Agroindústria Cachaça
Agroindústria Cachaça
Perfis Agroindustriais
Série APACO 2007
Sumário
1. Apresentação.......................................................................................... 3
1.1 Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA...................................................... 3
1.2 APACO.................................................................................................................. 5
1.3 Ficha técnica.......................................................................................................... 6
2. Recomendações gerais para a concepção e implementação de
agroindústrias............................................................................................. 7
2.1 Momentos para concepção e instalação de agroindústrias................................... 7
2.2 Recomendações de ordem técnica........................................................................ 9
2.3 Recomendações de ordem legal......................................................................... 10
2.4 Critérios para o dimensionamento das instalações da agroindústria................... 11
2.5 Critérios técnicos relacionados a construção....................................................... 12
2.6 Critérios técnicos relacionados aos equipamentos.............................................. 14
3. A serie perfis MDA/APACO.................................................................. 15
4. Perfil Produção de 35.000 l de cachaça / ano.................................... 16
4.1 Apresentação do Perfil......................................................................................... 16
4.2. Descrição da Agroindústria de Referência.......................................................... 17
4.2.1. Caracterização Geral............................................................................................................. 17
4.2.2. Processo Produtivo primário.................................................................................................. 17
4.2.3. Processo Produtivo Secundário............................................................................................. 19
4.2.4. Descrição do processo de comercialização e distribuição..................................................... 22
4.2.5. Viabilidade econômica da agroindústria de referência.......................................................... 23
4.3. Descrição do perfil.............................................................................................. 27
4.3.1. Dimensionamento da agroindústria....................................................................................... 27
4.3.2. Descrição das instalações..................................................................................................... 28
4.3.3. Descrição/dimensão dos equipamentos................................................................................ 29
4.3.4. Processo de Produção.......................................................................................................... 31
4.3.4.1. Sugestão de mix de produtos ....................................................................................... 31
4.3.4.2. Fluxogramas e descrição das etapas de produção....................................................... 31
4.3.5. Coeficientes técnicos............................................................................................................. 35
4.3.6. Matéria-Prima e Insumos ...................................................................................................... 36
4.3.7. Embalagem e Rotulagem ..................................................................................................... 38
4.3.8. Controle de Qualidade .......................................................................................................... 41
4.3.8.1. Noções de controle de qualidade.................................................................................. 41
4.3.8.2. Higiene e limpeza dos equipamentos e instalações...................................................... 43
Algumas Recomendações para a Manutenção das Instalações e Equipamentos Limpos.............. 43
4.3.9 Boas Práticas de Fabricação ................................................................................................. 44
4.3.9.1 Boas práticas de fabricação em relação aos manipuladores de alimentos................... 45
4.3.9.2 Boas práticas em relação ao processamento................................................................. 45
4.3.9.3 Boas práticas de fabricação em relação às instalações................................................. 46
4.3.9.4 Boas práticas de fabricação em relação ao controle de pragas..................................... 47
4.3.10. Algumas recomendações que devem ser empregadas na agroindústria de produção de
derivados da cana-de-açúcar.......................................................................................................... 48
4.3.11. Tratamento de efluentes...................................................................................................... 49
4.3.11.1. Noções de lei ambiental............................................................................................. 49
4.3.11.2. Destino dos resíduos................................................................................................... 49
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................... 51
6. VISTA PANORÂMICA DA UNIDADE.................................................... 54
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Programa de agroindustrialização da produção da agricultura familiar 2007-2010
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1. APRESENTAÇÃO
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ora apresentamos é fruto de parceria da SAF/MDA com a APACO. Cada perfil contém um conjunto de
informações tecnológicas sobre a agroindústria, incluindo a concepção, a implantação e o funcionamento
de pequenas plantas industriais da agricultura familiar. Serve como subsídio para a concepção técnica
em geral, a construção das instalações; os tipos e características dos equipamentos; as características
da matéria-prima; os insumos; as embalagens; o fluxograma da produção e seu detalhamento; a higiene
e limpeza; os coeficientes técnicos; a composição dos produtos e outros fatores de ordem tecnológica.
A expectativa do Ministério do Desenvolvimento Agrário é de que as Unidades Federativas, os
municípios, as ONGs, os Movimentos Sociais e demais instituições públicas e privadas, parceiros nesta
missão e, principalmente os agricultores familiares, possam fazer bom uso desse instrumento.
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1.2 APACO
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Presidente da República
Luis Inácio Lula da Silva
Coordenador da APACO
Gilso Giombelli
Coordenador da UCAF
Paulo Hubner
Maria José Honorato Santos Mateus Pies Gionbelli Wlamir Roner Krainer José
Engenheira de Alimentos Acadêmico de Zootecnia/UDESC Médico Veterinário
Elaboração Desenho Técnico e Programação Visual Informações de Campo
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Primeiro: Tomada de decisão sobre o tipo de produto - É melhor e mais fácil optar por
atividades cuja família proprietária ou as famílias associadas já estejam incorporadas em seus sistemas
produtivos, além de terem características típicas da região. Portanto, possuem experiência na produção
primária e em alguns casos na transformação destes produtos. Assim a fase de aprendizagem torna-se
mais fácil.
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responsabilidade sanitária e ambiental. Para isto acontecer, as famílias devem estar com a oferta de
matéria-prima planejada e com previsão de aumentar sua produção, quando for o caso.
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Antes da construção da agroindústria deve ser realizado um bom planejamento para evitar
erros de dimensionamento da estrutura, da distribuição das salas ou mesmo do dimensionamento das
portas. Por exemplo, a sala deve ser dimensionada de tal forma que permita a colocação dos
equipamentos.
As salas devem ser dimensionadas evitando-se o fluxo cruzado no processo de produção e a
edificação deve possuir espaço e altura suficiente, de modo que as atividades desenvolvidas possam ser
executadas de maneira eficiente e higiênica.
Para facilitar a higienização e limpeza as paredes, piso e teto devem ser revestidos com
material impermeável (tinta lavável, cerâmica, forro de PVC, etc), possuir inclinação no piso para
escoamento da água e os cantos arredondados entre pisos e paredes.
Na construção da agroindústria familiar é necessário elaborar um croqui de uma planta, onde
devem constar as salas, portas, janelas, equipamentos e outros. Também é importante a indicação das
instalações elétrica, da água e do esgoto.
A agroindústria deve ser construída em conformidade com as normas sanitárias, garantindo a
segurança e o bem-estar do pessoal dentro da unidade, ou seja, as condições ideais de iluminação,
arejamento, entre outros.
As áreas de circulação de veículos deverão ser construídas com material de fácil limpeza, que
não permita a formação de poeira e que facilite o perfeito escoamento das águas. O restante da área em
torno da agroindústria poderá ser gramada.
É importante que a área externa da agroindústria seja delimitada com cerca, de modo a impedir
a entrada de animais e pessoas estranhas no local.
As instalações sanitárias deverão ser construídas em prédio separado da unidade de
processamento, não permitindo assim a comunicação, bem como o acesso direto das instalações
sanitárias com a área de processamento.
