Recursos Terapêuticos Ocupacionais

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RECURSOS TERAPÊUTICOS

OCUPACIONAIS
PROF.A ELIANE SCHROEDER
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR

Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do
Nascimento
Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo Diretoria EAD:
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não PRODUÇÃO DE MATERIAIS
vale a pena ser vivida.”
Diagramação:
Cada um de nós tem uma grande res- Alan Michel Bariani
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, Thiago Bruno Peraro
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica
e profissional, refletindo diretamente em nossa Revisão Textual:
vida pessoal e em nossas relações com a socie- Fernando Sachetti Bomfim
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente Marta Yumi Ando
e busca por tecnologia, informação e conheci- Simone Barbosa
mento advindos de profissionais que possuam
novas habilidades para liderança e sobrevivên- Produção Audiovisual:
cia no mercado de trabalho. Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
De fato, a tecnologia e a comunicação Osmar da Conceição Calisto
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas,
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e Gestão de Produção:
nos proporcionando momentos inesquecíveis. Cristiane Alves
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes
atuantes.

Que esta nova caminhada lhes traga


muita experiência, conhecimento e sucesso.

© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

01
DISCIPLINA:
RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS

BASES CONCEITUAIS E MODELOS DO


PROCESSO EM TERAPIA OCUPACIONAL
PROF.A ELIANE SCHROEDER

SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................................................4
1. BASES CONCEITUAIS E MODELOS TEÓRICOS....................................................................................................5
2. RECAPITULANDO AS ORIGENS.............................................................................................................................5
3. OS METAMODELOS: VISÃO REDUCIONISTA E VISÃO HOLÍSTICA....................................................................7
4. MODELO: PRÁTICA BASEADA NO CLIENTE.........................................................................................................8
5. MEDIDA CANADENSE DE PERFORMANCE (DESEMPENHO) OCUPACIONAL (COPM)...................................9
6. BASES CONCEITUAIS E O CAMINHO DO PROCESSO TERAPÊUTICO............................................................. 11
6.1 MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL HUMANISTA.............................................................12
6.2 MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL POSITIVISTA............................................................13
6.3 MODELO DO PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL MATERIALISTA HISTÓRICO...................................15
7. MODELO FUNCIONAL OCUPACIONAL (MFO).....................................................................................................16
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................18

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Este material visa a propiciar ao acadêmico competências e habilidades necessárias ao


raciocínio clínico dentro das bases, modelos, domínios, processos, componentes e análise de
atividades em terapia ocupacional.
É difícil definir a função do terapeuta ocupacional (doravante, TO) em poucas palavras.
Quando me perguntam qual minha profissão, encho-me de orgulho e, ao mesmo tempo, passam
vários pensamentos em minha mente: “Será que a pessoa vai me perguntar o que faz um terapeuta
ocupacional?”; “Será que a pessoa achará que sou uma espécie de psicólogo, misturado com
fisioterapeuta?”.
Minha definição particular é a de que o TO é o profissional capaz de promover autonomia
e independência nas áreas de ocupação afetadas por alguma comorbidade com que a pessoa já
tenha nascido ou que tenha vindo a adquirir. Complexo!
Temos como apropriação a ocupação humana, as áreas de ocupação e as atividades como
recurso. Cada unidade foi elaborada objetivando que o aluno domine os recursos que fazem

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parte da competência técnica e ética do profissional com formação em nível superior em terapia
ocupacional. É de grande importância a leitura dos textos indicados como complementação dos
estudos. Similarmente, é importante que você assista aos vídeos sugeridos.
Bons estudos!

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1. BASES CONCEITUAIS E MODELOS TEÓRICOS

A TO é uma profissão formada pelo decorrer da história, das ciências médicas e sociais
(HAGEDORN, 2003). A história vem mudando o conceito de que a TO é uma profissão tão
somente da área da saúde, ganhando importante espaço também no campo social e no contexto
escolar.
Por mais que busquemos abordagens, técnicas e modelos específicos para um determinado
grupo patológico, seremos sempre terapeutas ocupacionais, cujo foco principal é o fazer humano,
o engajar-se em ocupações, o papel ocupacional.
Hagedorn (1999) descreve o conceito de modelo como um apanhado de ideias oriundas
de diversos campos de estudo e organizadas para sintetizar e integrar os elementos teóricos e
práticos. Modelo seria uma ferramenta para representar, ordenar, categorizar e simplificar
fenômenos complexos. “Profissionais de terapia ocupacional usam princípios teóricos e modelos,
o conhecimento sobre os efeitos das condições na participação, e as evidências disponíveis sobre
a eficácia da intervenção para orientar seu raciocínio” (AOTA, 2015, p. 12).
Os conceitos anteriores são trazidos por terapeutas ocupacionais norte-americanos.

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Afinal, a história da terapia ocupacional brasileira tem forte influência sobretudo dos Estados
Unidos e Canadá, e seus respectivos modelos são o que temos de referenciais teóricos.
Para um bom desempenho e uso dos recursos terapêuticos ocupacionais existentes, é
necessário o conhecimento tanto da construção quanto do processo histórico da profissão e dos
modelos e influências externas. Ainda, é necessária a percepção de que os recursos terapêuticos
ocupacionais são vastos para cada público e em cada possibilidade de intervenção terapêutica
ocupacional.

2. RECAPITULANDO AS ORIGENS

Quando tratamos de recurso terapêutico ocupacional, devemos sempre nos lembrar da


base da nossa profissão, pois os marcos históricos fazem parte do processo do ser e do fazer.
Segundo Arruda (1962 apud NICKEL, 2007, p. 33), muitos autores relacionam a origem
histórica da TO à prática e uso da recreação exercida por egípcios e gregos no tratamento de
doenças. Em resumo, temos:

- Cenário mundial: a evolução histórica da TO no cenário mundial: o percurso histórico


da profissão está intimamente ligado à conjuntura histórica; raízes da profissão –século XIX –
pessoas com transtornos mentais (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
Tratamento moral: considerada a escola precursora da TO; forma de combater o tratamento
aplicado na época; proposta por Philippe Pinel e William Tuke; baseava-se na ideia de que a
conduta humana da rotina diária de atividades poderia levar o indivíduo à cura (SCHWARTZ,
2002). Tinha como objetivo principal a correção de hábitos errados com a aplicação de “remédios
morais”; operacionalizada por meio da inclusão de comportamentos “normais”; utilizava-se de
uma rotina de atividades, que serviam tanto à manutenção da instituição quanto para “salvar a
alma” dos internos (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
O movimento das artes e ofícios surge na metade do século XIX. Diferentemente do
tratamento moral, o enfoque era nas habilidades dos pacientes internados (SCHWARTZ, 2002).

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Com a Revolução Industrial, o enfoque na ocupação e nas atividades foi sendo abandonado
à medida que os avanços na ciência, principalmente na Medicina, passaram a proporcionar
uma visão fragmentada do ser humano. Deu-se início, então, a uma linha de pensamento mais
cientificista – o que conferiu uma inclinação mais científica aos tratamentos da época e direcionou
a profissão para o domínio médico (LARSON; CLARK, 2001).
A profissão tem uma mudança de enfoque, da saúde mental para o campo do trabalho.
Assim, o movimento das artes e ofícios pode ser considerado como combativo a essa nova
tendência (LARSON; CLARK, 2001).
No início do século XX, a profissão se consolida nos Estados Unidos, tendo como
principais personagens as enfermeiras que atuavam com ex-combatentes de guerra. Tal fato pode
explicar o porquê de a profissão ser considerada feminina (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
No período da Primeira e Segunda Guerras Mundiais, houve aumento da pressão para
o desenvolvimento científico na área da saúde. Além disso, veio o advento do positivismo na
forma de se fazer ciência e, consequentemente, saúde. As intervenções em saúde passaram a ser,
gradativamente, mais focadas nas partes em detrimento de se olhar o indivíduo como um ser
integral (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).
O foco da TO no pós-guerra (1950) acompanhou a tendência mundial (da especialização,
reducionismo/cientificismo), e o enfoque passou a ser no campo da reabilitação física (DE

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CARLO; BARTALOTTI, 2001). Nesse mesmo período, os terapeutas ocupacionais colocaram em
discussão os rumos da profissão, discussão que culminou na proposta de retomada dos princípios
da criação da TO (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).

- Cenário nacional: as raízes da TO no Brasil remontam à criação do Hospício D. Pedro


II, no Rio de Janeiro, em 1852. Em 1898, foi criado o Hospital do Juqueri, atualmente Hospital
Franco da Rocha, em São Paulo. Em 1931, o tratamento por meio do trabalho foi introduzido no
Nordeste. Em ambos os hospitais, a principal forma de intervenção era o trabalho (DE CARLO;
BARTALOTTI, 2001).
Nos anos de 1940, acompanhando a tendência mundial, a ocupação foi introduzida
no tratamento de reabilitação física dos mutilados de guerra (Movimento de Reabilitação).
Simultaneamente ao Movimento, uma grande preocupação no Brasil era quanto às doenças
crônicas, deficiências congênitas e acidentados.
Com o Movimento de Reabilitação, o Brasil adotou a mesma visão reducionista de
saúde adotada pelos Estados Unidos. Na mesma época, o Hospital de Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP (HC-FMUSP) já possuía um programa de laborterapia com os internos, sob
a responsabilidade do serviço social, como tentativa de reduzir os efeitos da hospitalização (DE
CARLO; BARTALOTTI, 2001).
Nos anos de 1950, a Organização das Nações Unidas (ONU), com o intuito de difundir o
Movimento de Reabilitação, implantou no HC-FMUSP o Centro de Ortopedia e Traumatologia.
Dentre as atividades desenvolvidas no Centro, havia a formação de técnicos em fisioterapia e
terapia ocupacional, com duração de 1 ano.
Em 1956, a ONU implantou o Instituto Nacional de Reabilitação (INAR), o qual foi mais
tarde denominado apenas de IR. À época, a formação técnica passou a ser de 2 anos. Em 1963,
foi aprovado o primeiro currículo para formação de terapeutas ocupacionais de nível superior. A
partir de 1970, o IR passou a fazer parte da FMUSP (DE CARLO; BARTALOTTI, 2001).

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Indicamos a leitura do artigo:


BEZERRA, W. C.; TRINDADE, R. L. P. Gênese e Constituição da Terapia Ocupacional:
em busca de uma Interpretação Teórico-Metodológica. Revista da Terapia Ocupa-
cional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 24, n. 2, 2013.

O artigo problematiza as análises presentes na literatura acerca


dos fundamentos históricos da TO a partir de um levantamento bi-
bliográfico de obras de relevância para a formação profissional no
Brasil. O material está disponível em <http://www.revistas.usp.br/
rto/article/view/61238>.

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Sugerimos o filme Nise: O Coração da Loucura. Nos anos 1950, uma psiquiatra
contrária aos tratamentos convencionais de esquizofrenia da época é isolada pe-
los outros médicos. Ela, então, assume o setor de TO, iniciando uma nova forma
de lidar com os pacientes, pelo amor e pela arte.

O filme está disponível no link <https://www.youtube.com/watch?-


v=bOrymJuwVvI>.

3. OS METAMODELOS: VISÃO REDUCIONISTA E VISÃO HOLÍSTICA

Segundo Reed (1984 apud HAGEDORN, 2003, pp. 15-16), as visões reducionistas (ou
atomista) e holística (ou organicista) são descritas como metamodelos, pois todos os demais
modelos e estruturas de referência em TO são enquadrados em um desses metamodelos.
O conceito reducionista:

• Assume uma visão objetiva e utilitária do mundo, entendendo a realidade concreta.


• Divide a realidade em componentes observáveis.
• O todo pode ser compreendido por meio das partes.
• É aplicado somente quando as situações de realidade podem ser testadas e medidas.
• No limite, ignora os elementos subjetivos.
• Compreende o corpo humano (no caso específico da saúde) como uma máquina, que
pode ser fragmentada em partes para se descobrir seu funcionamento (HAGEDORN,
1999; HAGEDORN, 2003).

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• Por sua vez, o conceito holístico:


• Integra a visão objetiva do reducionismo a uma perspectiva de subjetividade.
• Postula que as partes possuem suas funções, mas o olhar é direcionado à totalidade.
• Assume que os elementos abstratos e concretos interagem para formarem um todo.
• Considera as interações entre os seres, tanto nos aspectos objetivos quanto nos subjetivos.
Os aspectos qualitativos são considerados como tão importantes quanto (ou mais que) os
aspectos quantitativos (HAGEDORN, 2003).

HOLÍSTICO REDUCIONISTA
Vê a pessoa como um todo maior que a soma Vê o indivíduo como divisível em componen-
das partes. tes que podem ser estudados separadamen-
te.
Tende a pensar os sistemas como interativos e Tende a pensar em sistemas fechados e fi-
adaptativos. xos.
O controle é baseado em um indivíduo que tem Determinista: o controle é externo ao indiví-

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livre-arbítrio e pode tomar decisões conscien- duo ou tem base involuntária.
tes e racionais.
Orientado ao presente/futuro. Orientado ao passado/presente.
Pensamentos, sentimentos e emoções são im- O comportamento é importante: pensamen-
portantes e afetam o comportamento. tos e emoções são subprodutos da fisiologia
e/ou do comportamento.
O comportamento ultrapassa o utilitário. O comportamento é utilitário.
Pode considerar a espiritualidade. Geralmente, não considera a espiritualidade.
São válidos os métodos de pesquisa qualitati- São válidos os métodos objetivos e quanti-
vos. tativos.
Quadro 1 - Quadro comparativo entre o conceito holístico e o reducionista. Fonte: Hagedorn (2003).

Os anos de 1970 são considerados um período enigmático para a profissão. Trata-


-se de um período de intensas lutas para a redemocratização do Estado brasileiro.
Diversos terapeutas ocupacionais participaram ativamente dos movimentos que
culminaram na criação do Sistema Único de Saúde (SUS).

4. MODELO: PRÁTICA BASEADA NO CLIENTE

A prática baseada no cliente é um modelo que, por si só, já define qual é o componente
mais importante no processo terapêutico em qualquer intervenção: o cliente.
A promoção da saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é o “[...] processo
de habilitar pessoas a aumentarem seu autocontrole e melhorar sua saúde” (WHO, 1984 apud
SUMSION, 2003, p. 2). Reconhecer a importância desse conceito veio a facilitar a integralidade
de muitos programas de apoio ao consumidor. “Os direitos do consumidor, direitos humanos e
a revolução tecnológica também aceleraram o desenvolvimento da prática baseada no cliente”
(GAGE, 1994; LAW et al., 1995 apud SUMSION, 2003, p. 2).

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Nesse processo, o foco é o cliente. Ele e o terapeuta formam uma forte parceria para
alcançar as metas determinadas pelo cliente. Segundo Sumsion (2003), há 5 estágios envolvidos:

• Orientação.
• Coleta de dados e avaliação.
• O cliente estabelece metas.
• Parceria para alcançar as metas.
• Avaliação.
Orientação: determina a direção sugerida da intervenção. No encontro inicial, buscam-
se a visão do cliente e a compreensão das razões para a orientação.

Coleta de dados e avaliação: o encontro inicial serve para coletar informações de


avaliação e para explicar os parâmetros do programa. A efetividade de todo o processo
será realçada nesse estágio inicial caso o cliente compreenda a parceria. Reconhecem-se
metas e desejos que não podem ser combinados com a razão para a orientação.

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Faz-se uma entrevista semiestruturada como parâmetro para o resultado. São perguntas
sobre preocupações e problemas que impedem o entrevistado de fazer o que quer, com
ênfase no autocuidado, repouso, trabalho e lazer. Esse é um exemplo de ferramentas
baseadas no cliente, mas os terapeutas podem fazer uso de outras avaliações.

O cliente estabelece metas: o terapeuta e o cliente discutem as informações adquiridas. O


cliente recebe as informações necessárias para tomar decisões sobre as metas e métodos
da intervenção. A informação pode ser apresentada verbalmente, na forma escrita ou por
vídeo. Essas informações relatarão as forças e os problemas do cliente, disponibilidade,
recursos financeiros, considerações do ambiente e outras pessoas envolvidas, além da
experiência do terapeuta. O cliente necessita compreender as realidades e limitações e,
então, estabelece as metas.

Parceria para avaliar as metas: o terapeuta e o cliente trabalham em parceria. O terapeuta


será o facilitador. A parceria é um ingrediente-chave nessa abordagem, e o envolvimento
se transforma no maior foco da intervenção.

Avaliação: a visão do cliente será incluída de maneira oficial, e as metas são reclassificadas
de acordo com sua satisfação.

5. MEDIDA CANADENSE DE PERFORMANCE (DESEMPENHO)


OCUPACIONAL (COPM)

A Medida Canadense de Performance (Desempenho) Ocupacional (doravante,


COPM) é uma medida de resultados individualizados. Baseou-se no Modelo Canadense de
Desempenho Ocupacional e nas Diretrizes de Terapia Ocupacional para a Prática Baseada no
Cliente. Operacionaliza os principais conceitos desses modelos, tendo as áreas de desempenho
ocupacional como foco, isto é, o autocuidado, a produtividade e o lazer (SUMSION, 2003).

