Compilado - Enunciados CAOCRIM - MPSP

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Enunciados do CAOCRIM

ENUNCIADO N. 1 (COLABORAÇÃO PREMIADA)

Apresentada proposta de acordo de colaboração premiada subscrita pelo Delegado de Polícia


para homologação judicial, pode o Ministério Público, como titular da ação penal (art. 129, I,
da CF), depois de ouvido o colaborador na presença de seu defensor:

a) ratificar os termos do acordo, em especial quando dele participou desde a origem;

b) substituir o acordo por outro;

c) recusar o acordo, ressalvada a possiblidade de o juiz, dissentindo, remeter a questão ao


Procurador-Geral de Justiça, aplicando, por analogia, o art. 28 do CPP;

d) entendendo não existir justa causa para a ação penal, manifestar-se pela rejeição do acordo
policial, promovendo o arquivamento da investigação;

e) realizar ou requisitar diligências imprescindíveis à análise dos termos do acordo ou da


formação da “opinio deliciti”.

ENUNCIADO N. 2 (COLABORAÇÃO PREMIADA)

O acordo celebrado pela Autoridade Policial não deve impedir ou restringir, direta ou
indiretamente, o direito de ação ou de punir do Estado, ficando vedada a concessão de
imunidade processual, perdão judicial, substituição de pena, regime prisional diverso daquele
ditado pelo art. 33 do CP ou efeitos de eventual condenação.

ENUNCIADO N. 3 (COLABORAÇÃO PREMIADA)

Não havendo previsão legal do cabimento de recurso em sentido estrito, da decisão que
homologa o acordo policial desafia recurso de apelação, com fundamento no art. 593, II, CPP;
se proferida por Tribunal, agravo interno.

ENUNCIADO N. 4 (COLABORAÇÃO PREMIADA)

A atribuição do Delegado de Polícia para firmar acordo se limita à fase de investigação, com a
fiscalização do Ministério Público, sob pena de reclamação. Proposta a ação penal, a
Autoridade Policial fica impedida de celebrar acordo de colaboração envolvendo fatos e
pessoas constantes da denúncia-crime, sob pena de violação do art. 129, I, da CF.

ENUNCIADO N. 5 (COLABORAÇÃO PREMIADA)

Acordo celebrado pela Autoridade Policial versando, direta ou indiretamente, sobre matérias
extrapenais deve ser recusado pelo Ministério Público.
ENUNCIADO N. 6 (COLABORAÇÃO PREMIADA)

Na hipótese de homologação judicial da colaboração premiada celebrada pela Autoridade


Policial, cabe ao MP ou querelante, como titular da ação penal, após analisar a eficácia da
colaboração com base nos resultados obtidos, requerer a concessão parcial ou integral dos
benefícios previstos no acordo, ou deixar de requerer sua aplicação.

ENUNCIADO 7 (crimes de licitação)

Fraude em licitações (art. 90) e superfaturamento (art. 96). Independência típica. Viabilidade
do concurso de crimes. Inaplicabilidade automática do princípio da consunção.

Justificativa - Clique aqui

ENUNCIADO 8 (crime ambiental)

O crime de tráfico de ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre (art. 29, §1º, III, da Lei
9.605/98) pode figurar como antecedente penal da lavagem de capitais, nos termos da Lei n°
9.613/98, alterada pela Lei 12.683/12.

ENUNCIADO 9 (crime ambiental)

É possível, diante do caso concreto, o concurso entre os crimes de tráfico de espécimes da


fauna silvestre (art. 29, §1º, III, da Lei 9.605/98) e maus tratos de animais (art. 32 da Lei
9.605/98).

ENUNCIADO N.10 (Descumprimento das condições do regime aberto e extinção da pena-


Impossibilidade)

O período em que o sentenciado deixou de cumprir as condições impostas no regime aberto


não pode ser computado para fins de extinção da pena.

ENUNCIADO N. 11 (Prazo prescricional da falta grave)

O prazo prescricional da falta grave é o menor previsto no artigo 109 do Código Penal, salvo se
a falta consistir na prática de crime, hipótese em que o referido prazo terá a mesma duração
estabelecida no Código Penal e/ou na Legislação Especial.

ENUNCIADO N.12 (Pedido de exame criminológico para apreciação de benefícios e Súmula


439 do STJ)

O exame criminológico e, depois deste e se possível, o denominado teste de Rorschach,


poderá ser realizado sempre que as especiais circunstâncias do caso concreto o exigirem, não
se devendo descartar, para tal consideração, a constância na prática criminosa, a gravidade
dos delitos e as sanções elevadas, devendo-se se emprestar maior rigor aos autores de delitos
hediondos e equiparados e aos que, quando do pleito, contém saldo a cumprir superior a dez
anos de reclusão, manejando-se com a sumula 439 STJ.

ENUNCIADO N. 13 (Pedido de exame criminológico para apreciação de benefícios)

O exame criminológico e, depois deste e se possível, o denominado teste de Rorschach,


poderá ser realizado quando o executado, ao longo do cumprimento da pena, inclusive sob
“sursis” ou livramento condicional, tiver ofertado indicativos de inadequação aos fins
terapêuticos da sanção e pouca disposição para sua harmônica e efetiva integração social.

ENUNCIADO N.14 (Condenação por crime contra a administração pública – requisito especial
para progressão de regime – constitucionalidade)

É constitucional a exigência contida no §4.º do artigo 33 do Código Penal, mas aplicável


somente aos sentenciados condenados por crimes contra a administração pública praticados
após a vigência da Lei n.º 10.763/03.

ENUNCIADO N.15 (Condenação por crime contra a administração pública – requisito especial
para progressão de regime – alegação de insuficiência de recursos – inafastabilidade)

A exigência contida no §4.º do artigo 33 do Código Penal incide ainda que a sentença penal
condenatória não tenha transitado em julgado e a alegação de falta de recursos não dispensa
o executado de devolver o dinheiro desviado, de forma a reparar previamente o dano causado
ao erário. A reparação do dano deverá ocorrer ainda que beneficiado o executado,
indevidamente, com a progressão de regime, até a data prevista para a extinção da pena.

