NCP 13

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7688 Diário da República, 1.ª série — N.

º 178 — 11 de setembro de 2015

41 — Quando já não existirem as incertezas que im- NCP 13 — Rendimento de Transações


pediram que pudesse ser fiavelmente estimado o des- com Contraprestação
fecho do contrato de construção, o rendimento e os 1 — Objetivo
gastos associados ao mesmo devem ser reconhecidos
de acordo com o parágrafo 28 e não de acordo com o 1 — O objetivo da presente Norma é prescrever o
parágrafo 38. tratamento contabilístico do rendimento proveniente de
transações e acontecimentos que tenham uma contra-
8 — Reconhecimento de perdas esperadas prestação.
2 — O principal aspeto na contabilização do rendi-
42 — Relativamente aos contratos de construção para mento é determinar quando se deve reconhecê-lo. O rendi-
os quais se pretende, no início do contrato, que os custos mento é reconhecido quando for provável que fluam para
sejam totalmente recuperados das outras partes do contrato a entidade benefícios económicos futuros ou potencial de
de construção, quando for provável que os custos totais serviço e estes benefícios possam ser mensurados com
do contrato excedam os respetivos rendimentos totais, fiabilidade. Esta Norma identifica as circunstâncias em
a perda esperada deve ser reconhecida imediatamente que estes critérios serão satisfeitos e, por conseguinte, o
como gasto. rendimento será reconhecido. A Norma também dá orien-
43 — As entidades do setor público podem celebrar tação prática sobre a aplicação destes critérios.
contratos de construção que especifiquem que o rendi- Na presente Norma o termo “rendimento” refere-se
mento destinado a cobrir os custos de construção será também a ganhos.
totalmente coberto pelas outras partes do contrato. Tal
pode ocorrer quando, por exemplo: 2 — Âmbito
(a) As entidades públicas que dependem em larga me- 3 — Uma entidade deve aplicar esta Norma na conta-
dida de dotações orçamentais para financiar as suas opera- bilização do rendimento proveniente das seguintes tran-
ções estão também autorizadas a contratar com empresas sações e acontecimentos com contraprestação:
públicas ou privadas a construção de ativos numa base
comercial ou de recuperação total de custos; ou (a) Prestação de serviços;
(b) As entidades públicas transacionam entre si de (b) Venda de bens; e
forma independente ou numa base comercial. (c) Uso por terceiros de ativos da entidade que pro-
duzam juros, royalties e dividendos ou distribuições si-
Nestes casos, uma perda esperada num contrato de milares.
construção é imediatamente reconhecida de acordo com
o parágrafo 42. 4 — As entidades públicas podem obter rendimentos
44 — Uma entidade do setor público pode, nalguns tanto de transações com e ou sem contraprestação. Uma
casos, celebrar um contrato de construção em que não transação com contraprestação é aquela em que a entidade
haja a recuperação total do custo do contrato. Nestes ca- recebe ativos ou serviços, ou extingue passivos, e dá em
sos, o financiamento do excesso do valor contratado de troca à outra parte um valor aproximadamente igual (prin-
construção será obtido a partir de dotação orçamental ou cipalmente na forma de bens, serviços ou uso de ativos).
outra alocação de fundos públicos para o construtor, ou Exemplos de transações com contraprestação incluem:
de subsídios provenientes de entidades terceiras. Os re- (a) A compra ou venda de bens ou serviços; ou
quisitos do parágrafo 42 não se aplicam a estes contratos (b) A locação de ativos fixos tangíveis a preços de
de construção. mercado;
45 — A quantia de qualquer perda esperada segundo
o parágrafo 42 deve ser determinada independentemente: 5 — Ao distinguir rendimentos com e sem contrapres-
(a) De ter ou não começado o trabalho do contrato; tação, deve ser considerada a substância das transações
(b) Da fase de acabamento da atividade de contrato; ou em vez da sua forma. Exemplos de transações sem con-
(c) Da quantia de ganhos que se espera que surjam em traprestação incluem o rendimento proveniente do uso
outros contratos de construção que não sejam tratados de poderes soberanos (por exemplo, impostos diretos e
como um contrato de construção único de acordo com o indiretos e multas), subsídios e donativos. Estas transações
parágrafo 14. são tratadas na NCP 14 — Rendimento de Transações
sem Contraprestação.
