Moção Global de Estratégia

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MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR !

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MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR !

índice
01 CARTA DO CANDIDATO
02 AGIR por nossas mãos
03 AGIR por uma resposta de Esquerda à crise
04 AGIR por um planeta sustentável
05 AGIR para defender a democracia
06 AGIR pelo direito à saúde mental
07 AGIR por uma sociedade em igualdade e de direitos
08 AGIR por mais Políticas de Juventude, Associativismo e Cultura
09 AGIR por uma digitalização justa
10 AGIR por um território coeso
11 AGIR no poder local
12 AGIR pelo progresso global
13 AGIR por uma autonomia valorizada
14 AGIR POR UMA JS DE CAUSAS
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 4

01CARTA DO É a nossa vez de assumir esta luta e fazer da


Juventude Socialista a casa comum de todos
aqueles que tomam nas suas mãos a missão

CANDIDATO
de construir uma sociedade mais livre, igual,
justa e sustentável. É desse mundo que
vos queremos falar nesta Moção Global de
Estratégia e no Programa Político a que lhe
juntamos.
CARXS CAMARADAS,
Vencer o Futuro não é tarefa fácil. Não pode-
ESTE É O NOSSO TEMPO DE AGIR! Atravessamos remos fazer a diferença da vida da nossa
um período sem igual na nossa história, não geração sem mobilizar a criatividade e deter-
só pela pandemia e o seu impacto devastador minação da nossa comunidade de ativistas.
na economia e na sociedade mas pela sua Por isso quisemos fazer desta Moção o mais
coincidência com uma emergência climática participada possível. Realizámos 8 fóruns,
que ameaça as nossas condições de vida e participados por 272 pessoas diferentes
uma democracia em crise, com a ascensão durante mais de dezoito horas de discussão.
de uma extrema-direita bafienta a marcar o Trabalharam nestas ideias 13 grupos setoriais
eclodir de décadas de descrédito da política envolvendo mais de uma centena de mili-
partidária. tantes. Quero agradecer a todos na pessoa
do Pedro Vasconcelos Almeida, o nosso
O momento convoca-nos a transformarmos Coordenador da Moção Global de Estratégia.
o mundo por nossas mãos. É em contextos
como este que deixa de ser clichê a ideia de Juntos vamos fazer deste TEMPO DE AGIR o
que os socialistas são mais necessários do movimento de transformação da nossa socie-
que nunca. Além do mais, a audácia da nossa dade por que ansiávamos.
ação política pode mesmo ser o antídoto para
muitos dos males que atravessamos.

A Juventude Socialista foi protagonista de


SAUDAÇÕES
sucessivas e profundas mudanças sociais JOVENS SOCIALISTAS,
no nosso país. Essa tradição reformista é
uma história de luta que sempre extravasou
os limites do institucionalismo partidário.
Próximos do terreno e dos jovens, ligados aos
movimentos sociais e associativos, irreveren-
tes na propositura e na comunicação, a JS MIGUEL COSTA MATOS
encontrou no ativismo a sua melhor expres-
são de militância. Militante n.º 102.997
Candidato a Secretário-geral
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02
AGIR POR
NOSSAS MÃOS

Ninguém esperava o ano de 2020 que e social do final da última década, produto da
vivemos. Era impossível antecipar que uma especulação financeira e imobiliária, levou a
pandemia nos confinaria às nossas casas e que uma geração visse os seus sonhos adia-
mergulharia a economia mundial numa crise dos e a sua existência marcada por um brutal
sem precedentes. Foi um ano diferente que aumento das desigualdades socioeconómi-
nos obrigou a digitalizar as nossas vidas, cas e pela precarização do mundo laboral. A
desde o emprego à participação política. nossa geração sofre agora pela segunda
vez uma crise económica e social provo-
A pandemia veio interromper a recupe- cada pela maior crise epidémica dos últimos
ração das crises de 2008 e 2011. A partir de cem anos, ao mesmo tempo que enfrenta uma
2016, Portugal viveu os seus primeiros 3 anos crise climática produzida pela sobreexplora-
de convergência económica com a União ção dos recursos do planeta que ameaça a
Europeia desde a adesão ao Euro, alavan- nossa existência.
cando não só mais como também melhor
emprego. O rendimento disponível regressou Hoje, somos convocados na resposta a
ao mesmo nível de poder de compra de 2010 esta crise económica e social a fazer dife-
e os serviços públicos começavam a sarar de rente do que se fez na anterior crise. Até
cortes muito profundos. Tudo isto enquanto o o FMI reconhece o fracasso da austeridade,
défice instável tornou-se num superávit cre- que alguns implementaram com gosto e por
dível, conciliação que a direita apelidou de excesso, e valoriza o papel do investimento
“aritmeticamente impossível”. público enquanto alicerce não só da procura,
como também de melhores condições para
Somos uma geração vítima das contradições as empresas singrarem.
do sistema capitalista, que provoca crises e
perpetua desigualdades. A crise económica
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Para qualquer jovem socialista, o primeiro horizonte de ação, em que «quem decide é
objetivo nos próximos dois anos é vencer a a vontade», a que agora só se furta quem se
crise económica e evitar uma repetição do quer eximir de responsabilidades.
que a anterior crise representou. Não quere-
mos voltar a perder meio milhão de familiares, Hoje há quem queira equiparar a construção
amigos e vizinhos para a emigração, nem des- conjunta de alternativas no quadro da nossa
perdiçar o talento de tantos que deixam de ou Constituição a uma barganha que oferece
nunca começam a estudar. uma revisão constitucional a troco do apoio
parlamentar de um partido de extrema-direita
Para isso os socialistas terão de permane- com propostas racistas, machistas e xenófo-
cer fiéis aos seus valores e a Esquerda terá bas. Na Juventude Socialista, não aceitamos
de persistir no diálogo que, contra as expe- falsas equivalências.
tativas de tantos e as diversas adversidades,
permitiu 4 anos de estabilidade, reformas e Não podemos, nem iremos, resignar-nos
crescimento. A candidatura que assumi- com a ascensão da extrema-direita nem
mos à liderança da Juventude Socialista é demitir-mo-nos de convencer eleitores cujos
inequivocamente a favor da Geringonça e valores presumimos não partilhar. A política
da sua urgente renovação. Hoje a intransi- é uma constante batalha de ideias em que
gência irresponsável de uns é não só causa não há vazios. Este é também o TEMPO DE AGIR
de alegria para todos os que dela duvida- por uma desforra na batalha de ideias, inver-
ram, como é, sobretudo, causa de incerteza tendo o dano dos socialistas terem desertado
para muitos que precisam da Esquerda para da batalha contra a criação de um mercado
vencer a crise, salvar o planeta e defender a desregrado.
democracia.
Nascida no seguimento da queda do Muro de
A relevância do processo de convergência Berlim, a ilusão do Fim da História, da perpe-
dos últimos anos não é, contudo, meramente tuidade da paz e da prosperidade económica
conjuntural. É símbolo de democracia, do alcançada através de “mercados livres” come-
valor intrínseco e da capacidade real de dis- çou a ruir desde o início do século, tendo
cussão e convergência, onde ninguém é dono colapsado por completo em conjunto com a
da razão. Sobretudo, é estrutural, não só pela queda do “muro” de Wall Street em 2008. Não
diferença que fez na vida de tantas pessoas era, então, a credibilidade do Estado mas a
mas também porque confirmou para a nossa autoridade do mercado que estava posta em
e para todas as gerações a abertura de um causa.
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Neste período, deixámos de ser cidadãos económico que lhes negava dignidade e por
para passarmos a ser consumidores e per- um Estado Social que foi, na sua génese, uma
mitimos que o poder político fosse capturado ideia radical.
pelo poder económico. A Globalização trou-
xe-nos avanços extraordinários, mas a sua Também em Portugal, podemo-nos orgu-
expansão vertiginosa, sem mecanismos de lhar dessas credenciais, sem qualquer receio
regulação, levou à desindustrialização, ao de ser incompatível com o facto de termos
dumping social, à financeirização da eco- governado ao longo de 20 dos últimos 40
nomia, ao mesmo tempo que abdicámos de anos. Governo após governo, foi o PS quem
defender o Estado Social, um Estado inter- teve coragem de enfrentar interesses instala-
ventivo e forte. Deixámos, assim, que a dos e reformar - desde a criação do SNS ao
desigualdade, a precariedade laboral e um fim das subvenções vitalícias para políticos.
elevador social paralisado corroessem a eco-
nomia e a democracia. Assumir a rutura com esta política de
submissão ao capitalismo financeiro não
Foi neste contexto que o projeto de sociedade significa um retorno a um socialismo dog-
da Terceira Via se esgotou. Urge reformarmos mático, mas sim a uma recentralização do
o nosso sistema económico, relançando o papel do Estado como agente de inovação,
modelo social que garantiu a prosperidade e uma maior descentralização do poder (dando
o bem-estar necessários à consolidação das uma outra dimensão à vida democrática) e o
classes médias no século passado. Mesmo reconhecimento do papel do Estado Social
que, porém, as contradições internas do capi- como coração da social-democracia, como
talismo não o tivessem implodido em 2008, a exigência da liberdade e pressuposto de uma
negligência para com os mais vulneráveis da verdadeira democracia política, económica,
sociedade, julgando-os cativos à esquerda, social, cultural e ambiental.
revelaram-se, a prazo, fatais.
O TEMPO DE AGIR que pretendemos encetar
O Partido Socialista tem uma missão con- na Juventude Socialista será irredutível no
victamente reformista - de transformar cumprimento dessa vocação reformista,
o mundo por nossas mãos. Muito antes procurando novas avenidas de aprofunda-
dos que hoje se apelidam de anti-sistema, mento do caminho para uma sociedade sem
eram os socialistas que lutavam contra um classes, uma economia justa e sustentável e
sistema político que lhes negava sufrágio uni- uma democracia livre e participada.
versal e direitos sociais, contra um sistema
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A tentação tecnocrática de que muitos par- Foi com esse intuito que pretendemos fazer
tidos padeceram nos últimos 25 anos, sem desta Moção Global de Estratégia a mais par-
exceção para os socialistas, é outro fenómeno ticipada de sempre, que iniciámos roteiros em
que importa combater. Partidos cujos capi- proximidade e que apresentamos, em sede
tães os deixaram ideologicamente à deriva de reforma estatutária, um novo modelo para
cristalizaram-se no fechamento da própria a Moção Global de Estratégia. Com o intuito
militância partidária num determinado perfil de valorizar o pluralismo, propõe-se que a
onde não encaixa grande parte da nossa orientação política da JS deixe de co-depen-
sociedade. Urge, por isso, diversificar a base der da Moção Global de Estratégia e das
de militância partidária, alcançando faixas moções setoriais, criando a figura de Moções
etárias, graus de qualificação e setores de ati- de Resolução Política para o efeito, permi-
vidade subrepresentados, a fim de assegurar tindo aos delegados apresentar propostas de
que aqui se faz ouvir a voz de todos. alteração a seu respeito e reconfigurando a
Moção Global de Estratégia.
Vamos precisar, para isso, de uma nova
forma de fazer política. A via institucional de Antecipando esse espírito, a Moção Global
participação, importante que é, confronta-se de Estratégia a que nos habituámos, foi divi-
com uma maior exigência dos militantes por dida na que vos apresentamos, focada na
uma estrutura horizontal, momentos de dis- identificação de problemas prioritários e no
cussão política e, sobretudo, oportunidade projetar de ambições e atividades para os
de realizar o propósito transformacional que resolver, enquanto propomos aprovar, em
alimenta a nossa militância. É por isso que anexo à presente Moção mas da qual faz
TEMPO DE AGIR implica necessariamente mobi- parte integrante, um Programa Político
lizar a comunidade de ativistas da JS para ir à com maior detalhe sobre as respostas que
luta. propomos para cada problema.

Este novo paradigma apenas se consubstan- Somam à crise económica e social e à crise
ciará se construirmos a nossa ação política da democracia, já enunciadas, uma terceira
em proximidade - às pessoas, ao território e crise tão urgente quanto as demais, sob
à sociedade civil. A proximidade tem, ainda, pena de não sobrevivermos como espécie - a
de ser efetiva e consequente. Esse relacio- emergência climática. Urge devolver ao pla-
namento impõe-se externa mas também neta e à espécie humana as décadas de vida
internamente. que outras gerações lhes roubaram.
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Enquanto lutámos contra esta pandemia, assegurar uma transição digital justa, respon-
o confinamento evidenciou em tantos de dendo aos riscos em matéria de privacidade
nós uma pandemia silenciosa que há muito ou às desigualdades no acesso a equipamen-
devastava as vidas de tantos de nós - a saúde tos, infraestruturas ou competências.
mental. A JS tem de mais uma vez quebrar os
tabus e estigmas, como fez no passado com Temos de considerar como uma questão
a IVG e os direitos LGBT, para que possamos de igualdade o desígnio da coesão territo-
tratar com igual dignidade a saúde física e a rial. Não podemos aceitar que os socialistas
saúde mental, eliminando barreiras de custo tenham pensado e implementado instituições
e disponibilidade nos cuidados. que vençam as desigualdades económicas,
sociais, e tantos outras mas que tenhamos dei-
A agenda da igualdade e direitos tem xado agravar-se as desigualdades territoriais.
sido, verdadeiramente, um eixo fundamen-
tal através da qual a JS tem feito a diferença É justamente nesses termos, de unidade
na sociedade. Após importantes conquistas, nacional, que vemos o aprofundamento da
importa agora renovar essa agenda, desde a autonomia. Estaremos ao lado dos nossos
erradicação à violência de género, o combate camaradas da JS Açores e JS Madeira na
ao racismo estrutural e o direito à autodeter- defesa das suas regiões, do seu desenvolvi-
minação da identidade de género. mento e do seu governo próprio.

