Filosofia 10 - Lógica - Resumo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 22

Ministério da Educação

LÓGICA PROPOSICIONAL – 10º ANO


APRENDIZAGENS ESSENCIAIS

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Filosofia_10º ano

Racionalidade argumentativa da Filosofia e a dimensão discursiva do


trabalho filosófico

Índice

Noção de argumento 2

Indicadores de premissas e de conclusão 3

Validade e verdade 3/4

Quadrado lógico 5

Proposições simples e proposições complexas 6

As conectivas e as variáveis proposicionais 6/7

Formalização e interpretação de proposições complexas 7/8

Tabelas de verdade 8/9/10/11

O recurso a parênteses numa fórmula 11

Tabelas de verdade de formas argumentativas 12

Regras de inferência válida 13

Principais falácias formais 14

Tipos de argumentos e falácias informais 15

Argumentos informais/não dedutivos 16/17

Falácias informais 18/19/20

Bibliografia e Webgrafia 21

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Noção de argumento

Um argumento é um conjunto de proposições em que se pretende que uma delas


(a conclusão) seja apoiada pelas outras (as premissas).

O argumento percebe-se melhor se o escrevermos assim:


Premissa 1: Nem tudo o que os artistas fazem é belo.
Premissa 2: Tudo o que os artistas fazem é arte
Conclusão: Nem toda a arte é bela.

O argumento tem duas premissas e uma conclusão. Mas os argumentos


podem ter apenas uma premissa, ou mais de duas; contudo, só podem ter uma
conclusão.

Uma premissa é uma proposição usada num argumento para defender uma
conclusão.
Uma conclusão é a proposição que se defende, num argumento, recorrendo a
premissas.

Um argumento é um conjunto de proposições. Mas nem todos os conjuntos de


proposições são argumentos. Para que um conjunto de proposições seja um
argumento é necessário que essas proposições tenham uma certa estrutura: é
necessário que uma delas exprima a ideia que se quer defender (a conclusão),
e que a outra ou outras sejam apresentadas como razões a favor dessa ideia
(a premissa ou premissas).
Se nos limitarmos a apresentar ideias, sem as razões que as apoiam, não
estamos a apresentar argumentos a favor das nossas ideias. E se não
apresentarmos argumentos, as outras pessoas não terão qualquer razão para
aceitar as nossas ideias. Argumentar é entrar em diálogo com os outros.
Um raciocínio ou uma inferência é um argumento. Raciocinar ou inferir é
retirar conclusões de premissas.

Indicadores de premissas e conclusão

A linguagem possui várias expressões que são indicadores de conclusão e


premissas. É importante conhecer algumas, tanto para ser capaz de identificar
o que são premissas e conclusões em um argumento como para, ao escrever
ou falar, tornar mais claro o que se pretende dizer. Veja alguns exemplos de
indicadores de conclusão e premissas:

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Conectivos lógicos indicadores de premissas

 se …
 dado que…
 pela razão de que …
 porque …
 pois …
 pelo fato de …
 como …

Conectivos lógicos indicadores de conclusão

 então …
 logo …
 daqui se infere …
 portanto …
 assim …
 por isso …
 verifica-se …

VALIDADE E VERDADE

O que fazemos ao argumentar? Ao argumentar, justificamos as nossas


opiniões, crenças ou pontos de vista com razões. Isso é indispensável, quer
em relação a nós próprios, quer para com os outros. Aos outros, muitas vezes
queremos persuadi-los, convencê-los, levá-los a agir de certo modo, e em
relação a nós próprios também queremos o mesmo, queremos ultrapassar as
dúvidas, firmar as nossas certezas ou melhor, examinar as razões do que
afirmamos é o que devemos fazer. Se assim não for, se não sustentarmos as
nossas convicções com argumentos, seremos arbitrários e dogmáticos.

Para evitar estes defeitos que comprometem seriamente as vantagens da vida


humana social, é necessário argumentar bem. Argumentar é procurar chegar a
uma conclusão partindo de uma sequência de proposições chamadas
premissas (mas é suficiente dispor de uma). Este processo, também chamado
raciocínio, se for realizado corretamente, sustenta a verdade da conclusão.
Assim, em lógica é muito importante distinguir a validade, que é uma
propriedade do argumento, da verdade, que é uma propriedade das
proposições que o constituem. Examinemos esta diferença com mais
pormenor.