9 — Alterações em estimativas
6 — Tradicionalmente, a prestação de serviços envolve
o desempenho pela entidade de uma tarefa contratualmente
46 — O método da percentagem de acabamento é apli- acordada durante um determinado período de tempo. Os
cado numa base acumulada, em cada período de relato, serviços podem ser prestados num único período ou du-
às estimativas correntes dos rendimentos e dos custos rante mais do que um período. Exemplos de serviços
do contrato. Por isso, os efeitos de uma alteração nas prestados por entidades públicas para os quais existe
estimativas dos rendimentos ou dos custos do contrato, geralmente rendimento com contraprestação incluem o
ou o efeito de uma alteração na estimativa do seu des- fornecimento de alojamento, gestão de instalações de água
fecho, devem ser contabilizados como uma alteração de e gestão de estradas com portagem. Alguns acordos para a
estimativa contabilística. As estimativas alteradas são prestação de serviços estão diretamente relacionados com
usadas na determinação das quantias de rendimentos e contratos de construção, como por exemplo, os relativos
de gastos reconhecidas na demonstração dos resultados, aos serviços de gestão, assistência técnica e fiscalização
no período em que a alteração é feita e em períodos sub- de projetos. O rendimento proveniente destes acordos não
sequentes. é tratado na presente Norma, mas de acordo com os requi-
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sitos dos contratos de construção conforme especificado ou a receber pela entidade de sua própria conta. As quan-
na NCP 12 — Contratos de Construção. tias recebidas na qualidade de agente ou em representação
7 — O termo “bens” inclui bens produzidos pela enti- de outras entidades (como, por exemplo, a cobrança de
dade para vender (por exemplo, publicações) e bens com- rendas de imóveis do Estado feita pela Direção-Geral
prados para revender (tais como mercadorias ou terrenos do Tesouro e Finanças para entregar ao Estado), não são
e outros imóveis detidos para revenda). benefícios económicos ou potencial de serviço que fluam
8 — A utilização por parte de terceiros de ativos da para a entidade e não resultam em aumentos de ativos
entidade dá origem a rendimento na forma de: ou diminuições de passivos e, por isso, são excluídos do
(a) Juros — débitos pelo uso de caixa ou equivalentes rendimento. De forma similar, num relacionamento como
de caixa ou quantias devidas à entidade; agente, os influxos brutos de benefícios económicos ou
(b) Royalties — débitos pelo uso de ativos a longo de potencial de serviço incluem quantias recebidas pelo
prazo da entidade, por exemplo, patentes, marcas, direitos agente a favor de terceiros que não resultam em aumen-
de autor e software de computador; e tos do património líquido para a entidade. As quantias
(c) Dividendos ou distribuições similares — distribui- cobradas por conta de terceiros não são rendimento. Pelo
ção de resultados a detentores de investimentos de capital contrário, o rendimento é apenas a quantia da comissão
na proporção das suas detenções de uma determinada recebida ou a receber relativa à cobrança ou detenção dos
classe de capital. fluxos brutos.

9 — Esta Norma não trata de rendimentos provenien- 4 — Mensuração do rendimento


tes de:
12 — O rendimento deve ser mensurado pelo justo
(a) Contratos de locação (ver NCP 6 — Locações). valor da retribuição recebida ou a receber.
(b) Dividendos ou distribuições similares de investi- 13 — A quantia de rendimento proveniente de uma
mentos contabilizados pelo método da equivalência pa- transação é geralmente determinada por acordo entre a
trimonial (ver NCP 23 — Investimentos em Associadas entidade e o comprador ou utilizador do ativo ou serviço e
e Empreendimentos Conjuntos); é mensurada pelo justo valor da retribuição recebida ou a
(c) Ganhos provenientes da venda de ativos fixos tan- receber tendo em conta as quantias de quaisquer descontos
gíveis (ver NCP 5 — Ativos Fixos Tangíveis); comerciais e de quantidades concedidos.