A transversalidade da cultura e do associati- O momento de transformação do poder


vismo constituem oportunidades ímpares de local implica um olhar crítico sobre a sua
construção democrática. A JS tem de promo- arquitetura e organização. A um ano das elei-
ver melhores condições para a participação ções autárquicas temos uma ambição de
associativa, a fruição cultural e a produção somar mais juventude nos programas e nas
artística. Para tal será determinante reforçar- listas do Partido Socialista, através da forma-
mos os nossos laços com estes setores. ção de uma nova geração de autarcas e da
conceção de uma visão clara para os territó-
O digital assume-se como uma enorme rios e para o poder local.
oportunidade de transformação. A nossa
geração foi a primeira que nasceu com o digi- Defendemos os valores europeístas e sobre-
tal e somos, pois, pioneiros na sua adoção tudo a solidariedade. A globalização impõe
para transformar a educação, economia e que consigamos aprofundar a cooperação
administração pública. Temos, porém, de internacional para que se possa consolidar o
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espaço de afirmação de políticas progressis-


tas, da justiça e da paz. A Juventude Socialista
não se furta a ter aqui uma intervenção
europeísta e internacionalista.

Somos uma organização movida por


causas e construída por ativistas. É com a
força de todas e todos que vamos conseguir
imprimir uma nova forma de fazer política que
esteja à altura das crises do presente e dos
desafios do futuro.

A Juventude Socialista é herdeira de um pas-


sado de luta pela democracia e pela liberdade
e representante de um grande movimento
social e político com dois séculos de exis-
tência, cujo propósito é desenvolver uma
sociedade de iguais, onde o interesse cole-
tivo se sobrepõe aos interesses de apenas
alguns. Honrando a nossa história e todos
aqueles que lutaram pela liberdade e pelas
conquistas sociais de hoje, cabe-nos agora a
avançar essas mesmas conquistas para que
os que vierem a seguir encontrem um mundo
justo, sustentável e democrático.

Face ao contexto exigente que atravessamos,


a Juventude Socialista teria duas hipóteses: ESSE É O NOSSO
COMPROMISSO, É ESTE O
abandonar à sua sorte aqueles que defende
e que contam com a Juventude Socialista ou

NOSSO ROTEIRO.
tomar a postura de luta pelas causas pro-
gressistas, ecologistas e de esquerda. Só

VAMOS VENCER O FUTURO!


a segunda é que permite cumprir a nossa
assunção basilar: a de transformar o mundo
por nossas mãos.
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03
AGIR POR UMA
RESPOSTA DE
ESQUERDA À CRISE

Vivemos um tempo absolutamente extraor- apoio à retoma, da atuação dos estabilizado-


dinário como consequência da pandemia res automáticos e do reforço da capacidade
provocada pelo vírus da COVID-19, que nos de resposta do SNS, por outro lado, no médio
obrigou a reinventar a forma como nos rela- e longo prazo, necessitaremos de uma polí-
cionamos, trabalhamos e fazemos política. tica económica de esquerda que dê resposta
O surgimento desta pandemia colocou em às expectativas de estabilidade e mobilidade
causa o período de prosperidade económica social dos jovens portugueses.
que vivíamos em Portugal. No final de 2019,
por imperativo da governação do Partido Em 2008, o Mundo, a Europa e Portugal
Socialista, alcançamos o primeiro excedente enfrentam a maior crise financeira dos últi-
orçamental (0,2% do PIB) da história democrá- mos 100 anos, agravada pelo Crise do Euro
tica, a taxa de desemprego (6,5%) mais baixa de 2010. Portugal viu-se incontornavelmente
dos últimos 16 anos e os primeiros 3 anos de arrastado para um cenário de desequilíbrio
convergência com a União Europeia desde a financeiro profundo que produziu conse-
adesão à moeda única. quências socioeconómicas drásticas sobre
os portugueses. A política de austeridade,
Com o aparecimento deste inimigo invisí- executada pelo governo da direita liberal,
vel, vimo-nos obrigados fechar fronteiras agravou essas consequências e concreti-
da nossa economia desde o confinamento zou as maiores reformas de desregulação e
generalizado à paralisação do comércio inter- destruição de direitos de que há memória no
nacional. Rapidamente, antecipamos que Portugal Democrático.
a Crise Pandémica se materializaria numa
profunda Crise Económica e Social. Se, no Neste contexto, a nossa Geração enfrenta
curto prazo, soubemos retardar efeitos eco- agora a segunda crise das suas vidas e
nómicos dramáticos, através de medidas de espera da Juventude Socialista uma defesa
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inabalável por um modelo económico alterna- menos recursos. Na transição para o mer-
tivo e progressista que rompa com os cânones cado de trabalho, os desafios serão maiores
neoliberais e de ausência do Estado que dita- e as oportunidades mais circunscritas a
ram a resposta à crise de 2008-2010. Para a determinadas áreas de formação, podendo o
Juventude Socialista é imperativo que a res- ensino profissional continuar a ser encarado
posta à presente crise surja do renascimento de forma estigmatizada.
do keynesianismo, materializado numa polí-
tica económica expansionista e contra cíclica No contexto que hoje vivemos, a aposta nas
que responda ao desemprego, à quebra de qualificações dos jovens configura não só o
rendimentos, à destruição de emprego e à cumprir do direito à Educação para todos,
pobreza e exclusão social. mas também uma resposta à crise econó-
mica e Social. Na reconfiguração das cadeias
Antes da crise económica e social que de valor internacionais que esperamos na
vivemos, alguns jovens portugueses já retoma pós-Covid, será fundamental para
enfrentavam desafios à sua emancipação, Portugal conseguir posicionar-se como eco-
materializados na especulação imobiliária e nomia do conhecimento, apta a cá concentrar
na precariedade laboral. Hoje, estes fenóme- atividades de maior valor acrescentado. É por
nos agravaram-se e se nada fizermos ou se isso urgente investir em todos o graus de
cometermos os mesmos erros do passado, é ensino, apostando num sistema educativo de
expectável que a taxa de desemprego jovem qualidade e acessível a todos, capaz de munir
retome valores históricos apenas compará- os jovens de ferramentas para construir o seu
veis com os que se registaram nos anos da futuro.
austeridade. Entre fevereiro e agosto, 20% dos
jovens empregados perderam o seu emprego A estagnação dos métodos de ensino con-
e a recuperação está a revelar-se muito mais trasta com a evolução do conhecimento digital
lenta entre este grupo etário. por parte dos mais jovens, comprometendo
aquele que será um grande desafio futuro: a
Em matéria de Educação e Ensino Superior educação e preparação para uma sociedade
é expectável que os números do insucesso e em constante mudança. Defender os jovens
abandono escolar possam galopar ao sabor neste contexto é, para nós, garantir um melhor
da quebra dos rendimentos das famílias. ambiente na sala de aula, estimular o desejo
No curto prazo, o ensino à distância poderá de aprender, diversificando os meios dispo-
materializar-se numa exclusão dos alunos níveis aos professores para ensinar e aos
integrados em agregados familiares com alunos para aprender. Deste modo, o ensino
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exige uma constante atualização de conteú- Na Habitação esta crise já provou que a
dos, sendo de extrema importância incentivar especulação imobiliária continuará a ser uma
o pensamento crítico e a criatividade dos realidade, que a taxa de esforço financeiro
jovens para que consigam dar resposta um das famílias portuguesas com as despesas
mundo em evolução exponencial. de habitação continuará a ser das mais ele-
vadas da Europa, que os jovens continuarão
Para a concretização de um Portugal mais a ficar praticamente excluídos do mercado
qualificado, em que o Ensino Público seja o de compra e venda de casas e sujeitos a um
principal garante da igualdade de oportunida- mercado de arrendamento selvagem. O cená-
des e do funcionamento do elevador social, é rio poderá ser ainda mais prejudicial para os
essencial: estudantes deslocados que já se tinham que
sujeitar, até aqui, ao arrendamento de quartos
Garantir uma Escola Pública que forme por valores superiores a 300 euros nas áreas
cidadãos conscientes e participativos; metropolitanas de Lisboa e Porto. ASSIM, NESTE
NOSSO TEMPO DE AGIR, PROPOMOS-NOS A:
Caminhar, progressivamente, para o fim
das propinas em todos os ciclos de estu- Lutar pelo aumento do parque habitacio-
dos do Ensino Superior; nal público até este representar 10% da
oferta em 2030;
Modernizar e adaptar o ensino em sala de
aula para um modelo mais participativo, Eliminar a lógica de “gueto” e estigma-
multidisplinar e formativo; tização em torno da concretização das
políticas de habitação social, assegurando
Valorizar o Ensino Profissional, com- que essa habitação nunca seja mais do
batendo estigmas e preconceitos e que 25% da habitação existente em deter-
promovendo a readaptação da sua oferta minado arruamento ou bairro;
formativa à realidade de cada território;
Responder às necessidades expressas de
Garantir uma gestão democrática do habitação estudantil, garantido até 2030
ensino com a participação dos alunos; um quarto numa residência a todos os
estudantes deslocados. Os encargos com
Reforçar os mecanismos de incentivo à a habitação não podem ser uma segunda
participação extracurricular e associativa propina.
dos estudantes.

MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 14

Defender uma nova política de habitação contratação de novos falso recibos verdes
para jovens, através do combate ao arren- para a Administração Pública;
damento e subarrendamento encapotado.
Assegurar horários decentes, com a
No Trabalho, o desemprego jovem poderá expansão do limite para 35 horas sema-
tornar-se novamente um flagelo da nossa nais de trabalho e um novo regime laboral
Geração, amputando sonhos e adiando deci- para o teletrabalho;
sões fundamentais ao futuro coletivo do país,
como a constituição de família. O teletrabalho Promover a democratização das empre-
– nova realidade imposto pela pandemia – será sas e defender salários justos, para que
uma forma de relação laboral que veio para até 2020 a média de desigualdade salarial
ficar e que poderá resultar na falta de digni- entre gestores e trabalhadores do PSI20
dade dos trabalhadores através da destruição seja reduzida em 40%;
de direitos laborais. Ainda que possa e deva
ser encarada como uma medida para a fixa- Reivindicar o aumento continuado e
ção de quadros qualificados nos territórios de sustentado do salário mínimo nacional,
baixa densidade. A necessidade emergente convergindo, progressivamente, com a
de emprego poderá levar os trabalhadores e zona euro.
os jovens a sujeitar-se a cenários profissio-
nais que atentam contra os direitos laborais. Proteger o emprego jovem através do
A necessidade de sustentar a atividade eco- aumento do valor pago pelos estágios
nómica poderá conduzir alguns a tentar uma do IEFP e da proibição dos estágios não
nova flexibilização do mercado de trabalho, remunerados.
alimentando ciclos viciosos de precariedade.
Acreditamos na virtude da Intervenção do
Para a concretização de um Portugal que ofe- Estado na Economia, sem a qual não haveria
rece condições de trabalho digno e salários mercado, e que se impõe venha a recrudes-
justos, A CANDIDATURA TEMPO DE AGIR LUTA POR cer para fazer face aos dilemas económicos
TRABALHO DIGNO E DE QUALIDADE PARA TODOS, e sociais que enfrentamos. Não poderemos
PARA ISSO PROPONDO-SE A: voltar atrás na reposição de rendimentos e
é emergente combater a expectável quebra
Combater a precariedade, reforçando as de rendimento disponível das famílias por-
fontes de financiamento e a capacidade tuguesas. Não poderemos optar novamente
executiva da ACT e impossibilitando a pelo desmantelamento do Setor Empresarial
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 15

do Estado, assim como é essencial que o saúde, salvaguardando a sustentabilidade da


Estado assuma um papel investidor e promo- Segurança Social e defendendo que o Estado
tor dos setores estratégicos e de iniciativas assuma um papel de fundo no relançamento
inovadoras para o provisionamento e desen- da sua economia, A CANDIDATURA TEMPO DE
volvimento do país. AGIR PROPÕE-SE A:

No Estado Social é fundamental compen- Não voltar atrás na luta pela reposição de
sar o extraordinário esforço financeiro que o rendimentos e proteger a manutenção do
Sistema de Segurança Social tem assumido no rendimento disponível das famílias;
combate às consequências socioeconómicas
da pandemia, por forma a não comprometer a Efetuar uma revolução fiscal com vista a
sua estabilidade de médio e longo prazo. As aumentar a progressividade do sistema
fragilidades espelhadas pela pandemia pro- fiscal e expandir o recém-criado “IRS
vam-nos que é chegada a hora de completar Jovem” destinado a jovens trabalhadores;
um Estado Social que até aqui excluiu da sua
provisão pública a infância e a velhice. Relançar a Economia através da defensa
de investimento público criterioso, seletivo
A pandemia colocou à prova o Serviço e estratégico e do reforço de financia-
Nacional de Saúde (SNS) – a maior conquista mento público em I&D;
do Portugal Democrático – espelhando como
nunca, a importância de um sistema público Defender mais e melhor Estado nos seto-
de saúde que não deixe ninguém para trás. res estratégicos ao provisionamento do
Todavia, a Saúde enfrenta um dos momen- país, como o transporte rodoviário, a ener-
tos de maior fragilidade, onde é imperativo gia e o serviço de correio postal;
assegurar meios financeiros e humanos, mas
também novas práticas e novas políticas que Salvaguardar o Sistema Público de
cumpram um SNS com igual padrão de quali- Segurança Social, motivando a discussão
dade em todo o território nacional. em torno da diversificação das fontes de
financiamento da Segurança Social, atra-
Para a concretização de um Portugal que vés do reforço das contribuições vindas
não abdica das suas principais conquis- do capital e da propriedade, bem como
tas democráticos como o SNS e o Estado contribuições em organizações com ele-
Social, fortalecendo o sistema público de vadas taxas de rotatividade;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 16

Prestar um serviço público de cariz uni-


versal na infancia e na velhice, garantido
uma sistema de creches e lares público e
de qualidade;

Robustecer o SNS, através do investi-
mento nos cuidados de saúde primários,
do aumento da comparticipação na aqui-
sição de fármacos e reforço da autonomia
da gestão hospitalar;

Assegurar um melhor sistema público
de saúde que se concretize no aumento,
em termos reais, do número de profissio-
nais de saúde e no estudo da dimensão
do aumento do número de vagas para a
especialidade médica, principalmente
nos hospitais públicos dos territórios de
baixa densidade.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 17

