Livro-Texto - Unidade I PLANO NEGÓCIOS
Livro-Texto - Unidade I PLANO NEGÓCIOS
Livro-Texto - Unidade I PLANO NEGÓCIOS
Solimar Garcia, São Paulo, mestre em Comunicação pela Universidade Paulista (UNIP). MBA em Comunicação e
Marketing pela ESPM. Pós‑graduada em Didática do ensino superior, especialista em ensino a distância. Jornalista e
publicitária pela Fundação Cásper Líbero. Professora universitária da UNIP (Instituto de Ciências Sociais e Comunicação)
e Unip Interativa (ensino a distância), empresária da área de Comunicação e Marketing.
Mais de 25 anos de experiência em comunicação, no jornalismo impresso, passando por vários veículos, entre eles
o jornal O Estado de S. Paulo, e diversas revistas especializadas. Desenvolvimento de atividades na área de comunicação
empresarial, em projetos de comunicação, informativos, jornais, revistas etc. Na função de jornalista, experiência como
assessora de imprensa, repórter, editora‑chefe, editora‑assistente, jornalista responsável e revisora. Por mais de 20
anos, atuou em diversos veículos de comunicação impressa, em vários segmentos diferentes. Empresária da área de
comunicação com atividades jornalísticas, publicações e assessoria de imprensa, de marketing e projetos culturais e
sociais, além de desenvolvimento e revisão de materiais para cursos de extensão.
Experiência de quase dez anos como docente universitária na Universidade Paulista – UNIP, entre outras, nos
cursos de Gestão Empresarial, com as disciplinas de Comunicação Empresarial e várias da área de Marketing (Marketing
Estratégico, Marketing de Eventos, Marketing Esportivo e Cultural, Mercadologia, Composto de Comunicação, Plano
de Negócios). Professora do ensino a distância na UNIP Interativa (Comunicação Empresarial e Plano de Negócios), e
orientadora de trabalhos multidisciplinares nos cursos de Gestão, presencial e a distância. Orientadora e avaliadora
de monografias da pós‑graduação do ensino a distância na UNIP Interativa. Desenvolvimento de materiais didáticos
(livros‑texto, apresentações, questionários etc.) para o ensino a distância. Dissertação de mestrado: Representações da
Sustentabilidade na Propaganda: Uma Visão do Consumidor (Universidade Paulista – UNIP, 2010). Autora do capítulo:
“Sociedade de consumo: representações da sustentabilidade na propaganda”, do livro Representações em Trânsito:
Personagens e Lugares na Cultura Midiática, organizado por Heller e Longhi (São Paulo: ed. Porto de Ideias, 2009).
CDU 658.2
U507.91 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Virgínia Bilatto
Amanda Casale
Cristina Z. Fraracio
Sumário
Plano de Negócios
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 IDEIAS E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS................................................................................................9
1.1 Ideia certa no momento errado...................................................................................................... 11
1.2 Oportunidade para atender a uma necessidade...................................................................... 11
1.3 A experiência no ramo de atividade.............................................................................................. 11
1.4 Fontes de novas ideias........................................................................................................................ 12
2 AVALIANDO OPORTUNIDADES.................................................................................................................... 16
2.1 Demanda de mercado......................................................................................................................... 17
2.2 Tamanho de mercado.......................................................................................................................... 17
2.2.1 Estrutura de mercado............................................................................................................................ 18
2.3 Análise da margem............................................................................................................................... 19
2.4 Desenvolvendo um banco de oportunidades............................................................................ 19
3 EMPREENDEDORISMO................................................................................................................................... 24
3.1 História do empreendedorismo....................................................................................................... 25
3.2 Empreendedorismo no Brasil............................................................................................................ 25
3.3 As incubadoras no Brasil.................................................................................................................... 27
3.4 Definindo empreendedorismo......................................................................................................... 30
3.5 A experiência brasileira....................................................................................................................... 30
3.6 O que é empreender?........................................................................................................................... 32
3.7 Características dos empreendedores............................................................................................. 34
3.8 Empreendedor corporativo............................................................................................................... 38
3.8.1 Tipos de empreendedores corporativos.......................................................................................... 40
3.8.2 Papéis dos empreendedores corporativos..................................................................................... 41
4 FINANCIAMENTO DE EMPRESAS................................................................................................................ 49
4.1 Formas de financiamento.................................................................................................................. 49
4.2 Linhas de crédito para pequenas e médias empresas............................................................ 54
Unidade II
5 IMPOSTOS............................................................................................................................................................ 62
5.1 Impostos federais.................................................................................................................................. 66
5.1.1 Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros (II).................................................... 66
5.1.2 Imposto sobre a Exportação de Produtos Nacionais ou Nacionalizados (IE).................. 66
5.1.3 Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR).......................................... 66
5.1.4 Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)............................................................................. 67
5.1.5 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos
ou Valores Mobiliários (IOF)............................................................................................................................ 67
5.1.6 Imposto Territorial Rural (ITR)............................................................................................................ 68
5.1.7 Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)............................................................................................ 68
5.2 Impostos estaduais............................................................................................................................... 68
5.2.1 Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação
de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)............. 69
5.2.2 Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA)................................................ 69
5.2.3 Imposto sobre Transmissões Causa Mortis e Doações de Qualquer Bem ou
Direito (ITCMD)................................................................................................................................. 69
5.3 Impostos municipais............................................................................................................................ 70
5.3.1 Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU)......................................... 70
5.3.2 Imposto sobre Transmissão Inter Vivos de Bens e Imóveis e de Direitos Reais
a Eles Relativos (ITBI)......................................................................................................................................... 70
5.3.3 Impostos sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS ou ISSQN).......................................... 71
5.4 Taxas........................................................................................................................................................... 71
5.5 Contribuições.......................................................................................................................................... 73
5.5.1 Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).................................................................................. 73
5.5.2 PIS/Pasep..................................................................................................................................................... 73
5.6 Contribuições sobre o faturamento ou sobre o lucro............................................................ 74
5.6.1 Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)...................... 74
5.6.2 PIS/Pasep..................................................................................................................................................... 74
5.6.3 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)...................................................................... 74
5.6.4 Contribuições para o Sistema S......................................................................................................... 74
5.7 Outras contribuições............................................................................................................................ 76
5.8 Contribuições de melhoria................................................................................................................ 79
5.9 Royalties.................................................................................................................................................... 79
6 TIPOS DE EMPRESA......................................................................................................................................... 89
6.1 Como abrir uma nova empresa....................................................................................................... 90
7 O PROCESSO EMPREENDEDOR.................................................................................................................. 92
7.1 Por que as empresas quebram?....................................................................................................... 93
7.2 Fatores críticos de sucesso................................................................................................................ 95
7.3 Plano de negócios e longevidade das empresas....................................................................... 96
8 COMO FAZER UM PLANO DE NEGÓCIOS................................................................................................ 98
8.1 Sumário executivo..............................................................................................................................103
8.2 Resumo da empresa...........................................................................................................................105
8.3 Produtos e serviços.............................................................................................................................106
8.4 Análise do mercado............................................................................................................................107
8.5 Estratégia................................................................................................................................................108
8.6 Planejamento de marketing............................................................................................................112
8.6.1 Principais formas de comunicação para divulgar o produto..............................................113
8.6.2 Objetivos e metas de marketing......................................................................................................116
8.7 Organização e gerência....................................................................................................................117
8.8 Planejamento financeiro..................................................................................................................118
8.9 Planejamento e desenvolvimento do projeto..........................................................................119
8.10 Cronograma e gestão de contingências..................................................................................120
8.11 Anexos....................................................................................................................................................120
APRESENTAÇÃO
Caro(a) aluno(a),
A disciplina Plano de Negócios tem como principal objetivo elaborar um plano de negócio,
considerando as ameaças e oportunidades de mercado, levando em conta as habilidades e competências
do empreendedor; detectando oportunidades de negócios locais e/ou regionais, para tornar o aluno
apto a empreender seu próprio negócio.
Para atingir esses objetivos, serão estudados, em duas unidades, os seguintes tópicos:
• oportunidades e negócios;
• perfil empreendedor;
• linhas de financiamento;
• plano de negócios;
INTRODUÇÃO
Segundo Dornelas (2007), importante autor da área de empreendedorismo, a história tem mostrado
que uma pequena parte desses mesmos aventureiros, também chamados de empreendedores, são os
7
Unidade I
grandes responsáveis pelo desenvolvimento econômico e o crescimento do país. Porém, a grande maioria
encontra uma nova decepção quando opta pelo negócio próprio e acaba conhecendo uma realidade
cruel, a qual mostra quão vil é o mercado com aqueles que não estão preparados.
As universidades preparam os alunos para os empregos formais. Raras são as que ensinam os alunos
a quererem ser patrões e chefes de si mesmos. O mundo do trabalho mudou. Ou melhor, vem mudando
há alguns anos, desde que os empregos formais, com carteira assinada, foram tornando‑se raros, a
globalização juntou todos os países do mundo numa só comunidade, e o mercado foi ficando cada vez
mais exigente.
Desde os primeiros estudos sobre empreendedorismo e novos negócios, muitos estudiosos vêm
alertando os governos sobre a necessidade de incentivar e ensinar as pessoas a serem empreendedoras
e donas do próprio negócio.
Investir nesse potencial das pessoas é uma questão de desenvolvimento para os países. Ser
empreendedor não é apenas para aqueles que abrem uma empresa e ganham muito dinheiro, fazendo
logo parte dos programas de televisão como empresários de sucesso. Ser empreendedor é também para
os pequenos, ou pequeníssimos negócios, em que uma mãe ou pai de família começa a distribuir suas
produções de sorvete, ou de blusas de lã feitas à mão etc., para a comunidade local.
As boas ideias sempre têm lugar no mercado desde que sejam pensadas para ser implementadas.
Sobre como empreender e abrir um negócio, vamos tratar a partir de agora, neste livro‑texto. Você verá
que qualquer pessoa pode abrir um negócio e ter sucesso ao empreendê‑lo, basta estar preparado e
planejar muito.