(d) Contratos de seguros; 14 — Na maior parte dos casos, a retribuição é feita
(e) Alterações no justo valor de ativos financeiros e sob forma de caixa ou de equivalentes de caixa e a quantia
passivos financeiros ou da sua alienação (pode ser encon- do rendimento é a quantia de caixa ou de equivalentes de
trada orientação sobre o reconhecimento e mensuração caixa recebida ou a receber. Porém, quando o influxo de
de instrumentos financeiros na NCP 18 — Instrumentos caixa ou de equivalentes de caixa for diferido, o justo valor
Financeiros; da retribuição pode ser menor que a quantia nominal de
(f) Alterações no valor de outros ativos correntes; caixa recebida ou a receber.
(g) Reconhecimento inicial, e alterações no justo valor A diferença entre o justo valor e a quantia nominal da
de ativos biológicos relativos à atividade agrícola (ver retribuição é reconhecida como rendimento de juros de
NCP 11 — Agricultura); acordo com os parágrafos 32 e 33.
(h) Reconhecimento inicial da produção agrícola (ver 15 — Quando existem bens ou serviços que são troca-
NCP 11); e dos por bens ou serviços de natureza e valor semelhante,
(i) Extração de minérios. a troca não é considerada como uma transação que gera
rendimento. É muitas vezes o caso de mercadorias, como
3 — Definições o petróleo, em que os fornecedores trocam ou contratam
10 — Os termos que se seguem são usados nesta Norma swaps de mercadorias em vários locais para satisfazer
com os significados indicados: em tempo a procura num dado local. Quando os bens
Justo valor é a quantia pela qual um ativo pode ser são vendidos ou os serviços prestados por troca de bens
trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhece- ou serviços de natureza e valor dissemelhantes, a troca
dores e dispostas a negociar, numa transação em que não é considerada como uma transação que gera rendimento.
há relacionamento entre elas. O rendimento é mensurado pelo justo valor dos bens ou
Transações com contraprestação são transações pelas serviços recebidos, ajustado pela quantia transferida de
quais uma entidade recebe ativos ou serviços, ou extingue caixa ou seus equivalentes. Quando o justo valor dos bens
passivos, e dá diretamente em troca um valor aproximada- ou serviços recebidos não puder ser mensurado com fia-
mente igual (principalmente na forma de dinheiro, bens, bilidade, o rendimento é mensurado pelo justo valor dos
serviços, ou uso de ativos) a uma outra entidade. bens ou serviços cedidos, ajustado pela quantia transferida
Transações sem contraprestação são transações que não de caixa ou seus equivalentes.
sejam transações com contraprestação. Numa transação
sem contraprestação, uma entidade ou recebe valor de uma 5 — Identificação da transação
outra entidade sem dar diretamente em troca valor aproxi- 16 — Os critérios de reconhecimento desta Norma
madamente igual, ou dá valor a uma outra entidade sem re- são em geral aplicados separadamente a cada transação.
ceber diretamente em troca valor aproximadamente igual. Porém, em determinadas circunstâncias, é necessário
aplicar os critérios de reconhecimento aos componentes
3.1 — Rendimento
separadamente identificáveis de uma única transação a
11 — O rendimento inclui apenas os influxos brutos de fim de refletir a substância dessa mesma transação. Por
benefícios económicos ou potencial de serviços recebidos exemplo, quando o preço de venda de um produto incluir
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uma quantia identificável de serviços subsequentes, essa as estimativas de rendimento à medida que o serviço é
quantia é diferida e reconhecida como rendimento ao executado. A necessidade de tais revisões não indicia
longo do período durante o qual esses serviços forem necessariamente que o desfecho da transação não possa
executados. Inversamente, os critérios de reconhecimento ser estimado com fiabilidade.