04
AGIR POR UM
PLANETA
SUSTENTÁVEL

A transformação do modelo económico-so- 2. Não se pretende uma transição a qualquer


cial que levará à construção de uma sociedade custo e muito menos se aceita que sejam
sustentável é a maior causa socialista desde aqueles que menos contribuíram para a crise
a revolução que levou à recuperação do climática, os que mais sofram das consequên-
regime democrático em Portugal e um pouco cias da necessária transição.
por todo o mundo. Esta é uma problemática
que incide na base dos ideais do socialismo Para este problema complexo é crítico
democrático - as alterações climáticas são garantir uma solução robusta assente em
uma questão de igualdade entre povos e de vários princípios que a Juventude Socialista
liberdade e fraternidade com a natureza. deve preconizar na sua ação política. Desde
logo, a íntima cooperação com a ciência que
Esta é, também, uma ameaça à justiça permita chegar a soluções efetivas; depois, a
social. Por um lado, porque sabemos que as necessidade de criar um compromisso polí-
consequências climáticas, como catástrofes tico alargado que permita uma estabilidade
naturais, afetam mais severamente as clas- legislativa entre Governos e a continuidade
ses menos favorecidas. Por outro, porque a das medidas de mitigação e adaptação; em
transição para um modelo económico menos terceiro lugar, a ambição das políticas - é
poluente também impacta de uma forma crucial que as medidas tenham efeitos tão
mais intensa as classes mais desprotegidas. imediatos quanto possível para mitigar as con-
Destas duas premissas, nascem duas exigên- sequências futuras de uma resposta tardia;
cias que, respetivamente, se estabelecem no finalmente, ao mesmo tempo que se exigem
seguinte: efeitos imediatos, é crítico que as medidas
não respondam apenas ao curto prazo, mas
1. Devem ser tomadas, desde já, políticas de ao longo prazo, assegurando a verdadeira
adaptação às alterações climáticas que prote- transição para uma sociedade mais susten-
jam a sociedade portuguesa das inevitáveis e tável, assegurando a qualidade de vida das
já visíveis consequências climáticas. gerações vindouras.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 18

Desde que se reconhece o impacto nega- impacto acrescido no aumento da frequên-


tivo das atividades humanas sobre o meio cia e intensidade de fenómenos climáticos
ambiente, tem havido um crescente consenso extremos como chuvas, secas, tempestades
científico e político sobre a urgência de atuar tropicais, incêndios florestais e o surgimento
perante os problemas que se impõe com a de fenómenos em latitudes onde não seriam
crise das alterações climáticas. expectáveis (IPCC, 2018). Reconhecendo os
riscos para a humanidade subjacentes a este
De acordo com o relatório do IPCC (2018), contexto, é fundamental que nos mobilizemos
as atividades humanas já terão causado um enquanto sociedade para o evitar.
aumento da temperatura média na atmosfera
de cerca de 1ºC desde a época pré-indus- Ao nível europeu, tanto a Comissão Europeia
trial. Na mesma linha, de forma a evitar um como o Parlamento Europeu têm dado sinais
aumento continuado da temperatura média que, efetivamente, querem tomar a dianteira
da Terra nas próximas décadas, será neces- no combate às alterações climáticas com a
sário atingir, numa primeira fase, neutralidade recente aprovação no Parlamento Europeu
carbónica e, ainda, garantir um balanço nega- de redução das emissões de gases de efeito
tivo entre o carbono emitido e o carbono de estufa (GEE) em 60% até 2030, face aos
capturado, como forma de evitar os impactos níveis de 1990.
de feedback positivo. Garantir que o aumento
da temperatura da terra face aos níveis pré-in- No entanto, a UE tem apresentado diversas
dustriais seja inferior a 1.5ºC, é fundamental fragilidades na sua ação. Se por um lado, esta-
pois os impactos negativos para os sistemas beleceu um mercado de licenças de emissão
naturais e humanos com esse aumento serão (apesar das suas debilidades) e aprovou o
maiores. Pacto Ecológico Europeu, por outro lado exis-
tem setores da economia que continuam a
De facto, se o aumento médio da tempera- aumentar as suas emissões (p.e. transportes),
tura da terra face aos níveis pré-industriais ao mesmo tempo que a UE tem apoiado e
não for estabilizado até 2100 em 1.5ºC, então permitido os apoios a diversos setores com
o risco de atingirmos o ponto de não retorno um peso significativo na emissão de GEE,
com danos irreversíveis para ecossistemas, como os ligados à extração de combustíveis
fundamentais às atividades humanas, será fósseis.
acrescido. Por fim, um aumento da tempera-
tura média da terra, superior a 1.5ºC, terá um
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 19

Adicionalmente, a política vigente, de prio- de todos os setores, com particular incidên-


rização do crescimento económico que cia na indústria, mobilidade, agropecuária
ignora as noções como a sustentabilidade e energia, setores que segundo o Relatório
e o estado do meio ambiente, leva a que os do Inventário Nacional da APA representam
países mantenham o mesmo foco no cresci- 84,6% do total de emissões de GEE para a
mento da economia, muitas vezes, a qualquer atmosfera em 2018. Tendo isto em conta, a
custo. A União Europeia, apesar da iniciativa solução é, inevitavelmente, transversal a todos
“Beyond GDP”, ainda tem muito trabalho pela os setores da economia portuguesa, com um
frente para garantir a integração de indicado- esforço coletivo, sistémico e interligado.
res alternativos para efeitos de avaliação dos
resultados dos países NESSE SENTIDO, É NOSSA AMBIÇÃO NESTE TEMPO
DE AGIR:
Em Portugal, segundo o Eurobarómetro
especial 490 - Alterações Climáticas, de 2019, Antecipar a meta da neutralidade climática
87% da população portuguesa considerava para 2035, duplicando assim a velocidade
as alterações climáticas um problema muito da descarbonização;
grave. A organização por parte da sociedade
civil através do ativismo tem sido reveladora Libertar a sociedade do consumo e do
desta esmagadora tendência de preocupação desperdício, transitando de um modelo de
com o problema das alterações climáticas em crescimento económico linear assente na
Portugal, sendo fundamental que as políticas extração, produção, consumo e descarte,
públicas se capitalizem nesta mobilização e para um assente na circularidade;
ganhem força para a sua implementação.
Reduzir a dependência da sociedade de
No entanto, e não obstante, todo o investi- recursos energéticos não renováveis e
mento público na transição energética para minimizando o impacto emissor dos seto-
a produção de eletricidade renováveis (que res dos transportes, energia, indústria e
em 2018 representaram 55,2% da produção agropecuária;
de energia segundo a APREN), Portugal ainda
apresenta uma economia baseada nas emis- Garantir que todas as decisões políticas
sões de carbono. são alinhadas com as metas definidas;

Para evoluirmos para uma sociedade sus- Potenciar a bio e geodiversidade do nosso
tentável, a descarbonização da economia é território, assim como a proteção do
essencial, devendo esta ser operada ao nível património natural;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 20

Assegurar que esta transformação socie- Dinamizar formações que capacitem a


tal seja justa para classes sociais mais ação política dos militantes da JS nesta
vulneráveis, bem como adaptada às espe- área;
cificidades dos territórios;
Aproximar a JS aos movimentos cívicos
Garantir que o Estado protege a popula- e ativistas, associações de estudantes
ção das consequências das alterações e ambientais, entre outras, que defen-
climáticas. dam uma ação climática urgente. Iremos
adotar, quando necessário, uma postura
PARA TAL, É TEMPO DE AGIR PARA: mais ativista, interventiva e energética no
combate à emergência climática.
Adotar legislação que vincular a ação
política às metas definidas, tal como a Lei
de Bases da Política do Clima;

Articular entre a estrutura nacional e


as estruturas locais concelhias para
a apresentação de propostas ao nível
autárquico;

Cooperar a nível internacional em maté-


ria de alterações climáticas afirmando, na
cena política internacional, o Tratado de
Paris como uma das maiores conquistas
de um mundo multilateral procurando
aprofundar ainda mais as suas metas;

Promover a partilha de boas práticas no


que diz respeito às iniciativas de combate
às alterações climáticas, desta vez, entre
diferentes concelhias e federações;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 21

05
AGIR PARA
DEFENDER
A DEMOCRACIA

Pugnamos pelo socialismo democrático instituições democráticas, e com a reemer-


porque não concebemos o socialismo sem gência de movimentos populistas, xenófobos
democracia, e porque valorizamos na mesma e autoritários. A crise da Democracia cor-
medida os valores da igualdade e da liberdade. responde, na verdade, à soma de três crises
Historicamente, a Esquerda Democrática diferentes:
nasce da aceitação da democracia represen-
tativa como motores de diálogo social, e do 1. Primeiro, a uma crise da cidadania, com
respeito pela expressão eleitoral das maiorias a expansão dos valores do mundo pós-
sociais existentes em cada momento. -moderno e da sociedade de consumo,
que levaram a uma progressiva indife-
O Século XX mostrou-nos como a desi- rença pelas questões de consciência
gualdade, o ódio e a intolerância levaram à coletiva e a um recuo da participação
degenerescência das democracias liberais. cívica e democrática.
Também em Portugal, os nossos antepas-
sados republicanos trataram de promover 2. Segundo, a uma crise do poder político,
o alargamento da literacia e da cidadania na qual a soberania dos Estados-Nação
democráticas e foi nessa mesma tradição se encontra cada vez mais ameaçada
que, décadas depois, os socialistas portu- pela captura do poder político pelo poder
gueses foram uma força liderante na luta pela económico e pela crescente primazia da
liberdade e pela preservação da democra- tecnocracia na decisão política.
cia. A história do PS e da JS confunde-se, por
isso mesmo, com a história da democracia 3. Terceiro, a uma crise das expecta-
portuguesa. tivas de mobilidade social, em que
as crescentes desigualdades sociais,
A Democracia atravessa, hoje, uma nova a estagnação do elevador social e os
crise, um pouco por todo o Mundo, com uma desequilíbrios económicos gerados pela
desconfiança crescente dos cidadãos nas Globalização criaram um sentimento
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 22

de frustração e desconfiança nas clas- usada como arma de arremesso por aque-
ses médias e trabalhadoras para com les que querem destruir o nosso modelo de
as elites económicas e políticas, criando sociedade. Sendo certo que este fenómeno
uma crescente dificuldade em articular é influenciado pelo contexto cultural e edu-
ou superar as diferenças entre visões cacional, uma agenda social democrata não
cosmopolitas e paroquiais sobre o mundo pode deixar de assumir um compromisso exi-
em que vivemos. gente com a dignificação da atividade política
e com uma agenda de combate à corrupção.
É da instrumentalização e amplificação
destas clivagens sociais, económicas e A desintermediação da comunicação
políticas que se alimentam os movimentos e as redes sociais criaram uma nova reali-
populistas emergentes, apresentando-se aos dade que permitiu uma oportunidade única
cidadãos com projetos pretensamente refun- de reforço da liberdade de expressão mas
dacionais mas que mais não são mais do que que nos coloca também novos desafios. A
uma ameaça aos direitos, liberdades e garan- democratização da produção de informação
tias fundamentais e que constituem um pilar e a criação de novos espaços de comuns
estruturante do modelo de sociedade em que de debate abriram a porta às fake news,
queremos viver. A Democracia é, por isso aos factos alternativos e à pós-verdade. A
mesmo, um exercício permanentemente ina- Juventude Socialista defende e reforça o seu
cabado que se constrói todos os dias. Cabe a compromisso com a liberdade de expressão
todos os democratas manterem-se vigilantes e com o livre acesso à informação mas igual-
na luta pela preservação da democracia. mente com o direito de acesso à informação
verídica e fidedigna, ao qual as fake news
A corrupção é porventura um dos maio- constituem, atualmente, a maior ameaça. É
res inimigo do Estado Social, no sentido em preciso, por isso, procurar criar condições que
que desvia recursos que deveriam ser cana- permitam facilmente identificar as fake news e
lizados para reforçar as funções sociais do assim impedir a sua disseminação nas redes
estado e os serviços públicos e para apoiar sociais, combatendo “os populismos” a elas
quem mais precisa, agravando um sentimento frequentemente associado. Por outro lado,
generalizado de injustiça social e acentuando entendemos ser necessário encontrar nestas
as desigualdades sociais. A corrupção corrói redes e seus utilizadores um meio eficaz de
a democracia, ferindo de morte a credibilidade divulgação e sensibilização de conteúdos que
dos agentes políticos e a confiança dos cida- reforçam a confiança no sistema democrático
dãos nas instituições, sendo frequentemente e dos seus valores constitucionais.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 23

A Juventude Socialista vê no direito à O exercício de uma cidadania ativa é ele-


educação a âncora para o combate à desinfor- mento crucial do regime democrático. A JS
mação, potenciando, não só o conhecimento, pugna por uma maior participação dos cida-
mas também o espírito crítico e escrutina- dãos nas decisões da vida coletiva da sua
dor, promovendo no seio da Escola Pública comunidade, aos vários níveis de poder. A
uma verdadeira educação para a cidadania. democracia não se encerra no ato eleito-
Acreditamos, pois, ser crucial criar os ins- ral. A ausência de um vínculo permanente e
trumentos necessários de literacia cívica e constante no decurso dos mandatos conduz
política para que os erros do passado não a uma atitude inativa, sendo imprescindível
se cometam no presente e para a sociedade combater este fenómeno. Os elevados valores
portuguesa reavivar o espírito escrutinador da abstenção impelem-nos a criar soluções
e participativo de Abril. Neste âmbito, enten- para qualificar e reforçar a democracia
demos que a aposta na formação das novas representativa através de mecanismos
gerações é a melhor solução contra as ideolo- democracia participativa direta que possam
gias fascistas e populistas, garantindo a defesa funcionar numa lógica complementar, sem,
dos valores democrático-constitucionais. contudo, esvaziar a lógica da representação
política. Neste sentido, urge, cada vez mais,
Estabelecer como uma das nossas democratizar os cargos públicos, reforçar os
prioridades o combate às fake news, regimes de incompatibilidades e fortalecer a
reforçando o nosso compromisso com transparência e a prestação de contas dos
a liberdade de expressão e com o livre titulares de cargos políticos, de forma a for-
acesso à informação procurando, ao talecer os vínculos de representação política
mesmo tempo, um quadro regulatório entre os eleitos e os seus eleitores.
que proteja os cidadãos de desinforma-
ção intencional.
Defender a implementação dos
Orçamentos Participativos como uma
Aprofundar o caminho iniciado com o boa prática no plano autárquico, assim
lançamento da Estratégia Nacional de como outros mecanismos participativos
Educação para a Cidadania, monitori- que permitam o envolvimento direto dos
zando as dificuldades de implementação cidadãos na decisão política;
no terreno, bem como os diversos espa-
ços e oportunidades de participação Defender o alargamento do direito de
dentro da escolas, como é o caso do OP voto aos 16 anos;
Escolas.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 24

