Mento Magnetismo
Mento Magnetismo
Mento Magnetismo
MENTOMAGNETISMO
& ESPIRITISMO
SUMÁRIO
O MÉTODO
todo e assim agimos para não deixar em dificuldade uma equipe que se
sustenta na base da cooperação.
Portanto sejamos fiéis aos princípios da solidariedade, não só
adquirindo conhecimento por meio do estudo, mas valorizando na prática a
importância do afeto entre os demais tarefeiros.
Amor antes de tudo – eis o princípio de um trabalho prodigioso
em nome do Cristo.
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“(...) o magnetismo,
desenvolvido pelo Espiritismo, é a
chave da abóbada da saúde moral e
material da humanidade futura.”
(Allan Kardec. RE, p. 193, jun. 1867
– EDICEL)
Comentário.
O instrutor Lancelin atribui a Allan Kardec, o nobre codificador
da Doutrina Espírita, o mérito das primeiras observações criteriosas a
respeito da atuação persistente de espíritos obstinados em prejudicar os
encarnados, a título de desforra ou do prazer doentio em dominar aqueles
que, por invigilância, submetem-se aos seus caprichos. A propósito, o
notável pedagogo francês enfoca com objetividade e clareza as várias
maneiras pelas quais o sujeito pode ser vitimado pelo obsessor:
“O Espírito mau espera que o outro a quem ele quer mal, esteja
preso ao seu corpo e, assim, menos livre, para mais facilmente o
atormentar, ferir nos seus interesses, nas suas afeições mais caras.” (Allan
Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. X, item 6).
Sem dúvida, a obsessão espiritual, em seu mecanismo intrínseco,
é um transtorno bem mais complexo do que aparenta. Pode-se dizer que há
dois aspectos a serem levados em conta: o primeiro refere-se ao drama
psicológico vivenciado pelo sujeito em razão do mal que ele próprio
praticou; e o segundo diz respeito à ação mental e fluídica de efeitos
deletérios, articulada pela entidade agressora. Interessante notar que
inúmeros quadros de distonias mentais resultam de lembranças amargas
que emergem em forma de flashes ideoplásticos e tangenciam a consciência
em vigília, produzindo como resposta reações emocionais desagradáveis,
quase sempre causadoras de reações depressivas acentuadas. Por isso, a
desarmonia mental que marca o prólogo de uma obsessão pode
desencadear alterações do humor sem causa aparente e incômoda sensação
de culpa, o que colabora para que a entidade vingativa se aperceba do
detalhe e passe a reforçar a sintomatologia angustiante, projetando clichês
mentais análogos aos fatos de outrora. A partir de então, caso a criatura não
seja orientada a buscar o auxílio competente em uma instituição espírita, a
12
Comentário
O nobre instrutor destaca o seguinte detalhe: as repercussões
vibratórias negativas referidas por alguns tarefeiros da mediunidade prática
nem sempre se tornam perceptíveis, pois, em boa parte dos casos, os
indícios são de pequena monta, simulam breves indisposições orgânicas e
passam despercebidos pelo médium afeito à tarefa desobsessiva.
Entretanto, a conveniência do presente estudo nos parece bastante válida,
diante da oportunidade de se esclarecer o fato, especialmente quando os
sintomas incômodos se evidenciam de forma intensa.
A Espiritualidade Maior, sempre atenta e diligente, empenha-se
no socorro aos espíritos obsessores, no afã de auxiliá-los da melhor
maneira. Por isso, em muitas circunstâncias, os cuidados específicos se
iniciam antes da sessão mediúnica propriamente dita, ensejando ao
17
26/1 VRC- Sem dúvida, a vossa instrução vem ao encontro das nossas
aspirações, na qualidade de médiuns dispostos ao trabalho edificante na
seara espírita. Como seria importante que alguns tarefeiros saíssem da
superficialidade do conhecimento e mergulhassem no estudo e na reflexão,
em busca de um entendimento profundo a respeito da responsabilidade
assumida diante do mandato outorgado pelo Mundo Maior, em favor deles
próprios. Pelo visto, ainda há muito a ser pesquisado, pois o conhecimento
se amplia à medida que nos empenhamos no estudo sistemático da
faculdade mediúnica. Cremos que esta oportuna abordagem servirá para
nos enriquecer o conhecimento, desfazendo dúvidas, eliminando os falsos
temores e nos encorajando ao exercício sublime da mediunidade com
Jesus.