são aplicados conjuntamente a duas ou mais transações 21 — A fase de acabamento de uma transação pode ser
quando elas estiverem de tal forma ligadas que o efeito determinada por uma variedade de métodos. Uma entidade
comercial não possa ser compreendido sem referência a deve usar o método que mensure com fiabilidade os ser-
essas transações como um todo. viços executados. Dependendo da natureza da transação,
os métodos podem incluir:
6 — Prestação de serviços
(a) Medições do trabalho executado;
17 — Quando o desfecho de uma transação que en- (b) Serviços executados até à data, expressos como uma
volva a prestação de serviços puder ser estimado com percentagem da totalidade dos serviços a executar;
fiabilidade, o rendimento associado à transação deve ser (c) A proporção dos custos suportados até à data face
reconhecido com referência à fase de acabamento da tran- aos custos totais estimados da transação. Apenas os custos
sação à data do relato. O desfecho de uma transação pode que reflitam os serviços executados até à data são incluídos
ser estimado com fiabilidade quando estiverem satisfeitas nos custos suportados até à data. Apenas os custos que
todas as seguintes condições: reflitam os serviços executados ou a executar são incluídos
(a) A quantia de rendimento pode ser mensurada com nos custos estimados totais da transação.
fiabilidade;
(b) É provável que os benefícios económicos ou po- Os pagamentos por conta e os adiantamentos rece-
tencial de serviço associados à transação fluirão para a bidos de clientes não refletem muitas vezes o trabalho
entidade; executado.
(c) A fase de acabamento da transação à data de relato 22 — Para efeitos práticos, quando os serviços são
pode ser mensurada com fiabilidade; e executados por um número indeterminado de tarefas num
(d) Os custos suportados com a transação e os custos período específico de tempo, o rendimento é reconhecido
para completar a transação podem ser mensurados com numa base constante nesse período a menos que haja
fiabilidade. evidência de que algum outro método expresse melhor
a fase de acabamento. Quando uma ação específica for
18 — O reconhecimento do rendimento com referência muito mais significativa do que quaisquer outras tarefas,
à fase de acabamento de uma transação é muitas vezes o reconhecimento do rendimento é adiado até que a tarefa
referido como o método da percentagem de acabamento. significativa seja executada.
Segundo este método, o rendimento é reconhecido nos 23 — Quando o desfecho da transação que envolva a
períodos contabilísticos em que os serviços são presta- prestação de serviços não puder ser estimado com fiabili-
dos. O reconhecimento do rendimento nesta base pro- dade, o rendimento só deve ser reconhecido até à extensão
porciona informação útil sobre a extensão da prestação dos gastos reconhecidos que sejam recuperáveis.
de serviços e o respetivo desempenho em cada período. 24 — Durante a fase inicial de uma transação, é fre-
A NCP 12 — Contratos de Construção exige também quente que o resultado da transação não possa ser estimado
o reconhecimento do rendimento nesta base. Os requi- com fiabilidade. Contudo, pode ser provável que a enti-
sitos da presente Norma são geralmente aplicáveis ao dade venha a recuperar os gastos da transação suportados.
reconhecimento do rendimento e dos gastos associados Por isso, o rendimento só é reconhecido até à extensão dos
relativamente a uma transação que envolva a prestação gastos suportados que se espera que sejam recuperados.
de serviços. Como o resultado da transação não pode ser estimado com
19 — O rendimento apenas é reconhecido quando for fiabilidade, não se reconhece qualquer resultado.
provável que os benefícios económicos ou o potencial 25 — Quando o desfecho de uma transação não puder
de serviço associado à transação fluirão para a entidade. ser estimado com fiabilidade e não for provável que os
Porém, quando surgir uma incerteza acerca da cobrabili- gastos suportados venham a ser recuperados, não é reco-
dade de uma quantia já incluída no rendimento, a quantia nhecido qualquer rendimento e os gastos suportados são
incobrável, ou a quantia a respeito da qual deixou de reconhecidos como um gasto. Quando deixarem de existir
ser provável a cobrança, é reconhecida como um gasto, as incertezas que impediram que o desfecho do contrato
e não como um ajustamento da quantia do rendimento pudesse ser estimado com fiabilidade, o rendimento é
originalmente reconhecida. reconhecido de acordo com parágrafo 17 (com referência
20 — Uma entidade está geralmente em condições de à fase de acabamento) e não de acordo com o parágrafo 23
fazer estimativas fiáveis depois de ter acordado o que se (critério de recuperação dos gastos suportados).
