Direito Penal - Parte Geral
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Analista MPRS
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Sumário
SUMÁRIO ..................................................................................................................................................2
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................................5
INTRODUÇÃO. ..........................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 25
Retroatividade. .............................................................................................................................................. 26
Irretroatividade. ............................................................................................................................................ 31
Lei penal excepcional ou temporária. .............................................................................................................. 36
Tempo do crime. ............................................................................................................................................ 38
Lugar do crime. .............................................................................................................................................. 41
TERRITORIALIDADE. .............................................................................................................................................. 45
Princípios aplicáveis a territorialidade. ............................................................................................................ 47
EXTRATERRITORIALIDADE. ..................................................................................................................................... 51
Pena cumprida no estrangeiro. ....................................................................................................................... 56
INTRODUÇÃO....................................................................................................................................................... 57
Princípio da especialidade. ............................................................................................................................. 57
Princípio da subsidiariedade. .......................................................................................................................... 58
Princípio da consunção................................................................................................................................... 58
Princípio da alternatividade. .......................................................................................................................... 59
Eficácia da sentença estrangeira. ................................................................................................................... 60
Contagem de prazos. Frações não computáveis da pena. Aplicação do CP a Leis Especiais. .............................. 60
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INTRODUÇÃO. ................................................................................................................................................. 62
Conceito de crime. ......................................................................................................................................... 62
ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE. .............................................................................................................. 98
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Apresentação
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INTRODUÇÃO.
Olá, meu amigo(a)!
Antes de adentrarmos em nosso conteúdo propriamente dito, é necessário que façamos uma breve in-
trodução sobre a localização do Direito Penal para o ramo da ciência do Direito.
Para isso, cito uma breve passagem de Roberto Lyra, citando o maior penalista do século XIX, Tobias
Barreto:
“O Direito Penal é o rosto do Direito, no qual se manifesta toda a individualidade de um povo, seu pensar
e seu sentir, seu coração e suas paixões, sua cultura e sua rudeza. Nele se espelha a sua alma. O Direito
Penal dos Povos é um pedaço da história da humanidade”. 1(p.37)
“Dentre os ramos jurídicos, o Penal traduz, em toda sua expressão, as virtudes e vicissitudes de um
povo. Nele se expõem os valores culturais apontados como fundamentais para determinada sociedade
(como a vida humana, o patrimônio, a saúde pública, a proteção do meio ambiente e da ordem econô-
mica), o estágio civilizatório de uma nação (representado em princípios fundamentais acolhidos ou não
por determinado modelo de Direito Penal) e, em algumas vezes, até mesmo a defasagem entre o que
está prescrito e o que realmente acontece no cotidiano”. (ESTEFAM, 2017, p.33).
Desse modo, meu amigo(a), o Direito Penal é o ramo do Direito que está encarregado de regular os fatos
humanos perturbadores da vida em sociedade, de modo a assegurar, de forma efetiva, a aplicação da norma
penal quando houver alguma violação a um bem jurídico por ela tutelado.
Dados esses breves comentários, não menos importante, é o caráter subsidiário do Direito Penal. Em ou-
tras palavras, meu amigo(a), o Direito Penal é considerado a ultima ratio (última razão) do ordenamento jurí-
dico, somente vindo a ser a aplicado quando outro ramo do direito (constitucional, administrativo, civil, tribu-
tário e etc) não derem conta da situação ocorrida no mundo fenomênico.
Isso quer dizer que: ocorrida uma situação no mundo da vida e que tenha relevância para o Direito, será
necessário verificar se tal ocorrido pode ser solucionado à luz de outro ramo do direito (conforme acima men-
cionado). Caso nenhum ramo tenha o poder para sanar o conflito, será necessário que o Direito Penal interve-
nha para solucionar o imbróglio. Portanto, isso é o que caracteriza o Direito Penal como a ultima ratio do direito.
1
LYRA, Roberto. Direito Penal científico: criminologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Konfino, 1977.
2
ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral (arts. 1º a 120) – 6.ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.
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O Direito Penal também se reveste de alguns conceitos fundamentais e, dentro deste, vamos tratar es-
pecialmente acerca das suas fontes.
As fontes do direito penal se dividem em:
Fontes Fontes
Materiais Formais
Fontes materiais: indicam o órgão encarregado da produção do Direito Penal. No ordenamento jurídico
brasileiro somete a União possui competência legislativa para criar normas penais (art. 22, I, da CF).
A partir dessa subdivisão, somente a lei pode servir como fonte primária e imediata do direito penal,
tendo em vista o princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX e art. 1º, do CP). Entretanto, admite-se, também, de
forma secundária ou mediata como fonte do direito penal , os costumes e os princípios gerais de direito. Porém,
tais fontes encontram limitação no princípio da legalidade, razão pela qual, não se admite que o emprego dos
costumes e dos princípios gerais surjam crimes não previsto em lei ou, ainda, a agravamento da punibilidade
de delitos já existentes. Em resumo, caríssimo(a), os princípios gerais do direito e os costumes somente incidem
no âmbito da licitude penal.
Assim, meu amigo(a), encerramos nossos breves comentários introdutórios sobre o Direito Penal.
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Então, meu amigo(a), para darmos início ao nosso estudo, precisamos nos debruçar sobre os princípios
que direcionam a interpretação e aplicação de todas as disposições do direito penal.
A nossa Constituição Federal, no seu art. 5º, inciso XXXIX, define o princípio da legalidade:
Art. 5º
[...]
XXXIX – “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
Assim, a primeira informação que devemos guardar e que será importantíssima para o seu concurso é que
não há possibilidade de existir um crime sem que haja uma lei anterior que o regule. Ocorre que o artigo 1º do
Código Penal repetiu o comando constitucional da seguinte maneira:
Anterioridade da Lei
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Assim, caríssimo, o princípio da legalidade tem o objetivo de garantir segurança jurídica a todos (eu, você,
seus familiares e quem você possa imaginar nesse momento) que estão submetidos às eis penais. Ou seja, a
segurança jurídica diz respeito ao encaixe perfeito de uma conduta realizada no mundo exterior (fato) e o tipo
penal (artigo do Código Penal que incrimina essa conduta realizada no mundo exterior – fato).
Pode ser que esteja um pouco confuso nesse momento, mas para deixar mais clara suas ideias, permita-
me uma pergunta: “Você já assistiu a série ‘la casa de papel’?” Se ainda não assistiu, aqui vai um spoiler: os per-
sonagens possuem nomes de cidades. Agora, se você já assistiu e sabe disso, permita-te apresentar nosso per-
sonagem “Austin” que será romantizado durante todo o nosso estudo para facilitar seu aprendizado.
Imagine a seguinte situação: Austin desfere dois tiros em Dallas e esse, por sua vez, acaba morrendo por
conta dos disparos. A atitude de Austin em desferir dois tiros em Dallas e matá-lo, é o nosso fato (realização de
uma conduta no mundo exterior). Dessa forma, Austin responderá pelo crime de homicídio, do art. 1213, do
3
Art. 121. Matar alguém:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
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Código Penal (que protege a vida), por sua conduta (matar alguém), se amoldar perfeitamente a redação do
referido artigo.
Vamos ver como isso caiu em concurso?
O art. 1º do Código Penal afirma que não há crime sem lei anterior que o defina e que não há pena sem prévia
cominação legal. O mencionado dispositivo corresponde a qual princípio de direito penal?
A) Princípio da legalidade.
C) Princípio da proporcionalidade
D) Princípio da igualdade.
E) Princípio da austeridade.
Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário
E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
Gabarito: C – Conforme estudamos anteriormente, o art. 5º, XXXIX, da CF, insculpiu o princípio da legalidade
afirmando que “Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
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Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área
Judiciária
Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-
leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da
A) legalidade.
B) proporcionalidade.
C) individualização.
D) pessoalidade.
E) dignidade humana.
Gabarito – “B” – Sabemos que o princípio da legalidade está elencado no art. 5º, XXXIX, da CF, razão pela qual,
o gabarito não pode ser a letra “a”. Dessa forma, procederemos através da exclusão das demais alternativas e
a única que não possui previsão expressa na CF é alternativa “b” que trata do princípio da proporcionalidade.
Individualização – art. 5º, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
Pessoalidade – art. 5º , XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar
o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Agora que já verificamos como esse assunto é cobrado em prova, vamos adiante com nosso estudo!!
“Professor, você falou que o Código Penal repetiu as disposições do art. 5º, inciso XXXIX, da Constituição que
define o princípio da legalidade. Mas e agora, porque o título do art. 1º do CP define o princípio como “anterioridade
da lei”?
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Para exemplificar a adoção dessa nomenclatura pelo Código Penal, ficará mais fácil a partir do esquema
abaixo:
Reserva Legal
Taxatividade
Ao analisarmos esse esquema, notamos que o princípio da legalidade se subdivide em: anterioridade, ta-
xatividade e reserva legal. Saber essas subdivisões é muito importante para o seu estudo, mas não se preo-
cupe, pois cada um deles será objeto de estudo a partir de agora.
Reserva legal.
Meu amigo, a reserva legal é um dos desdobramentos do princípio da legalidade e representa a exi-
gência de lei no sentido formal para a criação de crimes no mundo jurídico, razão pela qual, costumes, por
exemplo, não podem ser utilizados como fontes de criação ou agravamento de infrações penais.
Assim, para que possamos falar em crimes no ordenamento jurídico, somente leis complementares
ou leis ordinárias são aptas a criminalizarem condutas, ou seja, a tornar determinado fato do mundo real, uma
conduta criminosa.
Meu jovem, a lei penal deve ser exclusivamente federal, por força do art. 22, I, da Constituição Federal.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-
tes.
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O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos
penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – CERTO – Conforme estudamos anteriormente, os tipos penais somente podem ser criados através
de lei em sentido estrito (lei complementar ou ordinária de competência privativa da União, por força do art.
22, I, CF).
Agora eu lhe faço uma pergunta: Você acha que é possível Medida Provisória regular matéria que en-
volve direito penal? Responda de uma maneira franca para você mesmo! Respondeu? Pois bem, a resposta não
é positiva e nem negativa nesse momento. Agora a resposta é DEPENDE! Explico-lhes!
A medida provisória, conforme o artigo 62 da Constituição Federal é um ato do Presidente da Repú-
blica que em situação de relevância e urgência poderá editar MP, com força de lei, devendo submetê-la de
imediato ao Congresso Nacional. Entretanto, o parágrafo §1º, alínea “b”, do art. 62 da Constituição Federal diz
que é vedada a edição de medida provisória sobre matéria relativa a direito penal.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com
força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional
“Mas professor, se o art. 62, §1º, I, “b”, da Constituição Federal diz textualmente que é vedado o uso de
MP para regular direito penal, como a resposta pode ser DEPENDE?”
Certo, meu amigo(a), pelo texto da Constituição você tem razão, é vedado o uso de MP para regular
matéria penal, como, por exemplo, criar um crime ou, até mesmo, agravar a pena já presente em um crime
regulado pelo Código Penal.
Entretanto, é possível Medida Provisória regular matéria BENÉFICA em direito penal, e isso já acon-
teceu no Brasil, com o art. 32 do Estatuto do Desarmamento (Lei nº. 10.826/03) que trata o instituto da entrega
espontânea de arma de fogo, tornando isso uma causa extintiva da punibilidade.
Então, meu amigo, quando você for questionado acerca do uso de MP em direito penal, a resposta é
depende, pois caso seja para piorar a situação do agente criminoso, é vedado, entretanto, se for para beneficiar,
é possível o seu uso.
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Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-
gue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-
var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação
da medida pelo Congresso Nacional.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – pois, conforme vimos anteriormente, é vedado o uso de Medida Provisória em direito
penal para criar crimes ou AGRAVAR a pena de determinado crime. Então, para ficar mais fácil, tenha sempre
em mente a seguinte premissa: se a MP vier a piorar a situação, é vedado o seu uso em direito penal.
Superada essa primeira parte, outro ponto importante que você precisa ter o pleno conhecimento é
o instituto da analogia.
Analogia.
Imagine que nosso personagem Austin praticou o crime de dano do art. 163, p.ú, do Código Penal
(figura do dano qualificado) – até dezembro de 2017 figurava como qualificadora destruir o patrimônio da
União, Estados e Município. Mas e agora, se o dano causado por Austin fosse contra o patrimônio do Distrito
Federal, seria um crime de dano simples ou qualificado? O STJ disse várias vezes que o crime que fosse come-
tido contra o patrimônio do DF seria simples, pois a lacuna não poderia ser suprida por meio da analogia, o que
geraria o que chamamos de analogia “in malan partem” (em prejuízo do réu – que é proibido pelo direito penal).
Entretanto, meu caro estudante, para suprir essa lacuna e não gerar analogia in malan partem o legislador in-
cluiu, através de lei em sentido formal (Lei n.º 13.531/17), o Distrito Federal no rol do p.ú, do art. 163 do CP,
razão pela qual, se nosso personagem Austin cometesse um dano qualificado contra o patrimônio do DF, res-
ponderia pelo crime na sua forma qualificada.
Dano
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Dano qualificado
Dessa forma, fechamos nosso estudo sobre analogia no direito penal. Porém, antes de avançarmos, vou
deixar-lhes essa tabela diferenciando a analogia, interpretação extensiva e interpretação analógica. Veja só
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o
concreto concreto caso concreto
Amplia-se o alcance da pa- Utilizam-se exemplos segui- Cria-se nova norma a partir
lavra (não importa no surgi- dos de uma fórmula gené- de outra (analogia legis) ou
mento de uma nova rica para alcançar outras hi- do todo do ordenamento ju-
norma) póteses rídico (analogia iuris)
Tudo certo?!
Anterioridade.
Meu amigo, minha amiga!
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A anterioridade é mais um dos desdobramentos do princípio da legalidade. Sendo assim, para que possamos
punir alguém pela prática de um crime, a lei penal deve ser anterior à conduta do agente. Em outras palavras,
a lei deve estar vigendo no ordenamento jurídico antes da prática da conduta pelo criminoso.
Você provavelmente deve ter tomado conhecimento através da mídia acerca de criminosos que ejacula-
vam em mulheres no interior dos transportes públicos no Estado de São Paulo. Ocorre que, no período em que
essas práticas (infelizmente) se tornaram corriqueiras, não havia no Código Penal nenhuma norma que incrimi-
nasse o indivíduo por tal fato, mas apenas a contravenção penal de perturbação da tranquilidade.
Dessa forma, o legislador ciente da gravidade dos fatos, editou a Lei n.º 13.718/18, criando o crime de im-
portunação sexual, previsto no art. 215-A do Código Penal. Assim, passou-se a criminalizar, através de lei em
sentido formal, um fato que acontecia no mundo real e que não havia anterior previsão legal para punição.
Ao analisarmos o exemplo acima, com base no que ensinei a vocês sobre o significado do princípio da
anterioridade (a lei penal deve ser anterior à conduta do agente), podemos ter a certeza de que o nosso crimi-
noso não poderia ter sido responsabilizado pelo crime de importunação sexual caso tivesse ejaculado nas suas
vítimas antes da entrada em vigor da Lei nº. 13,718/18, pois, nesse caso, estamos diante da irretroatividade da
lei penal (o que é regra no direito penal).
Entretanto, meu caro, é bom que você saiba que é possível a retroatividade da lei penal benéfica (e isso
será objeto de estudo logo adiante).
Assim, para que possamos fixar de forma bem clara o que acabamos de aprender, vamos ver como isso
vem sendo cobrado nos concursos!
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigência é
chamada de
B) princípio da legalidade.
C) princípio da irretroatividade.
D) princípio da normalidade.
E) princípio da adequação.
Gabarito: C - Trata-se do princípio da irretroatividade, pois, lendo o enunciado da questão, podemos trans-
porta-lo para o exemplo mencionado anteriormente acerca do importunador sexual, que não poderá ser punido
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pelos crimes praticados antes da entrada em vigor da Lei n.º 13.718/18, que criou o crime do art. 215-A do,
Código Penal.
Assim, para encerrarmos os desdobramentos do princípio da legalidade, falta apenas estudarmos a figura
da taxatividade. Vamos em frente?!!
Taxatividade.
Por taxatividade, meus caros, temos a exigência de lei penal com conteúdo (tanto no preceito primário –
tópico da lei penal que descreve a conduta – figura típica) e o preceito secundário (tópico da lei que comina a
pena – reclusão de tanto a tanto) determinado.
O ordenamento jurídico penal veda o empego de tipos penais vagos (cujo conteúdo é indeterminado).
“Arpini, agora fiquei um pouco confuso. Poderia me dar um exemplo de como isso funciona? ”
Mas é claro! É para isso que estou aqui. Quero facilitar e, ao mesmo tempo, potencializar seu estudo!
Vou dissecar um tipo penal para que você visualize o que é um tipo penal com conteúdo determinado e
logo em seguida um tipo penal de conteúdo vago/indeterminado.
Homicídio simples (isso é o nome do crime – você pode encontrar em prova a expressão nomem iuris)
Art. 121. Matar alguém (esse é nosso preceito primário, que possui conteúdo determinado, que se verifica através
do verbo “matar”)
Pena - reclusão, de seis a vinte anos (esse é nosso preceito secundário, que possui conteúdo determinado, que
se verifica através dos parâmetros numéricos abstratos – pena de 6 a 20 anos).
Isso que acabei de ensinar você, meu caro aluno(a) você precisa dominar, pois quando lhe for questionado
algo sobre o preceito primário ou preceito secundário, você já terá o retrato da figura criminosa em sua mente
e saberá onde encontrar a resposta para seu teste.
Agora, como prometido, disse que mostraria um exemplo do que é vedado pelo direito penal, para que
você não se confunda na hora da prova.
Se retornarmos ao período da 2ª Guerra Mundial, a Alemanha Nazista, em seu Código Penal, tinha a pre-
visão da seguinte figura criminosa:
“Praticar qualquer atentado ao sentimento sadio do povo alemão”. No preceito primário, é notória a ausência de
conteúdo de determinado. Fica o questionamento, meu amigo (a), o que poderia ser considerado atentado
para ferir o sentimento sadio do povo alemão?
“Pena – a ser fixada segundo o prudente arbítrio do juiz criminal”. Aqui, também, não há conteúdo determinado.
Que tipos de penas poderiam ser aplicada pelo juiz criminal? Pena de morte, prisão perpétua, trabalhos força-
dos, banimento? Ou seja, o preceito secundário, assim como o preceito primário são completamente vagos.
Então, meus caros, é esse tipo de situação que se apresentava no Código Penal da Alemanha nazista que
o legislador brasileiro quer evitar quando nos presenteia com o desdobramento da taxatividade.
Entretanto, meu amigo, você não deve confundir tipos penais vagos (que é o exemplo do código penal
nazista) com crime vago.
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O crime vago é aquele em que o sujeito passivo (a vítima do crime – titular do bem jurídico protegido) é
um ente sem personalidade jurídica, por exemplo: o crime de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da Lei
11.343/06, tem como sujeito passivo, a sociedade, ou seja, um ente sem personalidade, diferentemente do que
acontece, no crime de homicídio, em que a vítima é uma pessoa individualizada.
Não quero que você confunda crime vago com tipos penais abertos, então, para isso, vamos a diferenci-
ação!
O sujeito passivo (a vítima do crime – titular do bem É o que possuí conteúdo amplo, porém, determi-
jurídico protegido) é um ente sem personalidade ju- nado. P.ex. o homicídio culposo do art. 121, §3º, do
rídica CP, razão pela qual, a conduta culposa (negligência,
imprudência e imperícia) poderá se dar de diversas
formas.
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DESDOBRAMENTOS MATERIAIS
LIMITAÇÕES AO CONTEÚDO DOS TIPOS PENAIS.
Princípio da Insignificância.
Dando seguimento ao nosso estudo, ainda dentro do tema da aplicação da lei penal, vamos iniciar a abor-
dagem acerca das limitações ao conteúdo dos tipos penais através de outros princípios presentes no direito
penal.
O mais conhecimento deles, e afirmo sem nenhuma dúvida, o que mais DESPENCA em concurso é o
princípio da insignificância.
Então, mãos à obra!
Você deve ter em mente que condutas (fatos criminosos) que produzam lesões insignificantes aos bens
jurídicos (vida, patrimônio, honra e etc.) são consideradas atípicas (ou seja, não são consideradas crimes).
Sendo assim, quando for aplicado o princípio da insignificância há a presença da atipicidade material (que será
objeto de estudo quando tratarmos do conceito analítico de crime).
Entretanto, para que possamos verificar no caso concreto a incidência (ou não) do princípio da insignifi-
cância, o Supremo Tribunal Federal nos presenteou com os quatro vetores abaixo:
Para que fique mais fácil de você memorizar esses quatro vetores, vou reproduzir o mnemônico “PROL”
de autoria do meu colega André Estefam.
Além do “PROL”, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui duas súmulas acerca do tema. Para que você
se familiarize com as nomenclaturas, meu caro(a), súmulas são o entendimento consolidado do tribunal depois
de ter enfrentado inúmeros casos que versaram sobre determinado tema. Então, dessa forma, o STJ, ao se
debruçar inúmeras vezes sobre casos envolvendo o princípio da insignificância, editou três súmulas, quais se-
jam:
STJ, 589 – Não cabe o princípio da insignificância em infrações praticadas mediante violência doméstica ou
familiar contra a mulher.
STJ, 599 – Não cabe o princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.
STJ, 606 – Não cabe a insignificância no crime de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequên-
cia.
Insignificância nos crimes matérias contra a ordem tributária: Se o valor do tributo acessório não atinge
a cifra de R$20.000,00 (entendimento do STF), não se admite a propositura da ação penal.
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Aposto que você lembra do Austin. Então, vamos colocá-lo em mais uma situação criminosa para que
você entenda o que significa a insignificância.
Imagine a situação em que Austin se dirige até o interior de um supermercado e subtrai de uma das pra-
teleiras um pacote de chicletes avaliado em R$5,00 (cinco reais). Ao verificarmos a conduta de Austin verifica-
mos que ela se amolda ao crime de furto do art. 155, do Código Penal4.
Superado esse primeiro momento, precisamos verificar no caso concreto a incidência do “PROL”.
Dessa forma, não há dúvida de que na subtração do pacote de chiclete está ausente a periculosidade so-
cial de Austin, há um reduzido grau de reprovabilidade do fato, presente também a mínima ofensividade da
conduta e, por fim o ínfimo grau de lesão jurídica, razão pela qual, o fato é materialmente atípico, fazendo
incidir o princípio da insignificância.
Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -
Analista Judiciário - Área Judiciária
A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não
configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura
dos consumidores desses produtos.
B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de
resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-
nais aos seus agentes.
C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código
Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.
4
Furto
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
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E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a
existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.
Gabarito – B – Conforme acabamos de estudar, devemos verificar na análise do caso concreto se há ou não a
presença dos elementos que compõe o “PROL” e, caso estejam presentes os requisitos, estamos diante da apli-
cação do princípio da insignificância, que considera o fato materialmente atípico, não ensejando a aplicação de
sanções penais ao criminoso.
Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de cri-
mes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o pre-
juízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – Errado – pois, como estudamos anteriormente, o STJ já tem entendimento sumulado sobre a ma-
téria (589) vedando a aplicação do princípio da insignificância em crimes contra a administração pública.
Alteridade
Outra limitação ao conteúdo dos tipos penais é o princípio da alteridade e, por esse princípio, o direito
penal só deve punir condutas que atingem bens jurídicos alheios. Ou seja, meu amigo(a), em sentido contrário,
por exemplo, a autolesão é fato atípico, porque atinge bem jurídico do indivíduo que se auto lesionou.
Suponhamos que Austin munido de uma faca, se lesionasse propositalmente em seu braço, cortando-o
de forma superficial, causando em si mesmo, uma lesão corporal de natureza leve. Nesse caso, estaremos di-
ante a atipicidade do fato, por conta do princípio da alteridade, pois não houve lesão a um bem jurídico alheio
capaz de gerar o crime de lesão corporal do art. 129 do Código Penal.
Sendo assim, vamos encerrar nosso estudo acerca das limitações ao conteúdo dos tipos penais com a
análise do princípio da adequação social.
Adequação social.
Por adequação social, verificamos que condutas socialmente adequadas não podem ser objeto de crimi-
nalização.
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Imagine que Austin tenha sido presenteado por Deus com o nascimento de sua filha, fruto da sua união
com Houston. Logo em seguida ao nascimento de sua filha, Houston a leva até uma drogaria perto de sua resi-
dência para furar as orelhas da menina com a finalidade de colocar brincos. Assim, em um primeiro momento,
não temos dúvidas de que a conduta de “furar as orelhas” é causadora de uma lesão corporal. Entretanto, por
conta de tal conduta ser socialmente adequada, o fato é atípico, ou seja, não há crime para o fato ora descrito.
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciária
A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não
possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a
jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.
( ) Certo
( )Errado
Resolução:
a) – ERRADO. Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de
considerar socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é con-
siderada criminosa.
Princípio da ofensividade.
Para o princípio da ofensividade, não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta a um bem jurídico
tutelado.
Segundo esse princípio, os crimes de perigo abstrato (aqueles que o tipo penal descreve determinada
conduta sem exigir ameaça concreta ao bem jurídico tutelado) seriam inconstitucionais.
Porém, esse não é o entendimento que prevalece nos Tribunais Superiores (STJ e STF) a respeito do tema,
razão pela qual, ambos os Tribunais consideram constitucionais os crimes de perigo abstrato.
Um exemplo de crime de perigo abstrato é o porte de arma de fogo do artigo 14 do Estatuto do Desar-
mamento, onde o legislador resolveu incutir o potencial lesivo no próprio tipo penal, sem que da conduta de
portar a arma de fogo causa alguma lesão ou perigo de lesão a terceiros.
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Entendido?!
Vamos adiante!
Outro aspecto intimamente ligado o princípio consiste na proibição de que ao mesmo fato concreto seja
encaixado mais de uma norma penal.
“Assim, por exemplo, se o agente desfere diversos golpes de faca contra uma pessoa, num só contexto,
visando matá-la, objetivo atingido depois do trigésimo golpe, não há vinte e nove crimes de lesão cor-
poral e um homicídio, mas tão somente um crime de homicídio” (ESTEFAM, 2017, p.153).
Desse modo, o princípio da individualização da pena deve ser observado em várias vertentes.
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“O princípio deve ser observado, em primeiro lugar, pelo legislador, a quem se proíbe a construção de
tipos penais que retirem do magistrado a possibilidade de estabelecer uma pena que leve em conta a
natureza particular do crime cometido, com todas as suas características relevantes, bem como os as-
pectos ligados ao agente que, de algum modo, guardem relação com o fato praticado. Depois da indivi-
dualização legislativa, há a individualização judicial, que se reflete justamente no intrincado e rico pro-
cedimento de aplicação da pena.[...]. Sob esse prisma, é vedado ao julgador impor uma sanção padro-
nizada ou mecanizada, olvidando os aspectos únicos da infração cometida. Há, ainda, a individualiza-
ção executiva, a ser observada durante a execução da pena, com vistas à ressocialização do sentenci-
ado. (ESTEFAM, 2017, p. 394).
Certo, meu caro aluno! Superamos toda essa primeira parte sobre aplicação da lei penal, agora, vamos
dar início ao nosso segundo tema macro, mais precisamente o estudo da lei penal no tempo.
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Sendo assim, a partir do momento em que uma norma em vigor no ordenamento jurídico, o Estado (de-
tentor do direito de punir – jus puniendi) poderá exigir de todas as pessoas que se abstenham de praticar a con-
duta definida como criminosa.
A título de exemplo, quando entrou em vigor a Lei n.º 12.850/13, o Estado passou a ter o direito de exigir
de todos, que não pratiquem os comportamentos definidos como crimes de organizações criminosas (art. 2º
da Lei 12.850/13). Antes disso, não poderia exigir tal conduta das pessoas, visto que tal fato não era definido
como infração penal.
Os dispositivos legais que você precisa ter em mente para mapearmos o nosso estudo sobre lei penal no
tempo, são os artigos 2º a 4º do Código Penal e, também o art. 5º, XL da Constituição Federal:
Art. 5º [...]:
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude
dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores,
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado – retroatividade penal benéfica.
Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do
resultado.
Dessa forma, a lei penal poderá ser irretroativa (regra), retroativa (exceção) e também ultra ativa. Para
ficar mais fácil a visualização, preparei o esquema abaixo:
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Irretroativa
Lei Penal
Retroativa (art. 2º, p.ú, CP)
Ultra ativa (art. 3º, CP)
Agora que você já sabe quais são os efeitos que a lei penal pode apresentar, vamos ver como esse conteúdo
está sendo cobrado em concurso:
Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.
C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.
D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.
E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.
Gabarito – B – A lei penal, conforme o art. 2º, p.ú, do CP, poderá retroagir para beneficiar o réu.
Então, meu aluno(a), a partir de agora vamos estudar cada uma dos efeitos da lei penal.
Retroatividade.
