Lei 07 2009 11-De-Marco
Lei 07 2009 11-De-Marco
Lei 07 2009 11-De-Marco
BOLETIM DA REPÚBLICA
PUBLICAÇÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
ARTIGO 14 ARTIGO 18
(Concursos) (Quotas)
1. O ingresso na magistratura judicial e a promoção são sempre No concurso de acesso ao cargo de Juiz Conselheiro do
precedidos de concurso. Tribunal Supremo, os juízes de carreira têm direito a, pelo menos,
2. O aproveitamento no curso específico de ingresso é 50% das vagas disponíveis.
equiparado ao aproveitamento em concurso, desde que reunidos
os demais requisitos legais. ARTIGO 19
(Abertura de concurso)
ARTIGO 15
(Requisitos para promoção) O Conselho Superior de Magistratura Judicial, por aviso
publicado no Boletim da República, declara aberto o concurso
1. À excepção da categoria de juiz Desembargador, as curricular de acesso ao cargo de Juiz Conselheiro do Tribunal
promoções são sempre condicionadas à existência de vagas. Supremo, com antecedência mínima de trinta dias.
2. As promoções são sempre por concurso documental, entre
os candidatos que reúnam os requisitos legais. ARTIGO 20
(Competência para conferir posse)
3. Nos concursos tem-se sempre em conta a classificação em
provas específicas, quando necessárias, a antiguidade dos Os magistrados judiciais tomam posse:
candidatos por ordem decrescente de valência, as informações a) os Juízes Conselheiros, perante o Presidente da República;
de serviço e outros elementos atendíveis. b) os Juízes Presidentes dos Tribunais Superiores de Recurso
4. Os magistrados judiciais de carreira que estejam em comissão e os desembargadores, perante o Presidente do
de serviço, ou em regime especial de provimento, podem Conselho Superior da Magistratura Judicial;
candidatar-se a concursos de promoção e têm direito a ser c) os Juízes Presidentes dos Tribunais Judiciais de Província
imediatamente nomeados para a nova categoria, ainda que e os Juízes de Direito A e B, perante o Presidente do
Tribunal Superior de Recurso da respectiva área de
continuem na situação aqui referida.
jurisdição;
5. Compete ao Conselho Superior da Magistratura Judicial d) os Juízes Presidentes dos Tribunais Judiciais de Distrito
regulamentar os processos de concurso à promoção, incluindo e os Juízes de Direito C e D, perante o Presidente do
as provas específicas e os demais elementos atinentes à avaliação Tribunal Judicial de Província da respectiva área de
dos magistrados judiciais. jurisdição.
28 I SÉRIE — NÚMERO 10
ARTIGO 21 CAPÍTULO IV
(Juramento) Classificações
No acto de tomada de posse, os magistrados judiciais prestam
ARTIGO 28
o seguinte juramento:
(Classificação dos magistrados judiciais)
"Eu... juro por minha honra aplicar fielmente a Constituição
Os juízes de direito são classificados pelo Conselho Superior
e demais leis em vigor e administrar justiça com da Magistratura Judicial de acordo com o seu mérito, de Muito
imparcialidade e isenção, no respeito pelos direitos dos Bom com distinção, Muito Bom, Bom, Suficiente, Medíocre.
cidadãos e na defesa dos superiores interesses do Estado
moçambicano". ARTIGO 29
(Critérios e efeitos da classificação)
ARTIGO 22
1. A classificação deve atender ao modo como os magistrados
(Prazo para posse)
desempenham a função, à sua prestação técnica, capacidade
1. O prazo para a tomada de posse é de trinta dias a contar da intelectual e idoneidade cívica.
data da publicação da nomeação no Boletim da República, sem 2. A classificação de Medíocre implica a suspensão do exercício
prejuízo de prazo mais restrito fixado no acto da nomeação ou na de funções e a instauração de inquérito por inaptidão para esse
lei. exercício.
