Botulismo Canino: Revisão: Elissandra Da Silveira & Sandra Márcia Tietz Marques
Botulismo Canino: Revisão: Elissandra Da Silveira & Sandra Márcia Tietz Marques
Botulismo Canino: Revisão: Elissandra Da Silveira & Sandra Márcia Tietz Marques
RESUMO. O botulismo tem como agente causal Clostridium botulinum, bacilo gram
positivo anaeróbico obrigatório, formador de endosporos, encontrado no solo e em muitos
sedimentos de água fresca. É uma afecção neuroparalítica, sendo descritas sete
neurotoxinas (A a G), sendo a C mais comumente encontrada em pequenos animais. Em
cães, o alimento geralmente está contaminado com a neurotoxina do tipo C, causando
bloqueio da acetilcolina nos receptores da junção neuromuscular, geralmente de horas a
dias após a ingestão, causando paralisia de neurônio motor inferior, com fraqueza rápida
progredindo para decúbito. O objetivo desse trabalho é uma atualização do botulismo
canino, como diagnóstico primário ou diferencial em diagnóstico neurológico, abordando
desde sua etiologia, incidência, patogenia, manifestações clínicas, tratamento e
prognóstico.
Palavras chave: Clostridium botulinum, cão, neurotoxina
Introdução
Botulismo tem por agente etiológico O botulismo animal causado pelo grupo III
Clostridium botulinum, bacilo anaeróbico, gram produz toxina tipo C e D, ou outras formas
positivo, formador de endósporos que sintetizam quiméricas C/D e D/C, com 17 isolados
neurotoxina. É uma doença neuroparalítica caracterizados e sequenciados. É considerada
causada por sete neurotoxinas (A a G). doença emergente na Europa, notadamente na
Clostridium botulinum tipo C causa a maioria dos produção avícola, na qual os genomas
surtos dos animais domésticos (Bruchim et al., identificados podem ter plasticidade e capacidade
2006; Coleman, 1998; Quinn et al., 2005). O para se adaptarem e evoluírem em novos
botulismo foi descrito pela primeira vez como ambientes (Woudstra et al., 2016).
doença clínica no século XIX. Em humanos, o
O botulismo pode surgir a partir da ingestão
botulismo é causado principalmente pelos
de toxina pré-formada, infecção da ferida ou toxi
sorotipos A, B e E, e raramente pelo sorotipo F
infecção intestinal. Todas as três formas podem
(Sobel et al., 2004).
ocorrer em humanos bem como em animais. O
Journal of the Royal Society of Medicine, 84, Quinn, P. J., Markey, B. K., Carter, M. E.,
295-298. Donnelly, W. J. & Leonard, F. C. (2005).
Microbiologia veterinária e doenças
Devers, K. G. & Nine, J. S. (2010). Autopsy
infecciosas. Artmed, Porto Alegre.
findings in botulinum toxin poisoning.
Journal of Forensic Sciences, 55, 1649-1651. Rocke, T. E., Smith, S. R. & Nashold, S. W.
(1998). Preliminary evaluation of a simple in
Doutre, M. P. (1983). Seconde observation de
vitro test for the diagnosis of type C botulism
botulisme de type D chez le chien du
in wild birds. Journal of Wildlife Diseases, 34,
Sénégal. Revue d’élevage et médecine
744-751.
vétérinaire des pays tropicaux, 36.
Rossetto, O., Megighian, A., Scorzeto, M. &
Farrow, B., Murrell, W., Revington, M., Stewart,
Montecucco, C. (2013). Botulinum neutoxins.
B. & Zuber, R. (1983). Type C botulism in
Toxicon, 67, 31-36.
young dogs. Australian Veterinary Journal,
60, 374-377. Sobel, J., Tucker, N., Sulka, A., McLaughlin, J.
& Maslanka, S. (2004). Foodborne botulism
Fernández, V. L. & Bernardini, M. (2010).
in the United States, 1990-2000. Emerging
Neurologia em cães e gatos. Editora MedVet,
Infectious Diseases journal, 10, 1606-1611.
São Paulo.
Tjalsma, E. J. (1990). 3 cases of Clostridium
Ferreira, M. C. S., & Domingues, R. M. C. P.
botulinum type C intoxication in the dog.
(2008). Clostridium. In: L. R. Trabulsi & F.
Tijdschrift voor diergeneeskunde, 115, 518-
Alterhum (eds.) Microbiologia. p 397-403.
521.
Ateneu, São Paulo.
Tortora, G. J., Funke, B. R. & Case, C. L. (2009).
Gregory, A. R., Ellis, T. M., Jubb, T. F., Nickels,
Microbiologia. Artmed Editora, Porto Alegre.
R. J. & Cousins, D. V. (1996). Use of
enzyme‐linked immunoassays for antibody to Uriarte, A., Thibaud, J.-L. & Blot, S. (2010).
types C and D botulinum toxins for Botulism in 2 urban dogs. The Canadian
investigations of botulism in cattle. Australian Veterinary Journal, 51, 1139-1142.
Veterinary Journal, 73, 55-61.
Wallace, V., &McDowell, D. M. (1986).
Johnston, S. D., Kustritz, M. V. R. & Olson, P. S. Botulism in a dog—First confirmed case in
(2001). Canine and feline theriogenology. In: New Zealand. New Zealand Veterinary
S. D. ohnston, M. V. Root Kustritz & P. N. S. Journal, 34, 149-150.
Olson (eds.) Canine and Feline
Whitlock, R. H., & Buckley, C. (1997).
Theriogenology. p 70-99. Saunders,
Botulism. The Veterinary clinics of North
Philadelphia.
America. Equine practice, 13, 107-128.
Jubb, T. F., Ellis, T. M. & Gregory. A. R. (1993).
Woudstra, C., Le, C., Souillard R., Bayon-
Diagnosis of botulism in cattle using ELISA
Auboyer, M. H., Mermoud, I., Desoutter, D.
to detect antibody to botulinum toxins.
& Fach, P. (2016). New Insights into the
Australian Veterinary Journal, 70, 226-227.
genetic diversity of Clostridium botulinum
Lamoureux, A., Pouzot‐Nevoret, C. & Escriou, Group III through extensive genome
C. (2015). A case of type B botulism in a exploration. Frontiers in Microbiology, 7,
pregnant bitch. Journal of Small Animal 757.
Practice, 56, 348-350.
Lorenz, M. D., & Kornegay, J. N. (2006). Article History:
Received 26 June, 2016
Neurologia veterinária. Manole, Barueri.
Accepted 18 July, 2016
Myllykoski, J., Lindström, M., Bekema, E., Available on line 15 Augusto, 2016
Pölönen, I. & Korkeala, H. (2011). Fur animal License information: This is an open-access article
botulism hazard due to feed. Research in distributed under the terms of the Creative Commons
Veterinary Science, 90, 412-418. Attribution License, which permits unrestricted use,
distribution, and reproduction in any medium, provided the
Nelson, R. W., & Couto, C. G. (2015). Medicina original work is properly cited.
interna de pequenos animais. Elsivier Editora,
Amsterdan.