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Como já dissemos, as proposições podem ser verdadeiras ou falsas (e
podem ser também muitas outras coisas, como aborrecidas ou estranhas,
belas ou angustiantes; só não podem ser válidas ou inválidas no mesmo
sentido em que os argumentos são válidos ou inválidos). Por exemplo:

Todos os poetas têm visões.

Esta proposição ou é verdadeira ou é falsa, mas a lógica nada nos diz


sobre isso. O que a lógica só nos diz é que, se for verdadeira, a sua negação
completa é falsa, e se for falsa, a sua negação completa é verdadeira.

Os argumentos podem ser válidos ou inválidos. (Consideraremos para


o efeito desta explicação, apenas o género dedutivo, e não outros argumentos
não-dedutivos.) E o que a lógica nos pode garantir é que se o argumento
(dedutivo) for válido e as premissas forem verdadeiras, é impossível que a
conclusão seja falsa. A lógica dedutiva estuda as regras que garantem que,
sendo verdadeiras as premissas de um raciocínio, a conclusão também será
verdadeira.

Resumindo:

Os argumentos são válidos ou inválidos.

As proposições são expressas por enunciados linguísticos com valor de


verdade, o que significa dizer que são verdadeiras ou falsas.

E a validade dedutiva do argumento garante que a verdade das


premissas garante a verdade da conclusão. A conclusão de um argumento é
garantidamente verdadeira se, e só se, as premissas são verdadeiras e o
argumento é válido. Dizemos então, nestas circunstâncias, que estamos
perante um argumento sólido. (possui solidez) Esta solidez é garantida pela
verdade das proposições que o constituem – premissas e conclusão – e pela
sua forma lógica correta. (validade)

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Quadrado da Oposição

Na lógica tradicional, o quadrado da oposição resume as relações lógicas que


ocorrem entre as quatro formas de proposições da forma sujeito-predicado,
conhecidas por A, E, I, O: todos os X são Y; nenhum X é Y; alguns X são Y;
alguns X não são Y.

Resumindo este quadro, os pares de tipo de proposição {A,O}, {O,A}, {E,I}, {I,E}
são entre si contraditórios. Os pares do tipo de proposição {A,E}, {E,A} são
entre si contrários. Os pares de tipo de proposição {I,O}, {O,I} são entre si
subcontrários.

 Duas proposições são contraditórias = não podem ser ambas


verdadeiras nem podem ser ambas falsas.
 Duas proposições são contrárias = não podem ser ambas verdadeiras,
mas podem ser ambas falsas.
 Duas proposições são subcontrárias = não podem ser ambas falsas,
mas podem ser ambas verdadeiras.

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019
Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019
Exemplo 5 – Condicional
Se o João vai a Paris então vai a Londres. P Q

A condicional pressupõe um antecedente começado por se (P) e um consequente


começado por então (Q).

Exemplo 6 – Bicondicional
O João vai a Paris se e só se for a Londres. P Q

A bicondicional pressupõe uma equivalência entre P e Q. João só vai a Paris se e só se


for a Londres e vice-versa.

Tabelas de Verdade

O uso de tabelas de verdade torna possível definir o valor lógico de uma


proposição, isto é, saber quando é verdadeira ou falsa.

Em lógica, as proposições representam pensamentos completos e indicam


afirmações de fatos ou ideias.

Utiliza-se a tabela verdade em proposições compostas, ou seja, proposições


formadas a partir da conexão de proposições simples.

Para combinar proposições simples e formar proposições compostas utilizamos


os conectivos lógicos. Estes conectivos representam operações lógicas.

Na tabela que se segue, estão indicados os principais conectivos, os símbolos


usados para representá-los, a operação lógica que representam e o respetivo
valor de verdade.

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


1. Negação
Para obtermos a negação de uma proposição basta alterar o valor de verdade
de uma proposição de partida.

2. Conjunção
A conjunção é verdadeira somente quando as duas proposições simples são
verdadeiras

3. Disjunção
A disjunção (inclusiva) é verdadeira desde que uma das proposições que a
compõem seja verdadeira.

4. Disjunção exclusiva
A disjunção exclusiva exclui a possibilidade de ambas as proposições serem
verdadeiras (ou falsas). Então, será falsa desde que ambas as proposições
apresentem o mesmo valor de verdade.