Conforme acabamos de ver na questão anterior, o Código Penal, em seu artigo 2º, p.ú., repetiu o co-
mando constitucional do art. 5º, XL e afirmou categoricamente que a lei penal só poderá retroagir para benefi-
ciar o réu.
“Tudo bem, Arpini! Mas e agora, como fica isso no plano prático?”
Imaginemos que Austin tenha cometido o crime de furto, previsto no art. 155, caput, do Código Penal.
Conforme estudamos no primeiro tema macro do nosso PDF de estudo, você lembra que o crime possui um
preceito primário (onde está a conduta incriminada) e um preceito secundário (onde nos traz a pena a ser apli-
cada para aquele fato).
Pois bem, se Austin cometeu o crime de furto, ao analisarmos o preceito secundário do art. 155, caput,
do Código Penal, verificamos que a pena a ser aplicada para esse crime é de 1 a 4 anos (Lei 1). Então, se Austin
for condenado pela prática de furto a uma pena de 2 anos, venha uma nova lei penal (Lei 2) dando nova redação
ao crime de furto, apenando esse crime com um preceito secundário de 6 meses a 1 ano. Essa será uma nova
lei benéfica (Lei 2), razão pela qual, ela deverá ser aplicada para beneficiar Austin.
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“Professor, mas como será feita a aplicação dessa lei benéfica se o Austin já foi condenado definitivamente
a uma pena de 2 anos como você falou?”.
Nesse caso, meu jovem, caberá ao juiz da execução penal, com base na súmula 611 do STF, aplicar a lei
penal benéfica (Lei 2) a Austin, alterando seus benefícios de cumprimento de pena.
611, STF – Compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal.
Certo!
Quer ver como isso está sendo cobrado em prova? Aposto que sim!
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
No que concerne aos princípios, direitos e garantias fundamentais, estabelecidos na Constituição Federal de
1988 (CF), julgue os itens a seguir.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – Conforme já estudamos em passagens anteriores, a lei penal somente poderá retroagir
para beneficiar o réu.
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Você também precisa saber que lei penal benéfica ou (lex mitior – outra terminologia que você pode
encontrar em sua prova) é gênero, do qual são espécies a abolitio criminis e a novatio legis in mellius, que serão
nosso objeto de estudo a partir de agora.
Abolitio criminis – nova lei que descriminaliza condutas. Não confundir os termos descriminalização
com despenalização (significa suprimir/dificultar/impedir a aplicação de pena privativa de liberdade).
Outra informação importante que quero que você não confunda com a abolitio criminis, diz respeito
ao princípio da continuidade normativo típica.
Continuidade normativo típica: significa a manutenção do caráter proibido da conduta, porém, há um
deslocamento do conteúdo criminoso para outro tipo penal. A intenção, nesse caso, é que a conduta permaneça
criminosa, enquanto na abolitio há a supressão do tipo penal.
Novatio legis in mellius – nova lei que mantém a criminalização do ato, mas lhe confere tratamento
mais brando (611, STF – compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal).
A conduta não será mais punida (o fato deixa de ser O fato permanece punível (a conduta criminosa
punível) passa para outro tipo penal).
O legislador não quer mais considerar o fato crimi- O legislador quer manter a conduta como crimi-
noso nosa.
A partir dos quadros resumo que apresentei para vocês acima, podemos verificar que no exemplo que
narrei anteriormente em que Austin havia cometido um furto e uma nova lei penal benéfica havia entrado em
vigor dando tratamento menos rigoroso ao fato criminoso, estamos diante de uma novatio legis in mellius, ou
seja, uma lei penal que mantém a criminalização (furto cometido por Austin) mas lhe confere um tratamento
mais brando (pena de 6 meses a 1 ano).
Já a abolitio criminis seria o caso, por exemplo, de uma nova que lei deixasse de considerar crime o
furto praticado por Austin
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Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é
B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.
Gabarito – A – Pois, conforme o exemplo em que “xxx” cometeu um furto, a sua conduta é considerada um
crime e, no momento em que há a abolitio criminis, por conta de uma lei penal benéfica, essa conduta anterior-
mente criminosa não mais é considerada crime.
Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a Classe
O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,
em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou
em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado
crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta
no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.
A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica
a fatos anteriores.
C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse
antes de 01 de fevereiro de 2015
D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da
condenação.
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E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-
tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.
Gabarito: A – O enunciado da questão nos traz uma situação de abolitio criminis, razão pela qual, sobrevindo
em 2015 uma lei que deixe de considerar criminosa a conduta de aborto com consentimento da gestante,
mesmo que o agente tenha sido condenado pela pratica do referido crime, ela será automaticamente aplicada
ao seu caso através do juiz da execução penal (611, STJ) que declarará extinta a punibilidade do agente pela
superveniência da abolitio criminis.
Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário
Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha
entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-
tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova
A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-
ormente à vigência da nova lei.
B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-
cípio da retroatividade.
C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se
situação em que o acusado será beneficiado.
D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.
E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em
curso quando a nova lei passou a vigorar.
Gabarito – C – Diante da situação apresentada no enunciado, em que o indivíduo está sendo processado pela
prática do crime de estelionato (art. 171, CP) e, durante o tramite do processo, sobrevém nova lei penal bené-
fica, é o caso de aplicarmos, de forma retroativa, a nova lei ao caso concreto, beneficiado o acusado do crime
de estelionato.
Dessa forma, encerramos por aqui o estudo do primeiro efeito da lei penal benéfica e também de suas
espécies. No próximo tópico iniciaremos o estudo de mais um dos efeitos da lei penal, dessa vez a irretroativi-
dade!!
Continue firme no seu estudo e venha comigo!
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Irretroatividade.
O instituto da irretroatividade da lei penal é a regra no ordenamento jurídico, ou seja, meus caros, a
regra é de que as leis penais não retroajam para alcançar fatos passados.
Quanto a irretroatividade, você também precisa saber que ela é gênero (lex gravior – outra termino-
logia que você pode encontrar em sua prova) da qual são espécies a novatio legis incriminadora e a novatio
legis em pejus, que serão abordadas a partir de agora.
Novatio legis in pejus – nova lei que mantém a criminalização, mas dá ao fato tratamento mais severo.
Ex: inclusão do §2º ao artigo 157 do CP.
Para falar para você acerca da novatio legis incriminadora, quero que você recorde, mais uma vez, do
exemplo dado no início do nosso curso no tocante ao crime de importunação sexual.
A Lei n.º 13.718/18, que criou o crime de importunação sexual (art. 215-A, do CP) é um típico exemplo de
nova lei incriminadora, pois, antes de ela entrar em vigor, não havia no ordenamento jurídico a previsão de um
crime específico para o agente que ejaculasse em uma moça nas condições em que o crime se desenvolvia (no
interior do transporte público paulistano). Assim, por ser uma nova lei incriminadora, ela é irretroativa, não
podendo punir os agentes que tenham praticado a referida conduta antes da sua entrada em vigor no mundo
jurídico.
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prejudicial para si e só passará a incidir a partir dos furtos praticados a partir da sua entrada em vigor no orde-
namento jurídico.
Furto
Furto Nova Lei Penal
Gravosa Pena 10 a 20
Pena 1 a 4 anos
anos
Entretanto, preciso que nesse momento você redobre a sua atenção, pois o que vou lhe ensinar agora é
importantíssimo para dar seguimento ao seu aprendizado sobre lei penal no tempo.
Em que pese a nova lei penal mais gravosa e a nova lei penal incriminadora serem irretroativas, temos um
instituto dentro do direito penal que se chama “superveniência de nova lei gravosa” que acontece durante a
permanência ou continuidade delitiva.
Para que possamos entender o que se trata a “superveniência de nova lei gravosa” precisamos entender
o que é um crime permanente.
Dentro do direito penal temos inúmeras formas de classificar os crimes de acordo com o seu momento
consumativo, ou seja, quando o crime produziu todos os seus efeitos no mundo jurídico e dá ao Estado o direito
de punir o agente que praticou tal conduta.
Dentre essas classificações uma delas é o crime permanente, que é aquele em que a consumação do crime
se prolonga no tempo.
Vamos a um exemplo: suponha que Austin sequestrou uma pessoa exigindo que lhe seja entregue uma
grande quantia em dinheiro para a libertação dessa vítima. Nesse contexto estamos diante do crime de extor-
são mediante sequestro, do art. 159 do Código Penal.
Da análise do crime em tela, a conduta do agente é a de sequestrar, ou seja, no momento em que Austin
sequestra sua vítima, o crime está automaticamente consumado, independente do criminoso vir a receber ou
não a vantagem solicitada para a libertação da vítima.
Quero que você também perceba que a pena desse crime é de 8 a 15 anos.
Agora, tenhamos a seguinte situação em mente.
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Se Austin mantém a vítima em seu poder por uma semana e, durante esse período de tempo, entra em
vigor uma lei penal que altera o preceito secundário do crime (de 8 a 15 anos) para 20 a 30 anos, não temos
dúvidas de que se trata de uma novatio legis in pejus, correto? Correto! Então, em que pese tratar-se de uma lei
penal gravosa, ELA VAI SE APLICAR AO CRIME QUE ACABEI DE MOSTRAR A VOCÊS, pelo simples fato de
enquanto o sequestrado estiver em poder do sequestrador, a consumação do crime está se prolongando no
tempo, pelo seu caráter permanente.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois ter-
ços. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.
A partir da leitura do artigo 71 do CP, podemos concluir que a continuidade delitiva (crime continuado)
ocorre quando o sujeito, mediante pluralidade de condutas, realiza uma série de crime da mesma espécie, guar-
dando entre si um elo de continuidade (em especial, as mesmas condições de tempo, lugar e maneira de exe-
cução).
O Brasil adotou a teoria da ficção jurídica para o crime continuado.
Para tanto, alguns requisitos são necessários para a ocorrência do crime continuado, quais sejam:
Requisitos Objetivos:
1º) Os crimes praticados devem ser de mesma espécie (aquelas previstos no mesmo tipo penal);
2º) Condições semelhantes: tempo (aproximadamente 30 dias), lugar (no mesmo foro ou foros próximos)
e modo de execução (verificar o “modus operandi”).
Espécies:
a) comum/simples – Art. 71, caput, basta o preenchimento dos requisitos acima, e uma vez verificados, o
aumento de pena é de 1/6 a 2/3.
b) Específico/qualificado (p.ú. do art.71): São requisitos adicionais aos do caput, com caráter cumulativo,
sendo todos os crimes doloso, praticados contra vítimas diferentes, cometido com violência ou grave ameaça
contra a pessoa. A pena nesse caso pode ser aumenta até o triplo
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Súmula 711 do STF – A lei gravosa se aplica ao crime permanente ou continuado quando entrar em vigor
durante a permanecia ou continuidade delitiva.
Agora, meu amigo(a), preste atenção como esse conteúdo vem caindo em provas:
Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,
prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.
Nessa situação hipotética,
A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.
B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,
em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da
nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.
D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-
vidade da lei penal.
E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do
princípio da irretroatividade da lei penal.
Gabarito – C – Pois, conforme acabamos de estudar, a lei penal mais gravosa se aplica ao crime continuado ou
permanente enquanto não cessada a atividade delituosa e a entrada em vigor da lei mais gravosa. Essa também
é a redação da súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.
Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de
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duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,
ainda que seja mais gravosa.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – Certo – Conforme se verifica do enunciado da questão, ela retrata o teor do entendimento sumulado
pelo STF no verbete 711, o qual diz ser possível a aplicação da lei penal mais gravosa que entra em vigor durante
a permanência ou continuidade delitiva.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária
Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte Geral
do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa
quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-
vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-
noel.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – A lei mais gravosa incidirá sobre Manoel, pois entrou em vigor durante a permanência
(prolongamento da consumação do crime) enquanto a vítima se encontrava sob seus domínios.
Sendo assim, meu querido(a) estudante, através das análise das questões que acabamos de resolver, é
de suma importância você estar atento a súmula 711 do Supremo e sua incidência em provas de concurso.
Diante desse panorama que apresentei a vocês, quero-lhes fazer uma pergunta. Você acha que é possível
haver a combinação de leis penais? Em outras palavras, você acha possível que o juiz, no caso concreto, possa
mesclar dispositivos benéficos da nova lei com benefícios da lei revogada?
A resposta por um “sim” pode até parecer tentadora diante de tantas nuances presentes em vários dos
institutos que já estudamos, entretanto, nesse caso é vedado ao juiz a combinação de leis penais, pois, nesse
contexto, ele estaria criando uma terceira lei (chamada de lex terxio), e o STJ, por meio da súmula 501 tratou de
pôr um ponto final na controvérsia.
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"É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas
disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976,
sendo vedada a combinação de leis."
Na época, a controvérsia pairava sob a forma de como seria aplicada a pena em crimes envolvendo o
tráfico de drogas.
Naquela ocasião, o juiz, ao condenar o indivíduo pela prática do crime de tráfico, ao realizar a dosimetria
da pena (matéria que será objeto de estudo mais adiante no nosso curso) deveria fazer duas dosimetrias, sendo
uma com a lei antiga e outra com a lei nova, aplicando-se a sentença em que chegara em uma condenação mais
branda (pena menor), sendo vedada a combinação dos dispositivos da Lei 11.343/06 (nova lei de drogas) com
os dispositivos da Lei 6.368/76 (antiga lei de drogas) para formular a sentença.
Então, para encerrarmos o estudo dos diversos desdobramentos da lei penal no tempo, ainda tenho a
incumbência de ensina-los acerca do instituto da lei penal excepcional ou temporária. Não percamos tempo!
Vamos adiante!
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circuns-
tâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Como exemplo, posso citar a vocês a Lei 12.663/12 (a Lei Geral da Copa) criada para vigorar somente
durante o período de realização da Copa do Mundo no Brasil. A referida lei criou figuras criminosas, mas fixou
um contexto temporal para que houvesse a incidência desses crimes caso a lei fosse violada. O marco temporal
estipulado pela lei geral da copa foi dia 31/12/2014. Após essa data a Lei Geral da Copa parou de produzir efeitos
no mundo jurídico.
Entretanto, meu amigo(a), como você acha que fica a punição de um indivíduo que tenha cometido um
crime previsto na Lei Geral da Copa durante o seu período de vigência, se posteriormente ele veio a perder os
seus efeitos? Pense um pouco e reflita comigo.
Se a Lei Geral da Copa, criada justamente para proteger os acontecimentos durante a Copa do Mundo,
não punisse os indivíduos que a violassem, mesmo após a sua data final (31/12/2014) de vigência, de nada teria
sentido a criação da referida norma.
Sendo assim, ambas as leis penais (excepcionais e temporárias) são aplicáveis aos fatos cometidos du-
rante a situação excepcional ou o período de tempo, mesmo após o seu termino. Então, meu brilhante aluno,
isso significa que essas leis penais possuem ultratividade.
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Para melhor visualizarmos, suponha que Austin tenha reproduzido indevidamente quaisquer um dos sím-
bolos oficias de titularidade da FIFA durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, conforme prevê o art. 30 da
Lei Geral da Copa.
Art. 30. Reproduzir, imitar, falsificar ou modificar indevidamente quaisquer Símbolos Oficiais de titula-
ridade da FIFA:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Dessa forma, suponha que a investigação que apurou ser Austin o autor do crime de utilização indevida e
símbolos oficiais tenha se encerrado no ano de 2016, ou seja, dois anos após o término da data prevista para
perdurarem os efeitos da lei (31/12/2014).
Mesmo que Austin venha a ser processado somente em 2016 por ter violado o art. 30 da Lei Geral da Copa,
que perdeu sua vigência em 31/12/2014, o criminoso será punido com base nessa lei pois, se tratando de lei
penal excepcional ou temporária, possui ultratividade alcançado os fatos praticados durante a sua vigência.
Fique atento, meu amigo(a), agora vamos ver como esse assunto vem sendo abordado nos concursos.
Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal
Julgue o item subsequente , relativo à aplicação da lei penal e seus princípios.
No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra é a aplicação da lei apenas durante o seu período de
vigência; a exceção é a extra-atividade da lei penal mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroatividade
e a ultra-atividade.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – CERTO – pois, conforme virmos anteriormente, a regra é que a lei penal será aplicada, em regra,
apenas durante o seu período de vigência. Porém, excepcionalmente, por conta da ultra atividade, a lei poderá
alcançar fatos praticados durante a sua vigência mesmo após ela ter parado de produzir efeitos no mundo jurí-
dico.
Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-
ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O
referido artigo prevê o fenômeno da:
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A) coculpabilidade.
B) tipicidade conglobante.
C) retroatividade da lei.
D) abolitio criminis.
E) ultra-atividade da lei.
Gabarito – E – tendo em vista que o enunciado nos traz a redação do art. 3º do Código Penal, e nosso estudo
até o momento, estamos diante do caráter ultra ativo da lei penal, que tem o condão de ser aplicada durante
sua vigência, mesmo que decorrido o período de sua duração ou cessada as circunstâncias que a determinaram.
Então, espero que você tenha entendido tudo até aqui, meu caro aluno!
Qualquer dúvida acerca da matéria, lembre-se que estou à disposição do você no canal de dúvidas aqui
do Direção Concursos!
Nesse momento entraremos no último tópico dentro do estudo da aplicação da lei penal, pois vamos tra-
tar do tempo do crime.
Tempo do crime.
Meu amigo, minha amiga!
Vamos dar início a umas das partes mais importantes no estudo do direito penal! A partir desse momento,
iremos tratar sobre o tempo do crime.
Para que ocorra a correta aplicação da lei penal, é imprescindível definir o tempo do crime, ou seja,
quando um crime se considera praticado.
Art. 4º - considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o mo-
mento do resultado.
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Com o intuito de clarear o seu estudo, trago um exemplo do saudoso professor André Estefam5:
“Em 1994, o homicídio qualificado tornou-se crime hediondo; a inclusão deste fato na lista contida na
Lei n. 8.072/90 ocorreu no dia 7 de setembro do ano citado. Suponha que o agente, visando à morte de
seu inimigo, tenha desferido contra ele diversos disparos de arma de fogo, por motivo fútil, no dia 5 de
setembro de 1994. Imagine, ainda, que o atirador se evada do local e a vítima seja socorrida por tercei-
ros, ficando hospitalizada por uma semana, até que vem a óbito, por não resistir à gravidade dos feri-
mentos. Neste exemplo, a conduta foi praticada antes da entrada em vigor da lex gravior, embora o
resultado se tenha produzido despois desta” (ESTEFAM, André. pg. 166).
Assim, meu caro(a) aluno(a), podemos verificar através do exemplo acima mencionado que, o homicídio
qualificado cometido pelo agente não será considerado hediondo, tendo em vista que o tempo do crime é o da
conduta (disparos de arma de fogo), e não da consumação (morte da vítima).
Outra importante função desempenhada pela teoria da atividade, insculpida no art. 4º do Código Penal é
a delimitação da responsabilidade penal do agente criminoso. Sendo assim, através da teoria da atividade,
torna-se possível fixar o exato momento em que o agente passará a responder criminalmente por seus atos –
isso se dará somente se a ação ou omissão houver sido praticada quando ele já tiver completado 18 anos de
idade (o que ocorre no primeiro minuto de seu 18º aniversário).
Peguemos o exemplo acima e mudemos a idade do agente criminoso, teremos a seguinte situação hipo-
tética, por exemplo:
Se ao tempo do disparo de arma de fogo o agente era menor de 18 anos, terá praticado ato infracional
e será punido de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei n.º 8.069/90), ainda que
a vítima somente venha a óbito quando o agente complete 18 anos.
Confira junto comigo como esse conteúdo vem sendo cobrado em prova!
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
5
ESTEFAM, André. Direito Penal : parte geral (arts. 1º a 120) / André Estefam. – 6. ed. – São Paulo : Saraiva, 2017.
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Gabarito – C – Ao analisar o enunciado da questão, ela nos traz a indagação acerca do marco que o Direito Penal
brasileiro resolveu adotar como momento para o cometimento do crime e, a partir dessa informação, conse-
guimos verificar na alternativa “c” que ela transcreveu a literalidade do art.4º do Código Penal, que considera
como momento do cometimento do crime, a ação ou omissão, ainda que outo seja o momento do resultado.
Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciário -
Área Administrativa
“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o
Código Penal adota a teoria:
A) Ubiquidade.
B) Da atividade.
C) Do resultado.
D) Ambivalência.
Gabarito – C – Em que pese X ter falecido 20 dias depois da data dos disparos, o art. 4º do Código Penal, que
adotou a teoria da atividade, é claro ao afirmar que considera-se tempo do crime o momento da conduta (ação
ou omissão) ainda que outro seja o momento do resultado.
E, para fecharmos o estudo do tempo do crime, vamos analisar mais uma questão acerca do tema, para
que, na sequência possamos dar início ao nosso novo tema macro.
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Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária
No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,
em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em
Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões
causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:
A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;
B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;
E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.
Gabarito – A – Ao analisarmos o enunciado da questão, à luz do tempo do crime (art. 4º do CP), é possível
notarmos que Jéssica possuía 17 anos de idade na data dos disparos, razão pela qual, não poderá ser responder
pelo seu crime com base no Código Penal e sim com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei
nº 8.069/90), por ato infracional análogo ao crime de homicídio. Quanto a teoria da ubiquidade, ela será objeto
de estudo quando iniciarmos o estudo da lei penal no espaço.
Tenho a certeza de que você irá gabaritar todas as questões sobre o tempo do crime no seu próximo con-
curso! Espero você para o estudo do nosso próximo tópico!
Até lá!
Lugar do crime.
Conforme estudamos até o presente momento, o art. 5º do Código Penal, determina que seja aplicada
a lei brasileira ao crime praticado no território nacional. Entretanto, da mesma forma que uma infração penal
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pode se fracionar em tempos diversos, é possível que ela se desenvolva em lugares diversos, alcançando o
território de dois ou mais países igualmente soberanos.
Para que ficar mais fácil a sua visualização, trago-lhes um exemplo de outro colega, também pena-
lista, Rogério Sanches Cunha6:
“Imaginemos, por exemplo, uma bomba fabricada no Brasil e enviada para explodir e matar vítima que
se encontra em país vizinho. Esse crime foi praticado no Brasil (devendo sofrer os consectários da lei
nacional) ou no país vizinho (aplicando-se a lei estrangeira)?
Me permita responder à questão e trazer a solução que você deverá ter em mente na hora de respon-
der suas questões de concurso.
A nossa solução, meu amigo(a) está no art. 6º do Código Penal, que nos apresenta a seguinte redação.
Lei comigo: “considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado”.
Assim, quanto ao lugar do crime, o Código Penal adotou a teoria da ubiquidade. Logo, sempre que
por força do critério da ubiquidade o fato se deva considerar praticado tanto no território brasileiro como no
estrangeiro, será aplicável a lei brasileira.
CRIMES À DISTÂNCIA
O crime percorre territórios de dois Estados soberanos (Brasil e Paraguai, por exemplo)
Vou lhes dar mais um exemplo para que fique bem claro: imagine a hipótese de um roubo que tenha
iniciado sua execução no município de Ponta Porã e que sua consumação ocorra no Paraguai. Nesse caso, vai
ser aplicada a lei penal brasileira. Como dizia o PAI do Direito Penal, Nelson Hungria, basta que o crime tenha
“tocado” o território nacional para que nossa lei seja aplicável.
Então, agora veja como isso está sendo cobrado em provas!!
Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal - Nacional
6
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º a 120) / Rogério Sanches Cunha – 5. ed. rev.,
ampl. e atual. – Salvador: JusPODIVM, 2017.
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Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Ro-
raima, Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa He-
lena, na Venezuela.
Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para
processar e julgá-lo.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – ERRADO – Pois, conforme estudamos, estamos diante de um crime à distância (aquele que toca o
território de dois ou mais países) e nesse caso, aplicamos o art.6º do CP que trata da teoria da ubiquidade.
Sendo assim, baste que o crime toque o nosso território para que se possível a aplicação da lei penal brasileira.
Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária -
Específicos
Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – CERTO – ao analisar o enunciado da questão, podemos perceber que ela retrata a literalidade do
art. 6º do Código Penal, já estudado por nós anteriormente.
Superada essa parte, quero deixar a você um mnemônico para memorização acerca da teoria da ati-
vidade e da teoria da ubiquidade.
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LU
LUGAR UBIQUIDADE
TA
TEMPO ATIVIDADE
LUTA
Lembre-se desse mnemônico
Dessa forma, meu nobre estudante, encerramos mais um tópico do nosso estudo e vamos dar segui-
mento a partir do tema da extraterritorialidade.
Venha comigo!
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De acordo com o artigo 5º, caput, do CP, “aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e
regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
A partir da regra elencada no art. 5º do Código Penal, podemos verificar que nosso CP acolheu o princípio
da territorialidade da lei penal, ou seja, a lei penal brasileira será aplicada a todos os fatos ocorridos dentro
do nosso território.
“Arpini, o que pode ser considerado território nacional? Somente o espaço físico brasileiro? “
Por território nacional, entende-se a soma do espaço físico (geográfico) com o espaço jurídico (espaço
físico por ficção ou por extensão).
Espaço físico por extensão ou ficção Para os efeitos penais, consideram-se como es-
paço físico por ficção as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do go-
verno brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as embarcações e aeronaves brasileiras (ma-
triculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente em alto
mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5º,
§1º, CP).
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Contudo, meu caro aluno(a), através da redação do art. 5º, podemos perceber que há exceções, não sendo
absoluta a regra da territorialidade, comportando a aplicação de disposições previstas em convenções, trata-
dos e regras de direito internacional (territorialidade temperada/mitigada).
Essa ressalva se refere aos casos de imunidades diplomáticas (que possuem caráter absoluto – tendo va-
lidade para todos os crimes) ou consular (tem caráter relativo – o detentor de imunidade consular só fica
isento dos crimes ligados à função). Isso é decorrência do princípio da soberania das nações.
Imagine a seguinte situação: suponha que o embaixador italiano no Brasil, por conta de uma discussão
ocasionada com um brasileiro, acaba matando-o mediante três disparos de arma de fogo.
A partir dessa situação, não temos dúvida de que se trata de um crime de homicídio, praticado dentro do
território brasileiro, contra uma vítima brasileira, sendo assim, devemos aplicar para o caso concreto a lei brasi-
leira, correto? Errado, meu amigo(a)!!! Nesse caso, por conta do princípio da soberania das nações, e das exce-
ções previstas no art. 5º do Código Penal, o embaixador italiano, mesmo que tenha praticado um homicídio
contra um brasileiro, dentro do território brasileiro, por conta de sua função diplomática, responderá pelo ho-
micídio com base na lei italiana.
Por conta disso, permite-se a aplicação da lei penal estrangeira a fato praticado em território brasileiro,
fenômeno conhecimento como intraterritorialidade, presente, justamente na imunidade diplomática.
A intraterritorialidade não se confunde com a extraterritorialidade, que será objeto de estudo logo adi-
ante, quando analisarmos o art. 7º do Código Penal.
Vou exemplificar para você em uma tabela logo abaixo, para que facilitar sua memorização!
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* Na intraterritorialidade, o fato criminoso, apesar de cometido no Brasil, será punido de acordo com a lei
estrangeira aplicada pelo juiz criminal do seu país.
Encerrada essa parte, vamos, a partir do próximo tópico, analisar os princípios aplicáveis a territoriali-
dade.
Venham comigo!!
Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa Aplica-se a lei do país a que pertence o agente crimi-
noso, pouco importando o local do crime, a naciona-
lidade da vítima ou do bem jurídico violado.
Princípio da Justiça Penal Universal ou da Justiça O agente fica sujeito à lei do País onde for encon-
cosmopolita trado, não importando sua nacionalidade, do bem ju-
rídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está
normalmente presente nos tratados internacionais
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Princípio da representação, do pavilhão, da subs- A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos
tituição ou da bandeira. em aeronaves e embarcações privadas, quando pra-
ticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.
Agora, vamos ver como esse assunto vem sendo cobrado nas provas de concursos!
Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário
Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,
marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,
que se ache no espaço aéreo correspondente.
( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente
da República.
Assinale a sequência correta.
A) V, F, F, V
B) F, V, V, F
C) V, V, F, F
D) F, F, V, V
Conforme já estudado anteriormente, você já está craque em saber que “não há crime sem lei anterior que o
defina”, razão pela qual a primeira assertiva é falsa. A segunda assertiva é cópia integral do art.4º do Código
Penal, que adotou como tempo do crime a teoria da atividade, em que este se considera praticado no momento
da conduta (ação ou omissão). A terceira assertiva é verdadeira, pois, conforme acabamos de analisar, as aero-
naves de propriedade privada que se achem no espaço aéreo correspondente são consideradas extensão do
território nacional. Por fim, a última assertiva está equivocada pois, embora cometido no estrangeiro, o crime
contra a liberdade do Presidente da República, fica sujeito a lei brasileira (esse é o fenômeno da extraterritori-
alidade – que será objeto de estudo logo em seguida).