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A COPM é uma avaliação de entrevista semiestruturada, que pode ser utilizada como
ferramenta para determinar quando o cliente necessita de serviços de TO. Na avaliação inicial,
ela serve para ajudar o terapeuta e o cliente a compreenderem a natureza dos problemas de
performance (desempenho) ocupacional que o indivíduo está experimentando.
Após a avaliação e em posse dos resultados, a medida auxiliará no estabelecimento dos
objetivos para a terapia e servirá como medida de resultado para determinar o grau de mudança
na performance ocupacional em contínuas experiências do cliente como um resultado de
intervenção.
A COPM não tem especificação de idade e público-alvo (limite de idade ou diagnóstico);
portanto, pode ser empregada a uma ampla variedade de clientes (ao próprio cliente e a pessoas
do ambiente do cliente, como família e professores) e em situações nas quais o cliente não é um
indivíduo, mas uma organização, como empresas, escolas ou instituições de longa permanência.
A partir da entrevista, obtém-se a perspectiva do cliente e definem-se os problemas de
performance ocupacional. A COPM incorpora o papel do cliente e suas expectativas, considerando
o ambiente do indivíduo e assegurando que as questões identificadas lhe são relevantes.
De maneira muito clara e objetiva, Fasoli (2013) assim explana sobre a COPM:

A COPM é administrada em um processo com quatro estágios, que incluem

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definição do problema, estabelecimento de prioridade, pontuação e reavaliação.
Durante a entrevista inicial da COPM, os pacientes ou cuidadores identificam
áreas de AVD, trabalho e lazer que são importantes para eles e necessitam de
intervenção de terapia ocupacional. Para cada área de desempenho ocupacional,
o terapeuta fornece exemplos de atividades típicas, e o paciente indica quais
delas ele precisa, quer fazer ou espera-se que ele faça. Quando o paciente
identifica uma atividade que deve fazer, o desempenho atual é explorado. Se
ele é incapaz de realizar a atividade ou não está satisfeito com o modo como
a completa, a atividade é listada como um problema para intervenção. Se
não relata problemas com atividades em determinada área de desempenho, a
próxima área de desempenho ocupacional é explorada. Após a identificação
de todos os problemas de desempenho ocupacional, os pacientes os pontuam
em termos de importância, sua percepção do desempenho atual, e satisfação
com este. É importante perceber que um paciente com uma nova doença pode
não reconhecer ou estar pronto a identificar dificuldades. O terapeuta e o
cliente podem iniciar o tratamento trabalhando os problemas identificados e
podem retornar a este processo de entrevista semiestruturada mais tarde para
ver se outras questões surgirão. A reavaliação é completada na alta ou quando
o paciente e o terapeuta considerarem necessário para melhor planejar o
tratamento (FASOLI, 2013, p. 80).

Por meio de uma entrevista, os pacientes identificam atividades de desempenho ocupacional


que lhes são importantes, mas que estão tendo dificuldades de realizar satisfatoriamente. Elas são
classificadas em uma escala de 1 a 10.

Problemas na ativida- Importância Desempenho Desempenho


de
Colocar suspensórios 9 3 1
Lavar rosto e mãos 10 1 1
Preparar um sanduíche 5 1 4
Segurar um livro 7 3 5
Visitar amigos 9 2 4

Quadro 2 - Exemplo dos escores para a Medida Canadense de Desempenho Ocupacional. Fonte: Fasoli (2013).

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Em sua dissertação de Mestrado, a professora Ana Beatriz Zimmermann apre-


senta a aplicação da COPM em adultos e idosos em um centro de reabilitação do
Paraná.
Segue a referência completa:

ZIMMERMANN, A. B. Autopercepção do Desempenho Ocupacional de Usuários


Adultos e Idosos de um Centro de Reabilitação do Estado do Paraná. 2012. Disser-
tação (Mestrado em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação) – Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2012.

A dissertação pode ser acessada por meio do link <http://


repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/311007/1/
Zimmermann_AnaBeatriz_M.pdf>.

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Caro(a) aluno(a), qual seu conhecimento até aqui sobre a profissão de TO? O que
você tem respondido quando é perguntado a respeito? Você já sabe qual órgão
regulamenta a profissão do TO? Você deve saber que há um Conselho Federal e
seus Conselhos Regionais.

6. BASES CONCEITUAIS E O CAMINHO DO PROCESSO TERAPÊUTICO

Nickel (2007) esclarece que terapeutas ocupacionais discutiram questões relacionadas ao


“[...] encaminhamento, a forma com a qual o terapeuta conduz o chamado Processo Terapêutico,
onde este processo tem uma relação direta como o modelo de homem e sociedade por ele
idealizado” (NICKEL, 2007, p. 57).
Sob a ótica do contexto social em que a prática da TO é realizada, o grupo definiu três
modelos de intervenção, buscando apontar para as visões de homem, de sociedade e de sua
relação com o processo de TO.

Quando tratamos de indagar, sob essa perspectiva, como acontece o processo


terapêutico ocupacional, chegamos a um ponto onde aparecem, em linhas gerais,
três posições opostas e, ao que parece, inconciliáveis. Temos então que, para a
primeira posição, o processo acontece de forma natural, espontaneamente, na
situação entre terapeuta e cliente, mediatizada pela atividade. Para a segunda, o
processo é um artifício das rígidas condições em que se desenvolve, às quais o
paciente tem de adaptar-se. Para a terceira, o processo é por definição criativo,
transformador, questionador do contexto em que se efetiva (FRANCISCO,
2001, p. 49).

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Tais posições foram encontradas quando investigamos como são vistos o homem e a
sociedade. A primeira posição toma como pressuposto a concepção humanista; a segunda, a
concepção positivista; e a terceira, a concepção dialética.
Vejamos como cada uma dessas posições se apresenta.

6.1 Modelo do Processo de Terapia Ocupacional Humanista


A principal característica do trabalho, nesse modelo, é a inexistência de padrões
preestabelecidos para o seu desenvolvimento. Isto é, não há uma sequência de fatos ou
procedimentos a seguir. Portanto, as conhecidas e tão consagradas divisões do processo de TO
em encaminhamento, entrevista inicial, avaliação, elaboração de programa de tratamento e
intervenção não têm lugar aqui (FRANCISCO, 2001).
O terapeuta parte do pressuposto de que ninguém melhor que o cliente para determinar
os caminhos a serem percorridos com vistas a se retomar uma vida saudável (o estado de saúde).
Esse fato advém da crença em um homem que é único.
A saúde é concebida como um estágio de equilíbrio na relação do homem com seu
ambiente. A doença, portanto, decorre do desequilíbrio nessa relação. Sob tal concepção, a “[...]

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saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
afecção ou doença” (FRANCISCO, 2001).
O processo é centrado na relação terapêutica, tornando-se a relação, portanto, o
instrumento de trabalho do terapeuta ocupacional. Busca-se criar um ambiente acolhedor, onde
o cliente possa se descobrir e se encontrar com o outro.
O cliente traz sua maneira de viver, a história de suas aprendizagens e o clima afetivo
no que tem realizado. Cabe ao terapeuta a tarefa de tomar essa relação como medida, sendo
facilitador à aprendizagem de novas formas e oferecendo um modelo de relação em que seja
possível aprender, ensaiar, errar, ensinar e realizar, aqui e agora, aquilo que não teve lugar em
outro espaço (FRANCISCO, 2001).
A atividade também é compreendida considerando-se o outro, concreto e com linguagem
própria, a qual o cliente deverá escutar. Possibilita-se, assim, o reconhecimento desse caminho de
idas e vindas, um caminho novo, no qual o cliente não mais ocupará um lugar passivo.
Ainda consoante Francisco (2001), quanto a esses princípios, o primeiro encontro entre
terapeuta e cliente tem por propósito o esclarecimento de questões como o porquê de o cliente ter
procurado a terapia, quais suas expectativas e que tipo de ajuda lhe pode ser oferecido. Após essas
questões serem elucidadas, o caminho a se seguir tanto pode ser o da continuidade da entrevista
(primeiro contato) quanto o da inserção do cliente na realização de uma atividade
Os primeiros contatos permitem ao terapeuta elaborar, configurar uma imagem do
cliente, esboçar quem ele é e quais seus desejos e vontades. Esse referencial propiciado pelo
cliente (expresso ou percebido) culminará na direção a ser tomada no processo.
Francisco (2001) explica que é no confronto entre o perfil do cliente e seus desejos com o
que a sociedade lhe oferece e espera dele que o terapeuta esboça as características das atividades a
serem realizadas. No transcorrer dos encontros, permanece-se a preocupação com as observações
para maior conhecimento do cliente, juntamente com o processo de tratamento.
O processo de TO visa, portanto, ao autoconhecimento, que é trabalhado por intermédio
de atividades e reflexões acerca das relações estabelecidas no decorrer de cada encontro. Nesse
modelo de processo, aconselham-se os atendimentos grupais, pois essa é a forma mais constante de
se estar no mundo. Entretanto, o trabalho de grupo aqui assume a conotação do que costumamos
chamar em TO de grupo de atividades.

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Francisco (2001) ensina que grupo de atividades é uma forma de trabalho grupal em que
várias pessoas são atendidas em um mesmo espaço, cada qual desenvolvendo seu próprio projeto,
compartilhando, entretanto, de uma mesma dinâmica interpessoal. O fazer, nessa situação, é
discutido em termos das relações acontecidas com cada um e com os outros participantes, como
nas relações de cooperação.

6.2 Modelo do Processo de Terapia Ocupacional Positivista


Partindo-se da compreensão de saúde como um estado de ausência de doença, entendida
como um processo biológico vivido pelo indivíduo (organismo), alguns autores de TO propõem
um modelo de processo cuja principal preocupação é tratar a doença, a patologia, calcando seus
trabalhos na definição de normal e patológico (FRANCISCO, 2001).
O processo de terapia proposto nessa concepção é bastante claro e definido, pois, para
sua realização, deve-se seguir uma estrutura rígida de procedimentos. Tal estrutura configura-se
no encadeamento de etapas distintas e logicamente ordenadas, as quais possibilitam conhecer a
patologia apresentada pelo sujeito, suas possibilidades de prognóstico e a forma mais adequada
para se alcançar a meta final.

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As etapas ou procedimentos são ordenados da seguinte forma:

• Encaminhamento.
• Entrevista inicial.
• Avaliação (inicial e/ou completa).
• Planejamento de programa de tratamento.
• Tratamento propriamente dito.
• Reavaliações.
• Alta.
O tratamento, portanto, só acontece após a avaliação do paciente e após a elaboração
pelo terapeuta de um programa de tratamento. Vejamos, então, etapa por etapa, guiando-nos por
Francisco (2001).
O encaminhamento médico é a porta de entrada do paciente ao tratamento de TO.
Ele chega ao terapeuta com indicações feitas pelo médico, denominadas prescrição médica. A
prescrição explicita os objetivos que o médico e a equipe esperam obter com o tratamento. Os
objetivos aí apontados estão diretamente ligados à patologia apresentada no caso em pauta.
Após o recebimento do paciente, cabe ao profissional realizar uma entrevista inicial,
primeiro momento de uma série de coleta de dados. Conhecer a história do paciente desde o
início da doença é de fundamental importância ao profissional, porque lhe possibilita investigar
como o paciente vive seu cotidiano.
Os dados a respeito de nível de escolaridade, condições socioeconômicas e culturais,
religião, atividades de vida diária, trabalho e lazer são preferencialmente colhidos nessa etapa. A
entrevista é composta por uma série de perguntas feitas ao paciente com o respectivo registro das
respostas, sem que haja qualquer interferência por parte do terapeuta.
Muitas são as formas utilizadas para a efetivação de uma entrevista: estruturadas, não
estruturadas, verbais, escritas, abertas, fechadas etc. Dentre essas possibilidades, as entrevistas
abertas são pouco utilizadas, pois se caracterizam pela livre narrativa por parte do entrevistado.

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O que mais comumente se encontra são as entrevistas fechadas ou as anamneses, estruturadas


sob a forma de roteiro de perguntas a serem respondidas pelo entrevistado. Opta-se por tal forma
de entrevista em virtude da objetividade na coleta dos dados já que se permitem colher apenas as
informações de interesse do profissional.
Colhidas as primeiras informações acerca do paciente e sua doença, o passo seguinte
é a avaliação. A avaliação é, basicamente, um instrumento para coleta de dados. Diferencia-se,
entretanto, da entrevista por uma questão de método. A avaliação é compreendida como um
processo cujo objetivo é investigar o valor de um determinado estado de função. Portanto, o ato
de avaliar depende do estrito conhecimento que o avaliador tem a respeito das normas e níveis
da função a ser avaliada.
Nessa perspectiva, observa-se que todo e qualquer processo avaliativo tem o propósito de
determinar o grau (qualidade) e o valor (quantidade) das discrepâncias entre o que é considerado
norma e as funções demonstradas durante o processo. Essa etapa do processo tem, pois, o
propósito de coleta, análise e interpretação de dados, permitindo ao profissional determinar os
níveis de habilidades, capacidades, limitações ou déficits apresentados pelo paciente. Esse é o
momento em que o paciente é submetido a uma série de testes, provas e observações específicas.
Aqui, cabe ressaltar que as avaliações realizadas se limitam à investigação dos aspectos
que dizem respeito à problemática apresentada pelo paciente. O terapeuta tem a preocupação de

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direcionar a pesquisa, dando maior ênfase aos aspectos ou áreas que, a priori, são comprovadamente
atingidos pela doença.
Para esse modelo de processo, portanto, os objetivos da avaliação podem ser assim
resumidos:

A. Investigar níveis de funções e comportamentos.

B. Investigar níveis de crescimento e desenvolvimento.

C. Possibilitar a seleção de objetivos e meios (atividades) para a elaboração do plano de


tratamento.

D. Colaborar com dados para um diagnóstico diferencial.

E. Investigar os resultados de um programa de tratamento.

Não se pode esquecer que, nesse modelo, a execução da atividade é fundamental


para o tratamento, e o paciente necessita de estímulos para começar e continuar a terapia. Os
atendimentos devem ser preferencialmente individuais, pois o que se tem de tratar é a doença.
Não há lugar para as chamadas interações grupais visto que o relacionamento terapêutico
entre paciente e terapeuta se estabelece apenas por meio da atividade. As atividades utilizadas
variam entre as atividades, exercícios/atividades ou produção. Em alguns casos, principalmente
em trabalhos das áreas de saúde mental e psiquiatria, há também a utilização das atividades/
expressão.
Pode-se, então, caracterizar a relação terapeuta/paciente como sendo estruturada
e objetiva, com papéis bem definidos. O terapeuta administra as condições necessárias ao
tratamento, atuando como um elo entre a atividade e o paciente. A comunicação terapeuta/
paciente tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de garantir a eficácia do tratamento.

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6.3 Modelo do Processo de Terapia Ocupacional Materialista Histórico


Como a TO é uma prática de saúde que propõe o uso da atividade como recurso
terapêutico, uma das possibilidades de ela vir a ser um espaço para transformar a si mesma e
contribuir a uma transformação social mais significante é por meio desse fazer. Um fazer que
busca conscientizar os homens quanto à opressão a que estão submetidos como membros de uma
sociedade classista. Um fazer que desvela as determinações sociais vividas, que busca descobrir
formas revolucionárias e que mostra a contradição e o conflito da saúde em uma sociedade de
classes (FRANCISCO, 2001).
Partindo-se dessas premissas, seguem algumas diretrizes consideradas básicas à
efetivação do processo de TO. O terapeuta não se apodera, como se fosse exclusividade sua,
dos conhecimentos que possibilitam a efetivação do processo, da mesma forma como não o
realiza sozinho. Afinal, o principal propósito da terapia é possibilitar ao cliente perceber-se como
indivíduo social, feixe de relações. E isso só acontece na medida em que ele passa a se apropriar
dos meios e dos objetivos do tratamento (materiais, maquinários, ferramentas, métodos de
execução e, principalmente, do produto de seu trabalho), reconhecendo-se como autor e fazedor
tanto de sua história como da história do mundo (FRANCISCO, 2001).

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Cliente e terapeuta, portanto, trabalham juntos na busca e na detecção das reais
necessidades, vontades e desejos apresentados pelo cliente. Atividade, terapeuta e cliente são de
fundamental importância ao processo.
Enquanto a atividade é a base real e material do tratamento, o cliente é aquele que traz seus
conceitos e ações, advindos da experiência com a doença. Por sua vez, o terapeuta é aquele que
favorece as reflexões e discussões, na perspectiva de identificação e trato das questões conflitivas.
Os atendimentos são primordialmente grupais, sendo que, para a constituição dos grupos,
deve-se privilegiar o critério de origem de classe da pessoa. Tal forma de atendimento recai
sobre o fato de considerarmos a saúde como questão coletiva, como fato social. Em assim sendo,
nada mais coerente do que trabalhar coletivamente as questões coletivas. Nos atendimentos, a
principal característica é a democratização do processo de terapia, em que cada elemento do
grupo é responsável pelo processo, por fazer o processo acontecer. O processo nada mais é que
um acontecer das ações do grupo, as quais podem ser compreendidas como identificação das
necessidades, elaboração de um projeto (de atividade grupal), execução do projeto e reflexões
com respeito às ações e suas implicações.
Entretanto, não devemos entender tais ações como uma estrutura em que as etapas
devem se seguir passo a passo, mas como uma estrutura dinâmica, na qual cada grupo imprime
sua maneira de organizar-se e construir seu projeto. É, portanto, a partir do fazer e das reflexões
e entendimentos das experiências do dia a dia que o grupo se aproxima, identifica-se, toca,
compreende a realidade, atua em seu meio e toma suas próprias decisões. É o trabalho do grupo
que torna possível às pessoas reorganizarem e reelaborarem suas ações.
Acreditando nesse modelo de processo, observamos que essa TO possibilita o
estabelecimento de novas relações entre o homem e a sociedade com vistas à transformação das
estruturas opressoras a partir de uma prática de saúde que transforma pelo trabalho de classe.
Compreender, portanto, a TO sob a ótica materialista da história é acreditar em uma
terapia que leva à conscientização de classe; é compreendê-la como instrumento de polarização
e conscientização por meio da construção de um saber-fazer inserido nas práticas, relações e
experiências do cotidiano (FRANCISCO, 2001).