ENUNCIADO N.16 (Indulto/comutação – ausência de falta grave praticada nos doze meses
anteriores à publicação do decreto – requisito)

Constitui requisito para a concessão do indulto presidencial e comutação a ausência de falta


grave praticada nos doze meses anteriores à publicação do decreto respectivo, mesmo que a
decisão homologatória tenha sido proferida posteriormente, conforme entendimento
pacificado no STJ.

ENUNCIADO N.17 (Indulto e comutação – pessoa beneficiada com suspensão condicional do


processo – impossibilidade)

Em que pese o teor do disposto no inciso III do artigo 8.º do Decreto Presidencial n.º 9.246/17,
não é cabível indulto e/ou comutação de pena à pessoa beneficiada com a suspensão
condicional do processo, pois o indulto (total ou parcial) constitui causa de exclusão da
punibilidade de condenado pela prática de infração penal, extinguindo os efeitos primários da
condenação, nos termos da Súmula 631 do STJ, pressupondo, portanto, condenação.
ENUNCIADO N. 18 (Preso definitivo – trabalho obrigatório)

O trabalho do preso definitivo, se presente vaga, é obrigatório (artigo 31, parágrafo único, LEP)
e sua ausência autoriza a instauração de apuração disciplinar (artigo 50, VI, LEP) e retira o
mérito para a concessão de benesses.

ENUNCIADO N.19 (Identificação do perfil genético – constitucionalidade)

O artigo 9°A da LEP não ostenta qualquer inconstitucionalidade, até porque visa
precipuamente o estabelecimento do perfil genético do preso definitivo.

ENUNCIADO N.20 (Incidente de reconversão de privativa de liberdade)

O executado que, ao longo do cumprimento da pena alternativa, evidenciar, mercê de


comportamento reiterado, desrespeito aos termos da sanção imposta, deverá ser alvo de
urgente incidência do rigor do artigo 51 da LEP, experimentando o incidente de reconversão
em privativa de liberdade.

ENUNCIADO N.21 (Requisições de verificação do cumprimento das condições impostas no


regime aberto, sursis, livramento condicional e saída temporária – legalidade)

Não existe qualquer ilegalidade ou inconstitucionalidade nas requisições fundadas para que os
Policiais averiguem se o executado (submetido ao aberto, sursis, livramento condicional ou
saída temporária) cumpre as condições impostas.

ENUNCIADO N.22 (Saídas temporárias – Portarias judiciais – observância das disposições da


LEP)

As Portarias que regulam saídas temporárias devem obedecer aos artigos 122 a 125 da LEP,
notadamente quanto aos lapsos mínimos para a concessão, tempo máximo permitido para as
saídas e condições legais e judiciais, vedando-se, inclusive, o trânsito do preso fora da cidade
dada como de sua residência ou da visita, exceto nas hipóteses de conurbação.

ENUNCIADO N.23 (Crimes cometidos durante as saídas temporárias)

Os crimes cometidos ao longo das saídas temporárias, dada sua especial gravidade decorrente
da excepcional oportunidade concedida ao preso, devem ser mais gravemente punidos (59,
CP), devendo o membro do Ministério Público das execuções criminais atentar para a
ocorrência quando da análise da concessão da próxima saída, inclusive para fins de
monitoramento.

ENUNCIADO N.24 (Tempo remido e progressão de regime)


O tempo de remição contado para fins de considerar a presença do requisito objetivo não
pode ser novamente utilizado para a segunda progressão, sob pena de injusta e indevida
valoração em dobro, com prejuízo a sociedade.

ENUNCIADO N.25 (Marco inicial para progressão ao regime aberto)

O marco inicial do prazo para progressão do regime semiaberto para o aberto é a data em que
o sentenciado, preenchido o requisito subjetivo, completou o lapso temporal de progressão no
regime anterior.

ENUNCIADO 26 (Livramento condicional – fiscalização durante o período de prova)

O Ministério Público, ao longo do livramento condicional, deve diligenciar com o fim de


averiguar eventual ocorrência de causa que suspenda ou prorrogue a benesse, lembrando-se
que o fim do período de prova, afasta a possibilidade de revogação.

ENUNCIADO N.27 (Remição pelo trabalho – cômputo de horas extras – inadmissibilidade)

Não se admite a consideração, para fins de remição pelo trabalho, de horas extras, uma vez
que a respectiva contagem é feita em dias e não em horas.

ENUNCIADO N.28 (Aprovação do ENCCEJA/ENEN – inaplicabilidade do artigo 126, §5.º da


LEP)

Caso concedida a remição pela aprovação no ENCCEJA, nos termos da Recomendação nº 44/13
do CNJ, não poderá incidir sobre este tempo remido o aumento de 1/3 previsto no artigo 126,
§5º, da LEP, sob pena de dupla valoração benéfica ao executado ou “bis in idem”.

ENUNCIADO N.29 (Sentenciado em regime aberto ou livramento condicional – remição por


leitura – impossibilidade)

Não é possível a concessão de remição por leitura ao preso sob regime prisional aberto ou no
curso do livramento condicional ou suspensão condicional da execução da pena, posto que o
artigo 1°, inciso V, da Recomendação n° 44, de 26.11.2013, visa estimular, no âmbito das
unidade prisionais estaduais e federais, como forma de atividade complementar, a remição
pela leitura, notadamente para apenados aos quais não sejam assegurados os direitos ao
trabalho, educação e qualificação profissional, nos termos da LEP – artigos 17, 28, 31, 36, 41,
incisos I, VI e VII, observando-se os aspectos previstos nas alíneas “a” a “j” do referido artigo
1°, inciso V, da Recomendação n° 44/2013, o que inviabiliza a possível pretensão daqueles que
cumprem pena extra muros.