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Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada,
Gabarito – A – Assim, meu caro, conforme visto anteriormente, quando a embarcação for brasileira (mercante
ou de propriedade privada) encontrando-se em alto mar, será considerada extensão do território brasileiro.
Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando
o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:
C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.
E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.
Gabarito – A – tratando-se de navio da Marinha Brasileira, independente do navio estar sob as águas de sobe-
rania Japonesa, este considera-se território brasileiro, razão pela qual, a lei penal brasileira será aplicada ao fato.
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Assim, fechamos mais uma parte do nosso conteúdo programático para essa aula inaugural sobre
territorialidade.
No próximo tópico vamos tratar sobre o lugar do crime e a teoria adotada pelo direito penal brasileiro
para definir em que lugar se considera praticado o crime.
Vamos lá?!
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Extraterritorialidade.
Anteriormente expliquei a vocês que o critério geral adotado pelo ordenamento jurídico penal é o de
que a lei penal brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional (art. 5º, CP), vale
dentro do território nacional (geográfico e por extensão). No entanto, meu caro, em casos excepcionais, a nossa
lei poderá ultrapassar os limites do território, alcançando crimes cometidos exclusivamente em território es-
trangeiro. Esse é o fenômeno conhecido por extraterritorialidade.
A extraterritorialidade está prevista no art. 7º do Código Penal, em seus incisos I e II e, também no §3º,
nos anunciam quais são os crimes que fixam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro.
Vejamos:
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de
Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo
Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,
quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou con-
denado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condi-
ções:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibili-
dade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do
Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
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Por outro lado, a extraterritorialidade condicionada alcança as hipóteses trazidas pelo inciso II do art.
7º do Código Penal. Nesses casos, para que a nossa lei possa ser aplicada, faz-se necessário o concurso das
seguintes condições (art. 7º, §2º, CP):
Agora, meu amigo(a), precisamos recordar dos princípios que ensinei a vocês quando tratei do tema
da territorialidade.
Precisamos recordar tais princípios pois o Brasil, para fundamentar as hipóteses de extraterritoriali-
dade que elenquei acima para vocês, adotou, de forma excepcional, tais princípios.
Dessa forma, para otimizar seu estudo, preparei essa tabela em que a dividindo em três colunas,
sendo a primeira delas responsável pelo dispositivo legal em que incorreu o agente criminoso; a segunda coluna
o princípio a ser aplicado e, por fim, a modalidade de extraterritorialidade (incondicional ou condicionada).
Venha comigo!!
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Agora que superamos toda essa parte mais teórica sobre os critérios da extraterritorialidade (condi-
cionada e incondicionada), vou trazer exemplos para que você possa visualizar melhor minha explicação até
esse momento.
Imaginemos que Austin, brasileiro, residente nos EUA, mata, dolosamente um cidadão americano.
A partir desse exemplo, pergunt0-lhe: “Austin, autor de homicídio executado no estrangeiro, foge e re-
tornar ao território brasileiro antes do fim das investigações (nos EUA). A lei brasileira alcança esse fato praticado
no estrangeiro? ”.
Resposta: Trata-se de crime praticado por brasileiro, hipótese que se encaixa ao art. 7º, II, b, do Código
Penal, sendo caso de extraterritorialidade condicionada. O agente criminoso retornou ao Brasil (primeira con-
dição preenchida). O homicídio doloso é crime também nos EUA (então, presente a segunda condição), incluído
entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição (observada a terceira condução). Austin fugiu dos
EUA antes do início do processo, sem notícia de perdão ou de causa extintiva da punibilidade (tudo isso será
objeto de estudo aqui no nosso curso de Direito Penal mais adiante – condições quarta e quinta presentes). Con-
clusão, meu amigo(a): a lei brasileira vai ser aplicada ao crime de homicídio praticado por Austin nos EUA.
Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) - Analista
Judiciário - Área Judiciária
José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão,
onde trabalhava como funcionário público.
Em tal situação,
A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.
B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.
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D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada
do agente no território nacional.
E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.
Gabarito – A – O caso envolvendo o brasileiro que comete o crime de peculato apropriação, se apropriando de
valores da embaixada brasileira no Japão, é o típico caso de extraterritorialidade incondicionada, pois, con-
forme o art. 7º, I, b, do Código Penal, fica sujeita a lei brasileira, embora cometido no estrangeiro o crime contra
o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa
pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público.
Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária
Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem
os crimes cometidos:
Gabarito – D – Por exclusão, meu caro, é a única hipótese que não costa do rol do art. 7º, I, do CP.
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I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça,
a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter pre-
ventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento
físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60
(sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exer-
cício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena
em regime fechado.
Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
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A extradição consiste na entrega de uma pessoa autora de infração penal, por parte do Estado em
cujo território se encontre, a outro que solicita a referida entrega. Assim, para que a extradição ocorra, é neces-
sário que entre os países haja um tratado bilateral ou multilateral tratando do assunto. Porém, caso não
exista, o Estado requerente deverá prometer reciprocidade de tratamento ao Brasil.
Agora, para fecharmos o nosso grande tema macro (Territorialidade) quero falar com vocês sobre
pena cumprida no estrangeiro e, logo em seguida, para encerramos nossa primeira aula de direito penal parte
geral, vou tratar com vocês sobre conflito aparente de normas.
A partir da leitura do artigo mencionado, podemos concluir que dois fatores devem ser considerados
ao mencionarmos a hipótese de pena cumprida no estrangeiro, quais sejam: a qualidade e quantidade da pena
imposta.
Exemplificando: tratando-se da mesma qualidade (duas penas privativas de liberdade) da punição
aplicada no Brasil, será computada a pena cumprida no exterior. Por outro lado, se de qualidade diversa (pena
privativa de liberdade e pecuniária), aqui no Brasil será atenuada a pena imposta.
Imagine que Austin é condenado a pena de 10 anos na Itália por ter atentado contra a vida do nosso
Presidente da República. No Brasil, é também processado e condenado, mas a pena imposta foi de 22 anos.
Neste caso, serão abatidos os 10 anos cumpridos na Itália, cumprindo Austin, no Brasil, somente os 12 anos.
Agradeço sua presença até esse momento e espero que eu esteja atendendo todas as suas expecta-
tivas. Dessa forma, seguimos por aqui e passamos para o estudo do conflito aparente de normas.
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Sendo assim, o conflito aparente de normas surge no momento em que (como o próprio nome já nos diz)
quando a um único fato incidem aparentemente dois ou mais tipos penais, todos eles vigentes no ordenamento
jurídico.
Importante que você saiba que o conflito aparente de normas só ocorrerá se houver um só fato ou uma
só conduta, aos quais aparentemente se apliquem várias normas penais incriminadoras (todas vigentes). En-
tretanto, na hipótese de serem vários fatos, não há que se falar em conflito aparente de normas e sim em con-
curso de crimes, salvo nas situações de antefato e pós-fato impuníveis (todas essas informações serão objeto
de estudo individualizado no decorrer do nosso curso).
Feitas essas considerações iniciais, vamos ao estudo dos princípios que solucionam o conflito aparente de
normas!
Princípio da especialidade.
O critério da especialidade surge quando entre duas normas aparentemente incidentes sobre o mesmo
fato, houver uma relação de gênero e espécie.
Vamos a um exemplo: se a mãe mate o filho durante o parto, sob a influência do estado puerperal, incorre,
aparentemente, nos arts. 121 (homicídio) e 123 (infanticídio). No primeiro, porque matou uma pessoa; no se-
gundo, porque essa pessoa era seu filho e a morte se deu no momento do parto, influenciada pelo estado pu-
erperal.
Ao analisarmos a situação acima descrita, podemos notar que o art. 123 do Código Penal (infanticídio),
contém todas as elementares do homicídio (matar + alguém), além de outras que são especializantes (o próprio
filho + durante o parto ou logo após + sob a influência do estado puerperal), o que torna o infanticídio especial
em relação ao homicídio.
Dessa forma, meu jovem, notamos que toda a ação que realiza o tipo do infanticídio realiza a do homicídio,
mas nem toda ação que se encaixa ao homicídio tem enquadramento no tipo do infanticídio.
Assim, esse conflito se resolve no plano abstrato, sendo suficiente apenas uma comparação entre as duas
normas para saber qual é a especial.
Agora, grave isso que vou lhe dizer: O TIPO PENAL ESPECIAL PREVALECE SOBRE O TIPO PENAL GE-
RAL INDEPENDENTE DE SUA GRAVIDADE.
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Princípio da subsidiariedade.
Já quanto a relação de subsidiariedade, pressupomos que tenha entre as normas aparentemente aplicá-
veis, uma relação de conteúdo a continente, como se um tipo penal estivesse dentro (contido) no outro. O con-
tinente (maior) é o tipo primário/principal e o menor (contido nele) é o chamado de tipo subsidiário.
Nessa hipótese, o tipo penal primário prevalece, mas se sobre qualquer hipótese não puder ser aplicado,
aplica-se o tipo penal subsidiário.
Você deve ficar atento ao fato de que a subsidiariedade pode ser de duas espécies: a) expressa: quando o
próprio tipo penal se declara subsidiário, como, por exemplo, o art. 132 do Código Penal, que dispõe – “se o fato
não constituir pena mais grave” (a norma se autoproclama “soldado de reserva” – nas palavras de Nelson Hun-
gria. b) tácita/implícita: ocorre quando um tipo penal está contido em outro na condição de elementar (elemen-
tos presentes no caput do artigo) ou circunstâncias (dados acessórios que podem interferir na pena), por exem-
plo, no caso do art. 304 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que prevê a omissão de socorro em acidente de
trânsito, em relação ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, qualificado pela omissão de socorro
(art. 302 c/c o art. 303, parágrafo único, inciso III, do CTB).
Princípio da consunção.
Pelo princípio da consunção (ou absorção), meu amigo, ocorre quando um fato definido por uma norma
incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime. Nesse caso, há uma
relação de meio – fim, em que o crime fim absorve o crime meio.
Você também deve ficar atento ao fato de que o princípio da consunção é aplicado de duas formas, quais
sejam:
a) Crime progressivo (há uma uniformidade de dolo): o agente possui, desde o princípio, o mesmo es-
copo e o persegue até o final, ou seja, pretendendo um resultado determinado de maior lesividade
(por exemplo a morte de seu algoz), pratica outro fato de menor intensidade (p.ex. lesão corporal, ao
lhe desferir facadas que causam a morte). Nesse caso, as lesões corporais serão absorvidas e o agente
responderá somente pelo crime de homicídio.
b) Progressão criminosa: aqui o indivíduo inicia o caminho do crime com o objetivo específico de prati-
car determinado crime (por exemplo, lesões corporais), entretanto, após alcançar esse resultado (já
houve lesão a sua vítima) o agente criminoso MUDA de ideia e resolve matá-la. Desse modo, haverá
a progressão criminosa e o indivíduo responderá apenas pelo homicídio, ficando as lesões inicial-
mente praticadas, absorvida pelo crime do art. 121, do Código Penal.
c) Ante factum impunível: ocorre quando um fato anterior menos grave é praticado como meio necessá-
rio para a realização de outro. Preste atenção nesse exemplo, caríssimo: o crime de falsidade exclusi-
vamente utilizado com o fim de cometer estelionato, nos termos da súmula 17 do STJ.
d) Post factum impunível: essa, por sua vez, se da quando o agente, após praticar o fato, provoca nova
violação o mesmo bem jurídico, pertencente ao mesmo sujeito passivo. Outro exemplo, meu amigo
(a): o indivíduo que após furtar um relógio simplesmente o quebra (crime de dano). Nesse caso, ha-
verá apenas punição pelo crime de furto.
Agora, vamos ver qual o nível de profundidade questionado nas provas de concurso.
Venha comigo!
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Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia
Federal
Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-
ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do
crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva,
este absorve aquele.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito – Certo – conforme estudamos minutos atrás, o conflito aparente de normas pode ser solucionado
com base no princípio da consunção. Ademais, o enunciado da questão traz um dos exemplos que por nós foi
explorado e que retrata o teor da súmula 17 do STJ.
E, para encerrarmos nosso estudo e finalizarmos o conteúdo teórico da primeira parte do nosso curso,
vamos para o último princípio do conflito aparente de normas.
Princípio da alternatividade.
Esse princípio está presente nos crimes que possuem diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção
alternativa “ou”.
Quando alguém pratica mais de um verbo presente no mesmo tipo penal, num mesmo contexto fático, só
responde por um crime (e não pelo mesmo crime várias vezes).
Suponha que Austin exponha a venda e, em seguida, venda substância entorpecente. Nesse contexto, ele
responderá por crime único de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/067), mesmo que tenha praticado dois
verbos nucleares (expor venda e vender).
Então, para encerrar nosso estudo acerca do conflito aparente de normas, deixo a você essa tabela resu-
mindo cada um dos principais pontos acerca dos institutos:
7
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depó-
sito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratui-
tamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
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Pressupõe uma rela- Pressupõe uma rela- Relação meio – fim Tipo misto alternativo
ção gênero - espécie ção continente- con-
teúdo
Prevalece o tipo es- Prevalece o tipo con- O crime fim absorve Há crime único
pecial sobre o tipo tinente (primário) o crime meio quando os verbos
geral atingem o mesmo ob-
jeto material.
2) Medida de segurança. Entretanto, para isso a sentença penal deve ser objeto de homologado pelo STJ.
Só caberá homologação quando o STJ verificar que a lei brasileira autoriza aplicação dos mesmos efeitos no
caso concreto (requisito básico).
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A) CONTAGEM DE PRAZO PENAL (ART.10): Prazo penal é aquele que reflete diretamente no exercício
do direito de punir. Inclui o dia do início e exclui o do final. Os meses e anos devem ser contados de acordo com
o calendário comum.
B) FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS NA PENA (ART.11): Desprezar as frações de dia em pena de prisão
e os centavos em pena pecuniária. (p.ex.: pena de 1 ano 4 meses e 3 dias – aí tem uma casa de diminuição e
o juiz resolve diminuir pela metade, ficaria 8 meses e 1 dia e meio, sendo essa fração “meia” dispensada,
ficando a pena em 8 meses e 1 dia.)
C) APLICAÇÃO DO CÓDIGO PENAL A LEIS ESPECIAIS (ART.12): As regras gerais deste código de apli-
cam a todas as leis penais especiais, salvo se essas dispuserem de modo diverso.
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Para tanto, uma das principais características do Direito Penal é a sua fragmentariedade.
Em que pese tenhamos inúmeros atos ilícitos existentes no mundo fenomênico (acontecimentos da vida),
apenas uma parcela de todos os atos interessa ao Direito Penal, sendo principalmente aqueles que atentam
contra os bens jurídicos mais importantes para o convívio social. Dessa forma, podemos afirmar que o Direito
Penal se ocupa apenas de uma fração dos inúmeros atos ilícitos existentes.
Portanto, o caráter fragmentário desenvolve-se a partir do conceito de ultima ratio (última razão) do
Direito Penal. Em outras palavras, meu(a) caro(a) estudante, o Direito Penal será chamado a atuar quando ne-
nhum outro ramo jurídico (Administrativo, Civil, Tributário, Ambiental, Difusos e coletivos e etc...) abarcar uma
solução ao ilícito do mundo fenomênico.
Venha comigo!
Conceito de crime.
Antes de adentramos no conteúdo propriamente dito, é necessário que façamos uma pequena distinção
entre crime e contravenção penal.
Conforme o artigo 1º da LICP (Lei de introdução do Código Penal – Decreto-Lei n. 3.914/41), constitui
crime a infração penal apenada com reclusão ou detenção, acompanhada ou não de multa, e a contravenção
aquela punida com prisão simples (juntamente com multa) ou somente pena de multa.
Em resumo:
Apenado com reclusão ou detenção, acompa- Apenada com prisão simples (juntamente com
nhada ou não de multa multa) ou somente multa.
Avante!
Antigamente, meu amigo(a), no tempo em que vigorava no Brasil o Código Criminal do Império (1830) e,
logo em seguida, em 1890 o Código Penal Republicano, a própria legislação se encarregava de trazer-nos o
conceito de crime.
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Art. 2º. A violação da lei penal consiste em acção ou omissão; constitue crime ou contravenção (redação
original).
Entretanto, nos dias atuais, a partir do Código Penal de 1940 e suas posteriores alterações, nosso legis-
lador infraconstitucional não mais se preocupou em trazer um conceito de crime, deixando assim, a tarefa para
àqueles que se dedicam ao estudo do Direito Penal.
A partir de então, inúmeros doutrinadores iniciaram a difícil tarefa de classificação do conceito de crime.
Passado um longo período de tempo, a partir dos ensinamentos da doutrina clássica e, também, da doutrina
moderna, os estudiosos do direito penal nos presentaram com, pelo menos, três conceitos que ensejam outros
desdobramentos no estudo do crime:
Conceito
Analítico
Conceito
de Crime
Conceito Conceito
Material Formal
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Ocorre que, dentro do conceito analítico de crime (o mais aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro), há
outra divisão, vejamos:
Conceito Análitico
Teoria
Teoria Bipartida/Dicotômica
Tripartida/Tricotômica
Crime = Fato Típico + Ilícito
Crime = Fato Típico + Ilícito
(antijurídico)
(antijurídico) + Culpável.
Assim, caríssimo, essas duas são as teorias mais aceitas no Brasil para explicar a estrutura do crime e,
entre as duas, a teoria tripartida é a que tem mais força, sendo adotada pela maioria dos estudiosos do Direito
Penal e, também, pelas Cortes Superiores.
“Certo, Arpini! Mas e agora, o que é o crime? Afinal, ele é fato típico e antijurídico ou fato típico, antijurídico e
culpável?”
Inicialmente você deve saber que o conceito analítico de crime (que se divide nas teorias bipartida e tri-
partida) busca identificar os elementos que compõem o crime. Para tanto, conforme mencionei a você anteri-
ormente, a definição de crime mais aceita no direito brasileiro é a de que o crime é fato típico + antijurídico +
culpável. E é com essa teoria que trabalharemos, pois certamente será a cobrada de você nos concursos.
Por outro lado, há aqueles que reconhecem ser o crime apenas fato típico + antijurídico, tratando a culpa-
bilidade como pressuposto de aplicação da penal.
CRIME
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Ocorre que, a partir da estrutura do crime, precisamos verificar quais são os elementos que a compõem,
para que, logo em seguida, estudemos cada um deles pormenorizadamente.
Força, guerreiro (a)! Vamos adiante.
CRIME
Conduta
em: Potencial consciência da ilici-
Estado de necessidade tude
Comissiva/Omis- Exigibilidade de conduta di-
Legítima Defesa
siva versa
Estrito cumprimento do de-
Resul- ver legal “IMPOEX”
tado Exercício regular de um di-
Nexo de causalidade reito
Agora que apresentei a você todos os elementos que compõe a estrutura do crime, quero dar-lhes outra
dica valiosa!
Imprima esse quadro-resumo da estrutura do crime e cole em um local que você possa visualizá-lo dia-
riamente. Garanto que mais cedo ou mais tarde você irá memorizar toda essa estrutura e terá uma base sólida
para resolver qualquer questão que envolva o tema.
Dessa forma, chegou o momento de analisarmos cada um dos elementos de forma separada!
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FATO TÍPICO
Conduta e seus elementos.
Veja, caríssimo(a), a conduta é o primeiro dos elementos que compõe o fato típico (formador da estrutura
do crime).
Para tanto, a conduta é toda ação ou omissão humana, consciente e voluntária dirigida a uma finali-
dade. Então, de qualquer modo, sua existência está condicionada a um comportamento humano.
Ainda, a partir do conceito que acabamos de construir, é possível verificarmos as formas pelas quais se dá
a conduta humana, quais sejam: ação e omissão.
Vejamos:
AÇÃO OMISSÃO
É toda conduta positiva, que nasce a partir de um É a conduta negativa, consubstanciada na indevida
movimento corpóreo. abstenção de um movimento obrigatório.
A grande maioria das figuras típicas do ordena-
mento jurídico descreve uma conduta positiva, p.ex.
“matar; subtrair; apropriar-se; ameaçar”.
Então, caríssimo(a), somente haverá conduta quando houver uma exteriorização do pensamento, através
de um movimento corpóreo ou uma abstenção indevida. Assim, vale dizer, o direito penal não pune nenhum
pensamento, por mais criminoso que ele possa ser.
Desse modo, enquanto a empreitada criminosa não irradiar para fora do pensamento do agente, por pior
que esse seja, não poderá haver reprimenda criminal sob o ato.
Imaginemos uma situação do cotidiano: Austin, indignado depois de ver seu time de futebol perder para o
maior rival, imbuído de raiva, trama em sua mente, a morte de um torcedor rival da forma mais cruel possível.
Entretanto, digerida a derrota e mais calmo após a partida, Austin esquece o plano e segue adiante sua vida.
Veja, caríssimo(a), desse modo, por mais que o pensamento seja moralmente reprovável, para o Direito
Penal ele é irrelevante, pois encontra-se no claustro psíquico de Austin, que não exteriorizou nenhum ato com
a finalidade de matar o desafeto.
Sendo assim, somente entram no campo da ilicitude os atos conscientes. Então, podemos concluir que
os atos praticados involuntariamente são penalmente atípicos, ou seja, não interessam para o Direito Penal.
Agora que já dissertamos bastante acerca do tema, vamos testar nosso conhecimento?
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Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
A) imputabilidade.
B) conduta.
Resolução: veja, meu(a) caro(a) estudante, a partir da tabela que formulamos anteriormente, é perfeitamente
possível respondermos o que a banca nos indaga.
Gabarito: Letra B.
Ano: 2010 Banca: PC-SP Órgão: PC-SP Prova: PC-SP - 2010 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
Assinale o conceito de crime lecionado pelos penalistas que adotam a corrente doutrinária finalística, que tem
em Welzel seu maior expoente.
Resolução: de acordo com o nosso estudo até o momento, verificamos que a maioria dos penalistas e, tam-
bém, os Tribunais Superiores, utilizam a definição da teoria tripartida para a qualificação do conceito analítico
do crime, ou seja, caríssimo, o crime é fato típico + antijurídico/ilícito + culpável.
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“Mas professor, a questão fez menção a Welzel. Qual foi a contribuição dele para a teoria finalista?”
Welzel foi o idealizador da teoria finalista da ação. Ademais, trago a lição do Professor André Estefam8
acerca da teoria finalista da ação.
“Teoria finalista da ação: ação é a conduta humana consciente e voluntária dirigida a uma finali-
dade (Welzel). Ação e finalidade são conceitos inseparáveis. Esta é a espinha dorsal daquela. Isso
porque o homem, sendo conhecedor dos diversos processos causais que pode desencadear, dirige
seus comportamentos buscando atingir algum objetivo” (ESTEFAM, André. p. 214).
Quero que você fixe muito bem essa matéria, então, antes de avançarmos, fecharemos com mais uma
questão.
Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
A) Quando um caso não previsto em lei é regulado por um preceito legal, que rege um semelhante.
B) Ofensa real ou potencial a um bem jurídico, levando-se em consideração os elementos subjetivos do tipo, a
ilicitude e a culpabilidade.
C) Todos os valores ético-sociais que estejam a exigir uma proteção especial, no âmbito do direito penal, por se
revelarem insuficientes à proteção dos outros ramos do direito.
D) Quando o princípio para o caso omitido se deduz do espírito e do sistema do ordenamento jurídico, consi-
derado em seu conjunto.
E) Que o delito é sinônimo de contravenção penal no Brasil.
Resolução: faremos um comentário geral que servirá para a resolução como um todo da referida questão. A
primeira informação que precisamos ter em mente, meu(a) jovem, é que infração penal é gênero, enquanto
crime e contravenção penal são espécies desse gênero. Desse modo, a infração penal, que se transfigura em
crime ou contravenção penal, é todo comportamento que causa lesão ou risco de lesão a um bem jurídico, le-
vando em conta o elemento subjetivo do tipo (dolo ou culpa), a ilicitude (contrariedade ao direito) e a culpabi-
lidade (imputabilidade; potencial consciência da ilicitude e exigibilidade de conduta diversa).
Gabarito: Letra B.
8
ESTEFAM, André. Direito Penal: parte geral (art. 1º a 120) / André Estefam. – 6. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.
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Dessa forma, a partir do que analisamos anteriormente, conseguimos verificar que a conduta que des-
creve uma ação é praticamente dominante dentro do ordenamento jurídico. Então, cabe-nos analisar com um
pouco mais de profundidade as condutas omissivas.
Preparado?
Avante, guerreiro(a)!
A partir dessa teoria, a omissão (abstenção) produ- Para essa corrente, a omissão é um nada, logo, não
ziria um resultado que estaria intimamente ligado pode causar coisa alguma. Quem se omite nada faz,
(nexo causal) ao fato do agente se abster de realizar razão pela qual, nada causa. Dessa forma, a possibi-
um determinado comportamento. lidade de se atribuir ao agente criminoso (omitente)
o resultado de sua abstenção, dar-se-á a partir de
uma obrigação jurídica anterior à omissão (“dever ju-
rídico de agir”). Impondo ao agente o dever de evitar
o resultado.
Meu amigo(a), eu sei que os conceitos não são fáceis, por isso, peço encarecidamente que, se for neces-
sário, leia novamente o quadro acima.
Para tanto, o direito penal adotou a teoria normativa/jurídica para tratar dos crimes omissivos, e isso vem
exposto pelo artigo 13, §2º, do Código Penal.
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Relevância da omissão
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resul-
tado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado
Feita nossa leitura, caríssimo(a), preste bem atenção na redação do §2º - “a omissão é penalmente rele-
vante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”.
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Dessa forma, a conduta omissiva só terá relevância (será de interesse do direito penal) quando o omitente
(o agente que se omite) devia e podia agir para evitar o resultado. Ainda, logo em seguida, o §2º nos diz: “o
dever de agir incumbe a quem:” e nos traz um rol daqueles que possuem o dever de evitar o resultado.
Imaginemos a seguinte situação: Austin é exímio nadador e convida seu amigo Caracas, com poucas ha-
bilidades de nado, a juntos fazerem uma travessia nadando de uma praia a outra. Iniciada a travessia, Caracas
começa a se afogar. Iniciado o afogamento, teremos duas situações:
b) na segunda, Austin não salva seu amigo Caracas e este vem a falecer.
Perceba que, em ambas as situações Austin tem o dever legal de evitar o resultado, pois foi ele que, com
seu comportamento anterior (convite para fazer uma travessia de uma praia a outra a nado) criou o risco da ocor-
rência do resultado (afogamento de Caracas), pois sabia que seu amigo não era um nadador habilidoso.
Sendo assim, quando Austin salva Caracas, ele cumpre seu dever legal e não responderá por crime algum.
Já na segunda situação, ao não salvar o amigo, responderá pelo crime de homicídio (não por ter praticado
diretamente a conduta de matar) mas por sua omissão ser penalmente relevante em não ter evitado o resul-
tado (afogamento-morte) por um risco criado através do convite da travessia. Essa é a situação que vem disci-
plinada na alínea “c” do art. 13, §2º, do CP.
Agora, imaginemos outro exemplo: Austin e toda a sua família estão na praia com os filhos e a babá. Pas-
sado um tempo, Austin e sua esposa saem a caminhar pela areia da praia e, desse modo, pedem para que a
babá tome conta das crianças para que não entrem no mar. A babá, de plano, responde positivamente ao casal
para o cuidado das crianças. Então, nesse caso, se eventualmente as crianças vierem a se afogar por descuido
da babá, que assumiu a responsabilidade de impedir o resultado, é pacífico que poderemos imputar o homicí-
dio culposo do artigo 121, §3º, a babá. Essa é a que situação está disciplinada na alínea “b” do art. 13, §2º, do
CP.
Quanto à alínea “a”, podemos usar o mesmo exemplo das crianças na praia, basta apenas trocarmos a
babá pelos próprios pais. Suponha que Austin e sua esposa vejam seus filhos se afogando e nada fazem, serão
responsabilizados pelo homicídio dos filhos, pois tem por lei o dever de cuidado e vigilância dos filhos e, ao se
omitirem para com o afogamento, é perfeitamente possível imputarmos a eles a figura do homicídio do art. 121, do
CP. Essa é a situação que está disciplinada na alínea “a” do art. 13, §2º, do CP.
Então, para fecharmos esse tópico, todas as situações hipotéticas que narrei a você são mais conhecidas
no âmbito do direito penal como crimes comissivos por omissão.
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil
JOÃO e JOSÉ estão na praia e resolveram entrar no mar. Em determinado momento eles começam a se afogar.
Havia naquele local um salva-vidas que, ao avistar apenas JOÃO, notou que ele era seu desafeto e se recusou a
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salvá-lo; próximo a eles havia também um surfista, este avistou apenas JOSÉ pedindo socorro, mas, por ser seu
inimigo, não atendeu aos pedidos dele, resolvendo sair do local. As duas pessoas acabam se afogando e mor-
rendo. Em relação ao caso, qual das alternativas abaixo está CORRETA?