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


5. Condicional
A condicional só é falsa quando a antecedente for verdadeira e a consequente
falsa.

6. Bicondicional
Só é verdadeira quando ambas as proposições coincidem no valor de verdade.

É possível a partir de agora, trabalharmos proposições complexas constituídas por vários


conectores de verdade.
Ex: “A Filosofia é interessante se e só se a vivermos e não for aborrecida”
Procedemos então à sua formalização:
Dicionário:
1. A Filosofia é interessante – P
2. A Filosofia é vivida –Q
3. A Filosofia é aborrecida – R

Fómula: P (Q ^ P)

Tabela de verdade:

Ordem de resolução: 3 2 1

10

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Quando nos é dada a proposição já formalizada, então basta construirmos a tabela de verdade
acerca da mesma:

Ex: ( P v Q ) ^ ( R S)

P Q R S (P v Q) ^ (R S)
V V V V V V V V V V V
V V V F V V V F V F F
V V F V V V V V F V V
V V F F V V V V F V F
V F V V V V F V V V V
V F V F V V F F V F F
V F F V V V F V F V V
V F F F V V F V F V F
F V V V F V V V V V V
F V V F F V V F V F F
F V F V F V V V F V V
F V F F F V V V F V F
F F V V F F F F V V V
F F V F F F F F V F F
F F F V F F F F F V V
F F F F F F F F F V F
Ordem de resolução: 1 3 2

Notas adicionais: Devemos começar por resolver as conectivas de menor dimensão, neste
caso a disjunção e a condicional (entre parênteses) e, com o resultado destas, resolvemos a
conectiva de maior dimensão, neste exemplo a conjunção. (partimos do simples para o mais
complexo) Os valores finais de uma tabela de verdade, que correspondem à fórmula
proposicional completa, podem revelar-nos uma tautologia (as proposições são verdadeiras
em todas as circunstâncias – necessidades lógicas), uma contradição (as proposições são falsas
em todas as circunstâncias – impossibilidades lógicas), ou uma contingência (as proposições
são verdadeiras e falsas – logicamente contingentes). (ponto 3 da ord. de resol. na tabela anterior)

O recurso a parênteses numa fórmula

Quando devemos usar os parênteses numa fórmula? Quando uma conectiva e a proposição
que a antecede ou sucede se aplica a tudo o que está dentro dos parênteses, ou a duas
proposições articuladas por uma conectiva de maior dimensão.

Se tivermos como exemplo a seguinte fórmula: P (Q ^ R ), correspondente a se me esforçar


no estudo, obterei boas classificações e os meus pais ficam muito contentes. Neste caso o uso
de parênteses curvo é necessário para indicar que o consequente é toda a conjunção.

Podemos também recorrer ao parênteses reto para associar por exemplo duas implicações,
dado que é necessário mostrar que a disjunção é entre as duas implicações.

Ex: P (Q ^ R) v ¬P (¬Q∧ ¬R) , correspondente a se me esforçar no estudo, obterei


boas classificações e os meus pais ficam muito contentes, ou se não me esforçar no estudo, não
obterei boas classificações e os meus pais não ficam muito contentes.

11

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Na lógica proposicional os parênteses indicam-nos ainda, o que devemos considerar em
primeiro lugar. A fórmula ¬(P∧Q) consiste na negação da conjunção entre P e Q, enquanto a
fórmula ¬P∧Q consiste na conjunção entre a negação de P e Q.

A diferença entre as fórmulas fica clara na seguinte tabela de verdade:


P Q ¬P P∧Q ¬(P∧Q) ¬P∧Q
VV F V F F
VF F F V F
F V V F V V
F F V F V F

Tabelas de verdade de formas argumentativas

As tabelas de verdade servem sobretudo para testar a validade dos argumentos. Um


argumento válido não pode ter premissas verdadeiras e conclusão falsa. É através de uma
tabela de verdade que conseguimos apurar se um argumento possui premissas verdadeiras e
conclusão falsa sendo, portanto, inválido.

