Produção de Mudas de Antúrio
Produção de Mudas de Antúrio
Produção de Mudas de Antúrio
41 Introdução
Circular
Técnica
Fabrina Bolzan Martins Dentre as espécies tropicais, destaca-se o antúrio, que tem apresentado boa
Engenheira Florestal, D.Sc. em
Ciência Florestal, professora do
aceitação nos mercados interno e externo. Dessa forma, existem perspectivas
Instituto de Recursos Naturais da favoráveis para elevar a sua produção, comercialização e consumo, em ambos os
Universidade Federal de Itajubá,
Itajubá, MG, fabrinabm@gmail.com mercados (ANEFALOS et al., 2010).
Ana Claudia Ferreira da Cruz
Engenheira-agrônoma, D.Sc. em O antúrio (Anthurium sp.) é uma importante flor tropical, pertencente à família
Botânica, bolsista da Universidade
Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Araceae, sendo originário das Américas do Sul e Central (COELHO; CATHARINO,
aclaudia5@hotmail.com
2005). A principal espécie desse gênero, Anthurium andraeanum Linden, tem
Wagner Campos Otoni como centro de origem a Venezuela e a Colômbia, sendo preferida sobre as outras
Engenheiro-agrônomo, D.Sc. em
Genética e Melhoramento, professor flores tropicais, devido ao tamanho, cor e durabilidade pós-colheita das suas
do Departamento de Biologia Vegetal,
Universidade Federal de Viçosa, inflorescências (TOMBOLATO et al., 2004b; TOMBOLATO; CASTRO, 2005).
Viçosa, MG, wotoni@ufv.br
Propagação
enquanto as estruturas masculinas ainda se
A propagação do antúrio ocorre por via sexuada e encontram imaturas, dificultando a autofecundação
assexuada. A produção de mudas por sementes é e favorecendo o cruzamento natural entre plantas
um processo lento, gerando progênies heterogêneas (TOMBOLATO; CASTRO, 2005). Consequentemente,
devido à polinização cruzada (BEJOY et al., 2008), as plantas resultantes podem variar em vigor,
em função do fenômeno da protoginia. Nesse tamanho e produtividade, e as inflorescências,
processo, os órgãos sexuais femininos atingem apresentar diferenças em relação à cor, forma
primeiramente a maturidade e tornam-se receptivos, e tamanho. Tem sido observado também que
3 Produção de Mudas Micropropagadas de Antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel por Embriogênese Somática
Existem dois padrões básicos de expressão da dependente. Esses autores utilizaram explantes
embriogênese somática: o modelo direto, no foliares, com a adição de 2,4-D no meio de cultura,
qual os embriões somáticos originam-se dos que resultaram na formação de embriões somáticos.
tecidos matrizes sem a formação de estágios Bautista et al. (2008) também obtiveram sucesso na
intermediários, e o modelo indireto, no qual os obtenção de embriões somáticos, a partir a cultura
embriões somáticos se formam a partir de um tecido in vitro de explantes foliares, cultivados em meio de
intermediário denominado calo, que apresenta cultura adicionado dessa mesma auxina. Já Pinheiro
células em diferentes estádios de diferenciação (2010) empregou explantes de segmentos nodais,
e, consequentemente, com distintos graus de constatando que a formação dos embriões somáticos
determinação (GUERRA et al., 1998; FEHÉR et al., foi dependente do tipo e da concentração de auxinas.
2003; ROCHA et al., 2012). O modelo de embriogênese somática empregado
nesses três trabalhos foi via indireta, isto é, por meio
Segundo George et al. (2008), a regeneração de da formação intermediária de calos.