Lancelin- A mediunidade é a porta aberta pelo Pai Maior, para
que consigamos sair de nossa casa mental cerrada pelas trancas do
egoísmo. Entretanto, há outras causas a justificarem angústias e sintomas
incômodos nos dias anteriores ao encontro mediúnico. Não é exagero
afirmar a existência de uma amplitude do canal mediúnico promovida pela
expansão do pensamento. Em verdade nos localizamos onde nosso
pensamento está. Assim, o médium detém a perspectiva de expandir a sua
teia vibratória muito além da psicosfera que envolve a sua complexidade
psicofísica. A nossa mente emancipa-se nas asas do pensamento. Seria
difícil situar em parâmetros terrenos a capacidade de alcance das
irradiações mentais de um médium. Em decorrência do que aqui
comentamos, torna-se fácil entender de que maneira determinadas aflições
vivenciadas por alguém situado a considerável distância atingem o médium
de forma tão perturbadora. É por meio desse mecanismo que muitos
médiuns captam as energias barônticas que os alcançam antes e no dia da
desobsessão. Dessa forma, inúmeros tarefeiros abnegados iniciam as
atividades assistenciais mediúnicas muito antes da data prevista para a
reunião. Alguns médiuns são apresentados aos espíritos que se
comunicarão, enquanto outros, em desdobramento, vão conhecer regiões do
Umbral inferior, reduto das entidades obsessoras selecionadas para o
auxílio e, em consequência, se imantam às vibrações perniciosas ali
existentes. A essa altura, vale uma explicação. Sem tal envolvimento
prévio, muitas vezes, não seria possível a comunicação do espírito na data
aprazada, porquanto se tornaria dificultoso um ajuste brusco de sintonia
entre a mente do médium e a do espírito. Todavia, o Mundo Maior se
empenha para que a melhor solução seja alcançada pela equipe mediúnica.
Assim, adiantaríamos que, quando o obreiro da seara se propõe ao trabalho
no campo mediúnico, ele ali estará como instrumento útil da Divindade e, o
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09/02 Comentário
O orientador ressalta o fato de que, quanto mais impressionável e
temeroso for o médium – além de se mostrar incapaz de mobilizar o seu
potencial afetivo em forma de preces e de irradiações mentomagnéticas a
favor dos espíritos imperfeitos –, certamente maior será o seu grau de
angústia e aflição em consequência do envolvimento fluídico com os
espíritos selecionados para o atendimento a ser dispensado no dia da sessão
mediúnica. Na prática, o médium bem educado no exercício de sua
faculdade é o que menos se ressente do intercâmbio vibratório de baixo
teor, pois, além de absorvê-lo em menor quantidade, metaboliza-o com a
naturalidade desejável, reduzindo ao máximo o efeito desagradável que
poderia resultar. Nesse caso, prevalece o teor individual de harmonia
fluídica passível de ser expandida em favor da entidade carente de auxílio.
Outro pormenor diz respeito ao tarefeiro que sente dificuldade
em melhor gerenciar as próprias emoções, que se nutre
inconsequentemente à custa de sentimentos inferiores, entre os quais a
vaidade, o egoísmo e a inveja, pouco se importando com a desejável
higiene mental da própria alma. Este é mais suscetível de se ressentir com
pseudoenfermidades, em decorrência da absorção de fluidos deletérios
provenientes das entidades desequilibradas, as quais habitualmente lhe
compartilham as ideias. Se alguém perguntasse qual a razão de o indivíduo
reencarnar com a predisposição orgânica característica da mediunidade
ostensiva, certamente uma resposta convincente seria aquela formulada
pelo instrutor Lancelin: concessão misericordiosa da Divindade para que o
sujeito possa romper os grilhões que o algemam à casa mental contaminada
pelo egoísmo. A propósito, relembramos oportuno alerta no qual se destaca
a importância da tarefa regeneradora exercida pelos médiuns:
“Haverão de compreender, no momento devido, que muitas de
suas vítimas, comparsas de antigas aventuras ou afetos que ficaram para
trás, retidos nas teias da ignorância ou da insensatez, foram programados
para receber os benefícios espirituais por meio de suas faculdades, que se
lhes oferecerão como bálsamo e alento de esperanças para as dores que
experimentam.” (Projeto Manoel P. de Miranda. Vivência Mediúnica, cap.
3, pg.34, 2ª edição, LEAL)
16/02 É de se lamentar a quantidade de indivíduos que, uma vez bafejados
pela sensibilidade mediúnica, insistem em permanecer indiferentes ao
chamamento, conservando-se aferrados à satisfação de seus interesses
imediatos. E assim, imersos em um mar de ilusões, buscam
desenfreadamente os prazeres mundanos, inebriados pelos ouropéis da
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Comentário
O assunto nos remete à seguinte reflexão: por quanto tempo
ainda estaremos submetidos à ditadura do materialismo científico a sufocar
as evidências da realidade espiritual? Caso todas as iniciativas voltadas à
investigação da alma humana recebessem a tutela da ciência acadêmica,
certamente a população colheria os benefícios da medicina centrada na
27
“O poder da fé se demonstra,
de modo direto e especial, na ação
magnética; por seu intermédio, o
homem atua sobre o fluido, agente
universal, modifica-lhe as qualidades
e lhe dá uma impulsão por assim
dizer irresistível.” (Allan Kardec.
ESE, c.19, n.5)
Comentário
Diante dos relatos, inferimos que a mediunidade ostensiva não é
fruto de um desenvolvimento forçado, mas de uma programação
previamente articulada no mundo espiritual, antes da reencarnação do
sujeito, com o objetivo de auxiliá-lo na senda do progresso. Uma vez
aflorada, exige educação contínua, prática assistencial em bases
evangélicas e reafirmação dos objetivos dignos de vida, aliás, preceitos
contidos na Doutrina Espírita. Por outro lado, reconhecemos que, dos
médiuns em geral, especialmente dos mais jovens, não há como exigir-se
elevado grau de inteligência e cultura privilegiada para o perfeito
entendimento dos postulados espiritistas.
