Crise de 1929

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB

Departamento de Educação – Campus X – Teixeira de Freitas Colegiado do Curso


de História
Docente: Jonathan Molar
Discente: Ana Carolina Barreto Braz
Componente Curricular: Europa Contemporânea

HOBSBAWN, Eric. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. 2ª edição.
São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Nota de leitura nº 3: Rumo ao abismo econômico.

A quebra da bolsa de valores de Nova York no ano de 1929 reverberou de


forma intensa em todos os países que adotavam uma política liberal capitalista.
Pode-se resumir a crise que assolou o mundo até os anos 1945 na seguinte frase:
“quando os Estados Unidos espirra o restante do mundo fica gripado”. Pode-se dizer
que não há explicação para a Grande Depressão sem os EUA, o país era o grande
importador e credor do mundo capitalista.

A grande depressão é consequência direta da primeira guerra mundial, após


o conflito espalhou-se pelo mundo um colapso econômico jamais visto pela
humanidade, foi sentido em todos os locais em que a população fazia transações
impessoais de mercado. O centro desse evento ocorreu nos EUA, o sistema
capitalista parecia estar ruindo como fora profetizado por Karl Marx.

Os negociantes do século XIX estavam acostumados com o “ciclo do


comércio” evento no qual a economia passa por períodos de extensão e queda,
esperava que o mesmo ocorresse entre sete a onze anos. Houve, porém, uma
mudança no cenário econômico entre os anos de 1850 e 1870, nesse período
ocorreram uma série de recordes e estabilidade econômica. O economista Russo
Kondratiev criou a teoria das chamadas “onda longas” que abrangem um período de
50 a 60 anos de estabilidade.

Ao contrário do que se imagina, durante a Grande Recessão a economia não


ficou estagnada, apenas ocorreu uma diminuição. Houve, por exemplo, um
crescimento anual de 0,8% no PNB dos EUA no período correspondente aos anos
de 1913 a 1938.

Uma das teses defendidas para explicar a estagnação econômica está


baseada na autossuficiência americana, o país produzia tudo o que necessitava e
importava somente matérias primas, não sendo, portanto, dependente do comércio
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internacional. Em 1929 os EUA possuía um monopólio industrial, o país produzia


42% dos produtos industrializados do mundo, sendo assim, todos os outros países
capitalistas dependiam diretamente dos produtos americanos.

O comércio de matérias primas e alimentos também foram atingidos pela


crise, pois, anteriormente os valores eram mantidos pela formação de estoques e
agora não mais. Logo, houve uma queda brusca no preço. Somente a titulo de
informação, o preço do trigo e do chá caiu dois terços, da seda bruta três quartos e o
do gim cerca de 98%.

Países como o Brasil que dependiam do comércio internacional de uns


poucos produtos primários também foram atingidos pela grande depressão. Cerca
de três quartos de todo o café consumidos no mundo era originário do Brasil, como
tentativa de frear o declínio econômico do produto, o presidente Getúlio Vargas
ordenou que os sacos de café fossem queimados, as locomotivas a vapor foram
alimentadas com o grão ao invés de carvão.

. A crise econômica não afetou tão somente os donos de indústria ou grandes


agricultores, ela chegou também às camadas populares, aqueles que se
encontravam em situação de empregados. Nunca se vira tantos desempregados
quanto no ápice da crise entre 1932 e 1933. Nos EUA esse número atingiu a marca
de 27%, na Inglaterra cerca de 23% por cento da população se encontrava
desempregada, na Alemanha que tentava se reerguer da guerra esse número
chegou a marca de 44%.

Além da diminuição na qualidade de vida e a criação da instabilidade social,


outro efeito colateral gerado pela quebra de valores em 1929 e subsequentemente a
crise econômica, foi à emersão de regimes de extrema direita e de regimes
totalitários, ao contrário do que alguns observadores imaginavam, não surgiram
novas revoluções socialistas comunistas pelo mundo após o colapso no sistema
capitalista.

Adolf Hitler é fruto da crise de 1929, pois, ao chegar ao cargo de primeiro


ministro alemão e posteriormente como chefe de estado ao reverter à situação do
desemprego que assolava o país europeu, seus ideais passaram a ganhar força e o
nazismo obteve uma grande aceitação popular. Além disso, o nacionalismo alemão
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cada vez mais ganhava espaço por conta das grandes indenizações que o país
deveria pagar por conta da cláusula de culpa de guerra do Tratado de Versalhes que
atribuía somente ao país a eclosão da primeira guerra mundial.

A seguridade social não era uma realidade para a maior parte dos países
nesse período, a Inglaterra possuía uma política pública para isso, porém menos de
60% das profissões estavam asseguradas por elas. Como forma de amparar o
grande número de desempregados, os Estados passaram a investir na política de
bem estar social, onde o Estado atua como agente da promoção social e adotaram
medidas de eliminação do desemprego em massa, essa atitude era majoritariamente
econômica e política, pois a demanda gerada por esses trabalhadores movimentaria
a economia.

Entre os anos de 1929 a 1932 o comércio mundial caiu em 60%, com isso os
países passaram a adotar medidas protecionistas, focando no comércio interno,
diminuindo suas importações e buscando o fortalecimento de suas moedas. Em
1931 a Inglaterra abandonou o Livre Comércio como forma de priorizar as medidas
sociais ao invés das econômicas.

Enquanto o mundo capitalista ruía em meio à crise, a URSS parecia


inabalável, o país passava por uma rápida e maciça industrialização. No período que
corresponde aos anos de 1929 a 1940 a industrialização soviética havia triplicado. E
diferentemente dos demais países ao redor do mundo, o desemprego era um
fenômeno desconhecido na superpotência. Tais avanços industriais e econômicos
levaram observadores dos mais diversos locais a questionarem a fragilidade do
sistema capitalista ocidental.

A crise possibilitou que intelectuais e a população no geral questionassem o


sistema capitalista em que estavam inseridos. Um evento comum ocorrido nesse
período foi a mudança de ideologia política nos mais diversos países, tanto para a
esquerda quanto para a direita. Enquanto na Europa havia uma curva para direita
em governos autoritários como na Itália e Alemanha, nas Américas observou-se uma
predisposição maior com as ideologias de esquerda. A Grande Depressão também
gerou uma onda de movimento anti-imperialista nas colônias situadas no continente
Africano e Asiático.
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Três ideologias políticas disputavam a hegemonia mundial no momento, o


comunismo marxista era uma delas, pois a URSS sobreviverá ao período sem ao
menos sofrer o mínimo abalo e indo de encontro ao restante dos países obteve
crescimento. A reforma do capitalismo e uma aliança com a social democracia era a
segunda opção e após o fim da Segunda Guerra Mundial se mostrou a mais eficaz.
A terceira via era composta pelo fascismo que a Grande Depressão transformou em
um perigo mundial, de fato o nazismo contornou com certa rapidez a crise
econômica, porém, o conjunto de ideias do sistema nazista agredia a integridade da
vida humana.

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