Para minimizar as probabilidades de contaminações durante o processo de transformação dos
alimentos sempre separar área suja (ex. sala de recepção da matéria-prima) da área limpa (ex.: sala de
processamento).
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Recomenda-se que seja seguida a legislação vigente municipal e/ou da unidade da federação
e/ou federal. Os critérios técnicos para pé direito, paredes, portas, janelas, pisos, iluminação, ventilação
e teto estão relacionados abaixo:
Pé direito
Nas salas onde se realiza o processo de transformação o pé direito deve ter altura suficiente
para propiciar uma boa ventilação e claridade.
Pisos
O piso deve ser impermeável, resistente a impactos e a corrosão por álcalis e ácidos,
antiderrapante e de fácil limpeza. O rejunte ou acabamento final deverá obedecer às mesmas condições
do piso, para evitar acúmulo de resíduos, umidade e ser resistente ao desgaste. Este deve ter uma
declividade de de 1 a 2% para a drenagem da água no sentido das fossas de esgoto.
As canaletas devem ser evitadas nas áreas de produção e manipulação dos alimentos mas,
quando necessárias, devem ser estreitas, com aproximadamente 10cm de largura, apenas o suficiente
para permitir o escoamento da água. Estas deverão ser de aço inox ou plástico, lisas, possuir grades
móveis para limpeza e cantos arredondados.
Ralos também devem ser evitados nos setores de processamento, mas quando existirem
devem permitir livre acesso para limpeza e serem dotados de sistema de fechamento.
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Iluminação e ventilação
As instalações necessitam de luz natural e artificial em abundância e de ventilação suficiente
em todas as dependências, respeitado a peculiaridade de ordem tecnológica cabível. Para isso, deve-se
prever no projeto de construção, ampla área de janelas, com esquadrias metálicas, de preferência
basculantes e com vidros claros.
A iluminação deve ser com lâmpadas incandescentes ou fluorescentes, com dispositivo de
proteção contra estilhaços ou queda sobre produtos, proibindo-se a utilização de luz colorida que
mascare ou determine falsa impressão da coloração dos produtos.
Teto
Recomenda-se materiais como concreto armado, plásticos ou outro material impermeável, liso,
resistente a umidade e vapores e de fácil higienização. Deve possuir forro de material adequado em
todas as dependências onde se realizem trabalhos de transformação de alimentos. Não é permitido o
uso de madeira ou outro material de difícil higienização.
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- Os equipamentos devem ser construídos de maneira que o seu formato e a superfície não
favoreçam o acúmulo de umidade e resíduos, aumentando os riscos de contaminação dos produtos;
- O material utilizado na fabricação dos equipamentos deve ser atóxico e não pode interagir com
o alimento manipulado, permitindo a sua perfeita lavagem e desinfecção. Materiais como a madeira não
é recomendada em locais que sejam manipulados alimentos;
- Observar se os equipamentos estão aprovados pelos órgãos públicos responsáveis pelo
serviço de inspeção sanitária (Prefeitura, Estado, Ministério ou Fundações, etc.);
- Os equipamentos devem proporcionar conforto e segurança para os manipuladores, evitando
riscos de acidentes de trabalho;
- Os equipamentos e utensílios deverão apresentar perfeito acabamento, exigindo-se que suas
superfícies sejam lisas e planas, sem cantos vivos, frestas, juntas, poros e soldas salientes.
- A aquisição dos equipamentos deve partir da definição do mix dos produtos que serão
elaborados na unidade;
- Observar a capacidade inicial e máxima de produção de cada produto da unidade, aproveitando
assim a melhor capacidade dos equipamentos;
- Tempo de processamento (tempo gasto na elaboração de cada produto).
A instalação dos equipamentos deve seguir o fluxograma de operação e permitir a circulação das
pessoas, de forma que fiquem afastados cerca de 60cm de paredes e de outros equipamentos. Além
disso, para facilitar a limpeza e manutenção, os equipamentos devem ficar 30cm acima do piso. Os
ângulos formados entre a base dos equipamentos, pisos e paredes devem ser arredondados com raio
mínimo de 5cm. Ajustar essas informações à legislação vigente.
Como complementação das orientações acima, sugere-se ver o livro “Recomendações Básicas
para aplicação das boas práticas agropecuárias e de fabricação na agricultura familiar” elaborado pela
Embrapa Agroindústria de Alimentos em parceria com o Programa de Agroindústria da SAF/MDA
(www.mda.gov.br/SAF/agroindustria).
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Este perfil tem por objetivo apresentar um conjunto de informações técnicas e metodológicas que
pode servir como subsídio para a concepção de projetos de agroindústrias de produção de cachaça, com
capacidade de produção de 15.000 l/ano a 35.000 l/ano de cachaça. Para esta capacidade é necessário
o plantio de 3,0 a 7,0 hectares de cana-de-açúcar, que produzirá de 150 a 350 t de cana-de-açúcar,
dependendo dos cultivares, região, das condições climáticas e da tecnologia empregada. Este perfil está
projetado com a planta adequada para a produção de vinhos coloniais.
Para a elaboração deste perfil tomou-se por base uma agroindústria que está em funcionamento
há sete anos na região oeste de Santa Catarina, registrada a três anos no Ministério da Agricultura -
MAPA, com características semelhantes a que se propõe no perfil, a qual identifica-se, aqui, como
agroindústria de referência.
Para a elaboração do Perfil sobre produção de cachaça será descrita, primeiramente, a
Agroindústria Referência. Em seguida, sob a luz das legislações vigentes, será detalhado o referido
Perfil, contendo: a produção da matéria-prima, a implantação do empreendimento (volume de
investimento para implementação, sugestões técnicas das instalações e equipamentos), o processo de
beneficiamento (produto, fluxogramas de produção, descrição das etapas produtivas, coeficientes
técnicos, insumos, matéria-prima, embalagens e rotulagem), a necessidade da mão-de-obra, os
procedimentos de controle e qualidade e o tratamento de efluentes. Ao final é possível imprimir uma
cópia do perfil aqui apresentado.
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Programa de agroindustrialização da produção da agricultura familiar 2007-2010
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Nas três etapas da cadeia produtiva foram investidos, ao longo de três anos, um montante de R$
50.000,00 dos quais, R$ 15.000,00 foram de financiamento do PRONAF e R$ 35.000,00 de recursos
próprios.
Na região onde está instalada a Agroindústria Referência é possível escalonar a produção para
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realizar a colheitas dos meses de maio a dezembro. Para fornecer cana-de-açúcar de forma regular
durante estes meses os canaviais foram implantados de forma escalonada com variedades de ciclo
precoce, médio e tardio. Desta forma, evita-se que num determinado período da safra haja mais oferta
de cana-de-açúcar do que outro período. Este procedimento garante o funcionamento regular da
agroindústria durante os meses de safra.
(1)
: Na associação a produção média de cana-de-açúcar com o sistema adotado é de 50 t/ha.
As lavouras de cana-de-açúcar são plantadas de julho a outubro, tendo uma vida útil de 10 anos.
Os canaviais estão sendo implantados de acordo com o cronograma de implantação da Agroindústria
Referência.