ENUNCIADO N.30 (Falta grave - preso provisório)


Corolário do preconizado no parágrafo único do artigo 2.º e no parágrafo único do artigo 50 da
LEP, a falta grave praticada pelo preso provisório gera reflexos no cumprimento da pena,
dentre eles, alteração da data-base para a concessão de benefícios, devendo, portanto, ser
apurada e anotada no prontuário do preso.

ENUNCIADO N.31 (prescrição da pretensão executória - termo inicial)

O prazo da prescrição da pretensão executória tem início com o trânsito em julgado da decisão
condenatória para ambas as partes.

ENUNCIADO N.32 (execução penal provisória - prescrição)

No processo penal, a coisa julgada se opera com a condenação em segundo grau,


oportunidade em que se esgota a análise fática e probatória. Durante o cumprimento
provisório da pena não corre a prescrição.

ENUNCIADOS DO CAOCrim E SETOR DO ARTIGO 28 DO CPP/CONFLITOS CRIMINAIS:

ENUNCIADO N.33- USO DE ATESTADO MÉDICO FALSO

O uso de atestado médico falsificado por particular se subsume ao crime do art. 304, do CP,
c.c. arts. 297 ou 298 do CP, conforme a natureza pública ou privada do estabelecimento de
saúde ao qual tenha sido atribuída a emissão do documento.

ENUNCIADO N.34- FITA ADESIVA EM PLACAS DE VEÍCULO AUTOMOTOR - ART. 311, DO CP

Constitui adulteração de sinal identificador de veículo automotor (CP, art. 311) a alteração dos
sinais alfanuméricos de placas mediante aposição de fita isolante ou expediente similar, pois o
tipo penal não exige que a adulteração ou remarcação tenha caráter permanente.

ENUNCIADO N.35- RECEPTAÇÃO DOLOSA DERIVADA DO ART. 311 DO CP

Quando não esclarecida a autoria do crime de adulteração do sinal identificador de veículo


automotor, remanesce a possibilidade, em caráter subsidiário, de imputar ao agente o crime
de receptação dolosa (CP, art. 180), na modalidade de conduzir coisa que sabe ser produto de
crime (no caso, o crime contra a fé pública).

ENUNCIADO N.36- LESÃO CORPORAL QUALIFICADA – ART. 129, §9º, DO CP (aviso)

Nos casos que envolvam lesão corporal cometida contra ascendente, descendente, irmão,
cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, deve o Promotor de
Justiça, observada sua independência funcional, atentar-se que o fato não constitui infração de
menor potencial ofensivo, ainda que não se aplique ao caso a Lei Maria da Penha, pois a pena
máxima cominada no tipo é de três anos de detenção.**

ENUNCIADO N.37- FURTO SIMPLES CONSUMADO – REDUÇÃO DE PENA NOS TERMOS DO §


2º, DO ART. 155, DO CP, NÃO O TORNA CRIME DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO

O crime de furto se consuma no momento em que o bem é retirado da esfera de


disponibilidade da vítima, mesmo que haja, logo em seguida à subtração, a prisão em flagrante
do furtador, de tal maneira que, mesmo quando incidente, em tese, o privilégio (CP, art. 155,
§2.º), o fato não constitui infração de menor potencial ofensivo.

ENUNCIADO N.38- EXECUÇÃO NO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL

A atribuição para oficiar na execução penal de penas restritivas de direitos e de multa impostas
pelo Juizado Especial Criminal é do Promotor de Justiça oficiante neste Órgão, pois este é o
competente para tais execuções penais (Súmula 81 do TJSP).

Súmula 81 do TJSP: Compete ao Juízo do Juizado Especial Criminal executar seus julgados
apenas quando a pena aplicada é de multa ou restritiva de direitos, sendo irrelevante o fato de
o réu estar preso em razão de outro processo.

ENUNCIADO N.39- MEDIDA ANTERIOR À PROPOSITURA DE AÇÃO PENAL E ATRIBUIÇÃO PARA


FUNCIONAR NO INQUÉRITO POLICIAL

A circunstância de ter o Promotor de Justiça funcionado em autos de medida anterior à


propositura da ação penal faz com que ele tenha atribuição para funcionar no inquérito policial
correlato àquela medida, salvo quando a divisão de atribuições da Promotoria de Justiça
dispuser de forma diversa, quando o inquérito policial for distribuído a outro Juízo, perante o
qual aquele Promotor de Justiça não tenha atribuição, ou quando a manifestação em medida
cautelar houver sido exarada em plantão judiciário ou em acumulação ou auxílio em cargo
distinto.

ENUNCIADO N.40- FORO COMPETENTE NO CRIME DE ESTELIONATO

No crime de estelionato, segundo atual diretriz do Superior Tribunal de Justiça, a competência


se define pelo lugar e momento da obtenção da vantagem indevida, onde se considera
consumado o delito (STJ, CC 161.881/CE, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, 3.ª SEÇÃO,
julgado em 13/03/2019, DJe de 25/03/2019; CC 162.076/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, 3.ª SEÇÃO, julgado em 13/03/2019, DJe 25/03/2019; CC 167.025/RS, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, 3.ª SEÇÃO, julgado em 14/08/2019, DJe 28/08/2019).
Admite-se, contudo, em situações excepcionais, a relativização desse critério, se as
circunstâncias do caso concreto revelarem que a colheita da prova será mais viável e adequada
em foro diverso daquele em que o agente obteve a vantagem indevida.
ENUNCIADO N.41- GAECO E PROMOTOR NATURAL

Nos termos do Ato Normativo n.º 1.047/17 (GAECO), confere-se preponderância à atuação do
Promotor Natural em detrimento do Grupo, o qual deverá oficiar: a) nos procedimentos
investigatórios criminais por ele instaurados, nos inquéritos policiais por ele requisitados e nas
subsequentes ações penais, até decisão final, mediante atuação integrada com o Promotor de
Justiça Natural; b) nas representações por ele recebidas, nas peças de informações a ele
endereçadas e nas notícias de fato autuadas até a deliberação pela eventual instauração de
procedimento investigatório criminal ou requisição de inquérito policial; c) quanto a inquéritos
policiais em curso, não requisitados pelo Grupo, sua intervenção somente ocorrerá quando
esta se revelar útil ou conveniente a critério de seus integrantes.