8
PLANO DE NEGÓCIOS
Unidade I
Nesta unidade, vamos falar das diferenças entre ideias e oportunidades, bem como em transformar
oportunidades em negócios. Trataremos também de conhecer a história do empreendedorismo, no
mundo e no Brasil, e as incubadoras de empresas. Conheceremos o empreendedor corporativo e a
necessidade da existência dele nas empresas atuais. Depois, trataremos das formas de financiamento
para novos negócios. Segundo os especialistas, o dinheiro para os novos empreendedores existe, o que
não existe são bons planejamentos e planos de negócios.
Para estudar plano de negócios, vamos começar por entender o que é uma oportunidade de negócio.
Boas ideias, às vezes, podem ser apenas boas ideias e não chegar a ser bons negócios, pois uma ideia,
para virar um bom negócio, precisa passar por análises iniciais feitas pelo empreendedor. A todo o
momento, temos ideias, pensamos em situações, novos empreendimentos, e pode ser que nenhum deles
chegue a ser um negócio.
Quantas vezes não pensamos em algo inusitado e dizemos: “Puxa, isso seria um excelente produto
a ser vendido”. Tenho uma pessoa na família que sempre teve boas ideias, interessantes, diferentes, uma
delas era de fazer massas de panquecas em saquinhos para serem fritas e recheadas pelo comprador.
Uma boa ideia que nunca deixou de ser apenas isso, uma boa ideia. Por quê? Porque nunca saiu do plano
das ideias, nunca foi para a ação, para o “fazer acontecer”.
Primeiro, quando temos ideias, logo pensamos também: “Ah! Isso já existe, não vai dar certo!”
Segundo Dornelas (2008), talvez um dos maiores mitos sobre novas ideias de negócios é o de que elas
devem ser únicas. Ao contrário do que muita gente pensa, uma ideia não significa uma oportunidade de
negócio. Uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro de
uma necessidade de mercado, ou seja, quando existem clientes potenciais.
Outras vezes, o empreendedor nem quer contar a ideia que teve, pensando que alguém vai roubá‑la.
Para o autor, esse é um erro imperdoável dos empreendedores de primeira viagem: “ideias revolucionárias
são raras, produtos únicos não existem e concorrentes com certeza sempre existirão” (DORNELAS,
2008, p. 37). Empreendedores que acham sua ideia ser única acabam acreditando que têm algo muito
diferenciado e acabam não falando com ninguém a respeito, pois, nesse momento, estão movidos pela
paixão e não pela razão.
É importante que a ideia seja testada junto a clientes em potencial, empreendedores mais experientes
e amigos próximos, antes que a paixão pela ideia tire sua capacidade de analisar o negócio. Por isso,
lembre‑se: uma ideia sozinha não serve para nada. A todo o momento temos novas ideias, e ainda
bem. É inerente ao ser humano a criatividade, e estamos sempre buscando soluções para problemas do
9
Unidade I
cotidiano. Para que elas virem um negócio, há que se pensar em como desenvolvê‑las, implementá‑las
e construir um negócio de sucesso com elas.
Para Dolabela (2008, p. 51), “a mesma ideia pode significar um negócio promissor para uma pessoa
enquanto para outra talvez permaneça como simples ideia”. Veja que apenas guardar segredo não é o
suficiente para transformar uma ideia em negócio. Alguns resolvem desenvolver, vão em frente, arranjam
parceiros, amigos interessados. Outros simplesmente ficam com a ideia na gaveta e nunca a tiram da
cabeça e nem do papel (quando conseguem pôr no papel).
Observação
Uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro
de uma necessidade de mercado, ou seja, quando existem clientes potenciais. Identificar o
mercado‑alvo é de fundamental importância para implementar seus projetos empresariais. Veja
que ter uma ideia isolada não serve para nada. Numa análise rápida, o empreendedor deverá ser
capaz de dizer se ela vai funcionar ou não. Ou seja, terá que saber se existem compradores para
seu produto ou serviço e se eles estão dispostos a gastar dinheiro com isso, bem como saber onde
eles estão e o que querem.
Uma excelente ideia em momento errado é a típica ideia que não irá para frente. Por exemplo,
uma ideia de novo produto num momento em que seria impossível para a empresa investir
qualquer capital em novas oportunidades. É preciso considerar o timing da ideia (momento em
que aparece). Para entender como o timing funciona, vejamos os negócios da área de informática.
Trata‑se de um setor em que os produtos se transformam muito rapidamente. Se a empresa
não for veloz no desenvolvimento de novos produtos, desde a ideia até sua implementação,
provavelmente perderá a oportunidade de explorar um novo mercado, um nicho de clientes etc.
O empresário perderá o timing. Outros mercados não fluem de forma tão rápida assim. No caso
de novos locais para turismo, a preparação do local e da infraestrutura será necessária, mas o
sucesso virá, certamente, com o boca a boca, com as pessoas que o conhecerem e que divulgarem
aos conhecidos e amigos. Nesse caso, o bom atendimento aos turistas é mais importante do que
a velocidade de implantação do negócio. Ambos os negócios possuem timing diferentes.
Lembrete
Novas ideias vão surgindo sempre, mas é preciso estar atento ao ambiente em que se vive para
aproveitá‑las. Por exemplo, como eu poderia fazer determinado produto gastando menos matéria‑prima?
Ou como poderia distribuí‑lo de forma mais eficiente e com custo menor? São pensamentos que
surgem ao observar a realidade, sempre pensando em atender a uma necessidade. Para detectar essas
oportunidades, é importante estar atento ao ambiente externo, verificando o que poderia melhorar a
vida das pessoas, reduzir custos, agilizar processos. Olhar para o ambiente externo com o espírito crítico
e capacidade de análise é a melhor maneira de estimular a criatividade para gerar oportunidades de
negócios.
Outro fato corriqueiro no ambiente empresarial é o empreendedor ter uma ideia brilhante,
mas num ramo sobre o qual ele pouco ou nada conhece. Nesse ponto, é preciso pensar sobre
a experiência profissional do empreendedor, que deve procurar criar negócios em áreas sobre
as quais conhece, em ramos de atividade que já tenha atuado profissionalmente, ou buscar
sócios que conheçam o negócio.
Infelizmente, as chances de sucesso são mínimas quando o empreendedor arrisca tudo em negócios
cuja dinâmica do mercado e a forma operacional de tocar a empresa ele desconhece.
11
Unidade I
Lembrete
Uma das mais conhecidas formas de estimular a criatividade é o método brainstorming (tradução
literal: tempestade cerebral), que estimula a geração de novas ideias em grupo. Para Dornelas (2008),
o brainstorming precisa de regras para acontecer adequadamente, ou serão apenas várias pessoas
reunidas, divertindo‑se, sem compromisso com a geração de ideias. Portanto, é preciso que se sigam
algumas regras:
1. ninguém pode criticar outras pessoas do grupo e todos são livres para exposição de ideias, mesmo
que pareçam absurdas;
2. em cada rodada, todos os participantes devem dar uma ideia a respeito do tópico em discussão e
quanto mais rodadas melhor;
3. podem‑se dar ideias baseadas nas ideias anteriores de outras pessoas. Essas combinações são
bem‑vindas e podem gerar bons resultados;
4. a atividade deve seguir sem que haja uma pessoa dominante, apenas deve ser garantido que
todos participem;
5. após a seleção natural das ideias, elas deverão passar pelo crivo do empreendedor, que fará
uma análise mais detalhada numa segunda etapa, não nesse momento. Nesse caso, o feeling do
empreendedor é muito importante.
12
PLANO DE NEGÓCIOS
Observação
O que é feeling?
Gerar ideias, portanto, é quase obrigatório para quem tem negócios e procura estar com produtos
sempre à frente do mercado e da concorrência. Se Bill Gates tivesse dado ouvidos a um empresário
que disse a ele que esse negócio de computadores pessoais era uma bobagem, que ninguém nunca iria
querer ter um em casa, certamente não seria o empresário de sucesso que se tornou quando pensou em
fazer computadores compactos para as pessoas terem em seus lares.
Manter a cabeça aberta e “antenada” ao que ocorre no ambiente é uma das formas de gerar ideias
interessantes, e que podem transformar‑se em bons negócios. Outras propostas apresentadas por
Dornelas (2008):
• Novos nichos de mercado podem ser detectados em conversas com todo tipo de pessoas, de
diferentes níveis sociais e idade variada. Vale ouvir desde os adolescentes aos mais velhos e
experientes, sobre os mais variados temas. Quem havia pensado que os idosos teriam a importância
que têm adquirido no mercado, com produtos específicos feitos para eles, como viagens, produtos
para cuidados pessoais e conforto da saúde?
• Atenção especial deve ser dedicada à maneira como vivem as pessoas. Elas estão comendo
os mesmos alimentos? Vestindo as mesmas roupas? Conhecer as tendências para os diversos
13
Unidade I
• A partir de empregos anteriores também pode‑se ter boas ideias para novos negócios. Muitos
novos negócios são iniciados enquanto algum empreendedor ainda era empregado de outros, e
começa prestando serviços ou fornecendo algum componente para o antigo patrão.
Enfim, o empreendedor deve ser observador e estar sempre atento a tudo e a todos, sem se preocupar
em ter uma nova ideia, nem se ela seria uma boa oportunidade. Isso fica para uma segunda etapa, após
a seleção natural das ideias, baseada no feeling do empreendedor e no quanto ele se identificou com
cada uma. Nessa segunda fase, alguns critérios mais racionais de negócio devem ser utilizados, como
você verá a seguir.
Observação
Ideias nas empresas podem ser de dois tipos, segundo Dolabela (2000):
Ter novas ideias para incrementar os negócios é uma exigência para quem está no mercado. É
o que diria o fabricante de máquinas de escrever ou de fax, produtos que ficaram obsoletos com o
avanço tecnológico da informática e das telecomunicações. O fracasso da empresa acontece se o
empreendedor:
• praticamente não se comunicar com as pessoas da empresa e fora dela, como sócios, colaboradores
e clientes;
Buscar novas ideias então é uma necessidade constante e de sobrevivência empresarial. Além
disso, vários são os fatores que levam uma empresa a essa busca, dentre os quais se destacam os
seguintes:
• Necessidade de crescimento: a empresa quer ser maior, reconhecida, conhecida pelo público.
