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Boletim Dir Privado Ago 2021

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

BOLETIM DE DIREITO PRIVADO - Agosto de 2021

TJSP

1. CÂMARAS DE DIREITO PRIVADO

1ª a 10ª Câmaras

1000410-58.2021.8.26.0405 - CONTRATO - Plano de Saúde - Negativa de cobertura de


despesas de tratamento de carcinoma, por meio do medicamento Lynparza 150 mg
(Olaparibe) - Obrigatoriedade de cobertura do medicamento prescrito pelo médico da
autora - Se o contrato cobre a moléstia, deve oferecer os meios curativos necessários a
tanto - Mesmo no regime do direito comum os princípios maiores da boa-fé objetiva e do
equilíbrio contratual afastam as cláusulas excessivamente onerosas, ou das quais não
teve exata ciência uma das partes - Argumento de que se trata de medicamento ausente
do rol da Agência Nacional de Saúde (ANS) rejeitado - Demorados trâmites
administrativos de classificação não podem deixar o doente a descoberto, colocando em
risco bens existenciais - Negativa de cobertura que representa quebra do equilíbrio
contratual - Ausência de descompasso entre a moléstia e a cura proposta - Jurisprudência
deste Tribunal determinando o fornecimento do medicamento prescrito para tratar a
doença que acomete a autora - Entendimento da Corte Superior no sentido de
exemplificativo o rol da ANS - Dever de cobrir os gastos com o medicamento - Sentença
mantida - Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 1000410-58.2021.8.26.0405 - Osasco
- 1ª Câmara de Direito Privado - Relator: Francisco Eduardo Loureiro - 10/08/2021 -
38724 - Unânime)

1000237-97.2020.8.26.0072 - SEGURO SAÚDE - Internação em clínica não


credenciada - Tratamento para dependência química e transtornos psiquiátricos - Pedido
de custeio integral da internação pela operadora de seguro saúde - Descabimento -
Excepcionalidade de cobertura de tratamento em clínica não pertencente à rede
credenciada - Ré que possui clínica capaz de atender às necessidades de tratamento do
autor - Autor que foi internado em clínica particular antes de consultar a rede credenciada
ofertada pela ré - Pretensão de que a ré arque integralmente com o pagamento das
despesas de internação do autor em clínica particular que se revela descabida - Sistema
de reembolso não integral - Legalidade - Inteligência do artigo 12, VI, da Lei Federal nº
9.656/98 - Cláusula contratual que, no caso, não se reputa obscura - Sentença mantida -
Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 1000237-97.2020.8.26.0072 - Bebedouro - 1ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Luiz Antonio de Godoy - 02/08/2021 - 54625 -
Unânime)

1001954-03.2018.8.26.0271 - ASSOCIAÇÃO - Taxas de Manutenção de Condomínio -


Loteamento - Novo julgamento conforme Tema 492 da Repercussão Geral - Viabilidade
da cobrança a partir do advento da Lei n° 13.465/17 - Aplicação das normas regentes do

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condomínio edilício - Pagamento com ser obrigação dos condôminos - Artigo 1.336, I, do
Código Civil - Serviços prestados em benefício da coletividade - Quitação realizada por
certo tempo e interrompida - Violação da boa-fé que preside o pacto - Vedação do
enriquecimento ilícito - Demanda parcialmente procedente - Sentença reformada -
Recurso em parte provido. (Apelação Cível n. 1001954-03.2018.8.26.0271 - Itapevi - 2ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Luiz Beethoven Giffoni Ferreira - 13/08/2021 -
33300 - Unânime)

1004722-43.2020.8.26.0266 - DIVÓRCIO - Partilha - Veículo adquirido antes da união,


porém quitado posteriormente - Valores pagos durante o casamento que deve ser objeto
de divisão independentemente de quem efetuou os pagamentos, face o regime de bens -
Apuração em sede de liquidação de sentença - No mais, sentença mantida por seus
próprios fundamentos nos termos do artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal de
Justiça de São Paulo - Recurso parcialmente provido. (Apelação Cível n. 1004722-
43.2020.8.26.0266 - Itanhaém - 2ª Câmara de Direito Privado - Relator: Álvaro
Augusto dos Passos - 04/08/2021 - 36124 - Unânime)

1018029-88.2017.8.26.0001 - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - Tratamento estético -


Ação Indenizatória - Harmonização facial - I. Ausência do dever de informação à
paciente a respeito dos possíveis efeitos colaterais do procedimento - Laudo pericial, no
entanto, que esclarece que a recorrente foi devidamente informada sobre possíveis
efeitos colaterais, assinando o termo de consentimento informado (laudo, fls. 359) - II.
Resultado estético não alcançado - Falta de comprovação de que o resultado
embelezador não foi atingido - Se ônus da autora, nos termos do disposto no artigo 373,
inciso I, do Código de Processo Civil, não logrou comprovar, ou, se invertido o ônus
probatório, as apeladas demonstraram a adequação do procedimento que realizaram - III.
Laudo pericial, que atestou a correção do procedimento, não contrastado por prova de
igual quilate - Sentença de improcedência preservada - Apelo desprovido. (Apelação
Cível n. 1018029-88.2017.8.26.0001 - São Paulo - 3ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Carlos Eduardo Donegá Morandini - 17/08/2021 - 51453 - Unânime)

