Musseques e Favelas, Devaneios Da Esperança
Musseques e Favelas, Devaneios Da Esperança
Musseques e Favelas, Devaneios Da Esperança
Ngendele ku museke,
Uenzengue-uiu,
mukatula ji kajú
pó-pó-po, marimbondo ua-ngi-lumata.2
Lembranças do lar
Quando eu nasci
meu pai batia sola
minha mana pisava milho no pilão
para o angu das manhãs.
Eu sou um trabalhador
ouvi o ritmo das caldeiras...
obedeci ao chamado das sirenes...
morei num mocambo do “Bode”
e hoje moro num barraco na Saúde...
Não mudei nada...
(Poema Autobiográfico, p. 177)
E Agostinho Neto:
Alguém viria
talvez sentar-se
sentar-se ao meu lado
LINCHARAM um homem
entre os arranha-céus
(li num jornal)
procurei o crime do homem
o crime não estava no homem
estava na cor de sua epiderme... (1961, p. 37)
Musseques e quilombos
De novo o Musseque
Ansiedade
no esqueleto de pau a pique
ameaçadoramente inclinado
a sustentar pesado tecto de zinco (...)
Nos homens
ferve o desejo de fazer o esforço supremo
para que o Homem
renasça em cada homem
e a esperança
não mais se torne
em lamentos da multidão
(Sábado nos Musseques, 1979, p. 46)
Vive a esperança
Referências bibliográficas