Estudar uma proposta de reforma do sis- desideratos, importa produzir diplomas mais
tema político e eleitoral que estabeleça simples, eficazes, participados e claros na
uma solução de equilíbrio entre a propor- linguagem.
cionalidade da representação política e
o reforço da proximidade entre eleitos e Defender a simplificação da linguagem
eleitores. jurídica constante das normas e leis
publicadas, para facilitar a compreensão
A Juventude Socialista defende que o acesso por parte dos cidadãos.
à Justiça é um direito fundamental através
do qual o Estado assegura que a todos é Uma democracia de confiança necessita de
conferida proteção por parte dos Tribunais serviços públicos de qualidade, capazes de
para garantia das posições que o Direito lhes atrair os melhores profissionais. Também na
concede, sobretudo àqueles que mais dela Justiça se deverá verificar essa tutela, Durante
necessitam. Ainda que durante os últimos as últimas décadas, verifica-se uma neces-
anos de governação pelo Partido Socialista sidade de dotar o sistema de justiça de mais
tenha sido possível reduzir substancialmente meios para a prossecução das suas finalida-
os processos pendentes, os Tribunais ainda des, acompanhando o aumento da litigância,
são tidos por instituições morosas, exces- bem como da complexidade das matérias
sivamente complexas e dispendiosas. As processuais, tendo resultado numa justiça
alterações ao mapa judiciário, efetivadas em morosa e sem resposta atempada à justiça
2013, feriram de morte, em muitos casos, exigida pela comunidade.
a proximidade do sistema de justiça para
com os cidadãos. É para inverter essa situa- Estabelecer um compromisso de inves-
ção que a Juventude Socialista entende ser timento no sistema de justiça, dotando-o
necessária uma reforma profunda do sistema de mais meios para a prossecução das
judicial português, procurando decisões tem- suas finalidades e reduzindo a morosi-
poralmente justas e um sistema de acesso ao dade processual;
direito sem barreiras e efetivamente acessível
aos cidadãos. Aprofundar medidas de reforço da trans-
parência e de combate à corrupção, no
Porque não há Justiça que resista a leis quadro da Estratégia Plurianual já apro-
incompreensíveis, o acesso ao Direito passa, vada pelo Governo.
igualmente, por uma técnica legislativa que
se paute pela clareza, permitindo ao cidadão
melhor compreender as normas aplicáveis
à vida em sociedade. Para cumprir esses
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 25

06
AGIR PELO
DIREITO À
SAÚDE MENTAL

Infelizmente, constatamos que a pandemia responsáveis pela sua capacidade de adap-


da Covid-19 levantou o véu de uma outra tação a diferentes contextos, a resistência
pandemia, silenciosa, que vem assolando à adversidade, a sua conduta na sociedade,
o nosso país, mas que é sistematicamente determinando quer o bem-estar individual
negligenciada: a da doença mental. As quer impactando sobre o bem-estar coletivo.
doenças do foro mental representam uma Contudo, durante os últimos anos, a saúde
percentagem considerável da carga global de mental tem sido um parente pobre na discus-
doenças em Portugal, só ultrapassada pelas são política sobre as áreas prioritárias para os
doenças cérebro-cardiovasculares. Portugal jovens e para o desenvolvimento do país.
é o 5º país da OCDE com maior consumo de
ansiolíticos e anti-depressivos pela popula- O desinvestimento nesta área da saúde tem
ção. O suicídio foi em 2016 a segunda causa um impacto muito significativo no bem-estar
de morte entre os nossos jovens. Já a carga individual, mas acarreta também problemas
de despesa global com problemas de saúde acrescidos para a nossa sociedade. Um dos
mental ascende a cerca de 3,7% do PIB portu- problemas de fundo neste âmbito é o estigma
guês. Cada um destes dados evidenciam algo negativo relacionado com as perturbações
claro: Portugal está muito longe de investir o do foro psicológico. Em Portugal, o estigma
que deve na saúde mental dos seus cidadãos. para com a saúde mental é gritante, sendo
co-responsável pelos graves problemas que
A promoção da saúde dos jovens portu- o país enfrenta nesta área. Muito enraizado
gueses bem como a de todos os cidadãos é numa visão biomédica de compreensão do
para a Juventude Socialista uma matéria que indivíduo por oposição a uma visão de base
merece a maior atenção. Quando falamos de biopsicossocial, o preconceito para com a
saúde referimo-nos à verdadeira aceção do doença mental alicerça-se tanto na incapaci-
termo que contempla quer a saúde física quer dade de se compreender que a saúde não se
a saúde mental dos indivíduos. As questões esgota no bem-estar físico, como na falta de
de saúde mental acompanham os indiví- literacia das pessoas sobre saúde mental.
duos desde o início da sua vida, sendo muito
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 26

Temos sido incapazes de promover informa- Propor a criação de Programas de


ção e de educação para estas questões, com Promoção de Competências Sócio-
consequências graves para a forma como Emocionais em todas as escolas do país
os portugueses (particularmente os jovens vocacionados para alunos de diferentes
que lidam com problemas psicológicos), níveis de escolaridade;
levando-os a negligenciar a sintomatologia
psicológica nos seus estádios mais precoces Desenvolver um Programa Nacional de
(quando é mais facilmente ultrapassável), a ter Literacia em Saúde Mental que actue aos
vergonha e medo de procurar ajuda, e a des- mais diversos níveis;
conhecer como e a quem recorrer.
Acrescentar a Saúde Mental como maté-
POR ISSO, É TEMPO DE AGIR PARA: ria a ministrar na disciplina de Currículo e
Desenvolvimento;
Cerrar fileiras e combater o estigma,
atuando ao nível da prevenção; Dotar os profissionais das Escolas e das
Instituições de Ensino Superior de mais
Criar uma verdadeira compreensão na competências na área para que consigam
sociedade que saúde não se refere apenas sinalizar, mais precocemente, potenciais
a saúde física, mas também mental e des- distúrbios psicológicos nos estudantes.
mistificar a sintomatologia psicológica;
O estigma está também, todavia, associado
Banalizar o recurso a profissionais de à fragilidade no nível da resposta. Não só
Psicologia e Psiquiatria tal como a um temos uma baixa cobertura de serviços de
médico de clínica geral; apoio, acompanhamento e tratamento de
perturbações psicológicas e psiquiátricas ao
Propor o reforço do âmbito do Programa nível dos cuidados de saúde primários, como
Nacional de Promoção da Saúde Mental e enfrentamos barreiras no acesso a esse tipo
da aposta no desenvolvimento de campa- de acompanhamento onde é mais necessá-
nhas direcionadas por faixa etária; rios (i.e., centros de saúde, hospitais, escolas
e organizações). Resulta daí que o acesso a
Propor a criação de um Programa avaliação e acompanhamento psicológico
Nacional de Combate à Depressão e às não se democratize, sendo muitas vezes difí-
Perturbações de Ansiedade; cil, moroso ou, para quem pode, caro.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 27

A conjunção destes dois problemas estru- A precariedade, a dificuldade de conciliação


turais ao nível da saúde mental – falta de trabalho-família, os horários desregulados ou
prevenção da doença e carências no acesso por turnos, o ambiente de trabalho conflituoso
a tratamento -, e das múltiplas fragilidades ou de falta de apoio, a permeabilidade do digi-
que lhes estão associadas, conduziram-nos tal a abusos dos empregadores, a sobrecarga
a uma realidade preocupante que é agora de trabalho, entre outros, são fatores deter-
exacerbada pelo isolamento social e pela minantes para quadros de fadiga extrema, de
crise económica e social instalados pela pan- stress e ansiedade, e síndrome de Burnout
demia, quer na população mais jovem quer que afetam de forma significativa o bem-estar
na população mais idosa. Quase metade da dos trabalhadores e, por conseguinte, a pro-
população portuguesa se diz psicologica- dutividade das organizações.
mente afetada pelos efeitos da pandemia.
Sabemos também que problemas do foro Da mesma forma, constatamos que em
psicológico e psiquiátrico alteram de forma Portugal ser-se mais pobre acarreta um maior
substancial a capacidade de adaptação e de risco de desenvolvimento de doença mental,
sobrevivência dos indivíduos face a crises e inclusivamente, maior probabilidade de infe-
desta ordem. ção pela Covid-19, é constatar que a doença
mental não atinge os diferentes estratos
NESSE SENTIDO, É TEMPO DE AGIR para demo- sócio-económicos da mesma forma, uma rea-
cratizar o acesso ao acompanhamento lidade à qual nenhum jovem socialista pode
psicológico através do Serviço Nacional de ficar indiferente.
Saúde (SNS), sendo que para isso queremos:
EM MATÉRIA DE SAÚDE MENTAL EM CONTEXTO
Garantir o acesso imediato e continuado LABORAL, É TEMPO DE AGIR PARA:
no tempo a acompanhamento psicoló-
gico, criando a figura de “Psicólogos de Combater o aumento das questões de
referência” para todos os utentes; saúde mental em contexto laboral;

Reforçar do número de profissionais e o Diminuir os riscos psicossociais ine-


investimento noutras medidas comple- rentes ao trabalho que impactam de
mentares como o cheque-psicólogo. forma profunda os trabalhadores e as
organizações;
Por outro lado, não podemos ignorar as cada
vez mais frequentes questões de saúde mental Defender a obrigatoriedade das orga-
que emergem também em contexto laboral. nizações avaliarem anualmente riscos
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 28

psicossociais e formularem planos de NESSE SENTIDO, É TEMPO DE AGIR PARA, NO SEIO


prevenção e intervenção nos fatores em DA JS:
contexto laboral;
Implementar a iniciativa “Mês da Saúde
Criar a figura do “Psicólogo do Trabalho”, Mental” passando pela dinamização de
que passa pela obrigatoriedade da atividades de sensibilização de âmbito
inclusão de psicólogos nas equipas de nacional;
medicina no trabalho.
Quebrar o tabu e promover campanhas
Acreditamos também que a Ciência desem- que sensibilizem a opinião pública sobre
penha, nesta matéria da saúde mental, como problemas de saúde mental e encorajem
em todas as outras, um papel fundamental. a sua normalização;
Deve existir, por isso, uma maior aposta em
investigação científica para fazer progredir o Liderar pelo exemplo, melhorando a lite-
conhecimento científico sobre os processos racia, reduzindo o estigma e promovendo
psicológicos e sobre as intervenções psicoló- um espírito de compreensão e apoio
gicas mais eficazes, acreditando estar assim sobre problemas de saúde mental.
a reforçar mecanismos de diagnóstico e inter-
venção mais precoces e que seguramente
não deixam ninguém para trás.

Por todas estas razões, entendemos a saúde


mental como uma área prioritária da acção
futura da Juventude Socialista: porque enten-
demos o quão importante se afigura a sua
promoção para garantir que todos possuem
o bem-estar que merecem para realizar o seu
projeto de vida e porque acreditamos estar
a trilhar um caminho que permitirá ao país
responder melhor aos mais vulneráveis entre
nós.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 29

07
AGIR POR UMA
SOCIEDADE EM IGUALDADE
E DE DIREITOS

Portugal conheceu, nos últimos anos, gran- O conceito de verdadeira igualdade constitui
des avanços legislativos e civilizacionais em um dos pilares fundamentais e identitários da
matéria de igualdade, tendo a Juventude matriz ideológica do socialismo democrático,
Socialista desempenhado, historicamente, de que a Juventude Socialista, naturalmente,
um papel determinante na defesa dos direitos, comunga. Mais do que acreditar na igualdade
liberdades e garantias de todos os cidadãos, de oportunidades, ser Socialista é trabalhar
independentemente da sua etnia, orientação todos os dias para quem ela se efetive. É essa
sexual, identidade de género ou condição pulsão constante na luta pela igualdade que
socio-económica. nos leva a ser feministas, anti fascistas e anti
racistas. É o que nos colocou na frente da
Quando falamos em Princípio da Igualdade defesa de todas as pessoas LGBT+ e nos leva
devemos ter presente que este não é sinónimo a defender o multiculturalismo e a promover
de atribuição de um tratamento igual, sem uma sociedade decente, que pratique a soli-
mais, mas, antes, de “tratar de forma igual o dariedade entre todos, não deixando ninguém
que é igual, e de forma diferente o que é dife- para trás.
rente, na medida da própria diferença”. Além
de prosseguir uma política tendente a eliminar
AGIR PELO FEMINISMO
todas as formas de discriminação, compete
ao Estado adotar, se as circunstâncias o exi- Após o 25 de abril, iniciou-se em Portugal um
girem, medidas especiais e concretas para caminho legislativo e cultural rumo à igual-
assegurar o desenvolvimento ou a proteção de dade entre homens e mulheres. No entanto,
determinados grupos ou de indivíduos perten- apesar dos avanços significativos em maté-
centes a esses grupos, a fim de lhes garantir, ria legislativa, não podemos ainda dizer que
em condições de igualdade, o pleno exercício haja igualdade de oportunidades no nosso
dos direitos e liberdades fundamentais. país. À Juventude Socialista cabe não apenas
garantir que esses avanços sociais, como a
legalização da IVG ou a representatividade em
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 30

cargos públicos se consolidam, mas também bem-estar, onde os temas da conciliação são
abrir novas frentes de progresso. decisivos.