plantas via embriogênese somática ocorre em cinco
etapas: As metodologias utilizadas para a indução de
embriogênese somática, em antúrio, envolvem
1. Indução de culturas embriogênicas a partir do diferentes cultivares (KUEHNLE et al., 1992;
cultivo inicial dos explantes em meio de cultura MATSUMOTO et al., 1996; TE-CHATO et al., 2006;
suplementado com reguladores de crescimento. RAAD et al., 2012), diversas fontes de explantes
Nesta fase, geralmente são utilizadas auxinas (KUEHNLE et al., 1992; TE-CHATO et al., 2006;
sintéticas em elevadas concentrações, como o XIN et al., 2006; RAAD et al., 2012), mudanças na
2,4-diclorofenoxiacético (2,4-D). composição do meio de cultura (KUEHNLE et al.,
1992; MATSUMOTO et al., 1996; TE-CHATO et al.,
2. Proliferação das culturas embriogênicas em 2006; BEYRAMIZADE et al., 2008; BAUTISTA et
meio líquido ou semissólido, suplementado com al., 2008; RAAD et al., 2012), suplementação com
as mesmas concentrações dos reguladores de diferentes tipos e concentrações de reguladores de
crescimento usados no estabelecimento das crescimento (KUEHNLE et al., 1992; MATSUMOTO
culturas embriogênicas. et al., 1996; BAUTISTA et al., 2007; BEYRAMIZADE
et al., 2008; BAUTISTA et al., 2008; RAAD et al.,
3. Maturação dos embriões somáticos em meio 2012), de açúcares e agentes gelificantes (KUEHNLE
de cultura sem a adição de reguladores de et al., 1992) e alterações nas condições de cultivo,
crescimento. Com isso, ocorre a inibição da como fotoperíodo e irradiância (RAAD et al., 2012).
proliferação das culturas embriogênicas e o
estímulo à formação e ao desenvolvimento dos Dessa forma, este estudo fornece informações
embriões somáticos. sobre a metodologia de obtenção de embriões
somáticos, via embriogênese somática indireta, como
4. Germinação dos embriões somáticos em meio de uma técnica alternativa para a produção de mudas
cultura suplementado com ácido abscísico e/ou micropropagadas de antúrio cv. Eidibel.
com redução no potencial osmótico.
Figura 2. Indução de calos embriogênicos, a partir do cultivo in vitro de explantes de segmento nodal em antúrio (Anthurium
andraeanum) cv. Eidibel. (A) Mudas de antúrio cv. Eidibel, previamente estabelecidas in vitro, em desenvolvimento adequado
para a excisão dos explantes para indução de calos embriogênicos. (B) Planta estabelecida in vitro, a partir da qual os
explantes foram excisados. (C) Segmentos nodais inoculados horizontalmente em placa de Petri. (D) Segmento nodal com
formação de calos embriogênicos, aos 60 dias após a inoculação, em meio Pierik suplementado com 10,0 µM de ANA.
6 Produção de Mudas Micropropagadas de Antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel por Embriogênese Somática
Embora vários trabalhos de pesquisa tratem da de calos é um processo de difícil obtenção e que
produção de mudas micropropagadas de antúrio, demanda muito tempo, cerca de 2 meses (RAAD et
via embriogênese somática, dados relativos à al., 2012), a recomendação de um protocolo com a
porcentagem de obtenção de calos embriogênicos, utilização de outra fonte de auxina, como o ANA, é
a partir dos explantes utilizados, são escassos. uma alternativa viável para obtenção de embriões
Te-Chato et al. (2006) verificaram que 60% e somáticos nessa espécie, visando evitar os efeitos
70% dos explantes de segmento nodal formaram negativos causados pelo 2,4-D. Além disso, não
calos embriogênicos nos meios de cultura MS há registro na literatura sobre os efeitos de ANA
(MURASHIGE; SKOOG, 1962) e WPM (LLOYD; em cultivos prolongados, na indução de variações
McCOWN, 1980), respectivamente. A partir de genéticas e epigenéticas afetando o potencial
explantes foliares, foram registradas taxas de embriogênico das culturas.
formação de calos embriogênicos que variaram
de 0,0% a 38,8% (KUEHNLE et al., 1992), de Aos 60 dias, a natureza dos calos embriogênicos
29,3% a 48,7% (BAUTISTA et al., 2008) e 61,1% (Figura 3-A) pode ser diagnosticada por aspectos
(MATSUMOTO et al., 1996). Na metodologia histoquímicos, por meio da dupla coloração com
proposta, metade dos explantes de segmento nodal carmim acético (2%) e azul de Evans (0,1%),
é responsiva na formação de calos embriogênicos,
seguindo-se o proposto por Durzan (1988). As
(PINHEIRO et al., no prelo. a), indicando que esse
estruturas que reagiram ao carmim acético são
valor é semelhante aos citados na literatura, e que
coradas de vermelho e revelam setores com
as variações registradas devem ser atribuídas aos
características embriogênicas (Figura 3-B); aquelas
protocolos utilizados, bem como às cultivares de
que reagirem ao azul de Evans são coradas de azul,
antúrio estudadas.