ENUNCIADO N.42- CRIMES MILITARES POR EXTENSÃO – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR

A Lei nº 13.491/17 ampliou a competência da Justiça Militar e alcança os crimes militares por
extensão, ou seja, aqueles que, embora não previstos no Código Penal Militar, mas no Código
Penal ou em leis esparsas, sempre que praticados por policiais militares em serviço ou em
local sujeito à Administração Militar, ressalvado que o crime de homicídio praticado por
policial militar contra civil compete ao Tribunal do Júri.

ENUNCIADO N.43- COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL – AFASTADA EM


CONCURSO DE CRIMES QUANDO AS PENAS MÁXIMAS ABSTRATAMENTE COMINADAS
SUPERAM DOIS ANOS E QUANDO INCIDE CAUSA DE AUMENTO DE PENA

A competência do Juizado Especial Criminal é afastada quando há concurso de crimes e a


somatória das penas máximas abstratamente previstas para cada infração penal supera o
limite de dois anos. Também é afastada quando há incidência de causa de aumento de pena
que faz com que a pena máxima prevista para a infração penal supere dois anos.

ENUNCIADOS CAO CRIM- LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE - (LEI 13.869/2019):

ENUNCIADO 44 (art. 1º.)

Os tipos incriminadores da Lei de Abuso de Autoridade exigem finalidade específica do agente,


restringindo o alcance da norma.

ENUNCIADO 45 (art. 1º.)

A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas, salvo quando


teratológica, não configura abuso de autoridade, ficando excluído o dolo.

ENUNCIADO 46 (art. 3º.)


Os crimes da Lei de Abuso de Autoridade são perseguidos mediante ação penal pública
incondicionada. A queixa subsidiária pressupõe comprovada inércia do Ministério Público,
caracterizada pela inexistência de qualquer manifestação ministerial.

ENUNCIADO 47 (art. 4º.)

O requerimento do ofendido para a reparação dos danos causados pela infração penal
dispensa qualquer rigor formal.

ENUNCIADO 48 (art. 9º.)

O sujeito ativo do art. 9º., “caput”, da Lei de Abuso de Autoridade, diferentemente do


parágrafo único, não alcança somente autoridade judiciária. O verbo nuclear “decretar” tem o
sentido de determinar, decidir e ordenar medida de privação da liberdade em manifesta
desconformidade com as hipóteses legais.

ENUNCIADO 49 (art. 10)

Os investigados e réus não podem ser conduzidos coercitivamente à presença da autoridade


policial ou judicial para serem interrogados. Outras hipóteses de condução coercitiva, mesmo
de investigados ou réus para atos diversos do interrogatório, são possíveis, observando-se as
formalidades legais.

• Enunciado de acordo com as ADPFs 395 e 444

ENUNCIADO 50 (art. 10)

A condução coercitiva pressupõe motivação e descumprimento de prévia notificação.

ENUNCIADO 51 (art. 12)

Com o fim de preservar a sua identidade, imagem e dados pessoais, é possível, nas exceções
legais, que da nota de culpa não conste o nome do condutor, das testemunhas e das vítimas.

ENUNCIADO 52 (art. 13)

Constranger o preso ou o detento, mediante violência ou grave ameaça, a produzir prova


contra si mesmo ou contra terceiro pode configurar delito de abuso de autoridade (Lei
13.869/19) ou crime de tortura (Lei 9.455/97), a depender das circunstâncias do caso
concreto.

ENUNCIADO 53 (art. 18)


Para efeitos do artigo 18 da Lei de Abuso de Autoridade, compreende-se por repouso noturno
o período de 21h00 a 5h00, nos termos do artigo 22, § 1°, III, da mesma Lei.

ENUNCIADO 54 (art. 18)

Ressalvadas as hipóteses de prisão em flagrante e concordância do interrogado devidamente


assistido, o interrogatório extrajudicial do preso iniciado antes, não pode adentrar o período
de repouso noturno, devendo ser o ato encerrado e, se necessário, complementado no dia
seguinte.

ENUNCIADO 55 (art. 21)

A violação à regra de separação de custodiados, acompanhada de sofrimento físico ou mental


do preso, não tipifica o crime do art. 21 da Lei de Abuso de Autoridade, mas o delito de tortura
(art. 1º, §1º., I), infração penal equiparada a hediondo, sofrendo os consectários da Lei
8.072/1990.

ENUNCIADO 56 (art. 22)

A elementar “imóvel” do artigo 22 da Lei de Abuso de Autoridade deve ser conceituada nos
termos do artigo 79 do Código Civil.

ENUNCIADO 57 (art. 22)

O mandado de busca e apreensão deverá ser cumprido durante o dia (art. 5º., XI, CF/88).
Mesmo havendo luz solar, veda-se seu cumprimento entre 21h00 e 5h00, sob pena de
caracterizar abuso de autoridade (art. 22, §1º., inc. III).

ENUNCIADO 58 (art. 25)

O uso da prova derivada da ilícita está abrangido pelo tipo penal incriminador do art. 25 da Lei
de Abuso de Autoridade, devendo o agente ter conhecimento inequívoco da sua origem.

ENUNCIADO 59 (art. 27)

Não configurará abuso de autoridade a deflagração de investigação criminal com base em


matéria jornalística.

ENUNCIADO 60 (art. 28)

O crime do art. 28 da Lei de Abuso de Autoridade (Divulgar gravação ou trecho de gravação


sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou
ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado) pressupõe interceptação legal
(legítima e lícita), ocorrendo abuso no manuseio do conteúdo obtido com a medida.