Até hoje, tem perdurado a regra de serem À precariedade e as desigualdades laborais


as mulheres as principais responsáveis pela associa-se a vulnerabilidade e a violência
execução de tarefas domésticas e de cuidado doméstica ou no namoro. Em 2019, morreram
da família, aumentando, em média 1 hora 13 26 mulheres vítimas de violência doméstica,
minutos a sua jornada de trabalho, quando um número que nos cobre a todos de vergo-
comparada com a do homem. Mas este não nha e que tem de ser combatido com a sua
é, nem de perto nem de longe, o único foco emancipação e empoderamento. Também a
de desigualdade no Trabalho. violência sexual, desde o assédio à violação,
continuam largamente por debater e carecem
A desigualdade ainda latente em questões de melhor investigação e quadro penal, para
laborais tem sido das mais árduas de supe- assegurarmos comunidades seguras e rela-
rar. Em primeiro lugar, os cargos de chefia e ções consentidas.
de gestão continuam a ser mais difíceis de
alcançar por mulheres. É também sobre as PARA CUMPRIR ESTES DESÍGNIOS, É TEMPO DE
mulheres que incide uma maior probabili- AGIR PARA:
dade de existência de contratos precários,
maior risco de pobreza e, evidentemente, um Assumir a JS inequivocamente como
inaceitável fosso entre o salário de homens organização feminista;
e mulheres que exerçam rigorosamente as
mesmas funções. Assegurar uma participação ativa e
liderante da Juventude Socialista em
São ainda poucos os homens a usufruir da movimentos feministas;
licença de parentalidade, apesar da lei já
garantir que possa ser partilhada pela mãe e Garantir o empoderamento feminino na
pelo pai. Esta reticência deve-se, em muitos JS, criando as condições para que surjam
casos, ao receio de estigmatização no local mais estruturas de liderança femininas
de trabalho. É essencial sensibilizar a socie- no seio da organização;
dade para a importância da paternidade e
para o direito e obrigação igual do acom- Reivindicar o alargamento e a utilização
panhamento dos filhos. Para a Juventude paritária de licenças de paternidade e
Socialista, promover a natalidade depende de maternidade;
construir uma efetiva sociedade de direitos e
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 31

Defender a criação até 2030 de uma rede DIREITOS LGBT+


universal e gratuita de creches públicas;
Em Portugal, tem-se intensificado, desde
Formar para a consciencialização e luta os anos 90, a luta por conquistas legislati-
pela igualdade de género, inclusivé no vas e civilizacionais, em relação aos direitos
seio das nossas práticas internas; da comunidade LGBT+, como é exemplo, a
inclusão do direito à não discriminação em
Promover campanhas, designadamente função da orientação sexual no artigo 13º
junto de escolas, sobre a partilha de tare- da Constituição da República Portuguesa, o
fas domésticas e a igualdade na vida direito ao casamento civil entre pessoas do
familiar; mesmo sexo, o direito de adoção e co-adoção
entre casais do mesmo sexo e o direito à auto-
Divulgar informação sobre desigualda- determinação de género. Estas foram lutas
des de género, nomeadamente a sua que a Juventude Socialista abraçou desde o
expressão no meio laboral e em termos primeiro minuto.
económicos;
Todavia, a lei está muitas vezes à frente de
Estudar a criação de uma taxa de penali- partes da sociedade, onde persiste a discrimi-
zação da desigualdade salarial de género, nação. Essa discriminação é particularmente
a incidir sobre as empresas que tenham evidente para com a comunidade transexual,
uma maior disparidade salarial entre cuja luta pela autodeterminação e acesso à
homens e mulheres ou não-binários; saúde importa dignificar, reconhecer e apoiar,
em todo o território português. Para garantir
Atribuir um cheque-menstruação para a plena inclusão e aceitação, é necessário
financiar a distribuição de produtos de dar uma forte e coesa resposta social, o que
higiene feminina indispensáveis; impõe um melhor conhecimento da própria
comunidade.
Combate à violência e assédio sexual
condenando a violação e a violência NESSE SENTIDO, É TEMPO DE AGIR PARA:
doméstica e no namoro, a educação para
o consentimento sexual e o reforço do Assegurar a participação ativa e liderante
apoio às vítimas através da criação de da Juventude Socialista em movimentos
centros de acolhimento temporário para de defesa dos direitos LGBT+;
as mesmas.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 32

Incluir a saúde LGBT+ nos planos cur- para aqueles que não se sintam confortá-
riculares de cursos ligados à saúde veis em nenhuma das outras duas casas
(enfermagem, medicina, etc.) e formação de banho.
de profissionais de saúde nessa área;
Incluir os cuidados de saúde mental e os
Garantir o acesso global à Profilaxia Pré- assistentes sociais no acompanhamento
exposição, reconhecendo-a como um de crianças e jovens LGBT+, nomeada-
instrumento útil na erradicação do HIV; mente as crianças e jovens trans.

Proibir terapias de conversão de orienta- Reconhecer como vital e urgente no con-


ção sexual; texto do SNS as terapias hormonais e
outros procedimentos médicos de rede-
Romper com o binarismo de género, signação sexual;
defendendo que cabe à autodetermi-
nação de cada um a sua identidade de Remover a necessidade de permissão da
género, mitigando os entraves legais e Ordem dos Médicos sobre os processos
médicos à mudança de sexo e legislando de redesignação sexual.
a existência de um terceiro género;

Impedir que as pessoas transsexuais INCLUSÃO E COMBATE AO RACISMO


sejam limitadas no acesso a consultas
que, de outra forma, apenas seriam aces-
síveis ao género oposto (e.g. ginecologia); Portugal é hoje um país diverso em termos
étnicos e multicultural, com uma comunidade
Defender a criação de clínicas de dis- migrante grande e integrada. Essa realidade,
foria de género em todos os centros que a extrema-direita tenta por vezes impug-
hospitalares, bem como mais Unidades nar, é legado de um colonialismo que ainda
de Reconstrução Génito-Urinária e não soubemos avaliar criticamente mas
Sexual; também de políticas de integração que, his-
toricamente, têm tido sempre o cunho dos
Assegurar o acesso de pessoas socialistas.
transsexuais a casas de banho que cor-
respondam ao seu género, estudando Ainda assim, o nosso é um país onde o
a existência de casas de banho neutras racismo mata nas ruas e atravessa grande
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 33

parte da sociedade, incluindo infelizmente Garantir o igual acesso a bens e servi-


parte das nossas forças de segurança a ços independentemente da localização
quem cabe todos proteger. Além disso, fruto geográfica, impedindo que as platafor-
da discriminação e de ciclos de pobreza, mas digitais continuem a excluir bairros
ainda encontramos fortes constrangimen- sociais e outras áreas urbanas;
tos à mobilidade social de minorias étnicas,
sejam elas afrodescendentes ou de etnia de Combater o uso excessivo da força por
origem asiática. parte de agentes da autoridade;

Precisamente por isso, uma das principais Promover a inclusão das comunidades
preocupações da JS é a adoção de medidas migrantes e minorias étnicas para que-
que promovam a inclusão das pessoas de brar ciclos de pobreza;
minorias étnicas e religiosas, das pessoas
com deficiência e de refugiados, nos mais É, ainda, fundamental pugnar para a inclu-
diversos setores da sociedade. Hoje, mais do são das pessoas com incapacidade física,
que nunca, tal luta é sumamente importante, intelectual, sensorial ou de comunicação.
de modo de travar a difusão de discursos de Hoje persistem graves desigualdades não só
ódio e segregação e assegurar o respeito na mobilidade e nas acessibilidades como
pelos Direitos Fundamentais de cada cidadão. também no acesso ao emprego e à vida em
comunidade.
NESSE SENTIDO, É TEMPO DE AGIR PARA:
É, POR ISSO, TEMPO DE AGIR PARA:
Assumir sem tibiezas que a Juventude
Socialista é uma organização anti-ra- Integrar a Língua Gestual Portuguesa
cista, participando ativamente nos nos currículos disciplinares;
movimentos anti-racistas e pelos direitos
dos migrantes; Eliminar barreiras físicas e arquitectóni-
cas nos serviços públicos, incluindo nos
Condenar quaisquer sentimentos xenó- transportes públicos;
fobos e valorizar a importância da
diversidade e multiculturalismo; Reforçar o modelo de apoio à vida inde-
pendente e os apoios aos cuidadores
Rejeitar as narrativas colonialistas pre- informais.
sente nos manuais escolares;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 34

LIBERDADE DE ESCOLHA E AUTODETER- consciente, pela decisão de colocar


MINAÇÃO termo à vida, não desejando prolongar
o sofrimento inerente a um estado ou
doença permanentes;
A JS sempre lutou pela valorização e reforço
da liberdade de escolha e capacidade de Promover campanhas de informação
autodeterminação do indivíduo. Apesar das acerca do Testamento Vital para que toda
conquistas alcançadas, nomeadamente, a a pessoa, maior de idade e psiquicamente
legalização da Interrupção Voluntária para a apta, de forma voluntária consciente e
Gravidez, a facilitação do acesso à Procriação livre, possa expressar antecipadamente a
Medicamente Assistida e a legalização da sua vontade;
cannabis para fins medicinais, é necessário
não baixar os braços e continuar na defesa Prosseguir com a expansão do acesso à
por políticas de promoção dos direitos de procriação medicamente assistida;
todos os cidadãos:
Reforçar a melhoria do regime jurídico
É, POIS, TEMPO DE AGIR PARA: da gestação de substituição, permitindo
uma melhor compensação enquanto se
Propor a legalização e regulamentação evita a comercialização da maternidade;
do consumo recreacional e produção de
drogas leves, principalmente a cannabis,
almejando assegurar uma distribuição
segura deste tipo de drogas;

Continuar a lutar pela regulamentação do


trabalho sexual, combatendo o mercado
paralelo e assegurando dignidade profis-
sional aos trabalhadores do sexo;

Defender a legalização da morte medi-


camente assistida de indivíduos que,
na posse das suas plenas capacidades
mentais e psicológicas, optem, de forma
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 35

08
AGIR POR MAIS POLÍTICAS DE
JUVENTUDE, ASSOCIATIVISMO
E CULTURA

VALORIZAR O ASSOCIATIVISMO Nesse sentido, entendemos que a Juventude


Socialista deve procurar medidas que pos-
O associativismo juvenil tem sido uma impor- sibilitem a criação e sobrevivência destas
tante força motriz da sociedade portuguesa. O instituições de extrema importância na vida
trabalho que estas instituições desenvolvem das comunidades. Devemos acelerar a cria-
permitem criar oportunidades à participa- ção de novas associações e incentivar a
ção cívica, à capacitação e empoderamento participação de jovens em associações e
da nossa geração, sendo promotoras de grupos informais de jovens.
aprendizagens e de competências diversas
à Juventude. Além disso, cumprem um papel Acreditamos, também, na essencialidade do
absolutamente indispensável de representa- movimento associativo estudantil enquanto
ção dos jovens junto de diferentes decisores veículo de representação legítima e democrá-
políticos e, frequentemente, têm um papel tica dos estudantes.
decisivo na afetação e desenvolvimento das
comunidades onde se inserem. Todos nos Reforçamos a necessidade de incentivar a
recordamos de importância que este movi- existência de instrumentos de congregação
mento teve em muitos momentos da nossa destas associações que permitam a partilha
História e como foram impulsionadores de de boas práticas. Mais, acreditamos na pro-
progresso para toda a sociedade. dução de projetos que estimulem a co-gestão
e a co-produção por parte dos jovens, afir-
É, aliás, com base no progresso da sociedade mando a premissa da indispensabilidade dos
e no papel decisivo que o Associativismo pode mesmos na participação de projetos comuns.
ter nesse caminho, que a Juventude Socialista
olha para o Associativismo. Infelizmente, nos
dias de hoje, temos assistido a uma quebra no
número de Associações Juvenis inscritas no
Registo Nacional do Associativismo Juvenil
(RNAJ).
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 36

Sabemos que esta visão não se afirma por Dinamizar o Cartão Jovem, através da
geração espontânea e, para que isso seja aplicação de mais ofertas, designada-
exequível e se torne uma realidade, ENTENDE- mente na área cultural;
MOS NESTE TEMPO DE AGIR PROPOR:
Reverter a fusão do Instituto Português
Estabelecer uma política de proximidade do Desporto (IPD) e Instituto Português
com as associações de estudantes, cul- da Juventude (IPJ), garantindo a existência
turais, sociais e juvenis; autónoma destas instituições.

Garantir melhores condições de finan- Defesa de que a pasta da Juventude seja,


ciamento e reconhecimento das na orgânica do Governo, autonomizada
associações juvenis; do Desporto e colocada sob a alçada da
Presidência do Conselho de Ministros.
Defender a revisão da Lei do Voluntariado
para valorizar o exercício do voluntariado
nas organizações de jovens; CULTURA PARA TODXS

Simplificar e inovar no procedimento A Juventude Socialista sempre entendeu


inerente ao registo das associações no a cultura como motor de desenvolvimento
RNAJ; civilizacional e como veículo indispensável
da produção de conhecimento, individual e
Preservar a relevância das associações comunitário. Reconhecemos a importância
juvenis e estudantis na distribuição dos do património cultural, não apenas enquanto
fundos para a Juventude, face às associa- conjunto de construções imóveis, mas
ções não juvenis / de caráter juvenil; também aquilo que nas comunidades é intan-
gível ou imaterial e que nos foram deixados
Atualizar o estatuto de dirigente asso- ao longo do tempo. Deste modo, o patrimó-
ciativo, por forma a possibilitar a nio cultural assume um papel extremamente
semi-profissionalização destas funções; importante na nossa identidade, enquanto
indivíduos e das comunidades, pois esta iden-
Potenciar o associativismo municipal, tidade é-nos garantida através da memória.
reforçando e valorizando a implementa-
ção de cartões jovens municipais;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 37

A criação cultural pode exigir muitas vezes permitindo reforçar a missão de democrati-
novidade e rupturas, mas a criação cultural e zação e dinamização da Cultura em Portugal,
artística faz-se indubitavelmente em diálogo por via de maior apoio às Artes Performativas,
com a herança cultural e com o conhecimento aos Museus e ao Património Cultural, ao
dos tempos que nos antecederam. Há uma Cinema e ao Audiovisual e à Literatura.
enorme necessidade de preservar o patrimó-
nio e a memória. Exige-se um compromisso, O investimento, embora aumente paula-
de modo a assegurar que os monumentos, tinamente ano após ano, tem-se revelado
os lugares, o património construído, a pegada insuficiente para fazer face às necessidades
humana, as gentes, as comunidades e as e ambições de um país que pretende, por um
paisagens sejam elementos ativos de conhe- lado, oferta cultural acessível para todos/as
cimento mútuo e de compreensão entre e, por outro, dar dignidade no trabalho aque-
todos. Em suma, que o património cultural se les que escolheram fazer da Cultura a sua
assuma como fator de diálogo na diferença, profissão.
de desenvolvimento e de diversidade.
POR ISSO, É TEMPO DE AGIR PARA DEFENDER:
É permanentemente necessário lançar as
sementes do conhecimento e compreensão Alcançar, até ao final desta legislatura,
do património cultural, como fator de inova- uma dotação de 2% na componente dis-
ção e de criatividade, de paz e de democracia. cricionária do Orçamento do Estado (OE)
Todos têm o direito de se implicar cultura, para a Cultura;
segundo as suas escolhas, como expressão
do direito a tomar parte livremente na vida cul- Densificar a estrutura orgânica do
tural. É de extrema importância a promoção Ministério da Cultura, autonomizando-a
da participação dos cidadãos na sua preser- da Presidência do Conselho de Ministros;
vação, construção e difusão cultural.
Criar uma plataforma online que promova
É com esta consciência da importância da o cinema português de fácil acesso para
cultura e do património cultural, material e todos;
imaterial, para o desenvolvimento do indiví-
duo e da comunidade que, nos últimos anos, Estabelecer a gratuitidade de todas as
o governo do Partido Socialista aumentou as visitas de museus e equipamentos cul-
dotações em sede de Orçamento do Estado, turais em contexto de “Visita Escolar de
Estudo”.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 38

