Epistemologia em Nietzsche
Epistemologia em Nietzsche
Epistemologia em Nietzsche
Escola Politécnica
Epistemologia em Nietzsche
CURITIBA
2020
Sumário
1. Vida 3
2. Obra 4
3. Epistemologia 5
Referências 7
1. Vida
Friedrich Wilhelm Nietzsche é um filósofo, escritor e crítico alemão que exerceu
grande influência na filosofia ocidental. Nasceu em 15 de outubro de 1844, em Röcken, um
pequeno vilarejo da Prússia. Era o filho mais velho, de três, de um pastor luterano, que
faleceu quando Nietzsche ainda era criança.
Desde o seu período escolar, o filósofo já se destacava, principalmente, em estudos
religiosos, literatura alemã e estudos clássicos, tendo ainda grande admiração por música e
poesia que o levaram a escrever e compor na vida adulta.
Inspirado no pai, Nietzsche se dedicou aos estudos da Bíblia até que, aos 14 anos,
recebeu uma bolsa para estudo do clero, se formando em 1864.
Nietzsche continuou seus estudos em teologia e em filologia clássica (estudo de
textos e registros escritos), inicialmente na Universidade de Bonn, sendo, em 1865,
transferido para a Universidade de Leipzig.
Depois de concluir seus estudos universitários, em 1869, foi contratado para lecionar
filologia na Universidade da Basileia e, foi nesse período que teve contato com a obra de
Schopenhauer, cuja filosofia pessimista exerceu grande influência em suas obras iniciais,
rompendo com essas ideias posteriormente.
Em 1971, publica sua primeira obra denominada de “O Nascimento da Tragédia no
Espírito da Música”, na qual interpreta a cultura grega como um embate de impulsos
contrários - os impulsos apolíneos e os impulsos dionisíacos - que se relacionam
respectivamente aos deuses Apolo e Dionísio, representando forças relacionadas a razão e a
emoção. Esse conflito entre os impulsos permeiam fortemente suas obras, em que o autor
se auto intitulava um dionisíaco.
Nietzsche lecionou até o ano de 1879, quando decide deixar o cargo e passa a viver
sem se prender a um lugar específico, passando por diversas cidades europeias. É neste
período que a produção textual de Nietzsche se intensifica com diversas obras lançadas.
Em 1889 ele sofre uma “crise de loucura”, provavelmente causada por um tumor no
cérebro, e passa a ficar aos cuidados de sua mãe e de sua irmã até a sua morte em 1900 aos
56 anos.
2. Obra
A produção de Nietzsche se inicia com a publicação de “O Nascimento da Tragédia”
em 1871 e, em 1878 com “Humano, Demasiado Humano” enquanto ainda docente.
Foi após se demitir e durante suas constantes mudanças que o autor publicou a
maior parte de suas obras, dentre elas: “Gaia Ciência” (1882 e 1887), “Assim falou
Zaratustra” (1885), “Além do Bem e do Mal” (1886), “Genealogia da Moral” (1887). Em
1888, antes de adoecer, o autor publica “Caso Wagner”, “Crepúsculo dos ídolos”, “O
Anticristo”, “Ecce Homo” e “Nietzsche contra Wagner”.
Em 1896, 7 anos após sua morte, sua irmã autoriza a publicação póstuma da obra
“Sobre a verdade e mentira em um sentido não-moral”, que traz reflexões feitas pelo
filósofo em 1873 acerca da linguagem, Verdade e ciência.
Dentre toda a produção de Nietzsche algumas obras são destacadas no presente
trabalho, dentre elas, “Gaia Ciência” que se destaca por trazer os conceitos de Nietzsche,
através de aforismas, sobre o conhecimento, a moral, a verdade e a arte – temas
fundamentais para sua filosofia, bem como, por ser a primeira obra do autor a trazer sua
famosa frase “Deus está morto”. Além disso, em “Gaia Ciência” surge a figura de Zaratustra.
Outra obra importante do autor é “Assim falou Zaratustra”, Nietzsche volta nos
gregos e fala na ideia da criação de um super homem, que está acima do que a sociedade
propõe, sendo aquele que compreendeu todo o processo da humanidade, conseguindo
avaliar, propor e dar algo para a sociedade de forma mais equilibrada. Esse homem deve
tentar levar aos outros a essa condição.
Destaca-se também a obra “Além do Bem e do Mal” em que Nietzsche critica as
filosofias metafísicas, apresenta o conceito de vontade de poder, discorrendo sobre o
perspectivismo e outros temas importantes.
