Novo Humanismo em Papa Francisco

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O livro reúne três conversas com o Pontífice dedicadas a temas caros a Petrini, da comida às

histórias familiares, da economia à biodiversidade. De maio de 2018 a julho deste ano, ele
teve oportunidade de discutir com Francisco alguns dos assuntos que mais importam para ele,
falando também das origens piemontesas comuns, da bagna cauda e de espiritualidade, de
meio ambiente e das emigrações para o Novo Mundo ontem, e para as costas italianas hoje.

O Papa Francisco mostra-se em todo o seu imediatismo, com a capacidade que lhe é própria
de dialogar de modo direto sem muitas pretensões e juntamente com o bom senso que é
necessário ao seu cargo de chefe da Igreja Católica, uma responsabilidade o que não o impede
de fazer afirmações importantes no campo da ecologia, que em sua encíclica define "ecologia
integral". Também nesse caso, a franqueza é um dos aspectos que mais emergem da conversa,
ao lado do humor e da capacidade que derivam da sua longa experiência pastoral como
padre.

A mensagem política que emerge dessa conversa é muito precisa: “não há ativismo ambiental
sem ativismo social”.

O livro inclui uma segunda parte na qual são desenvolvidos cinco grandes temas que
constituem a base das ideias do Papa sobre a questão do meio ambiente: biodiversidade,
economia, migração, educação, comunidade.

Cada capítulo é introduzido por um amplo texto de Petrini e seguido por intervenções do
Pontífice lidas durante encontros, como o Sínodo dedicado à Amazônia, o encontro com
estudantes universitários em Bolonha, ou cartas enviadas a vários movimentos, como a
mensagem ao segundo Fórum das Comunidades Laudato Si’.

No prefácio Domenico Pompili, bispo de Rieti, expõe os pressupostos teológicos e filosóficos


do pensamento do Papa, as suas respostas à crise ecológica da Terra, mostrando as suas
origens doutrinais e os nexos culturais, nos quais a ética desempenha um papel fundamental.
Um dos argumentos que voltam com maior insistência na parte do diálogo é o dos
populismos, que o Papa identifica justamente como um dos aspectos mais perigosos da atual
situação política europeia. Utilizando inclusive um livro lido recentemente, Francisco
estabelece uma comparação entre a situação na Europa em 1933 e a atual.

O Papa não reivindica o tema da autoridade, mas o da liberdade quando explica a sua filosofia
do "deixar crescer", ciente de que a mensagem expressa na sua encíclica é confiada à vontade
e à força de persuasão dos indivíduos e dos grupos, que agem de forma livre e espontânea
para mudar a situação econômica e social do Ocidente. Um papa que olha para as culturas
diferentes e distintas, como no caso da Amazônia, lugar de biodiversidade antropológica, antes
mesmo que natural.

O humanismo do Papa Francisco é uma das questões importantes dessas livres discussões, nas
quais seu pragmatismo de padre e membro da Companhia de Jesus emerge com toda a sua
força.

Um papa pós-moderno? Não. Antes, um papa atento a uma modernidade diferente, para usar
as palavras de um filósofo que Petrini chama em causa, Bruno Latour.

Retomando os temas da crítica ao consumismo e ao economicismo do capitalismo


contemporâneo, Bergoglio se dirige aos estudantes chamando a atenção sobre o perigo que
corre a própria universidade, lugar de saber e competências, com o risco de se tornar ineficaz
e residual.
A esse respeito lembra a força de três linguagens humanas: a da mente, do coração e das
mãos em harmonia entre si. Teme a ideia de um mundo tecnológico regido pela inteligência
artificial que não tenha mais coração e, sobretudo, não saiba mais acariciar

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