Continuar a investir e incentivar o alarga- DESPORTO


mento da Rede Portuguesa de Museus;
Pensar e falar em desporto é pensar e falar
Desenvolver uma Rede de Residências em saúde, física e mental. Por isso quando
Artísticas por todo o país; constatamos que Portugal figura nos primei-
ros lugares da lista de países da UE em que
Reforço das competências e dos meios menos se pratica desporto e tem, segundo
das Direcções Regionais de Cultura; a OCDE, a quarta maior taxa de excesso de
peso do mundo (e a maior da Europa, junta-
Renovar os quadros técnicos dos equi- mente com a Finlândia), estamos a falar de um
pamentos culturais, incluindo através desafio relevante para a nossa saúde pública.
de estágios profissionais para jovens
recém-licenciados; Essa tem sido uma prioridade crescente da
nossa geração, não podendo ser conside-
Reforçar o financiamento ao setor do rado uma moda ou construção social. Temos,
cinema, designadamente renovando as ainda, de dignificar os percursos de todos
políticas de atribuição de fundos do ICA; aqueles que dedicam parte do seu tempo a
esta atividade, granjeando resultados e feitos
Apoiar a criação e produção artística absolutamente históricos em competição ou
local, através da inventariação sistemá- promovendo a nossa saúde e a coesão das
tica de criadores; nossas sociedades na organização destas
atividades.
Promover o apoio por parte das autar-
quias a artistas de rua e eventos culturais É urgente, pois, que a Juventude Socialista
ao ar livre; se junte à nossa geração numa reflexão pro-
funda e ação concertada para promover o
Criar um programa gratuito de acesso a desporto e a atividade física. NESTE SENTIDO, É
todos os Museus aos jovens até aos 30 TEMPO DE AGIR EM FAVOR DE:
anos.
Rever o Estatuto Estudante-Atleta e o
Estatuto de Atleta de Alto Rendimento;

Criar reais condições para praticar des-


porto de alto rendimento e prosseguir os
estudos universitários ao mesmo tempo,
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 39

nomeadamente através da possibilidade


de acompanhar grande parte da atitivade
letiva via digital.

Majoração nos subsídios atribuídos pelas


Autarquias e IPDJ aos clubes que inscre-
vam atletas do sexo feminino;

Criação de um Plano Nacional de Acesso


ao Desporto, que permita que todos
os jovens, independentemente da sua
situação económica e social, possam
praticar a modalidade desportiva da sua
preferência;

Valorização da Educação Física nos cur-


rículos escolares e do Desporto Escolar,
desde o pré-escolar ao secundário;

Melhoria das condições atribuídas ao


desporto adaptado;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 40

09
AGIR POR
UMA DIGITALIZAÇÃO
JUSTA

É TEMPO DE AGIR com vista a uma sociedade TRANSIÇÃO DIGITAL PARA A REFORMA
justa, inclusiva e preparada para os desa- EDUCATIVA
fios que a sociedade digital já está a trazer.
É sabido por todos as enormes oportunida- Apenas poderemos aproveitar as oportuni-
des que o digital promete à nossa sociedade. dades da transição digital se conseguirmos
Portugal tem, aliás, muito beneficiado disso fazer uma reforma educativa de acordo com
nos últimos anos. Enquanto primeiras gera- aquilo que será o futuro. Acreditamos que
ções que são nativas a um mundo digital, uma oferta educativa eficiente e eficaz pas-
cabe aos jovens socialistas defenderem uma sará sempre pela inovação nos métodos de
efetiva transição digital. ensino, seja pela formação em novas tecno-
logias para profissionais do ensino, ou pela
Todavia, os últimos anos demonstram bem adaptação de diferentes conteúdos progra-
os riscos e desigualdades inerentes à digita- máticos, de maneira a proporcionarmos aos
lização. Estas são desigualdades que incidem jovens uma educação mais adaptada às suas
sobre o território, sobre diferentes gerações necessidades e estilo de vida.
e estratos sociais mas também riscos trans-
versais, como os que se colocam ao nosso A revitalização educativa é necessária para
convívio em sociedade e em democracia. potenciar o sucesso académico. Desta forma,
seremos capazes de preparar os nossos
Neste TEMPO DE AGIR, entendemos por isso jovens para o futuro, contribuindo para um
que a Juventude Socialista defende defender sistema de ensino atual e que permita elevar
uma transição digital tão rápida quanto justa e o nível geral de conhecimento da sociedade.
onde ninguém fique para trás.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 41

É TEMPO DE AGIR, PARA: Para colocar a transição digital ao serviço


das comunidades e da modernização do
Capacitar as escolas com infraestruturas Estado, É TEMPO DE AGIR PARA:
e equipamentos tecnológicos;
Apostar em serviços públicos digitais,
Dinamizar as metodologias e ferramen- desburocratizados e que comuniquem
tas de ensino; entre si;

Facilitar o acesso digital a informação e


TRANSIÇÃO DIGITAL PARA A MODERNIZAÇÃO
recursos relativos ao funcionamento das
ADMINISTRATIVA E SMART CITIES várias Instituições Públicas;

O Estado deve ter os seus serviços ao Promover a utilização das novas tecnolo-
alcance do cidadão e das empresas, asse- gias no planeamento das cidades e dos
gurando uma administração mais eficiente, serviços urbanos associados;
inclusiva, capacitada e próxima. É centrado
nas pessoas que temos como prioridade a Criar uma rede de cobertura nacional de
modernização administrativa. A alienação acesso a redes wi-fi, tendencialmente
dos cidadãos face ao instituições do Estado gratuita;
excessivamente burocráticas dificulta a
participação na vida coletiva, introduzindo
constrangimentos ao normal decurso da vida LITERACIA E COMPETÊNCIAS DIGITAIS
de todos nós.
O acesso ao Digital, em igualdade de opor-
No paradigma de hoje esta realidade esten- tunidades, só é possível com a capacitação
de-se também às nossas comunidades. O de todos para a utilização das ferramentas
espaço urbano deve ser desenhado de forma disponíveis. Defendemos o direito à literacia
a proporcionar as melhores condições para o e às competências digitais como forma de
desenvolvimento de cada indivíduo em comu- cumprir o direito à educação na era digital,
nidade. O processo de transição digital deve, defendendo uma geração mais qualificada e
por isso, traduzir-se na edificação de cidades capaz de exercer em maior consciência os
nas quais exista facilidade de acesso a servi- seus direitos, deveres e atividades.
ços e mobilidade, projetando também assim
cidades mais sustentáveis.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 42

Nenhum jovem será capaz de se realizar ESTADO DE DIREITO DIGITAL


plenamente, quer na sua vertente profissio-
nal, quer na sua dimensão pessoal, se não Face ao desenvolvimento da sociedade digi-
estiver devidamente capacitado para a era tal, surge também um novo paradigma que
digital. Tal implica não apenas ter acesso ao tem de ser estruturado. O direito à proteção
conhecimento, mas também ser capaz de o dos dados pessoais e a garantia do direito à
explorar se assim o entender. Como socialis- privacidade e à intimidade são princípios fun-
tas, assumimos a dimensão que a literacia e damentais que têm de ser assegurados neste
a aquisição de competências têm e devem novo mundo digital, definindo medidas pre-
ter, num conceito alargado de Escola Pública, ventivas e total transparência de como serão
para corrigir as assimetrias de oportunidades armazenados e para que fins podem, estes
e, assim, ser capaz de permitir aos cidadãos e dados, ser utilizados.
cidadãs da República Portuguesa concretizar
o seu potencial. Assistimos, ainda, a uma monopolização do
desenvolvimento tecnológico e do comércio
É, PORTANTO, TEMPO DE AGIR PARA: eletrónico, sendo frequente que, para usufruir
destes bens e serviços, o utilizador seja sujeito
Todos os jovens em Portugal sejam capa- à obrigação de aceitação de termos e condi-
zes, num horizonte temporal de 5 anos, ções em bloco para a navegação online. Quer
de dominar os conteúdos essenciais da para a proteção dos consumidores, quer para
era digital; a necessidade de outras empresas poderem
surgir, será necessário regulamentar, em linha
O acesso tendencialmente gratuito a for- com a União Europeia, devidamente este mer-
mação nas competências digitais, seja cado digital que transcende fronteiras.
assegurado a todos os jovens;
Já no âmbito social, a não tributação das
empresas tecnológicas multinacionais não
pode ter lugar numa sociedade de direitos,
em que todos contribuem na sua medida,
como aquela que idealizamos, defendemos e
acreditamos.

NESSE SENTIDO, É TEMPO DE AGIR PARA:


MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 43

Criar regulamentos que visem a proteção


do utilizador enquanto pessoa individual,
restringindo o modus operandi de algorit-
mos altamente invasivos que muitas das
vezes selecionam o conteúdo com base
na pesquisa individual;

Trazer à discussão os limites da explo-


ração de informação e até onde pode a
tecnologia ir para facilitar a vida de cada
cidadão sem colocar em causa os seus
direitos, liberdades e garantias;

Construir um mercado digital justo para


todas as empresas, impedindo simulta-
neamente a concorrência fiscal desleal
entre estados, uma vez que o mercado
digital transcende fronteiras.


MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 44

10
AGIR POR UM
TERRITÓRIO
COESO
A coesão social é indissociável da coesão num olhar novo para a floresta.
territorial, deve, assim, ser objetivo deste man-
dato uma valorização do país na sua unidade Defendemos e incentivamos a Regionalização
– das regiões periféricas do interior às regiões enquanto instrumento que reforça a repre-
ultraperiféricas insulares. Advogamos pela sentatividade e aumente o poder de decisão e
mobilidade e o domínio infraestrutural como investimento ao serviço das diferentes popu-
modelos de aproximação das várias regiões, lações e territórios. Não estamos disponíveis
suportados por uma organização territorial para esperar pela caducidade de certos titu-
e administrativa de proximidade, dotada de lares de órgãos de soberania quando é o
competências e meios, que não esquece a modelo centralista que já está plenamente
cooperação transfronteiriça, essencial para a caduco. Pugnamos por este molde adminis-
alavancagem da raia enquanto centro privile- trativo como passo para a implementação
giado de contacto entre Portugal e Espanha. de estratégias regionais de desenvolvimento
que respeitem e valorizem as idiossincrasias
É urgente que o território esteja no centro das das regiões e consigam realizar o seu pleno
políticas públicas, olhado com pragmatismo e potencial.
cabalmente desenvolvido pelas suas poten-
cialidades, só assim conseguindo esbater os NESSE SENTIDO, É TEMPO DE AGIR PARA:
vários desequilíbrios regionais e superandos
os tremendos desafios decorrentes de duas Dar expressão em propositura ao Roteiro
faixas territoriais díspares – a das áreas metro- da Coesão Territorial concluído em 2018;
politanas e a do resto do país.
Promover a cooperação transfronteiriça
É TEMPO DE AGIR na demografia e em rela- entre estruturas da JS e da JSE;
ção ao crónico despovoamento das regiões
de interioridade, na promoção das acessi- Definir um plano de batalha política para
bilidades intermunicipais, na valorização de a conquista da regionalização;
estruturas intermédias de proximidade, na
reabilitação e eletrificação da ferrovia, na des- Acentuar a descentralização das ati-
concentração de serviços e entidades para vidades nacionais, incluindo reuniões
onde de facto faz sentido estarem sediada, executivas.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 45

11
AGIR
NO PODER
LOCAL

O poder local democrático foi uma das maio- na gestão e ordenamento do território, na
res conquistas do 25 de Abril que permitiu regulamentação da atividade económica, na
que Portugal se reencontrasse com a sua intervenção sociocultural, na educação, e
vocação historicamente municipalista. Num em matéria ambiental, o que prova o êxito do
país que ainda tem um dos maiores índices poder local na definição e concretização de
de centralização política e administrativa da políticas públicas nos seus concelhos e na
Europa, as autarquias locais têm sido um proteção dos direitos e interesses de todos
motor de desenvolvimento social, económico os cidadãos que neles habitam, trabalham e
e cultural ao nível local, tendo assumido uma estudam. A atual crise pandémica e a crise
importância capital em promover muitas das económica dela resultante vão exigir das
mais importantes conquistas sociais dos últi- autarquias um esforço acrescido em diversos
mos 40 anos em todo o território nacional, domínios, num exercício de governação local
que constituíram a primeira geração de políti- arojado e desafiante.
cas públicas autárquicas em Portugal.
A Juventude Socialista defende um modelo
O poder local democrático deu também a de gestão autárquica que seja inclusivo e
possibilidade às populações de participarem participado, isto é, que crie dinâmicas de
diretamente e de assumirem responsabili- participação direta e de envolvimento da
dades na vida coletiva e na condução dos população nos processos de decisão, valori-
destinos dos seus concelhos e freguesias, zando ao mesmo tempo o papel dos eleitos
no quadro das competências que se encon- locais, e que tenha um papel decisivo no com-
tram legalmente atribuídas às autarquias nos bate às desigualdades sociais, na eliminação
princípios da subsidiariedade, da comple- das armadilhas de pobreza e de exclusão
mentaridade e da prossecução do interesse social e que consiga reduzir as assimetrias
público. de desenvolvimento económico e territorial
existentes. Um modelo de gestão autárquica,
Ao longo dos últimos anos, as autarquias à Esquerda, baseado nos nossos valores e
locais foram assumindo um papel crescente princípios, nunca se poderá compadecer
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 46

com a desigualdade, construindo projetos nos confere uma responsabilidade acrescida.


inclusivos com e para tod@s. Um modelo de Nunca um partido governou tantas autar-
gestão autárquica à Esquerda deve assumir quias na história do Poder Local Democrático
uma postura crítica e exigente, mas nunca como o PS governa agora e por isso mesmo,
de desresponsabilização face ao Estado mais do que nunca, a JS tem a oportunidade
Central, assumindo um papel ativo na atração histórica de, através dos seus eleitos, ajudar a
de investimento e na fixação de pessoas e transformar a sociedade, em todos os conce-
empresas, assim como em matéria de requa- lhos e freguesias do país. O reforço desta base
lificação urbana. Em suma, um modelo de estrutural da JS deve ser encarado como um
gestão autárquica à Esquerda é aquele que desafio para 2021, bem como contribuir em
assume as suas responsabilidades em resol- toda a linha para que o PS se mantenha como
ver os problemas das pessoas e em intervir o grande partido autárquico em Portugal e, se
ativamente sobre o território, promovendo possível, reforçando o número de presidên-
as transformações sociais necessárias para cias de câmara e de juntas governadas pelos
melhorar a qualidade vida dos cidadãos. socialistas.