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7. MODELO FUNCIONAL OCUPACIONAL (MFO)

O Modelo Funcional Ocupacional (doravante, MFO) orienta a avaliação e o tratamento de


pessoas com disfunção física que leva à competência no desempenho ocupacional. É derivado da
prática clínica, e a meta do tratamento é permitir a inclusão satisfatória em papéis valorizados por
meio da restauração do autodesempenho ou, ainda, pelo estabelecimento de meios alternativos.
O MFO é um modo pelo qual os terapeutas ocupacionais conceituam o processo de
terapia ocupacional para pessoas com disfunção ocupacional secundária e deficiências físicas
(TROMBLY, 2013).
Em resumo, segundo Trombly (2013), as proposições do modelo são as seguintes:

1) Para se engajar satisfatoriamente a um papel ocupacional, uma pessoa deve ser capaz
de realizar tarefas que fazem parte desse papel.

2) As tarefas são compostas de atividades, que são unidades menores de comportamento.

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3) Para ser capaz de realizar uma determinada tarefa, a pessoa deve apresentar certas
habilidades sensório-motoras, cognitivas, perceptivas, emocionais e sociais.

4) As habilidades são desenvolvidas a partir de capacidades que a pessoa adquiriu por


meio do aprendizado ou da maturação.

5) Essas capacidades desenvolvidas dependem de capacidades em primeiro nível, que


derivam dos atributos genéticos de uma pessoa ou do substrato orgânico disponível.

6) Contextos e ambientes pessoais, sociais, culturais e físicos cercam e influenciam a vida


e a funcionalidade ocupacional de um indivíduo.

No modelo MFO, a ocupação possui duas naturezas: ocupação como meio e como fim.
A ocupação como fim equivale aos níveis mais altos do MFO, nos quais a pessoa tenta
atingir uma meta funcional (uma atividade ou uma tarefa) utilizando quaisquer habilidades,
capacidades, hábitos e talentos que possua. A ocupação como meio, por outro lado, é a terapia
utilizada para proporcionar mudanças nos fatores do paciente deficiente e nas habilidades de
desempenho. Tanto a ocupação como fim quanto a ocupação como meio derivam seu impacto
terapêutico das condições de propósito e de significado.

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Indicamos a leitura da tese de Doutorado do professor Dr. Renato Nickel, do setor


de TO da UFPR. Na obra, o professor faz um compilado sobre o contexto histórico
e a trajetória da profissão, principalmente em Curitiba e região metropolitana, até
o ano de 2007.
A referência completa é:

NICKEL, R. Terapia Ocupacional em Curitiba e Região Metropolitana: trajetória e


processo de formação. 2007. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Fe-
deral do Paraná, Curitiba, 2007.

O material está disponível em <http://www.ppge.ufpr.br/teses/


teses/D07_nickel.pdf>.

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Ademais, indicamos a leitura do capítulo Funcionalidades Conceituais para a Práti-
ca, do livro cuja referência completa é:

RADOMSKY, M. V.; LATHAM, C. A. T. Terapia Ocupacional para Disfunções Físicas.


6. ed. São Paulo: Santos Editora, 2013.

Essa leitura é complementar ao entendimento do MFO quanto ao exercício do


raciocínio clínico.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O TO precisa ter conhecimento do panorama histórico contextual nacional da profissão.


Afinal, para que a profissão ganhasse a ênfase e o espaço de que hoje goza, vários processos foram
necessários.
Trata-se de uma profissão que não está inserida tão somente no âmbito da saúde mental
e ou da reabilitação física. Ganhou, ainda, espaço significativo no campo social e na educação.
A construção da prática de se fazer TO no Brasil derivou de modelos internacionais.
O documento AOTA (2015), em muitos momentos, norteia a prática, porém, não é a única e
exclusiva ferramenta. As áreas de ocupação são os objetivos, início e fim das intervenções
terapêuticas ocupacionais.
As áreas de ocupação estão comumente interligadas aos fatores do cliente, habilidades,
padrões de desempenho, contexto e ambiente. O TO precisa ser capaz de avaliar todos esses
processos, pois eles fazem parte do contexto. Toda atividade tem significado graças à história de
vida de cada cliente na qual o TO intervém, independentemente da área em que está inserido.

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UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

02
DISCIPLINA:
RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS

DOMÍNIO DA TERAPIA OCUPACIONAL


PROF.A ELIANE SCHROEDER

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO..............................................................................................................................................................21
1. DOMÍNIO ................................................................................................................................................................22
2. OCUPAÇÕES...........................................................................................................................................................23
2.1 ATIVIDADE DE VIDA DIÁRIA (AVD).....................................................................................................................23
2.2 ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA (AIVDS)...............................................................................25
2.3 DESCANSO E SONO.............................................................................................................................................27
2.4 EDUCAÇÃO............................................................................................................................................................28
2.5 TRABALHO............................................................................................................................................................29
2.6 BRINCAR.............................................................................................................................................................. 30
2.7 LAZER................................................................................................................................................................... 30
2.8 PARTICIPAÇÃO SOCIAL.......................................................................................................................................31

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3. FATORES DO CLIENTE...........................................................................................................................................32
4. HABILIDADES DE DESEMPENHO.........................................................................................................................33
5. PADRÕES DE DESEMPENHO................................................................................................................................34
6. CONTEXTO E AMBIENTE......................................................................................................................................35
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................37

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Nós, seres humanos, construímos, destruímos, criamos, consertamos, modificamos e


manipulamos. Ocupamos ambientes e os modificamos conforme nossas necessidades. Nascemos
com curiosidade de descobrir, tentar e aprender. O ser humano tem inata necessidade de fazer.
A Terminologia Uniforme para Terapia Ocupacional foi um documento publicado
em 1993 pela American Occupational Therapy Association (doravante, AOTA, traduzida como
Associação Americana de Terapia Ocupacional) e objetivava fornecer um retrato do domínio da
preocupação da TO com o intuito de se criar uma terminologia comum à profissão, facilitando o
entender dos “outros” sobre a essência da profissão (NEISTADT; CREPEAU, 2002).
O TO é o profissional cujo objeto principal de estudo é a ocupação humana. Podemos
entender ocupação humana como sendo atividades significativas do dia a dia, que os clientes
assistidos pelo TO queiram ou necessitam realizar.
O documento Occupational Therapy Practice Framework: Domain and Process (2015),
da AOTA, está em sua terceira edição e passa por revisão a cada cinco anos. Popularmente, os

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terapeutas ocupacionais brasileiros o chamam de documento AOTA, o qual é muito utilizado por
aqui, servindo como um guia à prática profissional.
O documento é dividido em duas partes: (I) o domínio, que descreve as competências
da profissão e as áreas nas quais seus membros têm um corpo de conhecimentos e competências
estabelecidas; e (II) o processo, que descreve as atitudes tomadas pelos profissionais durante a
prestação de serviços voltados aos clientes e focados no envolvimento com as ocupações (AOTA,
2015).
Na Unidade 2, conheceremos a respeito do domínio que o documento AOTA aborda.

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1. DOMÍNIO

Os terapeutas ocupacionais precisam se habilitar e estar preparados para avaliar todos


os aspectos relacionados ao domínio. Avaliar o domínio é avaliar as inter-relações do cliente em
seus contextos e ambientes. Também, é importante reconhecer o impacto da conexão mente-
corpo-espírito para a participação do cliente na vida diária (AOTA, 2015). “O conhecimento da
relação transacional e o sentido das ocupações significativas e produtivas formam a base para o
uso de ocupações como os meios e os fins das intervenções (TROMBLY, 1995 apud AOTA, 2015).
A seguir, seguem os aspectos do domínio da TO conforme descrito pela AOTA (2015).
Ocupações:

• Atividades de Vida Diária (AVDs).


• Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs).
• Descanso e Sono.

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• Educação.
• Trabalho.
• Brincar.
• Lazer.
• Participação Social.
Fatores do cliente:

• Valores, crenças e espiritualidade.


• Funções do corpo.
• Estruturas do corpo.
Habilidades de desempenho:

• Habilidades Motoras.
• Habilidades de Processo.
• Habilidades de Interação Social.
Padrões de desempenho:

• Hábitos.
• Rotinas.
• Rituais.
• Papéis.

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Contextos e ambientes:

• Cultural.
• Pessoal.
• Físico.
• Social.
• Temporal.
• Virtual.

2. OCUPAÇÕES

As ocupações são fundamentais para a identidade e o senso de competência de um cliente

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(pessoa, grupo ou população), tendo significado e valor especiais para esse cliente. A seguir,
trazem-se algumas definições para ocupação, descritas na literatura e que podem contribuir à
compreensão desse conceito tão central.

- “A ocupação é tudo o que as pessoas fazem para se ocupar, incluindo cuidar de si


mesmas (autocuidado), apreciar a vida (lazer) e contribuir para a estrutura social e econômica de
suas comunidades (produtividade)” (DICKIE, 2011, p. 70).

- “O que as pessoas fazem que ocupam seu tempo e atenção; significativa, atividade com
propósito; as atividades pessoais que os indivíduos escolhem ou necessitam se envolver e as
maneiras pelas quais cada indivíduo realmente as experimenta” (SCHELL; GILLEN; SCAFFA,
2014 apud AOTA, 2015).

- “Em terapia ocupacional, ocupações se referem às atividades diárias que as pessoas


executam enquanto indivíduos, nas famílias e em comunidades para ocupar o tempo e trazer
significado e propósito à vida” (CAVALCANTI; DUTRA; ELUI, 2015).

Na TO, a ocupação tanto está associada à saúde e ao bem-estar como pode ser insalubre,
perigosa, de má adaptação ou destrutiva para si ou para os outros, contribuindo para problemas
sociais e para a degradação ambiental (DICKIE, 2011).
São inúmeras as definições de ocupação. O que é importante para a TO é sempre levar
em consideração o grau de importância que dada ocupação tem para o seu cliente (pessoa, grupo
ou população).

2.1 Atividade de Vida Diária (AVD)


A definição que o documento AOTA (2015) traz para a AVD consiste nas atividades
voltadas ao autocuidado. A AVD pode ser também conhecida como atividade básica da vida
diária (ABVD) ou como atividades pessoais da vida diária (APVD).
A AOTA (2015) categoriza as atividades de autocuidado e sua descrição conforme o
Quadro 1.

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ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Banhar e tomar banho no chuveiro Obter e usar utensílios; ensaboar, enxaguar e se-
car as partes do corpo; manter-se na posição de
banho; transferência de e para posições de ba-
nho.
Usar vaso sanitário e realizar higiene íntima Obter e usar utensílios; cuidado com roupas; ma-
nutenção da posição no vaso; transferência de e
para o vaso sanitário; limpeza do corpo; cuidados
menstruais e necessidades com a continência
(incluindo cateter, colostomia e uso de supositó-
rio) bem como controle intencional do intestino
e urinário e, se necessário, utilizar equipamentos
ou agentes para o controle da bexiga.
Deglutir/comer Manter e manipular alimento ou líquido na boca
e engolir; engolir é mover o alimento da boca ao
estômago.
Alimentar Colocar, arranjar e trazer a comida (ou líquido) do

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prato ou copo até à boca, o que algumas
vezes é nomeado como autoalimentação.
Mobilidade funcional Mover-se de uma posição ou lugar para outro
(durante o desempenho de atividades diárias),
como mobilidade na cama, mobilidade na cadei-
ra de rodas e transferências
(por exemplo: cadeira de rodas, cama, carro, chu-
veiro, vaso sanitário, banheira,
cadeira, piso). Inclui deambulação funcional e
transporte de objetos.
Cuidado com equipamentos pessoais Usar, limpar e manter itens de cuidado pessoal,
tais como aparelho auditivo, lentes de contato,
óculos, órteses, próteses, equipamentos adap-
tativos, aparelho de medida de índice glicêmico,
dispositivos sexuais e contraceptivos.
Higiene pessoal e grooming Obter e usar utensílios; remover pelos do cor-
po (por exemplo, uso de lâmina de barbear, te-
souras, loções); aplicar e remover produtos de
beleza; lavar, secar, pentear, modelar, escovar e
prender o cabelo; cuidar das unhas (mãos e pés);
cuidar da pele, orelhas, olhos e nariz; aplicar de-
sodorante; limpar a boca, escovar e passar fio
dental nos dentes; remover, limpar e recolocar
órteses e próteses dentárias.
Atividade sexual Envolver-se em atividades que proporcionam sa-
tisfação sexual e/ou satisfazer as necessidades
relacionais ou reprodutivas.
Vestir Selecionar roupas e acessórios de acordo com
a hora do dia, com o clima e a ocasião; retirar as
roupas dos locais em que estão guardadas; ves-
tir-se e despir-se adequadamente de maneira se-
quencial; ajustar e fechar as roupas e sapatos; e
colocar e retirar dispositivos pessoais, próteses
ou órteses.
Quadro 1 - Ocupação AVD. Fonte: AOTA (2015).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Leia o artigo:
GALHEIGO, S. M. O cotidiano na terapia ocupacional: cultura, subjetividade e con-
texto histórico-social. Revista da Terapia Ocupacional da Universidade de São
Paulo, São Paulo, v. 14, n. 3, 2003.

O artigo trata do conceito de cotidiano na TO e do treinamento das


atividades da vida diária à ressignificação do cotidiano. O material
está disponível em <http://www.revistas.usp.br/rto/article/
view/13924/15742>.

Ainda, indicamos a leitura do artigo:


CARVALHO, A. J. M.; GRANDE, E. A. B. de. Perfil das atividades de vida diária dos
atletas paraolímpicos de alta performance elaborado através do questionário HAQ
(Health Assessment Questionnaire). Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional,

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São Carlos, v. 20, n. 2, 2012.

O artigo mostra a relação entre a pessoa com deficiência e suas dificuldades na


realização das AVDs, a aplicabilidade de um instrumento de avaliação e o papel da
TO no engajamento da ocupação.

O material encontra-se disponível em <http://www.cadernos-


deterapiaocupacional.ufscar.br/index.php/cadernos/article/
view/630/385>.

2.2 Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs)


As AIVDs são atividades que apoiam a vida diária dentro de casa e na comunidade,
requerendo frequentemente interações mais complexas do que aquelas utilizadas nas AVDs. A
AOTA (2015) categoriza as AIVDs conforme o Quadro 2.

ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DE VIDA DIÁRIA

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Cuidar de outros (incluindo seleção e supervisão Organizar, supervisionar ou fornecer cuidado
de cuidadores). para outros.
Cuidar de animais. Organizar, supervisionar ou prestar cuidados a
animais de estimação e animais de serviço.

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CATEGORIA DESCRIÇÃO
Gerenciamento de comunicação. Enviar, receber e interpretar uma informação,
usando uma variedade de sistemas e equipa-
mentos, incluindo ferramentas para a escrita,
telefones (celulares ou smartphones), teclados,
gravador audiovisual, computadores ou tablets,
pranchas de comunicação, luzes de chamada,
sistemas de emergência, escrita em Braille, dis-
positivos de telecomunicação para surdos, sis-
tema de comunicação aumentativa e assistente
pessoal digital.
Dirigir e mobilidade na comunidade. Planejar-se e mover-se na comunidade e usar o
transporte público ou privado, como dirigir, cami-
nhar, andar de bicicleta ou acessar e locomover-
-se por meio de ônibus, táxis ou outros sistemas
de transporte.
Gerenciamento financeiro. Usar recursos fiscais, incluindo métodos alter-
nativos de transação financeira, planejar e usar
finanças com objetivos a curto e longo prazos.

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Gerenciamento e manutenção da saúde. Desenvolver, gerenciar e manter rotinas para
saúde e promoção de bem-estar, tais como con-
dicionamento físico, nutrição, diminuição dos
comportamentos de risco para saúde e rotinas
de medicação.
Estabelecimento e gerenciamento do lar. Obter e manter bens pessoais, da casa e do am-
biente (por exemplo: casa, quintal, jardim, equi-
pamentos, veículos), incluindo manutenção e re-
paração dos bens pessoais (vestuário e itens da
casa) e saber como procurar ajuda ou com quem
entrar em contato.
Preparar refeições e limpeza. Planejar, preparar e servir de forma equilibrada
refeições nutritivas e limpar alimentos e utensí-
lios após as refeições.
Atividades e expressão religiosa e espiritual. Fazer parte de uma religião, um sistema orga-
nizado de crenças, práticas, rituais e símbolos
projetados para facilitar a proximidade com o
sagrado ou transcendente e envolver-se em ativi-
dades que permitam uma sensação de conexão
com algo maior que si mesmo ou especialmente
significativo, tal como reservar momentos para
brincar com uma criança, envolver-se em ativida-
des na natureza e ajudar os necessitados.
Segurança e manutenção emergencial. Conhecer e realizar procedimentos preventivos
para manter um ambiente seguro; reconhecer
situações perigosas repentinas, inesperadas;
e iniciar as ações de emergência para reduzir a
ameaça à saúde e segurança; exemplos incluem
garantir a segurança ao entrar e sair da casa,
identificar os números de contato de emergência
e substituir itens, como baterias de alarmes de
fumaça e lâmpadas.

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CATEGORIA DESCRIÇÃO
Fazer compras. Preparar listas de compras (mercearias e ou-
tros); seleção, compra e transporte de itens; se-
lecionar formas de pagamento; e completar as
transações com dinheiro; estão aqui incluídas
as compras pela Internet e o uso de dispositivos
eletrônicos relacionados, como computadores,
telefones celulares e tablets.

Quadro 2 - Ocupação AIVD. Fonte: AOTA (2015).

Conheça a Resolução nº. 316/2006, que dispõe sobre a prática de


atividades de vida diária, atividades instrumentais da vida diária e
tecnologia assistiva pela TO. O material pode ser acessado
pelo link <https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=3074>.

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2.3 Descanso e Sono
A ocupação sono influencia de forma positiva ou negativa o engajamento das outras áreas
de ocupação; daí a importância de termos essa área de ocupação em equilíbrio. Para corroborar
com isso, a AOTA (2015, p. 21) expõe que descanso e sono são “[...] atividades relacionadas à
obtenção de descanso e sono reparadores para apoiar a saúde e o envolvimento ativo em outras
ocupações”.
A AOTA (2015) categoriza o descanso e o sono conforme o Quadro 3.