2. Em casos justificados o Conselho Superior da Magistratura 3. Se, em processo disciplinar instaurado com base no inquérito,
Judicial pode prorrogar os prazos fixados no número anterior. se concluir pela inaptidão do magistrado, mas pela possibilidade
da sua permanência na função pública, podem, a requerimento
ARTIGO 23 do interessado, substituir-se as penas de aposentação
(Falta ao acto de posse) compulsiva ou demissão pela exoneração.
1. Quando se trate de primeira nomeação, a falta não justificada 4. No caso previsto no número anterior, o processo,
de posse dentro do prazo importa, sem dependência de qualquer acompanhado de parecer fundamentado, é enviado ao Presidente
formalidade, a anulação da nomeação e inabilita o faltoso a ser do Conselho Superior da Magistratura Judicial para efeitos de
nomeado para o mesmo cargo nos dois anos subsequentes. homologação e colocação do interessado em lugar adequado às
suas aptidões.
2. Nos demais casos a falta não justificada de posse implica a
impossibilidade de provimento em categoria ou função superior, 5. A homologação do parecer pelo Presidente do Conselho
durante três anos. Superior da Magistratura Judicial, habilita o interessado para o
ingresso em lugar compatível noutros serviços do Estado.
CAPÍTULO III
ARTIGO 30
Colocações e Transferências (Classificação de magistrados em comissão de serviço)
ARTIGO 24 1. Os magistrados que se encontrem na situação prevista no
(Factores a atender) artigo 34 são classificados como se estivessem em exercício
activo.
1. A colocação e transferência de juízes deve fazer-se com
prevalência das necessidades de serviço e o mínimo prejuízo 2. Relativamente aos magistrados em comissão de serviço de
para a vida pessoal e familiar dos interessados. natureza não judicial, considera-se sempre actualizada a última
classificação.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, constituem
factores determinantes nas colocações e transferências a 3. Terminada a comissão de serviço e decorrido o prazo de
seis meses de efectividade na função judicial, podem requerer
classificação de serviço e antiguidade, por ordem decrescente
nova classificação.
de preferência.
ARTIGO 31
ARTIGO 25
(Periodicidade das classificações)
(Tempo para a transferência)
1. Os magistrados judiciais são classificados, pelo menos, de
Sem a sua anuência, os juízes não podem ser transferidos três em três anos.
antes de decorridos três anos de exercício de funções na Província
2. Considera-se desactualizada a classificação atribuída há
ou Distrito em que estão colocados, salvo em virtude de promoção mais de três anos, salvo se a desactualização não for imputável
ou por motivos disciplinares. ao magistrado ou este estiver abrangido pelo disposto no artigo
anterior.
ARTIGO 26
(Colocação a pedido)
3. No caso de falta de classificação não imputável ao
magistrado, presume-se a de Bom, excepto se o magistrado
Quando o juiz é colocado em determinada Província ou Distrito requerer inspecção, caso em que é realizada obrigatoriamente.
a seu pedido, não pode solicitar a sua transferência antes de
4. A classificação relativa ao serviço posterior desactualiza a
decorridos três anos de exercício no cargo.
referente ao serviço anterior.
ARTIGO 27 ARTIGO 32
(Permutas) (Elementos a considerar)
Sem prejuízo de conveniência do serviço e de direitos de 1. Nas classificações são considerados os resultados de
terceiros, são autorizadas permutas. inspecções anteriores, inquéritos, sindicâncias ou processos
11 DE MARÇO DE 2009 29
ARTIGO 34 ARTIGO 39
(Comissão de serviço de natureza judicial) (Deveres especiais)
1. São comissões de serviço de natureza judicial as respeitantes 1. Os magistrados judiciais estão sujeitos aos deveres gerais
às situações ou funções de: previstos na lei.