1010948-54.2018.8.26.0292 - ALIMENTOS - Avoengos - Pedido ajuizado em face dos


avós paternos, sob o argumento de que o genitor da autora se encontra preso - Posterior
chamamento da avó materna ao processo - Sentença de procedência parcial, com a
condenação do avô paterno ao pagamento de alimentos equivalentes a 20%(vinte por
cento), da avó paterna a 10%(dez por cento) e da avó materna a 5%(cinco por cento),
tudo sobre o valor do salário-mínimo mensal - Inconformismo da autora - Pretensão de
majoração dos alimentos para 1/3(um terço) dos rendimentos líquidos dos avós paternos -
Não acolhimento - Responsabilidade dos avós que é complementar e subsidiária -
Entendimento fixado pela Súmula nº 596 do Superior Tribunal de Justiça - Valor da
pensão fixado em patamar adequado às possibilidades dos avós - Avô paterno que,
embora possua rendimentos mais elevados, possui filhos menores provenientes de novo
casamento - Ausência de demonstração, ademais, de que os alimentos no patamar total
de 35% do salário-mínimo mensal seriam insuficientes para atender as necessidades da
menor - Sentença confirmada - Negado provimento ao recurso. (Apelação Cível n.
1010948-54.2018.8.26.0292 - Jacareí - 3ª Câmara de Direito Privado - Relator: Dácio
Tadeu Viviani Nicolau - 02/08/2021 - 36706 - Unânime)

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1169515-3/00 - COMPETÊNCIA RECURSAL - Conflito Negativo - Recurso desafiando


sentença que rejeitou imissão na posse (Bradesco x Gustavo Thomsen e outra) por
reconhecer a inconstitucionalidade do Decreto-lei 70/66 - A 22ª Câmara de Direito
Privado, pelo digno Relator Desembargador Campos Mello, reconheceu em ação
promovida por Gustavo Thomsen e outra contra o Bradesco, a inconstitucionalidade do
Decreto-lei 70/66, em sessão do dia 14.3.2006 (Ap. 0983026-8) e compete a essa
unidade judiciária, agora, julgar o recurso que chega fortalecido pelo advento do tema
249, do Supremo Tribunal Federal (RE 627106) - Não é razoável, diante desse conflito ou
choque de interpretações do mesma "thema decidendum", que outra unidade julgue o
recurso (no caso a 4ª Câmara), até para que estimular decisões conflitantes ou
contraditórias (princípio da segurança jurídica que justificou a redação do artigo 105 do
Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) - Recurso não
conhecido, suscitado o conflito negativo perante o Grupo de Câmaras do Direito Privado.
(Apelação Cível n. 1169515-3/00 - São Paulo - 4ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Enio Santarelli Zuliani - 19/08/2021 - 83111 - Unânime)

1000050-65.2020.8.26.0565 - OBRIGAÇÃO DE FAZER - Plano de Saúde - Requerente


que foi diagnosticado com deficiência intelectual, outras doenças congênitas do cérebro,
paraplegia, transtorno misto do desenvolvimento, transtornos emocionais e epilepsia -
Necessidade de realização de tratamento multidisciplinar especializada em ABA
(psicólogo, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicopedagogia, musicoterapia,
hidroterapia e fisioterapia) - Sentença de parcial procedência - Insurgência da requerida -
Incidência do Código de Defesa do Consumidor aos contratos administrados por entidade
de autogestão - Impossibilidade - Entidades que possuem peculiaridades que justificam a
não aplicação das normas consumeristas - Inteligência da Súmula 608 do Superior
Tribunal de Justiça - Aplicação do entendimento sedimentado no julgamento do Recurso
Especial nº 1.568.244 RJ, que tramitou pelo rito dos repetitivos - Embora as normas
consumeristas não tenham incidência na hipótese, a recusa ao tratamento prescrito viola
os princípios da boa fé objetiva e da função social do contrato - Alegação de que o
tratamento não está especificado no rol de cobertura obrigatória editado pela Agência
Nacional de Saúde - Teor do recurso contrário à Súmula 102 desta Corte de Justiça -
Dever de observar a boa-fé objetiva - Cláusula genérica de exclusão de procedimentos
não previstos como obrigatórios pela ANS - Relação administrativa que não pode afastar
tratamento recomendado para doença com cobertura contratual - Verificação do equilíbrio
do contrato - Limitação de sessões que se mostra abusiva - Na hipótese de inexistência
de profissionais especializados junto à rede credenciada, o reembolso deverá ser
efetuado de forma integral - Sentença mantida - Recurso não provido. (Apelação Cível n.
1000050-65.2020.8.26.0565 - São Caetano do Sul - 4ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Marcia Regina Dalla Déa Barone - 02/08/2021 - 29966 - Unânime)