DESCANSO E SONO

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Descansar Envolver-se em ações tranquilas e sem esfor-
ço, que interrompem a atividade física e mental,
resultando em um estado de relaxamento; está
aqui incluída a identificação da necessidade de
relaxar; redução do nível de envolvimento em ati-
vidades físicas, mentais ou sociais; envolver-se
em relaxamento ou outros esforços que restau-
rem a energia e a calma e renovem o interesse
nesse envolvimento.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Preparação para o sono (1) Envolvimento em prática de rotinas que pre-
param o indivíduo para um descanso confortável,
tais como grooming e despir-se; ler ou ouvir músi-
ca para adormecer, dar boa noite ao próximo e se
envolver em meditação ou orações; determinar
a hora do dia e o período desejado para dormir
e o tempo necessário para acordar; estabelecer
padrões de sono condizentes com o desenvolvi-
mento e saúde (padrões são muitas vezes pes-
soal e culturalmente determinados).
(2) A preparação do ambiente físico para pe-
ríodos de inconsciência, como fazer a cama ou
preparar espaço para dormir; garantir proteção
contra o calor ou frio; definir um despertador; ga-
rantir segurança da casa, como trancar portas ou
fechar as janelas ou cortinas; e desligar equipa-
mentos eletrônicos ou luzes.
Participação no sono Cuidar das necessidades pessoais para o sono,
como diminuir as atividades para garantir o iní-

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 2


cio do sono, dormir e sonhar; manter um estado
de sono sem interrupção; realização de cuidados
noturnos, como uso do vaso sanitário e hidrata-
ção; inclui também a negociação das necessida-
des de interagir e exigências de outros dentro do
ambiente social, como crianças ou parceiros, in-
cluindo a prestação de cuidados noturnos, como
o aleitamento materno e acompanhamento do
conforto e segurança de outras pessoas que es-
tão dormindo.

Quadro 3 - Ocupação descanso e sono. Fonte: AOTA (2015).

A privação do sono ou a má gestão dele pode interferir no humor, raciocínio, me-


mória e nos registros sensoriais. Quando há prejuízo nessas áreas, há também
nas áreas de ocupação (principalmente, trabalho e educação). Quanto dessa pri-
vação é prejudicial? Pesquise mais sobre o assunto.

2.4 Educação
Dentre as áreas de ocupação, a educação talvez ainda seja uma das mais desafiadoras,
principalmente, em virtude das barreiras atitudinais que nós (que trabalhamos com a educação
inclusiva) enfrentamos. A AOTA (2015) a descreve como sendo atividades necessárias à
aprendizagem e participação no ambiente educacional (Quadro 4).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

EDUCAÇÃO

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Participação na educação formal Participação em atividades educacionais no
meio acadêmico (por exemplo: matemática, lei-
tura e obtenção de grau), não acadêmico (por
exemplo: recreio, refeitório, corredor), extracur-
ricular (por exemplo: esportes, banda, animação
de torcida, danças) e atividades vocacionais
(pré-vocacional e vocacional).
Exploração das necessidades ou interesses pes- Identificação de temas e métodos para obter in-
soais em educação informal (além da educação formações ou habilidades relacionadas.
formal)
Participação na educação pessoal informal Participar de aulas informais, programas e ativi-
dades que proporcionem instrução ou formação
em áreas identificadas como de interesse.

Quadro 4 - Ocupação educação. Fonte: AOTA (2015).

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 2


2.5 Trabalho
A ocupação trabalho ou esforço é descrita na AOTA (2015) como ação: fazer, construir,
fabricar, dar forma, moldar ou modelar objetos para organizar, planejar ou avaliar serviços
ou processos de vida ou de governo. São ocupações comprometidas, executadas com ou sem
recompensa financeira (CHRISTIANSEN; TOWNSEND, 2010 apud AOTA, 2015).
Veja o Quadro 5.

TRABALHO

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Interesse e busca por emprego Identificação e seleção de oportunidades de tra-
balho com base em bens, limitações, gostos e
antipatias em relação ao trabalho.
Procura e aquisição de emprego Autoadvocacia; completar, submeter e rever os
materiais adequados de inscrição; preparar-se
para entrevistas; participar de entrevistas e man-
ter acompanhamento posterior; discutir benefí-
cios no trabalho e finalizar negociações.
Desempenho no trabalho Desempenhar as exigências do trabalho, o que
inclui padrões e habilidades no trabalho; geren-
ciamento do tempo; relacionamentos com cole-
gas de trabalho, gerentes e clientes; liderança e
supervisão; criação, produção e distribuição de
produtos e serviços; iniciação, manutenção e
conclusão dos trabalhos; conformidade com as
normas e procedimentos do trabalho
Adequação e preparação para a aposentadoria Determinar aptidões, desenvolver interesses e
habilidades, selecionar atividades não profissio-
nais adequadas e ajustar o estilo de vida na au-
sência do papel de trabalhador.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Explorar trabalho voluntário Determinar causas comunitárias, organizações
ou oportunidades de trabalho não remunerado
relacionadas a habilidades pessoais, interesses,
localização e tempo disponível.
Participação em voluntariado Desempenhar atividades de trabalho não remu-
neradas em benefício de causas, organizações
ou meios.

Quadro 5 - Ocupação trabalho. Fonte: AOTA (2015).

2.6 Brincar
O brincar é um recurso do qual muitos profissionais se utilizam; porém, para o TO,
ele é especial por se tratar de área de ocupação. Além da utilização do brincar como recurso
terapêutico (criança com deficiência, aprimoramento da motricidade, significar o brincar etc.), o
TO deve promover o brincar como garantia de direitos.

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Brincar é “[...] qualquer atividade espontânea e organizada que ofereça satisfação,
entretenimento, diversão e alegria” (PARHAM; FAZIO, 1997 apud AOTA, 2015, p. 22).

BRINCAR

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Brincar exploratório Identificar atividades lúdicas apropriadas, in-
cluindo o brincar exploratório, a prática de brin-
car, o brincar intencional, jogos com regras, brin-
car construtivo e o brincar simbólico.
Participação no brincar Participar do brincar; manter um equilíbrio entre
brincar e as outras ocupações; obter, utilizar e
manter brinquedos, equipamentos e utensílios
apropriadamente.

Quadro 6 - Ocupação brincar. Fonte: AOTA (2015).

2.7 Lazer
Lazer é um direito social, garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos
(em seu artigo XXIV), pela Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 (artigo 6º) e
pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 4º). O TO atua no controle social e na garantia
de direitos.
Lazer é “[...] Atividade não obrigatória que é intrinsecamente motivada e realizada
durante o tempo livre, ou seja, o tempo não comprometido com ocupações obrigatórias, tais
como trabalho, autocuidado ou sono” (PARHAM; FAZIO, 1997 apud AOTA, 2015).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

LAZER

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Exploração do lazer Identificação de interesses, habilidades, oportu-
nidades e atividades de lazer
apropriadas.
Participação no lazer Planejar e participar de atividades de lazer apro-
priadas; manter um equilíbrio entre atividades de
lazer e outras ocupações; obter, utilizar e manter
equipamentos e acessórios de forma apropriada.

Quadro 7 - Ocupação lazer. Fonte: AOTA (2015).

2.8 Participação Social


A última área de ocupação descrita na AOTA (2015) é a participação social. Seguem suas
definições:

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• “A inter-relação de ocupações para apoiar o envolvimento desejado em atividades
comunitárias e familiares, bem como aquelas que envolvem pares e amigos” (GILLEN;
BOYT; SCHELL, 2014 apud AOTA, 2015).
• Envolvimento em um subconjunto de atividades que envolvem situações sociais com os
outros (BEDELL, 2012 apud AOTA, 2015) e de suporte social interdependente (MAGASI;
HAMMEL, 2004 apud AOTA, 2015).
• A participação social pode ocorrer pessoalmente ou por meio de tecnologias remotas,
tais como telefonemas, interação com o computador e videoconferência (AOTA, 2015).

PARTICIPAÇÃO SOCIAL

CATEGORIA DESCRIÇÃO
Comunidade Envolver-se em atividades que resultam em inte-
ração bem-sucedida ao nível da
comunidade (por exemplo: vizinhança, organiza-
ção, local de trabalho, escola, grupo religioso ou
espiritual).
Família Envolver-se em atividades que resultam em inte-
ração bem-sucedida em papéis
familiares específicos, necessários e/ou deseja-
dos.
Pares, amigos Envolver-se em atividades com diferentes níveis
de interação e intimidade, incluindo envolver-se
em atividade sexual desejada.

Quadro 8 - Ocupação participação social. Fonte: AOTA (2015).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

No filme Para Sempre Alice, Alice Howland é professora de Harvard


e especialista em Linguística. Ela está feliz pelo que conseguiu
construir, tanto pessoal quanto profissionalmente. No entanto, sua
vida muda inesperadamente ao ser diagnosticada com Alzheimer.

A produção está disponível em <https://www.youtube.com/


watch?v=HG9SO3VVvys>.

Essas são as oito ocupações de que trata o documento da AOTA (2015), referentes ao
domínio da TO segundo a Associação Americana de Terapia Ocupacional.

Segundo o artigo 1º, da Resolução nº 316, de 19 de julho de 2006:

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Artigo 1° – É de exclusiva competência do Terapeuta Ocupacional,
no âmbito de sua atuação, avaliar as habilidades funcionais do
indivíduo, elaborar a programação terapêutico-ocupacional e exe-
cutar o treinamento das funções para o desenvolvimento das ca-
pacidades de desempenho das Atividades de Vida Diária (AVDs)
e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs) para as áreas
comprometidas no desempenho ocupacional, motor, sensorial,
percepto-cognitivo, mental, emocional, comportamental, funcio-
nal, cultural, social e econômico de pacientes (COFFITO, 2006).

3. FATORES DO CLIENTE

O TO avalia os fatores do cliente em três categorias: valores, crenças e espiritualidade. Os


valores são “[...] crenças e obrigações adquiridas, derivadas da cultura, sobre o que é bom, correto
e importante para fazer (KIELHOFNER, 2008 apud AOTA, 2015).
Exemplos de valores são:

• Pessoa: honestidade consigo mesmo e com os outros.


• Grupo: obrigação de servir à comunidade.
• População: igualdade de oportunidades para todos (AOTA, 2015).
Crenças são conteúdos cognitivos tidos como verdade pelo ou sobre o cliente. São
exemplos:

• Pessoa: uma não tem poder de influenciar a outra.


• Grupo e população: vale a pena lutar por alguns direitos pessoais; uma nova política de
assistência à saúde ainda não testada afetará positivamente a sociedade (AOTA, 2015).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A espiritualidade está relacionada à maneira como as pessoas procuram e expressam


significado, experimentam a sua conexão com o momento, consigo mesmas, com os outros, com
a natureza e com o que é significativo ou sagrado (PUCHALSKI et al., 2009 apud AOTA, 2015)
Exemplos são:

• Pessoa: busca diária por propósitos e significados da própria vida.


• Grupo e população: busca comum por propósito e significado na vida; orientações de
ações por valores acordados pelo coletivo (AOTA, 2015).
O desempenho ocupacional e vários tipos de fatores do cliente podem ser beneficiados
pelos suportes no ambiente físico ou social que melhoram ou permitem a participação. É por
meio do processo de observação dos clientes envolvidos em ocupações e em atividades que
os profissionais de TO são capazes de determinar a transação entre os fatores do cliente e o
desempenho para, em seguida, criar adaptações, modificações e selecionar as atividades que mais
aperfeiçoem a participação.

4. HABILIDADES DE DESEMPENHO

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Habilidades de desempenho são elementos observados implicitamente em um propósito
funcional. São consideradas múltiplas habilidades de ações, ou seja, múltiplas capacidades de
funções e estruturas do corpo que, quando combinadas, são a base da capacidade de participar
de ocupações e atividades desejadas (AOTA, 2015).
O documento descreve três habilidades: motoras, processuais e de interação social.
Vejamo-las.

- Habilidades motoras: “Habilidades de desempenho ocupacional observadas enquanto


a pessoa interage com e movimenta objetos e se movimenta em um ambiente no qual a tarefa é
realizada” (SCHELL; GILLE; SCAFFA, 2014 apud AOTA, 2015). Um exemplo é o alinhamento:
interação com objetos, sem evidenciar sustentação ou inclinação persistente. Outro exemplo é a
sustentação: levantar ou elevar objetos de forma efetiva e sem evidência de aumento de esforço
(AOTA, 2015).

- Habilidades processuais: habilidades de desempenho ocupacional por meio das


quais se observa como uma pessoa seleciona, interage e usa ferramentas e materiais das tarefas,
desenvolve ações individuais em etapas e modifica o desempenho quando há problemas
(SCHELL et al., 2014 apud AOTA, 2015). Um exemplo é o ritmo: manter uma taxa ou ritmo
de desempenho consistente e eficaz ao longo de toda a tarefa. Outro exemplo é a manipulação:
segurar ou estabilizar ferramentas e materiais de forma apropriada, protegendo-os contra
danificação, deslize, movimento ou queda (AOTA, 2015).

- Habilidades de interação social: “Habilidades de desempenho ocupacional observadas


durante o fluxo contínuo de trocas sociais” (SCHELL et al., 2014 apud AOTA, 2015). Um exemplo
é a abordagem/início: aborda ou inicia-se a interação com o parceiro social de uma maneira
socialmente apropriada. Outro exemplo é a conclusão/finalização: efetivamente termina-se
a conversa ou interação social, conclui-se o assunto discutido e desconecta-se ou se despede.
Um terceiro exemplo é a produção de discurso: produzem-se mensagens faladas, escritas ou
suplementares (como as geradas por computador), de forma audível e clara.

WWW.UNINGA.BR 33
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Há uma tabela com outros exemplos das três habilidades abordadas, porém, os autores
afirmam que tal tabela não é conclusiva e pode não incluir todas as habilidades possíveis abordadas
durante as intervenções de TO.

5. PADRÕES DE DESEMPENHO

Padrões de desempenho são os hábitos, rotinas, papéis e rituais utilizados no processo de


se envolver em ocupações ou atividades. Esses padrões podem ser barreiras ou facilitadores do
desempenho ocupacional (AOTA, 2015).

- Hábitos: referem-se a comportamentos específicos, automáticos; podem ser úteis,


dominantes ou empobrecidos.

- Rotinas são sequências estabelecidas de ocupações ou atividades que fornecem uma


estrutura para a vida diária. Rotinas podem promover ou prejudicar a saúde.

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- Papéis: são conjuntos de comportamentos esperados pela sociedade e moldados pela
cultura e contexto. Podem ser ainda mais conceituados e definidos por um cliente (pessoa, grupo
ou população). Ao considerarem os papéis, os profissionais de TO estão preocupados com a
forma como os clientes constroem suas ocupações para cumprirem seus papéis e a identidade
percebida, verificando-se se seus papéis reforçam seus valores e crenças. Alguns papéis conduzem
a estereótipos e a padrões de envolvimento restritos.

- Rituais são ações simbólicas com significado espiritual, cultural ou social. Rituais
contribuem para a identidade de um cliente e reforçam seus valores e crenças.

Os padrões de desempenho são desenvolvidos ao longo do tempo e são influenciados


por todos os outros aspectos do domínio da TO. Considerar os padrões de desempenho é
compreender melhor a frequência e a maneira pela qual as habilidades de desempenho e
ocupações são integradas à vida do cliente (AOTA, 2015).
Seguem exemplos de padrões de desempenho relacionados aos hábitos, rotinas, rituais e
papéis.

• Pessoa:
◉ Hábitos: colocam-se automaticamente as chaves do carro no mesmo lugar.
◉ Rotinas: segue-se uma sequência matinal para usar o banheiro, tomar banho, cuidar da
higiene e vestir-se.
◉ Rituais: utiliza-se uma escova de cabelo antiga, herdada, e escova-se o
cabelo 100 vezes por noite, como a mãe fazia.
◉ Papéis: aluno com dificuldade de aprendizagem estudando informática.

WWW.UNINGA.BR 34
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• Grupo ou população:
◉ Rotinas: seguem-se práticas de saúde, como imunizações programadas para crianças e
exames de saúde anuais para adultos.
◉ Rituais: realizam-se desfiles ou manifestações.
◉ Papéis: organização humanitária que distribui doações de alimentos e roupas para
refugiados.

Quando nos tornamos terapeutas ocupacionais, percebemos que nosso cliente é


muito mais do que membros superiores, membros inferiores, estrutura musculoesquelética,
neuroanatomia, biomecânica etc. Tudo o que estudamos é extremamente importante para
avaliarmos e intervirmos, mas, ao nos depararmos com a realidade do contexto ocupacional, o
olhar do TO vai muito além.

6. CONTEXTO E AMBIENTE

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Contexto refere-se a uma variedade de condições inter-relacionadas que influenciam e
cercam o cliente. O contexto inclui o âmbito cultural, pessoal, temporal e virtual.
O termo ambiente refere-se às condições físicas e sociais externas que cercam o cliente e
nas quais ocorrem as ocupações de sua vida diária (AOTA, 2015).
Contexto:

- Cultural: costumes, crenças, padrões de atividade, expectativas e comportamentos


padronizados aceitos pela sociedade da qual um cliente é membro. O contexto cultural
influencia a identidade e as escolhas de atividade do cliente (AOTA, 2015).
- Pessoa: uma pessoa entrega refeições no dia de ação de graças para indivíduos
que, por doença ou condições crônicas, estão confinados em casa.
- Grupo: trabalhadores usando roupas casuais na sexta-feira, marcando o fim da
semana de trabalho.
- População: pessoas se reunindo para a sesta após o almoço ou tomando chá.