Durante o ciclo vegetativo, as fases de desenvolvimento da cana-de-açúcar são a germinação,
perfilhamento, crescimento e maturação. Porém, existem fases em que a planta apresenta alterações em
função do meio ambiente, como por exemplo a necessidade de frio ou déficit hídrico para iniciar o
processo de maturação em anos com condições climáticas favoráveis.
O plantio inicia com a preparação do terreno onde são realizadas a adubação orgânica base com
cerca de 20 toneladas por hectare. A fonte de adubação é fonte de dejetos de suínos ou cama de aves
conforme a disponibilidade. O preparo do solo inicia com a lavragem e abertura dos sulcos para o plantio
dos colmos da cana. Os colmos são colocados nos sulcos em fragmentos de 30 cm de comprimento
contendo dois entre nós. Na Agroindústria Referência o espaçamento entre linhas é de 1 metro e 0,30
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metros entre plantas, sendo que a população varia entre 30 a 40 mil plantas por hectare.
Após o plantio o canavial deve ser manejado durante os anos subseqüentes com adubações e
controle das plantas daninhas. Estas operações devem ser realizadas pelo menos uma ver por ano. A
adubação é realizada após a colheita da cana-de-açúcar, enquanto que as práticas de controle das
plantas daninhas devem ser realizadas na primavera e sempre que houver necessidade. Na
Agroindústria Referência são aplicadas anualmente 20 toneladas de adubação orgânica proveniente de
dejetos de suínos ou cama de aves. O controle das plantas daninhas é realizado por meio de capinas
manuais com enxadas ou arado e bois.
A etapa de colheita é sem dúvidas a operação mais trabalhosa e penosa da Agroindústria
Referência. As tarefas com corte, desfolha, carregamento, descarregamento são manuais. O instrumento
mais utilizado para o corte costuma ser um grande facão de aço, com lâmina de cerca de 50 cm de
comprimento e um pequeno gancho para puxar o colmo da cultura. Durante esta operação a cana é
abatida, corta-se as folhas, a parte superior do colmo (último entre nó), colocados em pequenos montes
para depois serem recolhidos.
A produtividade da cana-de-açúcar está diretamente influenciada pelos fatores genéticos,
manejo do solo, ataque de pragas e doenças e as condições climáticas. Porém, os rendimentos são
avaliados a partir do peso dos colmos e o teor de sacarose encontrados na garapa. Ele deve ser sempre
superior a 15% do peso fresco dos colmos a fim de produzir cachaça.
Os bagaços da cana-de-açúcar, são utilizados para alimentação de animais, aquecimento dos
fornos e retorno nas lavouras como adubação orgânica. Na Agroindústria Referência, para cada tonelada
de cana-de-açúcar são produzidos, em média, 400 kg de bagaços e 600 lt de garapa, sendo que esta se
transformará em 100 l de cachaça.
No momento da decisão da implantação da Agroindústria Referência, boa parte dos
investimentos fixos e variáveis do processo produtivo primário já existiam, como lavouras de cana-de-
açúcar, equipamentos de tração animal, para plantio, limpeza e transporte da cana-de-açúcar. Porém,
foram investidos R$ 6.000,00, durante três anos como a seguir:
- aquisição de mudas de variedades de cana-de-açúcar, no valor de R$ 1.000,00;
- aquisição de cama de aves e serviços de distribuição de dejetos, no valor de R$ 1.000,00;
- reforma do trator para uso na produção da matéria prima no valor de R$ 4.000,00.
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Cronograma de implementação
Matéria -prima Unidade 1° Ano 2° Ano 3° Ano 4° Ano(1) 5° Ano(1)
Cana-de-açúcar t. / ano 150 200 250 300 350
Cachaça l. / ano 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000
(1)
No quarto e quinto ano referem-se a previsão de processamento da Agroindústria Referência.
No momento da elaboração deste perfil a Agroindústria Referência estava no terceiro (3°) ano de
funcionamento formal, ou seja, 250 toneladas de cana-de-açúcar / ano processadas.
• Área de recepção e moagem, com 19,91m² (não constante na área total do pavimento
inferior);
• Área de depósito de embalagens (pavimento superior), com 35,10m² de área total, não
constante na área total anteriormente fornecida.
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120x120x90 50x120x90
ESCRITÓRIO 01
A = 7,80m² VESTIÁRIO BANHEIRO
A = 5,40m² A = 3,90m²
H = 2,70m
H = 2,70m
P = cerâmico H = 2,70m
P = cerâmico
P = cerâmico
1,50m
1,50m MOENDA
1,50m A = 19,91m²
1,45m
P = cimentado
150x120x90
02 0,00m
80x210 projeção da
06 abertura para
passagem de
embalagens
06
03 03 08
LAVAGEM
06
A = 9,75m²
SALA DE FERMENTAÇÃO H = 2,70m
A = 14,60m² H = 3,00m P = cimentado 06 P = cerâmico
Forro PVC
ENVELHECIMENTO Parede com cerâmica H = 2,70m
E ARMAZENAGEM 0,10m
03 03
PLANTA BAIXA
A = 15,99m²
H = 2,70m parede dupla em PVC - H = 2,70m
ESCADA P = cerâmico
14
B = 25,00cm
H = 17,14cm
Paredes com cerâmica H = 2,70m 07 09
13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3
ENVASE
0,10m
A = 9,75m²
Área total = 151,02m²
H = 2,70m
P = cerâmico Área Útil = 128,21m²
05 Forro PVC
SALA DE DESTILAGEM 2 Paredes com cerâmica H = 2,70m
1
A = 10,00m²
H = 5,40m
P = cimentado
04 0,10m
0,10m
LEGENDA
80x210 80x210
ABRIGO DAS
FORNALHAS 11 80x210 01 - Moenda Industrial
A = 20,33m²
P = cimentado 02 - Tanque de decantação
SALA DE
03 - Caixas d'água para fermentação
EXPEDIÇÃO
0,00m
PROCESSAMENTO A = 8,00m² 04 - Alambique
05 - Tanque de aço inox (350 litros)
A = 32,44m² H = 5,40m
H = 5,40m P = cimentado
10 P = cimentado Forro PVC
80x210 06 - Pipa de madeira (carvalho)
5,40m
07 - Envasadora
0,10m
08 - Máquina de lavar vasilhames
09 - Tampadora de tampas metálicas
10 - Mesa Inox
150x120x90 150x120x90 11 - Bancada
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Na implantação do processo produtivo secundário foram investidos R$ 41.000,00 durante três anos,
como a seguir:
- Construção de uma agroindústria familiar adequada ao Ministério da Agricultura (MAPA) com com
206,03m², em dois pavimentos, no valor de R$ 25.000,00;
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produtos. Adotam como estratégia na comercialização a ocupação de diversos pontos de venda dos
produtos, ao invés de um único, pois assim oferece certa segurança e estabilidade de espaço no
mercado, como pode ser visto na tabela a seguir:
O tempo aproximado, gasto por semana neste processo, é de 8 horas por rota, equivalentes a 16
horas / mês) na comercialização e distribuição nos pontos de venda duas vezes por mês.
