11 - Doenças Monogênicas
11 - Doenças Monogênicas
11 - Doenças Monogênicas
GENÉTICA 2016
Arlindo Ugulino Netto.
DOENÇAS MONOGÊNICAS
As doenças monogênicas ou mendelianas, determinadas pela mutação de um único gene, caracterizam-se por
um modelo típico de transmissão genética que pode classificar-se como autossômico dominante, autossômico recessivo
ou ligado ao cromossoma X.
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Síndrome de Marfan: A síndrome de Marfan, também conhecida como aracnodactilia (dedos alongados), é uma
desordem do tecido conjuntivo caracterizada por membros anormalmente longos. O gene ligado à essa sindrome é
um gene pleiotrópico dominante. A doença também afeta outras estruturas do corpo, incluindo o esqueleto, os
pulmões, os olhos, o coração e os vasos sanguíneos, mas de maneira menos óbvia. Seu nome vem de Antoine
Marfan, o pediatra francês que primeiro a descreveu, em 1896. A síndrome de Marfan é uma doença genética
associada a deficiências do tecido conjuntivo (desempenha uma função de suporte nos diversos órgãos do corpo).
Como resultado, os indivíduos com esta doença apresentam frequentemente anomalias a nível esquelético, ocular e
cardiovascular, entre outras. Muitos dos indivíduos afetados têm alterações das válvulas cardíacas e dilatação da
aorta. As complicações cardiovasculares mais importantes em termos de risco de vida são os aneurismas da aorta e
as dissecções da aorta. A prevealência é de aproximadamente 1 em 5000 indivíduos. Além desses defeitos, o
indivíduo apresenta face alongada; é mais propenso a desenvolver depressões psicológicas; hepatoesplenomegalia.
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OBS : A pleiotropia é um caso da genética que desobedece as Leis de Mendel. Nesse caso, um par de gene
condiciona o aparecimento de vários caracteres não-relacionados.
Polidactilia: A polidactilia ou polidatilia é uma anomalia de desenvolvimento que consiste em ter o indivíduo
número de quirodáctilos (dedos da mão) ou pododáctilos (dedos do pé) superior ao normal. Há uma variação muito
grande na expressão dessa característica, desde a presença de um dedo extra, completamente desenvolvido, até a
de uma simples profusão carnosa. Distinguem-se essencialmente dois tipos de polidactilia: a pós-axial (do lado
cubital da mão ou do lado peroneal do pé) e a pré-axial (do lado radial da mão ou tibial do pé). A polidactilia pós-axial
tem herança autossômica dominante com penetrância incompleta, porém alta, e é cerca de 10 vezes mais frequente
em negros do que em caucasoides. Já a polidactilia pré-axial é entidade heterogênea e compreende vários tipos de
defeitos (polidactilia do polegar, polidactilia do dedo indicador, polissindactilia, etc). A remoção cirúrgica é o único
tratamento, de simples resolução.
Doença (ou Coreia) de Huntington: é uma desordem pré-ditiva (quando o indivíduo desenvolve os sintomas da
doença, provavelmente, já teria deixado descendentes) e pré-sintomática, de base neurológica hereditária rara que
afeta até 8 pessoas a cada grupo de 100.000. Ela recebe o nome do médico George Huntington, de Ohio, que
descreveu-a precisamente em 1872. Os sintomas mais óbvios da doença são movimentos corporais anormais e falta
de coordenação, também afetando várias habilidades mentais e alguns aspectos de personalidade. Por ser uma
doença genética, atualmente não tem cura, mas os sintomas são administrados com medicações.
A doença de Huntington é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso central e provoca movimentos
involuntários dos braços, das pernas e do rosto. Também é conhecida por Dança-de-São-Vito, termo popular, e por
coreia de Huntington, pois a palavra coreia deriva do grego “dança”, que reflete os movimentos mais característicos
da doença. Estes movimentos são rápidos e gestos bruscos. É uma doença hereditária, causada por uma mutação
genética, tendo o filho(a) da pessoa afetada 50% de probabilidades de a desenvolver. Se um descendente não
herdar o gene da doença, não a desenvolverá nem a transmitirá à geração seguinte.
O DNA é constituído de substâncias químicas denominadas nucleotídios, o indivíduo possuidor dessa desordem
apresenta em seu material genético repetições anormais da sequência de nucleotídios citosina, adenosina e guanina
(CAG), responsáveis pela codificação do aminoácido glutamina, que compõe a proteína huntingtina. Na pessoa sã a
sequência CAG é encontrada com repetições entre 30 a 40 (ou seja, 30-40 glutaminas na proteína huntingtina); já
em pessoas portadoras da doença de Huntington há sempre mais de 120 repetições, tornando assim o gene
defeituoso. Embora cada célula do corpo tenha duas cópias de cada gene, é suficiente uma cópia do gene anormal
para que se tenha esta doença. Então, pode-se dizer, que o gene que condiciona a Doença de Huntington é um
gene dominante. O estudo do cromossoma 4 consentiu que se descobrisse a natureza da doença e que se
permitisse diagnosticá-la quando é ainda assintomática.
A coreia de Huntington manifesta-se por volta dos 35-40 anos. Desenvolve-se lentamente, provocando uma
degeneração progressiva do cérebro. Na fase final, as condições do paciente são tais que levam à morte. A duração
varia muito de indivíduo para indivíduo, mas geralmente é de cerca de 10-15 anos e morre como consequência de
uma pneumonia ou devido às lesões de uma queda fatal.
OBS: A Síndrome de Huntington é uma doença de precipitação, o que significa para a genética que quanto mais
jovem for a geração acometida por esse gene dominante, mais cedo os sintomas se desenvolvem, ou seja: se o avô
teve e deixou descendentes, seu filho desenvolverá sintomas mais precocemente que seu pai, e, se esse pai deixar
descendentes, o filho apresentará sintomas mais precocemente ainda que seu pai e seu avô.