Por fim, outra obra a ser destacada no presente trabalho é “O Anticristo”, em que
Nietzsche volta a falar sobre religião, criticando principalmente o cristianismo e o budismo.
3. Epistemologia
Conforme já mencionado, em sua obra “Nascimento da Tragédia”, Nietzsche
apresenta duas forças elementares: o apolíneo e o dionisíaco. Enquanto a primeira traz
impulsos relacionados à beleza, ordem, harmonia e serenidade; a segunda se relaciona ao
êxtase, à embriaguez, sendo uma expressão da vida.
Ainda na mesma obra, Nietzsche afirma que a cultura grega apresentava um perfeito
equilíbrio entre esses dois impulsos e aponta Platão e Sócrates como os responsáveis por
acabar com esse equilíbrio, pois, com o seu racionalismo, tentavam eliminar o dionisíaco e
exaltar o apolíneo. No pensamento nietzschiano, isso marca o início do declínio da
sociedade ocidental.
Esta crítica continua em “Gaia Ciência” em que o autor analisa a busca do
conhecimento da sociedade ocidental como uma "vontade de verdade" e apresenta os
problemas do método científico, que é mecanicista e busca um fundamento ou uma
verdade última e imutável, qualificando a razão e esquecendo o corpo. Ou seja, a forma com
que se busca o conhecimento enaltece o apolíneo e tenta eliminar o dionisíaco.
Nietzsche propõe um método mais humano, que busque aumentar as perspectivas e
os valores acerca de algo, se afastando da tentativa de encontrar verdades imutáveis, sendo
essa ideia a base do seu perspectivismo. Nessa metodologia, não haveria uma repressão de
um impulso sobre o outro, mas sim uma integração, com expansão mútua das duas forças
elementares, resultando em um conflito dinâmico entre elas.
Em “Humano, Demasiado Humano” e em “Verdade e Mentira no Sentido Extra
Moral”, o filósofo expõe suas reflexões acerca da linguagem e crítica o conhecimento
científico e o que é considerado verdade.
Para o ele, a linguagem surge como uma forma de defesa, com o objetivo de
perpetuar a vida e as palavras são apenas “a transposição sonora de uma excitação
nervosa”, que não têm a necessidade de corresponder à realidade do objeto que
representam. Na filosofia nietzschiana, palavras são conceitos, abstrações, que
voluntariamente deixam de lado as individualidades das coisas para poder simplificá-las,
tornando-as relativamente estáveis e constantes, antropomorfizando o mundo e permitindo
que os humanos se tornem senhores dessas coisas, ou seja, dominem o seu sentido.
Esses conceitos, quando repetidos incontáveis vezes, levam as pessoas a acreditarem
que são verdades, criando um “sentimento de verdade”. A ciência, para o autor, se baseia
nesses conceitos frágeis, estando portanto o conhecimento científico limitado a sua própria
condição humana. Apesar desse “erro”, Nietzsche reconhece que, o objetivo primordial da
linguagem foi atendido, pois mesmo sem corresponder com a realidade, garantiu a vida e
permitiu que o homem se tornasse senhor das coisas.
Em contraponto com o conhecimento científico, Nietzsche aponta que o
conhecimento intuitivo deveria ser mais valorizado, pois está mais presente nas artes e é
aquele que ocorre no primeiro contato da pessoa com o objeto e vem antes da criação da
linguagem e da criação de conceitos, sendo portanto mais puro, possibilitando uma visão
mais artística e lúdica sobre o mundo. Para o autor, nem mesmo esse conhecimento é capaz
de captar a realidade do objeto, mas é uma forma mais pura de conhecer do que o
conhecimento científico.
Referências
PEREIRA, João Paulo Rodrigues. A intuição como condição necessária do conhecimento
abstrato, em Schopenhauer e Nietzsche. Pensamento Extemporâneo. 2010. Disponível em:
<https://pensamentoextemporaneo.com.br/?p=928>. Acesso em 28 abril 2020.
MARTINS, João Vitor Gomes; BACH, Augusto. Nietzsche e a Gaia Ciência: O prelúdio de uma
filosofia trágica. Revista Guairacá de Filosofia, Guarapuava - PR, nº 32, p.59 - 80, 2016.
SOBRINHO, Noeli Correia de Melo. Verdade e Mentira no Sentido Extramoral. Comum, Rio
de Janeiro, nº17, p. 05 - 23, 2001. Disponível em:
<http://imediata.org/asav/nietzsche_verdade_mentira.pdf>. Acesso em 29 abril 2020.