Resolução: assim como em questões anteriores, nesse questionamento, faremos um comentário geral que
abarcará toda a resolução da questão. Então, atente-se aos seguintes fatos: I – o salva-vidas assumiu a respon-
sabilidade de impedir o resultado, ao assumir a profissão. Desse modo, no caso que nos é apresentado o salva-
vidas, ao se omitir e causar a morte do seu desafeto, responderá por homicídio doloso. II – quanto ao surfista,
poderíamos imputar a ele o crime do art. 135 do CP, que trata da omissão de socorro, mas em nenhuma hipó-
tese será responsabilizado por homicídio (tanto doloso como culposo), pois ele não ostenta nenhuma das con-
dições necessárias que estão dispostas nas alíneas “a” a “c” do art. 13, §2º, CP.
Gabarito: Letra A.
Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
Segundo o Código Penal brasileiro, “O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.”
Resolução: veja que o CP ao tratar da omissão penalmente relevante, imputa o resultado criminoso a quem
devia e podia agir para evitar o resultado e, o §2º do art.13, elenca quem são as pessoas que possuem o dever
de agir.
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Gabarito: Letra C.
Agora que fechamos mais uma parte do nosso estudo, passemos ao estudo de mais um dos elementos
do fato típico.
Resultado.
No tocante ao resultado, meu(a) jovem, assim como na omissão penalmente relevante, há duas teorias
norteadoras do resultado.
Para a teoria naturalística, considera-se resultado Para a teoria jurídica, considera-se resultado toda a
toda a modificação no mundo fenomênico provo- lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado
cado pela ação ou omissão (p.ex. a perda patrimo- pelo direito penal. Todo crime tem resultado jurí-
nial no furto, a morte no homicídio, a conjunção car- dico porque sempre agride um bem jurídico tute-
nal no estupro e etc.) lado. (p.ex. o homicídio atinge o bem da vida, o
furto e o roubo atingem o patrimônio).
Desse modo, nos resta analisarmos a classificação dos crimes quanto ao seu resultado naturalístico.
Quanto ao resultado os crimes podem ser divididos em resultado naturalístico e resultado jurídico.
Preste atenção na tabela abaixo:
CRIME MATERIAL – aqui, meu amigo(a), o tipo pe- CRIME DE DANO OU DE LESÃO – aqui, a consuma-
nal descreve a conduta e o resultado material, razão ção exige que o bem jurídico seja lesionado pela con-
pela qual, para a existência do crime é necessária a duta do agente, p.ex. o crime de homicídio
produção do resultado. P.ex. para que ocorra o homi-
cídio, é necessário a morte da vítima; para que ocorra
o furto, é necessária a perda patrimonial da vítima.
CRIME FORMAL – já nessa classificação, o crime CRIME DE PERIGO – a consumação ocorre quando o
descreve conduta e resultado. Entretanto, o crime é bem jurídico é exposto à risco, p.ex. o crime de con-
de consumação antecipada, perfazendo-se apenas tágio venéreo do art. 130 do CP; posse (art. 12) ou
com a conduta, sem que o resultado ocorra. P.ex. o porte (art. 14 o 16) de arma de fogo (Estatuto do De-
crime de ameaça. O simples fato de ameaçar a vítima sarmamento).
já é suficiente para o crime se consumar, não neces-
sitando que as ameaças venham a se concretizar.
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Os crimes materiais se compõem de: Os crimes formais e de mera conduta são compostos
de: Conduta + Tipicidade.
Conduta + Tipicidade + Nexo Causal + Resultado.
Guarde bem esses conceitos, pois eles serão de suma importância para continuarmos avançando em
nosso estudo.
Nexo de causalidade.
Inicialmente, é necessário que façamos a leitura atenta do artigo 13, caput, do Código Penal.
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
A partir da leitura concentrada que acabamos de realizar, quero que você saiba que o direito penal brasi-
leiro adotou a teoria da conditio sine qua non (condição sem a qual) para explicar a relação de causalidade entre
conduta e resultado.
Em outra palavras, meu amigo(a), haverá relação de causalidade em qualquer fator que possa anteceder
o resultado e nele tiver alguma relação. É o elo de ligação que une a conduta praticada pelo agente ao resul-
tado produzido.
Desse modo, se não houver o vínculo que liga o resultado à conduta perpetrada pelo agente, não podere-
mos falar de relação de causalidade e, assim, o referido resultado não poderá ser atribuído ao agente, tendo
em vista não ter sido ele o seu causador.
Entretanto, faz-se uma crítica no tocante a teoria da equivalência dos antecedentes, no sentido de que,
havendo a necessidade de regressar ao passado em busca de todas as causas que contribuíram para o resul-
tado, chegaríamos a uma regressão ao infinito.
“Suponhamos que A tenha causado a morte de B. A conduta típica do homicídio possui uma série
de fatos, alguns antecedentes, dentre os quais poderíamos sugerir os seguintes: 1º) produção do
revólver pela indústria; 2º) aquisição da arma pelo comerciante; 3º compra do revólver pelo
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agente; 4º) refeição tomada pelo homicida; 5º) emboscada; 6º) disparo dos projéteis na vítima; 7º
resultado morte. Dentro dessa cadeia, excluindo-se os atos sob os números 1 a 3, 5 e 6, o resultado
não teria ocorrido. Logo, dele são considerados causa. Excluindo-se o fato sob o nº 4 (refeição),
ainda assim o evento teria acontecido. Portanto, sob a refeição tomada pelo sujeito não é consi-
derada como sendo causa do resultado. (JESUS, Damásio, vol I., p.218).
Perceba que, partindo dessa premissa, no homicídio ora descrito poderíamos imputar o crime até mesmo
para o proprietário da empresa encarregada da produção das armas e das munições e, também aos seus pais
por terem o colocado no mundo e, assim sucessivamente.
“Sob o enfoque da conditio sine qua non, haverá relação de causalidade entre todo e qualquer
fator que anteceder o resultado e nele tiver alguma interferência. O método utilizado para se aferir
o nexo de causalidade é o da eliminação hipotética, vale dizer, quando se pretender examinar a
relação causal entre uma conduta e um resultado, basta eliminá-la hipoteticamente e verificar,
após, se o resultado teria ou não ocorrido exatamente como se dera. Assim, se depois de retirado
mentalmente determinado fator, notar que o resultado não se teria produzido (ou não teria ocor-
rido exatamente do mesmo modo), poder-se-á dizer que ente a conduta (mentalmente eliminada)
e o resultado houve nexo causal. Por outro lado, se a conclusão for a de que, com ou sem a conduta
(hipoteticamente retirada) o resultado teria se produzido do mesmo modo como se deu, então
ficará afastada a relação de causalidade” (ESTEFAM, André, p. 219/220).
Tudo entendido, meu amigo(a)? Certo! Então, antes de avançarmos, vejamos, pelo menos, uma questão
sobre a matéria.
Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
B) a ação ou omissão praticada pelo autor, independentemente da sua relação com o resultado.
Resolução: a questão nos indaga acerca do texto legal expresso no artigo 13 do Código Penal, que retrata a
figura da teoria da conditio sine qua non (condição sem a qual), que considera como causa, toda ação ou omis-
são sem a qual o resultado não teria ocorrido.
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Gabarito: Letra A.
Tipicidade.
Seja muito bem-vindo, meu amigo(a), a mais um tópico da nossa aula 03.
Nesse momento, trataremos da tipicidade, o último elemento que compõe o fato típico.
Dessa forma, a tipicidade é conceituada com o a relação de encaixe/enquadramento entre um fato con-
creto (ocorrido no mundo fenomênico) e um tipo penal previsto de forma abstrata (aspecto formal), em con-
junto com a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (aspecto material).
Suponha que Austin dirija-se até o estacionamento de um supermercado e lá subtraia, para si, uma Ferrari
que se encontrava no pátio de estacionamento. Veja que, desse modo, a conduta perpetrada por Austin no
mundo exterior se encaixa (formalmente) ao tipo penal do art. 155 do Código Penal, que trata do crime de furto.
Perceba também que, materialmente há o encaixe da conduta ao tipo penal do furto, tendo em vista que para
a configuração do crime de furto somente poderá ocorrer de forma dolosa, pois não existe furto culposo.
Fácil, não é mesmo?!
Um sinônimo que você poderá encontrar durante sua caminhada de estudos é a expressão “adequação
típica”.
DIRETA INDIRETA
Nesse caso, a conduta praticada pelo agente crimi- Já na adequação típica indireta, a conduta do agente
noso se amolda perfeitamente ao tipo penal descrito criminoso precisa de uma norma de extensão para se
abstratamente pela lei, sem depender de uma norma amoldar a lei penal. Retornemos ao exemplo do
de extensão. Lembre-se do furto de Austin, pois se furto. Suponha que Austin, ao tentar arrombar a
trata de uma adequação típica direta. porta da Ferrari, é surpreendido pelo segurança do
supermercado e empreende fuga do local sem con-
seguir subtrair o automóvel. Veja, meu caro, nesse
caso, estamos diante de um furto tentado, pois não
se consumou por circunstâncias alheias à vontade de
Austin. Assim, para que possamos amoldar a conduta
de Austin a norma penal incriminadora, é necessário
conjugarmos o artigo 155, do Código Penal com o ar-
tigo 14, inciso II, que trata da figura da tentativa.
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Assim, caríssimo, com a informação que acabamos de verificar acerca das circunstâncias alheias à von-
tade do agente, é possível resolvermos à seguinte questão:
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
Resolução: veja, caríssimo(a), várias são as modalidades de crime tentado, a qual analisaremos pormenoriza-
damente ao longo do nosso estudo. Entretanto, perceba que, conforme mencionei a você anteriormente, ocor-
rerá a tentativa, segundo o art. 14, inciso II, do CP, quando o agente não conseguir consuma-lo por circunstân-
cias alheias à sua vontade.
Gabarito: Letra A.
Vamos adiante!
A partir desse momento, vamos iniciar o estudo do dolo e da culpa, elemento subjetivo que está integrado
a conduta do agente, compondo o fato típico do conceito analítico de crime.
Para isso, vamos ver como o Código Penal tratou do dolo e da culpa.
Agora que já lemos atentamente o artigo 18, vamos para a nossa análise detalhada.
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O primeiro ponto que quero deixar como curiosidade para você, é que para classificar o dolo existem vá-
rias espécies. Entretanto, a que nos interessa para o estudo do concurso e que certamente é a mais cobrada, é
o dolo direto e o dolo eventual.
Dolo Direto (art. 18, inciso I, primeira parte). Dolo Eventual (art. 18, inciso I, segunda parte).
O dolo direto de 1º grau consiste na vontade de pro- O dolo direto de 2º grau é aquele que abrange os
duzir as consequências primárias do crime, ou seja, efeitos colaterais da prática delituosa, ou seja, as
meu amigo(a), é a busca na produção do resultado suas consequências secundárias, que originaria-
típico visado. mente não são desejadas pelo agente. Aqui, o autor
não pretende produzir o resultado, mas percebe que
não pode chegar ao resultado pretendido sem cau-
sar os referidos efeitos acessórios.
Nesse caso, o agente não quer diretamente o resultado, porém, aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo
eventual) ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo).
Veja esse exemplo do professor Magalhães Noronha10:
“A namorada ciumenta surpreende seu amado conversando com a outra e, revoltada, joga uma granada no
casal, querendo matá-los ou feri-los. Ela quer produzir um resultado e não ‘o’ resultado. No dolo eventual,
conforme já dissemos, o sujeito prevê o resultado e, embora não o queira propriamente atingi-lo, pouco se
importa com a sua ocorrência (‘eu não quero, mas se acontecer, parar mim tudo bem, não é por causa deste
9
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120) – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2013
10
NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal. 30. ed. São Paulo, Saraiva v.1.
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rico que vou parar de praticar minha conduta – não quero, mas também não me importo com a sua ocorrên-
cia’). (NORONHA, p.135)
Perceba, caríssimo(a), que a previsão do dolo alternativo se encontra no fato de querer “matá-los ou feri-
los”.
A partir dessa definição é necessário, também, que você saiba que várias são as teorias que se desenvol-
veram ao longo da história para a explicar o que é o dolo. Porém, saber cada uma delas fica à título de curiosi-
dade, caso você queira, fazer um estudo mais aprofundando quando tiver tomado posse, combinado?!
As que nos interessam, para nosso estudo para concurso é que, o Código Penal adotou uma teoria para o
dolo direto e uma para o dolo eventual.
Para o dolo direto (art. 18, inciso I, primeira parte), o CP adotou a teoria da vontade, que diz ser o dolo a
vontade dirigida ao resultado. Dessa forma, age dolosamente a pessoa que, tendo consciência do resultado,
pratica sua conduta com a intenção de produzi-lo.
Para o dolo eventual (art. 18, inciso I, segunda parte), o CP adotou a teoria do consentimento/assenti-
mento, ou seja, aquele que, prevendo o resultado, assume o risco de produzi-lo, age dolosamente.
Mas é claro, preste atenção nos seguintes exemplos: Suponhamos que Austin quer matar seu desafeto
Caracas. Para tanto, adquire uma arma de fogo (meio tido como necessário e suficiente para a empreitada cri-
minosa). Quando Caracas passa pelo local onde Austin havia se colocado de tocaia, este efetua o disparo que
causa a morte da vítima. Assim, é possível concluirmos que o dolo de Austin era direto, pois dirigido a produzir
o resultado morte, elencado no art. 121 do Código Penal.
Quanto ao dolo eventual, podemos nos utilizar do mesmo exemplo: imagine que Austin, munido da arma
de fogo, efetua disparados contra Caracas, querendo feri-lo ou matá-lo. Desse modo, quando Austin direciona
sua conduta a fim de causar lesões ou a morte de Caracas, não se importa com a ocorrência de um ou de outro
resultado, e se o resultado mais grave vier a acontecer este ser-lhe-á imputado a título de dolo eventual.
Desse modo, encerramos o estudo do crime doloso, porém, ainda nos resta analisarmos o crime culposo,
previsto no artigo 18, inciso II, do CP.
A partir de tudo que estudamos até o momento, já formamos a base que nos permite tirarmos a seguinte
conclusão: a conduta humana que interessa para o direito penal é aquela que ocorre de duas formas, quais
sejam, quando o agente atua dolosamente, querendo ou assumindo o risco de produzir o resultado, ou, de
outro lado, o agente age culposamente, dando causa a um resultado através de imprudência, negligência ou
imperícia.
Outra informação importante acerca dos crimes culposos, é que saibamos quais são os elementos que o
compõe:
1. Conduta voluntária
2. Resultado involuntário
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3. Nexo causal
4. Tipicidade
5. Quebra do dever de cuidado objetivo por imprudência, negligência
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A partir dessas informações que acabamos de visualizar, já conseguimos resolver algumas questões sobre
o tema.
Vamos conferir?!
Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto
A) Conduta involuntária.
B) Inobservância de dever objetivo de cuidado.
C) Previsibilidade objetiva.
D) Tipicidade.
Resolução: perceba, caríssimo(a) que, a partir do elementos acima expostos, que compõe o crime culposo, o
único que não faz parte do rol é a conduta involuntária. Ademais, você deve lembrar que, conforme estudamos
no início da nossa aula, condutas involuntárias ou atos reflexos não são aptos a caracterizar uma conduta e, por
isso, está ausente um dos elementos do fato típico, fazendo com que o fato não seja considerado crime (atí-
pico).
Gabarito: Letra A.
Ano: 2016 Banca: FUNCAB Órgão: PC-PA Prova: FUNCAB - 2016 - PC-PA - Escrivão de Polícia Civil
D) se alguém ateia fogo a um navio para receber o valor de contrato de seguro, embora saiba que com isso
provocará a morte dos tripulantes, essas mortes serão reputadas culposas.
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E) há culpa quando o sujeito ativo, voluntariamente, descumpre um dever de cuidado, provocando resultado
criminoso por ele não desejado.
Resolução:
a) um dos elementos que compõe o crime culposo é justamente a previsibilidade objetiva do resultado.
Gabarito: Letra E.
Agora que já analisamos quais são os elementos que compõe o tipo penal culposo, é necessário debru-
çarmos sobre as modalidades de culpa.
Vejamos:
Ocorre concomitantemente com Essa ocorre quando o sujeito se Trata-se da falta de aptidão para
a ação, se manifestando de forma porta sem a devida cautela, se o exercício de arte ou profissão.
ativa. Assim, consiste em agir manifestando de forma omissa e, Assim, a imperícia deriva da prá-
sem precaução, precipitada- ocorrendo antes da conduta. tica de uma atividade, seja comis-
mente. P.ex. o indivíduo que du- P.ex. o indivíduo que, verificando siva (ação) ou omissiva, por indiví-
rante sua pilotagem, ultrapassa que os pneus do seu automóvel duo incapacitado ao ofício, por
veículo em local proibido. estão gastos, inicia uma viagem falta de conhecimento acerca do
longa com os pneus nessa condi- ato ou por inexperiência. P.ex. um
ção e vem a causar um acidente. engenheiro que projeta um imó-
vel sem base suficiente e acaba
provocando a morte do futuro
morador.
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
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Resolução: perceba, meu(a) caro(a) colega, que a questão nos exige ter conhecimento acerca das três modali-
dades de culpa que acabamos de estudar, que vêm elencadas no artigo 18, inciso II, do Código Penal. Não es-
queça do que sempre digo a você: se familiarize com a letra seca da lei!
e) é a definição do crime pretrodoloso, aquele que é agravado pelo resultado (art. 19, CP).
Gabarito: Letra D.
Agora que estudamos as modalidades de culpa e as exemplificamos, você precisa ter em mente, meu
amigo(a), que no crime culposo há uma quebra do dever de cuidado objetivo, ou seja, o fundamental não é
mera provocação do resultado, mas a maneira como ele ocorreu, isto é, se o resultado derivou de alguma das
modalidades que acabamos de analisar.
O dever de cuidado objetivo é completado com a noção de previsibilidade objetiva (um elemento do fato
típico do crime culposo). Para saber qual a postura esperar do agente, devemos ter em mente o critério do
“homem-médio”. Sendo assim, é preciso verificar, antes, se o resultado, dentro daquelas condições, era obje-
tivamente previsível (segundo o que normalmente acontece).
Sendo assim, caríssimo(a), não havendo previsão, ou seja, imprevisibilidade do resultado, o agente que
age culposamente é isento de responsabilidade, tornando o fato atípico.
Agora, para fecharmos o estudo do crime culposo, você deve saber que o crime culposo é um dos que não
admite a tentativa, salvo na culpa imprópria.
“Certo, professor! Mas o que é a culpa imprópria?”
A culpa imprópria é também conhecida por “culpa por equiparação”. Nesse caso, a culpa surge através de
um erro de tipo inescusável (logo mais estudaremos pormenorizadamente) e, também no excesso culposo nas
causas excludentes de ilicitude. A culpa imprópria tem essa denominação pelo fato de o agente criminoso pra-
ticar uma conduta dolosa, mas, por decorrência da lei, responde pelo resultado à título de culpa.
Outra diferenciação importantíssima que não podemos nos confundir é sobre a linha tênue entre culpa
consciente e dolo eventual. Essa diferenciação é muito cobrada em provas, então, vejamos o que às diferencia.
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O agente, prevendo o resultado e, confiando levia- O agente, prevendo o resultado, mostra-se indife-
namente em suas habilidades, acha que será capaz rente com a sua ocorrência, assumindo o risco de
de evitar o resultado. produzi-lo.
Há, também, a chamada culpa inconsciente, que é a modalidade de culpa na qual o agente não prevê o
que era previsível.
Por fim, para fecharmos o presente tópico e avançarmos com nosso estudo, outra informação importan-
tíssima diz respeito ao princípio da excepcionalidade do crime culposo.
Por este princípio, um crime só pode ser punido como culposo quando houver expressa previsão legal
(art. 18, p.ú, do CP). No silêncio da legislação, a infração penal somente será punida à título de dolo.
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia
“Existe_________ quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá; configura-
se _________ quando a vontade do agente não está dirigida para a obtenção do resultado, pois ele quer algo
diverso, mas, prevendo que o evento possa ocorrer, assume assim mesmo a possibilidade de sua produção.”
Assinale a alternativa que correta e respectivamente completa as lacunas.
A) dolo indireto ... dolo alternativo
Resolução: ao lermos atentamente o enunciado da questão, podemos perceber que, quando o agente prevê o
resultado, mas espera, sinceramente que não ocorrerá, é o retrato da culpa consciente. Por outro lado, quando
o agente, prevê que o resultado possa ocorrer, assume a possibilidade de sua produção, é o retrato do dolo
eventual.
Gabarito: Letra D.
Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial
Aquele que antes de praticar o fato até hipotetiza que ele pode ocorrer, mas acredita, sinceramente, que o
resultado não se verificará e, portanto, não admite previamente a possibilidade de o resultado advir, comete
crime
A) premeditado.
B) doloso.
C) tentado.
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D) intencional.
E) culposo.
Resolução: perceba, meu amigo(a), que o enunciado da questão nos traz a seguinte informação: “... ele pode
ocorrer, mas acredita, sinceramente que o resultado não se verificará”. Ao nos depararmos com essa frase,
podemos afirmar, sem nenhum medo de errar, que estamos diante de um crime culposo.
Gabarito: Letra E.
Vamos adiante!
Consumação e tentativa.
Chegou o momento de tratarmos de um tema de suma importância para o Direito Penal.
Assim, como já é conhecido por você aqui no nosso curso, iniciaremos esse tópico a partir da leitura do
art. 14 do Código Penal.
Realizada nossa leitura atenta, gostaria que você se lembre do exemplo do furto de Austin.
No momento em que Austin consegue subtrair a Ferrari e empreender fuga do estacionamento do super-
mercado, o crime de furto (art. 155, caput, do CP), está consumado.
“Professor, como assim? Ainda não entendi...”
Veja, caríssimo, o inciso I do art. 14 do Código Penal está assim redigido: “consumado, quando nele se
reúnem todos os elementos de sua definição”.
Agora, preste atenção da redação do artigo 155, caput, do CP: “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel”.
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Desse modo, quando Austin, subtrai, para si, a Ferrari (coisa alheia móvel) que estava no estacionamento,
o agente criminoso reuniu todos os elementos da definição legal do crime de furto, razão pela qual, o crime
está automaticamente consumado!
Perceba que anteriormente, narrei a você a hipótese em que Austin, ao iniciar o arrombamento da porta
da Ferrari, foi surpreendido pelo segurança do supermercado, que fez com que o agente criminoso empreen-
desse fuga do local.
Então, no momento em que Austin empreende fuga do local, ele não consegue consumar o furto por
circunstâncias alheias à sua vontade, razão pela qual, o furto ficará na esfera da tentativa.
Ficando o crime de furto na esfera da tentativa, Austin terá direito a um redutor de pena que, conforme o
parágrafo único do artigo 14, do CP, varia de um a dois terços.
“Mas professor, como faço para saber a fração que deverá ser utilizada como redutor?”
Para sabermos qual a fração utilizar como critério do redutor, precisamos analisar, no caso concreto, o
quão perto o agente criminoso chegou da consumação do crime. Em outra palavras, meu amigo(a), quanto
mais distante o criminoso ficar da consumação, o redutor será maior, quanto mais perto o criminoso ficar da
consumação do crime, menor será o redutor.
Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2014 - PC-SP - Atendente de Necrotério Policial
Dispõe o parágrafo único do art. 14 do CP que o crime tentado é punido, salvo exceção, com a pena
D) livremente estabelecida pelo Juiz, mas em patamar obrigatoriamente inferior à correspondente à prevista
para o crime consumado.
Resolução: conforme visualizamos anteriormente, a pena do crime tentado equivale a do crime consumado,
aplicando-se o redutor do parágrafo único do art. 14, do CP, que fará com que ela seja diminuída de 1 a 2/3.
Gabarito: Letra A.
Uma informação que é de extrema relevância para toda a sua trajetória no ramo dos concursos, é ter o
conhecimento acercadas infrações penais que não admite a tentativa.
Para isso, vou elaborar uma tabela para que possa ficar mais fácil a sua memorização!
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Preste atenção:
Crime culposo – Salvo na culpa imprópria (art. 20, §1º e 23, do CP)
Crimes unissubssistente – são aqueles em que a conduta praticada pelo agente não admite fraciona-
mento. Ou o agente realiza o verbo nuclear e o crime está automaticamente consumado, ou não realiza o
verbo e não há crime. P.ex. o crime de injúria do art. 140 do CP. Ou o agente emprega a injúria e o crime
está consumado, ou não há injúria, e consequentemente, não há crime.
Crimes omissivos puros – aqueles em que a lei penal descreve um não fazer, como, p.ex. a omissão de so-
corro do art. 135, do CP. A impossibilidade de tentativa decorre do fato de que tais crimes são considerados
unissubssistente e de mera conduta.
Contravenções penais – o famoso “crime anão”, conforme o art. 4º da LCP não é punível. Entretanto, é
possível, em tese, no mundo fenomênico a tentativa de contravenção penal, p.ex. uma tentativa de vias de
fato (art. 21, da LCP). Porém, a própria LCP resolver não ser objeto de punição as tentativas de contraven-
ção.
Crimes habituais – são as infrações penais em que, para se chegar a consumação, é necessário que o
agente criminoso pratique a conduta de forma reiterada/habitual. Ou o agente comete uma série de condu-
tas e o crime está consumado, ou ele não pratica e não há crime, como, p.ex. o crime do art. 284, do CP (cu-
randeirismo).
Crimes preterdolosos – art. 19, CP – é quando o agente atua com dolo na sua conduta e o resultado agra-
vador advém de culpa.
Crimes de atentado/empreendimento – exemplo dessa modalidade de crime, é o artigo 352, do CP, não
importando se o agente consiga evadir-se ou somente tenha tentado evadir-se, pois a lei penal, para as
duas situações, equipara a tentativa com a consumação.
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia
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Resolução:
a) os crimes unissubsistentes são aqueles em que a conduta do agente não comporta fracionamento, razão
pela qual, crimes dessa natureza não comportam a tentativa.
b) os crimes omissivos impróprios só se consumam quando, quem devia e podia agir, deixa de fazer alguma
coisa para evitar o resultado (conduta comissiva por omissão).
c) não necessariamente, tendo em vista as classificações de crime que visualizamos anteriormente, o crime
formal (consumação antecipada) não necessita da produção do resultado naturalístico, basta apenas que haja
a conduta do agente no mundo fenomênico.
d) a tentativa cruenta/vermelha é quando o objeto material é atingido. Quando o objeto material não for atin-
gido, a tentativa será chamada de branca/incruenta.
e) perceba como é importante a memorização da tabela que analisamos anteriormente. Desse modo, podemos
verificar que os crimes de empreendimento ou de atentado, a exemplo do art. 352, do CP, não admitem a ten-
tativa.
Gabarito: Letra E.
Espécies de tentativa.
Salve, meu amigo(a).
Dando seguimento a nossa caminhada, é preciso que você saiba que dentro do ordenamento jurídico-
penal há várias espécies de tentativa. Entretanto, nosso objetivo é otimizar seu estudo e direcioná-lo para sua
prova.
A partir desse momento, passaremos a analisar, então o art. 15, do Código Penal.
Agora que analisamos o dispositivo legal, para que adentremos nas figuras da desistência voluntária e
arrependimento eficaz, é necessário que, primeiro, vejamos o iter criminis.
“Iter criminis, professor?”
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COGITAÇÃO – é a elaboração mental do crime. Quando o agente inicia, na sua mentalidade, a formulação da
empreitada criminosa. Nesse momento, o pensamento criminoso do agente não possui relevância para o
Direito Penal.
PREPARAÇÃO – quando o agente começa a desenvolver o plano. Nesse momento, em regra, não há que se
falar em punição. Os atos preparatórios só são puníveis, de forma excepcional, quando o legislador resolve
antecipar a tutela penal, como ocorre através da Lei Antiterrorismo (que pune os atos preparatórios para o
terrorismo) e, também, o crime do artigo 34 da Lei 11.343/06 (petrechos para o tráfico).
EXECUÇÃO – é quando o agente põe em prática o crime que havia planejado. Por exemplo, efetua os dispa-
ros de arma de fogo contra a vítima.
CONSUMAÇÃO – ocorre com a reunião de todos os elementos da definição legal do crime, p.ex. a morte da
vítima.
Desse modo, saiba que a esfera da tentativa se encontra entre a execução e a não consumação do crime.
Agora que verificamos o caminho desenvolvido pelo crime, é necessário desmembrarmos o artigo 15 do
CP em duas partes, vejamos:
“O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir “O agente que impede que o resultado se produza”.
na execução”.
Para a ocorrência da desistência voluntária, é necessário que o agente tenha adentrado, ao menos, na
execução do crime.
Preste atenção nesse exemplo, meu jovem: imagine que Austin resolve matar o seu desafeto Caracas.