• Existência de gaps (espaços, lacunas não preenchidas) no mercado: a empresa detecta uma
oportunidade de atender um público que não está sendo atendido, ou fabricar um produto
inovador etc.
• Necessidade de conquistar novos clientes por meio de novos produtos: a empresa quer conquistar
novas fatias de clientes com produtos diferentes do atual portfólio.
— revisão de processos e formas de se fazer as coisas na empresa, seja na estrutura formal e/ou
informal;
— incentivo ao aprendizado.
• Ter as pessoas certas no lugar certo significa que é preciso haver pelo menos dois tipos de
empreendedores na empresa:
Sem esses dois elementos, fica difícil levar as ideias a novas oportunidades, pois o criativo ficará
no campo das ideias, e o executivo fica na dependência do criativo para implementar o que precisa ser
criado.
2 AVALIANDO OPORTUNIDADES
Como vimos, as ideias surgem a todo o momento e nem todas se transformarão em bons negócios.
É preciso uma primeira e rápida avaliação, uma breve análise para descobrir se se trata de uma boa
oportunidade de negócio ou se deve ficar apenas no campo das boas ideias mesmo. Uma grande ideia
pode revolucionar o ambiente de negócios. É preciso então avaliar se uma ideia tem suporte para ser um
bom negócio. Para entender isso e avaliar uma ideia, pergunte a si próprio, a seus colegas de trabalho
e a seus superiores, o seguinte:
• Quais empresas atendem a esses clientes atualmente? Quem são seus concorrentes?
Veja que é preciso fazer pesquisas iniciais para responder a essas perguntas. No caso de
algumas delas, não é possível saber nem arriscar uma resposta ao acaso, pois da resposta
depende “o transformar uma ideia em negócio”. Se não souber que tamanho tem esse mercado,
será que vale a pena correr o risco? Caso essas perguntas básicas iniciais sejam respondidas
com dados concretos, trata‑se de uma oportunidade de negócio, e não apenas de uma ideia.
Assim, deve‑se analisá‑la melhor. Existem muitas formas para se avaliar a oportunidade de
negócio. A proposta de Dornelas (2008) é avaliar as oportunidades para novos negócios a
partir da análise de 3Ms.
16
PLANO DE NEGÓCIOS
Observação
• demanda de mercado;
• análise da margem.
Para avaliar uma oportunidade e saber se ela tem chances de virar um bom negócio é preciso saber
se o mercado procura por esse produto ou serviço. Nesse ponto, é importante encontrar informações
precisas sobre os seguintes itens:
• Qual é o público‑alvo? Que tipo de pessoa comprará esse produto? Como são essas pessoas? O
que pensam? Como compram? Como agem?
• Os clientes estão acessíveis (canais)? Por quais canais de distribuição é possível encontrar esses
clientes?
• O potencial de crescimento é alto (maior que 10%, 15%, 20% anual)? Como cresce esse mercado?
Tem potencial alto de crescimento ou trata‑se de um mercado estagnado que não cresce nada ou
muito pouco?
• O custo de captação do cliente é recuperável no curto prazo (maior que 1 ano)? Os investimentos
exigidos para essa implantação serão recuperados rapidamente?
Para se identificar o tamanho do mercado ao qual será inserido seu negócio, há que se atentar aos
seguintes itens:
17
Unidade I
• O mercado está crescendo, é emergente? É fragmentado? Que números temos sobre esse
mercado? Cresce o número de pessoas desse público‑alvo? Estão em ascendência ou declinante?
Por exemplo: o país está envelhecendo e a população idosa está crescendo, um mercado em
crescimento, portanto.
• Existem barreiras que dificultem a entrada no novo negócio? Existem excessivos custos para sair
do negócio? Você tem estratégias para transpor essas barreiras? Abrir um negócio em que barreiras
muito grandes são impostas é uma dificuldade, pois geralmente os investimentos podem superar
a possibilidade de ganho num primeiro momento.
• Em que estágio do ciclo de vida está o produto (risco depende também do ciclo de vida e
maturidade do produto)? É um produto maduro? Em crescimento? Declínio? Conforme o ponto
do ciclo de vida, os investimentos devem ser diferentes quanto ao lançamento.
• E o setor, como está estruturado? Como se configura esse segmento de mercado? Muitos players?
Como se movimentam? Quem é o líder de mercado?
• Sobre o poder dos fornecedores, qual o poder de negociação deles? São produtos diferenciados
que se concentram em poucos fornecedores?
• Pensando no poder dos compradores, qual o seu poder de negociação? Eles são concentrados?
Poucos compradores compram muitos produtos? Ou pulverizados, muitos compradores para
poucos produtos?
• E o poder dos substitutos? Há produtos substitutos? (Hoje todos os produtos são considerados
concorrentes, pois, para optar por determinado produto, o consumidor deixou de comprar outro,
então, a concorrência não se faz apenas com artigos similares. No final das contas, concorre‑se
pelos reais do consumidor).
18
PLANO DE NEGÓCIOS
• Como a indústria está segmentada? Quais são as tendências? Que eventos influenciam os cenários
etc.? Como entender esse mercado? Que tendências estão previstas para o futuro? Em dois anos,
como estará esse mercado? E em cinco anos? O que pode influenciar esses cenários?
Para se efetuar uma análise propícia da margem, é importante focar nas seguintes propostas:
• Determine as forças do negócio. Deve‑se pensar quais as competências essenciais para o sucesso
do negócio. O que é imprescindível para dar certo?
• Identifique as possibilidades de lucros (margem bruta > 20%, 30%, 40%?). Quais porcentagens de
lucro tornariam o negócio interessante para você? De quanto realmente poderia ser essa margem?
• Analise os custos (necessidades de capital), breakeven (ponto de equilíbrio), retornos etc. Toda a
parte financeira deve ser pensada nesse momento.
Fazer essas análises iniciais é muito importante para transformar uma ideia em oportunidade. Senão,
ela não deixará de ser mais uma boa ideia desperdiçada. É preciso transformar as ideias em oportunidades
de bons negócios, analisando o mercado em que ela poderia existir.
Se a empresa optou por ser criativa, estimular as ideias e inovar, é preciso que tais ideias não sejam
desperdiçadas. É interessante criar, para isso, um banco de oportunidades que foram analisadas, e
estejam prontas para serem implementadas. As principais sugestões para se organizar esses dados são
(DORNELAS, 2008):
• promover reuniões periódicas, workshops, eventos etc., com equipes complementares visando à
geração de ideias;
• criar um fundo de capital de risco interno da organização promovendo recursos para testar ideias
e analisar a viabilidade de sua implantação (a ideia pode ser uma oportunidade?);
• promover eventos internos para avaliação das oportunidades (competições de planos de negócios,
concurso de elevator speech e premiação das melhores ideias).
Exemplos de empresas que utilizam banco de oportunidades: Procter & Gamble, Intel, 3M, entre
outras.
Lembrete
• tem mercado;
• há como promovê‑la;
• há como distribuí‑la;
Nem sempre boas ideias que se transformaram em oportunidades viram sucesso de negócio.
Exemplo: no Japão, foi desenvolvida uma lata de refrigerante que tem um espiral interno com gás,
e quando a lata é aberta o líquido gela automaticamente. Ao contrário do que muitos pensam, esse
produto não é campeão de vendas. Isso acontece porque o custo do produto ainda é muito alto
(SALIM, 2003).
Talvez você já tenha visto o termo elevator pitch, ou elevator speech, em textos
ou websites em inglês sobre empreendedorismo, mas sabe o que significa? Elevator,
obviamente significa elevador, e pitch quer dizer abordagem de vendas. Dessa forma,
obtemos “abordagem de vendas no elevador”.
O elevador representa o tempo que você tem para fazer a abordagem (um minuto,
a média que você fica dentro do elevador). Portanto, trata‑se da abordagem de vendas
que você consegue fazer de seu negócio em 1 minuto. Normalmente, isso não se aplica a
20
PLANO DE NEGÓCIOS
produtos e serviços para um cliente, e sim à venda de uma ideia ou negócio para outro
interessado (por exemplo, um investidor).
Qual é a importância disso? Acontece que, muitas vezes, um minuto é tudo que você
tem para ganhar o interesse de uma pessoa. Você pode ser apresentado a um investidor,
mas não conseguirá agendar uma reunião com ele a menos que naquele instante desperte
seu interesse.
• Cuidado com o tempo: se seu texto é muito longo, ou você “sai do roteiro” para entrar
em detalhes, poderá ser interrompido e sua ideia não ficará completa. O texto deve ser
simples e objetivo.
• Treine, treine, treine: escreva sua abordagem, decore‑a, e faça o discurso para
amigos, familiares e outras pessoas de confiança. Eles lhe ajudarão a identificar erros no
raciocínio e você se acostumará com o texto.
• Crie frases chamativas, com cuidado: dizer “nosso serviço vai mudar a forma das
pessoas se comunicarem” pode ser interessante caso sua ideia realmente seja inovadora,
mas dizer “vamos tirar as operadoras de telecomunicações do mercado” mostra falta de
seriedade.
21
Unidade I
Michael Michalko (autor do livro Thinkertoys, ainda sem tradução no Brasil), diz que
existem 16 maneiras de estimular a criatividade numa empresa – veja qual delas pode ser
aplicada à sua realidade (seja criativo!):
3. Promova uma loteria de ideias: dê um cartão numerado para cada pessoa que tiver
uma ideia criativa. No final do mês, compartilhe todas as ideias com sua equipe. Faça um
sorteio e dê um prêmio para quem tiver o cartão premiado.
22
PLANO DE NEGÓCIOS
5. Inspire por meio de ícones: peça às pessoas para colocarem em suas mesas objetos
que representem sua própria interpretação pessoal do que é a criatividade no trabalho.
Por exemplo, uma bola de cristal para representar o planejamento do futuro, pilhas ou
baterias novas para simbolizar energia criadora etc.
8. Organize a semana das ideias estúpidas: faça com que ter ideias seja divertido.
Organize uma ‘semana das ideias estúpidas’ e promova um concurso. Coloque as ideias
em algum lugar visível e depois faça uma votação e premie a ideia mais estúpida
apresentada. Todos vão se divertir e, no processo, você vai descobrir que algumas ideias
não eram tão estúpidas assim.