“Será então necessária, para compreendê-la, uma inteligência fora
do comum? Não, tanto que há homens de notória capacidade que não a
compreendem, ao passo que inteligências vulgares, moços mesmo, apenas
saídos da adolescência, lhe apreendem, com admirável precisão, os mais
delicados matizes. Provém isso de que a parte por assim dizer material da
ciência somente requer olhos que observam, enquanto a parte essencial
exige um certo grau de sensibilidade, a que se pode chamar maturidade do
senso moral, maturidade que independe da idade e do grau de instrução,
porque é peculiar ao desenvolvimento, em sentido especial, do Espírito
encarnado.” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.
XVII, item 4, pg. 234, 131ª edição, FEB).
Por mais ignorante que possa parecer, o indivíduo, na sua
intimidade, conduz uma pequenina luz, bruxuleante, mas passível de ser
intensificada, desde que, com o combustível evangélico, alimente suas
esperanças de renovação e evolua, pois tudo evolui. A evangelização é um
dos caminhos pelos quais o indivíduo pode ser educado para a vida. E, por
via de consequência, ele, na condição de médium atuante vai, a cada dia,
absorvendo ensinamentos úteis, alargando os horizontes consciências,
compreendendo a razão de ser da existência, aprendendo a compartilhar
ideias, doando-se em prol dos mais carentes e, assim, aperfeiçoando seu
nível de maturação espiritual. Maturidade é conquista evolutiva do espírito,
lograda nos embates rotineiros contra as próprias imperfeições morais, no
decorrer das múltiplas existências. Todavia, o que nos parece de utilidade
premente é o bom propósito de educar o pensamento, evitando desvios e
induções inferiores nas ideações construídas. A firmeza de resolução no
33
“O Espiritismo liga-se ao
magnetismo por laços íntimos, como
ciências solidárias.” (Allan Kardec.
RE, 1858, out. p. 288 - EDICEL)
Comentário
Este capítulo esclarece particularidades referentes ao mecanismo
complexo da percepção mediúnica. É possível que o médium novato se
deixe envolver por certo grau de hesitação e dúvida quanto à autenticidade
da mensagem por ele intermediada. Tanto o médium consciente quanto o
inconsciente podem contribuir com as características próprias de seu
intelecto na elaboração da comunicação mediúnica, mediante projeção de
37
ALIMENTAÇÃO MENTAL
O magnetismo preparou
o caminho do Espiritismo, e os
rápidos progressos desta última
doutrina são
incontestavelmente devidos à
vulgarização das ideias sobre a
primeira.” (Allan Kardec. RE,
1858, mar. p. 96 - EDICEL)
que sua mente atue, por ação da vontade, sobre o fluido cósmico que a tudo
interpenetra. Por essa razão, entre outras, o médium tem significativa
importância nas sessões de cura, bem como nos demais tipos de reuniões,
sejam de preces, irradiações mentais, desobsessão ou fluidoterapia
magnética. Onde existe sofrimento a ser amenizado, há necessidade de
fluidos purificados pelo sentimento de compaixão. Agir sobre a matéria é
fundamento recorrente nas reuniões mediúnicas de assistência aos
necessitados, pois assim acontece, mesmo sem a consciência de tal feito. A
intenção nem sempre nos ocorre, mas, ao pensarmos, irradiamos vibrações.
O pensamento é força propulsora e agregativa de energia. Assim como o
períspirito se manifesta em decorrência de impulsos procedentes do espírito
que o comanda, o pensamento se reveste de energia primária para agir no
campo da matéria sutil. Quando pensamos, agregamos matéria e damos
forma ao pensamento, pois a mente detém uma infinita capacidade de ação
motivada pelo pensar. Precisamos cuidar da higienização mental, uma vez
que a mente nos permite a formatação daquilo que somos em essência. Os
espíritos conseguem, quando treinados, perceber nossas intenções e
identificar a estrutura do nosso pensamento valendo-se da leitura
circunscrita ao hálito mental, visto que ideoplastizamos formas mentais
constantemente, apenas pelo ato de pensar.
Oh, médiuns, que em várias circunstâncias se emancipam do
corpo físico graças à capacidade sonambúlica e que mantêm contato com o
mundo das ideias, escutai o vosso interior. Não temais a transformação,
trabalhai para o bem e diante das inquietações costumeiras entreguem-se à
prática silenciosa da oração, pois, caso se encontrem envolvidos com a
tarefa mediúnica, é porque lhes foi facultada a condição de exercitá-la.
Quando enfatizamos o poder mental, é para que o apliqueis nos mais
simples labores do dia, vivenciando as contendas diárias com a devida
coragem e paciência. O pensamento é exsudação do espírito a se manifestar
por intermédio de intrincados mecanismos psicofísicos. A causa de
qualquer tipo de ação de um espírito sobre outro está no domínio exercido
pela mente mais poderosa sobre a mais fraca. Além disso, quer nos
trabalhos de desobsessão quer nos serviços de fluidoterapia magnética,
veiculamos a energia transformada pelo nosso próprio exalar mental. As
energias que abastecem as reuniões mediúnicas são fluidos transformados
pelas mentes altamente capacitadas dos benfeitores espirituais. E a exemplo
deles, emanemos bons fluidos por meio do pensamento superior, tanto em
benefício dos circunstantes quanto em prol de nossa própria saúde.