ENUNCIADO 61 (ART. 29)

O legislador, na tipificação do crime do art. 29 da Lei de Abuso de Autoridade, optou por


restringir o alcance do tipo, pressupondo por parte do agente a finalidade única de prejudicar
interesse de investigado. Agindo com a finalidade de beneficiar, pode responder por outro
delito, como prevaricação (art. 319 do CP), a depender das circunstâncias do caso concreto.

ENUNCIADO 62 (art. 30)

O crime do art. 30 da Lei de Abuso de Autoridade deve ser declarado, incidentalmente,


inconstitucional. Não apenas em razão da elementar “justa causa” ser expressão vaga e
indeterminada, como também porque gera retrocesso na tutela dos bens jurídicos envolvidos,
já protegidos pelo art. 339 do CP, punido, inclusive, com pena em dobro.

ENUNCIADO 63 (art. 31)

O excesso de prazo na instrução do procedimento investigatório não resultará de simples


operação aritmética, impondo-se considerar a complexidade do feito, atos procrastinatórios
não atribuíveis ao presidente da investigação e número de pessoas envolvidas na apuração,
fatores que, analisados em conjunto ou separadamente, indicam ser, ou não, razoável o prazo
para o seu encerramento.

ENUNCIADO 64 (art. 33)

Quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de agente público para se
eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido pratica abuso de
autoridade (art. 33, parágrafo único) se o comportamento não estiver atrelado à finalidade de
contraprestação do agente ou autoridade. Caso contrário, outro será o crime, como corrupção
passiva (art. 317 do CP).

ENUNCIADO 65 (art. 36)

O delito do art. 36 da Lei de Abuso de Autoridade (abusiva indisponibilidade de ativos


financeiros) pressupõe, objetivamente, uma ação (decretar) seguida de uma omissão (deixar
de corrigir).

ENUNCIADO 66 (art. 39)

Os crimes de abuso de autoridade com pena máxima superior a dois anos, salvo no caso de
foro por prerrogativa de função, são processados pelo rito dos crimes funcionais, observando-
se a defesa preliminar do art. 514 do CPP.
ENUNCIADO 67 (art. 39)

Por ser privativa do servidor público, o particular concorrente no crime de abuso de


autoridade não faz jus à preliminar contestação prevista no art. 514 do CPP.

ENUNCIADO 68 (art. 39)

A inobservância do disposto no artigo 514 do CPP é causa de nulidade relativa, devendo ser
alegada no tempo oportuno, comprovando-se o prejuízo, sob pena de preclusão.

ENUNCIADO 69 (art. 39)

A formalidade do art. 514 do CPP é dispensável quando a denúncia envolver, além do crime
funcional, delito de outra natureza, ambos em concurso.

ENUNCIADO 70 (ANPP)

Crimes de abuso de autoridade, cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, presentes
os pressupostos do art. 18 da Res. 181/17 do CNMP, admitirão o acordo de não persecução
penal, salvo se a sua celebração não atender ao que seja necessário e suficiente para a
reprovação e prevenção do crime.

ENUNCIADO 71 (representações indevidas)

Representações indevidas por abuso de autoridade podem, em tese, caracterizar crime de


denunciação caluniosa (CP, art. 339), dano civil indenizável (CC, art. 953) e, caso o reclamante
seja agente público, infração disciplinar ou político-administrativa.

ENUNCIADO 72 (art. 256 CPP)

A representação indevida por abuso de autoridade contra juiz, promotor de Justiça, delegados
ou agentes públicos em geral, não enseja a suspeição ante a aplicação da regra de que
ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, nos termos do que disposto, inclusive, no art.
256 do CPP.

ENUNCIADO 73: MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA - RECURSO

O recurso cabível da decisão que indefere ou revoga medida protetiva de urgência vinculada a
inquérito policial ou processo criminal é o recurso em sentido estrito. Na hipótese de medida
protetiva autônoma ou cível o recurso cabível é o agravo de instrumento.

ENUNCIADO 74: ANPP - CRIME CULPOSO COM VIOLÊNCIA


É cabível o acordo de não persecução penal nos crimes culposos com resultado violento, pois,
nesses delitos, a violência não está na conduta, mas no resultado não querido ou não aceito
pelo agente, incumbindo ao órgão de execução analisar as particularidades do caso concreto”.

ENUNCIADO N.75 (Execução Criminal - Art. 112, incisos VII e VIII - Desnecessidade da
reincidência específica)

Para a progressão de regime prisional, o condenado por crime hediondo ou equiparado, desde
que reincidente, deverá cumprir a fração de 60% (crime hediondo ou equiparado sem
resultado morte) ou de 70% (crime hediondo ou equiparado com resultado morte), nos termos
dos incisos VII e VIII do artigo 112 da LEP, independentemente da natureza do crime anterior,
pois o legislador não utiliza o termo “reincidente específico”, contentando-se com o genérico.

ENUNCIADOS PGJ-CGMP – LEI 13.964/19:

A Procuradoria-Geral de Justiça e a Corregedoria-Geral do Ministério Público de São Paulo


apresentam enunciados de entendimento sobre a aplicação das alterações introduzidas pela
Lei n. 13.964/19 (Lei Anticrime), direcionados à interpretação das que tenham relevante
interesse geral e institucional, à exceção das disposições que constituem objeto de ações
diretas de inconstitucionalidade em trâmite no Supremo Tribunal Federal.

Neste momento, os enunciados se concentram nas mudanças ocorridas nos Códigos Penal, de
Processo Penal e de Processo Penal Militar, na Lei de Execuções Penais, e nas Leis ns 8.072/90,
9.296/96, 10.826/03, e 12.850/13.

ENUNCIADO N.76: A legitimidade para a execução da pena de multa perante a Vara das
Execuções Criminais é privativa do Ministério Público.

ENUNCIADO N.77: Para fins de requerimento da perda de bens e valores, previsto no § 3º do


art. 91-A do CP, é suficiente a apresentação, por ocasião da oferta da denúncia, da diferença
patrimonial apurada, baseada nas informações disponíveis no caderno investigatório, sem
prejuízo de alteração em virtude de novos elementos.