- Pessoal: o contexto pessoal inclui a idade, gênero, status socioeconômico e nível


educacional, podendo também incluir membros de grupo e participação da população.
- Pessoa: homem de 25 anos, desempregado, com diploma do Ensino Médio.
- Grupo: voluntários que trabalham em um abrigo.
- População: motoristas mais velhos aprendendo sobre as opções de mobilidade na
comunidade.

- Temporal: o uso do tempo como forma de envolvimento em ocupações; os aspectos


temporais da ocupação. O contexto temporal inclui estágios da vida, hora do dia ou ano,
duração e ritmo da atividade, além da história (AOTA, 2015).
- Pessoa: uma pessoa que está aposentada do trabalho há 10 anos.
- Grupo: campanha anual de uma organização comunitária para angariar fundos.
- População: pessoas comemorando o Dia da Independência, em 7 de setembro.

WWW.UNINGA.BR 35
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

- Virtual: ambiente no qual a comunicação ocorre por meio de rádio ou computadores


e na ausência de contato físico. O contexto virtual inclui: (I) ambientes simulados, em
tempo real ou tempo quase real, como salas de bate-papo, e-mail, videoconferência ou
transmissões de rádio; (II) monitoramento remoto por meio de sensores sem fio; ou (III)
coleta de dados realizada em computador.
- Pessoa: amigos que trocam mensagens de texto entre si.
- Grupo: membros que participam de uma videoconferência, conferência telefônica,
mensagem instantânea ou utilizam quadro branco interativo.
- População: comunidade virtual de jogadores.

Ambiente:

- Físico: ambiente não humano, natural ou construído, além dos objetos nele presentes. O
ambiente natural inclui terreno geográfico, plantas e animais, bem como as informações
sensoriais a seu redor. O ambiente construído inclui edifícios, mobiliário, ferramentas e
dispositivos (AOTA, 2015).
- Pessoa: casa ou apartamento de pessoa física.
- Grupo: prédio de escritório ou fábrica.

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 2


- População: sistema de transporte.

- Social: presença, relacionamentos e expectativas das pessoas, grupos ou populações


com as quais os clientes têm contato. O ambiente social inclui a disponibilidade e as
expectativas de pessoas significativas, como cônjuge, amigos e cuidadores; relacionamentos
com indivíduos, grupos ou populações; e as relações com os sistemas que influenciam as
normas, expectativas de papéis e rotinas sociais.
- Pessoa: amigos, colegas.
- Grupo: estudantes de TO que realizam uma reunião de classe.
- População: pessoas influenciadas pelo governo de uma cidade.

Como futuros profissionais de TO, precisamos entender a importância e o impacto da


conexão mente-corpo-espírito para a participação do cliente na vida diária.

Leia o documento AOTA (2015) em sua integralidade a respeito do


domínio. Segue a referência completa:
AOTA – American Occupational Therapy Association. Estrutura da
Prática da Terapia Ocupacional: Domínio & Processo. Revista de Te-
rapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 26,
2015.

O material está disponível em <http://www.revistas.usp.br/rto/article/


view/97496/96423>.

WWW.UNINGA.BR 36
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para o acadêmico que está iniciando qualquer graduação e que precisa delinear
seu conhecimento para ir construindo o raciocínio conforme evolui nas disciplinas, ficam
questionamentos e um emaranhado de dúvidas e anseios. Dominar as competências terapêuticas
ocupacionais é alicerçar o conhecimento teórico na prática. “O domínio da terapia ocupacional
define seu propósito como ‘alcançar saúde, bem-estar e participação em situações de vida através
do envolvimento em ocupações’ incluindo tanto o domínio quanto o processo” (AOTA, 2015, p.
2).

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 2

WWW.UNINGA.BR 37
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

03
DISCIPLINA:
RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS

PROCESSO
PROF.A ELIANE SCHROEDER

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 40
1. PROCESSO..............................................................................................................................................................41
2. PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.......................................................41
2.1 MODELOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO...........................................................................................................43
3. RACIOCÍNIO CLÍNICO............................................................................................................................................43
4. USO TERAPÊUTICO DE SI.................................................................................................................................... 45
5. PROCESSO DE AVALIAÇÃO ................................................................................................................................. 45
5.1 PERFIL OCUPACIONAL....................................................................................................................................... 46
5.2 ANÁLISE DO DESEMPENHO OCUPACIONAL....................................................................................................47
6. PROCESSO DE INTERVENÇÃO............................................................................................................................ 48

WWW.UNINGA.BR 38
6.1 PLANO DE INTERVENÇÃO.................................................................................................................................. 48
6.2 IMPLEMENTAÇÃO DA INTERVENÇÃO.............................................................................................................. 49
6.3 REVISÃO DA INTERVENÇÃO.............................................................................................................................. 50
7. RESULTADOS-ALVO............................................................................................................................................... 50
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................53

WWW.UNINGA.BR 39
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

No processo terapêutico, envolvem-se os clientes do Terapeuta ocupacional que incluem:


uma pessoa em alguma fase da vida (intervenção precoce, criança, adolescente, adulto, idoso,
por exemplo), um grupo de pessoas (atendimento em Caps, processos grupais em determinadas
populações, NASF, por exemplo) e aquele envolvido no cuidado do cliente (cuidadores).
Os serviços são realizados diretamente aos clientes, por meio de uma abordagem
colaborativa ou, indiretamente, por meio de consultoria. Chamamos de Processo terapêutico
todo e qualquer atendimento, independentemente de qual seja a prestação de serviço.
O processo em terapia ocupacional descreverá quais caminhos o terapeuta ocupacional
tomará na intervenção, durante a prestação de serviços, com foco no cliente e no envolvimento
com as ocupações. Esta unidade abordará quais as fases do processo em terapia ocupacional que
o documento AOTA descreve.

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 3

WWW.UNINGA.BR 40
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1. PROCESSO

O processo da terapia ocupacional é centrado no cliente e inclui avaliação e intervenção


para alcançar os resultados esperados. Ocorre no âmbito do domínio de terapia ocupacional e é
facilitada pela perspectiva distinta de profissionais de terapia ocupacional ao se envolverem em
raciocínio clínico, analisando as atividades e ocupações, e colaborando com os clientes (AOTA,
2015).
Muitas profissões usam processos semelhantes de avaliação, intervenção e análise dos
resultados da intervenção. No entanto, apenas os profissionais de terapia ocupacional focam no
uso de ocupações para promover a saúde, o bem-estar e a participação na vida (AOTA, 2015)
Profissionais de terapia ocupacional usam ocupações e atividades selecionadas de forma
terapêutica como métodos primários de intervenção em todo o processo (uso da atividade como
recurso).
Para ajudar os clientes a alcançar os resultados desejados, os profissionais de terapia
ocupacional facilitam as interações entre o cliente, seus ambientes e contextos, e as ocupações nas
quais se envolve. Esta perspectiva baseia-se na teoria, no conhecimento e nas habilidades geradas

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 3


e utilizadas no âmbito da profissão (AOTA, 2015).
Para facilitar a explicação, a estrutura descreve o processo de terapia ocupacional como
linear. Na realidade, o processo não ocorre de forma sequenciada, passo a passo. Pelo contrário, é
fluido e dinâmico, permitindo que os profissionais de terapia ocupacional e clientes mantenham
seu foco nos resultados identificados enquanto refletem continuamente e mudam o plano global
para acomodar novos desenvolvimentos e ideias ao longo do caminho (AOTA, 2015).

Entrevista Desafio Profissão - Terapia Ocupacional na saúde mental.


As Terapeutas Ocupacionais Ana Paula Briguet e Patricia Rodrigues
Rocha falam um pouco sobre a prática da Terapia Ocupacional na
Saúde Mental e desconstroem os estigmas da profissão. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=JiWMzsdCi7U>. Acesso
em: 26 jun. 2020.

2. PROCESSO DE TERAPIA OCUPACIONAL NA PRESTAÇÃO DE


SERVIÇOS

A AOTA descreve o processo de terapia ocupacional na prestação de serviços da seguinte


forma:
• Avaliação
Perfil ocupacional: é o passo inicial no processo de avaliação, que proporciona uma
compreensão da história ocupacional e experiências do cliente, padrões de vida diária,
interesses, valores e necessidades. São identificadas as razões do cliente para a procura
de serviços, os pontos fortes e as preocupações em relação ao desempenho ocupacional
e as atividades de vida diária, as áreas de potencial ruptura ocupacional, os suportes e as
barreiras, além das prioridades (AOTA, 2015).

WWW.UNINGA.BR 41
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Análise do desempenho ocupacional: é o passo no processo de avaliação, durante o qual


os recursos e os problemas ou potenciais problemas dos clientes são mais especificamente
identificados. O desempenho atual é frequentemente observado em contexto para
identificar suportes e barreiras às habilidades de desempenho do cliente. Habilidades
de desempenho, padrões de desempenho, contexto ou ambiente, fatores do cliente
e demandas da atividade são todos considerados, mas somente aspectos selecionados
podem ser especificamente avaliados. Resultados-alvo são identificados (AOTA, 2015).

• Intervenção
Plano de intervenção: é o plano que irá guiar as ações tomadas e que é desenvolvido em
colaboração com o cliente. Baseia-se em teorias selecionadas, quadros de referência e
evidências. Estabelecem-se os resultados-alvo a serem alcançados.

Implementação da intervenção: ações em andamento visando a influenciar e apoiar a


melhoria do desempenho e da participação do cliente. As intervenções são dirigidas para
o alcance dos resultados identificados. A resposta do cliente é monitorada e documentada
(AOTA, 2015).

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 3


Revisão da intervenção: revisão do plano de intervenção e do progresso em direção aos
resultados-alvo (AOTA, 2015).

• Resultados-alvo

Resultados: determinantes do sucesso em alcançar o resultado final desejado do processo


de terapia ocupacional. A avaliação do resultado é usada para planejar ações futuras com
o cliente e avaliar o programa do serviço (ou seja, a avaliação do programa) (AOTA,
2015).

A figura a seguir sintetiza o processo de terapia ocupacional na prestação de serviços.


Percebe-se que o cliente é o centro de todo o processo, ele participa ativamente de sua construção
em todas as etapas.

Figura 1 - Síntese do processo na prestação de serviço. Fonte: AOTA (2015, p. 11).

WWW.UNINGA.BR 42
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.1 Modelos de Prestação de Serviço


Profissionais de terapia ocupacional prestam serviços aos clientes tanto diretamente, em
ambientes como hospitais, clínicas, indústrias, escolas, lares e comunidades, quanto indiretamente,
em nome de clientes, por meio da consultoria em empresas, escolas (AOTA, 2015).
Serviços diretos são aqueles com os clientes, por meio de diversos mecanismos, seja na
clínica individualmente, em home care ou outro local, ou por meio de processos grupais. Nos
casos em que há prestação indireta de serviços em nome dos clientes, os profissionais oferecem
consultoria a professores, equipes multidisciplinares e agências de planejamento da comunidade
(AOTA, 2015).
Os TOs também oferecem consultorias às organizações comunitárias, tais como grupos
de bairro e organizações civis que podem ou não incluir pessoas com incapacidade. Atuam na
saúde do trabalhador, com ergonomia, controle social (AOTA, 2015).
Os TOs têm como foco de intervenção a inclusão de questões das dinâmicas complexas
entre cliente e cuidador/família. Da mesma forma, o TO é capaz de preparar seu cliente para
trabalhar com potenciais empregadores, mesmo que este tenha “doença mental grave e persistente”
(tradução literal do documento em inglês para o português, mantida aqui) (AOTA, 2015).

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 3


Nomenclaturas relacionadas às patologias são extremamente importantes. O do-
cumento AOTA (2015) foi traduzido para o português de forma literal e algumas
palavras “soam” pesadas. Provavelmente, para os norte-americanos, usar o ter-
mo “doente mental” não seja pejorativo. Termos como “pacientinho”, especial, por
mais fofos que pareçam, também não podem fazer parte do vocabulário do pro-
fissional terapeuta ocupacional. Quais as nomenclaturas atuais e corretas? Pes-
quisem em artigos científicos atuais.

3. RACIOCÍNIO CLÍNICO
Durante o processo de intervenção, estamos envolvidos continuamente com o que
chamamos de Raciocínio Clínico. Ele nos permite, de acordo com a AOTA (2015):

• Identificar as múltiplas demandas, as habilidades necessárias e o potencial significado das


atividades e ocupações;
• Obter uma compreensão mais profunda das relações entre os aspectos do domínio que
afetam o desempenho e apoiam as intervenções centradas no cliente e nos resultados.
Como o documento AOTA não fala a respeito dos tipos de raciocínio clínico, apenas
aponta para esta habilidade extremamente necessária, habilidade que inclusive se adquire com a
prática e, quanto mais se pratica, mais competência para o raciocínio se adquire, utilizarei outras
referências para complementar um pouco mais sobre o assunto.
Hagedorn (2003, p. 81-82) resume, em um quadro, de maneira simplificada, os principais
tipos de raciocínio descritos até sua publicação:

WWW.UNINGA.BR 43
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

TIPOS DE RACIOCÍNIO CLÍNICO

TIPO DE RACIOCÍNIO PROPÓSITO

Raciocínio científico Compreender a natureza da condição de saúde que


afeta o indivíduo, as prováveis consequências paras
as atividades e participação e as maneiras em que os
fatores contextuais podem alterá-las (SCHELL, 1998
apud HAGEDORN, 2003).
Raciocínio diagnóstico Identificar os problemas funcionais para os quais a
terapia ocupacional será direcionada; fazer relatórios
sobre a performance ocupacional; definir resultados
desejados, estabelecer objetivos e desenvolver solu-
ções. Emprega ainda 4 estágios do raciocínio hipo-
tético: aquisição de informação e reconhecimento de
padrões; geração de hipóteses; avaliação de informa-
ção; teste de hipóteses (ROGERS; HOLM, 1991 apud
HAGEDORN, 2003).
Raciocínio preditivo O terapeuta quantifica as probabilidades e possibilida-
des, e tenta predizer os efeitos de opções para a inter-
venção, além de adquirir uma imagem dos prováveis
resultados no caso em relação a vários cenários ima-

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ginados (HAGEDORN, 1995 apud HAGEDORN, 2003).
Raciocínio de procedimento Selecionar soluções, procedimentos e ações que o te-
rapeuta e/ou paciente podem utilizar para alcançar o
resultado desejado ou qualquer objeto associado (MA-
TTINGLY; FLEMING, 1994 apud HAGEDORN, 2003).
Raciocínio pragmático Em sua forma mais simples, este tipo analisa a na-
tureza prática da terapia – avaliando se uma ação é
exequível, e se o contexto e recursos de determinada
situação facilitam a intervenção ou a tornam con-
traindicada (ROGERS; HOLM, 1994 apud HAGEDORN,
2003).
Raciocínio ético O terapeuta avalia as intervenções propostas em rela-
ção às bases éticas e morais da prática, e com referên-
cia a quaisquer considerações médico-legais. Ele se
torna especialmente importante quando o paciente é
vulnerável, incapaz de expressar desejos pessoais, ou
quando as limitações de recursos impõem escolhas e
prioridades (HAGEDORN, 2003).
Raciocínio interativo Ocorre quando há o uso terapêutico de si próprio para
modificar a abordagem do terapeuta em resposta ao
que o paciente reporta ou aos sinais não verbais que
produz (MATTINGLY; FLEMING, 1994 apud HAGE-
DORN, 2003).
Raciocínio narrativo Envolve o uso de contar histórias clínicas, seja como
recurso para compreender o paciente e planejar a tera-
pia ou como recurso para a prática reflexiva por meio
da análise das histórias informais que os terapeutas
contam a outro quando descrevem a prática (MATTIN-
GLY; FLEMING, 1994 apud HAGEDORN, 2003).

Quadro 1 - Tipos de Raciocínio Clínico. Fonte: Hagedorn (2003, p. 81-82).

O raciocínio clínico é contínuo e inicia logo que o TO lê o encaminhamento do paciente/


cliente; se estende pela avaliação, intervenção, e alta; e continua à medida que o clínico reflete
sobre o processo e os resultados da intervenção nesse paciente/cliente, ou quando ele planeja a
terapia para um outro paciente/cliente (RADOMSKI, 2013).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

O raciocínio clínico não é normalmente uma progressão organizada de pensamentos,


muitas vezes pode parecer cíclico ou até mesmo caótico, enquanto os terapeutas se veem entre a
cruz e a espada com o teste de hipóteses e as justificativas ao longo de seu envolvimento com o
atendimento dos pacientes (HAGEDORN, 1996 apud RADOMSKI, 2013).
O raciocínio clínico efetivo depende de alguns processos cognitivos básicos, definidos
como “[...] processos mentais de percepção, memória, e processamento de informação em que o
indivíduo adquire em informação, adota planos e soluciona problemas” (ATKINSON et al., 1993
apud HAGEDORN, 2003, p. 83).

4. USO TERAPÊUTICO DE SI

O uso terapêutico de si permite que os TOs desenvolvam e gerenciem a sua relação


terapêutica com os clientes por meio da narrativa e do raciocínio clínico; da empatia; e de uma
abordagem centrada no cliente e colaborativa para a prestação de serviços (TAYLOR; VAN
PUYMBROECK, 2013 apud AOTA, 2015).
Para o uso terapêutico de si, é necessário empatia, que é a troca emocional entre os

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profissionais de terapia ocupacional e os clientes. A empatia vai permitir uma comunicação mais
aberta e assegurar que os profissionais se conectem com os clientes em um nível emocional para
ajudá-los em sua situação de vida atual (AOTA, 2015).
Importante também desenvolver um relacionamento colaborativo com o cliente, para
entender suas experiências e desejos com a intervenção. O uso de uma abordagem colaborativa
em todo o processo valoriza as contribuições dos clientes junto ao TO (AOTA, 2015).
Ao utilizar a habilidade de comunicação interpessoal, os TOs transferem o poder na
relação, para permitir que os clientes tenham controle na tomada de decisão e resolução de
problemas, o que é essencial para uma intervenção eficaz (AOTA, 2015).
Os clientes trazem para o processo de terapia ocupacional seus conhecimentos oriundos
de suas experiências de vida e as suas esperanças e sonhos para o futuro. Eles identificam e
partilham as suas necessidades e prioridades (AOTA, 2015).
Profissionais de terapia ocupacional trazem o seu conhecimento sobre como o
envolvimento em ocupações afeta a saúde, o bem-estar e a participação; eles utilizam essas
informações, juntamente com perspectivas teóricas e raciocínio clínico, para, de forma crítica,
observar, analisar, descrever e interpretar o desempenho humano (AOTA, 2015).