Na implantação do setor da comercialização e distribuição foram investidos R$ 3.000,00 assim
distribuídos:
- criação da marca de origem, rótulo e embalagens, no valor de R$ 1.000,00 e;
- reforma do carro utilitário para transporte dos produtos, no valor de R$ 2.000,00.
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Levando em consideração as sobras líquidas anuais (R$ 7.040,00) e os recursos pagos à mão-
de-obra própria (R$ 16.800,00), indica uma sobra de aproximadamente R$ 993,33 família / mês.
A Agricultura Familiar tem como característica o baixo custo de produção dos produtos
industrializados artesanalmente, devido ao uso da mão-de-obra própria e a produção da matéria-prima
próxima do local de processamento. Com isso, as famílias de agricultores familiares que agregam valor a
produção podem receber mais pela matéria-prima e/ou gerar oportunidade de trabalho e renda,
especialmente aos seus filhos.
O ponto de equilíbrio (PE) da Agroindústria Referência é a quantidade de cana-de-açúcar
industrializada por ano, pelo qual o lucro é zero. Isto significa que a receita obtida com a quantidade de
cana-de-açúcar industrializada e comercializada permite pagar todos os custos, sem ganho adicional.
É importante conhecer o ponto de equilíbrio da atividade porque essa é a quantidade mínima
necessário a ser vendido e conseqüentemente, planejar a produção da matéria-prima. A metodologia de
cálculo apresentada abaixo parte da experiência da CAPINA, escrita por Kraychete, 1999.
A CAPINA (Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa) é uma Associação civil
sem finalidades lucrativa fundada em 1988. Tem como missão contribuir para a afirmação cidadã do
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trabalho e para o desenvolvimento social da economia dos setores populares, ancorado em critérios
éticos de eficácia econômica, eficiência administrativa, cooperação e justiça – www.capina.org.br.
Tabela 7: Cálculo do PE
Indicadores Para 250,0 t de cana-de-açúcar / ano
Preço de venda do produto (l de cachaça) 3,00
MENOS custo variável (l de cachaça) 2,72
IGUAL margem contribuição(1) 0,28
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A legislação vigente não indica medidas padrões sobre as instalações da agroindústria. Portanto,
para este perfil foram utilizadas as dimensões da "Agroindústria Referência", conforme descrito no item
4.2 deste perfil. Recomenda-se, porém, analisar a situação de cada projeto, pois, a priori, não há
garantia de que essas medidas indicadas no perfil sejam as mais adequadas para todas as realidades e,
nem mesmo que, adotadas essas dimensões, o projeto seja aprovado no serviço de inspeção.
A seguir, indicamos as dimensões que podem representar uma referência para a elaboração do
projeto de agroindústria:
-Área de abrigo das fornalhas, com 20,33m²
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ESCRITÓRIO 01
VESTIÁRIO BANHEIRO
A = 7,80m²
A = 3,90m²
H = 2,70m A = 5,40m²
H = 2,70m
P = cerâmico H = 2,70m
P = cerâmico
P = cerâmico
1,50m
1,50m MOENDA
1,50m A = 19,91m²
1,45m
P = cimentado
150x120x90
02 0,00m
80x210 projeção da
06 abertura para
passagem de
embalagens
06
03 03 08
LAVAGEM
06
A = 9,75m²
SALA DE FERMENTAÇÃO H = 2,70m
A = 14,60m² H = 3,00m P = cimentado 06 P = cerâmico
Forro PVC
ENVELHECIMENTO Parede com cerâmica H = 2,70m
E ARMAZENAGEM 0,10m
03 03
PLANTA BAIXA
A = 15,99m²
H = 2,70m parede dupla em PVC - H = 2,70m
ESCADA P = cerâmico
14
B = 25,00cm
H = 17,14cm
Paredes com cerâmica H = 2,70m 07 09
13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3
ENVASE
0,10m
A = 9,75m²
Área total = 151,02m²
H = 2,70m
P = cerâmico Área Útil = 128,21m²
05 Forro PVC
SALA DE DESTILAGEM 2 Paredes com cerâmica H = 2,70m
1
A = 10,00m²
H = 5,40m
P = cimentado
04 0,10m
0,10m
LEGENDA
80x210 80x210
ABRIGO DAS
FORNALHAS 11 80x210 01 - Moenda Industrial
A = 20,33m²
P = cimentado 02 - Tanque de decantação
SALA DE
03 - Caixas d'água para fermentação
EXPEDIÇÃO
04 - Alambique
0,00m
PROCESSAMENTO A = 8,00m²
- Área externa tem por finalidade ter uma circulação interna que permita a livre movimentação dos
veículos de transporte.
- Área da moagem local que têm por finalidade permitir recebimento, limpeza e esmagamento das canas
para a obtenção do caldo. Deve ser coberta.
- Sala de fermentação, destinada às operações de fermentação do caldo de cana (mosto). A sala deve
ser compatível ao abrigo das dornas de fermentação, como espaço suficiente à realização das
operações.
- Sala de destilação, destinada às operações de destilação do mosto fermentado (vinho). Sala
compatível ao abrigo dos equipamentos para a etapa de destilação.
- Sala de envelhecimento, destinada ao armazenamento e padronização (cor e sabor característicos)
do produto destilado da agroindústria.
- Sala de lavagem e ou enxugamento, destinada exclusivamente a realizar as operações de lavagem do
vasilhame. Se o estabelecimento trabalhar com vasilhames novos, não retornáveis, a limpeza poderá ser
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Lavadora térmica, especial para lavar e destacar os rótulos dos vasilhames. Dimensões:
altura de 1,50 m; comprimento de 1,50 m e largura de 1,50 m.
01 Refratômetro de campo
Refratômetro manual portátil escala de 0 a 32% de º Brix divisão de 0,2%. Medidor do
conteúdo de açúcar da cana. Tem por finalidade controlar o ponto de maturação, ou seja
determina o ponto certo para o corte da cana.
01 Aerômetro com escala de 0 a 20
Tem por finalidade, o acompanhamento da fermentação pela medição do ºBrix ao longo do
processo.
01 Aerômetro com escala de 10 a 30
Tem como finalidade, o acompanhamento da fermentação pela medição do ºBrix ao longo
do processo.
01 Densímetro de Gay-Lussac
Equipamento utilizado para determinar percentuais de álcool em soluções. Densidade (%
em peso) aferida em 20 ºGay-Lussac. Divisão de 0,1.
01 Tampadora de tampas metálicas
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Moagem da
cana-de-açúcar
Filtragem e
decantação
Preparação do
mosto
Diluição do
mosto
Fermentação
Destilação
Envelhecimento
Filtragem
Envase
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Moagem da Cana
A cana a ser enviada para o engenho deve ser madura, fresca e limpa. Depois de cortada esta
deverá ser moída num prazo máximo de 24 a 36 horas, evitando assim, a deterioração do caldo.
Para a retirada do caldo da cana que contém os elementos para a fabricação da cachaça, usa-se
moendas que separam o caldo do bagaço.
Em seguida, este caldo é preparado através da adição de nutrientes e levado às dornas de
fermentação. A moagem da cana fora da safra pode trazer problemas de fermentação e na destilação,
podendo inclusive turvar a cachaça produzida nestas condições.
