Resumo Apologia Da História - Marc Bloch
Resumo Apologia Da História - Marc Bloch
Resumo Apologia Da História - Marc Bloch
Marabá - Pará
2021
YURI ALEXANDRINO BANDEIRA
Marabá - Pará
2021
Resumo de “Apologia da História ou O Ofício de Historiador” de Marc Bloch.
Para não deixar confusões e margens para interpretações errôneas, e com licença para
a pessoalidade, aqui Bloch não defende o abandono da erudição na construção do trabalho
histórico, mas reitera que é preciso que esse trabalho chegue de alguma forma aqueles que até
então eram ignorados, tanto como objeto da história, como leitores. Se não na letra do método
através de artigos, teses e dissertações - que pode parecer rebuscada e complicada para os
externos a área – na prática social, através, por exemplo, do ensino de história e de trabalhos
políticos de base.
Voltando para o discurso do método de Marc Bloch, este enxerga a história como um
trabalho poético e divertido, opinião própria do autor, ao mesmo tempo que eleva a
importância de seus métodos operacionais específicos, o que caracteriza e valoriza a história
como ciência. É através dessas minuciosas técnicas que a história se configura como ciência
humana. Seu grau de importância não está abaixo de nenhuma outra área das ciências, seja
humana ou exata.
Ainda no primeiro capítulo o autor faz uma reflexão sobre “O ídolo das origens” e
sobre “Passado e presente”. O autor defini a origem como “um começo que explica” ou pior
ainda “que basta para explicar” e ressalta que a busca por essa origem, essa glorificação do
primitivo não é viável e nem operacional pois nunca se chegará a uma origem de fato. Não
existe um ponto de partida, pois o contexto da origem de um certo elemento e cercado por
muitas outras variantes, sendo assim, essa busca pela origem um trabalho impossível. Até
mesmo por que o historiador fala do seu próprio tempo, isto é, analisa o passado estando no
presente. O que nos leva ao debate sobre passado e presente. O autor descreve o “presente”
como “(...) um ponto minúsculo e que foge incessantemente; um instante que mal nasce
morre. Mal falei, mal agi e minhas palavras e meus atos naufragam no reino de Memória” (p.
60). Para o autor esses dois elementos se relacionam de uma forma que se complementam: é
preciso conhecer o passado para compreender o presente, da mesma forma que é preciso
compreender o contexto do presente para poder analisar o passado. Nas palavras de um
querido professor: o historiador se debruça sobre o passado com os pés fincados no presente.
Ou seja, a perspectiva do historiador sempre será condicionada pelo contexto do seu tempo.
Outro problema levantado por Mar Bloch nesse capítulo é a diversidade dos
testemunhos e os obstáculos que o historiador pode encontrar na busca desses documentos.
Aqui o historiador encontra seus limites. Os documentos não surgem como um passe de
mágica ou um milagre divino para consulta do historiador. A existência desses documentos
em bibliotecas e arquivos tem intenção humana por trás. Ou seja, é carregado de interesses.
Chegar a esses documentos, o que o historiador defini como “caça aos documentos”, é uma
das tarefas mais difíceis para o historiador. Que tem sua dificuldade elevada por outros fatores
como “a negligência, que extravia os documentos; e [, mais perigosa ainda,] a paixão pelo
sigilo”, isto é, a perda e destruição de arquivos e documentos e/ou o sigilo em que instituições
“escondem ou destroem” esses documentos. Aqui encontramos, mais uma vez, o limite do
historiador. Pois é impossível pesquisar certas demandas já que os vestígios e indícios sobre
tal foram extintos ou mantidos em sigilo.
O autor encerra esse capítulo na tentativa de tecer uma lógica desse método crítico.
Sugerindo a comparação e o confronto de vários testemunhos, instigar a contradição para uma
análise crítica que se aproxime da veracidade. Nesse caso, para Marc Bloch, “Para que um
testemunho seja reconhecido como autêntico, o método, vimos isso, exige que ele apresente
uma certa similitude com os testemunhos vizinhos. Se aplicarmos, entretanto, esse preceito ao
pé da letra, o que seria da descoberta? Pois quem diz descoberta diz surpresa, e
dessemelhança. Uma ciência que se limitasse a constatar que tudo acontece sempre como se
esperava não teria uma prática proveitosa, nem divertida.” (p. 115).
O último capítulo - inacabado e sem título, mas não menos importante que os outros –
traz de cara uma crítica ao positivismo, afirmando que este “pretendeu eliminar da ciência a
ideia de causa” (p. 155), mas não obtiveram sucesso. Reforça mais uma vez que a ciência
história trabalha através dos “por quês” e suas variações, o que nos remete, mais uma vez, a
Operação Historiográfica de Michel de Certeau. Para Marc Bloch a história a partir de seus
métodos é uma eterna busca e é dessa forma que o historiador francês finaliza seus escritos
para essa obra incompleta, afirmando que “as causas, em história como em outros domínios
não postuladas. São buscadas.” (p. 159). Isto é, o historiador precisa estar encabeçado no
caminho da pesquisa, armado com os métodos e as técnicas especificas, para seguir na busca
das causas na história.
Referência
BLOCH, Marc. Apologia da História: ou ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed., 2001