revelando estruturas não embriogênicas. Assim,
confirma-se a presença de calos embriogênicos,
Vários estudos têm destacado o papel fundamental
da aplicação de auxinas como indutores da e não de massas parenquimáticas calosas. Além
embriogênese somática, em especial o 2,4-D. Essa disso, pode-se realizar o teste de lugol (0,1%) em
auxina tem sido considerada a mais indicada para calos macerados para detectar a presença de amido
a indução de maiores taxas de embriões somáticos (JENSEN, 1962), já que os calos embriogênicos
na espécie A. andraeanum (KUEHNLE et al., 1992; possuem elevada quantidade de amido em
BAUTISTA et al., 2008). Entretanto, Guerra et al. suas células que reagem ao lugol, corando de
(1998) ressaltam que a manutenção prolongada dos amarelo-escuro a preto-azulado (Figura 3-C). Isso
calos embriogênicos em meio contendo 2,4-D pode confirma que os calos produzidos possuem células
induzir variações genéticas e epigenéticas, afetando embriogênicas. Os calos embriogênicos formados
o potencial embriogênico das culturas. Além disso, devem apresentar coloração amarelo-clara, e os
os mesmos autores observaram que os embriões embriões somáticos, tanto a presença de grãos
somáticos tornam-se habituados quando cultivados de amido em suas células, quanto de procâmbio e
por longos períodos na presença dessa auxina, delimitações da protoderme bem definidas, além de
resultando na perda do potencial de maturação e, sinais de polarização (Figura 3-D; 3-E), confirmados
consequentemente, da capacidade de conversão dos a partir do uso de técnicas da Anatomia Vegetal
embriões em plantas. Como, em antúrio, a indução (KARNOVSKY, 1965; O´BRIEN; MACCULLY, 1981).
7 Produção de Mudas Micropropagadas de Antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel por Embriogênese Somática
Fotos D-E: Marcos Vinícius Marques Pinheiro; Ana Claudia Ferreira da Cruz
Figura 3. Indução de calos embriogênicos em explantes de segmento nodal de antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel,
em meio Pierik suplementado com 10,0 µM de ANA. (A) Calos embriogênicos induzidos aos 60 dias de cultivo in vitro.
(B) Culturas embriogênicas, em que as células de coloração vermelha revelam características embriogênicas. (C) Culturas
embriogênicas coradas com lugol para detecção de amido (reação positiva: coloração marrom). (D-E) Seções transversais
de embriões somáticos desenvolvidos aos 60 dias de cultivo in vitro. (D) Embrião somático com início de formação de
protoderme. (E) Embriões somáticos com formação de protoderme e procâmbio, além da presença de grãos de amido
em suas células, quando corados com lugol. Eb: embrião; Pt: protoderme; Pc: procâmbio; Ga: grãos de amido; círculo:
evidencia a presença de grãos de amido nas células embriogênicas. Barras: A: 500 µm; B: 300 µm; C: 200 µm;
D: 150 µm; E: 100 µm.
Figura 4. Proliferação de calos embriogênicos de antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel. (A) Calo embriogênico, aos
60 dias, induzido em meio Pierik suplementado com 10,0 µM de ANA. (B) Calo embriogênico subcultivado a cada 60 dias,
no mesmo meio indutor, evidenciando embriogênese somática secundária. Barras: A: 500 µm; B: 1.000 µm.
Etapa 3: Maturação dos embriões Ao final desse período, são produzidos cerca de
somáticos 5,2 embriões somáticos por calo embriogênico.
