Comunicação Não Violenta

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Comunicação Não

Violenta
O que é e como usá-
la no dia a dia para
vivermos melhor?
Trocar ideias, se comunicar, ter um diálogo produtivo e
ainda enriquecedor com uma ou mais pessoas. Esses são
desejos simples e até corriqueiros, mas que muitas vezes
são infrutíferos e não sabemos porque.

Me diga uma coisa: quantas vezes você participou de uma


conversa que mais parecia uma batalha? Argumento daqui
contra-argumento de lá, uma ideia é jogada e
automaticamente é rebatida como a bola de um jogo de
tênis e assim vai até que o diálogo termina. Não há
vencedores, mas sim duas (ou mais) pessoas exaustas e
insatisfeitas.

Isso é mais normal do que poderíamos imaginar, não é


mesmo? As pessoas não querem ouvir. Apenas ser
ouvidas ou, na melhor das hipóteses, que o outro concorde
com o que você disse. Essa “luta” tem se tornado a cada
dia mais comum e tomado conta da comunicação mundial
como um vírus quase imperceptível, mas letal.

Há muito tempo, um século antes do nascimento de Cristo,


um velho e célebre poeta romano, Publius Sirius, disse:
“Estamos interessados nos outros, quando eles se
interessam por nós”. Uma demonstração de interesse,
como todos os princípios das relações humanas, deve ser
sincera.

Deve recompensar não apenas a pessoa que se mostra


interessada, mas também a pessoa objeto de atenção.
Uma rua de mão dupla: ambas as partes se beneficiam.

Pense no dia a dia na sua escola. Quantas conversas


são ‘travadas’ nos corredores, escritórios e salas de
aula como se fossem em jogos medievais? Já parou
para pensar nisso? E acontece sem ao menos nos
darmos conta.
Vamos focar em nós mesmos. Pense em como você reage
de acordo com as respostas que recebe e em como, muitas
e muitas vezes, poderia ter respondido com outras palavras
e agido de outra maneira.

Mas é possível mudar essa realidade e buscar uma


solução voltada para compaixão e empatia, conceitos que
precisam ser melhor trabalhados em nossas vidas. Um
caminho pode ser a chamada comunicação compassiva ou
não violenta.

O que é Comunicação Não Violenta


(CNV)?
O que é a comunicação não violenta, também chamada de
CNV? É uma abordagem que busca a resolução de
conflitos por meio de diversas práticas que estimulam a
compaixão e a empatia.

Ela se baseia em habilidades de linguagem e comunicação


que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos
mesmo em condições adversas. Seu foco é reformular a
maneira pela qual nos expressamos e também ouvimos os
outros, porque nós sempre focamos no falar.

A ideia deste artigo é exatamente essa. Parar para pensar


no que estamos fazendo e como estamos reagindo.

O objetivo é conseguirmos contornar esse tipo de


comportamento e também controlar mais os nossos
impulsos de falar no momento em que estamos
escutando.

Mas fica uma dica importante! Quando falamos em


comunicação não violenta, é importante lembrarmos que a
CNV não é uma técnica pré-estabelecida, ou seja, não tem
um manual, não tem um guia auto explicativo sobre como
você pode utilizar a comunicação não violenta no seu dia a
dia.
Ela diz que devemos criar um estado de consciência que
nos ajude a desenvolver nossa compaixão. E, a partir
disso, nós nos comunicamos de uma forma mais saudável,
no sentido de não sermos tão reativos. Muitas vezes é um
simples pensar antes de falar!

Comece a trazer isso para o seu ambiente. Observe as


pessoas se relacionando e veja como será que aquela
pessoa se sentiu ao ouvir isso, porque aquela outra disse
aquilo. É um bom exercício para começarmos a
desenvolver e estimular nossa compaixão.