Filtração e Decantação
Na saída da moenda o caldo deverá passar por um sistema de filtragem (peneira), para a
retirada de impurezas, em especial os bagacilhos originados na moagem, e que favorecem as infecções
da fermentação. Nos pequenos empreendimentos utiliza-se, em geral, peneira fixa com tela de nylon.
Em seguida, no mesmo conjunto o caldo pré-filtrado passa pelo decantador, onde deixa as
impurezas mais finas, como resíduos de terra. O decantador pode ser construído de várias formas,
sendo um dos mais simples, aquele construído com um desnível, e que possui um jogo de lâminas na
parte interna, que permite a passagem do caldo acima e abaixo das mesmas, alternadamente, a fim de
facilitar o depósito das sujidades. E, no fundo do tanque uma válvula de escoamento para permitir a
retirada das impurezas decantadas.
Após a limpeza, o caldo vai ser padronizado para a fermentação.
Preparação do Mosto
Mosto é o nome que se dá ao caldo de cana adicionado de fermento.
A substância mais importante do mosto é o açúcar, pois é ele que será transformado em álcool
durante a fermentação.
A garapa (caldo da cana) depois de filtrada e decantada é transferida para um tanque de
preparação do mosto. A primeira providência á a determinação do teor de açúcar, podendo ser utilizado
aerômetro ou sacarímetro de Brix. Uma boa fermentação ocorre com o caldo de cana numa
concentração de açúcares entre 12 a 16º Brix e numa temperatura de 30ºC. Normalmente o caldo da
cana moída apresenta uma concentração entre 18 a 22º Brix, devendo ser diluído.
No preparo do fermento o ºBrix deve estar entre 7 e 15 graus e numa temperatura de 20ºC.
Quando o caldo está com uma concentração acima de 18º Brix, torna-se necessário a sua diluição para
garantir um bom trabalho de fermentação e a estabilidade do fermento ao longo de todo o período de
fabricação.
Teores altos de açúcar acarretam fermentações mais lentas e freqüentemente incompletas,
aumentando na destilação o teor de furfural o que provoca aroma e gostos desagradáveis na cachaça.
Já os teores baixos permitem fermentações mais rápidas, porém acarretam perdas de rendimento na
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destilação.
Outro ponto a se observar é que a água utilizada na diluição do caldo deve ser clorada, e em
seguida desclorada através do uso de filtros especiais.
Diluição do Mosto
Estando o caldo da cana com um teor de açúcar superior a 16°Brix, deve-se adicionar água de
boa qualidade para ajustar a concentração entre 12 a 16°Brix. Nos alambiques menores, o melhor local
para realizar essa operação é uma caixa de recepção ou tanque de diluição. No caso de destilarias
maiores, com mais de um terno de moendas, a diluição pode ser controlada pela quantidade de água em
embebição.
A água usada para diluir o caldo precisa ser potável, para não haver contaminação. Uma das
causas mais comuns de problemas na fermentação é o uso de água contaminada.
Para garantir a qualidade da água é aconselhável realizar um controle através de uma análise
bacteriológica da água em laboratórios especializados, efetuada pelo menos mensalmente.
Exemplo: para 100 litros de caldo de cana com 21°Brix, acrescente 40 litros de água de boa
qualidade e misture bem para que o caldo fique homogêneo.
Após a diluição do caldo, deve-se verificar o pH utilizando um papel indicador. O fermento
(leveduras) atua melhor em meio ácido quando o mosto apresenta pH entre 4,0 e 5,0. De uma maneira
geral a acidez do fermento (pé-de-cuba) pode ser suficiente para a correção do mosto. Na produção em
pequena escala , normalmente, essa correção não é realizada.
Fermentação
Consiste em adicionar ao mosto uma levedura, para transformar o açúcar em álcool. São vários
os gêneros e espécies correlacionados com o processo: Saccaromyces cerevisae, S. carlsbergenisis,
Pichia membranaefaciens, Cândida krusei, e outros.
As dornas de fermentação são recipientes onde são inoculados os mostos. Pé-de-cuba, é o
mosto preparado com cuidados especiais, de maneira que determinado fermento desenvolva nas
melhores condições possíveis. Este mosto, devidamente inoculado, deve ser misturado ao mosto
normal, em quantidade conveniente, assim tem-se a fermentação com as características desejadas.
Preparado o mosto e inoculado o pé-de-cuba, ele entra, após natural multiplicação do fermento,
no processo fermentativo propriamente dito. Coloca-se o pé-de-cuba na dorna de fermentação
despejando em seguida, sobre ele, aos poucos, de, maneira intermitente e contínua, em filete fino,
preferivelmente subdividido por peneira, o mosto preparado. Inicia-se então, a fase preliminar da
fermentação, quando a levedura se multiplica intensamente.
Cessada a fermentação, deixa-se em repouso, por 2 a 3 horas para a sedimentação da levedura.
Em seguida retira-se quatro quintos deste mosto, agora denominado vinho, cuidando para não ter ainda,
em suspensão, uma parte do pé-de-cuba, evitando agitação. Este vinho vai para o alambique e pode ser
ainda filtrado, coado ou peneirado. A quinta parte restante na dorna funciona como um pé-de-cuba para
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Destilação
O vinho de cana produzido pela levedura durante a fermentação é rico em componentes nocivos
á saúde, como aldeídos, ácidos, bagaços e bactérias, mas possui baixa concentração alcóolica. Com a
graduação fixada por lei é de 38 a 54 GL, é preciso destilar o vinho para elevar o teor de álcool.
O termo destilação corresponde à separação das substâncias voláteis presentes no líquido,
inicialmente transformadas em vapor, e depois condensadas. A operação é conseguida através do calor,
necessário para evaporar, e do frio, no caso conseguido com a água, para condensar os vapores.
O princípio da destilação se baseia-se na diferença entre o ponto de fervura (ebulição) da água
(100ºC) e o do álcool etílico (78,4ºC), o que permite separa o álcool, e serve para todos os tipos de
destilados.
Do destilado Cachaça cerca de 80% é a cachaça propriamente dita, chamada também de
cachaça do “coração” ou “do meio”. As primeiras e as últimas porções saídas da bica do alambique
devem ser separadas, eliminadas ou recicladas, por causa das toxinas. São elas:
- Cabeça – com 5 a 10% do destilado total. Contém a maior parte do etanol e parte dos aldeídos e álcool
superiores.
- Cauda ou Água Fraca – corresponde aos cerca de 10 a 15% finais do destilado total.
Portanto, para uma aguardente de qualidade superior, é fundamental, que os elementos contidos
nestas duas partes não passem ao produto final. Estas partes retornam para um depósito, e podem ser
novamente destilados na próxima alambicada.
Envelhecimento
Processo que aprimora a qualidade sensorial das bebidas nobres, o envelhecimento é a etapa
final da elaboração da cachaça artesanal.
A cachaça recém destilada, de coloração branca, apresenta um paladar agressivo e levemente
amargo. O envelhecimento, além de melhorar o aroma e o paladar, pode modificar a coloração, de
branca para amarelada, e torna a cachaça macia, aveludada, atenuando a sensação secante de álcool.
