Literatura Oral Angolana - para Estudantes Do 3º e 4º Anos
Literatura Oral Angolana - para Estudantes Do 3º e 4º Anos
Literatura Oral Angolana - para Estudantes Do 3º e 4º Anos
1.2.Objecto de estudo
A cultura popular tem merecido uma atenção dos intelectuais desde dos finais do
século XVIII, com inúmeras transformações em todos os níveis da vida social. A
preservação dos valores que compõem a cultura dos povos é colocada em destaque dentro
do termo Folclor. A expressão folclor proposto pelo etnólogo inglês William Jhon Thoms
numa carta publicada em 1848 na revista The Atheneum, deriva de dois termos folk- lore
que significa: saber tradicional do povo. Desde então, folclor tornou-se sinónimo de
cultura popular.
Folk= Povo
Folklore - Conhecimento
Lore= - Ciência
- Crença
-Saber
- Usos e Costumes
O folclor é definido como conjunto de tradições culturais transmitidas em geral
de forma oral e sem influência erudita, tais como: danças, música, festas tradicionais,
brincadeiras infantis, superstições, mitos, lendas, fábulas, provérbios, contos, filosofia,
costumes, usos, pratos típicos, etc.
Riquezas do folclor
Características do folclor
4. Aceitação popular.
- Actos de cultura
A conservação das oraturas - Membro familiar como elemento de preservação e
Ou narrativas orais transmissão de conhecimentos e das tradições
- Instrumentos de transmissão de conhecimentos
As primeiras recolhas de Oraturas foram feitas por Saturnino de Sousa e Oliveira
e Manuel Alves de Castro Francina (brasileiro e angolano) em 1864, intitulada
Elementos Gramaticais da Língua Mbundu, continha 20 provérbios, em Kimbundu
(Quimbundu). Heli Chatelain reuniu 61 provérbios que denominou Gramática Elementar
do Kimbundu (Quimbundo) ou Língua de Angola, continha 50 contos, em 1894.
Óscar Ribas nasceu em 1909 em Luanda, fez uma recolha de Oratura Kimbundu
(Quimbundo) da região de Luanda. O seu trabalho resultou, além de Missosso, três
preciosos volumes: Sunguilando, Contos tradicionais africanas, Quilanduquilo e outros.
Padre Carlos Esterman era um missionário católico, fez uma recolha que intitulou
Etnografia do Sudoeste de Angola sobre os povos Nyaneka-Humbe, Ambó, Herero e do
grupo Khoisan.
1. A primeira classe inclui todas as histórias verdadeiras de ficção, ou, melhor, aqueles
que impressionam o cérebro dos nativos como sendo feiticistas. São fruto das faculdades
imaginativas e especulativas, e o seu objectivo é mais o de entreter do que o de
instruir, dando assim satisfação às aspirações de evasão do espaço, tempo e leis da
natureza. Essas histórias devem conter algo de maravilhoso, de extraordinário e de
sobrenatural. Quando personificamos animais, as fábulas pertencem a esta classe, sendo
estas histórias, no falar nativo, geralmente chamadas: «Mi-soso». Começam e findam
sempre por uma fórmula especial.
5. A quinta classe é a da poesia e música, que vão de mãos dadas. Os estilos épico,
heróico, bélico, cómico, satírico, dramático e religioso estão bem representados, embora
a proeminência não seja igual. Em regra, a poesia é cantada, e a música vocal é raramente
expressa sem palavras. Os negros africanos possuem o dom extraordinário de
improvisação, até tem dificuldade de apresentar de improviso uma canção. As canções
são chamadas « Mi-imbu».
6. Uma sexta classe é formada pelas adivinhas «Ji-nongongo» que são somente usadas
como passatempo e divertimento, embora eminentemente úteis para aguçar o
engenho e treinar a memória dos seus cultores. Muitas vezes o Ji- nongongo não é
mais do que um jogo de palavras. Como o «Mi-soso», principiam e findam por uma
fórmula tradicional.