Para isso, munido de uma arma de fogo, dispara duas vezes contra o ofendido, acertando regiões não vitais do
corpo. Logo após disparar duas vezes contra Caracas, o criminoso Austin, ainda podendo efetuar mais 6 disparos
com sua arma de fogo, voluntariamente desiste de prosseguir com os disparos. Dessa forma, ao poder prosse-
guir com a execução e voluntariamente desistir de dar continuidade, Austin não responderá pelo crime de homi-
cídio, mas tão somente pelos até então praticado (lesão corporal por conta dos disparos), devendo ser averi-
guada a extensão das lesões, para tipificá-las como grave, gravíssima.
Portanto, esse é o instituto da desistência voluntária.
Já quanto ao arrependimento eficaz, a situação apresentada deve ser visualizada por uma ótica diferente.
Peguemos o mesmo exemplo em que Austin quer matar seu desafeto Caracas. Imagine que Austin tenha efe-
tuado os outros 6 disparos que ainda eram possíveis de serem realizados. Dessa forma, Austin, ao descarregar
sua arma de fogo em Caracas, encerra todos os atos de execução do crime. Entretanto, após efetuar todos os
disparos, Austin, arrependido pelo ato, resolve socorrer Caracas levando-o até o hospital mais próximo. Por
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conta do arrependimento eficaz de Austin, Caracas é salvo. Nesse caso, Austin encerrou todos os atos de exe-
cução, entretanto, ao socorrer Caracas e levá-lo até o hospital, impediu que o resultado morte se produzisse,
razão pela qual, assim como na desistência voluntária, responderá somente pelos atos até então praticados, e
não pelo crime de homicídio. Será necessário, então, assim como no exemplo anterior, verificarmos a extensão
das lesões corporais para podermos tipificar corretamente a conduta de Austin.
Venha comigo!
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil
Caio tem um desafeto a quem sempre faz ameaças de morte. O último encontro foi num bar. Caio observou
que havia um revólver com seis munições sobre uma mesa e aproveitou para concretizar o desejo de matar seu
oponente. Anunciou que iria matar seu desafeto PEDRO, efetuando um disparo na sua perna. Neste momento
PEDRO suplica por sua vida. Caio, sensível ao apelo da vítima, desiste de continuar disparando, afirma que não
iria mais matar o rival e deixa a arma em cima da mesa. Em seguida, se retira do local. Com relação aos fatos
descritos indique a alternativa CORRETA.
A) Caio deve ser condenado por tentativa de homicídio.
B) Caio não deve responder por qualquer crime.
Resolução: agora que analisamos o enunciado da questão e cada uma das suas assertivas, perceba, meu
amigo(a), o enunciado da questão tem um ponto chave para resolução, quando faz menção a seguinte frase:
“...desiste de continuar disparando...” .Então, através dessa informação, podemos deduzir que Caio poderia
prosseguir na execução do crime, entretanto, desiste voluntariamente de dar seguimento a execução, razão
pela qual, deverá responder apenas pela lesão causado pelo único disparo na perna de Pedro.
Gabarito: Letra E.
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Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou resti-
tuída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será
reduzida de um a dois terços.
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropri-
edade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
Ambos os institutos são de suma importância para sua preparação para os concursos públicos.
O instituto do arrependimento posterior é considerado uma causa geral de diminuição de pena, com o
intuito de incentivar o agente criminoso a reparar o dano e ter sua reprimenda minorada.
A expressão “posterior” nos demonstra que o agente criminoso se arrependeu após a consumação do
crime.
“Mas professor, qual será o critério utilizado para o redutor?”
Assim como estudamos juntos no instituto da tentativa, a ideia exposta anteriormente poderá ser trans-
portada para o estudo do arrependimento posterior. Dessa forma, quanto mais rápido o agente reparar o dano,
maior será seu redutor. Quanto mais tempo ele demorar, menor será seu redutor.
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O outro instituto que está previsto, logo na sequência do Código Penal, é o crime impossível.
O crime impossível é uma causa de exclusão da tipicidade e, para isso, o Código Penal adotou a teoria
objetiva – temperada/mitigada.
É excelente ver que você está atento a nossa aula. Veja só, pela lei, o crime impossível se dá quando hou-
ver absoluta ineficácia do meio (executório), ou quando ocorrer absoluta impropriedade do objeto (material).
Agora, caso haja relativa ineficácia ou relativa impropriedade, haverá crime tentado.
Crime impossível
Quanto ao crime impossível pelo meio executório, imagine a situação em que um indivíduo, munido de
uma arma de fogo, aponta para seu desafeto e aciona o gatilho, momento em que, do cano da arma sai uma
bandeirinha escrito “Bang”. Nesse caso, estamos diante de um crime impossível por absoluta ineficácia do
meio executório (arma de fogo). Agora, imagine o indivíduo que deseja matar uma pessoa que já se encontra
morta, nesse caso, o crime é impossível por absoluta impropriedade do objeto (pessoa ou coisa sob a qual recai
a conduta), no caso, o cadáver.
Ano: 2010 Banca: ACAFE Órgão: PC-SC Prova: ACAFE - 2010 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
O Código Penal brasileiro, em seu art. 16, estabelece: “Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à
pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços.”
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A) arrependimento voluntário.
B) arrependimento eficaz.
C) redução facultativa.
D) arrependimento posterior.
Resolução: através da redação do art. 16 do Código Penal e, embasado em todo o estudo até o momento cons-
truído, podemos afirmar sem nenhum medo de errar que o art. 16 do CP, retrata o instituto do arrependimento
posterior.
Gabarito: Letra D.
Dessa forma, meu amigo(a), encerramos mais um tópico do nosso conteúdo e, já nos preparando para
irmos para o final do nosso capítulo, vamos tratar sobre o erro de tipo.
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Superada nossa leitura através do texto da lei, é necessário verificarmos o conceito de erro para o Direito
Penal.
O erro de tipo, para o direito penal, é uma falsa percepção da realidade.
Erro Jurídico
Erro de
Erro de tipo
proibição.
Erro de tipo: aqui, a falsa percepção da realidade interfere no elemento subjetivo do tipo penal
(no dolo e na culpa)
Erro de proibição: aqui, a interferência se dá no campo da culpabilidade, mais precisamente no
elemento da potencial consciência da ilicitude.
Desse modo, meu amigo(a), no erro de tipo o agente criminoso vê uma coisa e pensa que é outra (falsa
representação da realidade).
Imagine que Austin deixa seu automóvel estacionado no supermercado e, depois de fazer suas compras,
dirige-se até o automóvel para retornar à sua residência. No instante em que Austin vai até o automóvel ele
acaba adentrando em um carro que é idêntico ao seu, mas pertence a outra pessoa. Imediatamente, Austin dá
partida no automóvel e, ao chegar em casa, percebe que o automóvel não é o seu, mas um modelo idêntico
que pertence a outra pessoa.
Dessa forma, perceba que a falsa percepção da realidade que recaiu sobre Austin interferiu no seu elemento
subjetivo, pois é nítido que Austin não teve intenção de furtar aquele automóvel, mas, por engano, acabou
entrado em um veículo igual ao seu. Dessa forma, excluído o dolo por conta da falsa percepção que Austin teve
da realidade que se apresentava. O fato não será considerado criminoso, tendo em vista que, se cogitássemos
a prática de furto, para esse crime não existe previsão culposa, razão pela qual o fato será atípico.
Já no erro de proibição o indivíduo sabe exatamente o que está acontecendo, mas supõe lícita uma con-
duta proibida.
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Imagine a seguinte situação: Austin está caminhando pela via pública quando encontra um relógio valioso
na rua, imediatamente pega-o e sai à procura do dono. Apesar de tentar restituir o relógio ao legítimo proprie-
tário, não o encontra e, então, decide ficar com o objeto, acreditando no ditado popular: “achado não é rou-
bado”. Nesse caso, Austin tem plena noção de que está se apoderando de um objeto pertencente a um terceiro,
mas acredita (de boa-fé) que não está fazendo nada de errado, pois tentou incessantemente encontrar o dono
sem, contudo, lograr êxito. Muito embora Austin tenha a absoluta compreensão da realidade, desconhece a
existência de uma proibição condita no art. 169, parágrafo único, inciso II, do CP, que define com crime o ato
de se apropriar de coisa achada.
Assim, no erro de proibição, a ignorância atinge a noção acerca do caráter ilícito do ato praticado.
As consequências de cada um dos erros, vou deixar em forma de tabela para que você memorize mais
facilmente:
Erro evitável Crime culposo (se previsto em Reduz a pena (1/6 a 1/3)
lei). Nesse caso, estamos diante
da culpa imprópria. Ocorre
quando o agente supõe estar di-
ante de uma causa de ilicitude
que lhe permita praticar, licita-
mente, um fato típico. Entre-
tanto, como esse erro poderia ter
sido evitado pelo emprego de dili-
gência mediante, subsiste o com-
portamento culposo.
Erro inevitável Exclui o dolo e culpa. Desse Isenta de Pena (exclui a culpabili-
modo, sem dolo e culpa não dade)
existe conduta e, se a conduta é
inexistente o fato é atípico, le-
vando a exclusão do crime.
O erro essencial, é o que impede o agente de perceber que pratica determinado crime, por isso, SEMPRE
EXCLUI O DOLO.
Vejamos agora, a classificação do erro essencial quanto a sua intensidade:
É aquele que uma pessoa de “mediana prudência e É aquele que uma pessoa na situação concreta não
discernimento” – homem médio – também teria co- teria cometido. Exclui o dolo mas mantém a punição
metido. Exclui dolo e culpa. por culpa se prevista em lei.
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Veja esse exemplo do professor Capez: O professor Fernando Capez, ainda prossegue:
“Um caçador abate um artista que estava vestido de “Suponhamos naquele exemplo do caçador (supra)
animal campestre em uma floresta, confundindo-o que o artista estivesse sem fantasia, sendo o equí-
com um cervo. Não houve intenção de matá-lo, por- voco produto da miopia do atirador. Nesse caso, es-
que, dada a confusão, o autor não sabia que estava taria configura o homicídio culposo” (CAPEZ, 2013,
matando alguém, logo, não poderia querer matá-lo. p. 248.)
Exclui-se o dolo. Por outro lado, sendo perfeita a fan-
tasia não havia como evitar o erro, excluindo-se tam-
bém a culpa, ante a inexistência de quebra do dever
de cuidado (a tragédia resultou de um erro que não
podia ser evitado, mesmo com o emprego de uma
prudência mediana). Como não existe homicídio sem
dolo e sem culpa (a legislação somente prevê homi-
cídio doloso, o culposo e o preterdoloso) o fato torna-
se atípico (CAPEZ, 2013, p.248)
Há, também, a previsão do erro acidental, que é aquele em que não há impedimento do agente de per-
ceber que pratica determinado crime e, por isso, não exclui o dolo.
1.1) Erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, CP – ocorre quando o agente atinge pessoa diversa da
pretendida, por confundi-la com a vítima visada (“sósia”). Nesse caso, aplicam-se as qua-
lidades e condições da vítima pretendida (visada) e não da vítima (real). Imagine a situa-
ção em que Austin, querendo matar o estuprador de sua filha, sai a caça do desafeto e,
em via pública, encontra o “sósia” do criminoso, iniciando assim, diversos disparos de
arma de fogo e levando a vítima a óbito. Ao chegar perto do ofendido, Austin percebe que
não era o estuprador de sua filha, mas sim, o seu sósia. Nesse caso, Austin responderá por
homicídio levando em conta as qualidades da vítima virtual (o estuprador da filha) e não
as qualidades da vítima real (o sósia mort0).
Veja essa questão acerca do tema:
Ano: 2012 Banca: MS CONCURSOS Órgão: PC-PA Prova: MS CONCURSOS - 2012 - PC-PA - Escrivão de Polícia
Civil
Jovelino Josualdo planejou a execução de sua esposa, grávida, pois tinha fortes suspeitas de que estava sendo
traído por ela. No dia planejado para o homicídio, aguardou a vítima escondido e quando viu um vulto, executou
o seu plano, desferindo cinco tiros na vítima, que faleceu no local. Contudo, ao certificar-se do falecimento da
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vítima, assustou-se ao ver que na verdade havia atirado em sua mãe. Diante do exposto, é correto afirmar que
se trata de:
A) Error In Objecto.
B) Error In Persona.
C) Aberratio Ictus.
D) Aberratio Causae.
E) Aberratio Criminis.
Resolução: no momento em que Jovelino executou seu plano de querer matar sua esposa e acaba por matar
sua mãe, comete erro quanto a pessoa. Entretanto, responderá pelo homicídio como se tivesse matado sua
esposa (vítima virtual) e não como se estivesse matado sua mãe (vítima real).
Gabarito: Letra B.
1.2) Erro sobre a coisa: essa espécie não exclui o dolo – não afasta o caráter criminoso do ato.
O agente erra sobre situação fática juridicamente IRRELEVANTE. Imagine que Austin
subtraia um relógio dourado supondo que se tratava de um relógio valiosíssimo de ouro.
Nesse caso, o erro se deu sobre uma situação irrelevante (a condição do relógio). Nesse
caso, Austin responderá pela prática do furto.
2.1) “aberratio criminis” ou “delicti”: art. 74, do CP – quando o agente criminoso atinge bem
jurídico diverso do pretendido. 1ª parte: com resultado único ou unidade simples –
quando o agente só atinge o bem jurídico diverso do pretendido (sujeito arremessa uma
pedra contra uma vidraça – crime de dano – mas, por erro na execução, atinge a cabeça
de uma pessoa, provocando-lhe lesão corporal. Nesse caso, o agente criminoso só res-
ponde pelo resultado, desde que prevista a figura culposa (p.ex. lesão corporal culposa).
2ª parte: com resultado duplo ou unidade complexa – o sujeito criminoso atinge o bem
jurídico visado (p.ex. crime de dano) e, também, outro bem jurídico diverso do pretendido
por erro na execução (ex. ao arremessar a pedra, além de atingir a vidraça como almejava,
o sujeito feriu uma pessoa na cabeça, por erro na execução). A solução para esse caso é o
agente responder pelos dois resultados em concurso formal.
3. Aberratio causae – trata-se do erro sobre o nexo causal. Nesse caso, o agente atinge o resultado preten-
dido, mas por meio de uma relação de causalidade diferente da imaginada. Suponha que Austin queira
matar seu desafeto Caracas. Para tanto, leva-o até uma montanha para empurrá-lo de lá, fazendo com que
caia em um rio e morra afogado. Entretanto, no momento em que Austin empurra Caracas, a vítima cai da
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montanha e durante a queda bate a cabeça em uma pedra e morre de traumatismo craniano. Nesse caso,
Austin responderá pelo homicídio normalmente, entretanto, com erro sobre o nexo causal, pois causou a
morte de Caracas por traumatismo craniano e não por afogamento.
Então, agora que já analisamos os principais pontos sobre o erro, fique com o seguinte resumo:
Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito Federal Prova: FCC - 2018 - Câmara Legislativa
do Distrito Federal - Inspetor de Polícia Legislativa
Considerando o que estabelece o Código Penal, associe as duas colunas relacionando os conceitos com a sua
definição.
I. Delito putativo por erro de tipo.
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Resolução: vejamos que, a partir das assertivas que nos são propostas, devemos associá-las às determinadas
formas de erro. O item I guarda semelhança com os ensinamentos da letra “c” – lembre-se do exemplo do furto
de Austin. O item II guarda relação com os ensinamentos da letra “d”, considerando a aberratio ictus como des-
vio no golpe ou erro na execução. O item III guarda relação com a letra “a”, considerando que no erro de proi-
bição, o agente percebe a realidade, equivocando-se sobre regra de conduta. E, por fim, o item IV guarda rela-
ção com o item “b” pois, o instituto da aberratio criminis é justamente o acidente ou erro no emprego executório
culminando por atingir bem jurídico diferente do pretendido.
Gabarito: Letra E.
Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil
O erro acidental não afasta o dolo do agente, podendo ocorrer em algumas situações. Qual das hipóteses está
CORRETA?
A) Erro sobre o objeto quando o autor, ao tentar matar o inimigo, por erro na pontaria mata outra pessoa.
B) Erro sobre o curso causal, quando o autor, ao tentar matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima
de uma ponte, esta bate na estrutura falecendo de traumatismo.
C) Erro sobre a pessoa no caso do autor que, ao tentar causar dano, atira uma pedra contra uma loja, e por erro
atinge uma pessoa.
D) Erro na execução (aberratio ictus) quando, por exemplo, o autor, ao subtrair uma saca de café, pensa ser uma
saca de açúcar.
E) Resultado diverso do pretendido, quando o autor, ao desejar matar seu filho, causa a morte de seu funcio-
nário.
Resolução: a partir do nosso estudo construído até o momento, é possível verificarmos que o erro sobre o curso
causal é aquele em que o agente tenta matar a vítima por afogamento e ao arremessar a vítima de uma ponte,
esta bate na estrutura falecendo de traumatismo. Lembre-se do exemplo de Austin e Caracas na montanha.
Gabarito: Letra B.
Então, meu amigo(a), encerramos assim, o estudo do nosso primeiro capítulo que trata sobre o fato tí-
pico. A partir desse momento, vamos iniciar o conteúdo acerca da ilicitude/antijuridicidade.
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Ilicitude/Antijuridicidade.
Salve, meu amigo(a)!
Seja muito bem-vindo ao nosso segundo capítulo no estudo da estrutura do conceito analítico de crime.
Venha comigo!
Ilicitude ou antijuridicidade (que são expressões sinônimas) expressam a contrariedade do fato criminoso
ao direito.
Dentro do tópico da ilicitude/antijuridicidade, iremos nos debruçar sobre o estudo das excludentes de
ilicitude, ou seja, aquilo capaz de excluir o caráter criminoso do fato.
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso
ou culposo.
a) Voluntário (consciente): ocorre quando o indivíduo se dá conta do exagero. Nesse caso, o agente
responderá por crime doloso, pois, nesse caso, o excesso é doloso.
b) Involuntário (inconsciente): a pessoa não se dá conta de que foi além do necessário. O excesso
involuntário deriva de um erro (pode ser evitável – responder por crime culposo quando previsto
em lei; ou inevitável – não há dolo ou culpa).
Agora que já tratamos da figura do excesso punível, vamos tratar de cada uma das excludentes de ilicitude
de forma individualizada.
Estado de necessidade.
O estado de necessidade vem tratado no artigo 24 do Código Penal, vejamos:
Estado de necessidade
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Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual,
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sa-
crifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de
um a dois terços.
O estado de necessidade é uma excludente de ilicitude que surge em casos em que há uma situação de
perigo que gera conflito entre dois ou mais bem jurídicos e, necessariamente um deles deverá ser sacrificado.
2. Não provocação do perigo: o agente que se beneficia do instituto do estado de necessidade não
pode ser o provocador do perigo. Se o agente for o provocador voluntário (provoca dolosamente) não
há estado de necessidade. Por outro lado, aquele que provoca de forma involuntária (de forma total-
mente acidental), há, em tese estado de necessidade. No caso de provocação de situação de perigo
de forma culposa, ela é considerada involuntária, então há estado de necessidade.
3. Inexigibilidade de sacrifício do bem salvo: nesse caso, é necessário que façamos uma ponderação
entre o bem salvo e o bem sacrificado. A lei considera lícito o estado de necessidade se o agente
salva um bem de maior relevância ou igual. Se o bem for de relevância menor do que o sacrificado,
não há estado de necessidade. Dessa forma, o art. 24, §2º, manda aplicar em favor do agente.
4. Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo: policiais, militares, bombeiros, possuem o dever
de encarar o perigo. Em situações de perigo extremo, essas pessoas podem agir em estado de neces-
sidade. É pacífico entre os estudiosos do direito penal a inexigência de atos de heroísmo.
Dessa forma, meu amigo(a), para o CP, o estado de necessidade sempre atuará como excludente de ilici-
tude, seja o bem salvo mais importante ou equivalente ao bem sacrificado, tendo em vista o fato de o direito
penal brasileiro ter adotado a teoria unitária.
O exemplo mais clássico que temos entre os doutrinadores de direito penal é o da tábua da salvação.
Imagine que, após um naufrágio, Austin e Caracas, se veem obrigados a dividir a mesma tábua, que suporta o
peso de apenas um deles. Nesse cenário, meu amigo(a), o direito penal autoriza um deles a matar o outro, se
isso for preciso para salvar a própria vida.
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Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
No Direito Penal brasileiro, o chamado estado de necessidade é
Resolução: perceba, meu amigo(a) que, uma simples e atenta leitura do artigo 23 do Código Penal já é o sufi-
ciente para garantirmos mais um ponto valioso em busca da sua aprovação. O art. 23 do CP é claro ao dizer que
o estado de necessidade é uma excludente de ilicitude.
Gabarito: Letra B.
Encerrada a análise da nossa primeira excludente de ilicitude, passemos, então, para o estudo da legítima
defesa.
Legitima defesa.
Iniciando o estudo de mais uma excludente de ilicitude, vamos direto ao texto do Código Penal:
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, re-
pele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também
em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima
mantida refém durante a prática de crimes.
Feita nossa leitura atenta, é necessário que saibamos que o instituto da legitima defesa é um dos mais
bem desenvolvidos da história do direito penal. Está diretamente vinculado ao instinto de sobrevivência.
Para tanto, alguns requisitos são necessários para que possamos cogitar da existência da legitima defesa,
quais seja:
1. Agressão: é a conduta humana que lesa ou expõe a perigo qualquer bem jurídico. Não há que se con-
fundir agressão com provocação. Deve ser atual ou iminente e injusta. A agressão deve se voltar a
direto próprio ou alheio. O elemento subjetivo é o “animus deffendendi”, implícito no art. 25 do CP.
2. Injustiça da agressão: deve ser avaliada objetivamente. Logo há, em tese, legítima defesa contra
agressão de inimputáveis (será o próximo tópico do nosso estudo pós excludentes de ilicitude). Quero
que você tenha em mente que é inviável cogitarmos uma legitima defesa recíproca, pois, se um dos
indivíduos estiver em legítima defesa, sua reação será lícita para o direito.
Se ausente algum desses requisitos, meu(a) caro(a), haverá excesso na legítima defesa e o agente
responderá pelo excesso.
O excesso pode se dar de duas formas: a) excesso intencional/voluntário: nessa modalidade, o agente
está ciente de que a agressão já cessou, e mesmo assim, prossegue em sua conduta dirigindo-se a lesar o bem
do agressor. Nessa situação, o agente responderá pelo resultado excessivo a título de dolo. Essa modalidade é
o excesso doloso. b) não intencional/involuntário: o sujeito, através de erro na apreciação da situação fática,
está supondo que a agressão ainda está ocorrendo e, dessa forma, segue com sua reação sem se dar conta do
excesso que comete. Se o erro no qual incorreu for evitável, o indivíduo responderá pelo resultado a título de
culpa, se a lei previr a forma culposa (“excesso culposo”). Entretanto, se o erro for inevitável, o indivíduo não
responderá pelo resultado excessivo, afastando-se o dolo e a culpa.
Outro ponto para o qual devemos redobrar nossa atenção, é a inserção do parágrafo único no art. 25, do
CP, inserido pela Lei Anticrime, que veio disciplinar a legítima defesa especial.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, re-
pele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único. Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também
em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a ví-
tima mantida refém durante a prática de crimes.
Dessa forma, para que haja a ocorrência da legítima defesa especial é necessário que estejam presentes
todos os requisitos previstos no caput do art. 25, ocasião em que os agentes de segurança pública repelem uma
agressão ou perigo de agressão a uma vítima em perigo na pratica de crime.
Agora, meu amigo(a), você já ouviu falar em ofendiculos? Aposto que você sabe o que é, mas pode não
ter assemelhado pelo nome jurídico.
Os ofendículos, doutor(a), são os aparatos pré-dispostos na defesa de um bem jurídico, p.ex. um cerca
elétrica, cacos de vidro em muros e etc. Entretanto, para que os ofendículos sejam considerados como um apa-
rato de excludente de ilicitude, é necessário que sejam lícitos, visíveis, inacessível a terceiros inocentes e deverá
ter a observância de eventuais normas técnicas.
OFENDÍCULOS
Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia Substituto
C) Caio, lutador de boxe, durante uma luta em que seguia as regras desportivas, atinge região vital de Tício,
causando-lhe a morte. Ante a gravidade da situação fática, a violência não encontra amparo em nenhuma causa
de exclusão da ilicitude, devendo Caio responder pela morte causada.
D) Nos moldes do finalismo penal, pode a inexigibilidade de conduta diversa ser considerada causa supralegal
de exclusão de ilicitude.
Resolução: conforme acabamos de estudar acerca dos ofendículos, para que sejam considerados como um
aparato de excludente de ilicitude, é necessário que sejam lícitos e, também, visíveis. No momento em que
Astrogildo colocou cacos de vidro visíveis, em cima do muro de sua casa para evitar ladrões, o fato de uma
criança ter se lesionado ao pular o muro para pegar uma bola, trata-se de uma fatalidade, razão pela qual, a
conduta de Astrogildo continuaria acobertada pela excludente de ilicitude.
Gabarito: Letra A.
Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
A) conduta.
B) imputabilidade.
C) tipicidade.
D) antijuridicidade.
E) culpabilidade.
Resolução: perceba, meu amigo(a), como a leitura do texto seco da lei é importante. Uma leitura rápida pelo
artigo 23 do CP, garantiria mais esse ponto na sua prova, tendo em vista que a legítima defesa é uma excludente
de ilicitude/antijuridicidade.
Gabarito: Letra D.
Então, para encerrarmos mais um tópico do nosso estudo, abaixo deixarei uma tabela com as principais
diferenças entre o estado de necessidade e a legítima defesa.
Todos os envolvidos têm razão, pois seus bens ou Somente um indivíduo (agredido) está com a razão,
interesses são legítimos ao repelir a injusta agressão
Só há estado de necessidade se o perigo for inevitá- Há legítima defesa ainda quando a agressão for evi-
vel tável.
Existe estado de necessidade contra atos de animais Não existe legítima defesa contra ataque de animal
(salvo quando ele foi o instrumento de uma agressão
humana.
Pois bem, meu amigo(a), antes de encerrarmos mais este tópico, quero tratar com você acerca da legí-
tima defesa putativa.
Inicialmente, tudo que visualizamos até agora diz respeito a legítima defesa REAL.
A legítima defesa putativa, meu amigo(a), ocorre quando o agente pensa que está se defendendo, po-
rém, na verdade, acaba praticando um ato injusto. Se é certo que o agente não sabe estar cometendo uma
agressão (pela falsa percepção da realidade) injusta contra um inocente, é certo, também, que o agredido nada
tenha a ver com isso, podendo repelir o ataque objetivamente injustificável.
“É o caso de alguém que vê o outro enfiar a mão no bolso e pensa que ele vai sacar uma arma. Pensando
que vai ser atacado, atira em legítima defesa imaginária. Quem recebe a agressão gratuita pode revidar
em legítima defesa real. A legítima defesa putativa é imaginária, só existe na cabeça do agente; logo,
objetivamente configura um ataque como outro qualquer (pouco importa o que “A” pensou; para “B”, o
que existe é uma agressão injusta). (CAPEZ, 2013, p. 308)
Em resumo, meu amigo(a), não será cabível legitima defesa nas seguintes hipóteses:
Imagem retirada do Curso de Direito Penal (volume 1 – arts. 1º a 120), do professor Fernando Capez (2013;
pg. 252).
A partir de agora, veremos os outros dois institutos elencados pelo Direito Penal como causas excluden-
tes de ilicitude.
Venha comigo!
Trata-se de um fenômeno semelhante ao que ocorre com a “lei penal em branco” em que o conteúdo
definitivo da norma se deduz de outra norma jurídica. Sendo assim, o conteúdo de ambas as excludentes de
ilicitude decorrem de normas extrapenais.
Veja só esse exemplo do professor Estefam:
“O policial que cumpre um mandado de prisão e, para isso, emprega força física, na medida do
necessário para conter o agente, encontra-se no estrito cumprimento de um dever legal; sua ação
não é criminosa, com fundamento na combinação do art. 23, inciso III, do CP com o art. 292 do
CPP”.(ESTEFAM, André, p. 295).
Um exemplo clássico de exercício regular de um direito diz respeito à violência desportiva, desde que o
esporte seja regulamentado oficialmente e a lesão ocorra de acordo com as respectivas regras, como, por
exemplo, os eventos do UFC e do extinto Pride.
Dessa forma, para fecharmos o estudo completo das excludentes de ilicitude, vejamos uma questão e
partiremos para mais uma etapa da nossa aula.
Ano: 2012 Banca: FGV Órgão: Senado Federal Prova: FGV - 2012 - Senado Federal - Policial Legislativo Federal
C) o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.
D) o estado de necessidade, a legítima defesa e a inexigibilidade de conduta diversa.
Resolução: ao nos depararmos com o enunciado da questão, podemos perceber que o art. 23 do Código Penal
é o suficiente para respondermos este questionamento. Dessa forma, são causas excludentes de ilicitude, se-
gundo o CP o estrito cumprimento do dever legal, a legítima defesa de terceiro e o exercício regular de direito.