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As condições climáticas sugeridas para o envelhecimento são: o uso de local fresco, com
temperatura entre 15 e 20ºC, umidade relativa de 70 a 90%, e com arejamento adequado.
A estocagem é feita, preferencialmente, em barris de madeira, onde ainda acontecem reações
químicas. Existem madeiras neutras, como o jequitibá e o amendoim, que não alteram a cor da cachaça.
As que conferem ao destilado um tom amarelado e mudam seu aroma são o carvalho, a umburana, o
cedro e o bálsamo, entre outras. Além dessas citadas acima, existem outros tipos de madeiras utilizadas
no processo de envelhecimento que são: jabota, freijó, ipê, peroba, jequitibá, louro, grápia, etc, de
acordo com as disponibilidades regionais. Cada uma dá um toque especial, deixando a cachaça mais ou
menos suave, adocicada e perfumada, dependendo do tempo de envelhecimento.
Filtragem
As boas práticas de produção de cachaça recomendam a filtragem do destilado antes do
envase, objetivando conferir ao produto limpidez, transparência e brilho e, em alguns casos, para corrigir
defeitos de qualidade.
Alguns elementos filtrantes, como celulose, algodão e resina neutra, não alteram as
propriedades químicas, o paladar e o aroma da cachaça. Entretanto, outros elementos, a exemplo do
carvão ativado, alteram a composição química e sensorial do produto. Sendo assim, podemos constatar
que o uso de determinado tipo de filtro implica em fixar o padrão de qualidade e a aparência do produto
no mercado.
Envase
O engarrafamento consiste em acondicionar o produto em embalagens adequadas e novas
comumente em volumes de 600 ou 1.000 ml. Neste processo, através de uma enchedora, a cachaça é
transferida para a embalagem, observando os cuidados de filtragem do destilado, sendo posteriormente
fechada.
O presente perfil foi dimensionado para produzir cerca de 350 litros de cachaça por dia, com uma
carga de trabalho diária de 8 horas, durante 100 dias/ano.
Além disso, estimou-se que para 1 tonelada de cana teríamos uma extração de 600 lts a 700 lts
de caldo de cana (garapa).
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Rendimento
Considerou-se que 1 tonelada de cana (com 18º Brix) produz 105 litros de cachaça
a) Planejamento da Produção
59,5% Vinhaça
(1983,33 lts)
30,0% Bagaço
(1000 kg)
b) Necessidade de mão-de-obra
A mão-de-obra, necessária nas etapas deste perfil, está listada na tabela abaixo:
Tempo aproximado para
Número pessoas produção de 350 lts de Tarefas a serem desenvolvidas
cachaça/dia
04 3,5 horas/dia Corte da cana.
01 3,5 horas/dia Moagem, Filtração e Decantação.
Preparo do Mosto, Fermentação, Destilação,
02 8,0 horas/dia
Envelhecimento, Envase.
a) Matéria prima
A cana-de-açúcar é a matéria-prima para a fabricação da cachaça, sua escolha e manuseio são
de grande importância na eficiência da fermentação, destilação e em conseqüência, da qualidade do
produto final
Desta forma, deve-se escolher as variedades que melhor se adaptem ao solo, período de safra e
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b) Insumos
Uma das principais características da cachaça artesanal é a utilização de nutriente natural, ou
seja, ausência de qualquer produto químico no processo de fermentação. O agente fermentativo natural
da cana-de-açúcar é a microbiota natural, que a acompanha desde a lavoura. Na microbiota predominam
as leveduras, e ainda está contida grande quantidade de bactérias. A mesma pode ser enriquecida por
nutrientes orgânicos e minerais presentes no farelo de arroz, farelo de soja e fubá de milho. O uso de
nutriente natural, como o fubá, é um dos procedimentos que historicamente vem sendo adotado pelos
produtores de cachaça.
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a) Embalagem
A principal embalagem utilizada para envase da cachaça é a garrafa de vidro. O sistema de
fechamento é através de tampa metálica, rolha ou conta-gotas.
Além disso, observamos, como nova tendência de mercado, a utilização de vasilhames de
cerâmica, especialmente por estabelecimentos mais preocupados com a diferenciação e sofisticação do
produto.
b) Rotulagem
Os alimentos industrializados são identificados pelo rótulo, que deve estar presente em sua
embalagem. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), rótulo é toda inscrição,
legenda e imagem ou, toda matéria descritiva ou gráfica que esteja escrita, impressa, estampada,
gravada ou colada sobre a embalagem do alimento. O rótulo é responsável por fornecer dados
importantes do produto ao consumidor.
Lista de ingredientes: com exceção de alimentos com um único ingrediente (por exemplo:
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açúcar, sabores, etc), os demais devem ter a descrição de todos os ingredientes no rótulo,
por ordem decrescente da proporção. Os aditivos alimentares também devem fazer parte da
lista, sendo relatados por último.
Identificação do lote: no rótulo deve estar impresso uma indicação em código que permita
identificar o lote a que pertence o alimento.
Prazo de validade: deve estar presente de forma visível e clara. No caso de alimentos que
exijam condições especiais para sua conservação, deve ser indicado o melhor local de
armazenamento (freezer, congelador, geladeira) e o vencimento correspondente. O mesmo
se aplica a alimentos que possam alterar-se depois de aberta suas embalagens. O
consumidor deve estar sempre atento à data de validade, ao adquirir um alimento. Todo
produto vencido deve ser desprezado pois, além de perder a garantia de qualidade pelo
fabricante, pode trazer riscos à saúde.
Instruções sobre o preparo e uso do alimento: quando necessário, o rótulo deve conter
as instruções necessárias sobre o modo apropriado de uso, incluindo a reconstituição e o
descongelamento.
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Exemplo de rótulo
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Sabemos que a qualidade é um dos principais elementos da competitividade e fator básico para
a conquista de novos mercados. Isso deve-se ao aumento da capacidade crítica dos consumidores com
relação à qualidade sanitária dos alimentos, além da sua importância para a saúde dos mesmos,
repercutindo, assim, em toda a cadeia produtiva a necessidade de melhoria das medidas higiênicas em
todas as etapas.
Assim, aquele que se dispuser a produzir e negociar alguma mercadoria deve sempre estar
atento à qualidade de seu produto e para isto deve observar alguns pontos. Muitas vezes a pequena
indústria não tem como efetivar uma série de análises que permitirão avaliar a real qualidade de seu
produto, entretanto, normas de higiene, tanto a nível pessoal quanto de equipamentos e instalações
devem ser observados diariamente.
Os cuidados devem inicia-se desde a aquisição da matéria-prima, isto é, desde o plantio no
campo, observando a qualidade dos produtos químicos (adubos) e as quantidades utilizadas durante o
cultivo. Devendo a cana colhida possuir boa qualidade para processamento, sendo que a qualidade do
caldo é função da variedade da cana, do seu grau de amadurecimento e da higiene em sua extração.
Devemos entender que a qualidade do produto final na indústria é o resultado de um controle
eficiente da matéria-prima, insumos e ingredientes, do processamento e de pessoal. Também da
certificação destas etapas pela avaliação do produto acabado e determinação do tempo exposto nas
prateleiras (vida de prateleira) do produto obtido, que deve ser informada no rótulo.