10. Crie o clube dos campeões: pegue um corredor da sua empresa e transforme uma
de suas paredes no ‘clube dos campeões’. Coloque fotos das pessoas cujas ideias tenham
sido implantadas, junto com um parágrafo descrevendo a ideia e os benefícios que ela
trouxe para a empresa.
12. Proponha cotas de ideias: garanta a criatividade dando a cada funcionário uma cota
semanal (por exemplo, uma ideia por semana). Thomas Edison usava esse sistema. Sua
cota pessoal era uma invenção pequena a cada 10 dias e uma grande invenção a cada 6
meses.
23
Unidade I
13. Exija ingressos criativos: faça com que seja necessário trazer uma nova ideia para
poder participar de qualquer reunião. A ideia deveria focalizar algum aspecto de seu
trabalho diário, e como isso pode ser melhorado.
14. Mude de ‘Sim, mas...’ para ‘Sim, e...’: alguém oferece uma ideia durante alguma
reunião, e as pessoas já começam a dizer ‘sim, mas...’. Para mudar essa mentalidade,
quando alguém disser ‘sim, mas...’, peça à pessoa que troque essa frase por ‘sim, e...’,
continuando de onde a pessoa que deu a sugestão havia parado.
15. Peça sempre três soluções: funcionários não deveriam perder tempo pensando sobre
como uma coisa não vai funcionar ou não pode ser feita. Ao invés disso, deveriam
pensar sobre como fazer alguma coisa funcionar, e então agir. Exemplo: peça aos seus
funcionários uma lista de três objetivos ou tarefas que eles acham que não podem ser
feitos. Depois, peça que criem três soluções para cada um desses problemas. Depois, não
seja preguiçoso: faça você mesmo a sua lista ‘impossível’ – e resolva‑a!
16. Procure por ajuda externa: Jonas Salk, o doutor que desenvolveu a vacina que erradicou
a poliomielite, regularmente convidava homens e mulheres das mais diversas formações para
participarem de suas sessões em grupo. Ele sentia que isso o ajudava a desenvolver ideias que
normalmente não surgiriam se o grupo fosse muito homogêneo e parecido. Estratégia: convide
pessoas de outros setores da sua empresa para as sessões de brainstorming, e pergunte‑lhes
como elas resolveriam o seu problema (isso também pode ser feito com clientes).
Lembre‑se: toda ideia, de certa forma, é uma contribuição. Agradeça a todos que
participarem com sugestões, mesmo que essas não sejam implementadas. Afinal, essas
pessoas poderiam muito bem ter ficado quietas no seu canto. Ao dar uma ideia ou sugestão,
as pessoas estão de certa maneira se expondo, o que nem sempre é agradável. Ao agradecer a
todos que participarem, você estará estimulando um ambiente mais criativo e descontraído,
ao mesmo tempo em que sinaliza a todos que está aberto para contribuições e novas ideias.
Por isso, premie as melhores ideias, e agradeça as outras. É a melhor maneira de garantir um
fluxo constante de energia criativa na sua equipe.
Raúl Candeloro é editor da revista VendaMais, autor dos livros Venda Mais e Negócio
Fechado e responsável pelo site VendaMais.
No mundo das novas ideias e oportunidades, bem como de sua implantação, devemos lembrar que
elas não vão adiante se não existir quem acredite nelas. Pessoas que acreditam em suas ideias e vão em
frente, mesmo em cenários adversos ou quando todos acreditam que seja impossível dar certo, são as
que fazem a diferença. São os empreendedores. Por isso, outro conceito importante a ser compreendido
é o de empreendedorismo. Dolabela (2000) propõe um panorama do empreendedorismo no mundo e no
Brasil, a partir do qual nos baseamos para relatar a história a seguir.
24
PLANO DE NEGÓCIOS
Tudo começou com foco nas pequenas empresas e não em empreendedorismo. Em 1947, a Harvard
Business School criou um curso sobre gerenciamento de pequenas empresas. Em 1953, Peter Drucker
montou um curso de empreendedorismo e inovação na New York University. Esses foram os passos
pioneiros, mas ainda demoraria até que o assunto entrasse na pauta das universidades e do mundo
em geral. Em 1948, na Suíça, a Universidade de St. Gallen promoveu a primeira conferência sobre a
pequena empresa e seus problemas. Em 1956, surge o International Council for Small Business (ICSB),
a maior associação voltada para a pesquisa de empreendedorismo, na University of Colorado, sobre
desenvolvimento de pequenos negócios.
O primeiro congresso internacional foi realizado em 1973, em Toronto, Canadá. Em 1978, foi
instituído o primeiro prêmio para empreendedores de classe mundial, patrocinado pelo Babson College,
Boston, o Academy Distinnguished Entrepreneur. Ele deu origem a outros como Entrepreneur of the
Year Award, da Ernst & Young, que também tem uma versão brasileira atualmente.
O autor destaca que as publicações científicas da área de empreendedorismo também são recentes:
o Journal of Small Business Management, órgão oficial do ICSB, que teve seu início em 1963.
Em 1981, já como tradicional pesquisador do assunto, o Babson College, por meio dos
pesquisadores Karl Vésper e Jack Hornaday, criou um dos mais importantes congressos acadêmicos
em empreendedorismo. À época, havia a preocupação de não haver trabalhos suficientes sobre o
tema para justificar um congresso, mas isso não se concretizou e consolidou o local como centro de
excelência na área. Outra contribuição foi a criação do Price‑Babson Fellows, que levou para o campus
empreendedores experientes que gostariam de lecionar na área. Segundo Timmons (1994, apud
DOLABELA, 2000) há uma revolução silenciosa, que será para o século XXI mais do que a Revolução
Industrial foi para o século XX.
O que se observa é que o empreendedorismo vai além de uma solução para o problema do
desemprego. Apesar dos riscos que apresenta e em épocas de pleno emprego, os jovens buscam
realizar seus sonhos por meio do negócio próprio. Segundo Dolabela (2000), eles perceberam que o
desenvolvimento das habilidades empreendedoras os coloca em melhores condições para engrenar
em um mundo em constante mudança e oferece vantagens também àqueles que preferem disputar
a corrida do emprego.
No Brasil, tiveram início os estudos sobre o empreendedorismo bem mais tarde, e os resultados
já indicam a “revolução silenciosa” por aqui também. O primeiro curso de que se tem notícia na área
25
Unidade I
surgiu em 1981, na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, por iniciativa do
professor Ronald Degen, e era chamado de Novos Negócios. Era uma disciplina do curso de especialização
e, em 1984, foi estendida para a graduação, com o nome de Criação de Novos Negócios – Formação
de Empreendedores. Em 2004, foi criado na FGV‑SP o Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios
(CENN), com importante atuação na área acadêmica. Em 1984, o professor Newton Braga Rosa, do
Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instalou a
disciplina Ensino de Criação de Empresas, no curso de Ciência da Computação.
A Universidade de São Paulo (USP) começou a ensinar empreendedorismo em 1984, quando o professor
Silvio Aparecido dos Santos introduziu a disciplina Criação de Empresas no curso de Administração,
da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA). Na pós‑graduação de Administração,
em 1985, também na FEA, foi oferecida a disciplina Criação de Empresas e Empreendimentos de Base
Tecnológica.
Em 1992, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) criou a Escola de Novos Empreendedores
(ENE), que tem projetos conjuntos com outras universidades e organismos internacionais. No mesmo
ano, a Universidade Federal de Pernambuco criou o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do
Recife (Cesar), por meio do Departamento de Informática e com o objetivo de aplicar o conhecimento
acadêmico à indústria. Essa experiência foi importante para a concepção do projeto Softex‑Gênesis,
que, na Universidade Federal de Alagoas, em 1993, concebeu um curso de Administração de Empresas
com Ênfase em Empreendedorismo. Em 1994, a mesma universidade instaurou o mestrado direcionado
ao empreendedorismo também. Em 1995, foi a vez da Escola Federal de Engenharia de Itajubá, em
Minas Gerais, implantar o Centro Empresarial de Formação Empreendedora de Itajubá (Cefei).
No início dos anos 1990, o Sebrae‑MG apoiou a criação do Grupo de Estudos da Pequena Empresa
(Gepe) no Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Minas Gerais. O Gepe
destacou‑se pelos workshops, apresentados entre 1992 e 1994 por professores canadenses liderados
por Louis Jacques Filion, que se tornaram núcleos de propagação do empreendedorismo. “A teoria
desenvolvida por Filion, baseada em pesquisas feitas com 51 empreendedores em vários países, constitui
o fundamento da metodologia de ensino utilizada hoje no Brasil” (DOLABELA, 2000, p. 40).
Em 1996, o programa Softex implanta dois projetos, o Gênesis de incubação universitária, e o Softstart,
na área de ensino de empreendedorismo. A partir de 1998, a metodologia implantada alcançou o país
inteiro, num esforço do Sebrae Nacional.
26
PLANO DE NEGÓCIOS
Saiba mais
Segundo o Sebrae, uma incubadora de empresas serve para estimular a criação e o desenvolvimento
de micro e pequenas empresas, sejam elas industriais, de prestação de serviços, de base tecnológica
ou de manufaturas leves. Ela apresenta condições para oferecer suporte técnico, gerencial e formação
complementar ao empreendedor, para facilitar e tornar mais rápido o processo de inovação tecnológica
nessas empresas. Geralmente, dispõe até mesmo de espaço físico para a instalação temporária dessas
empresas, oferecendo cursos de capacitação gerencial, assessorias, consultorias, orientação na
elaboração de projetos a instituições de fomento, serviços administrativos, acesso a informações etc.
As empresas que passam pelo processo de incubação têm a taxa de mortalidade reduzida de 70%
para 20%, detectada entre empresas nascidas fora da incubadora. Segundo o Sebrae, o processo de
incubação é um dos mais eficazes mecanismos de formação de empresas sólidas e ganha força por
meio de programas de apoio e estímulo. Elas são uma forma de estimular a criação e o desenvolvimento
de pequenas empresas. O índice de mortalidade entre as empresas de tecnologia incubadas é de
aproximadamente 20%, já nas pequenas empresas em geral, esse índice sobe para 50% nos primeiros
dois anos de atividade. O objetivo das incubadoras é dar suporte estratégico aos pequenos negócios
em seus primeiros anos de vida. Cada incubadora possui suas próprias características, como processo
seletivo para candidatos, taxa de manutenção, serviços e consultorias oferecidas.
