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Snufkin

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Pondsmânia encontra-se praticamente “encravada” bem no meio da fronteira entre

Trebuck e Sambúrdia. Quatro grandes arcos de pedra com inscrições misteriosas ao Norte, ao
Sul, ao Leste e ao Oeste, marcam os supostos limites do reino. Inúmeros testemunhos atestam
que o aspecto dos quatro arcos pode variar de acordo com as circunstâncias. Relatos já foram
encontrados descrevendo-os como portões de prata, de ossos, ou diminutas portas de madeira.

Mesmo assim, não se pode precisar os limites do reino. A extensão de Pondsmânia


pode variar enormemente, dependendo, principalmente, da vontade da Rainha.

Dizem que para encontrar Pondsmânia a Rainha precisa querer que você a encontre, o
que faz pensar que se você quer sair de Pondsmânia, a Rainha também deve querer isso.

Pondsmânia.

Snufkin não nasceu em Pondsmânia, mas foi trazido enquanto era um bebe por seu
pai, Joxter. Apesar de não lembrar de ter visto o próprio pai, Snufkin sempre conviveu com as
lembranças e histórias de terceiros que conheceram Joxter, como se ele fosse alguém famoso
o suficiente para ser querido pela maioria dos viventes mais antigos dali. Apesar de ser
conhecido, sempre que Snufkin tentou perguntar algo ou tirar alguma informação do
paradeiro do pai a conversa terminava ou a pessoa fingia não entender o que foi perguntado,
arrumando logo o que fazer.

Durante a infância essas perguntas sobre o pai eram feitas com mais frequência e
insistência para Zamber, um sátiro com temperamento forte e um tanto sisudo, mas muito
gentil e bondoso. Zamber é um amigo de longa data de Joxter, foi a ele que Snufkin foi
entregue depois que Joxter deixou Pondsmânia.

A convivência entre Snufkin e Zamber foi sempre de pai e filho, apesar das diferenças.
Zamber sempre foi explosivo e brigão, gostava de fumar seu cachimbo e paparicar todo rabo
de saia que via pela frente. Já Snufkin era calmo e tranquilo, acreditava praticamente em tudo
que ouvia. Se a malicia era a especialidade de Zamber, Snufkin era o oposto.

Sempre muito curioso, como qualquer gnomo, Snufkin não demorou muito para se
interessar pela magia, adorava ler as histórias que tinham magos poderosos que usavam suas
bolas de fogo contra os inimigos ou então aqueles que poderia fazer chover por cima de
plantações secas e áridas. Essas ideias sempre passaram pela cabeça de Snufkin, um sonho
absurdo de um dia poder ser um mago tão poderoso como aqueles dos livros.

Zamber.

Zamber olhava para Snufkin e via a curiosidade e a gana por aprender magia, era o
assunto mais falado pelo gnomo, de longe. Era como se Zamber revesse algo diante de seus
olhos, como se já tivesse visto aquilo em algum lugar. Abria um sorriso zeloso e dizia para
Snufkin.

— Você já fez seus 15 anos, acho que você já está preparado para isso. — Antes que
Snufkin já pudesse abrir a boca cheio de empolgação, Zamber fechou o semblante e continuou
a falar.

— Não ache você que isso é uma coisa fácil, magia não é brincadeira, por mais que as
fadas façam questão de tentar transparecer isso. É necessário dedicação e trabalho, a vida de
um mago é penosa, mas se feita com disciplina te traz muitos momentos bons.

Zamber buscou um copo cheio d’agua colocando em cima da mesa de jantar.


— Sente-se, Snufkin. Iremos dar iniciou a sua especialização escolar.

Todo animado, Snufkin não pensou nem duas vezes, puxou a cadeira e logo se sentou
em frente ao copo. Enquanto isso Zamber explicou para Snufkin o que era essa especialização
escolar.

— Existem oito escolas na magia arcana: Abjuração, Adivinhação, Conjuração,


Encantamento, Evocação, Ilusão, Necromancia e Transmutação. Cada uma delas é responsável
por um nicho de magias. Por exemplo, a escola Evocação é responsável pelas magias que
manipulam energia ou criam materiais do nada.