ENUNCIADO N.78: É dispensável a representação do ofendido no crime de estelionato se


oferecida a denúncia antes da eficácia da Lei nº 13.964/19, em respeito ao ato jurídico
perfeito.

ENUNCIADO N.79: Conhecida a autoria, é necessária a representação da vítima no crime de


estelionato se não oferecida a denúncia até a eficácia da Lei nº 13.964/19, observado o prazo
decadencial de seis meses a contar de sua intimação.

ENUNCIADO N.80: O art. 3º-A do CPP não revogou os incisos I e II do art. 156 do mesmo
diploma legal, salvo, no caso do inciso I, no que tange à possibilidade de determinar, de ofício,
a produção antecipada da prova na fase de investigação.
ENUNCIADO N.81: Para as audiências públicas e orais previstas nos incisos VI e VII do art. 3ºB
do CPP, poderá o juiz das garantias valer-se da videoconferência para assegurar a participação
do indiciado ou acusado.

ENUNCIADO N.82: Antes da decisão sobre a prorrogação do prazo de duração do inquérito


policial, estando o investigado preso, o Ministério Público deverá se manifestar.

ENUNCIADO N.83: O trancamento do inquérito policial previsto no inciso IX do art. 3º-B do


CPP tem natureza jurídica de concessão de ordem de habeas corpus, sendo aplicável o
disposto no inciso I do art. 574, e no inciso X do art. 581 do mesmo diploma legal.

ENUNCIADO N.84: Entende-se por fundamento razoável para o trancamento do inquérito


policial, nos termos do inciso IX do art. 3º-B do CPP, tão somente a manifesta atipicidade do
fato ou a ocorrência de causa extintiva da punibilidade que impeça o prosseguimento da
investigação.

ENUNCIADO N.85: Somente haverá necessidade de decisão do juiz das garantias sobre os
meios de obtenção de prova mencionados na alínea “e” do inciso XI do art. 3º-B do CPP
quando a lei especificamente assim o exigir.

ENUNCIADO N.86: A prorrogação prevista no § 2º do art. 3º-B do CPP aplica-se somente à


prisão preventiva.

ENUNCIADO N.87: O prazo de duração do inquérito policial resultante da aplicação do § 2º do


art. 3º-B do CPP, estando o imputado preso, não incide no caso de prisão temporária.

ENUNCIADO N.88: Os elementos informativos, assim como as provas cautelares, não


repetíveis e antecipadas, colhidos na fase de investigação, acompanharão, obrigatoriamente, o
processo enviado ao juiz da instrução e julgamento. Caso não sejam enviados, o membro do
Ministério Público providenciará sua juntada.

ENUNCIADO N.89: O disposto no caput do art. 3º-D do CPP não é aplicável aos casos em que a
denúncia tenha sido oferecida antes da eficácia da Lei n. 13.964/19.

ENUNCIADO N.90: O membro do Ministério Público que tenha atuado na fase de


investigação, inclusive na presidência de procedimento investigatório criminal, pode atuar na
fase de instrução e julgamento, preservado o princípio do promotor natural.
ENUNCIADO N.91: A citação mencionada no § 1º do art. 14-A do CPP e no § 1º do art. 16-A do
CPPM tem natureza jurídica de notificação, eis que ainda não instaurada a instância
processual, aplicando-se apenas ao servidor público quando caracterizada a sua condição
jurídica de investigado. Poderá a autoridade policial realizar diligências investigatórias mesmo
antes de constituído ou nomeado defensor, exceto as que exijam a participação do investigado
ou aquelas das quais este tenha o direito de participar.

ENUNCIADO N.92: A instância de revisão ministerial do arquivamento de inquérito policial,


termo circunstanciado, procedimento investigatório criminal, peças de informação de natureza
criminal e recusa de acordo de não persecução penal é o ProcuradorGeral de Justiça.

ENUNCIADO N.93: O desarquivamento do procedimento investigatório com base em prova


nova prescinde de autorização judicial, sendo inoponível óbice da coisa julgada.

ENUNCIADO N.94: O direito de provocar a revisão do arquivamento limita-se às pessoas


mencionadas nos §§ 1º e 2º do art. 28 do CPP.

ENUNCIADO N.95: A expressão “conduta criminosa habitual, reiterada ou profissional”,


prevista no inciso II do § 2º do art. 28-A do CPP, deve ser entendida como a habitualidade
criminosa, a ser verificada no caso concreto.

ENUNCIADO N.96: A proposta de acordo de não persecução penal tem natureza de


instrumento de política criminal e sua avaliação é discricionária do Ministério Público no
tocante à necessidade e suficiência para reprovação e prevenção do crime. Trata-se de
prerrogativa institucional do Ministério Público e não direito subjetivo do investigado.

ENUNCIADO N.97: O acordo de não persecução penal é incompatível com crimes hediondos
ou equiparados, uma vez que sua elaboração não atende ao requisito previsto no caput do art.
28-A do CPP, que o restringe a situações em que se mostre necessário e suficiente para a
reprovação e prevenção do crime.

ENUNCIADO N.98: É cabível acordo de não persecução penal em infrações cometidas com
violência contra a coisa, devendo-se interpretar a restrição do caput do art. 28- A do CPP como
relativa a infrações penais praticadas com grave ameaça ou violência contra a pessoa (lex
minus dixit quam voluit).
ENUNCIADO N.99: Rescindido o acordo de não persecução penal por conduta atribuível ao
investigado, sua confissão pode ser utilizada como uns dos elementos para oferta da denúncia.

ENUNCIADO N.100: O Ministério Público somente poderá celebrar acordo de não persecução
penal se o investigado estiver acompanhado de defensor.

ENUNCIADO N.101: Não é obrigatória a participação do membro do Ministério Público na


audiência de homologação do acordo de não persecução penal prevista no § 4º do art. 28-A do
CPP.