Comentário
O instrutor Carlos comenta que o magnetismo humano é uma
poderosa força derivada da ação da mente sobre a matéria. Em reuniões
mediúnicas específicas, a projeção pensamental do médium, ao incidir
sobre o Fluido Cósmico Universal, vai permitir a aplicação dessa energia
altamente diferenciada no âmbito das terapias espirituais e demais
atividades socorristas típicas das sessões mediúnicas de caridade.
Ademais, outro fenômeno de ordem transcendental diz respeito
ao pensamento mobilizado pela vontade persistente. Quando projetado,
pode assumir as mais variadas formas e permanecer impresso na tessitura
tênue da própria aura individual do ser. Denomina-se ideoplastia a
formação de imagens mentais plasmadas em nossa psicosfera individual, a
retratar as disposições íntimas que nos animam.
“(...) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no
envoltório perispirítico, toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa.
(...) Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no
envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e
ver o que não é perceptível aos olhos do corpo.” (Allan Kardec. A Gênese,
cap. XIV, item 15, 1ª edição de bolso, FEB)
O poder da mente também faculta a possibilidade de se agir
magneticamente, por intermédio do próprio fluido emanado do perispírito,
sobre as moléculas doentias de um enfermo. De acordo com a vontade
focada no exercício da terapêutica fluídica, é possível a realização de
verdadeiras cirurgias espirituais, nas quais ocorre a substituição das
moléculas comprometidas do organismo afetado por outras dotadas de
vitalidade e harmonia.
“(...) o Espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente
propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância do
seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma
molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na
razão direta da pureza da substância inoculada; mas, depende também da
energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão
fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido.”
(Allan Kardec. A Gênese, cap. XIV, item 31, 1ª edição de bolso, FEB).
Tudo leva a crer que, em futuro não muito distante, quando o
homem souber cultivar o padrão elevado da própria mente; estiver mais
bem adaptado à vivência de um comportamento equilibrado; possuir o
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“Podem considerar-se as
pessoas dotadas de força
magnética como formando
uma variedade de médiuns? –
Não há que duvidar.” (Allan
Kardec. LM, c. 14, n.176)
Comentário
O capítulo aborda a vulnerabilidade de nosso equipamento
mental e avalia quanto os nossos pensamentos retratam a atividade de
conflitos antiquíssimos resguardados nos escaninhos da mente. Aquilo que
denominamos inconsciente equivale a poderosa energia represada nas
profundezas do ser; é como se fosse um vulcão que vez por outra entrasse
em atividade, deixando emergir conteúdos psíquicos perturbadores em sua
maioria.
O espírito humano comporta-se como um viajante cósmico, ainda
imperfeito e detentor de inúmeras limitações evolutivas. Assim, quando
menos se espera, a energética avassaladora originária das camadas
profundas do inconsciente ganha força, vence as barreiras naturalmente
impostas pelo véu do esquecimento e se insinua por meio de pequenas
brechas psíquicas, expandindo-se incontrolavelmente até atingir a
consciência em vigília. A partir daí, a criatura se deixa envolver por
tendências viciosas e emoções conflitivas, mormente aquele indivíduo
desprovido de suficiente maturidade do senso moral. Por isso, costuma-se
dizer que o inconsciente nos governa, induzindo-nos ao comportamento
habitualmente observado no dia-a-dia.
Pelo fato de nem sempre a individualidade humana sentir-se
perfeitamente estimulada pelos sentimentos superiores, é compreensível a
facilidade dos arrastamentos para os esquemas infelizes da experiência
terrena. São circunstâncias em que se destaca a força imperiosa do
inconsciente arquetípico, sobrepondo-se aos apelos da razão não
esclarecida.
Ao levarmos em conta o arcabouço mental dos médiuns,
vislumbramos a intensidade da dinâmica energética ali processada, pois
sabidamente a permeabilidade mental que os caracteriza facilita o
afloramento dos impulsos corrompidos. Caso o médium não se afeiçoe aos
ensinamentos evangélicos e se descuide do esforço de renovação moral, a
possibilidade de sucumbir no desempenho da tarefa libertadora será bem
mais expressiva.
O instrutor João de Deus também comenta a questão pouco
discutida das recordações tormentosas nas crianças, fenômenos
propiciatórios de certos transtornos psíquicos, entre eles, os rotulados de
“autismo”. Antes dos sete anos, quando os mecanismos reencarnatórios se
encontram em vias de consolidação, o psiquismo infantil mostra-se mais
vibrátil e expansivo, portanto, vulnerável às reminiscências desarmônicas
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9
48
Comentário
O assunto não deixa dúvida quanto à valorização que devemos
conceder aos trabalhos mediúnicos centrados na prática do esclarecimento
evangélico aos espíritos ainda encarcerados nas trevas da ignorância. Na
mesma proporção em que cresce o número de malfeitores encarnados,
aumenta a quantidade de espíritos perturbadores e malignos, alguns,
verdadeiros artífices do mal, especializados nas mais avançadas técnicas de
infelicitar o gênero humano. Por isso, os transtornos obsessivos se alastram
a cada dia, enquanto a medicina, alheia à realidade espiritual do ser, não
tem como diagnosticá-los, o que aumenta a nossa responsabilidade diante
do fato, pois somos conhecedores de causa. Ninguém, de sã consciência, se
opõe ao estudo, ao contrário. É preciso que alarguemos o nosso nível de
consciência, buscando a ilustração trazida tanto por Allan Kardec quanto
pelos pesquisadores espíritas, encarnados e desencarnados. O que o mentor
sugere, e nós concordamos plenamente, é que a prática da caridade
caminhe lado a lado com a teoria. A caridade exercitada nos gabinetes
mediúnicos deve ser indistinta e voltada aos ignorantes e aos que sofrem
em ambos os planos da vida.