Embora apresentem desenvolvimento normal, não
Para a maturação dos embriões somáticos, calos ocorre o desprendimento dos embriões dos calos
embriogênicos obtidos na Etapa 2 devem ser embriogênicos (Figura 5-D). É possível observar
selecionados em função da presença de setores com ainda que os calos apresentam textura friável, alguns
grande capacidade de proliferação (Figura 4-B) e com desenvolvimento embrionário avançado, ou seja,
crescimento embrionário com sinais de polarização embriões nos estádios de globular ao estádio juvenil
(Figura 3-D e 3-E) (PINHEIRO et al., no prelo. b). (germinado), como mostrado na Figura 5-E.
Nessa fase, os calos embriogênicos selecionados, Por meio da análise histológica das culturas
com cerca de 90 mg de massa fresca (Figura 5-B), embriogênicas, é possível observar embriões em
devem ser inoculados, sob condições assépticas, em diferentes estádios de maturação (Figura 5-F e 5-G);
Erlenmeyers de 125 mL, contendo 25 mL de meio de embriões somáticos em início de formação (Figura
cultura ESB líquido suplementado com 0,47 µM (que 5-F); embriões somáticos com protoderme bem
corresponde a 0,10 mg L-1) de 6-furfurilaminopurina definida e presença de procâmbio, evidenciando
(cinetina) (Tabela 1), como mostrado na Figura 5-A. a presença de um sistema vascular fechado,
Os calos embriogênicos devem ser mantidos em o que demonstra sinais de polarização (Figura
sala de crescimento a 25±2 oC, no escuro (cobertos 5-G); embrião somático em estádio avançado de
por papel alumínio), sob agitação orbital a 100 rpm, desenvolvimento (Figura 5-H).
durante 45 dias (Figura 5-C).
9 Produção de Mudas Micropropagadas de Antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel por Embriogênese Somática
Figura 5. Maturação de calos embriogênicos de antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel. (A) Erlenmeyer, contendo 25 mL de
meio de cultura Pierik líquido suplementado com 0,47 µM de cinetina, para a inoculação dos calos embriogênicos. (B) Explante
inicial: calos embriogênicos inoculados em Erlenmeyer contendo o referido meio. (C) Manutenção dos calos embriogênicos
em mesa agitadora, no escuro, sob agitação orbital a 100 rpm, durante 45 dias. (D) Explante final: calos embriogênicos com
embriões somáticos em diferentes estádios de desenvolvimento, aos 45 dias de cultivo. (E) Explante final: calos embriogênicos
com embriões de maturação completa e germinados, aos 45 dias de cultivo. (F) Calos embriogênicos com início de formação
de embrião somático. (G) Embrião somático em estádio intermediário de desenvolvimento, com protoderme e procâmbio bem
definidos. (H) Maturação completa do embrião em planta, demonstrando zonas meristemáticas apical e radicular evidentes, Cl: calo;
Eb: embrião; Pc: procâmbio; Pt: protoderme. Barras: A: 5 mm; B: 10 mm; C: 30 mm; D: 1 mm; E: 100 µm; F; G; H: 300 µM.
10 Produção de Mudas Micropropagadas de Antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel por Embriogênese Somática
Tabela 1. Meios de cultura ESA (etapas 1: indução de calos embriogênicos e 2: proliferação das culturas
embriogênicas), ESB (etapa 3: maturação dos embriões somáticos) e ESC (etapa 4: germinação dos
embriões somáticos) utilizados na produção de mudas micropropagadas de antúrio, (Anthurium
andraeanum) via embriogênese somática (PIERIK, 1976 modificado).
Meio de cultura ESA ESB ESC
componente (1) mg L-1
Nitrato de amônio (NH4NO3) 825 825 825
Nitrato de potássio (KNO3) 950 950 950
Sulfato de magnésio hepta-hidratado (MgSO4.7H2O) 185 185 185
Fosfato monobásico de potássio (KH2PO4) 85 85 85
Cloreto de cálcio tetra-hidratado (CaCl2.4H2O) 220 220 220
Sacarose 20.000 20.000 20.000
ANA 1,86 - -
Cinetina - 0,10 0,50
Ágar (Merck ) ®
6.500 - 6.500
(1)
Este meio deve ser adicionado de microelementos, FeEDTA, mio-inositol e vitaminas do meio MS (MURASHIGE;
SKOOG, 1962).