a) Inspector Judicial; 2. Os magistrados judiciais têm ainda, em especial, os seguintes
b) Magistrado do Ministério Público; deveres deontológicos:
a) desempenhar a sua função com honestidade, seriedade,
c) Director e docente de escola de formação de magistrados;
imparcialidade e dignidade;
d) Juiz em tribunal não judicial;
b) guardar segredo profissional nos termos da lei;
e) Cargo de chefia ou de confiança no aparelho judicial; c) comportar-se na vida pública e privada de acordo com a
f) Secretário- Geral do Conselho Superior da Magistratura dignidade e o prestígio do cargo que desempenha;
Judicial; d) tratar com urbanidade e respeito os intervenientes nos
g) Secretário- Geral do Tribunal Supremo; processos, nomeadamente, o representante do
h) Assessores em tribunal judicial. Ministério Público, os profissionais do fórum e os
i) Juiz presidente de tribunal judicial ou de secção; funcionários;
2. O exercício de qualquer dos cargos referidos no número e) comparecer pontualmente às diligências marcadas;
anterior é considerado, para todos os efeitos, como de efectivo f) abster-se de manifestar por qualquer meio, opinião sobre
serviço judicial. o processo pendente de julgamento ou de decisão, ou
juízo sobre despachos, pareceres, votos ou sentenças
3. Nos tribunais de ingresso, onde não existam juízes de de órgão judiciais ou do Ministério Público, ressalvada
nomeação definitiva, os cargos referidos na alínea i) do n.º 1 do a crítica nos autos no exercício de judicatura ou em
presente artigo, podem ser exercidos por juízes de nomeação obras técnicas;
provisória.
g) abster-se de aconselhar ou instruir as partes, em qualquer
4. Compete ao Conselho Superior da Magistratura Judicial, litígio e sob qualquer pretexto, salvo nos casos
definir os cargos indicados na alínea e) do n.º 1 do presente permitidos pela lei processual.
artigo.
ARTIGO 40
ARTIGO 35 (Domicílio necessário)
(Efeitos da comissão de serviço de natureza não judicial)
Os magistrados judiciais não podem residir fora da sede da
O período de tempo prestado em comissão de serviço de área onde se situa o tribunal em que exercem funções, salvo em
natureza não judicial não é considerado para efeitos de casos devidamente justificados e fundamentados, mediante
antiguidade na respectiva categoria. autorização prévia do Conselho Superior da Magistratura Judicial.
30 I SÉRIE — NÚMERO 10
6. Em caso de ausência, o magistrado deve indicar o local Os juízes Desembargadores têm, ainda, direito a:
onde pode ser encontrado. a) viatura protocolar;
ARTIGO 42 b) passaporte diplomático para si, cônjuge e filhos menores;
(Traje profissional) c) subsídio de representação;
d) passagens em classe executiva.
1. Os magistrados judiciais devem usar beca nos actos judiciais
solenes, nomeadamente nas audiências de discussão e
ARTIGO 45
julgamento, conferências e audiências preparatórias, bem como
(Direitos especiais dos juízes conselheiros)
nas cerimónias ou actos públicos solenes ligados à magistratura.
2. O modelo da beca é aprovado pelo Conselho Superior da 1. Os juízes Conselheiros têm, ainda, direito a:
Magistratura Judicial. a) viatura protocolar;
b) passaporte diplomático para si, cônjuge e filhos menores;
SECÇÃO III
c) subsídio de representação;
Direitos e regalias
d) passagens em classe executiva.
ARTIGO 43 2. Os juízes conselheiros gozam, em geral, das honras, regalias
(Direitos e regalias gerais) e precedências próprias de membros de um órgão central de
soberania.
1. Os magistrados judiciais em efectividade de funções gozam
dos seguintes direitos e regalias: ARTIGO 46
a) serem tratados com a deferência que a função exige; (Honras e regalias do Presidente e do Vice-Presidente
b) fôrum e processo especial em causas criminais em que do Tribunal Supremo)
sejam arguidos e nas acções de responsabilidade civil O Presidente e Vice-Presidente do Tribunal Supremo tem o
por factos praticados no exercício das suas funções tratamento adequado à sua posição de titulares de um órgão
ou por causa delas; central de soberania.