Outro fator importante no controle de qualidade é a realização, constante, da capacitação
(treinamento) da equipe de trabalho. Desta forma, todos os representantes da agroindústria se tornam
responsáveis pela qualidade do produto que está sendo produzido.
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d) Quanto ao Metanol
A formação de metanol é altamente indesejável, em razão da sua alta toxidez para o homem.
Deve-se evitar uma fermentação conduzida na presença de sucos ou polpas de frutas ricas em pectina,
tais como laranja, limão, maçã, abacaxi e outras, em função de aumentar acentuadamente a formação
de metanol.
e) Quanto ao Cobre
Basicamente, aguardentes com teores elevados de cobre indicam falta de higienização do
alambique, principalmente durante as paradas. Recomenda-se encher o alambique e as serpentinas com
água para evitar a oxidação do cobre e contaminação da cachaça pelo metal, ou seja, não deixar que o
azinhavre (zinabre) contamine a bebida.
No processo de destilação da aguardente, ocorre a formação do carbonato básico de cobre, a
azinhavre, na superfície do metal. Este carbonato é solubilizado pelos vapores ácidos produzidos
durante a destilação, e por arraste, conduz à contaminação do produto final por íons de cobre.
A primeira destilação deve ser feita com água, de modo a eliminar todos os resíduos de cobre e
ingredientes utilizados na limpeza.
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i) encher o alambique com água após a jornada de trabalho e uma vez por semana adicionar a
essa água cal apagada ou extinta, para evitar formação de azinhavre;
j) lavar o piso e as paredes com uma solução de hipocloreto de cálcio a 2%;
k) lavar as dornas de fermentação com água em abundância ao fim da safra. Se necessário, fazer
uso de escova de aço para a retirada de quaisquer resíduos aderidos às paredes das dornas (tal
procedimento também deve ser executado sempre que houver necessidade de trocar o pé-de-
cuba);
l) Passar uma solução de cal interna nas dornas de fermentação, nos períodos de entressafra,
para evitar o aparecimento de ferrugem;
Quando falamos de boas práticas de fabricação podemos definir como um conjunto de normas
e procedimentos exigidos na elaboração dos produtos alimentícios e que envolvem a produção e a
distribuição do alimento, os manipuladores e as instalações que influenciam na qualidade final do
produto. Essas normas têm o objetivo de garantir a qualidade sanitária dos alimentos evitando assim o
prejuízo para a saúde humana.
Neste contexto podemos retratar as boas práticas de fabricação, segundo a legislação
específica, nos seguintes pontos, que são:
- em relação aos manipuladores de alimentos.
- em relação à produção.
- em relação às instalações.
- em relação ao controle de pragas.
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Todas as pessoas que manipulam alimentos devem receber instruções adequadas em relação
às regras básicas de matéria higiênica-sanitária, na manipulação dos alimentos e higiene pessoal, de
forma a adotar as precauções necessárias para evitar a contaminação dos alimentos.
Além disso, devem possuir carteira de saúde, emitida pelo posto de saúde local, e na suspeita
de possuir alguma enfermidade ou problema de saúde o manipulador deve ser afastado das atividades
até a sua completa recuperação.
Toda pessoa que trabalhe numa área de manipulação de alimentos, enquanto em serviço,
deve lavar e desinfetar as mãos antes do início dos trabalhos, imediatamente após o uso de sanitários,
após a manipulação de material contaminado e todas as vezes que for necessário. É fundamental o
emprego de avisos que indiquem a obrigatoriedade e a forma correta de lavar as mãos.
Na manipulação de alimentos deve ser mantida uma higiene pessoal esmerada, como:
- manter unhas limpas e cabelos limpos cobertos com gorros;
- usar roupas limpas e em bom estado de conservação;
- remover todo o tipo de adorno (anéis, brincos, pulseiras, relógio, etc.), entre outros.
O comportamento no ambiente de trabalho deve garantir uma produção de alimentos sadios,
por isso devemos evitar a prática de atos não sanitários, enquanto estivermos manipulando alimentos,
como: coçar a cabeça; introduzir o dedo na orelha, nariz ou boca; tossir ou espirrar sobre os alimentos;
fumar ou outras práticas anti-higiênicas.
Os visitantes devem ser orientados quanto às normas sanitárias.
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- produtos que serão reprocessados devem ser mantidos em boas condições para não
afetarem a qualidade do produto final.
- produtos deteriorados, devolvidos pelos clientes, nunca devem entrar na área de
processamento e devem ser armazenados separadamente, devidamente identificados, até a sua
destruição.
- quando estiverem sendo realizadas reformas que geram poeiras, a produção deve ser
interrompida.
- embalagens de insumos e de produtos não devem ser utilizados para outros fins, senão
aqueles destinados para a contenção de seus produtos afins.
- deve ser evitado o uso de panos na área de produção.
- o equipamento deve satisfazer os padrões de higiene industrial, deve ser adequado ao
processo e compatível com a sua capacidade de produção.
- os equipamentos e utensílios devem ser mantidos em bom estado de conservação e
funcionamento. Após o término de uma manutenção, o equipamento deve ser limpo e sanitizado antes
de seu uso.
- os recipientes para lixo devem ser exclusivos, mantidos limpos e corretamente fechados.
– os recipientes para lixo devem ser estrategicamente colocados na unidade de
processamento, onde for necessário, porém afastados do alimento.
A estrutura física de uma unidade de produção deve fornecer condições para as boas práticas
de fabricação de tal forma que:
- a área circunvizinha não deve contribuir negativamente para a higiene da unidade.
- o espaço interno deve ser suficiente para a correta instalação dos equipamentos, estocagem
de matéria-prima e produtos finais.
- não deve haver cruzamento de matéria prima e produto acabado, já que este último não deve
receber microorganismos típicos das matérias primas, colocando a perder todo o processamento;
- os sanitários e vestiários não devem ter comunicação direta com a área de processamento;
- as janelas não devem possuir peitoril na parte interna, para evitar o acúmulo de poeira;
- as paredes e tetos devem ser lisos, laváveis, impermeáveis e de cor clara;
- os pisos devem ser antiderrapantes, impermeáveis, de fácil limpeza e sanitização;
- entre a parede e o teto não devem existir aberturas que propiciem a entrada de insetos ou
pássaros, e o telhado não deve facilitar a acomodação de pássaros. Nos casos de haver pássaros
devem ser constantemente afastados da área.
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Considera-se praga um animal que vive dentro dos produtos alimentícios ou sobre eles,
causando destruição, contaminação ou outros problemas. As pragas mais comuns encontradas nas
áreas de manipulação de alimentos são:
- roedores como ratos e camundongos;
-insetos como moscas, baratas, traças, formigas e insetos de produtos armazenados;
- pássaros como pardais e pombos.
Todas estas pragas causam de uma forma ou de outra, algum estrago, contaminação, ou
simplesmente causam incômodo, caso estes animais consigam viver nas áreas de processamento de
alimentos.