ENUNCIADO N.102: Caso o juiz não homologue o acordo de não persecução, nos termos do §
5º do art. 28-A do CPP, e devolva os autos ao Ministério Público, caberá ao órgão ministerial
reiniciar as negociações com o investigado, oferecer denúncia ou providenciar outras
diligências. ENUNCIADO N.103: A concordância do investigado e seu defensor com o juiz na
reformulação da proposta de acordo significa sua retratação da adesão.

ENUNCIADO N.104: A homologação do acordo de não persecução penal a ser realizada pelo
juiz das garantias restringe-se ao juízo de voluntariedade e legalidade da proposta, não
abrangendo a análise da necessidade e suficiência para prevenção e reprovação do crime.

ENUNCIADO N.105: O pedido revisional fundado no §14 do art. 28-A do CPP não terá
seguimento nos casos em que a pena mínima prevista para o delito for igual ou superior a 04
(quatro) anos (art. 28-A, caput e § 1º do CPP) ou quando incidir alguma das vedações previstas
nos incisos I a IV do § 2º do art. 28-A, do CPP.

ENUNCIADO N.106: Aplica-se o artigo 28 do CPP nos casos em que, oferecida a denúncia, o
juiz entenda cabível a proposta de acordo de não persecução penal.

ENUNCIADO N.107: A prova inadmissível a que se refere o § 5º do art. 157 do CPP é apenas a
ilícita, isto é, aquela cujo meio de obtenção viola proibição de natureza material ou preceito
constitucional, não estando inserida na regra do referido dispositivo a prova ilegítima, assim
entendida aquela que desobedeça norma processual infraconstitucional.

ENUNCIADO N.108: O juiz, desembargador ou ministro dos tribunais superiores que conheceu
do conteúdo da prova ilícita não poderá proferir a sentença ou o acórdão, salvo se tiver
declarado a prova inadmissível, logo ao tomar conhecimento de sua ilicitude, pois nesse caso a
imparcialidade do órgão julgador estará preservada.
ENUNCIADO N.109: Nenhuma medida cautelar pessoal poderá ser decretada de ofício pelo
juiz, salvo na hipótese em que ele volte a decretá-la, quando anteriormente a tenha revogado,
nos termos dos §§ 2º e 5º do art. 282, e do caput do art. 316 do CPP.

ENUNCIADO N.110: O contraditório exigido pelo §3º do art. 282 do CPP prescinde da
designação de audiência, salvo no caso de prorrogação de medida cautelar, inclusive prisão
provisória.

ENUNCIADO N.111: A expressão “perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado”,


contida no caput do art. 312 do CPP, refere-se ao periculum libertatis, que se apresenta por
meio do risco à ordem pública, à ordem econômica, à instrução criminal ou à futura aplicação
da lei penal, que já são requisitos para a decretação da prisão preventiva.

ENUNCIADO N.112: A expressão “em absolvição” prevista no inciso II do § 5º do art. 492 do


CPP viola o princípio constitucional da soberania dos veredictos.

ENUNCIADO N.113: A posse ou porte de arma de fogo de uso restrito não é mais definido
como crime hediondo.

ENUNCIADO N.114: A descrição circunstanciada da forma de instalação do dispositivo de


captação ambiental, prevista no § 1º do art. 8º-A da Lei nº 9.296/96, deve garantir que os
métodos de ocultação dos dispositivos usados pelos órgãos de segurança sejam preservados
do conhecimento público, sob pena de se tornar ineficaz tal meio de obtenção de prova.

ENUNCIADO N.115: A expressão “atividade criminal permanente, habitual ou continuada”,


contida no § 3º do art. 8º-A da Lei nº 9.296/96, não é sinônima de crime permanente, habitual
ou continuado.

ENUNCIADO N.116: A captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos,


prevista no artigo 8º-A da Lei nº 9.296/96, pode ser autorizada para investigação de todos os
crimes que preencham os requisitos do inciso II do caput do mesmo artigo, sendo válido o
mesmo critério para a prorrogação da medida, demonstrada sua indispensabilidade.

ENUNCIADO N.117: Nos termos do §3° do artigo 3º-C, da Lei n 12.850/13, no acordo de
colaboração premiada, o colaborador pode narrar outros fatos de que tenha conhecimento,
ainda que não tenham relação direta com o objeto da investigação, ensejando sua apuração.
ENUNCIADO N.118: O acordo de colaboração premiada homologado nos termos do art. 3º-A
da Lei nº 12.850/13 pelo juiz de garantias é negócio jurídico, considerado ato jurídico perfeito
e vincula o juiz da instrução e julgamento, salvo se descumpridos seus termos.

ENUNCIADO N.119: Os benefícios da Lei nº 12.850/13 não podem ser concedidos de ofício
pelo juiz da instrução e julgamento fora da hipótese de negócio jurídico entre as partes.

ENUNCIADO N.120: O cálculo das frações para benefícios executórios deve ser realizado sobre
o total da pena privativa de liberdade, não se aplicando o limite temporal previsto no artigo 75
do Código Penal.

ENUNCIADO N.121: As novas regras do regime disciplinar diferenciado, previsto no artigo 52


da Lei de Execuções Penais, se aplicam aos sentenciados que incidirem em seus termos após a
eficácia da Lei nº 13.964/19.

ENUNCIADO N.122: A vedação ao direito de saída temporária, prevista no §2º do artigo 122 da
Lei de Execuções Penais, se aplica ao condenado que cumpre pena por crime elencado no
artigo 5º, inciso XLIII da Constituição Federal, do qual tenha resultado morte.

ENUNCIADO N.123: As frações exigidas pelo artigo 112 da LEP para progressão de regime
incidirão para os condenados por fato cometido a partir da eficácia da Lei n.º 13.964/19, salvo
se, aplicadas no caso concreto, beneficiarem o sentenciado.

ENUNCIADO N.124: O executado, primário ou reincidente, condenado a crime hediondo ou


equiparado com resultado morte, não faz jus ao livramento condicional.