c) uso e porte de arma de defesa;
ARTIGO 47
d) cartão especial de identificação, de modelo a ser aprovado
pelo Conselho Superior da Magistratura Judicial; (Títulos)
e) livre-trânsito nas gares, cais de embarque, aeroportos e Os juízes Conselheiros e Desembargadores têm o título de
demais lugares públicos de acesso condicionado, na “Venerando”, recebendo o tratamento de "Excelência", e os juízes
área da sua jurisdição, mediante simples exibição do de Direito o título de "Meritíssimo", merecendo o tratamento de
cartão especial de identificação; “Exmo Senhor”.
f) protecção especial para a sua pessoa, cônjuge,
descendentes e bens, sempre que ponderosas razões ARTIGO 48
de segurança o exijam; (Prisão preventiva)
g) assistência médica e medicamentosa gratuíta, para si, 1. Os magistrados judiciais não podem ser presos ou detidos
cônjuge e familiares a seu cargo, a expensas do Estado; sem culpa formada, salvo em flagrante delito e se ao crime couber
h) participação emolumentar fixa em montante a determinar pena de prisão maior.
pelo Governo; 2. Em causas criminais em que sejam arguidos magistrados
i) alojamento condigno, devidamente mobilado, fornecido judiciais, e nos termos processuais, a legalização da sua prisão é
gratuitamente pelo Estado ou, na sua falta, subsídio feita por um juiz de instância imediatamente superior àquela em
de renda de casa de montante a fixar pelo Governo, que se encontram colocados, e os autos são instruídos por um
sendo, as despesas de água e electricidade suportadas procurador que representa o Ministério Público junto desta
pelo Estado em ambos os casos; instância.
11 DE MARÇO DE 2009 31
ARTIGO 49 ARTIGO 55
(Intimação para comparência) (Reclamação por falta de deliberação)
1. Os magistrados judiciais não podem ser intimados para Esgotado o prazo referido no n.º 1 do artigo anterior sem que
comparecer ou prestar declarações perante qualquer autoridade, tenha sido proferido a decisão, o magistrado requerente pode
sem prévio consentimento do Conselho Superior da Magistratura reclamar para o Presidente do Conselho Superior da Magistratura
Judicial. Judicial.
2. O pedido da entidade solicitante deve ser dirigido por escrito ARTIGO 56
e devidamente fundamentado.
(Deferimento tácito)
3. Os magistrados judiciais gozam da prerrogativa de serem
inquiridos na sede do tribunal em que exercem funções, ou noutro A reclamação considera-se deferida quando, no prazo de trinta
local que se mostrar conveniente. dias a contar da data da sua apresentação, o requerente não tiver
sido notificado da decisão.
ARTIGO 50
CAPÍTULO VIII
(Remuneração dos magistrados judiciais)
Aposentações e Jubilação
1. O Estado garante a independência económica dos
magistrados judiciais, mediante uma remuneração adequada à ARTIGO 57
dignidade das suas funções. (Aposentação)
2. O regime da remuneração referido no número anterior é Têm direito a aposentação os magistrados judiciais, seja qual
fixado por diploma legal, tendo em conta a especificidade da for a forma de provimento ou natureza da prestação de serviço:
função judicial, a categoria e tempo de serviço prestado pelo
a) com 35 anos de serviço e que tenham satisfeito, ou venham
magistrado. a satisfazer, os encargos para a pensão de aposentação;
ARTIGO 51 b) que tenham 60 ou 55 anos de idade, consoante sejam do
(Diuturnidade especial)
sexo masculino ou feminino, respectivamente, e pelo
menos 15 anos de serviço;
1. Na data em que se perfazem três, sete, doze e dezoito anos c) no mais, à aposentação dos magistrados judiciais, aplicam-
de serviço efectivo, os magistrados judiciais recebem -se os princípios e as regras legalmente estabelecidos
diuturnidades especiais correspondentes a dez por cento do para a função pública.
vencimento ilíquido. Estas diuturnidades consideram-se, para
ARTIGO 58
todos os efeitos, sucessivamente incorporadas no vencimento.