É importante ter atenção aos sinais que estes animais deixam, como por exemplo, seus
próprios corpos, vivos ou mortos; as fezes de roedores ou pássaros; rasgos em sacos, caixas e pacotes,
causados por mordidas ou arranhões; derramamento de produtos, etc.
A existência de pragas no ambiente de produção consiste em um grave perigo de
contaminação, deterioração de alimentos, intoxicação e doenças veiculadas por alimentos. Portanto, em
qualquer evidência de pragas, devemos agir rapidamente para corrigir o problema.
As áreas de processamento devem ser planejadas, construídas e manejadas de maneira que
as pragas não tenham condições de sobreviver. Deve-se controlar seu acesso à área de manipulação e
não dar condições de alimentação e reprodução, com isto dificultam sua probabilidade de existência.
As pragas são encontradas em despensas e depósitos que não são usados com muita
freqüência como, depósitos de equipamentos de limpeza, de papéis, embalagens e caixas; depósitos de
equipamentos fora de uso, de peças e ferramentas.
Um lugar óbvio para encontrar esses animais é o depósito de lixo, especialmente se não for
desinfetado e limpo regularmente.
Medidas preventivas
- instale telas laváveis em todas as janelas;
- faça inspeções regulares de manutenção, corrigindo qualquer problema;
- instale lâmpadas UV (Ultra Violeta) para controlar os insetos;
- realize a vedação completa de canos, fendas e buracos;
- faça com que portas e janelas encaixem perfeitamente;
- limpe imediatamente qualquer lixo derramado;
- armazene alimentos fora do chão (30 cm) e longe das paredes (60 cm);.
- conserve alimentos em recipientes bem fechados;
- as áreas de manipulação devem estar sempre bem organizadas e limpas.
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A produção de cachaça exige alguns cuidados para que, principalmente, quando julgada pelos
seus atributos sensoriais (aspecto, aroma e sabor), seja considerada de boa qualidade.
Para que isso ocorra, recomenda-se:
Não utilizar o colmo de cana em amadurecimento, que possui uma baixa concentração de
açúcares e, proporcionalmente maior teor de fibras o que ocasionaria, pois o processamento desta
matéria-prima poderá provocar vários problemas, tais como o "embuchamento" da moenda, formação
excessiva de espumas na fermentação, dentre outros, resultando na redução do rendimento do processo
produtivo
m) Realizar o corte da cana quando ela estiver madura, com teor de sacarose mínimo de 18º brix;
n) A não-queima da cana na colheita;
o) Moer a cana, no máximo, 24 a 36 horas após a colheita;
p) Fazer a limpeza do caldo antes de transferi-lo para as dornas de fermentação (filtragem e
decantação);
q) Realizar a fermentação natural do caldo de cana. Utiliza-se o fubá e farelo de arroz como
substrato para o desenvolvimento das leveduras;
r) A fermentação deve ser lenta e completar-se num período de 24 horas;
s) Após a fermentação deixar o vinho decantar;
t) Transferir o vinho decantado para o alambique, evitando a presença de qualquer elemento
sólido;
u) Destilar lentamente, evitando oscilações da vazão de cachaça ou do destilado;
v) Na primeira alambicada do dia, retornar os 10% do destilado, para nova destilação, de modo a
evitar excesso de cobre;
w) Separar os destilados de cabeça, coração e cauda;
x) Ter o cuidado de manter uma boa higiene na fábrica, lavando as moendas e instalações
diariamente após as operações;
y) Realizar exames periódicos visual ou com lâmpada de luz ultravioleta nas dobras e interior de
pilhas e sacarias e locais críticos, onde possam existir atividades de roedores e insetos.
z) Elaborar um Manual de Boas Práticas de Fabricação adaptada a realidade do estabelecimento.
(Ver Manual “Recomendações Básicas para aplicação das boas práticas agropecuárias e de
fabricação na agricultura familiar” elaborado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos em
parceria com o Programa de Agroindústria da SAF/MDA (www.mda.gov.br/SAF/agroindustria).
aa) Realizar, freqüentemente, treinamentos com o pessoal da agroindústria familiar em práticas
adequadas de fabricação.
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em peso da cana madura será aproveitado de forma integral para alimentação de bovinos e
suínos, ou ser utilizado como cobertura morta no canavial.
• Bagaço: pode ser utilizado como combustível na fornalha dos tachos de concentração de caldo
e também como adubo orgânico. Uma outra forma de aproveitamento é o seu uso para a
alimentação de ruminantes.
• O vinhoto é gerado em uma média de 600 a 800 litros para cada 100 litros de cachaça
produzida, e sua composição tem uma larga demanda química e bioquímica de oxigênio (DQO
e DBO), o que lhe confere um caráter altamente poluidor. Sendo que, o seu descarte direto em
recursos hídricos (cursos d'água, como córregos, rios ou riachos) provoca o decréscimo do
oxigênio dissolvido na água, causando mortandade de peixes, mau cheiro, proliferação de
insetos, etc. Desta forma, observa-se atualmente a sua aplicação na alimentação animal (por
exemplo bovinos confiados em pasto) e na fertirrigação.
ENTRADA
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AQUARONE, E.; LIMA, U. de A.; BORZANI, W. Alimentos e Bebidas Produzidos por Fermentação. São
Paulo: E. Blucher.
BRASIL. Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997. Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-
Sanitárias e Boas Práticas de Elaboração para Estabelecimentos Elaboradores/Industrializadores de
Alimentos. Brasília: Ministério da Saúde. 1997.
BRASIL. Resolução CONAMA nº 020, de 18/06/86. Estabelece Padrão de Emissão que pode Lançar em
Qualquer corpo d`água.
BRASIL. Resolução CONSEMA N.º 001/2006. Aprova a Listagem das Atividades Consideradas
Potencialmente Causadoras de Degradação Ambiental passíveis de licenciamento ambiental pela
Fundação do Meio Ambiente – FATMA e a indicação do competente estudo ambiental para fins de
licenciamento.
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BRASIL. Resoluções RDC nº 360, de 23/12/03. Regulamento Técnico Sobre Rotulagem Nutricional de
Alimentos Embalados. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2003.
GRAVATÁ, C. E. Manual da Cachaça Artesanal. 2ª ed. Belo Horizonte:Mazza Edições, 1992. 78p.
Instrução Normativa nº 13 de 29/06/2005. Aprova o Regulamento Técnico para Fixação dos Padrões de
Identidade e Qualidade para Aguardente de Cana e para Cachaça. Brasília: Ministério da Agricultura,
2005.
LOPES, Regina Lúcia Tinoco. Manual para Produção Artesanal de Aguardente. CETEC - Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais. 2a edição.
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Portaria nº 371, de 04/09/97. Regulamento Técnico para Rotulagem de Alimentos Embalados. Brasília:
Ministério da Agricultura e do Abastecimento, 1997.
RIBEIRO, José Carlos Gomes Machado. Fabricação Artesanal da Cachaça Mineira. 2.ed. Campinas:
2002.
Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas. Disponível em: www.sbrt.ibict.br. Acesso em: 04 de junho de
2007.
Sites utilizados:
- www.agricultura.gov.br
- www.anvisa.gov.br
- www.inmetro.gov.br
- www.mda.gov.br
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