Ex: Os gatos são répteis ou felinos; Ora, não são répteis; Logo, são felinos

1. Para determinarmos a validade deste argumento começamos por formalizar as


proposições que o compõem. (os gatos são répteis – P; Os gatos são felinos – Q)
2. Em seguida representamos a forma argumentativa, escrevendo cada premissa numa
linha e a conclusão na última. Ficará então:
PVQ
P
:.Q
3. Por fim, fazemos uma sequência de tabelas de verdade, uma para cada premissa e
outra para a conclusão, a que damos o nome de inspetor de circunstâncias.

P Q P V Q P ∴Q

1ª V V V F V
2ª V F V F F
3ª F V V V V
4ª F F F V F
Cada linha desta tabela mostra uma circunstância possível. Observamos então que:

1. Não se verifica nenhuma circunstância em que haja duas premissas verdadeiras e uma
conclusão falsa.
2. Na 3ª circunstância quer as premissas quer a conclusão são verdadeiras. Então o
argumento é valido.

Nota importante: Desde que se verifique uma circunstância/linha com as premissas


verdadeiras e a conclusão falsa, o argumento não será válido. (ainda que haja outra
circunstância/linha com premissas e conclusão verdadeiras)

12

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Vejamos então, o ex: de um argumento inválido.

P Q P Q P ∴ Q

1ª V V V F F
2ª V F F F V
3ª F V V V F
4ª F F V V V

Assim, ainda que na 4ª circunstância/linha as premissas sejam verdadeiras e a conclusão


também, isso não torna este argumento válido, já que na 3ª circunstância ele apresenta
premissas verdadeiras e conclusão falsa. O argumento não pode ser válido numa circunstância
e inválido noutra.

Regras de inferência válida

Há muitos casos em que o teste de validade das tabelas (inspetor de circunstâncias)


pode ser dispensado. Nestes casos, estamos perante formas argumentativas válidas
que designamos por regras de inferência válida. São formas argumentativas em que a
verdade das premissas garante a verdade da conclusão.

Vejamos então as mais comuns:

13

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Nota adicional:

Modus ponens – Modo de afirmar/ concordar (afirma o antecedente)

Modus tollens – Modo de negar/ discordar (nega o consequente)

Contraposição – A implicação de duas proposições afirmativas, é equivalente à implicação


dessas mesmas proposições invertidas e negadas.

Leis de De Morgan :

1º A negação da disjunção é equivalente à conjunção da negação das suas proposições.

2º A negação da conjunção é equivalente à disjunção da negação das suas proposições.

Principais falácias formais

Uma falácia formal é um raciocínio/argumento dedutivo inválido que nos parece válido.

As duas falácias formais mais comuns são:

1. Afirmação do consequente - acontece quando em vez de afirmarmos a causa

afirmamos o efeito, tornando o argumento inválido.


Ex: Se estudei obtive bons resultados. Ora, obtive bons resultados. Logo, estudei.
(Temos então, um modus ponens invertido)

2. Negação do antecedente - acontece quando negamos primeiro a causa e depois o

efeito, tornando o argumento inválido.


Ex: Se estudei obtive bons resultados. Ora, não estudei. Logo, não obtive bons
resultados. (Temos então, um modus tollens invertido)

14

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Tipos de argumentos e falácias informais
Para além dos argumentos dedutivos, que vimos até aqui, há outros não dedutivos, cuja
validade não está dependente da sua forma lógica mas da sua força. Estes argumentos são
abordados pela lógica informal.

Num argumento não dedutivo válido não é impossível termos premissas e conclusão falsas, é
apenas improvável que isso aconteça. Na validade dedutiva exclui-se a possibilidade de a
conclusão ser falsa se as premissas forem verdadeiras. A validade/força não dedutiva não
exclui essa possibilidade, torna-a improvável. Não é impossível ganhar a lotaria duas vezes
seguidas, mas é improvável que tal aconteça. Com os argumentos não dedutivos acontece o
mesmo. Não é impossível que as suas premissas sejam verdadeiras e a sua conclusão falsa,
mas é improvável que tal aconteça.
Assim, em vez de validade, nos argumentos não dedutivos devemos falar em força. Eles serão
tanto mais convincentes tanto mais força tiverem. Isto é, sendo as suas premissas verdadeiras,
a sua conclusão deve ter poucas ou nenhumas probabilidades de ser falsa. A forma lógica
destes argumentos não dedutivos pode ser irrelevante. Eles são bons ou maus tendo em conta
a sua força.

