. O prazo para impetração do mandado de segurança é de 120 (cento
e vinte dias) a partir da ciência oficial do ato, cabendo pedido de liminar. Após a
Autoridade Coatora deverá prestar as informações ao Juízo no prazo de 10(dez)
dias. Da sentença proferida nos autos de mandado de segurança caberá apelação
em primeiro grau, e no caso de decisão denegatória em segundo grau, caberá
recurso ordinário constitucional.
Do Recurso Ordinário – Supremo Tribunal Federal (no art. 102, II, a): “Das
decisões que julgarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data em
única ou última instância decididas pelos Tribunais Superiores, quando a decisão
for denegatória.”
Cabe Recurso Extraordinário – (art. 102, III, a, b,c) quando se violar texto da
Constituição Federal; declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
julgar válida a lei ou ato de governo em desacordo com o mandamento
constitucional.
Do Recurso Especial (Superior Tribunal de Justiça) – CF/88 – art. 105, III, a,
b, c
Contrariar texto de lei federal ou negar-lhe vigência
Julgar válida lei ou ato de governo em desacordo com lei federal;
Dar interpretação divergente sobre lei federal que outro Tribunal julgou.
Importante:
Violação de lei federal – Superior Tribunal de Justiça
Violação de Constituição Federal – Supremo Tribunal Federal.
Esse recurso tem como objetivo a avaliação e julgamento das questões infra-
constitucionais. É dirigido ao Superior Tribunal de Justiça. Tem como requisito de
admissibilidade o pré-questionamento. Trata-se de recurso comum, podendo ser
intentado por qualquer das partes. Tem cabimento contra decisão que contraria
lei federal, julgar válida a lei ou ato de governo local em face de lei federal ou
quando der a lei interpretação diversa do que o deu anteriormente outro Tribunal
ou quando houver divergência jurisprudencial.
Seu processamento é igual ao do recurso extraordinário. Caso seja indeferido
cabe agravo de instrumento, no prazo de 05 (cinco) dias. No seu julgamento, caso
haja divergência entre os membros do Tribunal cabível é o recurso de embargos de
divergência no prazo de 15(quinze) dias.
DA CARTA TESTEMUNHÁVEL
DA CORREIÇÃO PARCIAL
100
“Progressão de regime e livramento condicional. Apenado com duas condenações por tráfico de
entorpecentes, nas quais o regime fixado foi o integralmente fechado. Impossibilidade de progressão em face da
Lei nº 8.072/90. Impossibilidade também do livramento condicional, pois reincidente específico segundo a regra
do art. 83, inc. I do CP. Negaram provimento ao agravo.” (TJ-RS; AG-Ex 70009360884; Ijuí; Primeira Câmara
Criminal; Rel. Des. Marcel Esquivel Hoppe; Julg. 08/09/2004)
101
STF, 1ª. Turma, RE 304385, RJ, Relator Ministro Ilmar Galvão, j. 22/02/2002, p. 55).
e) Suspensão Condicional da Pena – Sursis – Benefício previsto no Código
Penal. A pena é suspensa mediante o cumprimento de determinadas condições,
quando não for superior a dois anos (LEP 156).
f) Unificação de Penas – o tempo de cumprimento da pena corporal no
Brasil não pode ultrapassar trinta anos. Por esse instituto, as penas são juntadas
em um mesmo processo. Além disso, quando o agente pratica dois ou mais crimes
com as mesmas circunstâncias de lugar, tempo e modo de execução, os crimes
subseqüentes podem ser considerados juridicamente como continuidade do
primeiro. É o que prevê o artigo 71 do Código Penal, ao contemplar a figura do
crime continuado.
g) Anistia – não é exercida pelo poder jurisdicional, mas concedida pelo
Congresso Nacional por meio de Lei, pela qual o Poder Público deixa de punir
certas condutas delituosas e é de caráter geral.
h) Graça – também não é exercida pelo Poder Judiciário. Trata-se de um
perdão de caráter individual concedido a determinada pessoa pelo Presidente da
República.
i) Indulto – é um ato de caráter geral do Poder Público, um perdão
coletivo ou uma redução de pena, concedido independentemente de provocação,
em certas ocasiões, por exemplo, às vésperas do Natal.
A reabilitação criminal é um instituto processual que visa a reintegrar o
sentenciado à coletividade, depois de cumprida ou extinta a sua pena,
restabelecendo seus direitos. O instituto visa a garantir o sigilo das condenações.
A medida de segurança consiste na pena aplicada ao inimputável ou semi-
imputável. Pode ser cumprida de forma reclusiva, que é a internação em hospital
psiquiátrico, ou na forma ambulatorial, dependendo das conclusões de laudo
pericial.
As recompensas são previstas na Legislação de Execução da Pena, tendo em
vista o bom comportamento do detento ou recluso, a sua colaboração com o
trabalho e a disciplina. São recompensas dadas aos presos o elogio, as regalias e as
saídas temporárias.
A prisão domiciliar é o cumprimento de pena na residência do condenado,
quando se tratar de condenado maior de setenta anos, condenado acometido de
doença grave, condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental, ou
condenada gestante. Prevista no artigo 117 da LEP.
A permissão de saída tem cabimento para os condenados em regime fechado
ou semi-aberto e para os presos provisórios. Estes podem obter autorização para
sair do estabelecimento prisional, com escolta policial, em casos de falecimento ou
doença grave do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, ou em caso de
tratamento médico. (LEP art. 120).