Natureza- Filosofia. Não se trata de filosofia metafísica. Trata-se, assim, de uma filosofia
prática e moral. Os provérbios constituem, sem qualquer reserva, a mais rica literatura
oral dos povos de Angola. Contam-se por vários milhares os recolhidos até hoje, por
estudiosos e teólogos de reconhecido valor, no seio de cada um dos grupos etno-
linguísticos. Eles são a condensação de uma experiência vivida ao longo de muitos
séculos e do empirismo de dezenas de gerações que, não dispondo da escrita frases de
fácil memorização.
Os « Ji-sabu» são pois uma filosofia sem compêndio, mas ve5rdadeira filosofia
minutando a vida humana.
Recolhas- são bem menos abundantes as recolhas desta classe do que as das anteriores.
Natureza- A poesia é o extravasar do sentimento lírico ou heróico, dramático ou
guerreiro, sentimento esse multifacetado e caleidoscópico, a reflectir, no decorrer da vida
e em cada vivência, a afectividade humana.
c) Aliteração- Processo repetitivo dos mesmos sons, com carácter mais ou menos
aleatório de sons diferentes ou contrastóricos.
Óscar Ribas afirmou que nas fábulas, os animais procedem como gente, igualmente
revestidos de personalidade própria. Por vezes, obedecendo a uma hierarquia- a da
corpulência. Assim, «‘avó’’ como elefante, a pacaça; o tio como a onça, o veado, amigo
como o macaco, a tartaruga. O título de ‘‘senhor’’ ou de ‘‘respeitável’’ estende-se a
todos sem excepção. Entre eles, também se considera com idênticas dignidades. Quer
dizer: no seu trato, existe respeito e afecto.
Ngeve, hipopótamo ou cavalo marinho. Como não existeno rio catumbela, que
atravessa o Chicua é pouco invocado nas fábulas deste povo; quando se nomeia, reveste
as mesmas características do elefante.
Nguli, leão também disegnado por «hosi» e «ndumba». Na mesma casta entram
todos os felinos, como «ongwe» ou «cingwe», a onça ou leopardo «chiswe». O gato
bravo. Embora perigoso na sua ferocidade têm vistas curtas e são fáceis de ludibriar e
levar à parede.
Ningi, o lobo ou hiena. Além destes nomes, em mbundo, nomeia-se também por
«emalanga» ou alcateia, com a diferença de que em África, não ataca o homem, mas o
gado e só anda de noite. É matreiro, sorrateiro e, por isso, mau. Mau, mas palerma, como
os felinos.
Chimboto, o sapo e como ele a rã, sononga. São animais que preto não mata. Pela
sua insignificância, retratam um pacóvio a quem se não liga.
Espécies de Maravilhoso
Elementos do maravilhoso
Mito- a memória e a imaginação, já pela influência na vida humana, pelo que eles
têm de mais difícil verificação da casualidade. Na mitologia, há um pouco de tudo:
filosofia, teologia, poesia, história, astronomia.
Magia- Para Sartre, ‘‘toda magia é imaginação e toda imaginação é magia.’’ Para
Roy ‘‘a arte de reduzir ao serviço do indivíduo ou do grupo social, por certas práticas
ocultas e de aspecto mais ou menos religioso, as forças da Natureza ou de captar as
influências do mundo.
Animismo- atribuição de uma energia ou virtude aos seres da Natureza que além
de lhes dar personalidade e vontade, atribui-lhes ainda o seu princípio- alma ou espírito.
Naturismo- espécie de religião que tem por objecto fenómenos, corpos ou forças
da natureza., tidos por animados ou conscientes, diz, Reville e da qual Le Bom afirma: ‘‘
em todas as forças da natureza vê uma personalidade, uma vontade, uma consciência
semelhante à vontade do ser activo e consciente.