Gabarito: Letra C.
Certo, caríssimo(a)!
Culpabilidade
Salve salve, meu amigo(a)!
A partir desse momento, inauguramos o terceiro capítulo da nossa aula e passaremos a estudar o último
elemento da estrutura do conceito analítico de crime.
Para que possamos introduzir nosso estudo, é necessário que saibamos que a culpabilidade é entendida,
pela grande maioria dos estudiosos do direito penal, como o juízo de reprovação que recai sobre o autor cul-
pado de um fato típico e antijurídico. Desse modo, para muitos, a culpabilidade é tratada como requisito do
crime e, para outros, como pressuposto de aplicação da pena.
Assim, como o fato típico, a culpabilidade também é composta por alguns requisitos, vejamos:
Potencial
consciência
da ilicitude
Culpabilidade
Exigibilidade
Imputabilidade de conduta
diversa
Para que fique mais fácil a memorização dos elementos da culpabilidade, guarde o mnemônico IMPOEX.
Imputabilidade:
Trata-se da capacidade mental do indivíduo de compreender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de
acordo com esse entendimento (ou seja, de conter-se).
Simplificando, meu amigo(a), a imputabilidade nada mais é do que as condições de sanidade e maturi-
dade humana, a ponto de permitir a qualquer pessoa a capacidade de compreensão e autodeterminação. A
imputabilidade deve estar presente no momento da conduta.
Assim, partindo do nosso conceito de imputabilidade, é necessário que nos debrucemos sobre as causas
de exclusão da imputabilidade.
Para que nossa memorização se torne ainda mais fácil, vou elaborar uma tabela com cada uma das causas,
seus efeitos e suas consequências jurídicas:
Art.26 – Doença mental, desen- Supressão total da capacidade mental Inimputável – absolvição Impró-
volvimento mental incompleto pria – aplicação de medida de se-
ou retardado. * gurança
Semi-imputável – condenação
com pena reduzida de 1 a 2/3, ou
Redução da capacidade mental
medida de segurança.
Art.28 – Embriaguez Completa Supressão das capacidades mentais Inimputável – absolvição própria –
involuntária * não há que se falar em medida de
segurança
Semi-imputável – condenação
com pena reduzida de 1 a 2/3.
Redução das capacidades mentais
* Se houver qualquer dúvida acerca da sanidade mental do réu, o Código de Processo Penal nos seus arts.
149 a 154 do CPP, dispõe sobre a instauração do incidente de insanidade mental do acusado, para dirimir a
dúvida.
* Embriaguez: consiste na intoxicação aguda e transitória provocada pelo álcool ou substâncias de efei-
tos análogos (aqui, meu amigo(a) não pode se enquadrar as drogas ilícitas).
Embriaguez completa: quando se enquadra o sujeito no segundo nível (depressão) e terceiro nível (letar-
gia – coma – conduta omissiva, p.ex.).
Embriaguez involuntária: proveniente de caso fortuito ou força maior. Se a embriaguez for voluntária o
agente responde pelos atos por força da teoria da “actio libera in causa” (ação livre na causa). Para que seja
aplicado o instituto da embriaguez involuntária, sem gerar responsabilidade penal objetiva, deve-se avaliar se,
no momento em que a substância foi ingerida, era previsível o resultado produzido.
Com isso, você tem um conteúdo fartíssimo de informações acercas das causas que excluem a imputabi-
lidade. Leia com carinho cada uma das informações que constam dessa tabela, pois ela será de muita relevância
para sua caminhada!
Vejamos:
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia
Resolução: a banca nos questiona acerca da imputabilidade, razão pela, qual estamos diante do primeiro ele-
mento que compõe a culpabilidade, uma das vertentes do conceito analítico de crime.
Gabarito: Letra A.
A partir da leitura concentrada que acabamos de fazer, quero que você grife a expressão “o desconheci-
mento da lei é inescusável” e, no máximo, quando o desconhecimento for relevante, poderá gerar uma ate-
nuante, conforme o artigo 65, inciso II, do CP.
Nesse ponto da culpabilidade, é necessário sabermos que já há a imputabilidade. Dessa forma, a potencial
consciência da ilicitude está ligada ao aspecto cultural de saber o que é certo ou errado e, para isso, é necessário
que se façamos um pequeno jogo de perguntas e respostas.
Vamos lá!
Espero que tudo esteja ficando claro para você, meu amigo(a)! Caso fique alguma dúvida, não hesite em
procurar!
Assim, o artigo 22 do Código Penal nos traz duas hipóteses de INEXIGIBILIDADE de conduta diversa:
Agora que realizamos nossa leitura, peço gentilmente que você grife as expressões “coação irresistível”
e “obediência a ordem, NÃO manifestamente ilegal”.
A coação moral diz representa a vis relativa, ou seja, caríssimo(a), consiste na promessa de inflição de
um mal grave e injusto. Assim, é necessário a cumulação dos seguintes requisitos: seriedade da promessa +
Primeiro, vejamos o exemplo de coação moral irresistível, na lição de Fernando Capez e Edilson Mouge-
not Bonfim11:
“...Quando o assaltante, apontando uma arma de fogo, diz para a vítima “a bolsa ou a vida”, não
lhe está excluindo totalmente à vontade, embora a tenha pressionado de modo a inviabilizar qual-
quer resistência. Assim, na coação moral irresistível, há fato típico e ilícito, mas o agente não é
considerado culpado, em face de exigibilidade de conduta diversa” (BONFIM; CAPEZ, p. 592)
“...É o caso do operador de trilhos que, amarrado por assaltantes à cadeira, não tem como fazer
a mudança de nível dos trilos e, assim, não consegue impedir a colisão das locomotivas. Não
houve qualquer conduta de sua parte, pois a vontade foi totalmente eliminada pelo emprego de
força física”. (BONFIM; CAPEZ, p.592)
Em resumo, essas serão as consequências jurídicas para os casos de coação moral irresistível e obediência
hierárquica:
A outra hipótese de inexigibilidade de conduta diversa é a obediência hierárquica e, assim como as ante-
riores, é necessário que sejam preenchidos alguns requisitos, quais sejam:
11
BONFIM, Edilson Mougenot. Direito Penal : parte geral / Edilson Mougenot Bonfim, Fernando Capez. – São Paulo:
Saraiva, 2004.
1.) Relação de hierarquia: dessa forma, somente poderá ocorrer em ambiente público;
2.) Ordem superior;
3.) Ordem ilegal não manifesta (a ilegalidade não pode ser evidente).
Aposto que você está cheio de vontade de resolver uma questão, então, vamos lá!
Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia
Em um clube social, Paula, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente Carlos, também maior e capaz,
na frente de amigos. Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua residência e, sem o consentimento de
seu pai, pegou um revólver pertencente à corporação policial de que seu pai faz parte. Voltando ao clube depois
de quarenta minutos, armado com o revólver, sob a influência de emoção extrema e na frente dos amigos,
Carlos fez disparos da arma contra a cabeça de Paula, que faleceu no local antes mesmo de ser socorrida.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: agora que lemos atentamente o enunciado da questão, perceba que é completamente inviável fa-
larmos em ausência de culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa. Nesse caso, há culpabilidade,
tendo em vista que Carlos tinha completa noção da situação ao seu redor, sendo, desse modo, exigível dele
conduta diversa, qual seja, não cometer o homicídio contra Paula.
Gabarito: ERRADO.
Antes de avançarmos para o estudo do nosso outro grande tema macro, vejamos mais uma questão:
Ano: 2018 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado
de Polícia Federal
Em cada item seguinte, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada com base
na legislação de regência e na jurisprudência dos tribunais superiores a respeito de exclusão da culpabilidade,
concurso de agentes, prescrição e crime contra o patrimônio.
Arnaldo, gerente de banco, estava dentro de seu veículo juntamente com familiares quando foi abordado por
dois indivíduos fortemente armados, que ameaçaram os ocupantes do veículo e exigiram de Arnaldo o forne-
cimento de determinada senha para a realização de uma operação bancária, o que foi por ele prontamente
atendido. Nessa situação, o uso da senha pelos indivíduos para eventual prática criminosa excluirá a culpabili-
dade de Arnaldo.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução: dessa forma, ao analisarmos o conteúdo da coação moral irresistível, é possível afirmarmos que a
culpabilidade de Arnaldo (gerente do banco) será excluída por ter “contribuído” para a conduta criminosa.
Gabarito: CERTO.
No próximo capítulo vamos tratar de um tema de suma importância para o seu concurso, então, não saia
daí!
Estou te esperando no próximo capítulo!
Até lá!
CONCURSO DE PESSOAS.
Seja muito bem-vindo, meu amigo(a), a mais um prazeroso capítulo de estudo em nossa aula sobre teoria
geral do delito.
Antes de iniciarmos quaisquer considerações acerca do tema, lhes trago o texto legal para inaugurar
nosso estudo.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida
de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elemen-
tares do crime.
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não
são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado
Inicialmente, meu amigo(a), uma infração penal, na esmagadora maioria das vezes, é praticada apenas
por uma pessoa. Entretanto, há casos em que várias pessoas, em comunhão de esforços e acordo de vontades,
seja material ou intelectualmente, cooperam parra o mesmo delito.
Dessa forma, a reforma ocorrida no CP em 84, modificou a disciplina do tema. Deixou-se para trás a ex-
pressão “coautoria” e, no seu lugar, substituiu-se por “concurso de pessoas”.
Porém, o atual artigo 29 do Código Penal estabelece que todo aquele que concorre para o crime incide
nas penas a este cominadas. Entretanto, faz algumas ressalvas em seus §§1º e 2º. No §1º estamos diante da
figura da participação de menor importância e, no §2º, a concorrência dolosa distinta que, logo em seguida,
serão expostas.
Para explicarmos cada uma dessas figuras inerentes ao concurso de pessoas, existem três teorias acerca
do tema que nos propõe uma solução, vejamos:
1. Teoria monista: essa é a adotada, como regra, pelo artigo 29, caput, do CP. Assim, todo aquele que
concorre para o crime responde pelas penas a este cominada, na medida de sua culpabilidade. Então,
dessa forma, atribui um só crime a todos os concorrentes. Imagine a seguinte situação: Austin e Ca-
racas, cometeram um crime de latrocínio. Para tanto, Austin empunhou a arma de fogo e disparou
em direção a vítima e Caracas limitou-se a dar cobertura para a empreitada criminosa. Desse modo,
ambos respondem pelo artigo 157, §3º, do CP.
2. Teoria dualista: aqui, deve haver dois crimes diferentes a serem imputados. Um deles será imputado
aos autores e outro, aos partícipes. Essa teoria não foi adotada pelo CP.
3. Teoria pluralista: deve se atribuir para cada agente um delito diferente. Há exemplos excepcionais
dessa teoria em nosso CP, que são “as exceções pluralistas à teoria monista”. Como exemplo, po-
demos citar o crime de corrupção. No caso da corrupção, o corruptor comete corrupção ativa (art.
333, do CP), e o funcionário público corrompido, corrupção passiva (art. 317, CP). Outro exemplo é o
aborto. A gestante incorrerá no crime auto aborto (art. 124, CP) e o terceiro que realiza a manobra
abortiva por autorização da gestante, responderá pelo crime do art. 125 ou 12612.
“Certo, Arpini! Mas e agora, como eu defino quem é autor, coautor ou partícipe?”
Vamos à solução:
É o sujeito que realiza o verbo nu- É o sujeito que realiza atos de exe- É o sujeito que presta auxílio moral
clear. P.ex. “subtração” cução. P.ex. empunhar arma de (que decorre de um induzimento
fogo e apontá-la para a vítima. ou instigação) ou material (forne-
ceu a arma de fogo), sem praticar
atos de execução ou o verbo nu-
clear.
Outra informação que é importante que saibamos é a classificação de crimes conforme a quantidade de
sujeitos ativos.
Preste atenção no esquema!
a) Crimes monossubjetivos, unissubjetivos ou de concurso eventual: é um crime que pode ser praticado
por uma ou mais pessoas em concurso.
b) Crimes plurissubjetivo ou de concurso necessário: o tipo penal exige a pluralidade de sujeitos ativos
como elementar do crime.
b.1) de condutas paralelas: aquele crime plurissubjetivo em que os concorrentes possuem divisão de
tarefas em busca de um objetivo comum, p.ex. o crime de associação para o tráfico de drogas, pre-
visto no art. 35 da Lei 11.343/06 (mínimo 2 pessoas); associação criminosa, conforme o art. 288, CP
(mínimo três pessoas); organização criminosa (mínimo de 4 pessoas).
12
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou
débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência
b.2) de condutas convergentes: as condutas convergem ao encontro uma da outra, p.ex. crime de
bigamia (art. 235, §1º, CP);
b.3) de condutas contrapostas: aquele em que os sujeitos praticam suas condutas uns contra os ou-
tros, p.ex. crime de rixa.
Certo, meu(a) nobre estudante! Agora que já estudamos a classificação dos crimes e, também, as teorias
acerca do concurso de pessoas, para que reste configurado o referido concurso, alguns requisitos são necessá-
rios:
Cada uma das pessoas Deverá haver nexo de Corresponde à adesão Teoria unitária/monista
deve praticar obrigato- causalidade entre a con- voluntária à conduta cri- (art. 29, caput, CP). To-
riamente condutas pe- duta e o resultado (art. minosa. Não se exige dos respondem pelo
nalmente relevantes 13, caput, do CP) e, tam- acordo prévio (“pacta mesmo crime.
(sejam ações ou omis- bém a presença do sceleris”). Se não houver
sões) verbo “concorrer” do art. unidade de desígnios,
29, do CP. Feito isso, de- ocorrerá “autoria colate-
verá ser verificado se o ral”.
concorrente da infração
é coautor ou participe.
“Certo, Arpini. Mas como ficam as questões dos §§1 e 2º, do CP?”
O §1º trata da participação de menor importância, sendo uma causa de diminuição de pena de 1/6 a 2/3.
É aquela conduta dotada de reduzida influência causal. É, por exemplo, o auxílio (seja moral ou material) dotada
de reduzida influência. Um exemplo para ilustrar é o do indivíduo que, sabendo da intenção homicida de um
terceiro, apenas indica o local para o terceiro adquirir uma arma. Assim, pratica uma conduta que, embora te-
nha relevância causal, pode ser considerada como participação de menor importância.
O §2º trata da concorrência dolosamente distinta e, nesse caso, se algum dos concorrentes quis participar
de crime menos grave, ser-lhe-á plicada a pena deste. Porém, se o resultado era previsível, a pena do crime
menos grave será aumentada de metade.
“duas pessoas combinam praticar um furto e uma delas, sem o conhecimento da outra, leva
consigo uma arma de fogo, que vem a ser utilizada, matando o ofendido. O atirador comete la-
trocínio, e o comparsa, furto qualificado pelo concurso de duas pessoas (ESTEFAM, André, p.326).
Agora que encerramos por completo o estudo do artigo 29 e seus parágrafos, vejamos o que nos diz o
artigo 30 do CP.
ELEMENTARES CIRCUNSTÂNCIAS
Veja esse exemplo: dois sujeitos concorrem para um crime de peculato (art. 312, do CP). Um dos sujeitos é
funcionário público (intraneus) e o outro é um particular (extraneus). Nesse caso, a elementar “funcionário
público” é comunicável ao particular (se ele tiver conhecimento que seu comparsa é funcionário público) e,
dessa forma, ambos os agentes serão acusados pelo crime de peculato (art. 312, do CP).
Veja esse outro exemplo de Fernando Capez:
“A mãe mata o próprio filho, contanto com o auxílio de terceiro: mãe é autora de infanticídio, e as elemen-
tares desse crime comunicam-se ao partícipe, que, assim, responde também por ele. Somente no caso de o
terceiro desconhecer alguma elementar é que responderá por homicídio. A “circunstância” de caráter pes-
soa (estado puerperal) comunica-se ao partícipe, justamente porque não é circunstância, mas elementar.
(CAPEZ, 2013, p.383).
Então, a partir de todo o exposto, vamos nos dar ao luxo de resolvermos algumas questões e evoluirmos
ainda mais em nossa preparação.
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia
Resolução: conforme o artigo 29, caput, do CP, e os requisitos necessários para a configuração do concurso de
pessoas, é necessário que tenhamos a identidade de crimes para todos os envolvidos, como regra.
Gabarito: Letra C.
Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Po-
lícia
B) as circunstâncias de caráter pessoal, como a menor idade, serão comunicadas a todos os integrantes da ati-
vidade delitiva.
C) se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.
E) o coautor que primeiro confessar o delito está isento de pena, independente do delito praticado.
Resolução: a partir da redação do artigo 29, §1º do CP, onde estudamos a participação de menor importância,
sabemos que quando houver a incidência da referida figura, a pena do agente poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3.
Gabarito: Letra C.
E, para fecharmos mais um capítulo de estudo na nossa aula, vejamos mais uma questão acerca do tema:
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Escrivão de Polícia Civil
A) Mévio e Caio, pelo ajuste da prática de furto à residência de Tício, uma vez descoberto o plano, serão puni-
dos, ainda que o crime não chegue a ser tentado.
B) Mévio e Caio, tendo furtado a residência dos pais de Caio, são isentos de pena, aplicando-se a ambos o per-
dão legal que exime de pena os crimes patrimoniais, cometidos sem violência, em detrimento de ascendentes.
C) Mévio, tendo ajustado com Caio apenas a prática de furto à residência de Tício, responderá pelos demais
crimes eventualmente praticados por Caio, ainda que não previsíveis.
D) Caio, empresário, ciente da condição de funcionário público de Mévio, tendo o auxiliado na prática de pecu-
lato-furto, não responderá pelo crime funcional, já que a condição pessoal de funcionário público de Mévio a
ele não se comunica.
E) Mévio, pela participação de menor importância na prática de furto à residência de Tício, poderá ter a pena
diminuída.
Resolução:
a) conforme o artigo 31 do CP, o ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.
b) a escusa absolutória do art. 181 do CP não se comunica a Mévio, razão pela qual, responderá pelo furto.
d) Nesse caso, Caio tem ciência da condição de funcionário público de Mévio, razão pela qual, a condição se
comunicará a Caio e ambos responderão por peculato.
e) conforme o artigo 29, §1º, do CP, quando houver a incidência da participação de menor importância, a pena
do agente poderá ser diminuída de 1/6 a 1/3.
Gabarito: Letra E.
Dessa forma, meu(a) caro(a) estudante, encerramos mais um capítulo na nossa aula sobre teoria geral do
delito.
A partir de agora, adentramos no último capítulo da nossa aula, em que estudaremos concurso de crimes.
Abraço!!
DAS PENAS.
Salve, moçada!
A partir desse momento vamos inaugurar um novo capítulo dentro da nossa primeira aula.
Pois então, agora, quero tratar com você sobre o tema das “PENAS“ inserido no nosso Código Penal.
Inicialmente você precisa ter conhecimento acerca das penas permitidas e das penas proibidas em nosso
ordenamento jurídico. Tais informações nós encontraremos em nossa Constituição Federal, mais precisamente
no artigo 5º, XLVI e XLVII. Para ficar melhor sua memorização, preparei a tabela abaixo.
PENAS PERMITIDAS (ART. 5º, XLVI) PENAS PROIBIDAS (ART. 5º, XLVII)
b) De caráter perpétuo
b) Perda de bens
c) De trabalhos forçados
c) Multa
d) De banimento
d) Prestação social alternativa
e) Cruéis.
e) Suspensão ou interdição de direitos
Sobre as penas proibidas, caríssimo(a), o Brasil aboliu a pena de morte em tempo de paz no Código Penal
Republicando (1890). Conforme o Código Penal Militar, a pena de morte é cumprida por fuzilamento. A nossa
CF proíbe qualquer pena de caráter perpétuo, não só a prisão.
Outra informação que você precisa ter em mente dentro do tema da “PENA” é que ela se divide em pena
privativa de liberdade (que vamos chamar de PPL), as penas restritivas de direito (que chamaremos de PDR) e,
por fim, a pena de multa.
Dentro do gênero “PENA” encontramos as espécies de reclusão, detenção e prisão simples (está cum-
prida em regime aberto ou semiaberto).
O que você precisa saber, também, meu amigo(a), diz respeito ao regime inicial de cumprimento da re-
primenda criminal. Essas informações estão previstas no art. 33 do CP, veja só:
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção,
em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. § 1º - Consi-
dera-se:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito
do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime
mais rigoroso:
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado;
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá,
desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto;
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início,
cumpri-la em regime aberto.
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios
previstos no art. 59 deste Código.
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento
da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado,
com os acréscimos legais.
Agora que você já leu o artigo 33 do CP, é muito importante que você saiba que a pena de reclusão, por
ser mais grave, terá execução prioritária, conforme o artigo 76 do CP:
Com base no teor dos dois artigos que acabamos de estudar juntos, quero que você memorize essa tabela
em formato de resumo que vou lhe mostrar:
c) quantidade de pena (o CPP determina que o magistrado leve em conta o tempo de prisão
provisória cumprida durante o processo – art. 387);
d) circunstâncias judiciais (CP, art. 59).
Para que fique mais fácil a sua memorização, veja essa tabela que preparei para você!
Reclusão Detenção
* É possível, em tese, que o juiz aplique um regime mais severo do que o previsto em lei.
O art. 387, do Código de Processo Penal, determina que eventual tempo de prisão provisória deverá ser
levado em consideração no cálculo do regime inicial. Então imagine a seguinte situação, concurseiro(a): réu
primário condenado a 8 anos e 3 meses de reclusão. Entretanto, durante a tramitação do processo, o acusado
permaneceu preso preventivamente por 6 meses. Dessa modo, conforme o artigo 387 do CPP, o juiz deverá
realizar uma subtração com o valor da pena total e esse 6 meses, ou seja, meu amigo(a), 8a3m – 6m = 7anos 9
meses. Essa deverá ser a pena aplicado para o agente na sentença condenatória. Não se trata de uma detração,
pois está é matéria de competência privativa do juízo da execução penal.
A detração encontra-se previstas no artigo 42, do CP:
Em resumo, moçada, a detração consiste no cômputo na PPL ou na M.S. do tempo de prisão ou inter-
nação provisória. Compreendido?! Vamos adiante!
Para fecharmos nosso tópico sobre o estudo das penas, quero que você dê uma atenção especial para o
limite de cumprimento de pena privativa de liberdade. Digo isso, pois houve alteração dos limites de cumpri-
mento de pena por conta da Lei Anticrime. Você já sabe né? Inovação legislativa é a cara de qualquer banca
examinadora!
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas Art. 75. O tempo de cumprimento das penas
privativas de liberdade não pode ser superior a 30 (trinta) privativas de liberdade não pode ser superior a 40 (qua-
anos. renta) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.964, de
2019)
§ 1º Quando o agente for condenado a penas
privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 § 1º Quando o agente for condenado a penas
(trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (qua-
limite máximo deste artigo. renta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao li-
mite máximo deste artigo. (Redação dada pela Lei
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato poste- nº 13.964, de 2019)
rior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unifi-
cação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena § 2º - Sobrevindo condenação por fato poste-
já cumprido. rior ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unifi-
cação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena
já cumprido.
Desse modo, a limitação de cumprimento da pena privativa de liberdade, se funda na proibição constitu-
cional das penas de caráter perpétuo. Porém, quero que você fique atento ao fato de eu o novo limite só se
aplica para os atos ocorridos a partir de 23/01/2020 (novatio legis in pejus) – data de entrada em vigor da
Lei Anticrime.
Penas alternativas
As penas alternativas, meu amigo(a) é, também, um gênero, que se divide em penas restritivas de direito
(PRD – arts. 43 a 48) e multa (art. 49 a 52). A principal diferença entre ambas as penas alternativas se dá pelo
fato de que, em caso de descumprimento, a PRD pode ser convertida em PPL, já a pena de multa não.
Elas foram inseridas no CP com a reforma de 1984 e em 1998 foram ampliadas.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando:
I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com
violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os
motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
§ 1o (VETADO)
§ 2o Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena
restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma
pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos.
§ 3o Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de conde-
nação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em vir-
tude da prática do mesmo crime.
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumpri-
mento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será de-
duzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
detenção ou reclusão.
§ 5o Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal
decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena
substitutiva anterior.
A substituição, nos crimes culposos, ocorrerá desde que o réu apresente circunstâncias judiciais favo-
ráveis (culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade, motivos e circunstâncias do crime), inde-
pendentemente de qual tenha sido a quantidade de pena aplicada.
Já nos crimes dolosos, o crime não poderá envolver violência ou grave ameaça contra a pessoa e o réu
deverá ter suas circunstâncias judiciais favoráveis, e a pena aplicada não poderá ser superior a 4 anos. Po-
rém, aqui nós encontramos uma exceção, que são as infrações penais de menor potencial ofensivo (estas ad-
mitirão a substituição de PPL por PRD, ainda que cometidas com violência o grave ameaça contra pessoa, p.ex.
art. 129, caput, do CP e art. 147 – fundamento para isso é o princípio da especialidade).
Fique atento, meu amigo(a), ao fato de que, nos crimes envolvendo violência doméstica e familiar contra
a mulher, conforme a súmula 588 do STJ, é vedada a substituição de PPL por PRD.
Havendo concurso de crimes, o parâmetro para substituição é o total da pena aplicada na sentença.
É importante que você saiba que o juiz, considerando a medida socialmente adequada, em casos de cri-
mes dolosos, poderá substituir a PPL por PRD, desde que o réu não seja reincidente específico (reincidente no
mesmo crime, p.ex. furto + furto). Isso quem nos diz é o art. 44, §3º, do CP.
Tratando-se de PPL inferior a um ano, o juiz poderá substituí-la por 1 PRD ou 1 multa. Porém, caso a PPL
aplicada na sentença seja maior que 1 ano, o juiz poderá substituí-la por 2 PRDs ou 1 PRD e 1 Multa.
O STF recentemente decidiu que as condenações a penas restritivas de direitos geram a suspensão dos
direitos políticos, conforme o art. 15, III, da CF.
I - prestação pecuniária;
II - perda de bens e valores;
III - limitação de fim de semana.
IV - prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas;
V - interdição temporária de direitos;
VI - limitação de fim de semana.
Prestação pecuniária: art. 45, §1º - consiste no pagamento de quantia em dinheiro, à vítima, ou
seu representante legal ou dependentes ou a entidade (pública ou privada com destinação so-
cial). Valor: de 1 a 360 salários mínimos. (Parâmetro de fixação: prejuízo da vítima). Obs.: o art.
45, §2º, diz que essa prestação pode ser cumprida através de outra natureza, que não pecuniária,
desde que haja concordância do beneficiário (é a chamada “prestação inominada”);
Perda de bens e valores: art. 45, §3º - decretação do perdimento de bens ou valores pertencentes
ao sentenciado. Origem dos bens ou valores perdidos decorrerá do patrimônio lícito do conde-
nado, tendo como destinatário o FUNPEN (fundo penitenciário nacional).
Limitação de final de semana: art. 48. Consiste na obrigação ao sentenciado de permanecer aos
finais de semana, por cinco horas a cada dia, na casa do albergado.
E, para encerramos o nosso tópico sobre penas alternativas, é necessário analisarmos o instituto da pena
de multa.
Vamos adiante!
Multa
I – A multa prevista no tipo penal, juntamente com a sanção criminal, p.ex. a pena do crime de furto –
reclusão, de 1 a 4 anos e multa.
Dada essas informações, o sistema de aplicação da multa encontra-se previsto no artigo 49 do CP. Veja
só:
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença
e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta)
dias-multa.
§ 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário
mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário.
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária.
Desse modo, o número de dias-multa será fixado entre 10 e 360, levando-se em conta para a fixação, as
circunstâncias judiciais do condenado (art. 59, do CP)13. Logo em seguida, o juiz deverá fixar o valor do dia multa
em um patamar entre 1/30 até 5(x3) o salário mínimo ao tempo do fato, mediante análise da situação econô-
mica do réu.
A execução da pena de multa se dará em 2 etapas, conforme os artigos 50 e 51 do CP:
Art. 50 - A multa deve ser paga dentro de 10 (dez) dias depois de transitada em julgado a sentença. A
requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir que o pagamento se re-
alize em parcelas mensais.
§ 1º - A cobrança da multa pode efetuar-se mediante desconto no vencimento ou salário do condenado
quando:
a) aplicada isoladamente;
b) aplicada cumulativamente com pena restritiva de direitos;
c) concedida a suspensão condicional da pena.
§ 2º - O desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua
família.
Conversão da Multa e revogação
Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da exe-
cução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda
Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.
13
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos moti-
vos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
Se a multa não for paga, será movida execução, baseada nas normas (procedimentais) da dívida ativa da
Fazenda Pública (CTN e LEF), inclusive no tocante às causas suspensivas e interruptivas da prescrição. Desse
modo, concurseiro(a), a multa será cobrada na mesma sistemática dos tributos.