“Longas fileiras de médiuns e doutrinadores para o mundo
carnal partem daqui, com as necessárias instruções, porque os benfeitores
da Espiritualidade Superior, para intensificarem a redenção humana,
precisam de renúncia e de altruísmo. Quando os mensageiros se esquecem
do espírito missionário e da dedicação aos semelhantes, costumam
transformar-se em instrumentos inúteis.” (André Luiz/Fco. C. Xavier. Os
Mensgeiros, cap. 3, pg.22, 30ª edição, FEB)
No contexto espírita, é providencial que se avance no
conhecimento das filigranas relativas à mediunidade e à obsessão, da
mesma forma que nos interessa o aprendizado da filosofia e o exercício da
moral evangélica. Por isso, caso abandonemos os espíritos obsessores ao
desprezar o instrumental mediúnico a nós disponibilizado pela misericórdia
divina, certamente entraremos em conflito consciencial. Mais adiante,
teremos de prestar conta daquilo que nos foi concedido por empréstimo
com o objetivo de servir ao progresso próprio e ao socorro fraternal do
nosso semelhante.
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10
MEDIUNIDADE E AUTODESCOBRIMENTO
Comentário
O benfeitor espiritual Carlos é experiente biopsicólogo
acostumado a lidar com os conflitos da psique humana. Por isso, as suas
considerações calam profundamente em nossas almas. Neste capítulo, é
bastante significativo seu alerta em relação ao receio infundado, às vezes
doentio, de alguns contra a faculdade que lhes permitiria o contato mais
fluente com os habitantes dos planos invisíveis. Obviamente o intercâmbio
mediúnico não oferece a precisão matemática de resultados incontestes. Os
desafios se sucedem de acordo com a capacidade individual de enfrentá-
los, mas nada que se torne inviável ao tarefeiro em ação no front terreno.
55
11
Comentário
O assunto suscita-nos reflexões meticulosas. A glândula pineal
tem importância na regência da fenomenologia mediúnica efetivada em
nível orgânico, muito embora o instrutor ressalte que a faculdade
verdadeiramente se alicerça em sítios energéticos bem mais profundos da
intimidade vibratória do ser. A dinâmica mediúnica não se restringe
unicamente ao encéfalo, uma vez que a mente humana não se encontra
radicada no corpo carnal. O impulso inicial da mediunidade ocorre nos
refolhos do campo mental, tangencia obrigatoriamente o perispírito e
deságua na epífise onde, por meio de mecanismos complexos, ocorre a
transdução da energética espiritual em atividade eletroquímica, maneira
pela qual o circuito mediúnico se ativa e se completa nos núcleos
neuroencefálicos.
Não é incomum o fato de reminiscências desagradáveis,
provenientes dos registros mentais arquetípicos, pressionarem a
consciência de superfície e sutilmente contaminá-la com os conflitos ali
armazenados. Os médiuns, em face da sensibilidade perceptiva, podem se
ressentir desses mecanismos silenciosos, responsáveis por desarmonias e
perturbações passíveis de dificultar o curso do intercâmbio interplanos.
Todavia, nos médiuns moralmente aquinhoados, forma-se uma estrutura
energética especial, denominada campo de coordenação protetiva. Ele
age à maneira de um filtro, bloqueando as interações vibratórias
prejudiciais e melhor sincronizando as informações procedentes do espírito
comunicante. Por isso, cada médium exibe um comportamento específico
que o distingue dos demais. É inegável o fato de que os tarefeiros da
mediunidade, que se sobressaem pela dedicação aos estudos e pela
honestidade de propósitos no auxílio prestado aos semelhantes,
habitualmente exercem o seu mandato de forma digna. Transmitem-nos
61
12
“A prece, que é um
pensamento, quando fervorosa,
ardente, feita com fé, produz o efeito
de uma magnetização, não só
chamando o concurso dos bons
Espíritos, mas dirigindo ao doente
salutar corrente fluídica.” (Allan
Kardec. RE, p. 254, set. 1865 -
EDICEL)
Mente em Vigília – Termo que designa o segmento do campo mental que, em estado
vibratório, se conecta ao cérebro físico.