Kuehnle et al. (1992) constataram porcentagens de Após esse processo, as mudas enraizadas, com
formação de plantas que variaram de 14% a 85%, cerca de duas folhas e 1,5 cm de altura, devem ser
70% e 100% para os híbridos UH780, UH965 e separadas (Figura 6-B) e transplantadas, em número
UH1060, respectivamente. Na cultivar Lambada, em de cinco mudas por frasco do tipo Agripot® (Figura
função da concentração da citocinina adicionada 6-C), contendo substrato comercial Plantmax®, e
ao meio de cultura, a porcentagem de embriões fechados com tampas plásticas transparentes de
somáticos que formaram plantas variou de 29,8% polipropileno com 6,0 cm de diâmetro e área de
a 64,5% (BAUTISTA et al., 2008). Na metodologia 90 cm3, objetivando-se manter o ambiente interno do
proposta, 41,2% dos embriões somáticos resultaram recipiente bem úmido. As plantas devem permanecer
na obtenção de plantas completas, indicando que nessas condições por 2 meses, sob condições
esse valor deve ser atribuído à cultivar estudada, de temperatura ambiente (cerca de 28±2 °C),
bem como ao protocolo empregado. luminosidade artificial de 50 μmol m-2s-1 e luz natural
indireta. Após esse período, as mudas devem ser
transplantadas individualmente para copos plásticos,
Etapa 5: Aclimatização das plantas
com capacidade de 300 cm3, totalmente preenchido
As plantas regeneradas, provenientes dos embriões com o substrato Plantmax® e mantidas em casa de
somáticos formados na Etapa 4, devem ser retiradas vegetação, com temperatura e umidade controladas
dos Erlenmeyers e lavadas com água corrente (Figura 6-D). A porcentagem de sobrevivência das
para a remoção do meio de cultura nelas aderido. plantas durante a aclimatização foi de 65%.
11 Produção de Mudas Micropropagadas de Antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel por Embriogênese Somática
Figura 6. Germinação dos embriões somáticos e aclimatização de mudas de antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel a
partir da embriogênese somática. (A) Embriões formados em meio semissólido Pierik, acrescido de 2,32 µM de cinetina.
(B) Planta completa obtida a partir da conversão dos embriões somáticos. (C) Detalhe do tipo de frasco (Agripot®) utilizado
para a aclimatização das mudas. (D) Planta com 5 meses de idade em casa de vegetação.
Todos os meios de cultura são acrescidos dos 15 minutos. Em relação aos meios ESA e ESC, que
microelementos, FeEDTA, mio-inositol e vitaminas do possuem a consistência semissólida, a quantidade
meio MS (MURASHIGE; SKOOG, 1962), tendo o pH do agente gelificante a ser adicionada ao meio de
corrigido para 5,8 e autoclavados a 121 oC, durante cultura vai depender da marca do produto.
12
Fotos: Marcos Vinícius Marques Pinheiro Produção de Mudas Micropropagadas de Antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel por Embriogênese Somática
Figura 7. Esquema ilustrativo resumido das fases da embriogênese somática em antúrio (Anthurium andraeanum) cv. Eidibel.
Considerações Agradecimentos
O protocolo em questão (Figura 7) abre novas Os autores agradecem ao Instituto Agronômico (IAC)
possibilidades para a transformação genética por cederem as mudas in vitro para a realização
de plantas, preservação de germoplasma por deste trabalho; à Embrapa e à Fundação de Amparo
criopreservação e integração de técnicas associadas à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig),
à tecnologia de sementes sintéticas, além da rápida pelo auxílio à pesquisa; e à Capes, pela concessão
propagação de mudas de antúrio cv. Eidibel. Esse de bolsa ao segundo autor.
protocolo de embriogênese somática foi desenvolvido
pela Embrapa Agroindústria Tropical, em parceria
com a Universidade Federal de Viçosa, para essa
Referências
cultivar. Além disso, este estudo fornece valiosas ANEFALOS, L. C.; TOMBOLATO, A. F. C.; RICORDI, A. Panorama
informações que podem ser utilizadas no futuro para atual e perspectivas futuras da cadeia produtiva de flores
aprimorar a técnica de propagação in vitro dessa tropicais: o caso do antúrio. Revista Brasileira de Horticultura
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