5. PROCESSO DE AVALIAÇÃO

O processo de avaliação serve para descobrir o que o cliente quer e precisa fazer;
determinar o que um cliente pode fazer e tem feito; e identificar facilitadores e barreiras para a
saúde, o bem-estar e a participação; e ocorre durante as interações iniciais e em todo o processo
de intervenção (AOTA, 2015).
A avaliação vai depender da configuração da prática, consistindo no perfil ocupacional
e na análise do desempenho ocupacional. O perfil ocupacional inclui informações sobre as
necessidades do cliente, problemas e preocupações relacionadas ao desempenho ocupacional
(AOTA, 2015).

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A análise do desempenho ocupacional está focada na coleta e na interpretação de


informações para identificar mais especificamente os facilitadores e as barreiras relacionadas ao
desempenho ocupacional e identificar os resultados que são alvo (AOTA, 2015).
Embora a estrutura descreva os componentes do processo de avaliação separadamente
e de forma sequencial, a maneira exata por meio da qual os TOs coletam as informações do
cliente é influenciada pelas necessidades dos clientes, pelos cenários de prática e pelos quadros de
referência ou modelos de prática. As informações referentes ao perfil ocupacional são coletadas
durante o processo de terapia ocupacional (AOTA, 2015).

Muitas vezes, o maior desafio para o terapeuta ocupacional ou para qualquer ou-
tro profissional que realizará intervenções com seu cliente é sua família/cuidador.
Nestes casos, quem é realmente seu cliente? Procure saber a respeito, pesquise
se há regras, leis, especificidades em cada caso e como lidar nas situações que
se apresentarão. Exemplo: Você inicia uma avaliação com um cliente que está
em estágio inicial de Alzheimer, mas os familiares lhe pediram para que você não

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falasse para ele o diagnóstico, caso ele perguntasse.

5.1 Perfil Ocupacional


O perfil ocupacional é um resumo da história ocupacional e experiências, dos padrões de
vida diária, interesses, valores e necessidades de cada cliente e desenvolvê-lo proporciona ao TO
uma compreensão do ponto de vista do cliente e de seu passado (AOTA, 2015).
Utiliza-se a abordagem centrada no cliente. O TO reúne informações para entender o
que é atualmente importante e significativo para o cliente, e identifica as experiências passadas
e interesses que possam contribuir para a compreensão dos problemas e das questões atuais
(AOTA, 2015).
Os clientes (apenas) é que identificam as ocupações que dão sentido às suas vidas
e selecionam as metas e prioridades importantes para eles. Ao valorizar e respeitar essas
informações, os TOs ajudam a promover o seu envolvimento e podem orientar de forma mais
eficiente as intervenções (AOTA, 2015).
Processo: coleta de informações para o perfil ocupacional, já no contato inicial com o
cliente; coleta de informações adicionais conforme necessidades, para refinar o perfil e garantir
que as informações adicionais motivem alterações aos resultados-alvo. O processo de completar
e aperfeiçoar o perfil ocupacional varia de acordo com a definição e o cliente (AOTA, 2015).
A obtenção de informações para o perfil ocupacional por meio de técnicas formais
de entrevistas e conversas informais é uma maneira de estabelecer relação terapêutica com os
clientes e com sua rede de apoio (AOTA, 2015).
As informações obtidas por meio do perfil ocupacional levam a uma abordagem
individualizada nas fases de avaliação, planejamento de intervenção e implementação da
intervenção. A informação é recolhida nas seguintes áreas:

• Por que o cliente solicita o serviço, e quais são as preocupações atuais do cliente em
relação ao seu envolvimento em ocupações e atividades da vida diária?
• Em quais ocupações o cliente se sente bem-sucedido e quais barreiras afetam o seu
sucesso?

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• Quais aspectos de seus ambientes ou contextos o cliente vê como facilitadores à


participação em ocupações desejadas e quais aspectos estão inibindo seu envolvimento?
• Qual é a história ocupacional do cliente (por exemplo, experiências de vida)?
• Quais são os valores e os interesses do cliente?
• Quais são os papéis da vida diária do cliente?
• Quais são os padrões de envolvimento do cliente em ocupações, e como eles mudaram
ao longo do tempo?
• Quais são as prioridades do cliente e os resultados-alvo quanto ao desempenho
ocupacional, à prevenção, participação, competência em papéis, saúde, qualidade de
vida, bem-estar e da justiça ocupacional? (AOTA, 2015).
Após a coleta de dados de perfil, os TOs visualizam as informações e desenvolvem uma
hipótese de trabalho sobre as possíveis razões para os problemas e preocupações identificados
(AOTA, 2015).
As razões podem incluir deficiências nos fatores do cliente, nas habilidades de desempenho

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e padrões de desempenho ou barreiras dentro do contexto e ambiente. São então estabelecidas
metas preliminares e medidas de resultados entre TO e cliente. Além disso, os terapeutas
observam os pontos fortes e facilitadores em todas as áreas, porque estes podem informar o plano
de intervenção e afetar os resultados futuros (AOTA, 2015).

5.2 Análise do Desempenho Ocupacional


Desempenho ocupacional é a realização da ocupação selecionada resultante da transação
dinâmica entre o cliente, o contexto e o ambiente, e a atividade ou ocupação. Nela, a queixa
e os problemas ou potenciais problemas do cliente são mais especificamente identificados por
meio de instrumentos de avaliação destinados a observar, medir e informar sobre os fatores que
facilitam ou impedem o desempenho ocupacional (AOTA, 2015).
Resultados-alvo também são identificados. A análise do desempenho ocupacional
envolve uma ou mais das seguintes atividades:

• Sintetizar informações do perfil ocupacional para então focar nas ocupações específicas e
nos contextos que precisam ser abordados.
• Observar o desempenho de um cliente durante as atividades relevantes às ocupações
desejadas, ressaltando a eficácia das habilidades de desempenho e padrões de desempenho.
• Selecionar e usar avaliações específicas para medir habilidades de desempenho e padrões
de desempenho de forma adequada.
• Selecionar e administrar informações, se necessário, para identificar e avaliar mais
especificamente os contextos e ambientes, demandas de atividades e fatores que
influenciam as habilidades de desempenho e os padrões de desempenho do cliente.
• Selecionar as medidas de resultados.
• Interpretar os dados de avaliação para identificar o que facilita e o que impede o
desempenho.

WWW.UNINGA.BR 47
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• Desenvolver e refinar hipóteses sobre os pontos fortes do desempenho ocupacional do


cliente e suas limitações.
• Estabelecer, em colaboração com o cliente, objetivos que gerem os resultados desejados.
• Determinar procedimentos para medir os resultados da intervenção.
• Delinear uma abordagem potencial de intervenção.
• Definir abordagens baseadas nas melhores práticas e evidências disponíveis (AOTA,
2015).
São diversos os métodos utilizados para avaliar clientes, contextos e ambientes, ocupação,
atividade e desempenho ocupacional, incluindo: entrevista com o cliente e outras pessoas
importantes, observação do desempenho e do contexto, revisão de dados e avaliação direta de
aspectos específicos do desempenho (AOTA, 2015).
Os instrumentos avaliativos podem ser os formais, informais, estruturados ou não,
padronizados ou não padronizados. Quando disponíveis, avaliações padronizadas têm
preferência para fornecer dados objetivos sobre diversos aspectos do domínio que influenciam o
envolvimento e o desempenho (AOTA, 2015).

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6. PROCESSO DE INTERVENÇÃO

O processo de intervenção é o serviço que o TO oferece em colaboração com os clientes


para facilitar o envolvimento em ocupações relacionadas à saúde, bem-estar e participação. Os
profissionais usam os princípios teóricos e as informações sobre os clientes acumulados durante
a avaliação para dirigir a intervenção centrada na ocupação (AOTA, 2015).
A intervenção varia de acordo com a pessoa, grupo ou população e com o contexto da
prestação de serviços (MOYERS; DALE, 2007 apud AOTA, 2015). O próprio termo usado para
clientes ou grupos de clientes que a recebem varia entre os cenários de prática e os modelos de
prática. No hospital, paciente; na escola, os clientes podem ser estudantes. Ao fornecer consultoria
a uma organização, os clientes podem ser chamados de consumidores ou usuários (AOTA, 2015).
Segundo a AOTA (2015), o processo de intervenção é dividido em três etapas:

1. Plano de intervenção;
2. Implementação da intervenção;
3. Avaliação da intervenção.

Durante o processo de intervenção, a informação da avaliação é integrada com a teoria, os


modelos de práticas, quadros de referência e as evidências. Essa informação orienta o raciocínio
clínico dos profissionais de terapia ocupacional no desenvolvimento, na implementação e na
revisão do plano de intervenção (AOTA, 2015).

6.1 Plano de Intervenção


O plano de intervenção descreve as abordagens terapêuticas ocupacionais selecionadas e
os tipos de intervenção a serem utilizados, no alcance de determinados resultados dos clientes.
É guiado por:

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• Objetivos, valores, crenças e necessidades ocupacionais do cliente;


• Saúde e bem-estar do cliente;
• Habilidades de desempenho e padrões de desempenho do cliente;
• Influência coletiva do contexto e do ambiente, demandas da atividade e os fatores do
cliente sobre o próprio cliente;
• Contexto da prestação de serviços em que a intervenção é fornecida; e
• Melhor evidência disponível (AOTA, 2015).
A seleção e o delineamento dos objetivos e do plano de intervenção levam em consideração
a situação atual e potencial dos clientes relacionados ao envolvimento em ocupações ou atividades,
incluindo as seguintes etapas:

1. Desenvolvimento do plano, que envolve a seleção de:

• Metas e objetivos mensuráveis focados na ocupação, além de prazos estabelecidos;

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• Abordagem ou abordagens de intervenção da terapia ocupacional, tais como criar
ou promover, estabelecer ou restaurar, manter, modificar e prevenir; e
• Métodos para a prestação de serviços, incluindo quem irá fornecer a intervenção,
os tipos de intervenções e modelos de prestação de serviços a serem utilizados.
2. Considerar potenciais mudanças nas necessidades e nos planos.

3. Fazer recomendações ou encaminhamentos para outros profissionais quando


necessário (AOTA, 2015).

6.2 Implementação da Intervenção


Implementar a intervenção é colocá-la em prática. As intervenções podem se concentrar
em um único aspecto do domínio, como uma ocupação específica, ou em vários aspectos do
domínio, tais como contexto e ambiente, padrões de desempenho e habilidades de desempenho
(AOTA, 2015).
A implementação da intervenção inclui as seguintes etapas:

1. Determinar e executar a(s) intervenção(ões) terapêutica(s) ocupacional(is) a serem


utilizadas, as quais podem incluir:

• O uso terapêutico de ocupações e atividades.


• Métodos preparatórios (por exemplo, órteses, tecnologia assistiva, mobilidade
sobre rodas) e tarefas preparatórias.
• Educação e treinamento.
• Advocacia (por exemplo, direito, autoadvocacia).
• Intervenções em grupo.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2. O monitoramento da resposta do cliente em relação a intervenções específicas, com


base em avaliação contínua e reavaliação de seu progresso em direção às metas (AOTA,
2015).

Sobre a atuação terapêutica ocupacional desenvolvida com pa-


ciente internada em hospital universitário de um município do inte-
rior do estado de São Paulo, leia:
BALLARIN, M. L. G. S. et al. Intervenções da terapia ocupacional
com paciente hospitalizada: relato de experiência. REFACS, [s.
l.], p. 117-122, 2018. Disponível em: <http://seer.uftm.edu.br/
revistaeletronica/index.php/refacs/article/view/2385/pdf_1>.
Acesso em: 25 jun. 2020.

6.3 Revisão da Intervenção

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É o processo contínuo de reavaliação e revisão do plano de intervenção, de sua eficácia
e do progresso relacionado aos resultados. Durante o planejamento da intervenção, esse
processo inclui a colaboração do cliente, com base em metas identificadas e nos progressos
relacionados aos resultados associados (AOTA, 2015).
A reavaliação e a revisão podem levar a alterações no plano de intervenção. A revisão da
intervenção inclui as seguintes etapas:

1. Reavaliação do plano e da maneira como ele é implementado em relação aos resultados


propostos.

2. Modificação do plano conforme a demanda.

3. Avaliação da necessidade de continuar ou interromper os serviços de terapia ocupacional


e de encaminhamento para outros serviços.

7. RESULTADOS-ALVO

O resultado final do processo de terapia ocupacional descreve o que os clientes podem


alcançar por meio da intervenção. Os benefícios da terapia ocupacional são multifacetados e
podem ocorrer em todos os aspectos do domínio. Os resultados estão diretamente relacionados
com as intervenções previstas e ocupações, os fatores do cliente, as habilidades de desempenho,
os padrões de desempenho e com os contextos e ambientes almejados (AOTA, 2015).
O foco nos resultados é tecido ao longo do processo de terapia ocupacional. TOs e clientes
colaboram durante a avaliação para identificar resultados iniciais relacionados ao envolvimento
em ocupações valorizadas ou atividades de vida diária (AOTA, 2015).
À medida que análises mais aprofundadas sobre o desempenho ocupacional e sobre o
desenvolvimento do plano de intervenção ocorrem, terapeutas e clientes podem redefinir os
resultados desejados.
A implementação do processo de resultados inclui os seguintes passos:

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1. Seleção dos tipos de resultados e medidas, incluindo, mas não limitando o desempenho
ocupacional, prevenção, saúde, qualidade de vida, participação, competência, papel,
bem-estar e justiça ocupacional.

• Selecionados no início do processo de intervenção;


• Válidos, confiáveis e com sensibilidade adequada para detectar as mudanças no
desempenho ocupacional dos clientes;
• Consistentes com os resultados-alvo;
• Congruentes com os objetivos dos clientes; e
• Selecionados com base na sua capacidade real ou suposta para prever resultados
futuros.
2. Usando os resultados para medir o progresso e ajustar metas e intervenções por meio
de:

• Comparação do progresso em direção à realização do objetivo para resultados ao

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 3


longo do processo de intervenção;
• Avaliação do uso dos resultados para tomada de decisões sobre a direção futura
da intervenção (por exemplo, prosseguir, modificar ou interromper intervenção,
fornecer acompanhamento, encaminhar para outros serviços).
Na Operacionalização do Processo de Terapia Ocupacional, temos:

AVALIAÇÃO

Perfil Ocupacional Análise do Desempenho Ocupacional


Identificar: • Sintetizar as informações do perfil ocupacional
• Por que o cliente solicita o serviço e quais são as para focar em ocupações e contextos específi-
preocupações atuais do cliente em relação ao en- cos.
volvimento em atividades e ocupações? • Observar o desempenho do cliente durante as ati-
• Em quais ocupações o cliente se sente bem-su- vidades relevantes para as ocupações desejadas.
cedido e quais barreiras estão afetando o seu su- • Selecionar e utilizar as avaliações específicas
cesso? para identificar e medir os contextos ou ambien-
• Que aspectos dos contextos ou ambientes o tes, a atividade e as exigências da ocupação, os
cliente vê como facilitador e barreira no envolvi- fatores do cliente e as habilidades de desempe-
mento em ocupações desejadas? nho e padrões.
• Qual é a história ocupacional do cliente? • Selecionar medidas de resultados.
• Quais são os valores e os interesses do cliente? • Interpretar dados de avaliação para identificar fa-
• Quais são os papéis da vida diária do cliente? cilitadores e barreiras para o desempenho.
• Quais são os padrões do cliente de envolvimento • Desenvolver e refinar hipóteses sobre os pontos
em ocupações e como eles mudaram ao longo do fortes do desempenho ocupacional do cliente e
tempo? suas limitações.
• Quais são as prioridades do cliente e os resul- • Criação de metas em colaboração com o cliente
tados desejados com relação ao desempenho que contemplem os resultados desejados.
ocupacional, à prevenção, participação, na com- • Determinar procedimentos para medir os resulta-
petência de papéis, à saúde, qualidade de vida, dos da intervenção.
bem-estar e da justiça ocupacional? • Delinear uma intervenção potencial com base nas
melhores práticas e evidências disponíveis.

Quadro 2 - Quadro de operacionalização do Processo. Fonte: AOTA (2015, p. 18).

WWW.UNINGA.BR 51
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTERVENÇÃO

Plano de Intervenção Implementação da Intervenção Revisão da Intervenção

1: Desenvolver o plano, que en- 1: Determinar e executar a(s) 1: Reavaliar o plano e a imple-
volve a seleção de: intervenção(ões) terapêutica(s) mentação em relação à obten-
• Metas e objetivos mensurá- ocupacional(is) a ser(em) utili- ção de resultados, serviços de
veis focados na ocupação, zada(s) que podem incluir: terapia ocupacional e de enca-
além de prazos estabeleci- • O uso terapêutico de ocu- minhamento.
dos; pações e atividades.
• Abordagem ou abordagens • Métodos e tarefas prepara-
de intervenção de terapia tórias.
ocupacional, tais como • Educação e treinamento.
criar ou promover, estabe- • Advocacia.
lecer ou restaurar, manter, • Intervenções em grupo.
modificar ou prevenir; e
• Métodos para a prestação
de serviços, incluindo quem
irá fornecer a intervenção,
os tipos de intervenções e

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 3


modelos de prestação de
serviços.
2: Considerar Potenciais mu- 2: Monitorar a resposta do 2. Modificar o plano conforme a
danças nas necessidades e nos cliente por meio de avaliação e demanda.
planos. reavaliação em curso.