1002692-54.2020.8.26.0292 - NEGÓCIO JURÍDICO - Nulidade - Ação declaratória -


Alienação de bem imóvel em comum pelo ex-convivente sem anuência da autora -
Sentença de improcedência - Apela a autora, alegando nulidade da sentença por
cerceamento de defesa; faz jus a receber valores além dos ofertados pelo ex-marido;
negócio jurídico deve ser declarado nulo, pois a venda ocorreu sem seu consentimento -
Descabimento - Cerceamento de defesa - Inocorrência - Provas requeridas pela autora a
fim de verificar o valor do imóvel poderiam ter sido produzidas por si mesma - Nulidade do
negócio jurídico - Inocorrência - Ausência de demonstração da má-fé dos terceiros

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adquirentes - Presunção de boa-fé - Incidência - Manutenção da alienação do bem -


Precedente desta Câmara - Possibilidade de a autora postular perdas e danos do ex-
convivente pela via própria, em decorrência do montante que entenda não ter recebido
pela venda do bem - Manutenção da sentença - Recurso improvido. (Apelação Cível n.
1002692-54.2020.8.26.0292 - Jacareí - 5ª Câmara de Direito Privado - Relator: James
Alberto Siano - 11/08/2021 - 39804 - Unânime)

1000717-81.2017.8.26.0007 - MONITÓRIA - Contrato de Seguro Saúde - Prova pericial


que concluiu pela legitimidade dos valores cobrados - Embargos improcedentes -
Fundamentos da sentença que dão sustentação às razões de decidir - Aplicação do artigo
252 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça de São Paulo - Precedentes do Superior
Tribunal de Justiça - Decisão mantida - Recurso não provido. (Apelação Cível n.
1000717-81.2017.8.26.0007 - São Paulo - 5ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Erickson Gavazza Marques - 03/08/2021 - 36597 - Unânime)

1018875-88.2020.8.26.0005 - SEGURO SAÚDE - Obrigação de fazer - Pedido de


cobertura de terapias necessárias ao tratamento indicado à patologia que acomete o autor
- Cláusula expressa de exclusão - Todavia, jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça
e do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que vem se orientando pelo
reconhecimento da abusividade das cláusulas de exclusão de cobertura - Precedentes do
Superior Tribunal de Justiça e Súmula nº 102 do TJ/SP - Limitação de reembolso -
Restrição contratual que apenas incide no regime de livre escolha, caso em que o
beneficiário do plano de saúde opta por profissionais particulares a despeito da rede
credenciada - Sentença mantida - Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 1018875-
88.2020.8.26.0005 - São Paulo - 6ª Câmara de Direito Privado - Relator: Vito José
Guglielmi - 23/08/2021 - 51002 - Unânime)

1009384-90.2020.8.26.0576 - RECURSO - Apelação - Ação restitutória - Taxa SATI e


cancelamento de hipoteca - Sentença de parcial procedência para restituição do valor
pago a título de cancelamento de hipoteca, com aplicação à autora da pena por litigância
de má-fé - Pretensão recursal à devolução do valor pago relativo à taxa SATI e
afastamento da condenação por litigância de má-fé - Acolhimento parcial - Documentos
que atestam o pagamento de serviços de despachante, os quais não se confundem com o
pagamento de taxa de assessoria técnica - Contratação autônoma - Admissibilidade da
cobrança - Litigância de má-fé - Afastamento - Desmembramento de ação - Ausência de
uso temerário do direito e de qualquer dos requisitos do artigo 80 do Código de Processo
Civil - Ação procedente em parte - Sentença reformada em parte - Recurso provido em
parte. (Apelação Cível n. 1009384-90.2020.8.26.0576 - São José do Rio Preto - 6ª
Câmara de Direito Privado - Relator: José Carlos Costa Netto - 04/08/2021 - 13013 -
Unânime)

1021778-74.2020.8.26.0562 - DANO MORAL - Responsabilidade Civil - Plano de


Saúde - Tratamento médico-hospitalar - Carência - Autor que ajuizou a visando o
recebimento de indenização decorrentes de indevida negativa de cobertura para sua
internação hospitalar em caráter de urgência - Sentença de procedência - Apelo da ré -
Quadro de "dor epigástrica de forte intensidade associada a náuseas e vômitos" que
deixa claro o caráter emergencial do atendimento ao autor que, aliás, foi expressamente
consignado na guia de internação - Atendimento de urgência/emergência que determina a

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aplicação da carência de 24 (vinte e quatro) horas do artigo 12, V, "c", da Lei Federal nº
9.656/98 - Limitação temporal da cobertura às 12 (doze) primeiras horas, estabelecida no
artigo 2º da Resolução nº 13/1998 do CONSU, inaplicável diante das disposições legais -
Cobertura devida e já reconhecida em ação anterior - Recusa de cobertura que agravou
momento delicado da vida do paciente - Indenização devida - Montante que deve ser
reduzido para se adequar ao caráter punitivo e compensatório da medida - Recurso
provido em parte. (Apelação Cível n. 1021778-74.2020.8.26.0562 - Santos - 7ª Câmara
de Direito Privado - Relator: Mary Grun - 18/08/2021 - 24629 - Unânime)