27
Unidade I
28
PLANO DE NEGÓCIOS
Saiba mais
A pesquisa GEM 2009 faz o retrato do empreendedorismo brasileiro e identifica os seus pontos fortes
e fracos, no Brasil e em outros países. Um dos destaques da pesquisa GEM 2009 foi o crescimento do
empreendedorismo no País. O número de negócios com até três meses de atividade cresceu 97% em
relação a 2008, quando 2,93% da população adulta tocavam empreendimentos. Em 2009, esse número
saltou para 5,78%. Ao longo dos dez anos de pesquisa GEM, o Brasil apresentou média de 13% de sua
população economicamente ativa empreendendo, taxa que subiu para 15% em 2009.
A pesquisa mostra ainda que a maior parte dos negócios está nas mãos dos jovens: 52,5% dos
empreendedores têm entre 18 e 34 anos.
Entre outros fatores, a edição de 1999 analisa os impactos do auge da crise mundial em 2009. Uma
das consequências é a queda no índice de empreendedores por oportunidade (os que têm vocação ou
enxergam nichos de mercado). Na pesquisa anterior, para cada dois empreendedores por oportunidade,
havia um por necessidade. Hoje, a razão é de 1,6 para 1.
De acordo com o estudo, os pequenos negócios são responsáveis pela maior parte dos empregos
gerados no Brasil: dos 24,9 milhões de trabalhadores com carteira assinada, 13,1 milhões estão em
MPEs. Desses, 64,9%, estão no interior1.
1
Vale conhecer o resumo da pesquisa GEM 2009, disponível em: <http://www.gembrasil.org.br>. Acesso em: 10
out. 2010.
29
Unidade I
Saiba mais
Podemos definir empreendedorismo como o conjunto de atitudes criativas e inovadoras que priorizam
valores, como geração e distribuição de riquezas, autossustentação e o desenvolvimento econômico e
social (DORNELAS, 2008).
Ambas as definições levam em conta a questão social, diferentemente do que pode dar a impressão,
pois quem trabalha em negócio próprio pode parecer alguém que almeja apenas seu desenvolvimento
próprio. Vejamos o contexto do boom empreendedor no mundo.
Em 1990, os EUA explodiram em novos negócios, após desfrutarem de oito anos de crescimento
econômico, o período mais longo de crescimento contínuo no século XX. Houve nessa época também o
boom da internet, em que pequenos negócios e pequenos empreendedores geraram a famosa bolha da
internet. Negócios que simplesmente não tinham existência na vida real, mas apenas no mundo virtual,
eram mais valiosos do que grandes empresas reais. Isso proporcionou ganhos vultosos nas bolsas de
Nova York e Nasdaq e gerou uma quantidade enorme de novos jovens milionários.
Nessa mesma época, começa uma série de reformas patrocinadas pelo governo que culminariam
na melhoria do País, com ajustes na economia e o controle da inflação. Assim, o Brasil ganha
estabilidade, planejamento e respeito, e a economia volta a crescer. Só no ano 2000 surge um
30
PLANO DE NEGÓCIOS
Dolabela propõe o empreendedor como alguém que define por si mesmo o que vai fazer e em que
contexto será feito. Ao delimitar o que vai fazer, ele leva em conta seus sonhos, desejos, preferências,
o estilo de vida que quer ter. Dessa forma, consegue dedicar‑se intensamente, já que seu trabalho se
confunde com o prazer.
Peter Drucker (1987) explica que são empreendedores aqueles que criam algo novo, algo diferente;
eles mudam ou transformam valores. O espírito empreendedor é uma característica distinta, seja de um
indivíduo ou de uma instituição. Não é um traço de personalidade, mas sim um comportamento, e suas
bases são o conceito e a teoria, e não a intuição.
Observação
Filion (apud DOLABELA, 2000) diz que empreendedor é uma pessoa que
imagina, desenvolve e realiza visões.
• surgem projetos como Softex (Genesis), Empretec (Sebrae), Brasil Empreendedor, Projeto Reune
(CNI/IEL);
• aumentam entidades de apoio (Sebrae, Endeavor, Instituto Empreendedor do Ano da Ernst &
Young etc.);
• crescem as franquias.
31
Unidade I
Observação
Segundo as diversas definições, e a partir do que foi explicado até aqui sobre novos negócios e
empreendedorismo, percebe‑se que, para entendermos o que é um empreendedor, não basta defini‑lo
como alguém que abre ou compra um negócio próprio. É preciso identificar novas oportunidades,
melhorando e/ou modificando conceitos/produtos e concepções. Nota‑se também que, nos diversos
conceitos de empreendedorismo, destacam‑se a inovação, a busca de oportunidades, a mudança e a
iniciativa. São, portanto, esses conceitos que nortearão o desenvolvimento do trabalho empreendedor.
Lembrete
Mas o que têm de diferente as pessoas que empreendem? Essas pessoas possuem características
especiais que fazem com que elas sejam persistentes, otimistas e animadas com suas ideias, na visão de
Dornelas (2008). Em qualquer definição de empreendedorismo, encontram‑se, pelo menos, os seguintes
aspectos referentes ao empreendedor:
• uso dos recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive;
Por essas razões, quando se pensa em um empreendedor, não se deve aliá‑lo apenas ao novo
negócio, ou ao criativo, ou ao sonhador. Empreendedores não pensam só em si e extrapolam o ganho
para toda a sociedade. Eles pensam em fazer a diferença para o mundo e para o mundo em que vivem.
32
PLANO DE NEGÓCIOS
Pesquisa brasileira
Segundo uma pesquisa de José Dornelas e Caio Cezar, um estudo qualitativo com 399
entrevistas de empreendedores de sucesso, trabalho apresentado em 2006 no XVI Seminário
Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadora de Empresas, sobre empreendedores no
Brasil, identificar o perfil do brasileiro de sucesso não é algo simples.
Hoje, o Brasil é considerado o sétimo país mais empreendedor do mundo, com 20 milhões
de pessoas que têm o seu próprio negócio ou planejam tê‑lo em breve, segundo dados
do GEM (Monitor Global de Empreendedorismo, na sigla em inglês). No entanto, segundo
dados do Sebrae, 59% das pequenas e médias empresas quebram nos dois primeiros anos.
Mais do que isso, no Brasil, ainda se empreende por necessidade, e não pela identificação
da oportunidade.
Características pessoais
Quadro 2
• são visionários;
• são dedicados;
34
PLANO DE NEGÓCIOS
• são organizados;
• possuem conhecimento;
Se esses empreendedores têm tantas características específicas e especiais, seria muito fácil
para as pessoas achá‑los “iluminados”, “diferenciados”, ou com algo de muito esquisito para
fazer um negócio dar certo. Na verdade, Dornelas (2007) explica que a maioria do que se pensa
sobre empreendedores são mitos, pensamentos arraigados que não fazem o menor sentido.
Segundo ele, as pessoas acreditam que o empreendedor é uma pessoa diferenciada, que nasce
para o sucesso, que assume altos riscos e é muito solitário. Ele explica a realidade de cada um
desses mitos:
— Realidade: embora empreendedores nasçam com certa inteligência, vontade de criar e energia,
sua formação depende da acumulação de habilidades relevantes, experiência, contatos.
— Realidade: pode. Sobreviver e florescer “é que são elas”. Empreendedores que entendem a
diferença entre uma ideia e uma oportunidade e “pensam grande” têm mais chances de serem
bem‑sucedidos.
35
Unidade I
— Realidade: essas qualidades podem ajudar, mas idade não é barreira. O que é crítico é possuir
o conhecimento relevante, experiência e contatos que facilitam reconhecer e agarrar uma
oportunidade.
• Mito 9: qualquer empreendedor com uma boa ideia pode atrair investimentos de risco.
— Realidade: nos Estados Unidos, apenas entre 1 e 3 de cada 100 empreendedores com boas
ideias conseguem atrair capitalistas de risco.
— Realidade: sem dúvida, mas não há evidências de que o empreendedor sofra mais estresse
do que outros profissionais com muita responsabilidade. A maioria dos empreendedores, ao
contrário, acha seu trabalho muito satisfatório.
Empresários em todo o mundo querem ser como Steve Jobs, empresas querem ser
a próxima Apple, mas quem teria a coragem de fazer o que Jobs fez? O cofundador da
Apple, ex‑dono da Pixar e criador dos gadgets mais falados dos últimos 10 anos não era um
semideus como alguns podem pregar, mas foi sem dúvida uma das pessoas mais visionárias
e corajosas que apareceu no mundo dos negócios nas últimas décadas. E o que mais é
preciso para mudar a história, além de paixão?
Há 13 anos, a Apple estava à beira da falência. Foi aí que Steve Jobs reinventou uma nova
forma de ouvir música. Depois reinventou o celular e encantou o mundo com a magia do iPad
poucos anos depois. Empresários admiram Steve Jobs, mas não agem como ele. Aqui estão as
principais atitudes — ousadas — que o tornaram o executivo mais admirado da atualidade.
1. Parceria com o concorrente: pouca gente sabe, mas se não fosse pela Microsoft, talvez
(ênfase no “talvez”) a Apple não estivesse aqui. Em 1997, após muitos anos no vermelho,
Steve Jobs precisava juntar dinheiro rápido e foi esperto o bastante para procurar Bill
Gates. A Microsoft investiu $150 milhões na Apple e foi parceira da marca na Macworld
Expo 97. Jobs justificou, dizendo: “Isso é pela saúde da Apple, para que ela possa dar
grandes contribuições à indústria e voltar a prosperar”. O que, de fato, aconteceu.