(Aposentação por incapacidade)
2. É extensivo aos magistrados judiciais e acumula-se com o
1. Mediante atestado da Junta Nacional de Saúde e decisão
previsto no número anterior, o regime de diuturnidades fixado do Conselho Superior da Magistratura Judicial, os magistrados
para a função pública. judiciais podem ser aposentados quando, por debilidade ou
diminuição das suas faculdades físicas ou intelectuais
ARTIGO 52 manifestadas no exercício da função, não possam continuar nesta
(Férias) sem grave transtorno da administração da justiça.
1. Os magistrados judiciais gozam das suas licenças 2. Nos casos previstos no número anterior, se o magistrado
disciplinares durante o período das férias judiciais. judicial tiver menos de quinze anos de serviço, aguarda no quadro
o tempo necessário para completar aquele período, fora do
2. Por razões ponderosas, os magistrados judiciais podem ser exercício, mas com a parte de remuneração que lhe for atribuída,
autorizados a gozar da licença disciplinar em período diferente sendo depois aposentado.
do referido no número anterior.
ARTIGO 59
3. A situação de gozo de licença disciplinar e o local para onde (Jubilação)
o magistrado se desloque, devem ser comunicadas ao Conselho 1. Os magistrados judiciais que se aposentem por motivos de
Superior da Magistratura Judicial. natureza não disciplinar são considerados jubilados.
ARTIGO 53 2. Os magistrados jubilados continuam ligados ao tribunal de
que faziam parte, gozam dos títulos, honras e imunidades
(Direito de associação)
correspondentes à sua categoria e podem assistir, de traje
Os magistrados judiciais gozam da liberdade de associação profissional, às cerimónias solenes que se realizem no referido
para defesa dos seus interesses profissionais, a qual é exercida tribunal, tomando lugar à direita dos magistrados em serviço
nos termos e condições definidos por lei. activo.
3. É extensivo aos magistrados jubilados o disposto nas alíneas
CAPÍTULO VII
a), b), c), d), f) e g) do artigo 43 do presente Estatuto.
Exoneração 4. Os juízes jubilados do Tribunal Supremo gozam das mesmas
regalias atribuídas aos membros aposentados ou reformados dos
ARTIGO 54
outros órgãos de soberania.
(Exoneração a pedido)
ARTIGO 60
1. A exoneração a pedido do magistrado é autorizada em casos (Contagem de tempo)
devidamente justificados, mediante pré-aviso de sessenta dias.
Para efeitos do disposto no artigo 57, conta para a aposentação
2. A exoneração só produz efeitos a partir do conhecimento do o tempo de serviço prestado ao Estado antes do ingresso na
despacho de deferimento. magistratura judicial.
32 I SÉRIE — NÚMERO 10
CAPÍTULO IX ARTIGO 66
Da responsabilidade disciplinar (Pena de repreensão registada)
ARTIGO 63 ARTIGO 70
(Autonomia da jurisdição disciplinar) (Pena de inactividade)
f) inactividade; ARTIGO 74
g) aposentação compulsiva; (Efeitos das penas)
h) demissão; As penas disciplinares produzem, além dos que lhes são
i) expulsão. próprios, os efeitos referidos nos artigos seguintes.
2. Sem prejuízo do disposto no número seguinte, as penas ARTIGO 75
aplicadas são sempre registadas. (Pena de repreensão registada)
3. A pena prevista na alínea a) do n.º 1 do presente artigo pode A pena de repreensão registada é averbada no processo
ser aplicada independentemente de processo, mas com audiência individual do magistrado e constitui informação do seu curriculum.
do infractor e não está sujeita a registo.
ARTIGO 76
ARTIGO 65 (Pena de multa)
(Pena de advertência) A pena de multa implica o desconto no vencimento do
A pena de advertência consiste em admoestação ou mero magistrado da importância correspondente ao número de dias
reparo pela irregularidade praticada. aplicados.