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Sturge-Weber e a síndrome de von Hippel-Lindau, o conjunto de doenças conhecidas como facomatoses (ou
síndromes neurocutâneos). Está associada ao gene dominante no cromossomo 17q12. Todas são caracterizadas
por lesões neurológicas e dermatológicas. O indivíduo passa a ter um excesso de tecido conjuntivo, fazendo crescer
um grande número de nódulos moles (neurofibronas), que podem se tornar neoplásicos, macrocefalia.
Retinoblastoma: Doença autossômica dominante associada ao gene 13q14. O retinoblastoma é um tumor maligno
da retina desenvolvido a partir dos retinoblastos. É causado por uma mutação na proteína Rb. Ocorre na maior parte
dos casos em crianças pequenas e representa 3% dos tumores padecidos por menores de quinze anos. A incidência
anual estimada é de aproximadamente 4 afetadas a cada um milhão de crianças. Esta doença é diagnosticada em
crianças que apresentam manchas amareladas ou esbranquiçadas em imagens fotográficas. Essa doença está
ligada à câncer no globo ocular e geralmente, está associada a câncer de próstata, de mama e pulmão.
Síndrome de Hutchinson-Gilford: é uma progeria (do grego geras, "velhice"), ou seja, é uma doença genética da
infância extremamente rara, caracterizada por um dramático envelhecimento prematuro. Estima-se que afeta um de
cada 8 milhões de recém nascidos.A forma mais severa desta doença é a chamada síndrome de Hutchinson-Gilford
nomeada assim em honra de Jonathan Hutchinson, quem foi o primeiro em descrevê-la em 1886 e de Hastings
Gilford quem realizou diferentes estudos a respeito de seu desenvolvimento e características em 1904.
Fibrose Cística: A fibrose cística ou fibrose quística é uma doença geralmente diagnosticada na infância que
causa o funcionamento anormal das glândulas produtoras do muco, suor, saliva, lágrima e suco digestivo. É uma
doença herdada geneticamente, que afeta um em cada dois mil recém-nascidos. Na maioria das vezes, é
diagnosticada na infância, embora também possa ser diagnosticada na adolescência ou na vida adulta.
É uma doença genética autossômica (não ligada ao cromossoma x) recessiva (que são necessários para se
manifestar mutações nos 2 cromossomas do par afetado) causada por um distúrbio nas secreções de algumas
glândulas, nomeadamente as glândulas exócrinas (glândulas produtoras de muco). É um gene de etnia branca. O
cromossomo afetado é o cromossomo 7, sendo este responsável pela produção de uma proteína transmembrana
que vai regular a passagem de cloro e de sódio pelas membranas celulares. A proteína afetada é a CFTR (regulador
de condutância transmembranar de fibrose cística). E tal como a proteína, o próprio canal de cloro vai sofrer uma
mutação do qual vai resultar um transporte anormal de íons de cloro através dos ductos das células sudoríparas e da
superfície epitelial das células da mucosa. Essa proteína tem cerca de 1480 AA, e se o AA da posição 508
(fenilalanina) estiver ausente (ΔF508 deleção da fenilalanina na posição 508) a função de regulação da proteínas
está afetado.
A fibrose cística é causada por um defeito no transporte de íons e água pela membrana plásmatica das células. Com
isso, as secreções exócrinas são muito viscosas, e obstrui os ductos das glândulas (pâncreas, glândulas salivares,
glândulas sudoríparas, etc) e das vias respiratórias, principalmente dos brônquios. Esta obstrução dificulta a
passagem das secreções, o que leva a uma predisposição dos órgãos a contrair infecções locais e fibroses.
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A fibrose cística é diagnosticada pelo médico quando a pessoa apresenta doença respiratória persistente ou
evidência de insuficiência do pâncreas ou ambas, ou história familiar de fibrose cística em irmão ou primo de
primeiro grau, além da concentração de cloro no sangue acima do normal. O médico, ao suspeitar de fibrose cística,
solicita o teste do cloreto no suor. Em alguns casos, a análise genética poderá ser feita para o diagnóstico.
O tratamento é voltado para a solução dos sintomas e das deficiências causadas pela doença. O uso de enzimas
pancreáticas e modificações na dieta auxiliam na digestão. Em relação a parte respiratória, antibióticos são usados
quando ocorrem as infecções respiratórias - que são frequentes e caracterizam a doença. Os pacientes apresentam,
no início, infecções causadas pela bactéria Haemophilus influenzae. Depois, podem começar a ter infecções
respiratórias por Staphylococcus aureus e, mais adiante, por Pseudomonas aeruginosa ou por Burkholderia. Outros
microorganismos também podem causar infecção e deterioração da situação do paciente. Os broncodilatadores
também podem diminuir a falta de ar em algumas pessoas com fibrose cística.
Síndrome de Hurler (autossômica) ou Síndrome de Hunter (ligada ao X): são síndromes com nomes e bases
genéticas diferentes (uma é autossômica e outra ligada ao X), mas ambas possuem os mesmos sintomas. Os
indivíduos acometidos têm dificuldade de quebrar substâncias de cadeias longas (como glicosaminas associadas a
ceras), que passam a se acumular no cérebro, trazendo uma série de danos irreversíveis ao sistema nervoso
central. A enzima defeituosa é a laronidase. O tratamento é feito por reposição enzimática por meio da iduronato
sulfatase, de alto custo financeiro.
Ictiose congênita: pode ser uma doença tanto autossômica quanto ligada ao X (mais grave). O indivíduo apresenta
pele com projeções em forma de escamas.