segue com os terceiros envolvidos na transação:
7 — Venda de bens
(a) Os direitos (e, consequentemente, as obrigações)
26 — O rendimento da venda de bens deve ser reco-
de cada uma das partes relativamente ao serviço a ser
nhecido quando tiverem sido satisfeitas todas as condições
prestado e recebido pelas partes;
seguintes:
(b) A retribuição a ser trocada; e
(c) O modo e os termos da liquidação. (a) A entidade tiver transferido para o comprador os
riscos e vantagens significativos da propriedade dos bens;
É também usualmente necessário que a entidade te- (b) A entidade não mantiver envolvimento continuado
nha um sistema interno eficaz de orçamentação e relato na gestão a um nível usualmente associado à propriedade,
financeiro. A entidade revê, e quando necessário, recalcula nem o controlo efetivo sobre os bens vendidos;
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(c) A quantia do rendimento puder ser mensurada com Quando esses bens forem fornecidos, a incerteza é remo-
fiabilidade; vida e o rendimento é reconhecido. Porém, quando surgir
(d) For provável que os benefícios económicos ou po- uma incerteza acerca da cobrabilidade de uma quantia já
tencial de serviço associados à transação fluirão para a incluída no rendimento, a quantia incobrável, ou a quan-
entidade; e tia cuja cobrança deixou de ser provável, é reconhecida
(e) Os gastos suportados ou a suportar relativos à tran- como um gasto, e não como um ajustamento da quantia
sação puderem ser mensurados com fiabilidade. do rendimento originalmente reconhecida.
31 — O rendimento e os gastos que se relacionem com
27 — A avaliação do momento em que uma entidade a mesma transação ou outro acontecimento são reconheci-
transfere os riscos e vantagens significativos da proprie- dos simultaneamente. Este processo é geralmente referido
dade para o comprador exige um exame das circunstâncias como o balanceamento dos rendimentos com os gastos.
da transação. Na maioria dos casos, a transferência dos Os gastos, incluindo garantias e outros custos a suportar
riscos e vantagens da propriedade coincide com a trans- após a expedição, podem normalmente ser mensurados
ferência do título legal ou com a passagem da posse do com fiabilidade quando as outras condições para o reco-
ativo para o comprador. Tal acontece com a maioria das nhecimento tiverem sido satisfeitas. Porém quando os
vendas embora, noutros casos, a transferência de riscos e gastos não puderem ser mensurados com fiabilidade, o
vantagens de propriedade ocorra em momento diferente rendimento não pode ser reconhecido. Em tais circuns-
da transferência do título legal ou da passagem da posse. tâncias, qualquer retribuição já recebida pela venda dos
28 — Se a entidade retiver riscos significativos de bens é reconhecida como um passivo.
propriedade, a transação não é uma venda e não é reco-
8 — Juros, royalties, e dividendos
nhecido o rendimento. Uma entidade pode reter um risco
de propriedade significativo sob diversas formas como 32 — O rendimento proveniente do uso por terceiros
exemplificado nas situações seguintes: de ativos da entidade que geram juros, royalties, e divi-
(a) Quando a entidade retiver uma obrigação relativa dendos ou distribuições similares, deve ser reconhecido
ao desempenho insatisfatório do bem, não coberto por usando os tratamentos contabilísticos estabelecidos no
parágrafo seguinte quando:
cláusulas normais de garantia;
(b) Quando o recebimento do rendimento de uma de- (a) For provável que os benefícios económicos ou po-
terminada venda estiver dependente da obtenção de ren- tencial de serviço associado à transação fluirão para a
dimento pelo comprador a partir da subsequente venda entidade;
desses mesmos bens (por exemplo, quando uma entidade (b) A quantia do rendimento puder ser mensurada com
pública distribui publicações ou material de formação a fiabilidade.
escolas num regime de venda à consignação);
(c) Quando os bens são expedidos sujeitos a instalação 33 — O rendimento deve ser reconhecido usando os
e a instalação for uma parte significativa do contrato que seguintes tratamentos contabilísticos:
ainda não tenha sido concluído pela entidade; e (a) Os juros devem ser reconhecidos numa base pro-
(d) Quando o comprador tiver o direito de anular a com- porcional ao tempo do rendimento real do ativo;
pra por uma razão especificada no contrato e a entidade (b) Os royalties devem ser reconhecidos à medida que
não estiver segura quanto à probabilidade de devolução. são obtidos de acordo com a substância dos acordos re-
levantes; e
29 — Se uma entidade retiver apenas um risco insig- (c) Os dividendos ou distribuições similares devem ser
nificante de propriedade, a transação é uma venda e o reconhecidos quando o direito do acionista ou da entidade
rendimento é reconhecido. Por exemplo, um vendedor de os receber for estabelecido.