1005837-48.2018.8.26.0047 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Erro médico -


Inocorrência - Ação indenizatória por danos materiais e morais - Alegação de falha de
diagnóstico, indicação de medicamento e realização de exame médico inapropriado -
Sintomas, no momento da consulta, em que houve a indicação do medicamento que não
revelavam sintomas de gravidez - Medicamento cuja prescrição seria proibida apenas
após o terceiro trimestre de gestação - Exame "Papanicolau" que não é contraindicado no
primeiro trimestre de gravidez - Inexistência de prova de falha do profissional do quadro
clínico que justifique a condenação da ré ao pagamento de indenização por dano material
ou moral - Sentença de improcedência mantida - Recurso a que se nega provimento.
(Apelação Cível n. 1005837-48.2018.8.26.0047 - Assis - 7ª Câmara de Direito Privado
- Relator: Luis Mario Galbetti - 01/08/2021 - 29630 - Unânime)

1024604-07.2020.8.26.0002 - CONTRATO - Plano de Saúde - Obrigação de fazer -


Suspensão do contrato por inadimplemento - Inobservância ao artigo 13, parágrafo único,
inciso II da Lei Federal 9.656/98, aplicável aos contratos individuais e coletivos -
Precedente - Abusividade da cláusula do contrato que autoriza a suspensão automática
da prestação de serviços em face do atraso de pagamento superior a 10 dias - Sentença
mantida - Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 1024604-07.2020.8.26.0002 - São
Paulo - 8ª Câmara de Direito Privado - Relator: Theodureto de Almeida Camargo
Neto - 12/08/2021 - 30196 - Unânime)

1008769-83.2019.8.26.0011 - NEGÓCIO JURÍDICO - Nulidade - Registro de imóveis -


Ação anulatória de escrituras públicas - Demanda que tem como objeto a anulação de
escrituras de venda e compra (por meio das quais os falecidos teriam alienado as
respectivas frações ideais de bem imóvel) - Decreto de procedência - Instrumentos de
procuração que ensejaram a venda que padecem de nulidade (outorgado após o
falecimento de Joaquim) - Com relação à alienante (também falecida), igualmente nula a
transação (realizada quando esta se encontrava hospitalizada, na unidade de terapia
intensiva) - Nulidade absoluta por força do disposto no artigo 167, § 1º, II e III, do Código
Civil - Suposta compradora que sequer fora imitida na posse do bem - Ausente, ainda,
prova do pagamento do preço - Nulidade absoluta corretamente decretada e que torna
descabido o exame da alegada usucapião - Sentença mantida - Recurso desprovido.
(Apelação Cível n. 1008769-83.2019.8.26.0011 - São Paulo - 8ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Luiz Fernando Salles Rossi - 05/08/2021 - 47495 - Unânime)

1011438-68.2016.8.26.0576 - ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - Bem imóvel -


Sentença de procedência - Inconformismo do Banco corréu - Hipótese em que já
constava da matrícula, desde antes da propositura da ação, cancelamento da hipoteca
pelo Banco, bem como da cédula hipotecária integral - Cumpre consignar que nada

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haveria, portanto, que o Banco fazer no que tange à outorga de escritura em favor dos
autores/compradores, cujo objetivo na ação dependia exclusivamente de providência a
ser tomada pelos corréus/vendedores - Sentença reformada - Recurso provido.
(Apelação Cível n. 1011438-68.2016.8.26.0576 - São José do Rio Preto - 9ª Câmara
de Direito Privado - Relator: Walter Piva Rodrigues - 16/08/2021 - 40860 - Unânime)

2130692-24.2021.8.26.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA - Decisão Judicial - Ato


que, com curso de execução de alimentos, determinou penhora de ativos mantidos em
conta vinculada ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e Programa de
integração social (PIS) - Legitimidade, em tese, da constrição - Incidência dos princípios
da dignidade humana, da supremacia dos interesses do alimentando e da razoabilidade
da interpretação judicial das normas, destinadas à satisfação dos fins sociais e às
exigências do bem comum - Óbice à subsistência da constrição e ao levantamento da
quantia, entretanto, proveniente da preexistência de alienação/cessão dos créditos em
garantia de contrato de empréstimo com a instituição financeira - Recursos não mais
pertencentes ao patrimônio do devedor - Ordem concedida. (Mandado de Segurança
Cível n. 2130692-24.2021.8.26.0000 - São Paulo - 9ª Câmara de Direito Privado -
Relator: César Santos Peixoto - 02/08/2021 - 20632 - Unânime)