Outra dica importante! A CNV não é sinônimo de


passividade. Vamos explicar melhor. Muitas pessoas, ao
demonstrarem interesse por uma maneira de se comunicar
com os outros sem violência, logo dizem que não
conseguiriam usá-la, porque não dá para ”engolir sapo“.

Só que é justamente para evitar isso que a Comunicação


Não Violenta também serve: para expressarmos o que
estamos sentindo e sermos honestos com nós mesmos e
com os outros.

Qual a sua origem?


Quem sistematizou a CNV foi o psicólogo americano
Marshall Rosenberg, na década de 1960. Ele foi o fundador
do The Center for Nonviolent Communication. Além de
elaborar a Comunicação Não Violenta, ele a disseminou
em cerca de 60 países e foi autor de vários livros sobre o
tema.

Um desses ótimos livros, que é muito indicado para quem


quer aprender a como trabalhar os conflitos interpessoais
de maneira mais saudável e compassiva é o Nonviolent
Communication: A Language of Life (em
português: Comunicação Não Violenta. Técnicas para
aprimorar relacionamentos pessoais e
profissionais). Marshall morreu em 2015, deixando suas
ricas contribuições para as relações humanas.
Quando a CNV pode ser usada?
Em todas as conversas, discussões, reuniões, até em
brigas e nas mais diversas situações. Isso, porque quando
nos comunicamos, expressamos comportamentos na
nossa fala que denunciam as nossas necessidades. Elas
são comuns a todos nós, seja quando demonstramos raiva,
frustração, alegria ou satisfação, entre muitos outros
sentimentos.

A grande questão é que quase sempre perdemos tempo


discutindo o comportamento, que sempre varia de pessoa
para pessoa, e acontece por motivações diversas, mas
quase nunca discutimos o que está por trás dos
comportamentos: as necessidades.

São justamente as necessidades que são comuns a todos


nós e o que de fato, nos conecta. Em vez de julgarmos
uma pessoa do porquê ela fez isso ou falou aquilo,
podemos tentar identificar quais são as necessidades dela
que não estão sendo atendidas e comunicar isso.

A identificação do que a pessoa está precisando é


geralmente a fagulha que gera a conexão, e daí podemos
deixar o comportamento de lado e começar a entender o
que existe de mais profundo nas pessoas com quem nos
relacionamos.

“Por trás de todo comportamento existe


uma necessidade.” – Marshall Rosenberg
Esse pensamento nos permite enxergar além do
comportamento e assim, identificar o que de fato está
gerando conflito, caminhando para um debate mais
saudável, sem ataques, julgamentos e rotulações, que são
barreiras para a conexão.

Como praticar?
Vamos então ao que interessa. Como ela funciona? Já
falamos que não é um manual de regras ou uma equação a
ser calculada. Existem algumas atitudes que podem ser
tomadas por quem quer começar a se conectar melhor com
os outros.

Essas ações têm tudo a ver com um processo de tomada


de consciência interna (do que está acontecendo dentro de
mim) e externa (o que está acontecendo com o outro) e,
depois disso, tentarmos resolver o que tiver que ser
resolvido nos nossos conflitos. Nesse processo, podemos
seguir alguns passos que nos ajudarão a ter conversas
mais saudáveis:

1. Observação

Fazer observações sobre as ações ou falas da pessoa que


estão nos incomodando ou gerando conflito, em uma
discussão, por exemplo. É importante que essas
observações sejam baseadas em fatos, e não em nossas
interpretações acerca do que a pessoa quis dizer com suas
atitudes, mas sim, o que de fato ela fez ou falou.

2. Sentimentos

Depois de observar o que causou o conflito, podemos nos


voltar para nós mesmos, percebendo e identificando os
sentimentos que estão aflorando dentro de nós a partir das
atitudes da pessoa. Estamos sentindo raiva? Frustração?
Medo? Preocupação? Alívio?