11 DE MARÇO DE 2009 33
ARTIGO 79 ARTIGO 84
(Pena de advertência)
(Pena de inactividade)
1. A pena de inactividade implica a perda de tempo A pena de advertência é aplicável a faltas leves que não devam
correspondente à sua duração para efeitos de remunerações, passar sem reparo.
antiguidade e aposentação. ARTIGO 85
2. Se a pena aplicada for igual ou inferior a noventa dias implica, (Pena de repreensão registada)
ainda, além dos efeitos previstos no número anterior, o previsto
na alínea b) do n.º 3 do presente artigo, quando o magistrado A pena de repreensão registada é aplicável a faltas de pequena
punido não possa manter-se no meio em que exerce as funções gravidade, que sejam susceptíveis de causar perturbação no
sem quebra do prestígio que lhe é exigido, o que consta da decisão exercício das funções ou de nele se repercutirem de forma
disciplinar. incompatível com a dignidade que lhe é exigível.
3. Se a pena aplicada for superior a noventa dias pode, implicar ARTIGO 86
ainda, além dos efeitos previstos no n.º 1: (Pena de despromoção)
a) a impossibilidade de promoção ou acesso durante um A pena de despromoção é aplicável nos casos de
ano, contado do termo do cumprimento da pena; incompetência profissional culposa, violação reiterada de normas
b) a transferência para o cargo idêntico em tribunal diferente de procedimento e cometimento de erros técnicos graves.
daquele em que o magistrado exercia funções na data
da prática da infracção; ARTIGO 87
c) a aplicação da pena de inactividade não prejudica o (Pena de transferência compulsiva)
exercício dos restantes direitos previstos no artigo 43. A pena de transferência compulsiva é aplicável a infracções
que impliquem quebra de prestígio exigível ao magistrado para
ARTIGO 80 que possa manter-se no meio em que exerce funções.
(Pena de aposentação compulsiva)
A pena de aposentação compulsiva implica a imediata ARTIGO 88
desvinculação do serviço e a perda dos direitos e regalias (Pena de inactividade)
referidos pela presente Lei, sem prejuízo do direito às pensões 1. A pena de inactividade é aplicável nos casos de negligência
fixadas por lei. grave ou gravo desinteresse pelo cumprimento de deveres
profissionais ou quando os magistrados forem condenados em
ARTIGO 81
pena de prisão, salvo se a sentença condenatória impuser pena
(Pena de demissão)
de demissão.
1. A pena de demissão implica a perda da condição de
2. O tempo de prisão cumprido é descontado na pena
magistrado conferida pelo presente Estatuto e dos
disciplinar.
correspondentes direitos.
2. A mesma pena, excepto no caso de abandono do lugar, não ARTIGO 89
implica a perda do direito a aposentação, nos termos e condições (Pena de aposentação compulsiva e de demissão)
estabelecidas na lei, nem impossibilita o magistrado de exercer
1. As penas de aposentação compulsiva e de demissão são
quaisquer outros cargos que possam ser exercidos sem que o
aplicáveis quando o magistrado:
seu titular reúna as particulares condições de dignidade exigidas
para o cargo de que foi demitido. a) revele incapacidade de adaptação às exigências da função,
nomeadamente, as de ordem ética, deontologia e
ARTIGO 82 técnico-profissional;
(Pena de expulsão) b) revele falta de honestidade, grave insubordinação ou
tenha conduta imoral ou desonrosa;
A pena de expulsão implica a impossibilidade de ser provido
c) revele inaptidão profissional;
em quaisquer funções ou cargos no Estado.
d) tenha sido condenado por crime praticado em grave e
ARTIGO 83 flagrante abuso da função ou com manifesta e grave
(Promoção de magistrados arguidos) violação dos deveres a ela inerentes;
1. Durante a pendência do processo disciplinar ou criminal, o e) apresentar-se ao serviço ou em público, de forma reiterada,
magistrado é graduado para a promoção ou acesso, mas estes em manifesto estado de embriaguês.
suspendem-se quanto a ele, reservando-se a respectiva vaga até 2. O abandono do lugar corresponde sempre a pena de
decisão final. demissão.