3: Fazer recomendações e en- 3. Determinar a necessidade de


caminhamentos para outros continuação ou interrupção dos
profissionais quando necessá- serviços de terapia ocupacional
rio. e de encaminhamento.

Quadro 3 - Quadro de operacionalização do Processo (intervenção). Fonte: AOTA (2015, p. 18).

Por fim, nos resultados-alvo, temos:

1: No início do processo de intervenção, selecionar resultados e medidas que sejam:

• Válidas, confiáveis, sensíveis a mudanças e consistentes com os resultados;


• Congruentes com os objetivos do cliente;
• Baseados em sua capacidade real ou suposta de prever resultados futuros.

2: Aplicar os resultados para avaliar o progresso e ajustar metas e intervenções.

• Comparar o progresso em direção ao alcance do objetivo dos resultados ao longo


do processo de intervenção.
• Avaliar a utilidade dos resultados para tomar decisões sobre o futuro direcionamento
da intervenção.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O domínio e o processo da terapia ocupacional fazem parte de seu contexto desde 1917,
fundação da profissão. São conceitos centrais que fundamentam a prática do TO. O domínio e
o Processo são descritos separadamente, porém eles se complementam de maneira transacional.
É no processo que o profissional guiará seu cliente no engajamento e na participação
das atividades diárias e no processo terapêutico. Ele só ocorre quando centrado no cliente, por
isso o uso terapêutico de si, a necessidade do processo de intervenção e do domínio das áreas
anteriormente estudadas.
Valores, crença, espiritualidade, rituais, rotinas, nada pode ser esquecido por um
terapeuta ocupacional, ao avaliar seu cliente e traçar um plano de intervenção, focado nas áreas
de ocupação humana. Temos que lembrar que o objeto principal de trabalho do TO é a ocupação,
portanto seu objetivo é ocupação humana, áreas de ocupação.

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 3

WWW.UNINGA.BR 53
UNIDADE ENSINO A DISTÂNCIA

04
DISCIPLINA:
RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS

ANÁLISE DA ATIVIDADE
PROF.A ELIANE SCHROEDER

SUMÁRIO DA UNIDADE

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................. 55
1. OCUPAÇÃO E ATIVIDADE...................................................................................................................................... 56
2. O SURGIMENTO DA ANÁLISE DA ATIVIDADE NA TERAPIA OCUPACIONAL....................................................57
3. CONCEITUANDO A ANÁLISE DA ATIVIDADE ..................................................................................................... 58
4. ANÁLISE DA ATIVIDADE VOLTADA PARA A TAREFA.......................................................................................... 59
4.1 ADAPTAÇÃO......................................................................................................................................................... 64
5. GRADUAÇÃO.......................................................................................................................................................... 66
6. ANÁLISE DA ATIVIDADE VOLTADA PARA A TEORIA E PARA O INDIVÍDUO.................................................... 68
CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................................................................70

WWW.UNINGA.BR 54
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

INTRODUÇÃO

Para o TO, a análise da atividade é um (senão) dos mais importantes recursos utilizados.
Em muitos contextos em que os clientes estão, o engajamento nas ocupações se dá por meio de
atividades, levando o TO à necessidade de uma análise minuciosa para que esse engajamento
aconteça da melhor forma possível, ou seja, com a maior autonomia e independência, dentro das
potencialidades apresentadas.
A análise da atividade envolve fragmentar a atividade em componentes (tarefas) com
sequenciamento, sendo observados seus componentes estáveis e situacionais, e avaliando seu
potencial terapêutico (HAGEDORN, 2003).
O TO caracteriza, qualifica uma atividade, isto é, analisa os componentes de desempenho
que serão exigidos, o significado cultural e pessoal da atividade, assim como o ambiente e as
condições em que a atividade será desenvolvida. Este é o conteúdo a ser discutido nesta última
unidade da disciplina.

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 4

WWW.UNINGA.BR 55
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1. OCUPAÇÃO E ATIVIDADE

O termo “ocupação”, na terapia ocupacional, pode suscitar perguntas como: O que você
faz? Ocupa as pessoas? Se pararmos para pensar, será que, na verdade, não ocupamos de fato? A
ocupação humana e o uso da atividade são as principais ferramentas de trabalho do TO.
Segundo a AOTA (2015), envolver-se ativamente em ocupação promove, facilita, apoia e
mantém a saúde e a participação. Esses conceitos inter-relacionados incluem:

• Saúde - “[...] um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a
ausência de doença ou enfermidade” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE [OMS],
2006, p. 1 apud AOTA, 2015).
• Bem-estar - “[...] um termo geral que engloba o universo total de domínios da vida
humana, incluindo aspectos físicos, mentais e sociais” (OMS, 2006, p. 211 apud AOTA,
2015).
• Participação - “[...] envolvimento em uma situação de vida” (OMS, 2001, p. 10 apud

RECURSOS TERAPÊUTICOS OCUPACIONAIS | UNIDADE 4


AOTA, 2015). A participação naturalmente ocorre quando os clientes estão ativamente
envolvidos na realização das ocupações ou atividades de vida diária em que encontram
propósito e significado. Resultados mais específicos de intervenção da terapia ocupacional
são multidimensionais e apoiam o resultado final da participação (AOTA, 2015).
• Envolvimento em ocupação - desempenho das ocupações como o resultado da escolha,
motivação e sentido dentro de um contexto de apoio e ambiente. Envolvimento inclui
aspectos objetivos e subjetivos de experiências dos clientes e envolve a interação
transacional da mente, do corpo e do espírito. Intervenções da terapia ocupacional se
concentram em criar ou facilitar oportunidades de se envolver em ocupações que levam
à participação em situações de vida desejadas (AOTA, 2008 apud AOTA, 2015).
Ocupação é definida, pela maioria das pessoas como sendo o trabalho da pessoa (MISH,
2004 apud TROMBLY, 2013). Os terapeutas ocupacionais definem ocupação “[...] como atividades
da vida cotidiana, classificadas, organizadas, devidamente valorizadas e com significado específico
para os indivíduos de uma determinada cultura (TROMBLY, 2013).
As ocupações influenciam como as pessoas gastam seu tempo tomando decisões; são
centrais para identificar e dar senso de competência e valor à pessoa; é aquilo que identifica o
sujeito. Aquilo que você faz acaba se tornando aquilo que você é. Por exemplo: “fulana, filha da
costureira”.
As definições de ocupação incluem comumente uma combinação dos seguintes conceitos:

• É experimentada pessoalmente e direcionada para a meta;


• Reflete os valores culturais e a cultura;
• Fornece significado;
• Envolve múltiplas tarefas;
• Fornece organização e estrutura para viver;
• Atende às necessidades da pessoa e de outros no mundo social;
• Preenche o tempo;

WWW.UNINGA.BR 56
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

• Utiliza capacidades e habilidades;


• Pode ter um componente físico e/ou mental;
• É reconhecida pela cultura;
• Fornece prazer e alegria;
• Contribui para a família e para a comunidade;
• Contribui para a saúde e o bem-estar;
• Alinha-se com o desenvolvimento do indivíduo (CREPEAU; COHN; SCHELL, 2011).
A atividade é frequentemente modificada com o uso de termos como propositada,
ocupacional ou funcional para conferir a ela um significado mais específico. Nestes casos, o
próprio termo “atividade” não é definido, mas se supõe que seja de conhecimento comum.
Os conceitos de atividade normalmente incluem:

• Pequenas unidades de comportamento;

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• Uso de objetos;
• Ação;
• Pode ou não produzir um objeto;
• Direcionada para a meta;
• Necessária para desenvolvimento, maturação e uso das funções sensorial, perceptual,
motora, social, psicológica e intelectual.
Pierce (2001, p. 139) define atividade como

[...] uma ideia mantida na mente das pessoas e em sua linguagem cultural
compartilhada. Uma atividade é uma classe culturalmente definida e geral de
ações humanas [...] Uma atividade não é experimentada por uma única pessoa;
não é observável como uma ocorrência; e não está localizada em um contexto
temporal, espacial e sociocultural plenamente existente.

O cliente se envolve com atividades como parte de sua ocupação. Ocupação e atividade
são interligadas. Terapeuticamente, a atividade é usada para avaliar, facilitar, restaurar ou manter
as habilidades do cliente para serem envolvidas nas ocupações (SILVA, 2007).

2. O SURGIMENTO DA ANÁLISE DA ATIVIDADE NA TERAPIA


OCUPACIONAL

A primeira análise de atividade em Terapia Ocupacional ocorreu em 1918 no Walter


Reed General Hospital em Washington. A partir da década de 1920, vários artigos são publicados
incluindo roteiros para analisar a atividade, diferentes quando se tratava de uma incapacidade
física e quando se tratava de uma aplicação na área de psiquiatria (CASTIGLIONI et al., 2004).

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Nos anos 1950, a análise de atividade passou a ser central na TO, e integrou um “movimento
para torná-la uma ciência exata”. Buscava-se uma forma de medir a eficácia das intervenções em
Terapia Ocupacional, para dar legitimidade científica ao campo, nos termos de um modelo de
cientificidade médico-biológico (CASTIGLIONI et al., 2004).
A atividade, instrumento da TO, está incorporada na vida cotidiana do sujeito e, por isso,
difícil de definir. Especificar o fazer individual como ato único dificultava em muito a avaliação
da eficiência do uso desse instrumental na prática clínica (CASTIGLIONI et al., 2004).
Grande desafio era o de transformar as atividades utilizadas nas práticas terapêuticas
em um instrumental confiável, mensurável e generalizável. Para isso, era preciso encontrar um
modelo padrão que consistiria numa forma ideal (e normal) de realizá-las. Esse modelo padrão
forneceria elementos para adaptação das atividades a cada caso, bem como para a avaliação do
desempenho dos pacientes (CASTIGLIONI et al., 2004).
Outro ponto de vista era o de compreender uma atividade do ponto de vista científico,
nos moldes da ciência da época. Pressupunha-se que procedimentos gerais fossem seguidos
visando a obter sucesso no tratamento (CASTIGLIONI et al., 2004).
Com isso, é possível verificar que a análise de atividades é o primeiro procedimento a
ser adotado para legitimar-se cientificamente o uso de atividades na profissão, como condicional
para a implementação dos outros dois procedimentos: a adaptação e a seleção e graduação das

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atividades (CASTIGLIONI et al., 2004).

3. CONCEITUANDO A ANÁLISE DA ATIVIDADE

A Análise de Atividades faz parte do raciocínio clínico dos profissionais de Terapia


Ocupacional, e forma a base da seleção, adaptação e graduação das atividades utilizadas na
intervenção terapêutica ocupacional.
A AOTA (2015) define Análise da atividade como sendo um processo importante
usado pelos profissionais da terapia ocupacional para compreender as demandas de atividades
específicas de um cliente. De acordo com Crepeau (2002, p. 192-193),

Análise da atividade aborda as demandas típicas de uma atividade, a gama de


habilidades envolvidas no seu desempenho, e os vários significados culturais
que podem ser atribuídas a ela. Análise da atividade com base em ocupação
coloca a pessoa em primeiro plano. Ela leva em conta os interesses, objetivos,
habilidades e contextos da pessoa em particular, bem como as exigências da
própria atividade. Estas considerações moldam os esforços do profissional para
ajudar [...] a pessoa a alcançar suas metas através da avaliação e intervenção
cuidadosamente desenhadas.

Análise da Atividade, segundo Francisco (2001), é um procedimento que objetiva o


conhecimento da atividade em seus pormenores, observando-se, assim, as suas propriedades
específicas. A análise então parte do pressuposto de ter a atividade uma única estratégia para a
sua realização, e esta é que lhe possibilita as propriedades.
Deve-se entender por propriedades as exigências físicas e mentais próprias da atividade.
Nessa perspectiva, é somente por meio de uma análise sistemática e meticulosa que o TO
consegue identificar qual é o tipo de exercício obtido ao praticar cada movimento requerido
para a efetivação da atividade, como determinar se esta permite graduação em complexidade,
estruturação em fases ou etapas (FRANCISCO, 2001).

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Na análise da atividade, é possível encontrar vários modelos de roteiros que possibilitam


sua realização, porém todos ressaltam que é necessário à realização de cada movimento requerido
um certo número de vezes, considerável, anotando-se cuidadosamente as ações obtidas
(FRANCISCO, 2001).

4. ANÁLISE DA ATIVIDADE VOLTADA PARA A TAREFA

O objetivo da análise da atividade voltada para a tarefa é o de compreender uma atividade,


incluindo as habilidades específicas necessárias para a sua realização de forma competente
(CYNKIN, 1995 apud CREPEAU, 2002). Nessa perspectiva, eis as perguntas: “Quais são as
habilidades que as pessoas, geralmente, precisam para esta atividade?” “De que forma posso
utilizar terapeuticamente esta atividade?”
Ao analisar uma grande série de atividades, é possível determinar as habilidades
necessárias em sua participação, sejam atividades de autocuidado, profissionais, de lazer. É
possível avaliar também a relação entre a atividade e a vida diária. É levando em consideração
suas propriedades e significados culturais que o TO irá sugerir determinadas atividades aos seus
clientes (CREPEAU, 2002).

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A análise voltada para a tarefa configura também uma forma de se pensar as atividades.
É neste aspecto do raciocínio clínico que os profissionais identificarão rapidamente as demandas
das atividades para utilizá-las com os seus clientes (CREPEAU, 2002).
A análise voltada para a tarefa é a análise para o desempenho esperado e aborda os
seguintes aspectos:

• os métodos e contextos típicos do desempenho da atividade;


• a variedade de habilidades envolvidas neste desempenho;
• os vários significados culturais que poderiam ser atribuídos à atividade e seu potencial
terapêutico (CREPEAU, 2002).
Para descrever a tarefa na análise da atividade, a análise da atividade começa com a
descrição da tarefa. Devem-se levar em consideração todos os aspectos da realização da atividade
(CREPEAU, 2002).
O formato da atividade voltado para a tarefa é descrito por Crepeau (2002, p. 123):

O formato de análise de atividades voltada para a tarefa segue a organização


da terceira edição da Uniform Terminology for Occupational Therapy (AOTA,
1994). A terminologia uniforme é designada para fornecer uma linguagem
comum para a profissão, sendo dividida em três partes inter-relacionadas: áreas
de desempenho, componentes de desempenho e contextos de desempenho. A
análise de atividades voltada para a tarefa aborda os componentes de desempenho
e o aspecto ambiental de contextos de desempenho da terminologia uniforme.
Os componentes de desempenho são divididos em três grandes categorias:
(1) sensório-motor, (2) integrador cognitivo e cognitivo e, (3) habilidades
psicossociais e psicológico. Os componentes de desempenho são as habilidades
que utilizamos para nos engajar nas aéreas de desempenho de atividades vida
diária (AVD), atividades profissionais e produtivas, e atividades de divertimento
e lazer (AOTA, 1994). Quando tomamos banho, nos vestimos, usamos um
computador ou jogamos tênis, usamos as habilidades do componente de
desempenho necessárias para cada atividade específica. Os aspectos ambientais
dos contextos de desempenho estão relacionados ao mundo físico, social e
cultural, no qual os indivíduos vivem.

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Descrição das etapas (CREPEAU, 2002):

• Etapa 1 - Descrever a atividade:


Descrever esta atividade com uma ou duas frases.

• Etapa 2 - Descrever a Faixa etária típica das pessoas que realizam essa atividade:
Exemplo: jogos que são apropriados para determinada faixa etária e que exigem
também certo nível cognitivo, motor.

• Etapa 3 - Descrever os aspectos ambientais do contexto de desempenho:


Físicos: descrever o contexto físico no qual essa atividade será analisada. Seja
específico: descrever a disposição dos móveis, a disposição dos equipamentos, a
iluminação, o nível de ruído.

Sociais: descrever as outras pessoas que estarão presentes. Os papéis sociais em


relação à atividade; as expectativas comportamentais para o contexto.

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Culturais: o significado cultural que a atividade apresenta ao grupo de pessoas, ao
cliente, ou à comunidade.

• Etapa 4 - Listar suprimentos e equipamentos necessários para realizar a atividade:


Os ingredientes para uma receita; papel, tinta e cola para uma colagem são
suprimentos. Instrumentos como tesoura, agulhas, pequenos utensílios domésticos
também são suprimentos. Já equipamentos são os de mais alto custo: fogões, jogos,
computadores etc.

• Etapa 5 - Descrever os riscos à segurança inerente a essa atividade:


Descrever os riscos de segurança para as pessoas sem comprometimento da função.
Considerar questões de desenvolvimento, como uso de tesouras ou produtos
tóxicos, no caso de crianças. Considerar as deficiências e níveis de dificuldades.

• Etapa 6 - Listar as etapas sequenciais da atividade:


Definir as etapas, incluindo todos os componentes importantes da atividade. O
número de etapas deve ser limitado a 10 ou 20 para a maioria das atividades. As
etapas devem ser listadas do início ao fim, sem esquecer limpeza e organização,
quando houver (exemplo: atividade de cozinhar).

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Figura 1 - Formato de análise de atividades voltada para a tarefa. Fonte: Crepeau (2002).

Para facilitar a compreensão da análise da atividade para o desempenho esperado, temos


o seguinte esquema:

1. selecionar uma atividade:


1.1 Escovar os dentes

2. definir a área de ocupação:


2.1 AVD

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3. delimitar:
3.1 Higiene oral

4. especificar as tarefas:
4.1 Ir ao banheiro, selecionar os objetos, escovar os dentes, secar e guardar o material e
sair.