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disse que Deus concedeu a “consciência” para nos auxiliar proferiu uma
grande verdade, se bem que ainda não dispomos das condições de esmiuçar
com detalhes o campo energético de nossa consciência alerta. Ele é uma
espécie de trincheira na mente, impermeável às sugestões maldosas
provindas do exterior. Os investigadores do psiquismo humano,
desprovidos em seus campos mentais vibratórios de ondulações energéticas
compatíveis com o bem, não têm acesso a ele. Somente tarefeiros bem
intencionados e honestos conseguem tal intento, porém, de forma a não
modificá-lo, apenas fazem-no vibrar em ondulações convenientes, as quais,
aos poucos, se exteriorizam da mente. Em face disso, por mais que o
componente mental de um indivíduo se extravie, como resultado de uma
conduta desequilibrada, é por intermédio da consciência alerta que os
tarefeiros amoráveis, com frequência, fazem emergir adequadamente as
escolhas pretéritas lastreadas no campo do bem. Por servirem de pontos de
partida de tudo aquilo que fizemos em comunhão com Deus, é possível que
o missionário amorável consiga, a partir do campo mental da consciência
alerta, percorrer muitas conexões. Isso faz com que seja impresso na mente
em vigília um verdadeiro potencial magnético que, em expressivo número
de casos, serve como estímulo à retomada do equilíbrio e do aprendizado
no bom caminho da vida. A importância desse campo é de tal magnitude
que se trata de área energética protegida por Deus. Pode-se cogitar a
existência de gente tão perversa que nos parece impossível a existência
desse aspecto consciencial. Pois bem, meus irmãos. Embora alguns
desacreditem, por mais desajustada que se manifeste a mente, esta possui
esse campo energético fundamental ao progresso do indivíduo. Há quem o
denomine consciência adormecida, mas ela está lá, vívida e pulsante. Em
várias situações, o espírito infeliz, por intermédio de sua consciência alerta,
se conecta mentalmente ao espírito de sua genitora amada ou ao espírito de
alguém a quem ele muito amou e que o compreendeu acima de tudo. É
nesse instante que o prodígio se manifesta. São momentos de insopitável
beleza, capazes de abalar qualquer tipo de mente enferma. Assistimos tais
ocorrências no desenrolar das reuniões mediúnicas, quando entidades
endurecidas, de repente, se rendem à presença de um afeto. O amor é
poderoso e nele repousa a maior força que possuímos. Se Deus é amor, pelo
amor estaremos em comunhão com Deus.
preces, pois tal atitude fará vibrar o seu campo energético de consciência
alerta, possibilitando-lhe a emersão dos sentimentos de amor, de harmonia
e de paz. Em muitos casos, a entidade assistida mantém conexões mentais
com outros espíritos ou regiões umbralinas, de tal forma que as citadas
ligações mentais servirão de ponte de acesso aos espíritos socorristas,
facilitando-lhes a tarefa do resgate emergencial dos demais espíritos
necessitados.
O cultivo da prece dispõe de mais um fator favorável. O
encarnado possui um campo energético agregado ao corpo físico, o qual se
mantém em equivalência com a maioria dos espíritos assistidos. Assim, a
oração, em suas conexões já referidas, serve para conduzir o fluido vital,
facilitar o rompimento das barreiras vibratórias de baixo teor e,
consequentemente, penetrar as esferas energéticas mais íntimas do
assistido. É relevante ainda destacar que a súplica fraternal formalizada
pelo grupo mediúnico tem a função de criar um caminho energético, em
razão do fluido animal pertinente aos encarnados e de estimular a vibração
do campo consciencial alerta. Igualmente, os socorristas espirituais se
valem do suporte fornecido pelas energias vinculadas à súplica grupal, para
socorrer os enfermos estacionados na erraticidade umbralina, por
intermédio do magnetismo restaurador.
Prezados irmãos. À medida que o grupo mediúnico desenvolve a
própria maturidade, os tarefeiros espirituais crescem junto com a equipe,
tudo em consonância com a misericórdia de Deus e com o amor
incondicional de Jesus, amor em substância educativa.
Comentário
Ante a relevância da temática, permita-nos o leitor abrir aqui um
parêntese para discorrermos a respeito de uma falange de espíritos
abençoados presentes, sempre que possível, nas reuniões mediúnicas
desobsessivas. A propósito, André Luis, o respeitável repórter do Mundo
Maior, menciona em obra psicografada pelo saudoso Chico Xavier, a
repercussão de um reencontro feliz entre espíritos que se amaram e os
efeitos benéficos sobre a entidade sofredora.
“A presença reconhecida de sua mãe completara-lhe a
modificação benéfica. O sofredor, como o náufrago desesperado atingindo
porto amigo e reconfortante, esquecera as palavras odientas e blasfemas
de minutos antes e, conchegando-se ao coração materno, rogava: - Minha
mãe, o infortúnio colheu-me o espírito desventurado!... não me abandones!
Não me abandones!...” (André Luiz e Chico Xavier. Obreiros da Vida
Eterna, pág.109, 17ª edição, FEB.)