Nesse momento é bem importante utilizarmos palavras que


sejam, de fato, sentimentos e não julgamentos. Por
exemplo, quando digo que estou me sentindo “ignorado”
isso não é de fato um sentimento, pois a palavra descreve
a ação de uma terceira pessoa “você está me ignorando”. A
ideia aqui é que você se pergunte: “se estou com a
sensação de que estou sendo ignorado, o que eu de fato
sinto?”.
Esse exercício é importante não porque você quer se
enganar ou tirar a responsabilidade do outro pelas ações
dele, mas sim porque você quer aumentar suas chances de
ser ouvido quando for falar sobre algo. Se você disser
“estou me sentindo triste com o que aconteceu” em vez de
“estou me sentindo ignorado por você” suas chances de ser
escutado são maiores.

3. Necessidades

Após nomear esses sentimentos, podemos então identificar


as necessidades que são apontadas por eles. Se estamos
nos sentindo frustrados, qual foi a necessidade que não foi
atendida e que gerou essa frustração?

Comunique suas necessidades se responsabilizando por


elas, por exemplo, em vez de dizer “estou irritado porque
vocês não ficam quietos” você pode entender quais
necessidades suas não estão sendo atendidas e comunicá-
las “estou irritado porque eu tenho uma aula para dar e
vocês estão atrapalhando o meu trabalho como educador.
Cooperação é algo importante para convivermos bem e
gostaria de conversar sobre os acordos que vão nos ajudar
a conviver melhor aqui em nossa sala de aula”.

4. Pedido

Depois de entendermos melhor o que precisamos,


podemos fazer ao outro um pedido claro para nossas
necessidades sejam atendidas. Na conversa, todas essas
questões podem ser trazidas à tona, para que fique claro o
que está se passando entre nós e o outro.

Isto é, podemos comunicar a ele as nossas observações, a


partir do que ele fez ou falou, depois explicar o que
sentimos a partir dessas atitudes, bem como do que
precisamos e não está sendo suprido e então, fazer um
pedido claro do que queremos. Muitas vezes isso pode ser
difícil pois não sabemos o que queremos ou até mesmo
temos receio de receber um “não” como resposta.
A Comunicação Não Violenta é um convite para termos
conversas corajosas. É claro que é muito mais gostoso
quando as pessoas adivinham o que estamos precisando,
mas é injusto esperar isso delas.

Para que um vínculo de confiança se estabeleça,


precisamos comunicar nossas necessidades e pedidos de
maneira que as outras pessoas tenham clareza sobre como
poderiam nos ajudar.

Assim, parte da CNV consiste em expressar as quatro


informações muito claramente, seja de forma verbal, seja
por outros meios. O outro aspecto dessa forma de
comunicação consiste em receber aquelas mesmas quatro
informações dos outros.

Nós nos ligamos a eles primeiramente percebendo o que


estão observando e sentindo e do que estão precisando; e
depois descobrindo o que poderia ajudá-los ao receberem
a quarta informação, o pedido.

À medida que mantivermos nossa atenção concentrada


nessas áreas e ajudarmos os outros a fazerem o mesmo,
estabeleceremos um fluxo de comunicação dos dois lados,
até a compaixão se manifestar naturalmente: o que estou
observando, sentindo, necessitando e o que estou pedindo
para enriquecer minha vida; o que você está observando,
sentindo, necessitando e pedindo para enriquecer sua vida.

É possível trazer a técnica CNV na


comunicação pelo aplicativo da escola?
Sim, é claro! Não é somente possível como altamente
recomendável que a sua escola busque aplicar essas
técnicas na comunicação digital.

A forma como a sua escola interage com os pais e alunos,


as palavras que escolhe e a postura que adota no
atendimento faz toda a diferença no relacionamento.
De fato, sua escola não terá uma boa comunicação se não
tiver formas de interagir com os pais dentro do aplicativo.
Uma comunicação só é eficaz quando as partes estão
dispostas a ouvir, além de falar.

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