A saída temporária é cabível para os condenados em regime semi-aberto,
(LEP 122), para visita à família, freqüência a curso supletivo ou profissionalizante
etc. Prazo de sete dias. Requisitos: a)comportamento adequado; b)que
cumprimento de mais de 1/6 da pena (se primário) ou ¼ (se reincidente).
A regressão de regimes (LEP ART. 118.) consiste na transferência do preso
para regime mais grave, quando pratica crime doloso ou falta grave, ou quando
sofre condenação por crime anterior, de modo que a soma das penas torne
incompatível o regime.
A execução de pena privativa de liberdade tem início com a prisão do
sentenciado, ordenando o juiz a expedição da guia de recolhimento. Formam-se os
autos de execução penal, com a elaboração do cálculo de liquidação da pena. A
execução da pena de multa deve ser realizada pela Fazenda Pública através de
execução fiscal, uma vez que a multa criminal é considera dívida de valor. Segue o
procedimento de lançamento da dívida ativa e, após, o ajuizamento de ação
executiva fiscal, com a penhora de bens do executado.
No caso de superveniência de doença mental, o condenado será internado
em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico. Se o condenado não se
recuperar, a pena considera-se extinta pelo seu cumprimento, devendo ele ser
posto em liberdade. Restabelecendo-se o condenado, volta ao efetivo cumprimento
da pena, devendo o tempo em que ficou internado ser descontado do tempo de
cumprimento da pena.
Quanto ao recurso na execução penal, a lei de execução penal prevê que,
das decisões proferidas em execução penal, cabe o recurso de agravo, sem efeito
suspensivo, nos prazos e na forma do recurso em sentido estrito (prazo de cinco
dias interposição no juízo das execuções, razões em dois dias endereçadas ao
Tribunal, presença do efeito regressivo).
REGIME DISCIPLINAR DIFERENCIADO
Não havendo proposta ou ela não aceita a denúncia feita pelo ministério
público é oral. O inquérito policial é dispensável, bastando o Termo
Circunstanciado de Ocorrência. O boletim médico supre o exame oficial.
Devidamente citado, o infrator recebe cópia da denúncia oral, e já sai ciente
da designação da Audiência de Instrução e Julgamento, em que poderá trazer as
suas testemunhas. Este requerimento de testemunhas de defesa deve ser feito no
prazo de até cinco dias da audiência de instrução, debates e julgamento e as
intimações podem ser feitas por carta com aviso de recebimento (AR) ou por meio
de mandado através de Oficial de Justiça.
Na audiência, o juiz
DA FASE PRELIMINAR
Fase Administrativa
........................................................................
Deve ser lembrado que a prática de falta grave pelo detento leva a perda dos
dias remidos (trabalhados), por força do artigo 50 a 52 da Lei de Execuções
Penais. Além disso, pode a falta grave ser considerada para fins e efeitos de
concessão, pelo Diretor do Presídio, do atestado de bom comportamento
carcerário, fazendo consignar tal fato, sendo obstáculo a concessão de
progressão de regimes ou do livramento condicional.
COMENTÁRIO: trata-se de crime próprio (uma vez que somente pode ser
praticado pelo Diretor de Presídio ou agente público). É um crime contra a
Administração da Justiça, sendo crime omissivo puro (que se perfaz com a
simples abstenção da realização do ato, independente de ocorrência do
resultado) e somente punido a título de dolo. Tem sua consumação
aperfeiçoada quando o agente público ou o Diretor do Presídio tem
conhecimento de que o detento possui o parelho celular, e diante desta
situação deixa de coibir tal comportamento. Tem pena cominada de detenção
de até um ano, permitindo a suspensão condicional do processo e tem sua
competência fixada junto ao Juizado Especial Criminal, permitindo a
transação penal. Este crime visa proteger a Administração Pública. Deve ser
consignado que este crime não admite a tentativa, uma vez que se trata de
crime omissivo puro (ou pratica o ato ou não), permitindo o concurso de
agentes. Trata-se de crime apurado mediante ação penal pública
condicionada. Trata-se de novatio legis incriminadora, razão pela qual,
somente tendo aplicabilidade aos crimes praticados posteriormente à sua
vigência, não atingindo fatos anteriores à edição da Lei.
..................................................
II - fiança.
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em
regime fechado.
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Florêncio.Comentários ao Código de Processo Penal. v. 5. Rio de
Janeiro: Forense, 1945.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Manual de Direito Penal: Parte geral. 4 ed, São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
COSTA Jr. José. Comentários ao Código Penal. v. 1, 1 a ed. São Paulo: Saraiva,
1986.
GRECO Fo., Vicente. Manual de Processo Penal. 6 ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
MIRABETE, Julio Fabrini. Código Penal Interpretado. 4 ed. São Paulo: Atlas,
1996.
MOSSIN Fo., Heráclito. Curso Completo de Processo Penal. São Paulo: Atlas,
1999.
NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Curso Completo de Processo Penal. 11 ed. São Paulo:
Saraiva, 2000.
NORONHA, Edgar de Magalhães. Direito Penal. v.I. 6 ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
PEREIRA, José Ruy Borges. Tribunal do Júri- Crimes dolosos contra a vida. 1
ed. São Paulo: Saraiva, 1993.
TELES, Ney Moura. Direito Penal. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1998.
TORNAGUI, Hélio. Curso de Processo Penal. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 1989.
VILLAS BOAS, Marco Antônio. Processo Penal Completo. São Paulo: Saraiva.
1991.