A atividade mediúnica de cunho assistencial, especialmente
aquela voltada ao socorro dos espíritos obsessores reserva-nos surpresas
incontáveis, haja vista as iniciativas diversificadas em forma de auxílio,
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13
Comentário
O capítulo nos surpreende pelo manancial de informações
relevantes repassadas aos lidadores da prática desobsessiva. Parece-nos de
bom alvitre fixar na memória certos detalhes corriqueiros identificados nas
sessões mediúnicas. Em inúmeras situações, nos defrontamos com
entidades desnorteadas ou maléficas, todas portadoras de impressões
conscienciais perturbadoras, nas quais vibram teias reencarnatórias
complexas. Todavia, faz-se oportuno reconhecer que, ao lado da maldade
milenar a obscurecer inúmeros segmentos vibratórios do campo mental,
encontram-se as reminiscências de caráter favorável, para as quais os
esclarecedores devem estar atentos quando no trato com as entidades
assistidas. No decorrer de uma sessão desobsessiva, o diálogo fraterno é de
capital importância; se bem dirigido, predispõe à rememoração de alguns
momentos significativos e de recordações felizes experimentados em
reencarnações transatas, associados ainda à intervenção de familiares
queridos que ali comparecem autorizados pela misericórdia divina.
O espírito assistido beneficia-se tanto do choque anímico quanto
do choque afetivo proporcionado pela presença carinhosa de um ente
desencarnado, a quem muito ele amou e que se apresenta com o intuito de
demovê-lo dos pensamentos degradados de ódio e de vingança. Some-se a
isso a repercussão positiva das projeções mentomagnéticas irradiadas pelos
tarefeiros em favor do assistido. Aliás, tal pormenor ficou bem evidenciado
no capítulo anterior. Aqui renovamos o alerta tendo em vista a importância
da desobsessão conduzida com conhecimento de causa e levada a efeito em
bases essencialmente evangélicas. Essas iniciativas constituem-se precioso
estímulo, capaz de fazer vibrar o campo consciencial alerta da entidade,
de modo a permitir-lhe a emersão das reminiscências condizentes com os
sentimentos amoráveis ali resguardados. Não olvidemos o fato de que, por
mais atrasado que seja o espírito, ele abriga em sua consciência alerta as
sementes de bondade ali plantadas, a serem germinadas no momento
adequado, com a finalidade de lhe permitir a superação das próprias
imperfeições morais.
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COMPETÊNCIA MEDIÚNICA
Comentário
A misericórdia divina, sempre atenta às necessidades humanas,
resolveu por bem fornecer em caráter de mandato aos espíritos endividados
com a própria consciência, a dádiva da mediunidade ostensiva, tendo em
vista a pacificação interna do médium acometido de conflitos milenares.
Outrora, a alma ambiciosa lançava mãos de artifícios contundentes com o
objetivo de exercer o poder de mando e de submeter ao talante de sua
vontade as criaturas indefesas. Hoje, de posse da instrumentação
mediúnica, o sujeito assolado pelo complexo de culpa se propõe a vencer
os velhos inimigos internos, a exemplo do egoísmo, dos vícios e da
maldade, dedicando-se em campo mediúnico à batalha em prol da caridade
indistinta, com o objetivo de reparar os males de outrora e de se afinizar
com o campo do bem. Nos tempos modernos, a mediunidade tarefa
converte-se em valioso instrumento de obtenção da paz espiritual.
O médium esclarecido à luz da doutrina consoladora age como
tal nas vinte e quatro horas do dia. Coloca-se na posição de medianeiro útil
aos bons propósitos e atua em sã consciência nas mais variadas
circunstâncias da existência, sempre exemplificando o seu comportamento
equilibrado. A propósito, os mensageiros do Alto, aqueles que enriquecem a
literatura espírita com ditados mediúnicos proveitosos e instrutivos, não se
cansam de valorizar o estudo metódico do Espiritismo, de incentivar a
aquisição de conhecimentos valiosos e de insistir no convite ao bom uso da
faculdade redentora, com a qual incontáveis criaturas são agraciadas pela
Providência Divina.
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SINTONIA MEDIÚNICA
16
“A força magnética é
puramente orgânica, pode como a
força muscular, ser partilha de toda
gente, mesmo do homem perverso;
mas, só o homem de bem se serve
dela exclusivamente para o bem...”
(Allan Kardec. OP, 1ª parte, n. 52)
Comentário
O parágrafo inicial aborda a questão do personalismo no âmbito
doutrinário. Quando aliado à vaidade e à soberba, ele se constitui inimigo
obstinado do médium espírita. Entre os que aspiram progredir na seara
mediúnica, qualquer indisciplina comportamental deve ser identificada e
revertida a tempo, visando-se à retomada da harmonia desejável, assim
como sugerem as diretrizes traçadas por Allan Kardec em “O Livro dos
Médiuns”. Há que se buscar a todo custo o equilíbrio de atitudes, pois é
inadmissível a manifestação personalística, quando se pretende o
engajamento no labor mediúnico dedicado à caridade.