2. Colocar “sexo” nos produtos: Jobs era um vendedor nato. No início, Wozniak cuidava da
engenharia enquanto Jobs tratava de vender e conseguir parcerias. Não sei o que ele quis
dizer com “sexo” quando, em 1998, Jobs convocou uma reunião e disse: “Sabe o que essa
empresa tem de errado? Os produtos são uma droga! Não há sexo neles.” O que sabemos
é que hoje o design dos produtos Apple tem um sex appeal, desculpem o trocadilho!
3. Criar soluções possíveis para problemas impossíveis: a Apple é uma indústria, certo?
Errado. É também comércio. Tudo começou quando Steve Jobs achou que as lojas de
varejo não davam a atenção que os produtos Apple mereciam. Então, ele fez o que na
época ninguém fazia: criou lojas próprias. Pode parecer fácil, mas atuar com algo que
você não domina, como o varejo, é sempre um grande desafio.
4. Dizer aos consumidores o que eles querem em vez de perguntar: Jobs era
famoso por dizer que os consumidores não sabem o que querem até ele dizer o que
eles devem querer. Sua teoria pôs abaixo um dos maiores mitos do marketing: o de
que os consumidores conhecem seus desejos. A Apple não usa grupos de foco, em
37
Unidade I
vez disso diz o que as pessoas querem antes de quererem. [...] quando o iPad foi
anunciado, as pessoas acharam o produto bobo, e não foi que ele se tornou sonho
de consumo?
5. Produtos que funcionam melhor juntos: a Apple é famosa por favorecer seus próprios
produtos: iPod com iTunes, iTunes com iMacs, interação entre iPhones e iPads e iTunes
store etc. A justificativa por trás disso na opinião de Steve Jobs era: “A Apple está sempre
mostrando que a soma das partes é maior que o todo”.
8. Não incrementar demais: apenas recentemente os iPods passaram e ter rádio FM,
e o primeiro iPhone tinha uma câmera péssima. Essa é uma das maiores lições da
Apple: você não precisa lançar o produto perfeito, apenas crie algo incrível e antes
de todo mundo. “Nós somos absolutamente consumidos pela ideia de criar uma
solução que seja muito simples”, disse o designer Jonathan Ive, vice‑presidente de
design da Apple.
9. Vende sonhos, não produtos: foi‑se o tempo em que o Mac OS X era o mais seguro,
o mais rápido e o mais estável, mas ficou a imagem de um super produto, uma grande
reputação e o melhor design para se ter na sala de casa. As pessoas não compram iMac,
iPhones e iPads pelo que eles são, mas pelo que eles representam, ter um Mac é um
estilo de vida!
10. Acreditar em si próprio: Steve Jobs disse, no seu famoso discurso em Stanford: “Tenha
a coragem para seguir o seu coração e sua intuição. Ele, de alguma forma, já sabe o que
você quer se tornar”.
38
PLANO DE NEGÓCIOS
O empreendedorismo tem sido preocupação antiga no mundo. Já no século XVII, Richard Cantillon,
escritor e economista considerado por muitos como um dos criadores do termo empreendedorismo,
foi um dos primeiros a diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos), do capitalista (aquele
que fornecia o capital). Somente no século XVIII, o capitalista e o empreendedor foram finalmente
diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo, por conta da
Revolução Industrial.
Quadro 3
39
Unidade I
Lembrete
— acredita que o trabalho deveria ser guiado por metas pessoais, e não pelos outros.
• Tipo 2: o grande vendedor (atinge o sucesso por meio de sua rede de relacionamentos, capacidade
de vender e ser persuasivo e das habilidades pessoais):
— acredita que o ato de vender é crucial para que a empresa implemente suas estratégias;
• Tipo 3: o gerente (possui boas habilidades gerenciais combinadas com uma agressiva orientação
ao crescimento profissional):
40
PLANO DE NEGÓCIOS
— é competitivo;
— deseja o poder;
— desejo de inovação;
— acredita que o desenvolvimento de novos produtos é parte crucial para a estratégia da empresa;
• Iniciador: é aquele que dá início ao processo empreendedor, que identifica a oportunidade, algum
problema interno que deve ser resolvido, uma inovação que pode ser obtida etc. Muitos podem
ser os iniciadores de projetos, mas geralmente os champions (defensores da ideia) ou gerentes é
que acabam fazendo isto acontecer.
• Crítico: é o advogado do diabo, está sempre analisando questões críticas, identificando pontos
fracos, apresentado alternativas para implementação e argumentos para a não implementação de
certas ideias, tudo com base em sua experiência e conhecimento do mercado e da empresa.
41
Unidade I
O autor explica que os papéis principais e mais importantes são o do gerente (champion) e do
apoiador (sponsor), pois eles definirão a continuidade ou não do projeto, um tendo a iniciativa de
levá‑lo adiante e o outro abrindo caminho para que isso ocorra. Ele sugere que a empresa atente para
as características desses indivíduos:
• como é seu trânsito dentro da organização, se é bem relacionado e visto de forma respeitosa pelos
outros;
• se ele/ela é uma pessoa que tem sido desafiada e mesmo assim levou projetos inovadores adiante;
• se ele/ela já atingiu status suficiente na organização e não vê o projeto como uma forma de se
autopromover;
• se ele/ela é uma pessoa conhecedora do sistema corporativo e de como as decisões são tomadas
e implementadas na organização;
• se ele/ela é uma pessoa comprometida com os projetos nos quais se envolve e procura focar suas
ações buscando resultados.
• faça o trabalho que for necessário para que seu projeto dê certo, independente de sua função/
cargo na empresa;
• siga sua intuição a respeito das pessoas; construa um time composto pelos melhores;
• prepare‑se antes de divulgar sua ideia; publicidade prematura não é imune ao sistema corporativo;
• seja verdadeiro com suas metas, mas realista sobre as formas de atingi‑las;
42
PLANO DE NEGÓCIOS
Empreendedorismo em 7 passos
Existe uma importante ação que somente o próprio empreendedor pode e deve fazer
pelo seu empreendimento: planejar, planejar e planejar. No entanto, é notória a falta de
cultura de planejamento do brasileiro, que por outro lado é sempre admirado pela sua
criatividade e persistência.
Os fatos devem ser encarados de maneira objetiva. Não basta apenas sonhar, deve‑se
transformar o sonho em ações concretas, reais, mensuráveis. Para isso, existe uma simples,
apesar de tediosa para muitos, técnica de se transformar sonhos em realidade: o planejamento.
Muito do sucesso das micro e pequenas empresas em estágio de maturidade é creditado ao
empreendedor que planejou corretamente o seu negócio e realizou uma análise de viabilidade
criteriosa do empreendimento antes de colocá‑lo em prática. Quando se considera o conceito
de planejamento, têm‑se pelo menos três fatores críticos que podem ser destacados:
7. Tino empresarial: o que muita gente acredita ser um “sexto sentido”, intuição, faro
empresarial, típicos de gente bem‑sucedida nos negócios é, na verdade, na maioria
das vezes, a soma de todas as qualidades descritas até aqui. Se o empreendedor reúne
a maior parte dessas características, terá grandes chances de êxito. Quem quer se
estabelecer por conta própria no mercado brasileiro e, principalmente, alçar voos mais
altos na conquista do mercado externo deve saber que clientes, fornecedores e mesmo
os concorrentes só respeitam os que se mostram à altura do desafio.
44
PLANO DE NEGÓCIOS
Saiba mais
O autor libera vários artigos para leitura em seu site pessoal, disponível
em: <www.empreende.com.br>.
O momento que as grandes empresas estão vivendo não é fácil. Há uma necessidade
crescente de promover uma cultura interna de inovação como fonte de competitividade,
evidenciando que as cabeças pensantes dos departamentos de P&D (Pesquisa e
Desenvolvimento) não estão dando conta da demanda por novidades e melhorias nos
produtos e serviços oferecidos ao mercado.
Ainda que seja um conceito recente, a sua proliferação já massificou e, em alguns casos,
já chegou até a vulgarizar o termo. Empresas se dizem empreendedoras ao simplesmente
colocar em prática algum programa interno de ideias de funcionários, a famosa “caixa
de sugestões”, só que o intraempreendedorismo é muito mais do que isso. Requer uma
radical mudança cultural interna que permita o surgimento de novos modelos de negócio e
agilidade para a implantação dos projetos.
Para medir quem já está fazendo isso, a revista Exame lançou, em parceria com o Instituto
Brasileiro de Intraempreendedorismo (IBIE), o ranking das organizações empreendedoras. Não é
novidade que as pequenas empresas já façam isso, justamente pela cultura rápida e ágil.
Por conta disso, um dos critérios de seleção do IBIE é aceitar as inscrições de empresas
com mais de 100 funcionários apenas. Nas pequenas empresas, os poucos funcionários
já agem de forma polivalente, já tem contato direto com a diretoria e são menos
supervisionados e regidos por burocracia do que nas empresas de grande porte. Os desafios
das grandes empresas são muito maiores nesse sentido. Como os gerentes saberão a quem
deverão ouvir e quem deverão ignorar? Como minimizar os riscos apresentados por uma
ideia aparentemente muito boa? Como recompensar os intraempreendedores? Como
identificá‑los? Como romper as delimitações do cargo ou dos departamentos? Como pesar
com bom senso a relação entre sonho e viabilidade?
Uma vez, um amigo que trabalha numa empresa de software contou‑me sua aventura
na criação de um novo produto da empresa, um sistema de Help Desk. Depois de tentar
apresentar a ideia à sua diretoria por três vezes, ele resolveu agir por conta própria. Durante
dez meses, ele trabalhou sozinho, na clandestinidade, durante muitas noites e finais de
semana, desenvolvendo o software, até que um dia, o seu gerente quis saber o que tanto
ele fazia à noite para não cobrar horas extras. Com 80% do sistema concluído, ele teve a
46
PLANO DE NEGÓCIOS
Este é um típico perfil de talento que não se mantém por muito tempo nesse tipo de
organização. Com um pouco mais de coragem e capital, ele parte para a carreira independente,
engrossando a fila dos empreendedores por oportunidade. Se fosse só isso, tudo bem,
mas o cenário é pior: o intraempreendedor possui algumas características que não só são
ignoradas pelas empresas, como são indesejadas. O intraempreendedor questiona as regras,
enfrenta a autoridade formal, é avesso às ordens e incomoda os demais. Muitos deles não
saem por livre e espontânea vontade: são sumariamente demitidos por falta de aderência
aos “valores corporativos” e acabam engrossando outra fila, a do empreendedorismo por
necessidade, justamente aquele em que o Brasil se destaca, segundo levantamento do GEM
(Global Entrepreneurship Monitor) de 2001.