Na sequência das eleições autárquicas de Contudo as eleições autárquicas do próximo


2017, os portugueses entenderam dar ao ano constituem um enorme desafio para o
Partido Socialista o mandato para governar Partido Socialista. Num momento particular-
uma ampla maioria das autarquias no nosso mente difícil, devido ao contexto pandémico
país. Esses resultados foram, em grande que atravessamos, e num quadro de cres-
medida, uma prova inequívoca da avaliação cente instabilidade política, em que o PS
profundamente positiva que os portugueses desempenha funções governativas ao nível
fizeram da gestão autárquica e da proximi- nacional, importará assumir uma linha política
dade que o Partido Socialista conseguiu que responda sem equívocos às dificuldades
corporizar na sua governação à frente das do presente, sem com isso deixar de preparar
autarquias que já tinha conquistado em 2013, o futuro.
mas também de um reconhecimento do
mérito das equipas e dos projetos autárqui- Estas eleições assumem nova dificuldade
cos apresentados nos concelhos em que era perante o facto de serem as primeiras em que
oposição. irão concorrer novos partidos à direita, que
conquistaram representação parlamentar
A atual implantação territorial do PS é inega- em 2019, nomeadamente a extrema-direita, à
velmente um dos seus maiores ativos, o que qual a JS deverá dar uma luta sem quartel.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 47

Sendo ainda imprevisível quanto tempo NESSE SENTIDO, É TEMPO DE AGIR PARA:
mais a pandemia irá durar, estas eleições
poderão também ficar marcadas por uma Relançar a organização dos Jovens
necessidade de reinventarmos a nossa forma Autarcas Socialistas antes das eleições
de fazer campanha e de interagirmos com os autárquicas;
cidadãos. A Juventude Socialista e as suas
estruturas locais, quer de base federativa ou Ir para o terreno contactar com a popu-
concelhia têm sido um exemplo, na forma lação, no que não se pode limitar a uma
como conseguiram adaptar a sua actividade ação fugaz nos escassos meses que
à realidade pandémica. Assim, inspirados antecedem o ato eleitoral;
neste modelo arrojado de tentar chegar a
cada vez mais militantes, teremos uma prova Promover um roteiro que assinale boas
de fogo nas próximas autárquicas. Devemos, práticas autárquicas, em particular as
independentemente, das limitações sanitá- realizadas por ou a sugestão de autarcas
rias, que possam haver aquando das Eleições jovens;
Autárquicas, continuar a explorar o potencial
das redes sociais para chegarmos ao maior Desenvolver de forma participada um
número de cidadãos. Manifesto Autárquico Jovem que afirme
uma visão jovem socialista sobre o poder
De qualquer modo, a JS terá de se prepa- local e a gestão do território.
rar com antecipação para estas eleições
autárquicas. Deve ser um objectivo nosso, É sabido que existe um ciclo vicioso de
contribuir em toda a linha para que o PS se subrepresentação dos jovens na política a
mantenha como o grande partido autár- vários níveis. Os elevados níveis de absten-
quico em Portugal e se possível reforçando o ção jovem em eleições levam a que muitas
número de câmaras com presidentes socia- vezes os decisores políticos desistam de
listas. Contudo, estás autárquicas devem ser construir uma mensagem política dirigida
percursoras do reforço da base autárquica aos jovens e de segmentar e calibrar as suas
da Juventude Socialista. Um pouco por todo políticas a pensar também nesse segmento
o país vemos cada vez mais autarcas jovens populacional. Por sua vez, os jovens tendem
socialistas. O reforço desta base estrutural da a desistir da política partidária e institucional,
JS deve ser encarado como um desafio para pelo facto de os programas e as políticas não
2021. atenderem aos seus problemas específicos.
Continuamos a poder observar, de um modo
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 48

geral, o grande défice que ainda existe na protagonistas, dando oportunidade aos
participação dos jovens nos órgãos do Poder jovens socialistas;
Local. Apesar de, nos últimos anos, se ter veri-
ficado uma evolução positiva no que respeita Pugnar por um reforço do número de
à integração de jovens nas listas autárqui- jovens socialistas candidatos a e eleitos
cas, acreditamos que esta subrepresentação para órgãos autárquicos;
ainda subsiste e que há ainda um longo e
difícil caminho a percorrer para inverter este Desafiar jovens socialistas a encabeça-
panorama. rem listas a autarquias locais, seguindo
as pisadas de vários autarcas jovens na
Os jovens são uma parte significativa da história do PS;
população em muitos dos nossos conce-
lhos e, como tal, têm o direito e o dever de ter Promover a ligação entre o associativismo
uma palavra a dizer sobre a sua comunidade, estudantil e juvenil nas candidaturas
tendo o direito a construir aquilo que também autárquicas.
é o seu futuro. É, ao nível local que o vínculo
entre representantes e representados se faz Portugal é um dos países europeus com
sentir mais intensamente. Os autarcas da JS maior grau de centralização política e
têm demonstrado ser uma mais valia para a administrativa. O atual quadro de transfe-
implantação autárquica do PS e têm sabido rência de competências do Estado Central
fazer a diferença, um pouco por todo o país, para as autarquias locais e comunidades
elevando o sentimento de representação intermunicipais pretende inverter esta ten-
política dos jovens nos órgãos autárquicos. dência. Acreditamos que esta reforma
Consideramos que esse caminho deve con- verdadeiramente estrutural irá promover ser-
tinuar a ser aprofundado, porque os autarcas viços públicos de proximidade, baseando-se
da JS serão sempre mais eficazes a fazer no princípio da subsidiariedade, bem como
chegar a nossa mensagem aos jovens e a dar o reforço da coesão territorial e da raciona-
voz às preocupações da nossa geração nos lidade, da eficiência e da eficácia da gestão
órgãos autárquicos. dos recursos públicos, com ganhos evidentes
para a qualidade de vida dos cidadãos. A Lei
É POR ISSO QUE É TEMPO DE AGIR PARA: estabelece igualmente um processo gradual
de aceitação destas competências, o que é
Afirmar que a renovação dos proje- indispensável para capacitar os municípios
tos autárquicos do Partido Socialista para uma reforma desta dimensão.
passa também pela renovação dos seus
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 49

POR ISSO, É TEMPO DE AGIR PARA: conflito de interesses, em que quem fisca-
liza se encontra dependente de quem deve
Valorizar e promover a transferência de fiscalizar.
competências;
POR ISSO É TEMPO DE AGIR PARA:
Garantir que esta reforma se faça acom-
panhar da necessária transferência de Defender a reforma do atual modelo
recursos adequados ao exercício das orgânico do Poder Local que coloque as
competências descentralizadas; assembleias municipais no centro do sis-
tema político ao nível autárquico.
Repartir de forma justa as verbas do Fundo
de Financiamento da Descentralização.

Se olharmos para a forma como se encon-


tra concebido o sistema político e eleitoral ao
nível das autarquias locais, não encontramos
a mesma lógica parlamentarista que carac-
teriza constitucionalmente o regime político
em que vivemos. De facto, a arquitetura ins-
titucional do Poder Local assume um pendor
tendencialmente mais presidencialista, em
que o órgão deliberativo se encontra reduzido
ao papel de ratificar ou não as decisões do
órgão executivo, com poderes de fiscalização
diminutos e com pouca ou nenhuma iniciativa
deliberativa. Esta enorme desproporção de
poder entre os dois órgãos é contraprodu-
cente do ponto de vista da lógica de pesos
e contrapesos que deve estar subjacente
a qualquer sistema político. Acresce a este
facto a quase inexistente autonomia funcional
e financeira das assembleias municipais em
relação aos órgãos executivos, o que invoca
um problema de transparência e um insanável
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 50

12
AGIR
PELO PROGRESSO
GLOBAL

A Juventude Socialista é e continuará a ser UMA UNIÃO PARA A DÉCADA


uma organização internacionalista, anti-impe-
rialista e pacifista nas relações internacionais. A União Europeia constituiu um processo
Assumindo os princípios de solidariedade claro de paz, cooperação e integração no
e cooperação dos trabalhadores de todo Velho Continente, tendo contribuído de forma
o mundo para a construção do socialismo decisiva para o desenvolvimento do nosso
democrático em cada país. país. A causa Europeia é uma marca iden-
titária da Juventude Socialista. Todavia, a
Assentes nestes valores, os jovens socialistas última década demonstraram uma Europa
têm apoiado diferentes causas internacionais em impasse que, nos momentos de maior
ao longo dos tempos desde as lutas pela fragilidade, opta pela frugalidade, deixando a
autodeterminação dos povos, até à intran- solidariedade e o modelo social europeu para
sigência no que concerne à igualdade em trás.
todas as suas dimensões. Defendemos, hoje
mais do que nunca, a pluralidade e a multi- Precisamos de ser protagonistas de uma
culturalidade como instrumentos de inclusão nova ambição para a União Europeia.
das nossas comunidades, respeitando o prin- Acreditamos que devemos afirmar uma
cípio básico que a solidariedade desempenha Europa de valores, assente num modelo justo
no modelo social-democrata de organização de desenvolvimento económico e social,
da sociedade. capaz de realizar respostas progressistas
aos desafios da desigualdade, do digital e
das alterações climáticas. Apenas conse-
guiremos fazer da Europa uma espaço de
direitos comuns e prosperidade partilhada
se ela for uma Comunidade de Povos. Essa
comunidade apenas será possível quando
os dividendos da integração europeia forem
justamente repartidos entre todos e, também,
entre a nossa geração.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 51

A União Europeia dos jovens socialistas é, por Por último, visionamos uma UE mais coesa,
isso, um espaço político onde as instituições com uma verdadeira união económica impres-
representam verdadeiramente os cidadãos e cindível a um projeto europeu único. Urge
no qual o interesse comum prevalece sobre os reparar a capacidade da economia europeia
interesses individuais. A força da comunidade convergir, enquanto reformamos as regras
europeia será tanto maior quanto a força da fiscais, protegendo o investimento público
sua cooperação. Nesse sentido, defendemos para que a disciplina orçamental nunca é feita
a eleição direta do Presidente da Comissão à custa das futuras gerações. Apenas com a
Europeia e iniciativa legislativa no Parlamento. concretização de uma união solidária conse-
guiremos acabar com os modelos falhados
Esta visão deve, de igual modo, favorecer o da austeridade e projetar um caminho de pro-
estímulo a uma Europa Social centrada na gresso e de futuro para todos os europeus.
salvaguarda da dignidade humana e na igual-
dade de oportunidades independentemente
das condições em que cada um se encontra. AGIR NO MUNDO
Devemos favorecer a solidariedade por oposi-
ção à indiferença. Para tal, o espaço europeu A aldeia global em que habitamos criou
deve constituir-se como sinónimo de integra- um mundo mais desigual, ficou mais fácil
ção, tolerância e valorização da diversidade. deslocalizar o trabalho, como se o mundo
fosse composto por uma maioria de pessoas
Também não nos alheamos de impulsionar usadas e depressa substituídas. É por isso que
novas conquistas do nosso tempo. O terri- a Juventude Socialista acredita que precisa-
tório comum deve ser capaz de dinamizar mos de uma política externa verdadeiramente
uma agenda que acentue a reforma susten- humanista, assente no reforço dos movimen-
tável dos meios de produção e dos hábitos de tos trabalhistas globais, na diversificação das
consumo, conjugando esses esforços com relações externas, e defesa intransigente pela
o progresso da transição sustentável, que autodeterminação dos povos.
apenas fará sentido se for guiada pela ética,
e pela regulação do espaço digital na comuni- A Juventude Socialista é defensora do
dade idêntica àquela que preconizamos. Estado de Direito e da Democracia, inamo-
vível na defesa dos direitos fundamentais do
Homem e do Direito Internacional. Através do
diálogo poderemos alcançar o desígnio da
paz, e assim pugnamos pelo fim dos regimes
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 52

de exceção, que sob pretexto da luta contra a É, POR ISSO, TEMPO DE AGIR PARA:
pandemia cresceram no mundo. Conscientes
que a democracia se constrói na força da von- Assegurar uma participação plena, par-
tade popular, lutamos contra os fascismos e ticipada e transparente da JS nas Young
as plutocracias, que centralizam essa força European Socialists e International Union
no primado das armas e do capital, ao arrepio of Socialist Youth;
dos consensos internacionais. Consideramos
que o multilateralismo representa o instru- Promover a dinamização de estruturas
mento político mais eficaz para assegurar a de representação, a nível da juventude
democracia, pois importa que o sistema inter- e da nossa família política, no espaço da
nacional e judicial aumente a transparência CPLP, no espaço ibero-americano e no
dos seus processos, com canais de comuni- espaço Atlântico Norte;
cação capazes de chegar a todos.
Afirmar novas bandeiras no plano global
Enquanto internacionalistas estamos deter- e regional.
minados a fazer-nos ouvir nas plataformas
multilaterais, designadamente junto do uni-
verso das Nações Unidas, onde se destaca
a Estrutura de Missão para a Extensão da
Plataforma Continental, bem como com
enfoque especial para a CPLP e no Atlântico
Norte, porque nelas compartilhamos os prin-
cípios da tolerância e as nossas constantes
diplomáticas. Por um lado, reforçamos a pro-
ximidade com lusofonia para estreitar laços
políticos, económicos, com vista a concluir o
acordo sobre livre circulação. Por outro lado,
renovamos o nosso empenho na NATO e
na cooperação em matéria de defesa, como
instrumento de soberania e valorização eco-
nómica nacional. Olhamos por isso com
esperança para que uma Administração Biden
possa contribuir para o aprofundamento das
nossas relações com os Estados Unidos.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 53

13
AGIR POR UMA
UMA AUTONOMIA
VALORIZADA

Frutos de abril de 1974 e consagradas na consolidação, desde o nível institucional e de


Constituição da República de 1976, as auto- competências, aos níveis fiscal, de política
nomias políticas dos Açores e da Madeira de rendimentos, de participação política e de
constituem-se como fatores de coesão e uni- regras eleitorais, e da consagração, estatutá-
dade nacional. ria e legislativa, dos direitos dos cidadãos.