34 I SÉRIE — NÚMERO 10
ARTIGO 92 ARTIGO 97
(Atenuação especial da pena) (Processo disciplinar)
A pena pode ser especialmente atenuada quando existam 1. O processo disciplinar é sumário e não depende de
circunstâncias anteriores ou posteriores à infracção ou formalidades especiais, sendo obrigatória a audição com
contemporâneas dela que diminuam acentuadamente a gravidade possibilidade de defesa do arguido.
do facto ou a culpa do agente. 2. O instrutor pode rejeitar as diligências manifestamente
inúteis ou dilatórias, fundamentando a recusa.
ARTIGO 93
3. Do despacho que rejeitar as diligências referidas no número
(Reincidência)
anterior cabe recurso, sem efeito suspensivo do processo, a subir
1. Verifica-se reincidência quando a infracção for cometida a final.
antes de decorridos dois anos sobre a data em que o magistrado
cometeu infracção anterior pela qual tenha sido condenado em ARTIGO 98
pena superior à de advertência, já cumprida total ou parcialmente. (Competência para instauração do processo)
2. Em caso de reincidência a aplicação das penas obedecerá Compete ao Conselho Superior da Magistratura Judicial a
as regras seguintes: instauração de procedimento disciplinar contra magistrados
a) se a pena aplicável for qualquer das previstas nas alíneas judiciais.
c) e f) do artigo 64, em caso de reincidência, o seu limite
mínimo é igual a um terço ou a um quarto do limite ARTIGO 99
máximo, respectivamente; (Impedimento e suspeições)
b) tratando-se de pena diversa das referidas no número É aplicável ao processo disciplinar, com as necessárias
anterior, pode ser aplicada pena de escalão adaptações, o regime de impedimentos e suspeições em processo
imediatamente superior. penal.
1. Verifica-se o concurso de infracção, quando o magistrado 1. O processo disciplinar é de natureza confidencial até decisão
comete duas ou mais infracções antes de se tornar inimpugnável final, sem prejuízo do direito de defesa reconhecido ao arguido.
a condenação por qualquer delas. 2. Salvo os casos especiais previstos na lei, só é permitida a
2. No concurso de infracções aplica-se uma única pena e passagem de certidões de peças do processo a requerimento
quando as infracções correspondam penas diferentes aplica-se fundamentado do arguido, quando destinados à defesa de
a de maior gravidade, agravada em função do concurso, se for interesses legítimos.
variável.
ARTIGO 101
ARTIGO 95 (Prazos de instrução)
(Substituição de penas aplicadas a aposentados) 1. A instrução do processo disciplinar deve ultimar-se no prazo
de quarenta e cinco dias.
Para os magistrados aposentados ou que por qualquer outra
razão se encontrem fora de actividade, as penas de multa ou 2. O prazo referido no número anterior só pode ser excedido
em caso justificado.
inactividade são substituídas pela perda até metade da pensão
ou vencimento de qualquer natureza pelo tempo correspondente. 3. O instrutor deve dar conhecimento ao Conselho Superior
da Magistratura Judicial e ao arguido da data em que inicia a
SUBSECÇÃO IV instrução do processo.
Prescrição do procedimento disciplinar e das penas 4. O não cumprimento do prazo indicado no n.º 1 do presente
artigo, pode influir na classificação do juiz instrutor, se for devido
ARTIGO 96 à negligência.
(Prazo de prescrição) ARTIGO 102
1. O procedimento disciplinar prescreve passados dois anos, (Número de testemunhas em fase de instrução)
contados a partir da data da ocorrência dos factos em que se 1. Na fase de instrução não há limite para o número de
baseia. testemunhas.
11 DE MARÇO DE 2009 35
1. A revisão é requerida pelo interessado ao Conselho Superior 1. O Conselho Superior da Magistratura Judicial é o órgão de
da Magistratura Judicial. gestão e disciplina da magistratura judicial.