pode reter o título legal dos bens apenas para se proteger
na cobrança da quantia devida. Em tal caso, se a entidade 34 — O rendimento real de um ativo é a taxa de juro
tiver transferido os riscos e vantagens significativos da necessária para descontar os fluxos de futuras entradas
propriedade, a transação é uma venda e é reconhecido o de caixa esperadas durante a vida do ativo para igualar a
rendimento. Outro exemplo em que uma entidade apenas quantia inicial registada do ativo. O rendimento de juros
retém um risco insignificante de propriedade, pode ser o inclui a quantia da amortização de qualquer desconto,
caso duma venda em que é assegurado o reembolso do prémio ou outra diferença entre a quantia inicialmente
valor recebido se o comprador não ficar satisfeito com o registada de um título de dívida e a sua quantia na ma-
bem. Nestes casos o rendimento é reconhecido no mo- turidade.
mento da venda na condição do vendedor poder estimar 35 — Quando houver juros acrescidos mas por pagar
com fiabilidade as devoluções futuras e reconhecer um antes da aquisição de um investimento que gera juros, o
passivo para as devoluções baseado na experiência ante- recebimento subsequente dos juros é repartido entre os
rior e em outros fatores relevantes. períodos antes e após aquisição e apenas a parcela pós
30 — O rendimento só é reconhecido quando for prová- aquisição é reconhecida como rendimento. Quando os
vel que os benefícios económicos ou potencial de serviço dividendos ou distribuições similares de títulos de capital
associado à transação fluirão para a entidade. Em alguns próprio forem declarados a partir do resultado líquido
casos, isto só é provável depois de ser recebida a retribui- antes da aquisição, esses dividendos são deduzidos ao
ção ou depois de ser removida a incerteza. Por exemplo, custo dos títulos. Se for difícil fazer tal imputação, a não
o rendimento pode estar dependente da capacidade de ser numa base arbitrária, os dividendos ou distribuições
uma outra entidade fornecer bens como parte do contrato, similares são reconhecidos como rendimento exceto se
e se existir qualquer dúvida de que isto possa ocorrer, o os mesmos representarem claramente uma recuperação
reconhecimento pode ser adiado até que tal tenha ocorrido. de parte do custo dos títulos.
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36 — Os royalties são acrescidos de acordo com os 3 — Definições


termos do contrato relevante e são usualmente reconhe- 6 — Os termos que se seguem são usados nesta Norma
cidos nessa base, a menos que, tendo em consideração a com os significados indicados:
substância do contrato, seja mais apropriado reconhecer Acontecimento tributável é o acontecimento que por
o rendimento noutra base sistemática e racional. determinação de uma disposição legal adequada está su-
37 — O rendimento só é reconhecido quando for prová- jeito a imposto.
vel que os benefícios económicos ou potencial de serviço Condições sobre ativos transferidos são especificações
associados à transação fluirão para a entidade. Porém, que indicam que os benefícios económicos futuros ou o
quando surgir uma incerteza acerca da cobrabilidade de potencial de serviço incorporados no ativo devem ser
uma quantia já incluída no rendimento, a quantia incobrá- consumidos pelo recetor conforme estabelecido, ou que
vel, ou a quantia a respeito da qual deixou de ser provável os futuros benefícios económicos ou potencial de serviço
a cobrança, é reconhecida como um gasto, e não como têm de ser devolvidos ao cedente.
um ajustamento da quantia do rendimento originalmente O controlo de um ativo surge quando uma entidade
reconhecida. pode usar ou beneficiar desse ativo para a consecução
dos seus objetivos e pode excluir ou regular o acesso de
NCP 14 — Rendimento de Transações outros a esse benefício.
sem Contraprestação
Dispêndios fiscais são disposições preferenciais da lei
1 — Objetivo fiscal que proporcionam a determinados contribuintes
benefícios que não estão disponíveis a outros.