Outro detalhe diz respeito à construção ideoplástica do campo de
segurança mútua, plasmado nos planos invisíveis como decorrência da
atividade mental harmônica de cada tarefeiro. Ele serve de psicosfera de
amparo coletivo aos integrantes da equipe. Naturalmente a sua efetividade
resulta do bom entrosamento entre todos. Assim, qualquer tipo de
perturbação demonstrada por um dos discípulos requer medida de controle
satisfatória seguida da adequada correção, tudo com base no bom-senso e
na maturidade desejável, sob pena de se afetar a harmonia vibratória do
conjunto. Portanto, o campo energético de segurança mútua é uma espécie
de conjugação mentomagnética daqueles que ali se congregam e responde
pela coesão da equipe no transcorrer dos labores assistenciais. É
interessante notar que tal vínculo mentomagnético não se dissipa após as
sessões, pois permanece vibrando ao longo dos afazeres diários, mesmo
que um pouco mais atenuado, porém mantendo a sua efetividade. Além
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Comentário
Não há dúvida quanto à presença, em algumas crianças, de
características psíquicas especiais, próprias da fase de adaptação
reencarnatória. É comum nessa etapa do desenvolvimento, observar-se o
surgimento de sintomas psíquicos como resposta ao processo de
justaposição entre as expansões perispiríticas e as moléculas do corpo
físico, circunstância que favorece a eclosão de fenômenos anímicos e
mediúnicos, frequentemente confundidos com manifestações
psicopatológicas.
Conteúdos pinçados espontaneamente da memória extracerebral,
vez por outra, emergem e alcançam a consciência em vigília,
desencadeando emoções de forte colorido afetivo, por se tratar de
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conheceu: - Jesus. Ele, com sua doçura, nos toca e contagia por intemédio
da força emancipativa de sua alma.
Nas memoráveis andanças pela vetusta Palestina, o Cristo foi o
pacificador de espíritos engolfados no ódio e no sentimento abastardado de
vingança. Por onde passava, Ele deixava exalar o perfume da compreensão
e do amor incondicional. Raro aquele que não sentiu todo o ser se abalar
ante a presença do amor corporificado em um homem. Nenhum livro ou
discurso teriam condições de descrever o olhar profundo e acalentador de
Jesus. A sua superioridade residia exatamente na sua simplicidade
autêntica; os dotes intelectuais que lhe adornavam o espírito,
propositadamente, não eram evidenciados, de maneira a não enaltecer a
própria personalidade usada para a compreensão e pacificação. Por isso, os
tarefeiros espíritas responsáveis pelo diálogo fraterno com as entidades em
desequilíbrio, devem se espelhar em Jesus, o exemplo maior da conduta
dialética que deve ocorrer nas reuniões de desobsessão.
mediúnico. No nosso modo de ver, ele não deve se achar menos importante
ou, ao contrário, se envaidecer do papel de administrador rígido do grupo.
Lancelin- Em relação ao fato de se apequenar diante da tarefa, é
possível que tal posição decorra do desconhecimento do metabolismo
mentomagnético atribuído à essência do próprio esclarecedor. Por isso, ele
imagina que, pelo fato de não possuir a mediunidade ostensiva, optou pela
tarefa da doutrinação como instrumento de trabalho assistencial de menor
expressão, muito embora alguns apresentem sinais evidentes de
mediunidade. Assim, equivocam-se quando atribuem a si próprios um papel
secundário no contexto dos trabalhos práticos na esfera mediúnica.
O doutrinador é como o timbre, a nota musica – aquela que permite
ao músico afinar o seu instrumento. Ele dá o tom reverberativo da
sonoridade energética da reunião. Uma equipe que dependa da iniciativa de
um dirigente desprovido de visão expansiva, que não confia na
espiritualidade nem na atuação convincente do grupo mediúnico não pode
geri-lo com a devida harmonia mental. É forçoso admitir que a criatura
humana possui algumas idiossincrasias e certas imperfeições, apesar disso,
o adepto espírita, quer seja médium ou doutrinador, deve se empenhar no
estreitamento de vínculos com os postulados evangélicos de Jesus, ao
pretender desbastar progressivamente as arestas grosseiras ainda presentes
na própria personalidade.
Por sua vez, o dirigente do trabalho mediúnico, quase sempre
investido da função de esclarecedor, embora represente uma espécie de
esteio do grupo, não deve se considerar dono da equipe nem atribuir a si
próprio importância maior do que a de um simples trabalhador do Cristo.
Os valores morais que o regem determinam-lhe o teor de sua atividade
como dirigente e harmonizador da equipe. São esses os singelos valores
mais próximos daquilo que ele deve almejar em si, para que o grupo
prospere, pois, apesar da surpresa de muitos, o grupo mediúnico também
progride. Quanto mais amadurecido, maior o desafio, maior a
responsabilidade. Por conseguinte, é um progresso atribuído a todos.
Comentário
O instrutor recorda o comportamento de Jesus na velha Palestina,
quando multidões o procuravam na ânsia de obter alívio ou cura para os
seus males físicos e psíquicos. O seu exemplo edificante, no qual
preponderava a simplicidade de atitudes e a compaixão fraternal serve de
roteiro a ser cumprido pelos espíritas conscientes da necessidade de
praticar o bem indistinto e de socorrer a gente sofrida do caminho, de
maneira que não percam a fé nem a esperança na misericórdia de Deus.
Jesus se desempenhava ao lado dos aflitos de forma espontânea e
benevolente, com o devido cuidado para não humilhar nem constranger a
criatura sofrida. Por isso, Ele serve de modelo aos médiuns e
esclarecedores, pois estes, na qualidade de instrumentos propiciadores do
bem maior, servem-se da palavra e das energias mentomagnéticas para
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