15

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Há três tipos de argumentos informais/não dedutivos:
1. Indução por generalização e por previsão;
2. Analogia;
3. Autoridade.
1.1. a) Indução por generalização – Quando observamos determinados casos particulares com
determinadas caraterísticas e posteriormente as generalizamos a todos os casos do
mesmo género, fazemos uma indução por generalização.
Ex: todos os mamíferos observados até hoje são animais de sangue quente. Logo todos os
mamíferos são animais de sangue quente.
1.1. b) Indução por previsão - Quando observamos determinados casos particulares com
determinadas caraterísticas e prevemos que os próximos a ser observados terão as
mesmas caraterísticas, então fazemos uma indução por previsão.
Ex: todos os mamíferos observados até hoje são animais de sangue quente. Logo, o
próximo mamífero a ser observado terá sangue quente.

Três critérios temos de ter em conta na construção destes argumentos de modo a garantirmos
a sua força:

1. O número de casos observado deve ser relevante;


2. Os casos observados devem representar o universo em causa;
3. Os casos observados não podem contrariar informações científicas.

1.2. Analogia – Quando estabelecemos semelhanças entre cosas diferentes, construímos


argumentos por analogia. Assim, se duas coisas são semelhantes em aspetos considerados
relevantes, serão também semelhantes em outros aspetos ainda não observados.
Ex: 1 Os condutores de F1 são simpáticos. Os portugueses, tal como os condutores de F1,
também são simpáticos. Os condutores de F1 são bons condutores. Então, os portugueses
também são bons condutores.
Ex: 2 Os relógios são criados por alguém inteligente. O universo funciona como um relógio.
Logo, o universo também foi criado por uma força inteligente.

16

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Três critérios temos de ter em conta na construção destes argumentos de modo a garantirmos
a sua força:

1. As semelhanças estabelecidas/observadas devem relevantes;


2. O número de semelhanças deve ser suficiente;
3. Não devem existir diferenças relevantes entre as realidades comparadas.

1.3. Autoridade – Quando recorremos a uma personalidade de reconhecida competência num


assunto, para defendermos ou justificarmos uma ideia/tese, construímos um argumento
de autoridade.
Ex: Se uma personalidade relevante na politica, afirmou que a democracia é o melhor de
todos os regimes políticos, então os regimes democráticos são os melhores.
No nosso dia a dia recorremos frequentemente a este tipo de argumentos para justificarmos
muitas das nossas opções (médico, professor, nutricionista, treinador…)
Três critérios temos de ter em conta na construção destes argumentos de modo a garantirmos
a sua força:
1. Deve indicar-se o nome da autoridade citada;
2. A autoridade invocada deve ser relevante;
3. O que se afirma deve ser consensual entre os especialistas da matéria.

17

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Falácias Informais

Uma Falácia informal é um erro de argumentação que não depende da forma lógica
do argumento, mas do seu conteúdo ou matéria e da linguagem. Daí que sejam
também designadas de falácias materiais. Elas podem apresentar premissas com um
conteúdo irrelevante, ou que fornecem dados insuficientes para apoiar uma
conclusão. (prendem-se a deficiências de conteúdo)

Quando há intenção por parte do argumentador em utilizar um argumento falacioso,


este designa-se por sofisma. Caso não haja intenção premeditada, então designamo-lo
por paralogismo. Há muitos exemplos de falácias informais, contudo destacaremos
apenas alguns casos. (a negrito)
 Falácia do apelo à ignorância (ad ignorantiam)
 Falácia de apelo à misericórdia (ad misericordiam)
 Falácia da falsa relação causal (post hoc ergo propter hoc)
 Falácia da falsa analogia
 Falácia da petição de princípio
 Falácia da generalização precipitada
 Falácia do falso dilema
 Falácia de recurso à força (ad baculum)
 Falácia da derrapagem (ou bola de neve)
 Falácia do boneco de palha (ou do espantalho)
 Falácia do apelo ilegítimo à autoridade
 Falácia contra a pessoa (ad hominem)
 Falácia da amostra não representativa
 Falácia do apelo à maioria (ad populum)

 Falácia do apelo à ignorância (ad ignorantiam) – Consiste em afirmar


que algo é verdadeiro, só porque ninguém provou ser falso e vice-versa.
Ex. Ninguém foi capaz de provar que existe vida extraterrestre, logo não
existe vida extraterrestre.
Este argumento é falacioso porque a “inexistência de prova não é prova
de inexistência”