Para a Juventude Socialista, a Autonomia, Todavia, entende-se que, como processo


como forma democrática e moderna de “livre evolutivo e dinâmico, a Autonomia pode
administração”, é a melhor e mais digna forma e deve ser aperfeiçoada, através de um
de honrar a História, corresponder às aspira- procedimento consensual, participado e
ções históricas e garantir o Desenvolvimento sufragado que, para além de reforçar o direito
das Regiões Autónomas dos Açores e da à especificidade e identidade e consolidar as
Madeira. competências políticas, legislativas e admi-
nistrativas, garanta também, cada vez mais,
A Autonomia, para além de autogoverno e os direitos de audição e participação, ao
afirmação da Dignidade, é a melhor e mais nível da República, da União Europeia e das
justa forma de promover o desenvolvimento e diversas instâncias internacionais, conforme
o bem-estar. A Autonomia não só corresponde é hoje exigência dum mundo cada vez mais
a uma legítima ambição, como representa globalizado.
o período de maior progresso e de desen-
volvimento social e económico das Regiões, NESSE SENTIDO, NESTE TEMPO DE AGIR,
tendo, ainda, sido decisiva para a construção PRETENDEMOS:
e consciência da identidade regional.
Aprofundar as Leis de Finanças Regionais,
É certo que, sobretudo nos últimos anos, reforçando os poderes fiscais e a capaci-
as Autonomias têm conhecido profundas e dade de endividamento em momentos de
estruturais reformas, aperfeiçoamentos e crise;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 54

Valorizar os produtos regionais através Promover o acesso dos estudantes


da certificação e proteção da proveniên- insulares ao Ensino Superior, designada-
cia e da sua promoção como marca de mente através da criação de contingente
qualidade; para o estudante insular no acesso a resi-
dências universitárias;
Apostar e incentivar a economia do mar,
incluindo o apoio ao empreendedorismo, Promover a efetivação do direito ao
a formação profissional e a renovação acesso a cuidados de saúde especializa-
das frotas pesqueiras; dos em todas as ilhas dos Arquipélagos,
criando um serviço itinerante de médi-
Dotar as Regiões Autónomas de melho- cos especialistas, segundo uma agenda
res serviços de mobilidade, pugnando, articulada com as respetivas Unidade de
designadamente, pelo reforço dos Saúde de Ilha;
voos entre Porto Santo e o Continente,
a manutenção da ligação marítima Envidar esforços para a criação do
Madeira–Porto Santo, no mês de janeiro, Conselho Europeu de Jovens Socialistas
a implementação da ligação marítima das Regiões Ultraperiféricas, albergando
Madeira–Continente e o reforço de liga- as 9 Regiões Ultraperiféricas pertencen-
ções à Europa, EUA e outras regiões tes à União Europeia (Madeira e Açores
atlânticas; (Portugal), Canarias (Espanha), Guyane
Française, Guadeloupe, Martinique,
Lutar por preços mais acessíveis na Réunion e Saint-Martin (França));
mobilidade das populações insulares,
reestruturando o Estatuto de Passageiro Encorajar a criação do Tribunal da Relação
Residente com aplicação da tarifa de dos Açores e da Madeira, eliminando a
estudante no ato imediato da compra e a dessincronia institucional existente entre
criação de um pacote de 2 viagens ida e a organização do poder político e a orga-
volta por ano, para cada residente, entre nização judiciária.
cada Arquipélago e Portugal continental,
ao preço fixo tabelado para estudantes;

Simplificar o processo de reembolso


do Subsídio Social de Mobilidade para
residentes, com a possibilidade de requi-
sição online;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 55

14
AGIR POR UMA
JS DE CAUSAS

A Juventude Socialista deve ser a casa afirmação faz da Juventude Socialista uma
comum para todos aqueles que querem das mais pujantes consciências críticas da
construir por nossas mãos uma sociedade sociedade portuguesa.
sem classes, livre, justa e sustentável.
Conscientes do papel dos partidos e das Para contribuirmos para esta desmistifica-
instituições na efetivação da mudança, que- ção, devemos apostar numa nova forma de
remos mobilizar a nossa geração para fazer a fazer política que valorize e reforce a discus-
diferença através da participação numa orga- são interna, fomente a proximidade dentro da
nização política de juventude como a nossa. Juventude Socialista, em particular entre diri-
Todavia, como qualquer organização deste gentes e militantes, entre a estrutura nacional
tipo, a Juventude Socialista não está imune a e as estruturas de base, e que melhore a
um conjunto de mitos para os quais, diga-se, articulação entre a JS e a sociedade civil.
muitas vezes contribuiu. Entendemos, aliás, que isso é fundamental
para tornar as iniciativas políticas da JS mais
Essa ideia enraizada provoca reticências, de apelativas numa era de participação multi-
vários tipos, que precisamos de desconstruir. lateral e interativa como a que vivemos. A
Desde logo, a ideia de que a militância numa força da JS reside nos seus melhores ativos,
organização partidária constitui um alienar do a sua organização de base e os seus militan-
pensamento crítico e da capacidade de cons- tes. Cabe-nos a nós aproveitar esse potencial
trução de pensamento próprio, por contraste enorme para transformar a sociedade e fazer
a “independentes”. O socialismo democrá- a diferença na vida dos jovens portugue-
tico não se coaduna com uma militância ses. É POR ISSO QUE, NESTE TEMPO DE AGIR,
dependente, nem em termos económicos, PRETENDEMOS:
nem no pensamento. Militamos na Juventude
Socialista por partilharmos de valores e prin- Organizar eventos que privilegiem
cípios comuns mas com uma pluralidade momentos de discussão e trabalho sobre
que nos enriquece e cuja capacidade de a hegemonia do modelo de conferência;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 56

Repetir iniciativas como as “Action Week” Desenvolver e disponibilizar um kit de


e os “Action Day”, adaptando estas ati- receção ao militante;
vidades à nova realidade resultado da
pandemia; Promover a partilha de boas práticas de
organização designadamente através
Reforçar a rentrée nacional da Juventude da reedição do Encontro Nacional de
Socialista, tendo por base o Summer Fest Concelhias.
em Santa Cruz;
Este compromisso da nossa candida-
Participar em iniciativas da sociedade civil tura tem, ainda, uma expressão na vida
e de movimentos sociais e ativistas, como democrática interna da JS, mormente nas
marchas, protestos e manifestações; Moções Globais de Estratégia. Atualmente
a orientação política da JS é definida, em
Recuperar o modelo de roteiros temáticos termos concorrenciais, pela Moção Global
ou semanas federativas, assegurando de Estratégia e pelas moções setoriais. Esta
proximidade da ação política nacional realidade desvaloriza estas últimas e limita
à realidade local dos territórios e dos a capacidade de cada militante influenciar a
militantes; agenda política da JS à sua intervenção na
construção da Moção Global de Estratégia.
Alargar a participação na ação política Entendemos ser, agora, altura de dar um salto
nacional da JS, considerando a inclusão no paradigma, no sentido de maior plurali-
de colaboradores em grupos de trabalho dade e democracia interna. POR ISSO, NESTE
setoriais; TEMPO DE AGIR QUEREMOS:

Apostar numa dinâmica regular de pres- Reservar a Moção Global de Estratégia


tação de contas aos militantes; para uma visão de liderança para a JS,
enquanto a propositura é definida
Promover a solidariedade entre estrutu- livremente em Moções de Resolução
ras e a confraternização entre camaradas; Política;

Voltar a enviar cartões de militante a Dar força vinculativa a estas Moções,


quem se inscreve na JS, assegurando passando também a poder ser alteradas
ainda que todos os militantes que não em Congresso;
receberam neste interregno podem exer-
cer o seu direito a receber um cartão;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 57

Fomentar a discussão política em Autonomizar o Gabinete de Formação,


sede de Congresso, colhendo o bene- reconhecendo a relevância da formação
fício de que discutir autonomamente a política e o seu desenvolvimento deficitá-
propositura sobre cada área torna mais rio nos últimos anos;
consequente e portanto mais livre a
pluralidade construtiva e a sua síntese Preparar um livro como documento estru-
democrática. turante da propositura da JS;

Outros mitos que frequentemente são arre- Fomentar a criação de redes temá-
messados a jovens socialistas são, por um ticas e informais, com prioridade
lado, da falta de capacitação e preparação para a Cultura, a Ciência, as Relações
técnica e política e, por outro, da falta de Internacionais e as Políticas de Juventude.
representatividade das suas posições. Apesar
de sabermos que isso não é verdade, temos A Juventude Socialista organiza-se além
a humildade de provarmos errados quem das suas estruturas territoriais em organiza-
nos pretende discriminar apenas pela nossa ções autónomas, na área estudantil, laboral
idade, valorizando as estruturas de estudos e autárquica. Estas organizações cumprem
e formação de que a Juventude Socialista uma importante função de aproximação da
já dispõe e apostando na criação de redes sociedade civil, contribuindo inegavelmente
temáticas ou setoriais. NESSE SENTIDO, NESTE para a propositura política da Juventude
TEMPO DE AGIR PRETENDEMOS: Socialista. Decorridos 6 anos desde a fusão
dos Estudantes Socialistas do Básico e
Reforçar o Gabinete de Estudos da Secundário, a estrutura centralizou-se exces-
Juventude Socialista, assumindo o sivamente no Ensino Superior, pese embora a
importante papel na construção de importância de promover uma maior adesão
argumentário denso e maduro sobre as do segmento sub-18 para garantir o rejuve-
posições da Juventude Socialista; nescimento da estrutura.. Desde a criação dos
Jovens Trabalhadores Socialistas, há 4 anos, a
Abrir a porta à criação de Gabinetes sua atividade e desenvolvimento são diluídos
de Estudos Federativos, que capaci- pela dispersão numa Tendência Sindical sem
tem o trabalho político nesta área como real atividade. Ainda, a organização de jovens
também deem massa crítica ao Gabinete autarcas socialistas em associação de direito
nacional; privado é uma ficção que limita a flexibilidade
e impulso organizativo que essa estrutura
precisa para regressar a plena atividade.
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 58

ASSIM, NESTE TEMPO DE AGIR, PROPÕE-SE: audiovisuais, sucintos e interativos em novas


plataformas. Precisamos de um esforço con-
Reforçar o Ensino Básico e Secundário tínuo de aproximação a esta realidade, PELO
na organização dos Estudantes QUE NESTE TEMPO DE AGIR QUEREMOS:
Socialistas, assegurando paridade
entre graus de ensino na Coordenação, Criar um novo JS Hub e um novo site
Secretariado e representação desta para substituir os antigos, assegurando
estrutura; novas funcionalidades como a inscrição
digital e a entrega por via eletrónica de
Fundir a Tendência Sindical listas, declarações de aceitação e atas
Jovem Socialista com os Jovens eleitorais, bem como a abertura de fóruns
Trabalhadores Socialistas, assegu- de discussão política online;
rando ainda a eleição da liderança destes
em Plenários, ao invés da eleição em Apostar mais em novos formatos de
Comissão Nacional; conteúdo como vídeo ou podcasts e
reforçar a nossa presença no Twitter e
Internalizar os Jovens Autarcas Instagram, indo ao encontro da nossa
Socialistas como organização geração;
autónoma, conferindo-lhe regras de
funcionamento semelhantes aos Jovens Transformar o “Jovem Socialista”
Trabalhadores Socialistas. como órgão de imprensa num modelo
mais atual;
Contudo, todo este esforço de aproximação
será infrutífero, se não conseguirmos apro- Criar uma plataforma própria de
veitar as novas tecnologias para potenciar o divulgação do trabalho dos eleitos da
trabalho da Juventude Socialista. A tecnologia Juventude Socialista, em particular dos
de que hoje dispomos pode servir à Juventude seus deputados e deputados regionais;
Socialista para desmaterializar os seus pro-
cessos, racionalizando prazos e aumentando Disponibilizar às estruturas federa-
a eficiência e resposta às necessidades das tivas e concelhias recursos digitais e
estruturas e dos militantes da Juventude físicos de comunicação;
Socialista. As novas tecnologias revolucio-
naram ainda a forma como comunicamos Retomar o envio regular de informação
uns com os outros, exigindo conteúdos mais de agenda e argumentário aos dirigen-
tes e militantes da Juventude Socialista;
MOÇÃO GLOBAL DE ESTRATÉGIA TEMPO DE AGIR ! 59

Reduzir a utilização de papel e plástico


nos nossos eventos e trabalho diário mais
possível e pelo menos em 50%;

Promover uma atualização geral de


dados dos militantes, corrigindo dados
desatualizados ou com erros de entrada.

Por fim, devemos ter consciência da necessi-


dade de credibilizar, no plano ético, a atuação
da Juventude Socialista. Como nos ensinou
António Arnaut, “o socialismo é uma ética”,
portanto, não se poderá exigir dos militantes
da Juventude Socialista menos do que um
cumprimento integral de mais alto padrão de
normas éticas. Por essa razão, desenvolve-
remos um código de conduta que permita
assegurar o rigor ético na conduta dos nossos
militantes, dirigentes e eleitos.

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