ENUNCIADO N.125: Tendo em vista que o artigo 112 da LEP não utiliza o termo “reincidente
específico”, a aplicação das frações previstas nos incisos IV, VII e VIII se baseia na recidiva,
independentemente da natureza do crime anterior, conforme a seguinte tabela

STATUS DO CRIME ANTERIOR CRIME ATUAL PERCENTUAL PARA


SENTENCIADO PROGRESSÃO

Primário Não há Sem violência à pessoa 16% - art. 112, I, LEP


ou grave ameaça

Reincidente em Sem violência ou Sem violência à pessoa 20% - art. 112, II, LEP
crime sem violência grave ameaça à ou grave ameaça
ou grave ameaça à pessoa
pessoa
Primário Não há Com violência à 25% - art. 112, III, LEP
pessoa ou grave
ameaça

Reincidente em Com violência à Com violência à 30% - art. 112, IV, LEP
crime com violência pessoa ou grave pessoa ou grave
ou grave ameaça à ameaça ameaça
pessoa

Reincidente Com violência à Sem violência à pessoa 20% (ausente previsão,


(reincidência pessoa ou grave ou grave ameaça aplica-se o art. 112, II,
reconhecida na ameaça LEP)
condenação pelo
crime atual)

Reincidente Sem violência à Com violência à 30% (ausente previsão,


(reincidência pessoa ou grave pessoa ou grave aplica-se o art. 112, IV,
reconhecida na ameaça ameaça LEP)

condenação pelo
crime atual)

Primário Não há Hediondo ou 40% - art. 112, V, LEP


equiparado nos
termos da Lei
8.072/90

Primário Não há Crime hediondo ou 50% - art. 112, VI, LEP


equiparado com
resultado morte,
vedado o livramento
condicional

Primário/ Não há - condenado por 50% - art. 112, VI, LEP


Reincidente exercer o comando,
individual ou coletivo,
de organização
criminosa estruturada
para a prática de

crime hediondo ou
equiparado; ou

- condenado pela
prática do crime de
constituição de milícia
privada;
Reincidente na prática É indiferente Crime hediondo ou 60% - art. 112, VII, LEP
de crime hediondo ou equiparado
equiparado

Reincidente em crime É indiferente Crime hediondo ou 70% - art. 112, VIII, LEP
hediondo ou equiparado, com
equiparado com resultado morte
resultado morte,
vedado o livramento
condicional

ENUNCIADO N.126: O âmbito de incidência do acordo de não persecução penal, no tocante ao


critério quantitativo da pena, alcança infrações penais com pena mínima inferior a quatro
anos, consideradas as causas de aumento e diminuição de pena, nos termos do art. 28-A, §1º,
do CPP. Em havendo redutores ou exasperantes em limites variáveis, deve-se tomar como
parâmetro, respectivamente, a maior diminuição e o menor aumento, uma vez que o
parâmetro é o piso punitivo.

ENUNCIADO N.127: O crime de tráfico ilícito de drogas privilegiado ou minorado, previsto no


art. 33, §4º, da Lei n.º 11.343/06, embora desprovido de caráter hediondo, não prescinde da
análise, no caso concreto, das circunstâncias do fato, de maneira a verificar se estão presentes
os requisitos subjetivos exigidos para a formulação do acordo e não persecução penal

ENUNCIADOS CAOCRIM- LEI 14.132/2021 (CRIME DE PERSEGUIÇÃO)

ENUNCIADO N.128: A perseguição por parte do agente configura fator de risco para a mulher,
conforme Formulário Nacional de Risco (Resolução Conjunta nº 05 CNJ-CNMP, Lei nº
14.149/2021).

ENUNCIADO N.129: A perseguição iniciada antes da vigência do artigo 147-A CP pode ser
inserida na denúncia do Ministério Público como parte da conduta causal deste crime.

ENUNCIADO N.130: Para se aferir o impacto da ameaça ou perseguição para a vida da vítima
(art. 147 A CP), deve-se atentar para as condições pessoais do ofendido, tais como idade,
condições de saúde, histórico pessoal, histórico de violência, não se aplicando, isoladamente, o
conceito de “pessoa média”.

ENUNCIADO N.131: O contato da vítima com o autor da perseguição não pode ser
interpretado, necessariamente, como ausência de perigo.
ENUNCIADO N.132: Condutas isoladas que não configuram infrações penais podem configurar
crime perseguição em razão de sua repetição e insistência, tais como: encarar a vítima,
abordagens insistentes, seguir a vítima na rua ou local de trabalho, enviar mensagens
repetidamente, telefonemas insistentes, presentes indesejados ou estranhos.

ENUNCIADO N.133: A causa de aumento de pena do artigo 147-A, §1º, II, CP, abrange a
violência contra mulheres trans e travestis.

ENUNCIADO N.134: Se a perseguição provocar danos à saúde da vítima e seu afastamento das
ocupações habituais por mais de trinta dias, haverá o concurso formal impróprio entre os
crimes de perseguição e lesão corporal grave, nos exatos termos do art. 147-A, §2º, CP.

ENUNCIADO N.135: Perseguição reiterada cometida e encerrada antes da Lei 14.132/21,


caracterizadora da contravenção penal do art. 65, se presentes as elementares do art. 147-A
do CP, pode continuar sendo objeto de persecução penal. Aplica-se, na hipótese, o princípio da
continuidade normativo-típica, bem como o princípio da irretroatividade maléfica da lei penal
superveniente, sendo o preceito secundário do art. 65 da LCP ultrativo.

ENUNCIADO N.136: Para os processos em que houve oferecimento de denúncia pelo artigo 65
LCP não há necessidade de se intimar a vítima para oferecimento de representação. A
necessidade de representação somente retroage para alcançar fatos ainda na fase de
investigação.

ENUNCIADO N.137: A representação da vítima é necessária para o oferecimento da inicial,


mesmo no caso de perseguição cometida no ambiente doméstico e familiar contra a mulher.

ENUNCIADO N. 138: A “reiteração” mencionada no artigo 147-A CP pressupõe duas ou mais


condutas contra vítima específica, sequenciais ou não, desde que no mesmo contexto fático.

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