1019438-24.2016.8.26.0005 - UNIÃO ESTÁVEL - Reconhecimento e Dissolução -


Cumulação com partilha de bens - Insurgência do requerido - União estável
incontestável - Defesa que não rebateu especificamente a existência da união estável -
Os documentos juntados aos autos como plano de saúde, auxílio funeral reforçam a tese
da existência da união fls. 19/22 - Compromisso de compra e venda infirmado em nome
de apenas um dos conviventes no ano de 2008 - Presunção de esforço comum -
Sentença mantida - Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 1019438-24.2016.8.26.0005
- São Paulo - 10ª Câmara de Direito Privado - Relator: Luiz Antonio Coelho Mendes -
23/08/2021 - 29915 - Unânime)

1002823-92.2019.8.26.0541 - COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - Bem imóvel -


Compradora que pleiteia a rescisão do contrato - Possibilidade, decretada, contudo, a
culpa da autora, caracterizada a sua desistência do negócio - Restituição das parcelas
pagas - Admissibilidade - Direito da vendedora ser ressarcida pelas despesas
operacionais com o negócio - Pretensão de restituição do sinal - Não cabimento -
Previsão contratual expressa de retenção - Arras penitenciais - Devolução do saldo em
única parcela, devidamente corrigidos a contar dos respectivos desembolsos - Juros de
mora a contar do trânsito em julgado da decisão - Entendimento do Superior Tribunal de
Justiça - Sentença confirmada - Verba honorária majorada, em atendimento ao artigo 85,
parágrafo 11º do Código de Processo Civil - Recurso não provido. (Apelação Cível n.
1002823-92.2019.8.26.0541 - Santa Fé do Sul - 10ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Elcio Trujillo - 06/08/2021 - 40809 - Unânime)

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11ª a 24ª Câmaras

1000014-42.2021.8.26.0127 - CONTRATO BANCÁRIO - Financiamento de veículo -


Ação revisional - Sentença de improcedência - Apelação da autora sustentando, em
síntese, a aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor e a possibilidade de revisão
contratual, a abusividade dos juros e a ilegalidade da capitalização de juros e da utilização
da Tabela Price - Descabimento - Possibilidade de revisão contratual que decorre do
próprio sistema jurídico (artigos 478 e 480 do Código Civil e artigo 6º, V, do Código de
Defesa do Consumidor) - Código de Defesa do Consumidor é aplicável aos contratos
bancários (Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça), mas a sua incidência não resulta
na automática desvalia das cláusulas do contrato de adesão - Instituições financeiras que
não estão sujeitas ao limite estabelecido na Lei de Usura, podendo cobrar juros acima de
12% (doze por cento) ao ano - Confusão entre a taxa de juros remuneratórios e o custo
efetivo total (CET) do contrato - Irresignação que não se sustenta - Não há capitalização
de juros no caso dos autos, pois se trata de empréstimo contraído para ser pago em
parcelas fixas, no qual os juros são calculados no início (capitalização não composta) e
diluídos ao longo do prazo, não ocorrendo incidência de novos juros sobre aqueles
anteriores - Ainda que assim não fosse, a capitalização não padece de ilegalidade (REsp
Repetitivo nº 973.827-RS, Súmulas do Superior Tribunal de Justiça nºs. 541 e 539) -
Contrato em discussão celebrado após a Medida Provisória nº 1.963-17/00, reeditada sob
o nº 2.170-36/01, confirmada na Emenda Constitucional nº 32/2001 e cuja
inconstitucionalidade se acha pendente de julgamento na ADI 2316/DF - Utilização do
Sistema Francês de Amortização (Tabela Price), por si só, não implica a prática de
capitalização de juros - Sentença mantida - Recurso improvido. (Apelação Cível n.
1000014-42.2021.8.26.0127 - Carapicuíba - 11ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Alberto Marino Neto - 11/08/2021 - 34123 - Unânime)

1035954-84.2018.8.26.0576 - CONTRATO - Prestação de serviços - Criação,


desenvolvimento e implementação de loteamento residencial - Ação de rescisão
cumulada com indenizatória - Sentença de parcial procedência - Validade da cláusula de
eleição de foro prevista na avença - Ilegitimidade dos sócios para responderem por
débitos da pessoa jurídica decorrentes da resolução do contrato - Prova documental e
oral que se mostrou suficiente para a verificação do grau de execução dos serviços
contratados, com a consequente fixação dos valores devidos e redução equitativa da
cláusula penal - Ausência de impugnação específica das partes nas razões recursais -
Elementos dos autos que revelam que os valores fixados a título condenatório em
primeiro grau se mostraram condizentes com a extensão dos serviços efetivamente
prestados, bem assim com as disposições do contrato firmado entre as partes - Recursos
improvidos. (Apelação Cível n. 1035954-84.2018.8.26.0576 - São José do Rio Preto -
11ª Câmara de Direito Privado - Relator: Renato Rangel Desinano - 09/08/2021 -
30276 - Unânime)

1115727-20.2019.8.26.0100 - JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO -


Cerceamento de defesa - Inocorrência - Atraso e descumprimento do contrato de
transporte incontroversos - Desnecessidade de prova testemunhal pretendida pelo
apelante - Preliminar rejeitada. (Apelação Cível n. 1115727-20.2019.8.26.0100 - São

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Paulo - 12ª Câmara de Direito Privado - Relator: Tasso Duarte de Melo - 11/08/2021 -
34369 - Unânime)

1115727-20.2019.8.26.0100 - DANO MORAL - Responsabilidade civil - Transporte


aéreo - Passageiros - Voo internacional - Atraso de pouco mais de 04 (quatro) horas
durante a conexão - Atraso tolerável numa viagem internacional de longa distância,
sobretudo porque ausentes prejuízos extraordinários - Atraso que não ensejou danos
morais no caso concreto, consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça (REsp
1.796.716-MG) - Mero aborrecimento - Sentença de improcedência mantida - Recurso
improvido. (Apelação Cível n. 1115727-20.2019.8.26.0100 - São Paulo - 12ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Tasso Duarte de Melo - 11/08/2021 - 34369 - Unânime)

1001507-90.2020.8.26.0482 - SEGURO - Ação regressiva de indenização - Prestação


de serviços - Fornecimento de energia elétrica - Distúrbios de tensão, decorrentes dos
efeitos de alteração na rede de distribuição da ré - Nexo causal entre os danos
suportados pelo segurado da autora e o serviço prestado pela ré não demonstrado -
Responsabilidade civil não configurada - Para que se possa estabelecer nexo causal
entre o serviço prestado pela concessionária e os danos propalados pelos tomadores
desse serviço, a seguradora deve trazer elementos que possibilitem a investigação do
evento (data e hora do sinistro) e disponibilizar os aparelhos danificados ou as peças
trocadas, para que a prestadora do serviço tenha condições de verificar qual foi a
oscilação de tensão que gerou a queima do equipamento, bem como qual foi o caminho
percorrido pela corrente elétrica pois, como é cediço, alguns aparelhos são conectados
simultaneamente em outros condutores - Não tendo se desincumbido daquele ônus, a
improcedência da pretensão formulada na inicial era mesmo medida que se impunha -
Apelação não provida. (Apelação Cível n. 1001507-90.2020.8.26.0482 - Presidente
Prudente - 12ª Câmara de Direito Privado - Relator: Sandra Maria Galhardo Esteves -
09/08/2021 - 27439 - Maioria de votos)

1008394-63.2020.8.26.0297 - EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL - Cédula de


crédito bancário - Embargos à execução - Nulidade da execução por falta de título
executivo extrajudicial - Inadmissibilidade - Cédula de crédito bancário que é título
executivo extrajudicial nos termos do artigo 784, XII, do Código de Processo Civil de
2015, artigos 28 e 29 da Lei Federal nº 10.931 de 2004 - Súmula 14 do Tribunal de
Justiça de São Paulo - Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça - Possibilidade de
emissão de cédula de crédito bancário para documentar a abertura de crédito através de
descontos antecipados de títulos - Execução instruída com a cédula de crédito bancário,
os cheques não pagos pela emitente, devidamente relacionados nos "borderôs de
cheques" vinculados ao contrato, além de instrumentos de protesto e demonstrativo de
débito - Título dotado de dotado de liquidez, certeza e exigibilidade - Sentença de
improcedência mantida - Recurso improvido. (Apelação Cível n. 1008394-
63.2020.8.26.0297 - Jales - 13ª Câmara de Direito Privado - Relator: Francisco
Giaquinto - 05/08/2021 - 35277 - Unânime)

1109752-17.2019.8.26.0100 - DANO MORAL - Responsabilidade civil - Obrigação de


fazer - Prestação de serviços de telefonia - Não realização de portabilidade sem razão
justificada - Simples descumprimento contratual que não enseja danos morais - Dano não
evidenciado - Sentença de acolhimento parcial mantida, inclusive quanto a sucumbência

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recíproca - Recurso improvido. (Apelação Cível n. 1109752-17.2019.8.26.0100 - São


Paulo - 13ª Câmara de Direito Privado - Relator: Heraldo de Oliveira Silva -
05/08/2021 - 49206 - Unânime)

1016546-12.2020.8.26.0100 - SEGURO - Responsabilidade civil - Concessionária de


energia elétrica - Indenização - Ação regressiva proposta por seguradora que se sub-
rogou nos direitos dos segurados - Instabilidade na energia fornecida pela ré que
acarretou a queima dos equipamentos elétrico-eletrônicos do segurado - Improcedência -
Descabimento - Responsabilidade objetiva da concessionária fundada no artigo 37, § 6º
da Constituição Federal de 1988 e artigo 14 da Lei Federal nº 8.078/90 - Existência de
nexo de causalidade - Ausência de qualquer causa excludente de responsabilidade -
Indenização cabível - Ação que deve ser julgada procedente - Recurso da autora provido.
(Apelação Cível n. 1016546-12.2020.8.26.0100 - São Paulo - 14ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Sebastião Thiago de Siqueira - 04/08/2021 - 47119 - Unânime)