A legitimidade para a execução da penal de multa é exclusiva do MP, no juízo da execução penal (art. 51).
Por fim, havendo morte do executado, ocorrerá a extinção da punibilidade, conforme o artigo 107, I, do
CP cumulado com o art. 5º, LXV da CF.
Aguardo você!
CONCURSO DE CRIMES.
Alô, meu amigo(a)!
Seja bem-vindo a mais um capítulo da nossa aula sobre teoria geral do delito.
Nesse capítulo estudaremos as figuras do concurso de crimes e, para tanto, já vamos nos debruçar sobre
o texto legal.
Veja só:
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade,
não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 44
deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente
as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumen-
tada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente,
se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos
crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único
do art. 70 e do art. 75 deste Código.
Agora que já realizamos nossa clássica e importantíssima leitra do texto seco da lei, iniciaremos o estudo
do concurso de crimes pelo concurso material, do art. 69 do CP.
No concurso material o agente criminoso, mediante mais de uma ação ou omissão (conduta), pratica
dois ou mais crimes, idênticos (homogêneos) ou não (heterogêneos). Então, desse modo, havendo a ocorrência
do concurso material, o sistema de aplicação da pena será o do cúmulo material, ou seja, o juiz deverá somar
a pena dos crimes praticados em concurso pelo criminoso.
Por crimes idênticos, meu amigo(a), quero que você grave que as infrações penais praticadas devem estar
no memso tipo penal, p.ex. furto simples e um furto qualificado. Ambos estão no art. 155, o simples na figura
do caput, e o qualificado na figura do §4º.
Vamos exeplificar: Imagine a situação em que Austin mata o seu desafeto Caracas e, logo em seguida à
morte do ofendido, no mesmo contexto fático, Austin, para garantir sua impunidade, oculta o cadáver da
vítima. Desse modo, há o concurso material entre homicídio (art. 121 do CP) e a ocultação de cadáver (art. 211
do CP).
Já na redação do artigo 70 do Código Penal, estamos diante do concurso formal, em que o agente,
mediante um ÚNICA conduta, pratica dois ou mais crimes idênticos (concurso formal homogêneo) ou não
(concurso formal heterogêne0). Dentro do conceito de concurso formal, há uma subdivisão:
Para que você possa melhor visualizar essa parte do conteúdo que, eu sei, meu amigo(a), não é tão
simples, trago-lhes um exemplo do professor André Estefam:
E, para caminharmos para o final do estudo da figura do crime formal, trago um relato do Professor
Rogério Greco14:
“Situação diversa é aquela contida na parte final do caput do art. 70 do Código Penal, em que a
lei penal fez prever a possibilidade de o agente atuar com desígnios autônomos, querendo,
dolosamente, a produção de ambos os resultados. Tomamos conhecimento, por intermédio da
impresa, das atrocidades praticadas contra os judeus durante o período nazista. Até que
encontrassem um meio rápido, efixaz e barato para exterminar o povo judeu, os nazistas,
comandados por Hitler, resolveram, em determinado momento, enfileirar os judeus a fim de que,
com um só disparo de fuzil, vários deles fossem mortos, economizando-se, com isso, tempo e
munição. Quando o disparo era efetuado, a finalidade era causar morte daquelas duas ou três
pessoas pessoas que ali se encontravam. Os designios, portanto, eram autonomos com relação a
cada uma delas, uma vez que o agente pretendia, com um único disparo, ou seja, com uma única
conduta, causar a morte de A, B e C. Desígnio autonomo quer dizer, portanto, que a conduta,
14
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. – 9. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2007.
Vamos em frente!
Para fecharmos por completo nosso estudo em mais uma aula aqui na plataforma do DIREÇÃO
CONCURSOS, vejamos o crime continuado.
O crime continuado decorre de mais de uma ação ou omissão (conduta) que resultam em dois ou mais
crimes, da mesma espécie (aqueles previstos no mesmo tipo penal) em condições de tempo
(aproximadamente 30 dias), lugar (no mesmo foro ou foros próximos), maneira de execução (verificar o “modus
operandi”) e outras semelhantes. Também, os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do
primeiro.
O crime continuado se divide em duas espécies:
1. Comum/simples: art. 71, caput, basta o preenchimento dos requisitos que vimos acima e, uma vez
verificados, o aumento de pena é de 1/6 a 2/3. Nesse caso, meu amigo(a), imagine a situação da
empregada doméstica que resolve furtar o faqueiro de prata (composto por 30 peças) do seu patrão.
Para tanto, com o fim de não levantar suspeitas, a empregada furta um talher por dia. Desse modo,
você consegue visualizar que estamos diante de 30 furtos? Porém, esses trinta furtos, levando-se em
conta o modus operandi da empregada, as condições de tempo (30 dias) e lugar, serão punidos como
1 (UM) GRANDE CRIME DE FURTO.
2. Específico/qualificado: art. 71, p.ú, do CP – São requisitos adicionais ao do caput, com caráter
cumulativo, sendo todos os crimes dolosos, praticados contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça contra a pessoa. A pena, nesse caso, pode ser aumentada até o triplo
(sempre com o cuidado do cúmulo material benéfico). A título de exemplo dessa modalidade de crime
continuado, imagine a situação do indivíduo que, por vingança, resolve exterminar com todos os
homens que compõe uma família rival à sua. Nesse caso, estaremos diante de uma continuidade
delitiva em crime de homicídio.
Desse modo, o Código Penal adotou para o crime continuado, a teoria da ficção jurídica.
Vamos lá!
Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Escrivão de Polícia
O agente, movido pelo desejo de vingança, decidiu amarrar quatro pessoas no interior de um automóvel, para
depois atear fogo no veículo, o que resultou na morte de todas as vítimas.
A hipótese narrada é denominada
E) crime continuado.
Resolução: para a resolução da questão que nos é proposta, basta lembrarmos do triste exemplo que narrei a
vocês anteriormente, de autoria do professor Rogério Greco, sobre a morte dos judeus enfileirados. Dessa
forma, estamos aqui, diante de um concurso formal impróprio, que resulta de desígnios autônomos.
Gabarito: Letra D.
Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe
A previsão legal do Código Penal acerca do concurso formal de crimes dispõe que: “Quando o agente, ______ ,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, so-
mente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entre-
tanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é ________ e os crimes concorrentes resultam de desígnios au-
tônomos”.
Resolução: o enunciado da questão traz a letra seca do artigo 70 do Código Penal, que trata do concurso formal,
razão pela qual as lacunas se completam com as expressões “mediante uma só ação ou omissão” e “dolosa”.
Gabarito: Letra E.
A suspensão condicional da pena ou “sursi” foi um dos primeiros institutos concebidos pela doutrina
como alternativa a penas de prisão de curta duração. O CP adotou, na disciplina do “sursi”, o sistema belgo-
francês.
É de suma importância que você tenha em mente os artigos do Código Penal referente ao instituto.
Veja só:
Para que o nosso estudo fique mais fácil, meu amigo(a), farei um sistema de numerações e sus subdivi-
sões para que você entenda melhor o instituto da suspensão condicional da pena.
a) Belgo-francês: o réu é formalmente condenado, aplicando-se uma pena de prisão, mas o juiz, na
sentença condenatória, suspende seu cumprimento mediante a observância de condições;
b) Anglo-americano: ao final da instrução, o juiz constata que há provas para condenar o réu, porém,
deixa de condenar, sujeitando o acusado ao cumprimento de condições.
2. Contextualização do “sursis” na aplicação da pena: a tarefa de aplicação da pena possui várias eta-
pas, assim divididas:
1ª) Pré-dosimetria: é o momento na aplicação da pena em que o juiz fixa o mínimo e o máximo (isto é,
determina qual o preceito secundário aplicável).
2ª) Dosimetria: trata-se da fase da aplicação concreta da pena (sistema trifásico).
3ª) Pós-dosimetria: consiste nas tarefas que devem ser realizadas logo após a obtenção da pena con-
creta: a) fixar o regime inicial; b) verificar o cabimento de pena alternativa (art. 44 do CP); c) verificar o
cabimento do “sursis”; d) aplicação da multa.
4. Leis especiais:
A) Lei de Contravenções Penais, art. 11: desde que reunidas as condições legais, o juiz pode suspen-
der por tempo não inferior a um nem superior a três a execução de pena de prisão simples, bem
como conceder o livramento condicional. Qual a diferença do “sursis” no CP e na LCP? A distinção
está no período de prova: na LCP, o período de prova dura de 1 a 3 anos, enquanto que no CP, dura
2 a 4 anos.
B) Crime ambiental: art. 16 – a suspensão pode ser aplicada nos casos de condenação a pena privativa
de liberdade não superior a três anos.
C) Tráfico de drogas: art. 44. Os crimes previstos na lei de drogas são insuscetíveis de “sursis”.
1ª) Direito subjetivo público do réu X 2ª) Medida despenalizadora. O “sursis” é, sem dúvida um direito
subjetivo público do réu, isto é, estando presentes os requisitos o juiz é obrigado a conceder o benefício.
Ocorre que isso não é a natureza jurídica, mas uma característica do instituto.
6. Espécies de “sursis”
a) Simples (regra)
b) Especial (versão mais branda)
c) Etário e humanitário (versões cabíveis para um número maior de crimes).
6.1.1. Requisitos:
a) Objetivos: pena não superior a 2 anos; não cabimento de PRD.
b) Subjetivos: serem as circunstâncias judiciais favoráveis; não reincidência em crime doloso
(salvo se a primeira condenação foi a pena de multa).
6.1.2. Condições:
a) Legais (diretas): PSC ou limitação a final de semana no primeiro ano. Indiretas: causas de re-
vogação – art. 81, caput, e §1º.
b) Judiciais: estas são as impostas pelo magistrado e devem ser compatíveis com a natureza do
crime e com as aptidões pessoais do réu (além disso, devem respeitar a dignidade humana e os
direitos fundamentais não atingidos pela condenação). O “sursis” vigora durante um prazo de-
nominado “período de prova” que durará de 2 a 4 anos. Este se inicia após o trânsito em julgado
e a realização da audiência admonitória. O sentenciado deverá ser pessoalmente intimado a
comparecer à audiência admonitória. Caso não seja localizado, intima-se por edital. O que
ocorre quando o sentenciado, após intimado, não comparece à audiência admonitória? O “sur-
sis” é declarado sem efeito, ou seja, fica prejudicado e, como consequência, expede-se man-
dado de prisão.
6.3. Etário e humanitário (art. 77, §2º, do CP): são cabíveis para condenações de até 4 anos de PPL. O
período de prova irá de 4 a 6 anos.
Sursi etário: é aplicado para réus maiores de 70 anos ao tempo da sentença.
Sursi humanitário: é o aplicado para réus com precária condição de saúde.
6.4. Causas de revogação: uma vez decretada pelo juiz da execução penal a revogação do “sursi”, o
sentenciado deverá recolher-se à prisão, para cumprir integralmente a PPL imposta na sentença e,
além disso, perde o período de prova para efeito de contagem no quinquênio depurador. A revoga-
ção do benefício, ainda, assinalará o início da contagem do prazo da PPE (prescrição da pretensão
executória).
6.4.2. Revogação facultativa (art. 81, §1º, do CP): nesses casos, o juiz não é obrigado a revogar, mas
deve tomar uma atitude. Se não revogar, deverá advertir o sentenciado, exacerbar as condições
ou prorrogar o período de prova até o máximo.
a) Superveniência de condenação transitada em julgado por crime culposo ou contravenção penal
a PPL ou PRD.
b) Descumprimento das demais condições.
7. Prorrogação do sursi (art. 81, §2º): se o sentenciado for processado, durante o período de prova, por
novo crime ou contravenção, o “sursi” será prorrogado até a conclusão do novo processo. Na vigência
da prorrogação, não vigoram as condições.
8. Extinção da pena: concluído o período de prova, o juiz declarará extinto o sursi como se a pena tivesse
sido cumprida. (art. 82, do CP). Se terminar o período de prova, mas antes de o juiz declarar extinta a
pena, vier aos autos a informação de que o sentenciado responde a um novo processo, prevalece a
extinção ou a prorrogação? No STJ, prevalece a tese de que a prorrogação é automática.
9. Recusa. Pode o sentenciado recusar o “sursis”? Não se admite a recusa ao “sursi”, pois não cabe ao réu
ou sentenciado escolher como cumprirá a sanção penal. Ocorre, porém, que se o sentenciado, após o
trânsito em julgado, não comparecer à audiência admonitória, o benefício será declarado sem efeito
e, como consequência, a pena imposta na condenação será executada. Obs.: nesses casos, o juiz da
execução deve fixar como condição especial do regime aberto, a PSC.
Assim, meu amigo(a), encerramos o estudo de mais um tópico em nossa aula!
Até lá!
LIVRAMENTO CONDICIONAL.
Com o instituto do livramento condicional não será diferente, meu amigo(a)!
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado a pena privativa de liber-
dade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde que:
I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for reincidente em crime doloso e
tiver bons antecedentes;
II - cumprida mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso;
III - comprovado: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
a) bom comportamento durante a execução da pena; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; (Incluído pela Lei nº
13.964, de 2019)
c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
IV - tenha reparado, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infra-
ção;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo, prática
de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado
não for reincidente específico em crimes dessa natureza.
Parágrafo único - Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça
à pessoa, a concessão do livramento ficará também subordinada à constatação de condições pesso-
ais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir.
Soma de penas
Art. 84 - As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito do livra-
mento.
Especificações das condições
Art. 85 - A sentença especificará as condições a que fica subordinado o livramento.
Revogação do livramento
Art. 86 - Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado a pena privativa de liber-
dade, em sentença irrecorrível:
I - por crime cometido durante a vigência do benefício;
II - por crime anterior, observado o disposto no art. 84 deste Código.
Revogação facultativa
Art. 87 - O juiz poderá, também, revogar o livramento, se o liberado deixar de cumprir qualquer
das obrigações constantes da sentença, ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contraven-
ção, a pena que não seja privativa de liberdade.
Efeitos da revogação
Art. 88 - Revogado o livramento, não poderá ser novamente concedido, e, salvo quando a revo-
gação resulta de condenação por outro crime anterior àquele benefício, não se desconta na pena o
tempo em que esteve solto o condenado.
Extinção
Art. 89 - O juiz não poderá declarar extinta a pena, enquanto não passar em julgado a sentença
em processo a que responde o liberado, por crime cometido na vigência do livramento.
Art. 90 - Se até o seu término o livramento não é revogado, considera-se extinta a pena privativa
de liberdade.
Agora que acabamos de fazer a leitura dos artigos, você deve ter em mente o conceito de livramento
condicional, que nada mais é do que a antecipação da liberdade do preso definitivo Trata-se de medida des-
penalizadora, de competência do juízo da execução penal.
Assim como fizemos anteriormente, vou segui nosso método numeral para que você conseguir visualizar
mais fácil a matéria e saiba onde ela se encaixa dentro do estudo.
“Sursis” Livramento
3.1. Objetivos
a) Condenação a PPL = ou maior de 2 anos. O art. 84 do CP autoriza que as penas impostas
em diferentes condenações, por delitos diversos, sejam somadas para efeito de concessão
do LC.
b) Reparação dos danos, salvo impossibilidade de fazê-lo.
c) Cumprimento parcial da PPL (período aquisitivo): (I) + de 1/3 = não reincidente em crime
doloso; (II) + de ½ = reincidente em crime doloso. A fração de pena para o sentenciado
primário de maus antecedentes é a de + de 1/3. Os crimes hediondos é 2/3.
3.2. Subjetivos:
4. Condições.
4.1. Condições legais.
a) Diretas: condições legais diretas do LC estão previstas no art. 132 da LEP. O §1º enumera
as condições legais obrigatórios. O §2º lista as condições legais facultativas.
4.2. Judiciais: o juiz pode fixar outras, desde que adequadas ao caso.
4.3. Período de prova: dura o restante de cumprimento de pena. Termo inicial: cerimônia de con-
cessão (art. 137 da LEP).
5. Causas de revogação.
5.1. Obrigatória – art. 86.
Ocorre quando sobrevier condenação transitada em julgado, por crime, a pena privativa de
liberdade.
5.3. Prorrogação: art. 89 – ocorrerá quando o sentenciado for processado, durante o LC, por fato
praticado no curso do período de prova.
5.4. Conhecimento tardio: se o juiz tomar conhecimento do novo processo, por fato cometido du-
rante o período de prova, somente após o termino desse prazo, o que fazer? 617, STJ – a ausên-
cia de suspensão ou revogação do livramento condiciona antes do término do período de prova
enseja a extinção da punibilidade pelo integral cumprimento da pena.
6. Suspensão cautelar do LC. Art. 145 – praticada pelo liberado outra infração penal, o juiz poderá orde-
nar a sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o MP, suspendendo o curso do livramento.
7. Extinção da pena: se o período de prova for concluído sem revogação, suspensão ou prorrogação, res-
tará extinta a punibilidade.
EFEITOS DA CONDENAÇÃO.
Para inaugurarmos o capítulo referente aos efeitos da condenação, é necessário que façamos uma lei-
tura atenta dos artigos 91 e 92 do CP.
Veja só:
filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº
13.715, de 2018)
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso.
Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, devendo ser motivadamente
declarados na sentença.
Lesado: sujeito que sofreu prejuízo econômico com a infiltração penal. É sinônimo de vítima? Não ne-
cessariamente.
Terceiro de boa-fé: sujeito que detém o bem de boa-fé, ou seja, desconhecendo sua origem ilícita.
Pontos de atenção: art. 25, §5º - apreensão de objetos em crimes ambientais (p.ex. motosserra) os ob-
jetos poder ser lícitos ou ilícitos; Art. 25 do Estatuto do Desarmamento – entrega ao comando do exército para
destruição; Arts. 62 e 63, I, Lei drogas – pouco importa se os bens são lícitos ou ilícitos (perda em favor do fundo
de repreensão de drogas).
b) produto (ganho direto) ou proveito (lucro indireto) do crime – essa atinge bens ilícitos.
1. Efeitos extrapenais específicos: (art. 91-A e 92): aqueles aplicáveis somente a determinados crimes e
que dependem de declaração expressa na sentença + pedido expresso do ator na inicial (denúncia ou
queixa). Não esquecer: deve ter o pedido expresso.
1.1. Perda e confisco alargado (art. 91-A, e §§1º a 4º): trata-se de um efeito extrapenal específico
da condenação, que visa à perda de bens ou valores acrescidos ao patrimônio do agente por
meio do exercício da atividade criminosa. É uma forma de impedir o enriquecimento crimi-
noso. A ideia é que o acréscimo patrimonial experimentado pelo condenado, quando não com-
provada sua origem lícita, presume-se decorrente da atividade delituosa desempenhada. É
uma presunção relativa.
1.2. Âmbito de incidência: só se aplica a condenações a pena de reclusão cujo crime tenha pena
máxima superior a 6 anos. P.ex. crime de peculato – art. 312, caput – reclusão, de 2 a 12 anos.
1.3. Bens atingidos pelo confisco alargado: todos os bens ou valores que correspondam à dife-
rença entre o rendimento lícito do agente e o patrimônio efetivo. O que se entende por pa-
trimônio do condenado? Todos os bens: a) de sua titularidade, ou em relação aos quais ele
tenha o domínio e o benefício direto ou indireto, na data da infração penal ou recebidos poste-
riormente; e b) transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação irrisória,
a parir do início da atividade criminal.
2.2. Inabilitação para conduzir veículos automotores (art. 92, III, do CP):
a) âmbito de incidência: crime doloso, no qual o veículo automotor tenha servido como ins-
trumento;
b) efeito: o sentenciado não poderá conduzir veículos automotores, enquanto não obtiver re-
abilitação criminal.
Desse modo, meu amigo(a), encerramos por completo o estudo do nosso conteúdo sobre os efeitos
da condenação!
Já sabe né?! Estou aguardando você no próximo tópico.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE.
Adentrando ao nosso último conteúdo de direito penal em nossa primeira aula, quero tratar com você
sobre a extinção da punibilidade e, para isso, vamos direto para o artigo 107 do nosso Código Penal:
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;
VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
Agora que realizamos uma leitura atenta do dispositivo, quero que você saiba que o artigo 107 do CP é
um rol não exaustivo, ou seja, ele não esgota todas as causas extintivas da punibilidade previstas no ordena-
mento jurídico.
A extinção da punibilidade opera efeitos distintos a depender do momento em que fora decretada, veja
só:
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
Afasta todo e qualquer efeito da condenação Só afasta o efeito penal principal (todos os demais
permanecem). Exceção: no caso de “abolítio crimi-
nis” e anistia (após o trânsito em julgado), afastam-
se todos os efeitos penais da condenação (principal
e secundários)
II – causas especiais ou específicas: são aplicáveis somente aos casos determinados expressamente em
lei (p.ex. o perdão judicial).
Perdão constitucional: é o termo que designa as causas extintivas da punibilidade (anistia, graça
e indulto), previstas na CF, em que o Estado abre mão do direito de punir, por razões de política
criminal, praticando atos de clemência ou indulgência. A CF, no art. 5º, XLIII, impõe uma limi-
tação ao perdão constitucional. Eles não podem ser concedidos em relação a crimes hediondos
e equiparados. O STF, na ADIN 5.784, por 7 a 4, o Plenário do STF reconheceu, em 09/05/2019,
o direito de o Chefe do Poder Executivo Federal, dentro das hipóteses legais, editar decreto con-
cedendo o indulto, independentemente o mérito do decreto (desde que não viole o art. 5º, XLIII).
Cabe anistia, graça e indulto para o tráfico “privilegiado”? O STF já reconheceu que este delito
não tem natureza hedionda ou equiparada; logo, admite-se.
Abolitio criminis: cuida-se da nova lei penal que descriminaliza condutas. Para que ocorra descri-
minalização, é necessário que o tipo penal seja revogado e que o comportamento nele previsto
não se enquadre em outro tipo penal. A abolitio criminis gera dois efeitos. Com relação aos fatos
anteriores à nova lei, ocorre a extinção da punibilidade, mas, com relação aos fatos novos, ocorre
sua atipicidade.
Renúncia e decadência: são causas extintivas aplicáveis aos crimes de ação privada e pública
condicionada à representação. Somente incidem antes de iniciada a ação penal. Renúncia: ato
unilateral (não precisa colher a concordância de ninguém); admite forma expressa ou tácita (ato
incompatível com a vontade de processar o agente); ato comunicável (a renúncia em favor de um
agente se estende a todos). Decadência: prazo de 6 meses contados do conhecimento da autoria
delitiva; prazo fatal e peremptório: não se suspende nem se interrompe.
Perempção e perdão aceito: são causas extintivas da punibilidade exclusivas dos crimes de ação
penal privada. Somente incidem durante a ação penal. Perempção: art. 60, CPP (querelante, in-
timado, deixa de dar prosseguimento em 30 dias; querelante não pode condenação nas alegações
finais). Perdão aceito: ato bilateral; o perdão oferecido em favor de um dos querelados se es-
tende a todos, mas só extingue a punibilidade daqueles que aceitarem.
Retratação, nos casos previstos em lei: trata-se de uma causa extintiva da punibilidade especí-
fica, pois só é cabível quando houver expressa previsão em lei. O legislador reconhece que, em
alguns delitos, a retratação funciona como uma forma de reparar (ou minimizar) a lesão ao bem
jurídico. É o caso de calúnia e difamação, p.ex. art. 143 do CP – esse dispositivo prevê a retratação
(cabal) como causa extintiva da punibilidade.
Perdão judicial, nos casos previstos em lei: também se trata de causa específica de extinção da
punibilidade. Conceito: trata-se da causa extintiva da punibilidade em que o Estado – Juiz abdica
do direito de punir por razões de política crimina. Qual a natureza jurídica da decisão concessiva
do perdão judicial? 18, STJ – trata-se de decisão declaratória da extinção da punibilidade. Logo,
não produz nenhum dos efeitos da condenação.
Certo, meu amigo(a), dessa forma encerramos nosso estudo sobre toda a parte geral do Código Penal
cobrada em seu concurso.
Saiba que eu fico amplamente ao seu dispor nas redes sociais. Venha manter contato para que possamos
estreitar nosso estudo e alçarmos voos cada vez maiores!
Um forte abraço!
Até próxima!
A) Princípio da legalidade.
C) Princípio da proporcionalidade
D) Princípio da igualdade.
E) Princípio da austeridade.
Resolução:
a) Conforme nosso estudo inicial sobre os princípios do direito penal, o art. 1º do Código Penal, reproduzindo
o art. 5º, XXXIX, da Constituição federal, elenca o princípio da legalidade.
b) O princípio da proibição da pena indigna diz respeito ao fato de que a ninguém poderá ser imposta uma pena
ofensiva à dignidade humana, como, por exemplo, a imposição de trabalhos forçados ou, até mesmo a escra-
vidão.
c) O princípio da proporcionalidade não corresponde somente a um princípio do direito penal, pois é utilizado
em todos os ramos do direito, como critério norteador para aplicação de medidas adequadas a determinados
casos concretos. Também, não há previsão legal expressa do princípio da proporcionalidade no ordenamento
jurídico.
d) Não corresponde ao significado do enunciado da questão, pois, o princípio da igualdade (ou isonomia) está
disposto no art. 5º, I, da Constituição Federal, que garante aos homens e mulheres igualdade em direitos e
obrigações na ordem jurídica.
Gabarito: Letra A.
2) Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário
E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
Resolução:
a) O princípio da legalidade não está expressamente previsto no código de processo penal. Ao contrário, está
expressamente previsto no Código Penal.
b) O princípio do in dubio pro reo é próprio do direito processual penal, ocasião em que, milita a favor do réu o
benefício da dúvida quando não houver prova suficiente para embasar sua condenação. Dessa forma, deverá o
juiz aplicar o princípio do in dubio pro reo (ou favor rei – na dúvida, a favor do réu).
c) Sim, pois o artigo 1º do CP e o art. 5º, XXXIX, da CF, dispõem: “não há crime sem lei anterior (reserva legal)
que o defina e que não há pena sem prévia cominação legal (anterioridade)”.
Gabarito: Letra C.
3) Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Área Judiciária
Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-
leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da
A) legalidade.
B) proporcionalidade.
C) individualização.
D) pessoalidade.
E) dignidade humana.
b) – Não há previsão legal expressa a respeito do princípio da proporcionalidade no ordenamento jurídico bra-
sileiro.
Gabarito: Letra B.
4) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-
tes.
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos
penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme o enunciado da questão, devemos recordar que uma das subdivisões do princípio da legalidade é a
reserva legal, que diz ser obrigatória a criação de tipos penais através de lei em sentido estrito (seja ela com-
plementar ou ordinária).
Gabarito: CERTO.
5) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-
gue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-
var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação
da medida pelo Congresso Nacional.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
A edição de MP em matéria penal, como regra geral é vedada, inclusive para criação de crimes e agravamento
dos já existentes. Entretanto, é possível MP benéfica, conforme já ocorreu no Brasil, através do art. 32 da Lei
10.826/03 – Estatuto do Desarmamento.
Gabarito: ERRADO.
6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigên-
cia é chamada de
B) princípio da legalidade.
C) princípio da irretroatividade.
D) princípio da normalidade.
E) princípio da adequação.
Resolução:
a) - A ultra-atividade é um efeito decorrente das leis penais excepcionais e temporárias, fazendo que os efeitos
delas retroajam a data em que se encontravam em vigor.
d) – Tentativa da banca de induzi-lo ao erro, pois o princípio da normalidade é próprio da sociologia e não do
Direito Penal.
e) – O princípio da adequação está inserido dentro dos limites materiais do direito penal, tornando atípico um
fato considerado socialmente adequado.
Gabarito: Letra C.
7) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP)
- Analista Judiciário - Área Judiciária
A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não
configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura
dos consumidores desses produtos.
B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de
resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-
nais aos seus agentes.
C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código
Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.
E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a
existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.
Resolução:
a) – Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de considerar
socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é considerada
criminosa.
b) – Está de acordo com os vetores elencados pelo STF e que foram objeto de estudo anteriormente na nossa
primeira aula. Lembre-se do mnemônico que ensineis a vocês: “PROL”.
c) – Simulacro (arma de brinquedo) ou arma de fogo desmuniciada, não são aptos a gerar o aumento do em-
prego de arma previsto para o delito de roubo.
d) – Muito pelo contrário, pois caso a vítima seja menor de 14 anos ou maior de 60 na data do fato, e o agente
tenha conhecimento desse dado objetivo, tal hipótese é uma majorante, responsável por aumentar a pena do
criminoso de 1/3 até metade.
e) – Nos crimes contra a honra (art. 138, 139 e 140, todos do CP), é necessário o elemento específico de cada
um dos crimes, animus caluniandi (art.138), animus difamandi (art. 139) e animus injuriandi (art. 140).