Exemplo de aplicação
Questionamentos e reflexões
Algumas empresas adotam o intraempreendedorismo, que nada mais é do que o funcionário passar
a se sentir dono da empresa e ter liberdade para criar novos projetos e orientá‑los. O ambiente de
trabalho permite isso e novas ideias são cobradas do funcionário.
1. Será que todas as empresas estão prontas ou dispostas a dar essa liberdade ao funcionário?
2. Como agir, nos casos em que a empresa, além de tudo, ainda se aproveita da ideia do funcionário?
1. As empresas que tratam os funcionários dessa forma ainda são uma minoria, e isso também é
razão para trocas de empregos constantes. Essas empresas não conseguem reter seus talentos.
2. Conversas francas sobre o assunto ajudam. Em muitos casos, a demissão é a única solução.
Empreendedorismo não é apenas uma atitude empresarial. Todos podemos ser empreendedores sem
nunca ao menos sequer pensar em ter um negócio próprio. São atitudes que fazem a diferença no dia
a dia das pessoas e favorecem uma convivência mais harmoniosa e criativa.
47
Unidade I
• Comece seu dia com planejamento: faça uma agenda com o que você acredita
ser mais importante e mais urgente no seu dia e exclua a atividade sempre que
a concluir. O planejamento de ações ajuda a realizar as atividades com mais
agilidade.
• Delegue atividades: obviamente, você não conseguirá fazer tudo o que precisa sozinho e
é por este motivo que existem pessoas capazes de ajudar e que farão seu trabalho andar
mais rápido. Aprenda a dividir tarefas.
• Crie contatos: se você não sabe tudo (nem tem condições de saber), pelo menos precisa
conhecer quem sabe. Monte um banco de dados com pessoas que possam ajudar em
situações específicas como eventos, reuniões, materiais gráficos etc.
• Tenha atenção com seu trabalho: desenvolva sua habilidade de concentração e evite
erros simples nas atividades mais rotineiras.
• Seja proativo: antecipe‑se às situações e prepare o ambiente. Faça o que tem de ser feito
antes que te peçam.
• Aja com diplomacia: não entre em uma discussão em troca de nada, pois a pessoa com
quem você conflitar pode apresentar uma oportunidade de negócio em outra ocasião.
• Inove nos detalhes: faça de uma tarefa costumeira uma grande apresentação. Exercite
sua criatividade e surpreenda!
• Use a ousadia: faça aquilo que a maioria das pessoas não faria, seja por vergonha, medo,
preguiça ou outra razão qualquer. Não deixe escapar uma oportunidade.
• E, por fim, como diria o lendário Steve Jobs: “Stay hungry, stay foolish”, que em inglês
significa “tenha fome, seja tolo”, nunca esteja satisfeito. Busque constantemente
informações, conhecimento, novas maneiras de fazer uma mesma coisa. A fome de
conhecimento e o reconhecimento da própria ignorância são algumas das peças‑chave
do desenvolvimento pessoal e profissional de cada um.
48
PLANO DE NEGÓCIOS
4 FINANCIAMENTO DE EMPRESAS
Assim que o futuro empresário teve uma ideia, transformou‑a em oportunidade, avaliou suas
competências e habilidades para ser um empreendedor, é preciso que ele estude formas de conseguir
dinheiro para empreender seu novo negócio.
A obtenção de capital no Brasil nunca foi uma tarefa fácil, principalmente, em se tratando de pequenas
empresas, empresários inexperientes, e sem nenhuma garantia. Os bancos e seus financiamentos normais,
com juros altíssimos, porque não dizer, exorbitantes (o Brasil detém o título de ter a taxa de juros mais
alta do mundo) eram das poucas alternativas.
Recentes no mercado brasileiro e já comuns nos Estados Unidos, começam a surgir, a partir
dos anos 1990 no País, as empresas de capital de risco, as Venture Capital. Elas são responsáveis
pela sustentação de uma boa parte das microempresas americanas. Ao contrário dos bancos, essas
empresas não emprestam dinheiro, mas sim injetam recursos na empresa e ficam com parte do
controle acionário.
Vamos conhecer as principais formas de conseguir capital para empreender novos negócios.
Primeiro de tudo, é preciso entender qual a finalidade do dinheiro, qual o prazo de retorno e o
que se tem para consegui‑lo. Segundo Márcio Iavelberg, consultor especializado em finanças para
pequenas e médias empresas, a dica é tentar entender o que soluciona o problema de forma mais
rápida e barata.
Confira a lista, elaborada com a ajuda dos especialistas, das opções mais procuradas e quando usá‑las
(ZUINI, 2010):
1. Cheque especial: ele é o vilão de muitas contas físicas e jurídicas. É uma opção para situações
emergenciais e quando o empresário sabe que poderá pagar a dívida em um prazo de poucos dias.
Ele pode ser vantajoso nessas circunstâncias. Juros mais altos, mas por poucos dias compensa. Até
porque um empréstimo cobra outras coisas, como IOF e taxa de contrato.
49
Unidade I
2. Conta garantida: é parecida com o cheque especial, mas pode ter juros um pouco mais baixos.
É uma linha de crédito rotativo, que pode ser usada para qualquer finalidade. O empresário usa o
valor e paga juros sobre o limite que pediu.
3. Leasing: esta é uma opção de médio a longo prazo, indicada para adquirir máquinas, veículos e
outros equipamentos. Depois de pagar as prestações, a pessoa pode optar por comprar o bem ao
final do contrato.
5. Antecipação de recebível: essa é uma forma aconselhada principalmente para quem trabalha
com comércio. Você pode vender um produto no cartão e pedir a antecipação do pagamento para
a operadora. Se você precisa de um dinheiro urgente, ao invés de receber daqui a 30 dias, pede e
recebe antes.
Dívida ou equidade
Para todos os objetivos, o empreendedor tem duas opções básicas de financiamento: dívida ou
equidade, comprometendo parte de seu negócio ou entregando parte do negócio a outro. Nesse caso,
ou o empreendedor pega dinheiro emprestado e fica devendo, contraindo uma dívida, ou compromete
parte de seu negócio, entregando‑o a outras pessoas, vendendo ações, por exemplo. A equidade parte
do princípio de que se recebe dinheiro em troca de parte do negócio, o princípio da justiça. Colocar o
negócio como garantia do empréstimo também é forma de financiamento que contempla equidade. É
comum existir as duas opções de financiamento em um único negócio.
A maioria dos novos negócios requer dívidas de longo prazo ou permanente equidade de capital para
suportar expansões e antecipar um rápido crescimento. A vantagem do empréstimo é que o processo
é relativamente simples, não demora muito tempo e não dilui o controle da empresa. A desvantagem
é que isso é uma estratégia de alto risco, uma vez que não temos certeza do crescimento da empresa.
A empresa, não crescendo o esperado, não proporcionará o pagamento da dívida, o que envolverá os
proprietários, uma vez que eles geralmente são consignatários do processo (DORNELAS, 2008).
• Pessoal:
— economia;
50
PLANO DE NEGÓCIOS
— cartão de crédito;
— venda de propriedade;
• Família e amigos:
— investimentos pessoais;
— empréstimo ou equidade;
— conhecimento.
Angels
Nos EUA, os investidores são carinhosamente chamados de angels (anjos). Junto com
família e amigos, eles provêm a maioria dos financiamentos de startup para novas empresas.
Eles podem investir em dívidas, equidade ou combinação. São pessoas interessadas em investir
seu dinheiro para o sucesso de novos negócios e o desenvolvimento de pessoas. Quem são eles
(DORNELAS, 2008):
• 90% homens;
• idade de 40 a 60 anos;
• educação: Superior/Pós;
51
Unidade I
Lembrete
Observação
Venture capital
Essas empresas têm alta capacidade de gerenciar os investimentos por meio de equipes qualificadas,
por isso investem, geralmente, em grandes negócios que podem chegar a faturar $20 milhões em
quatro ou cinco anos, com alto potencial de mercado, grande necessidade de capital, e também com
altos riscos.
52
PLANO DE NEGÓCIOS
O autor explica que, no Brasil, existem poucas empresas de capital de risco por causa dos obstáculos
às regras de saída da sociedade; as pequenas e médias empresas dificilmente se constituem como S/A,
uma pequena quantidade de empresas de alto potencial e cultura do sistema é pouco voltada a esse
tipo de investimento.
Bancos de investimento
Esses bancos de investimentos funcionam como agentes intermediários entre o dinheiro e as fontes
de financiamento. Eles têm capacidade de criar estruturas de investimentos exclusivas, identificam
parceiros estratégicos e possuem larga experiência no ramo.
Bancos mercantis
Os bancos comerciais têm as mesmas características dos bancos de investimentos, mas também
investem seu próprio dinheiro no negócio.
A busca de alianças comerciais e de parceiros estratégicos para dar continuidade ao negócio também
é uma opção, já que empresas maiores que necessitam do tipo de produto oferecido podem ser parceiras,
ou clientes exclusivas do seu negócio.
Bancos
Financiam capital de giro, linhas de crédito, contas a receber, instalações e propriedades em troca de
garantias pessoais.
São mais rápidas do que os bancos para liberar o financiamento e exigem taxas mais altas de retorno.
São baseadas em propriedades e financiam contas a receber, estoques etc.
Empresas de leasing
Geralmente ligadas aos bancos, fazem uma espécie de empréstimo ou aluguel do bem em troca de
dinheiro, que ao final pode ser devolvido ou liquidado.
53
Unidade I
Essa é a possibilidade de abrir capital, ou seja, abrir mão de ser dono sozinho de seu negócio. Assim,
é oferecida uma parte da propriedade da empresa para o público por meio da venda de debit, ou mais
comumente equity securities (ações).
A principal vantagem desse sistema é a capitalização da empresa com a chegada de novos investimentos.