2. O requerimento, processado por apenso ao processo 2. O Conselho Superior da Magistratura Judicial exerce também
disciplinar, deve conter os fundamentos do pedido e a indicação jurisdição sobre os oficiais de justiça, nos termos previstos no
dos meios de prova e ser instruído com os documentos que o presente Estatuto.
interessado tenha podido obter. ARTIGO 129
(Composição)
ARTIGO 122
(Sequência do processo de revisão) 1. O Conselho Superior da Magistratura Judicial é composto
pelos seguintes membros:
1. Recebido o requerimento, o Conselho Superior da
Magistratura Judicial decide, no prazo de trinta dias, se se a) Presidente do Tribunal Supremo;
verificarem os pressupostos da revisão. b) Vice-Presidente do Tribunal Supremo;
11 DE MARÇO DE 2009 37
1. Só podem ser eleitos para o Conselho Superior da Compete ao Conselho Superior da Magistratura Judicial:
Magistratura Judicial os magistrados e oficiais de justiça de a) propor ao Presidente da República a nomeação dos juízes
nomeação definitiva em efectividade de funções. conselheiros do Tribunal Supremo;
b) nomear, colocar, transferir, promover, aposentar, exonerar,
2. Os magistrados judiciais elegem e são eleitos na categoria
apreciar o mérito profissional, exercer a acção disciplinar
ou classe a que pertencem.
e, em geral, praticar todos os actos de idêntica natureza
ARTIGO 132 respeitantes aos magistrados judiciais;
(Comissão eleitoral) c) apreciar o mérito profissional e exercer a acção disciplinar
sobre os oficiais de justiça, sem prejuízo da competência
1. Para a eleição dos membros referidos na alínea e) do n.º 1 e disciplinar atribuída aos juízes;
n.º 3 do artigo 129, funciona junto do Tribunal Supremo uma
d) processar e julgar as suspeições levantadas contra
comissão eleitoral composta pelos seguintes membros,
qualquer dos seus membros em processos da sua
designados pelo respectivo Presidente:
competência;
a) um Juiz Conselheiro;
e) ordenar a realização de inspecções ordinárias e
b) dois juízes Desembargadores A ou B; extraordinárias, bem como de inquéritos e sindicâncias
c) três juízes de Direito A ou B; aos tribunais;
d) dois juízes de Direito C ou D; f) aprovar o Regulamento Interno do Conselho Superior da
e) um Secretário Judicial. Magistratura Judicial;
2. A comissão eleitoral é constituída seis meses antes do fim g) analisar o projecto de orçamento anual do Conselho
do mandato que estiver em curso. Superior da Magistratura Judicial;
38 I SÉRIE — NÚMERO 10
h) dar pareceres e fazer recomendações sobre a política e) nomear e exonerar o Secretário-Geral do Conselho Superior
judiciária, por sua iniciativa ou a pedido do Presidente da Magistratura Judicial;
da República, da Assembleia da República ou do f) nomear e exonerar os funcionários do Conselho Superior
Governo; da Magistratura Judicial;
i) exercer as demais competências conferidas por lei. g) ordenar a suspensão preventiva dos magistrados judiciais
arguidos em processo disciplinar;
ARTIGO 139 h) exercer as demais funções conferidas por lei.
(Funcionamento e periodicidade das sessões)
1. Os juízes de Direito interinos nomeados ao abrigo da Artigo 83. A carreira da Magistratura do Ministério
Público passa a integrar as seguintes categorias:
Lei n.º 6/96, de 5 de Julho, que tenham exercido funções por mais
de cinco anos, podem ser integrados na carreira da magistratura a) Procurador-Geral Adjunto;
judicial, na categoria de Juiz de Direito B, desde que tenham b) Sub-Procurador-Geral Adjunto;
obtido a classificação mínima de Bom. c) Procurador da República Principal;
2. Para a contagem do tempo mencionado no número anterior, d) Procurador da República da 1ª;
inclui-se o período em que o magistrado tiver exercido funções e) Procurador da República da 2ª;
em regime de contrato ou de substituição. f) Procurador da República da 3ª."
Art. 3. As qualificações e o regime remuneratório atinentes à
3. Nenhum magistrado pode, porém, ascender à categoria de
categoria de Sub-Procurador-Geral Adjunto são definidos por
Juiz de Direito B enquanto não obtiver a licenciatura em Direito. Decreto do Conselho de Ministros.