5. estabelecer os passos:
Tarefa 1: Ir até o banheiro pegar os objetos e materiais.
Passos:
1. Andar até o banheiro, abrir a porta e entrar;
2. Ir até a pia e abrir o armário;
3. Retirar a escova dental e a pasta de dentes;
4. Deixar a escova sobre a pia, abrir o tubo de pasta, colocar a tampa sobre a pia;
5. Pegar a escova e colocar a pasta sobre as cerdas;
6. Colocar o tubo de pastas sobre a pia;
7. Abrir a torneira e molhar a escova;
8. Pegar o copo e colocar água;

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9. Deixar o copo sobre a pia;
10. Fechar a torneira.

Tarefa 2: Escovar os dentes.


Passos:
1. Segurar a escova adequadamente;
2. Levá-la à boca;
3. Proceder à escovação de dentes, parte superior e parte inferior;
4. Concluir a escovação, largar a escova;
5. Cuspir a espuma;
6. Pegar o copo, dar um gole de água, bochechar e cuspir;
7. Repetir o enxágue, se necessário;
8. Deixar o copo sobre a pia.

Tarefa 3: Lavar os objetos, secar e guardar.


1. Abrir a torneira, pegar a escova e lavar;
2. Secar a escova, se tiver o hábito;
3. Abrir o armário e guardar a escova;
4. Pegar o copo e lavar;
5. Fechar a torneira;
6. Pegar o tubo de pasta, fechar e guardar no armário;
7. Abrir a torneira, lavar o rosto e as mãos;
8. Fechar a torneira.
9. Pegar a toalha de rosto;
10. Enxugar rosto e mãos;
11. Pendurar a toalha;

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Tarefa 4: Sair do banheiro.


1. Andar até a porta;
2. Abrir a porta;
3. Sair do banheiro;
4. Fechar a porta.

Ao realizar a análise da atividade, o TO leva em consideração a fonte de utilização de


equipamentos e ferramentas, que são os instrumentos e objetos necessários para e execução
da atividade. Os sem custo para o TO são geralmente o que já se tem: móveis, ferramentas de
jardinagem, de mecânica, de artes, utensílios de cozinha etc.
Instrumentos são os agentes mecânicos empregados na execução de qualquer trabalho;
e as ferramentas, o instrumento. O material é aquilo que se gasta e que precisará ser reposto, e o
custo é o cálculo aproximado da atividade, seja para o paciente/cliente, para a instituição ou para
seu consultório.
Espaço requerido é o local adequado para a atividade a ser realizada, incluindo mobiliário,
acesso, ventilação, luminosidade, proteção contra ruídos etc. Precauções são as situações que
poderão interferir na realização da atividade.
Considerações especiais são situações específicas do cliente, requisitos necessários para

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a execução da atividade. Os critérios de aceitação são aquilo que o terapeuta determina para
considerar a atividade realizada satisfatoriamente:

• qualidade final do produto;


• tempo de execução;
• grau de independência;
• iniciativa;
• quantidade de material gasto;
• grau de funcionalidade etc.

Leia o artigo para saber mais sobre a prática dos terapeutas ocu-
pacionais a respeito do uso da análise da atividade no cotidiano.
Acessar:
RANGEL, B. R. et al. Conhecendo as concepções e as práticas de
análise da atividade dos terapeutas ocupacionais. Cadernos de
Terapia Ocupacional da UFsCar, São Carlos, v. 11, n. 1, p. 62-74,
2003. Disponível em: <http://www.cadernosdeterapiaocupacional.
ufscar.br/index.php/cadernos/article/view/206/161>. Acesso em: 25 jun. 2020.

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4.1 Adaptação
Adaptar uma atividade é o processo de modificá-la para permitir seu desempenho.
Trombly (2013) propõe quatro razões para adaptar uma atividade no tratamento dos incapacitados
fisicamente:

1. Modificar a atividade para torná-la terapêutica quando normalmente ela não seria.
Muitos exemplos disso podem ser observados nas clínicas de terapia ocupacional. Por
exemplo, em murais, o quadro é montado na parede e possui percevejos para fixar os
recados (TROMBLY, 2013).

2. Graduar o exercício oferecido pela atividade ao longo de todo o processo terapêutico


de modo a atingir as metas. A graduação da atividade para esse propósito é um
princípio original de terapia ocupacional (CREIGHTON, 1993 apud TROMBLY, 2013).
Por exemplo, para aumentar a coordenação, a atividade deve ser graduada a partir do
movimento grosseiro, brusco, ao movimento fino, preciso.

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3. Permitir que uma pessoa com incapacidade física realize uma atividade ou tarefa que
ela seria incapaz de realizar de outra forma. Por exemplo, após um episódio de AVC que
causa paralisia de um membro superior, um paciente pode aprender um novo método de
vestir uma camisa que requeira apenas uma das mãos (TROMBLY, 2013).

4. Prevenir a lesão por trauma cumulativo. Exemplos de tal adaptação seriam mudar a
altura da mesa para reduzir a tensão nas costas ou nos membros superiores ou realizar a
tarefa de trabalho enquanto estiver sentado para reduzir a tensão na porção inferior das
costas (TROMBLY, 2013).

Normalmente, a adaptação é necessária, em vista de algum comprometimento motor que


seu cliente apresenta ou adquiriu, após algum trauma, como um Acidente Vascular Encefálico
(AVE), que será mais profundamente estudado na disciplina de Neurologia; ou uma adaptação
para uma criança com paralisia cerebral, e assim por diante.
O que determina o movimento exigido pela atividade é a posição em que a pessoa se
encontra em relação ao trabalho a ser realizado, determinando também quais grupos de músculos
serão provavelmente utilizados (McGRAIN; HAGUE, 1987 apud TROMBLY, 2013).

O posicionamento precário do equipamento de trabalho com relação ao


tamanho da pessoa pode resultar em desconforto musculoesquelético ou lesões
por esforço repetitivo (Sung et al., 2003). A adaptação do posicionamento refere-
se às alterações na inclinação da superfície de trabalho, altura da superfície de
trabalho, localização do equipamento de trabalho ou posicionamento das peças
a serem adicionadas ao projeto. As atividades que são rotineiramente realizadas
em uma superfície plana, tais como pintura com os dedos, jogos de tabuleiro
e lixar madeira, podem ser realizadas com maior ou menor esforço alterando
a inclinação da superfície. Por exemplo, se a superfície estiver inclinada para
baixo e distante do paciente, a resistência será transferida para a extensão do
ombro e flexão do cotovelo. Se a inclinação estiver para cima e na direção do
paciente, a resistência será transferida para a flexão do ombro e extensão do
cotovelo (TROMBLY, 2013).

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Para fechar o conceito de adaptação, Silva (2007) diz que a adaptação é o processo de
mudar a atividade e promover uma independência funcional. Uma graduação para menos, para
ser facilitada fisicamente, cognitivamente ou outros. Visa a auxiliar o cliente com disfunção de
qualquer ordem porque vai reduzir a demanda da atividade.

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Figura 2 - Exemplo de adaptação para torná-la terapêutica – ganho de amplitude de movimento. Fonte: Trombly
(2013).

Figura 3 - A. O tabuleiro para marcação de pontos de tamanho padrão exige coordenação fina. B. O tabuleiro e os
marcadores com tamanho aumentado permitem que a pessoa com coordenação fina deficiente jogue (ocupação-co-
mo-fim) ou exige uma maior amplitude de movimento de alcance (ocupação-como-meio). Fonte: Trombly (2013).

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Figura 4 - Uma prateleira de puxar com orifícios que Figura 5 - A tesoura foi estabilizada em um bloco de
acomodam tigelas ou potes permite que uma pessoa madeira para permitir que uma pessoa que apresenta
confinada a uma cadeira de rodas cozinhe eficientemen- perda de destreza nos dedos consiga utilizá-la. Fonte:
te. Fonte: Trombly (2013). Trombly (2013).

Existem várias formas e maneiras de se adaptar, seja a rotina, o mobiliário, ma-


teriais, instrumentais e até equipamentos. A adaptação pode ser realizada com
materiais de baixo ou alto custo. Para determinadas populações, o uso da cria-
tividade e reciclagem, muitas vezes, se torna necessária na prática terapêutica
ocupacional. Faça uma pesquisa e descubra como os profissionais da terapia
ocupacional utilizam produtos recicláveis para adaptar utensílios de uso do dia a
dia para seus clientes.

5. GRADUAÇÃO
A graduação de uma atividade envolverá o aumento ou a diminuição da sequência das
demandas da atividade com o passar do tempo, para estimular a melhora da função do cliente,
como responder à diminuição da capacidade funcional. Exemplo: uma determinada cliente com
perda da força e de amplitude de movimento de Membros superiores (MMSS), em vez de ela
fazer um pudim de leite condensado assado no forno, a atividade será graduada para um pudim
de creme, ou de gelatina sem sabor, que só vai à geladeira (CREPEAU, 2002; SILVA, 2007).
Graduar é facilitar a atividade por um curto período de tempo, podendo ser nivelada
conforme o cliente vai (re)adquirindo habilidades, se for o caso. Enquanto isso, o TO trabalha os
grupos musculares para ganho de força e resistência muscular para que o cliente retorne à sua
ocupação/atividade anterior sem a necessidade da graduação (CREPEAU, 2002; SILVA, 2007).

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Os TOs que trabalham com o modelo atividade = exercício preconizam que o objetivo
primordial de seleção e graduação da atividade é possibilitar a restauração das ações perdidas ou
prejudicadas, com a tolerância ao trabalho e as destrezas especiais (FRANCISCO, 2001).
Toda atividade selecionada com fim terapêutico precisa ser possível de ser graduada,
desde curtos a longos períodos de tempo, desde movimentos grosseiros a movimentos finos,
desde movimentos simples a movimentos complexos, desde a compreensão de instruções simples
à compreensão de instruções mais complexas e assim por diante (FRANCISCO, 2001).
Quando o terapeuta ocupacional gradua uma atividade, o faz para torná-la apropriada
para um cliente com alguma incapacidade. Dessa forma, proporciona oportunidades e meios
para o indivíduo adaptar e dominar a tarefa.
A atividade graduada é utilizada pelo terapeuta ocupacional para ajudar o seu cliente
a melhorar os níveis de desempenho. Refere-se a modificar a complexidade daquilo que será
desempenhado; significa selecionar categorias como: peso, grau de dificuldade, força, textura,
entre outras.
Graduamos quando estabelecemos um objetivo e precisamos revisá-lo para verificar
como completá-lo:

• Os números de passos adotados poderão ser aumentados;

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• O tempo de execução previsto para cada passo poderá ser ampliado;
• O número de repetições, diminuído;
• As ferramentas poderão ser substituídas por outras mais leves, inicialmente.
Isso poderá ser feito até serem revisados todos os detalhes requeridos para o desempenho
de cada passo.
Graduar pode ser:

A. Quebrar uma atividade de longa duração em unidades menores preferindo concluir


cada unidade em vez de fazer paradas durante o trabalho todo.

B. Organizar itens de maneira lógica de acordo com as prioridades de uso, mantendo


uma área de trabalho próxima. Ex.: colocar os utensílios de escrita (lápis e papel) ao lado
da mão dominante.

C. Alterar a quantidade de energia requerida preferindo materiais mais leves. Ex.:


desenvolver um projeto (estante) com madeira mais leve (pinus), e usando um serrote
elétrico e não o serrote manual.

É preciso considerar que muitas atividades exigem o uso concomitante de muitas


habilidades; o que significa selecionar e trabalhar com mais de uma categoria simultaneamente.
Dessa forma, devemos selecionar categorias de exigência intelectual, social, afetiva ou cognitiva e
categorias de exigência motora, contemplando, assim, todos os aspectos da tarefa.
Conhecer a história ocupacional do cliente é um importante recurso para determinar
as categorias e a graduação de uma atividade. As ansiedades individuais, nível de interesse e
expectativas em relação à terapia levam o terapeuta ocupacional a determinar onde e como
focalizar a melhora do desempenho.

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Outro aspecto da graduação da atividade que devemos considerar é por onde começar.
Neste caso, podemos avaliar o desempenho utilizando atividades também graduadas (atividade
graduada = desempenho graduado), o que permitirá identificar com mais precisão uma
incapacidade específica.

Graduar uma atividade muitas vezes não é bem vista pelo cliente, eis os desafios
inerentes à profissão. Um paciente que amava cozinhar determinados alimentos,
por exemplo, utilizando-se de uma técnica mais elaborada, que exige mais esforço
e que, por algum motivo, o incapacitou de realizar temporariamente aquela ativi-
dade, precisará de adaptações e até mesmo graduações. Se esse paciente apre-
senta muita dificuldade de aceitação na mudança da sua rotina, como o terapeuta
ocupacional poderá dar conta da demanda? Pense na importância do olhar para o
todo e do trabalho inter e multidisciplinar. Faz toda a diferença.

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6. ANÁLISE DA ATIVIDADE VOLTADA PARA A TEORIA E PARA O
INDIVÍDUO

É a análise de atividades para indicação terapêutica, ocorre sob o ponto de vista de


determinada perspectiva teórica, utilizando conceitos e conhecimentos que embasam a prática
terapêutica.
Ambas as análises (voltadas para a tarefa e voltadas para a teoria) podem ocorrer sem a
presença do cliente, e muitas vezes completam-se.
A análise da atividade voltada para o indivíduo vai atender aos objetivos do seu cliente.
Ela não está centralizada na atividade em si, e sim no cliente, ou seja, é a análise para a correlação
paciente-atividade. Analisa-se a atividade considerando os objetivos de tratamento e todas as
particularidades do cliente (CREPEAU, 2002), tais como:

• idade,
• escolaridade,
• sexo,
• ciclo de vida,
• estágio da incapacidade,
• interesses,
• capacidades e limitações para a realização de atividades,
• integridade de componentes de desempenho e motivação.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A prática da terapia ocupacional vai refletir que as nossas atividades e comportamentos


se combinam e produzem uma sensação de quem somos e isso ajuda a definir como seres sociais
(CREPEAU, 2002).
A análise voltada para o indivíduo está embutida no raciocínio clínico (Narrativo,
Científico e Pragmático). Eis o Sumário de análises de atividades voltadas para o indivíduo,
proposto por Crepeau (2002):

Narrativo:
• Quais são as atividades mais importantes para essa pessoa?
• Como elas foram afetadas por seus problemas funcionais?
• Quais das atividades listadas anteriormente poderiam ser usadas na intervenção de
terapia ocupacional?
Científico:
• Que teoria seria apropriada para avaliar e tratar esse problema?
• Como essa teoria define função, disfunção, alteração?

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• Como essa teoria classifica os componentes do desempenho ocupacional? Que
habilidades tem o cliente em relação a esse componente de desempenho? Que
deficiências?
• Como as atividades podem ser adaptadas ou graduadas dentro dessa teoria?
• No caso de múltiplas teorias, como elas se relacionam entre si? Existem áreas de
conflito que influenciariam o uso da atividade em uma sessão de tratamento?
Pragmático:
• Quais os recursos disponíveis no contexto do tratamento?
• Quais os recursos que o cliente terá que usar após a alta?
• Quais os limites existentes no contexto do tratamento e o ambiente esperado pelo
cliente?
Sumário
• Com base nessa análise, que atividades seriam mais apropriadas no tratamento desse
indivíduo? Como essas atividades poderiam ser graduadas e adaptadas?

A importância das adaptações e da intervenção da TO na ELA

O Terapeuta Ocupacional Dr. Rogerio Oliveira fala da importância


das adaptações e da intervenção da Terapia Ocupacional na ELA.
Live transmitida ao vivo no dia 7 de agosto de 2018. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=ckCHXuhm9-4>. Acesso em:
26 jun. 2020.

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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao final da disciplina de recursos terapêuticos ocupacionais. O objetivo central


foi o de melhor situar o estudante e levá-lo a um panorama geral do que é o processo e o domínio
da profissão de terapia ocupacional.
O terapeuta ocupacional que analisa a atividade com prática e técnica pode combinar
as habilidades do paciente com as atividades que ele precisa ou deseja realizar, pode também
selecionar facilmente a atividade mais apropriada para ajudá-lo a se engajar da melhor forma nas
ocupações significativas.
As atividades escolhidas pelo profissional precisam ser desafiadoras para o nível de
capacidade do paciente para que ele melhore por meio de esforço ou prática. Além de desafiadoras,
que tenham real significado em seu contexto e história de vida.
Os terapeutas ocupacionais têm a atividade como o centro da intervenção; sendo assim,
a capacidade de analisar a atividade e usar a atividade terapeuticamente também é central da
prática da Terapia Ocupacional.
A especificidade do terapeuta ocupacional de forma geral é a atividade, ela é o contexto

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ocupacional, não que outros profissionais não utilizem atividades como recursos, mas os TOs
as utilizam como recurso terapêutico ocupacional, independentemente do diagnóstico ou do
ambiente de tratamento. A melhora no desempenho de atividades é a meta final da intervenção.

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ENSINO A DISTÂNCIA

REFERÊNCIAS
AOTA - American Occupational Therapy Association. Síntese do processo na prestação de
serviço. Esquema do Processo. 2015a. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rto/article/
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domínio & processo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo,
v. 26, 2015b. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rto/article/view/97496/96423. Acesso
em: 22 jul. 2020.

BEZERRA, W. C.; TRINDADE, R. L. P. Gênese e constituição da Terapia Ocupacional: em busca


de uma interpretação teórico-metodológica. Revista da Terapia Ocupacional da Universidade
de São Paulo, São Paulo, v. 24, n. 2, 2013.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Imprensa Oficial, 1988.

BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm.
Acesso em: 23 jul. 2020.

CASTIGLIONI, M. C. et al. Análise de atividades: apontamentos para uma reflexão atual. In:
CARLO, M. M. R. P.; LUZO, M. C. M. Terapia Ocupacional: reabilitação física e contextos
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