18

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


 Falácia da falsa relação causal – É conhecida pela expressão latina
“post hoc ergo propter hoc” (depois disso; logo, causado por isso”),
Este argumento conclui que há uma relação de causa e efeito entre dois
acontecimentos que se sucedem. Contudo, o facto de dois
acontecimentos se sucederem no tempo, não prova que um é a causa e
o outro o efeito. A relação entre eles pode ser meramente acidental e
não causal.
Ex. Sempre que vemos um relâmpago ouvimos o trovão. Mas será que o
trovão é causado pelo relâmpago? Não. Um e outro resultam de
descargas elétricas.
 Falácia da petição de princípio - Deparamo-nos com esta falácia
quando repetimos na conclusão o que é afirmado nas premissas. Usa-
se, de forma implícita, a conclusão como premissa. Trata-se de um
argumento circular que nada prova. Tomam como certo o que querem
provar como verdadeiro.
Ex. O judo é o melhor desporto do mundo. Logo, o judo é o melhor
desporto do mundo.
 Falácia do falso dilema – Consiste em reduzir todas as alternativas
possíveis a apenas duas. O argumentador ataca a alternativa que não
lhe interessa de modo a levar o auditório a aceitar a alternativa que
mais lhe convém.
Ex. As verdades ou são absolutas ou relativas. Como não são absolutas
então são relativas.
 Falácia da derrapagem – É um argumento falacioso porque um ou mais
passos (premissas) que o constituem é falso, tornando a conclusão
também falsa.
Ex. Se eu te aceitar como amigo, então terei de aceitar o Rui, o Pedro e
a Inês, e vou acabar por aceitar toda a turma. Logo, não te posso aceitar
como amigo.
 Falácia do boneco de palha – Consiste em distorcer ou caricaturar as
ideias (pontos de vista) do nosso adversário, para o contrariarmos mais
facilmente.
Ex. Todos aqueles que defendem a redução das despesas na área da
educação é porque estão a favor de um país de analfabetos e incultos.

19

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


 Falácia contra a pessoa – Ocorre quando atacamos a pessoa (hominem)
que defende os argumentos em vez de refutarmos os argumentos.
Critica-se a pessoa e não o que ela defende. Assim, quando nos faltam
argumentos para contestar a opinião do nosso adversário, atacamo-lo
e/ou desacreditamo-lo pessoalmente com calúnias ou injúrias.
Ex. O Guilherme disse que amanhã não havia aulas, mas de certeza que
há, porque o Guilherme é um grande preguiçoso.
 Falácia do apelo à maioria - Acontece sempre que se invoca a opinião
da maioria (populum) para defender algo como verdadeiro.
Ex. Portugal inteiro consome os produtos X. Logo, os produtos X são os
melhores.
Ora, se a maioria das pessoas estiver errada este argumento não tem
qualquer fundamento. Até há bem pouco tempo a maioria das pessoas
acreditava que a terra não se movimentava. Logo, concluía-se que seria
estática. Esta ideia foi desmentida pela ciência moderna.

FIM

20

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019


Resumo construído a partir das seguintes referências bibliográficas e webgráficas

Almeida, Aires, (s.d). Racionalidade argumentativa da filosofia e a dimensão


discursiva do trabalho filosófico, SPF e APF.

Faria, Domingos e Veríssimo, Luís, (s.d.). Lógica proposicional e outras ferramentas para
o trabalho filosófico.

Resumos – Lógica Proposicional, Filosofia Ensino Secundário, Ideias de ler, 2018

Essencial 11, Filosofia, Amândio Fontoura e outros, Santillana, 2014

Leonor, André e Ribeiro, Filipe, Ser no mundo 11, Areal Editores, Porto, 2014

Cogito, Filosofia 11, Paula Mateus e outros, Edições ASA II, S.A., 2014

https://www.todamateria.com.br/tabela-verdade/

http://www.esas.pt/dfa/logica_ze_antonio.htm

https://pt.wikibooks.org/wiki/L%C3%B3gica/C%C3%A1lculo_Proposicional_Cl%C3%A1ssi
co/Operadores_e_Tabelas_Veritativas

21

Filosofia 10_Lógica Proposicional_Carlos Tavares, 2019

Você também pode gostar