1 — O objetivo desta Norma é prescrever os requisitos Especificações sobre ativos transferidos são os termos
para o relato financeiro de transações sem contrapresta- impostos, por lei, regulamento ou um acordo vinculativo,
ção. Esta Norma aborda as matérias relacionadas com sobre o uso de um ativo transferido por entidades externas
o reconhecimento e mensuração do rendimento dessas à entidade que relata.
transações, incluindo a identificação de contribuições Gastos pagos através do sistema fiscal são quantias que
dos proprietários. são disponibilizadas aos beneficiários independentemente
de estes pagarem ou não impostos.
2 — Âmbito Impostos são benefícios económicos ou potencial de
2 — A presente Norma trata do rendimento proveniente serviço obrigatoriamente pagos ou a pagar a entidades
de transações sem contraprestação, com exceção daquelas públicas, de acordo com disposições legais adequadas
que originem uma concentração de entidades. O rendi- criadas para proporcionar rendimento às administrações
mento proveniente de transações com contraprestação públicas. Para efeitos desta Norma os impostos incluem
é tratado na NCP 13 — Rendimento de Transações com as contribuições e quotizações obrigatórias para regimes
Contraprestação. de segurança social, mas não incluem multas ou outras
3 — Embora os rendimentos recebidos pelas entidades penalidades aplicadas por violações de disposições legais.
públicas provenham tanto de transações com contrapres- Justo valor é a quantia pela qual um ativo pode ser
tação como de transações sem contraprestação, a maior trocado, ou um passivo liquidado, entre partes conhece-
parte do rendimento do Governo nos seus diferentes níveis dores e dispostas a negociar, numa transação em que não
e de outras entidades públicas é tipicamente proveniente há relacionamento entre elas.
de transações sem contraprestação como, por exemplo: Multas e outras penalidades são benefícios económicos
ou potencial de serviço recebidos ou a receber por entida-
(a) Impostos; e des públicas, conforme determinado por um tribunal ou
(b) Transferências (sejam de caixa ou não) incluindo autoridade administrativa, em consequência da violação
transferências financeiras (correntes e de capital), sub- de leis ou regulamentos.
sídios, perdão de dívidas, multas e outras penalidades, Restrições sobre ativos transferidos são especifica-
legados, ofertas, doações e bens em espécie e a parte ções que limitam ou orientam os fins para que pode ser
não transacionada em mercado de empréstimos bonifi- usado um ativo transferido, mas não especificam que
cados. benefícios económicos futuros ou potencial de serviço
são necessários devolver a quem transfere, se tal ativo
4 — O governo nos seus diferentes níveis (nacional, não for empregue conforme especificado.
regional ou local) pode reorganizar o setor público fun- Transferências são influxos de benefícios económicos
dindo algumas entidades e dividindo outras em duas ou futuros ou potencial de serviço provenientes de transações
mais entidades separadas. Uma concentração de entidades sem contraprestação que não sejam impostos.
ocorre quando duas ou mais entidades de relato se juntam Transações com contraprestação são transações pelas
para formar uma única entidade de relato. Estas reestrutu- quais uma entidade recebe ativos ou serviços, ou extingue
rações geralmente não implicam que uma entidade adquira passivos, e dá diretamente em troca um valor aproximada-
outra entidade, mas podem resultar na aquisição, por uma mente igual (principalmente na forma de dinheiro, bens,
nova entidade ou uma entidade já existente, de todos serviços, ou uso de ativos) a uma outra entidade.
os ativos e passivos de uma outra entidade. Esta norma Transações sem contraprestação são transações que não
não trata das concentrações de entidades e, por isso, não sejam transações com contraprestação. Numa transação
especifica se uma concentração de entidades que tenha sem contraprestação, uma entidade ou recebe valor de
origem numa transação sem contraprestação dá ou não uma outra entidade sem dar diretamente em troca valor
origem a um rendimento. aproximadamente igual, ou dá valor a uma outra entidade
5 — Na presente Norma o termo “rendimento” abrange sem receber diretamente em troca valor aproximadamente
tanto rendimentos como ganhos. igual.

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