Ela também fica melhor preparada para novas aquisições, os donos do negócio são diversificados, há uma
compensação dos funcionários, e o prestígio pessoal e corporativo do negócio aumenta sendo uma empresa de
capital aberto. A desvantagem é a pressão de crescimento a curto prazo, uma vez que mais donos pressionam
mais. Também será necessário abrir as informações tidas até então como sigilosas, ao público em geral. Uma
empresa de capital aberto perde o controle acionário e os donos perdem benefícios pessoais.
O governo incentiva o trabalho dos empreendedores e patrocina projetos em que acredita, entrando
com o montante financeiro necessário para a empreitada. É preciso pesquisar para conhecer as formas de
financiamento existentes. Todos os bancos têm suas linhas de crédito aos empreendedores. Colocaremos
aqui apenas algumas opções que vêm diretamente do governo federal por meio do Banco Nacional de
Desenvolvimento Social (BNDES), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Caixa Econômica Federal,
além das formas de apoio do Sebrae, agência de apoio ao micro e pequeno empresário, existente em todos os
estados. Os governos estaduais e até algumas prefeituras também liberam dinheiro para os empreendedores.
54
PLANO DE NEGÓCIOS
BNDES
Valores
mínimos Taxa de juros/ Nível de
Nome Objetivo Forma de apoio Prazo Garantias
e custo participação
máximos
Financiar a TJLP +
remuneração
aquisição de BNDES +
máquinas e Definidas
taxa de
equipamentos Financiamento Até 60 com o
Finame intermediação Até 100%.
nacionais indireto. meses. agente
financeira +
novos com financeiro.
remuneração
capital de giro instituição
associado. financeira.
Financiar a
aquisição de TJLP +
peças, partes e remuneração
componentes BNDES + Definidas
de fabricação taxa de
Finame Financiamento Até 18 com o
nacional para intermediação Até 90%.
Componentes indireto. meses. agente
incorporação financeira + financeiro.
em máquinas e remuneração
equipamentos instituição
em fase de financeira.
produção.
Financiar TJLP +
projetos de remuneração
implantação, Até R$ 10 BNDES +
expansão ou milhões Definido Definidas
BNDES Taxa de
modernização Financiamento por com o com o
Automático intermediação Até 100%.
indireto. empresa agente agente
de atividades financeira +
a cada 12 financeiro. financeiro.
produtivas, remuneração
meses.
com capital de instituição
giro associado. financeira.
Oferecer
crédito para
a aquisição
de bens de Financiamento Até R$
produção e automático por 1milhão Ver taxa do De 3 a 48
Cartão BNDES alguns insumos meio de crédito por mês. meses.
credenciados rotativo, cartão.
por meio pré‑aprovado.
do Portal de
Operações do
Cartão BNDES.
Financiar a
aquisição, TJLP +
no mercado remuneração Definidas
interno, de Financiamento
Prosoft softwares exclusivamente BNDES + Até 42 Até 100%. com o
Comercialização e serviços indireto. remuneração meses. agente
instituição financeiro.
correlatos financeira.
desenvolvidos
no Brasil.
55
Unidade I
FINEP
Valores Taxa de juros/
Nome Objetivo Forma de apoio mínimos e Prazo Garantia Parcerias
custo
máximos
Financiar micro
e pequenas
empresas
inovadoras, Correção pelo
com Mínimo – IPCA – Índice
faturamento Empréstimo sem R$ 100 mil 100 Fundo de
Juro Zero de Preços ao
anual de juros. Máximo – R$ meses. aval.
Consumidor
até R$ 10,5 900 mil. Amplo.
milhões, com
uma redução
drástica de
burocracia.
Aplicação de
recursos em
empresas, para Aplicação de
compartilhar recursos públicos
Subvenção com elas os não reembolsáveis
Econômica custos e riscos por meio de
inerentes a editais.
atividades de
inovação.
Consultorias e
Gerar novas Fase 1: R$ 2 mil
serviços objetivos MCT, MDIC,
empresas (MCT/Finep) +
e dirigidos que 6 meses. Camex, IPT
exportadoras R$ 900 (micro
visam à adequação e Sebrae.
ou ampliar a e peq. empresa)
Progex tecnológica
capacidade das Fase 2: R$ 10 mil
dos produtos
que já atuam (MCT/Finep) +
a exigências
no mercado R$ 2,5 mil (micro
de mercados
internacional. e peq. empresa).
específicos.
Sebrae
Nome Forma de apoio
Ministrados de forma presencial, por técnicos e consultores do Sebrae, ou à
Cursos e palestras distância, via internet, rádio ou televisão.
Orientação individualizada com relação à abertura de empresas ou à melhoria
Informação e consultoria do negócio a partir de um diagnóstico empresarial.
Livros, manuais, cartilhas e guias que acompanham o empreendedor nas várias
Publicações fases de sua vida empresarial.
Feiras e exposições que promovam a aproximação de empresas (compradoras,
Promoção de eventos vendedoras e concorrentes), a geração de negócios, a troca de experiências e
novas vivências para as micro e pequenas empresas.
Incentivo e estímulo aos pequenos negócios e forma de valorizar pessoas e
Premiações divulgar as boas práticas.
56
PLANO DE NEGÓCIOS
A Caixa Econômica Federal também tem linhas especiais para as micro e pequenas empresas, divididas
em capital de giro, antecipação de receitas e financiamentos diversos.
As pequenas empresas dispõem ainda de financiamentos diversos para várias finalidades de uso,
em condições de pagamento facilitadas com prazo amplo, e taxas competitivas. Eles estão divididos
em BNDES Automático, Proger Investimento, Proger Turismo‑Investimento, Fungetur, Profarma, imóvel
na planta e/ou em construção (recursos do FGTS), financiamento de veículos, empreendedor individual,
cartão BNDES Caixa, crédito Producard PJ e Finame – Financiamento de Máquinas e Equipamentos.
Exemplo de aplicação
Você é um empreendedor em potencial? Analise o seu desempenho (responda sim ou não para cada
questão).
2. Você se considera uma pessoa com boa habilidade de comunicação oral e poder de persuasão?
4. Você arriscaria tudo e recomeçaria do zero, abrindo mão de um emprego estável, com boa
remuneração e benefícios?
7. Você tem algum tipo de agenda em que planeja suas ações e confere posteriormente os resultados
com o que foi planejado?
57
Unidade I
8. Você tem alguma experiência anterior (ou gosta de) em marketing ou finanças?
9. Você conhece pessoas próximas que têm talentos complementares aos seus e já pensou em
convidá‑las para compor uma sociedade?
10. Você está disposto a abrir mão de fins de semana, rotina de trabalho e bens pessoais, para
começar um novo negócio?
A maioria de respostas “sim” o coloca como potencial sucesso em empreendimentos por conta
própria. Mãos à obra!
Resumo
A partir dos estudos sobre os empreendedores que conseguem fazer com que as
novas empresas deem certo, foi possível mapear as características específicas dessas
pessoas e assim tentar multiplicar novos negócios, servindo‑se das oportunidades
no mercado, por meio do aproveitamento nato dessas características.
58
PLANO DE NEGÓCIOS
Os especialistas dizem que o dinheiro existe, o que não existe são bons
planos. Se o que não existem são bons planos de negócios, vamos aprender
a fazê‑los na próxima unidade.
Exercícios
Questão 1. “Talvez um dos maiores mitos a respeito de novas ideias de negócios é que elas
devam ser únicas. O fato de uma ideia ser ou não única não importa. O que importa é como
o empreendedor utiliza a sua ideia, inédita ou não, de forma a transformá-la em um produto
ou serviço que faça sua empresa crescer. As oportunidades é que geralmente são únicas, pois o
empreendedor pode ficar vários anos sem observar e aproveitar uma oportunidade de desenvolver
um novo produto, ganhar um novo mercado e estabelecer uma parceria que o diferencie de seus
concorrentes” (DORNELAS, 2008, p. 37).
O trecho anterior nos leva a pensar em algumas ações que são recomendadas pelos principais
especialistas em empreendedorismo e em plano de negócios. Qual das afirmações a seguir não corrobora
o texto apresentado nesta questão?
D) Uma ideia somente se transforma em oportunidade quando seu propósito vai ao encontro de
uma necessidade de mercado.
A) Alternativa correta.
59
Unidade I
B) Alternativa correta.
Justificativa: uma mesma ideia pode ter significados diferentes para pessoas diferentes. É importante
compartilhá-la com clientes, fornecedores, parceiros para obter pontos de vistas que ajudem na análise
da viabilidade, bem como para a realização de ajustes necessários.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: “ideias revolucionárias são raras, produtos únicos não existem e concorrentes com
certeza sempre existirão” (DORNELAS, 2008, p. 37). O mais importante é como a ideia será implementada
e o acompanhamento da dinâmica do mercado é que poderá mostrar como ideias já existentes poderão
ser aprimoradas.
D) Alternativa correta.
Justificativa: esta é uma das máximas do marketing e corrobora a ideia de timing. A implementação
de uma ideia deve corresponder aos anseios do mercado. Muitos dos produtos que vemos hoje sendo
comercializados já existem há tempos nas empresas e só estavam à espera de um momento propício:
melhoria da tecnologia, maturidade do consumidor, existência de produtos complementares, legislação
ou regulamentação etc. É o caso típico de excelente ideia em momento errado.
E) Alternativa correta.
Porém, percebe-se que organizações de segmentos e portes diversos apresentam forte resistência
à ação de empreender. Isso se dá porque, basicamente, para empreender é necessário questionar sua
filosofia, colocando em cheque seus processos que até então parecem os mais adequados e eliminando
quaisquer possibilidades de risco.
Esses dois parágrafos, contraditórios entre si, fazem-nos pensar em formas de prosseguir na gestão
empresarial levando em consideração, entre outras coisas, que:
60
PLANO DE NEGÓCIOS
• pessoas são peças-chave – elas devem ter o perfil do empreendedor, ou seja, devem ter a
capacidade de sonhar.
B) O empreendedor deve delegar tarefas para, dessa forma, agilizar todo o trabalho.
C) Contatos (network) colaboram com a possibilidade de trazer conhecimento para o projeto por
meio de pessoas capacitadas para as tarefas que deverão ser executadas.
61