1012908-94.2018.8.26.0405 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Transporte de pessoas -


Ação de indenização por danos morais - Sentença de Improcedência - Inconformismo
da Autora - Assalto a mão armada com desferimento de tiros que a atingiram no interior
do coletivo - Fortuito externo caracterizado, com ausência de responsabilidade da
Empresa de Transporte - Caso em que o conjunto probatório acostado aos Autos
demonstra que os fatos se deram de forma inesperada, sem a presença de culpa dos -
Prepostos da Empresa Requerida - Danos morais não configurados - Inexistência de ato
ilícito praticado pela Parte Ré - Honorários sucumbenciais já estabelecidos no patamar
mínimo estabelecido em Lei que comportam majoração em grau recursal - Sentença
mantida - Recurso não provido, majorando-se a verba honorária a 12% (doze por cento)
do valor dado a causa, dada a majoração de referida verba em grau recursal. (Apelação
Cível n. 1012908-94.2018.8.26.0405 - Osasco - 14ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Monica Salles Penna Machado - 04/08/2021 - 16006 - Unânime)

1009453-03.2020.8.26.0066 - CONTRATO - Cartão de crédito - Ação declaratória de


inexistência de débito e indenização por danos morais - Ação motivada pelo envio de
cartão de crédito não solicitado pelo consumidor - Lançamento de despesas em fatura
sem prova da celebração do contrato e desbloqueio do dispositivo pelo autor - Sentença
de procedência - Apelo do réu insistindo na legitimidade da cobrança - Inadmissibilidade -
A prática abusiva da instituição bancária de enviar cartão de crédito não solicitado enseja
dano moral, conforme dispõe o artigo 39, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor e
a Súmula 532 do Superior Tribunal de Justiça - Dano Moral caracterizado - "Quantum"
arbitrado em R$ 5.000,00, em consonância com os princípios da razoabilidade e
proporcionalidade - Sentença mantida - Recurso improvido. (Apelação Cível n. 1009453-
03.2020.8.26.0066 - Barretos - 15ª Câmara de Direito Privado - Relator: Ramon Mateo
Júnior - 19/08/2021 - 24141 - Unânime)

1001455-25.2020.8.26.0311 - PROVA - Produção - Perícia grafotécnica - Contrato


bancário - Ação declaratória de inexistência de débito, indenização por danos morais e
devolução em dobro dos valores indevidamente descontados - Sentença de
improcedência - Recurso da autora - Descontos consignados em proventos de
aposentadoria por contrato que desconhece - Alegação de cerceamento de defesa ante o
julgamento antecipado da lide - Autora que requereu a realização de prova pericial

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grafotécnica - Alegação de que a assinatura aposta no contrato não lhe pertence - fatos
controvertidos sendo necessária a dilação probatória - Necessidade de observância aos
princípios do contraditório e ampla defesa - Imprescindibilidade da realização de prova
pericial judicial grafotécnica - Ônus da prova - Tratando-se de contestação de assinatura,
o ônus da prova da sua veracidade incumbe à parte que produziu o documento - Artigo
429, I do Código de Processo Civil - Precedente - Cerceamento de defesa acolhido -
Sentença anulada com a remessa dos autos à vara de origem para a realização de
instrução probatória - Recurso provido, com observação. (Apelação Cível n. 1001455-
25.2020.8.26.0311 - Junqueirópolis - 15ª Câmara de Direito Privado - Relator: Achile
Mario Alesina Junior - 10/08/2021 - 21775 - Unânime)

1027440-74.2020.8.26.0576 - DANO MORAL - Banco de dados - Inclusão indevida por


concessionária de energia elétrica do nome da autora nos órgãos de proteção ao crédito -
Sentença de parcial procedência - Apelação da autora - Alegação de que se fazem
presentes os danos extrapatrimoniais reclamados - Cabimento - Débito inexigível -
Ausência de prova nos autos capaz de demonstrar a existência de outros desabonos
anteriormente registrados em nome da autora - Indevida aplicação do quanto disposto
pela Súmula nº 385, nos moldes em que editada pelo Superior Tribunal de Justiça - Dano
evidenciado - Indenização devida e fixada em R$ 10.000,00 (dez mil reais) - Sentença
reformada - Recurso parcialmente provido. (Apelação Cível n. 1027440-
74.2020.8.26.0576 - São José do Rio Preto - 16ª Câmara de Direito Privado - Relator:
José Maria Simões de Vergueiro - 13/08/2021 - 45835 - Unânime)

1062295-86.2019.8.26.0100 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Transporte aéreo -