Gabarito: Letra B.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o
prejuízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme a súmula 589 do STJ, é vedada a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a adm.
pública.
Gabarito: ERRADO.
9) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.
B) Para beneficiar o réu, a lei penal poderá ser aplicada retroativamente.
C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.
D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.
E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.
Resolução:
a) – Conforme exaustivamente estudado por nós, o princípio da legalidade, pela via da reserva legal, exige lei
em sentido formal (seja complementar ou ordinária) para a criação de crimes e penas.
e) – Conforme o princípio da personalidade da pena (art. 5º, XLV, CF) nenhuma pena poderá passar da figura
do condenado.
Gabarito: Letra B.
10) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
No que concerne aos princípios, direitos e garantias fundamentais,
estabelecidos na Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens
a seguir.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Gabarito: ERRADO.
11) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é
B) típico e lei posterior provoca a migração do conteúdo criminoso para outro tipo penal.
Resolução:
a) - Estamos diante da situação de abolitio criminis (quando nova lei penal deixa de considerar fato que anteri-
ormente era criminoso).
b) – Nesse caso estamos diante do princípio da continuidade normativo típica. uma novatio legis in pejus (nova
lei penal gravosa).
c) – Nesse caso estamos diante de uma novatio legis in pejus (nova lei penal gravosa).
d) – Também estamos diante de uma novatio legis in pejus (nova lei penal gravosa).
e) – Aqui estamos diante de uma novatio legis incriminadora (nova lei incriminadora).
Gabarito: Letra A.
12) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário
Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha
entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-
tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova
A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-
ormente à vigência da nova lei.
B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-
cípio da retroatividade.
C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se
situação em que o acusado será beneficiado.
D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.
E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em
curso quando a nova lei passou a vigorar.
Resolução:
a) – Por se trata de lei pena benéfica (novatio legis in mellius) ela retroagirá, beneficiando o estelionatário.
b) – A lei penal obedece ao princípio da irretroatividade e, também, há de ser feito uma análise acerca do seu
conteúdo material.
c) – Pois, a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize situação benéfica ao acusado.
d) – A lei penal benéfica poderá ser aplicada mesmo após o trânsito em julgado, ocasião em que o juiz da exe-
cução penal será o encarregado da aplicação da nova lei penal benéfica (611, STF).
Gabarito: Letra C.
13) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a
Classe
O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,
em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou
em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado
crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta
no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.
A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica
a fatos anteriores.
C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse
antes de 01 de fevereiro de 2015
D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da
condenação.
E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-
tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.
Resolução:
a) – Entrado em vigor uma lei penal que deixei de considerar o aborto um crime, estaremos diante de uma
abolitio criminis, aplicando-se ao condenado pelo fato, fazendo cessar em virtude da lei, a execução e os efeitos
penais da sentença (art. 2º, do CP).
b) – A nova lei penal se aplica imediatamente, independentemente de qualquer previsão expressa acerca de
sua retroatividade.
c) – A figura da abolitio criminis alcança todos os fatos praticados anterior a sua entrada em vigor. Não há hipó-
tese de limitação de sua aplicação.
d) – A abolitio criminis se aplica mesmo após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
e) – Conforme redação do art. 2º do CP, todos os efeitos penais da sentença condenatória cessam.
Gabarito: Letra A.
14) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,
prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.
A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.
B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,
em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da
nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.
D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-
vidade da lei penal.
E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do
princípio da irretroatividade da lei penal.
Resolução:
a) – Por força da súmula 711 do STF, será aplicada a lei penal mais gravosa, pois o crime que a banca trouxe é
um crime permanente (que a consumação se prolonga no tempo).
b) – Não há que se falar em aplicação da lei anterior, pois, conforme vimos, trata-se de crime permanente, que
permite a aplicação da lei penal mais gravosa que sobrevenha durante o período da permanência.
c) – É o exato conteúdo da súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência
d) – Nesse caso não estamos diante de uma lei excepcional ou temporária, e sim de uma lei que irá vigorar por
tempo indeterminado no ordenamento jurídico.
e) – Não há que se falar em irretroatividade da lei penal, pois é o caso de aplicação de lei penal mais gravosa por
conta da permanência do crime de extorsão mediante sequestro.
Gabarito: Letra C.
15) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de
duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,
ainda que seja mais gravosa.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme a súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Gabarito: Certo.
16) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária
Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte
Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa
quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-
vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-
noel.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Conforme a súmula 711 do STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente,
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Gabarito: CERTO.
17) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
O enunciado da questão nos traz as hipóteses envolvendo a ultra atividade da lei penal excepcional ou tempo-
rária, conforme o artigo 3º do CP - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.
Gabarito: CERTO.
18) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-
ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O
referido artigo prevê o fenômeno da:
A) coculpabilidade.
B) tipicidade conglobante.
C) retroatividade da lei.
D) abolitio criminis.
E) ultra-atividade da lei.
Resolução:
a) – O fenômeno da coculpabilidade diz respeito a uma teoria de aplicação da pena de autoria de Zaffaroni (que
será objeto de estudo em nossas aulas de Processo Penal).
b) – A tipicidade conglobante, também de Zaffaroni, diz respeito ao conceito de tipicidade no conceito analítico
de crime. Não se assuste, meu amigo(a)! Isso será objeto de estudo nas nossas próximas aulas.
d) – O art. 3º do CP não diz respeito a abolitio criminis (que está prevista no art. 2º do CP).
Gabarito: Letra E.
19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
Resolução:
a) – Vamos estudar em aulas próximas que o planejamento do crime (atos preparatórios – em regra, não são
puníveis).
c) – O tempo do crime (momento) é o da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado, con-
forme o art. 4º do CP.
d) – O tempo do crime (momento) é o da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado, e não
o momento que que chega ao conhecimento das autoridades competentes.
e) – O momento do cometimento do crime tem inúmeras relevâncias para o direito penal, as quais serão objeto
de estudo aqui em nossa próxima aula.
Gabarito: Letra C.
20) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciá-
rio - Área Administrativa
“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o
Código Penal adota a teoria:
A) Ubiquidade.
B) Da atividade.
C) Do resultado.
D) Ambivalência.
Resolução:
b) – A teoria da atividade foi adotada pelo art.4 º do CP para delimitar o tempo do crime.
c) – A teoria do resultado é adotada no âmbito do processo penal para definir a competência, conforme o art.
70 do CPP.
d) – Não faz parte do direito penal.
Gabarito: Letra B.
21) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária
No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,
em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em
Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões
causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:
A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;
B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;
E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.
Resolução:
a) – A teoria adotada pelo Código Penal para definir o tempo do crime é a teoria da ubiquidade.
b) – A assertiva erroneamente insere a teoria do resultado, adotada para definir a competência, conforme o art.
70 do código de processo penal.
c) – A assertiva inverte as teorias adotas pelo CP. Para o tempo do crime, o CP adotou a teoria da atividade.
Para o lugar do crime, adotou a teoria da ubiquidade.
d) – A autora do crime não poderá ser responsabilizada pois, ao tempo do crime, ela contava com 17 anos de
idade, razão pela qual está sujeita as normas do ECA.
e) – Além de não poder ser responsabilizada, o CP adotou a teoria da atividade para o momento do crime.
Gabarito: Letra D.
22) Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário
Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,
marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente
da República.
Assinale a sequência correta.
A) V, F, F, V
B) F, V, V, F
C) V, V, F, F
D) F, F, V, V
Resolução:
3ª Proposição: – a aeronave de propriedade privada, que se ache no espaço aéreo correspondente é conside-
rada extensão do território brasileiro.
4º Proposição: - Os crimes praticados contra a liberdade do Presidente ficam sujeitos à lei brasileira, ainda que
cometidos no estrangeiro. (art. 7º, I, a, CP).
Gabarito – Letra B.
23) Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada,
A) que se achem em alto-mar.
Resolução:
a) – Essa é a redação do art. 5º, §1º do Código Penal.
Gabarito: Letra A.
24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando
o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:
C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.
Resolução:
a) – Pois o navio-escola da Marinha Brasileira é extensão do território brasileiro. Dessa forma, para fins penais,
é como se o crime tivesse acontecido dentro do território brasileiro, aplicando-se o princípio da territorialidade.
b) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o do pavilhão e, sim o da territorialidade.
c) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o da justiça universal e, sim o da territoriali-
dade.
d) – O princípio a ser adotado para o enunciado da questão não é o da defesa e, sim o da territorialidade.
e) – A lei a ser aplicada é a brasileira, por conta do navio da Marinha ser extensão do território brasileiro, razão
pela qual, não há que se falar em aplicação da lei Japonesa.
Gabarito: Letra A.
25) Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal - Nacional
Considere a seguinte situação hipotética.
Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Roraima,
Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na
Venezuela.
Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para pro-
cessar e julgá-lo.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
Basta que a infração penal “toque” o território brasileiro para que haja incidência da lei penal brasileira, con-
forme o artigo 6º do Código Penal.
Gabarito: ERRADO.
26) Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária
- Específicos
Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
O enunciado da questão é cópia literal do art. 6º do Código Penal - Considera-se praticado o crime no lugar em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado
Gabarito: CERTO.
27) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -
Analista Judiciário - Área Judiciária
José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão, onde
trabalhava como funcionário público.
Em tal situação,
A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.
B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.
E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.
Resolução:
a) – Não há que se falar em processo e julgamento Japonês pelo crime cometido por José, visto que o crime
praticado se deu na embaixada brasileira, que é considerada extensão do território nacional, se aplicando única
e exclusivamente a lei brasileira.
b) – Não há que se falar em processo e julgamento Japonês pelo crime cometido por José, visto que o crime
praticado se deu na embaixada brasileira, que é considerada extensão do território nacional, se aplicando única
e exclusivamente a lei brasileira.
c) – Aplica-se a lei brasileira, pois o crime foi cometido no Brasil (dentro da embaixada brasileira, que é consi-
derada extensão do território nacional).
d) – A aplicação da lei brasileira não está condicionada a entrada de José no território geográfico brasileiro.
e) – Aplica-se a lei brasileira independente de qualquer outra condição, por questão de soberania brasileira.
Gabarito: Letra C.
28) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária
Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem
os crimes cometidos:
Resolução:
Não se incluem nas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, os crimes cometidos em aeronaves ou
embarcações brasileiras (assim, de forma genérica como tratou o enunciado). O restante das alternativas estão
elencadas no art. 7º do CP.
Gabarito: Letra D.
29) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia
Federal
Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-
ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do
crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este
absorve aquele.
( ) Certo
( ) Errado
Resolução:
O enunciado da questão nos traz a súmula 17 do STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais po-
tencialidade lesiva, é por este absorvido.
Gabarito: Certo.
30) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciá-
ria
A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.
A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não
possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a
jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.
( ) Certo
( )Errado
Resolução:
Os tribunais superiores já foram instados a se manifestarem sobre o tema e rejeitaram a tese de considerar
socialmente adequada a conduta de vender CDs e DVDs piratas, razão pela qual, tal conduta é considerada
criminosa.
Gabarito: ERRADO.
Lista de questões
C) Princípio da proporcionalidade
D) Princípio da igualdade.
E) Princípio da austeridade.
2) Ano: 2008 Banca: VUNESP Órgão: TJ-MT Provas: VUNESP - 2008 - TJ-MT - Técnico Judiciário
É correto afirmar que o princípio da legalidade
E) consiste na idéia de ninguém poder ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime.
3) Ano: 2014 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - 2014 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário -
Área Judiciária
Dentre as ideias estruturantes ou princípios abaixo, todos especialmente importantes ao direito penal brasi-
leiro, NÃO tem expressa e literal disposição constitucional o da
A) legalidade.
B) proporcionalidade.
C) individualização.
D) pessoalidade.
E) dignidade humana.
4) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2013 - PRF - Policial Rodoviário Federal
Com relação aos princípios, institutos e dispositivos da parte geral do Código Penal (CP), julgue os itens seguin-
tes.
O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incriminadoras, ou seja, os tipos
penais de tal natureza somente podem ser criados por meio de lei em sentido estrito.
( ) Certo
( ) Errado
5) Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PRF Prova: CESPE - 2019 - PRF - Policial Rodoviário Federal
O art. 1.º do Código Penal brasileiro dispõe que “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
prévia cominação legal”.
Considerando esse dispositivo legal, bem como os princípios e as repercussões jurídicas dele decorrentes, jul-
gue o item que se segue.
O presidente da República, em caso de extrema relevância e urgência, pode editar medida provisória para agra-
var a pena de determinado crime, desde que a aplicação da pena agravada ocorra somente após a aprovação
da medida pelo Congresso Nacional.
( ) Certo
( ) Errado
6) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
A impossibilidade da lei penal nova mais gravosa ser aplicada em caso ocorrido anteriormente à sua vigên-
cia é chamada de
C) princípio da irretroatividade.
D) princípio da normalidade.
E) princípio da adequação.
7) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: CESPE - 2016 - TRT - 8ª Região (PA e AP)
- Analista Judiciário - Área Judiciária
Assinale a opção correta, considerando a lei e a jurisprudência dos tribunais superiores.
A) A conduta de vender ou expor à venda CDs ou DVDs contendo gravações de músicas, filmes ou shows não
configura crime de violação de direito autoral, por ser prática amplamente tolerada e estimulada pela procura
dos consumidores desses produtos.
B) Na aplicação dos princípios da insignificância e da lesividade, as condutas que produzam um grau mínimo de
resultado lesivo devem ser desconsideradas como delitos e, portanto, não ensejam a aplicação de sanções pe-
nais aos seus agentes.
C) O uso de revólver de brinquedo no crime de roubo justifica a incidência da majorante prevista no Código
Penal, por intimidar a vítima e desestimular sua reação.
D) A idade da vítima é um dado irrelevante na dosimetria da pena do crime de homicídio doloso.
E) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se somente o dolo genérico, desconsiderando-se a
existência de intenção, por parte do agente, de ofender a honra da vítima.
Tendo como referência a jurisprudência sumulada dos tribunais superiores, julgue o item a seguir, acerca de cri-
mes, penas, imputabilidade penal, aplicação da lei penal e institutos.
É possível a aplicação do princípio da insignificância nos crimes contra a administração pública, desde que o pre-
juízo seja em valor inferior a um salário mínimo.
( ) Certo
( ) Errado
9) Ano: 2017 Banca: FEPESE Órgão: PC-SC Prova: FEPESE - 2017 - PC-SC - Escrivão de Polícia Civil
A) A fixação dos crimes e das respectivas penas não depende de lei formal.
C) A lei não poderá deixar de incriminar uma conduta já tipificada por legislação anterior.
D) As penas cruéis poderão ser aplicadas caso o delito cause grande comoção social.
E) Na impossibilidade de cumprimento da pena pelo réu, os seus familiares poderão ter a liberdade restringida.
10) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: PC-AL Prova: CESPE - 2012 - PC-AL - Escrivão de Polícia
11) Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Escrivão de Polícia Civil
A aplicação do princípio da retroatividade benéfica da lei penal ocorre quando, ao tempo da conduta, o fato é
12) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TJ-RO Prova: CESPE - 2012 - TJ-RO - Técnico Judiciário
Considere que um homem tenha sido denunciado pela prática de estelionato e que, durante a ação penal, tenha
entrado em vigor uma nova lei que prevê diminuição da pena aplicável ao referido crime. Nessa situação hipo-
tética, consoante disposições do Código Penal, a lei nova
A) não se aplica ao crime em tela, uma vez que o fato criminoso que originou a ação penal foi praticado anteri-
ormente à vigência da nova lei.
B) aplica-se ao crime em tela, independentemente do conteúdo material, dado que a lei penal obedece ao prin-
cípio da retroatividade.
C) aplica-se ao crime em tela, visto que a lei penal obedece ao princípio da retroatividade, caso caracterize-se
situação em que o acusado será beneficiado.
D) pode ser aplicada ao crime em tela, desde que não tenha ocorrido o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória, situação que impede a retroatividade da lei nova.
E) não se aplica ao crime em tela, conforme o princípio da irretroatividade, visto que a ação penal já estava em
curso quando a nova lei passou a vigorar.
13) Ano: 2015 Banca: VUNESP Órgão: PC-CE Prova: VUNESP - 2015 - PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1a
Classe
O indivíduo B provocou aborto com o consentimento da gestante, em 01 de fevereiro de 2010, e foi condenado,
em 20 de fevereiro de 2013, pela prática de tal crime à pena de oito anos de reclusão. A condenação já transitou
em julgado. Na hipótese do crime de aborto, com o consentimento da gestante, deixar de ser considerado
crime por força de uma lei que passe a vigorar a partir de 02 de fevereiro de 2015, assinale a alternativa correta
no tocante à consequência dessa nova lei à condenação imposta ao indivíduo B.
A) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, cessando em virtude dela a execução e os
efeitos penais da sentença condenatória.
B) A nova lei só irá gerar algum efeito sobre a condenação do indivíduo B se prever expressamente que se aplica
a fatos anteriores.
C) A nova lei só seria aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B se a sua entrada em vigência ocorresse
antes de 01 de fevereiro de 2015
D) Não haverá consequência à condenação imposta ao indivíduo B visto que já houve o trânsito em julgado da
condenação.
E) A nova lei será aplicada para os fatos praticados pelo indivíduo B, contudo só fará cessar a execução persis-
tindo os efeitos penais da sentença condenatória, tendo em vista que esta já havia transitado em julgado.
14) Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: PC-PE Prova: CESPE - 2016 - PC-PE - Escrivão de Polícia Civil
Um crime de extorsão mediante sequestro perdura há meses e, nesse período, nova lei penal entrou em vigor,
prevendo causa de aumento de pena que se enquadra perfeitamente no caso em apreço.
A) a lei penal mais grave não poderá ser aplicada: o ordenamento jurídico não admite a novatio legis in pejus.
B) a lei penal menos grave deverá ser aplicada, já que o crime teve início durante a sua vigência e a legislação,
em relação ao tempo do crime, aplica a teoria da atividade.
C) a lei penal mais grave deverá ser aplicada, pois a atividade delitiva prolongou-se até a entrada em vigor da
nova legislação, antes da cessação da permanência do crime.
D) a aplicação da pena deverá ocorrer na forma prevista pela nova lei, dada a incidência do princípio da ultrati-
vidade da lei penal.
E) a aplicação da pena ocorrerá na forma prevista pela lei anterior, mais branda, em virtude da incidência do
princípio da irretroatividade da lei penal.
15) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TJ-DFT Prova: CESPE - 2015 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Judiciária
Em relação à aplicação da lei penal e aos institutos do arrependimento eficaz e do erro de execução, julgue o
item seguinte.
Se um indivíduo praticar uma série de crimes da mesma espécie, em continuidade delitiva e sob a vigência de
duas leis distintas, aplicar-se-á, em processo contra ele, a lei vigente ao tempo em que cessaram os delitos,
ainda que seja mais gravosa.
( ) Certo
( ) Errado
16) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: STF Prova: CESPE - 2013 - STF - Analista Judiciário - Área Judiciária
Acerca dos princípios gerais que norteiam o direito penal, das teorias do crime e dos institutos da Parte
Geral do Código Penal brasileiro, julgue os itens a seguir.
Considere que Manoel, penalmente imputável, tenha sequestrado uma criança com o intuito de receber certa
quantia como resgate. Um mês depois, estando a vítima ainda em cativeiro, nova lei entrou em vigor, pre-
vendo pena mais severa para o delito. Nessa situação, a lei mais gravosa não incidirá sobre a conduta de Ma-
noel.
( ) Certo
( ) Errado
17) Ano: 2013 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2013 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal
( ) Certo
( ) Errado
18) Ano: 2014 Banca: FUNCAB Órgão: PC-RO Prova: FUNCAB - 2014 - PC-RO - Escrivão de Polícia Civil
O artigo 3º do Código Penal dispõe: “a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua dura-
ção ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência”. O
referido artigo prevê o fenômeno da:
A) coculpabilidade.
B) tipicidade conglobante.
C) retroatividade da lei.
D) abolitio criminis.
E) ultra-atividade da lei.
19) Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de
Polícia
O Direito Penal brasileiro considera como momento do cometimento do crime
20) Ano: 2017 Banca: CONSULPLAN Órgão: TRE-RJ Provas: CONSULPLAN - 2017 - TRE-RJ - Analista Judiciá-
rio - Área Administrativa
“João da Silva atira contra ‘X’ no dia 29/5, tendo ‘X’ falecido 20 dias depois.” Sobre o tempo do crime, o
Código Penal adota a teoria:
A) Ubiquidade.
B) Da atividade.
C) Do resultado.
D) Ambivalência.
21) Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-AL Prova: FGV - 2018 - TJ-AL - Analista Judiciário - Área Judiciária
No dia 02.01.2018, Jéssica, nascida em 03.01.2000, realiza disparos de arma de fogo contra Ana, sua inimiga,
em Santa Luzia do Norte, mas terceiros que presenciaram os fatos socorrem Ana e a levam para o hospital em
Maceió. Após três dias internada, Ana vem a falecer, ainda no hospital, em virtude exclusivamente das lesões
causadas pelos disparos de Jéssica. Com base na situação narrada, é correto afirmar que Jéssica:
A) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar;
B) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
C) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Ubiquidade para definir
o momento do crime e a Teoria da Atividade para definir o lugar;
D) não poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria da Atividade para de-
finir o momento do crime e apenas a Teoria do Resultado para definir o lugar;
E) poderá ser responsabilizada criminalmente, já que o Código Penal adota a Teoria do Resultado para definir
o momento do crime e a Teoria da Ubiquidade para definir o lugar.
22) Ano: 2016 Banca: UFMT Órgão: TJ-MT Prova: UFMT - 2016 - TJ-MT - Técnico Judiciário
Sobre a aplicação da lei penal, de acordo com o Decreto Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940, Código Penal,
marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) Não há crime sem lei posterior que o defina.
( ) Considera-se praticado o crime no momento da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
( ) Considera-se como extensão do território nacional, para efeitos penais, a aeronave de propriedade privada,
que se ache no espaço aéreo correspondente.
( ) Não fica sujeito à lei brasileira, embora cometido no estrangeiro, o crime contra a liberdade do Presidente
da República.
Assinale a sequência correta.
A) V, F, F, V
B) F, V, V, F
C) V, V, F, F
D) F, F, V, V
23) Ano: 2014 Banca: Aroeira Órgão: PC-TO Prova: Aroeira - 2014 - PC-TO - Escrivão de Polícia Civil
Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações brasileiras, mer-
cantes ou de propriedade privada,
24) Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Escrivão de Polícia
O marinheiro Jonas matou seu colega de farda a bordo do navio-escola NE Brasil, da Marinha Brasileira, quando
o navio estava em águas sob soberania do Japão. Assim:
C) a lei penal brasileira será aplicada ao caso, em razão do princípio da justiça universal.
E) a lei penal japonesa será aplicada ao caso, em razão do crime ter ocorrido em águas sob soberania do Japão.
25) Ano: 2004 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2004 - Polícia Federal - Escrivão da Polícia
Federal - Nacional
Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de Pacaraima, em Roraima,
Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na
Venezuela.
Nessa situação, como o crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para pro-
cessar e julgá-lo.
( ) Certo
( ) Errado
26) Ano: 2011 Banca: CESPE Órgão: TRE-ES Prova: CESPE - 2011 - TRE-ES - Analista Judiciário - Área Judiciária
- Específicos
Lugar do crime, para os efeitos de incidência da lei penal brasileira, é aquele onde foi praticada a ação ou omis-
são, no todo ou em parte, bem como aquele onde se produziu ou, no caso da tentativa, teria sido produzido o
resultado.
( ) Certo
( ) Errado
27) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRT - 8ª Região (PA e AP) Prova: FCC - 2010 - TRT - 8ª Região (PA e AP) -
Analista Judiciário - Área Judiciária
José, brasileiro, cometeu crime de peculato, apropriando- se de valores da embaixada brasileira no Japão, onde
trabalhava como funcionário público.
Em tal situação,
A) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido absolvido no Japão, por sentença definitiva.
B) somente se aplica a lei brasileira se José não tiver sido processado pelo mesmo fato no Japão.
D) a aplicação da lei brasileira, independe da existência de processo no Japão, mas está condicionada à entrada
do agente no território nacional.
E) aplica-se a lei brasileira, somente se for mais favorável ao agente do que a lei japonesa.
28) Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: TRE-RS Prova: FCC - 2010 - TRE-RS - Analista Judiciário - Área Judiciária
Dentre os casos de extraterritorialidade incondicionada da lei penal, previstos no Código Penal, NÃO se incluem
os crimes cometidos:
29) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Provas: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia
Federal
Conflitos aparentes de normas penais podem ser solucionados com base no princípio da consunção, ou absor-
ção. De acordo com esse princípio, quando um crime constitui meio necessário ou fase normal de preparação
ou execução de outro crime, aplica-se a norma mais abrangente. Por exemplo, no caso de cometimento do
crime de falsificação de documento para a prática do crime de estelionato, sem mais potencialidade lesiva, este
absorve aquele.
( ) Certo
( ) Errado
30) Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: TRE-RJ Prova: CESPE - 2012 - TRE-RJ - Analista Judiciário - Área Judiciá-
ria
A respeito de institutos diversos de direito penal, julgue o item a seguir.
A venda de cópias não autorizadas de CDs e DVDs — cópias piratas — por vendedores ambulantes que não
possuam outra renda além da advinda dessa atividade, apesar de ser conduta tipificada, não possui, segundo a
jurisprudência do STJ, tipicidade material, aplicando-se ao caso o princípio da adequação social.
( ) Certo
Gabarito
1. A 16. Certo
2. C 17. Certo
3. B 18. E
4. Certo 19. C
5. Errado 20. B
6. C 21. D
7. B 22. B
8. Errado 23. A
9. B 24. A
10. Errado 25. Errado
11. A 26. Certo
12. C 27. C
13. A 28. D
14. C 29. Certo
15. Certo 30. Errado
Resumo direcionado
A seguir, meu amigo(a) segue um resumão que eu preparei com tudo o que vimos de mais importante nesta
aula. Espero que você já tenha feito o seu resumo também, e utilize o meu para verificar se ficou faltando colocar
algo.
Analogia
Existe norma para o caso Existe norma para o caso Não existe norma para o
concreto concreto caso concreto
Amplia-se o alcance da pa- Utilizam-se exemplos segui- Cria-se nova norma a partir
lavra (não importa no surgi- dos de uma fórmula gené- de outra (analogia legis) ou
mento de uma nova rica para alcançar outras hi- do todo do ordenamento ju-
norma) póteses rídico (analogia iuris)
Desdobramentos materiais.
Ausência de Periculosidade Social
Abolitio criminis – nova lei que descriminaliza condutas. Não confundir os termos descriminalização
com despenalização (significa suprimir/dificultar/impedir a aplicação de pena privativa de liberdade).
Novatio legis in mellius – nova lei que mantém a criminalização do ato, mas lhe confere tratamento
mais brando (611, STF – compete ao juízo da execução a aplicação da nova lei benéfica na execução penal).
Novatio legis in pejus – nova lei que mantém a criminalização, mas da ao fato tratamento mais severo.
Ex: inclusão do §2º ao artigo 157 do CP.
LU
LUGAR UBIQUIDADE
TA
TEMPO ATIVIDADE
LUTA
Lembre-se desse mnemônico
Espaço físico por extensão ou ficção Para os efeitos penais, consideram-se como es-
paço físico por ficção as embarcações e aeronaves
brasileiras, de natureza pública ou a serviço do go-
verno brasileiro onde quer que se encontrem, bem
como as embarcações e aeronaves brasileiras (ma-
triculadas no Brasil), mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente em alto
mar ou no espaço aéreo correspondente (art. 5º,
§1º, CP).
CONCLUSÕES
A) Quando navios ou aeronaves forem públicos ou esti-
verem a serviço do governo brasileiro, quer se encon-
trem em território nacional ou estrangeiro, são
considerados parte do nosso território.
Princípio da nacionalidade ou personalidade ativa Aplica-se a lei do país a que pertence o agente crimi-
noso, pouco importando o local do crime, a naciona-
lidade da vítima ou do bem jurídico violado.
Princípio da Justiça Penal Universal ou da Justiça O agente fica sujeito à lei do País onde for encon-
cosmopolita trado, não importando sua nacionalidade, do bem ju-
rídico lesado ou do local do crime. Esse princípio está
normalmente presente nos tratados internacionais
de cooperação de repressão a determinados delitos
de alcance transnacional.
Princípio da representação, do pavilhão, da subs- A lei penal nacional aplica-se aos crimes cometidos
tituição ou da bandeira. em aeronaves e embarcações privadas, quando pra-
ticados no estrangeiro e aí não sejam julgados.
Lugar do crime
CRIMES À DISTÂNCIA
O crime percorre territórios de dois Estados soberanos (Brasil e Paraguai, por exemplo)
Extraterritorialidade
Progressão crimi-
Crime progressivo Antefato impunível Pós-fato Impunível
nosa