— Daria para criar uma bola de fogo com a Evocação? — Perguntava Snufkin todo
animado.

— Sim, mas não se apegue a isso, você precisa fazer o teste antes. — Zamber tira de
um galho da janela uma pequena folha, ele caminha até a mesa onde Snufkin está sentado,
pega o copo que estava na mesa e coloca a folha para boiar na agua dentro dele. Ele devolve o
copo a mesa e volta a explicar.

— Coloque suas mãos abertas ao redor do copo, como se fosse passar sua energia para
água, mas sem tocar o copo. Essa folha irá reagir de acordo com a sua afinidade, para cada
escola, a folha reage de uma maneira. Agora se concentre e tente canalizar seu poder arcano
no copo. Não se preocupe, estamos em um lugar que a magia vive em abundancia, graças a
isso qualquer pessoa, mesmo sem dom ou sem estudo algum pode manifestar sua afinidade
num truque tão simples.

Snufkin passou alguns minutos se esforçando e torcendo para que sua afinidade fosse
com Evocação. Até que finalmente Snufkin conseguiu sentir algo e logo a folha começou a girar
na água, rapidamente.
— Como suspeitei. — Afirmava Zamber. — Sua afinidade é igual à do seu pai, sua
escola é a Ilusão.

Snufkin ficou pensativo com o resultado, a princípio achou legal a semelhança com o
pai, mas antes que pudesse falar algo, Zamber colocava outros dois copos na mesa, cada um
com uma folha também.

— Agora iremos saber quais são as suas escolas proibidas, faça o mesmo
procedimento nos copos.

— Proibidas? — Interrompia Snufkin.

— Sim, proibidas. Quando se tem afinidade com uma escola outras duas são perdidas.
Será impossível manifestar qualquer magia dessas escolas.

Snufkin fez um semblante de preocupação, tudo que vinha na sua cabeça era: “Não
seja Evocação, Não seja Evocação, Não seja Evocação...”

Ele puxou o primeiro copo para si e se concentrou. A folha na agua vibrava, como se
fizesse força, as bordas dela começaram a ficar pretas e estranhamente ela se partiu em vários
pedaços.

Zamber suspirava aliviado.

— Você não pode usar a escola de Necromancia.

Snufkin suspirava aliviado também, mas talvez não pelos mesmos motivos de Zamber.

Ele puxava o ultimo copo e voltava a torcer novamente: “Não seja Evocação, Não seja
Evocação, Não seja Evocação...”

Não demorou muito e a água do copo começou a transbordar enquanto a folha se


mantinha no centro do copo.
Zamber olhou para o copo, olhou para Snufkin, pensou, ameaçou a falar algo, evitou
um pouco, mas logo deu a notícia.

— Infelizmente você não pode usar a escola de Evocação.

— NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! — Gritava Snufkin com as mãos no


rosto.

Algum tempo, depois de muito choro e bastante conversa, Zamber explicou o quão
fantástico a escola de Ilusão pode ser. Se bem dominada as ilusões podem beirar a perfeição
se tornando algo real. Tudo dependeria de muito estudo e muita criatividade, a ilusão é uma
das escolas mais versáteis da magia e se bem usada podem fazer verdadeiros milagres.

Zamber aproveitou o momento e contou um pouco mais sobre Joxter.

Joxter foi um dos maiores ilusionistas de Pondsmânia e de alguma forma era próximo
da Rainha, o que explicaria essa liberdade de ir e vir tão facilmente do lugar.

Zamber diz não saber do paradeiro dele, e também não sabe dizer quem era a mão de
Snufkin, mas que se Joxter fez tudo que fez com certeza existe um bom motivo.

A partir dali Snufkin enfiou a cara nos estudos com a determinação de ser um
Ilusionista melhor que seu pai. E quem sabe talvez sair de Pondsmânia, para ir atrás de Joxter.
Snufkin.

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