Cancelamento de voo - Ação de indenização - Autora que chegou ao destino final
passadas quarenta e oito horas do horário inicialmente previsto - Assistência material
devidamente prestada - Dano moral não configurado - Ação julgada improcedente -
Recurso provido para esse fim. (Apelação Cível n. 1062295-86.2019.8.26.0100 - São
Paulo - 16ª Câmara de Direito Privado - Relator: José Roberto Coutinho de Arruda -
02/08/2021 - 38817 - Maioria de votos)

1028811-36.2020.8.26.0071 - CONTRATO BANCÁRIO - Empréstimo - Ação declaratória


cumulada com indenização - Descontos sobre benefício previdenciário - Legitimidade -
Débitos oriundos de contrato bancário - Perícia grafotécnica não realizada pelo apelante
quando instado a especificar provas, quedando-se inerte - Sentença de improcedência
mantida - Decisão correta - Recurso improvido, com majoração dos honorários
advocatícios. (Apelação Cível n. 1028811-36.2020.8.26.0071 - Bauru - 17ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Teodozio de Souza Lopes - 10/08/2021 - 40323 - Unânime)

0002054-78.2014.8.26.0185 - ILEGITIMIDADE "Ad Causam" - Ação civil pública -


Caderneta de poupança - Cobrança de expurgos inflacionários - Execução individual -
Legitimidade ativa - Necessidade de filiação ao IDEC - Descabimento - Possibilidade de
ajuizamento de ação executiva individual por todos os poupadores - Entendimento
pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça em análise de recurso repetitivo - Prefacial
rejeitada - Recurso improvido. (Apelação Cível n. 0002054-78.2014.8.26.0185 - Estrela
D Oeste - 17ª Câmara de Direito Privado - Relator: João Batista Vilhena - 01/08/2021
- 166585 - Unânime)

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0002054-78.2014.8.26.0185 - COMPETÊNCIA - Foro - Ação civil pública - Caderneta


de poupança - Cobrança de expurgos inflacionários - Execução individual - Pleito que não
está restrito ao foro onde tramitou a ação coletiva, podendo ser deduzido pelo poupador
no foro de seu domicílio - Entendimento pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça em
análise de recurso repetitivo - Prefacial afastada - Recurso improvido. (Apelação Cível n.
0002054-78.2014.8.26.0185 - Estrela D Oeste - 17ª Câmara de Direito Privado -
Relator: João Batista Vilhena - 01/08/2021 - 166585 - Unânime)

0002054-78.2014.8.26.0185 - PRESCRIÇÃO - Ação civil pública - Caderneta de


poupança - Cobrança de expurgos inflacionários - Execução individual - Quinquenal o
prazo prescricional para o ingresso com pedido de cumprimento de sentença pelo
poupador, a contar do trânsito em julgado da ação coletiva - Entendimento pacificado pelo
Superior Tribunal de Justiça em análise de recurso repetitivo - Caso dos autos, foi o
pedido de cumprimento de sentença deduzido em 11 de julho de 2014, enquanto o
trânsito em julgado da ação coletiva foi certificado aos 09 de março de 2011, não estando,
portanto, operada a prescrição - Prefacial de mérito rejeitada - Recurso improvido.
(Apelação Cível n. 0002054-78.2014.8.26.0185 - Estrela D Oeste - 17ª Câmara de
Direito Privado - Relator: João Batista Vilhena - 01/08/2021 - 166585 - Unânime)

1001065-07.2017.8.26.0264 - EMBARGOS DE TERCEIRO - Penhora - Alienação de


imóvel após a citação do executado nos autos principais - Situação capaz de reduzir o
devedor à insolvência - Inexistência de averbação de penhora na matrícula do imóvel à
época da alienação - Elementos dos autos que não são hábeis a corroborar a alegação
de existência de fraude - Aplicação da súmula 375 do Superior Tribunal de Justiça -
Desconstituição da penhora mantida - Embargos procedentes - Apelação não provida.
(Apelação Cível n. 1001065-07.2017.8.26.0264 - Itajobi - 18ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Roque Antonio Mesquita de Oliveira - 16/08/2021 - 40953 -
Unânime)

1060007-37.2020.8.26.0002 - DANO MORAL - Banco de dados - Ação declaratória de


inexigibilidade de débito cumulada com indenizatória - Cartão de crédito - Cobrança
indevida e negativação do nome do apelante - Sentença de parcial procedência -
Pretensão do autor de reforma - Cabimento em parte - Dano moral configurado e que
deve ser reparado, contudo o valor pleiteado pelo autor mostra-se excessivo, cabendo a
sua fixação no montante de R$5.000,00 - Tratando-se de relação contratual, o valor da
indenização por danos morais deve ter incidência de correção monetária a partir da data
do arbitramento, nos termos da Súmula 362 do Superior Tribunal de Juros, e de juros de
mora desde a citação, de acordo com o artigo 405 do Código Civil - Registre-se que a
condenação em valor inferior ao pedido na inicial não implica em sucumbência recíproca,
de acordo com a Súmula 326 do Superior Tribunal de Justiça, devendo os réus arcar
integralmente com os ônus sucumbenciais - Sentença parcialmente reformada - Recurso
provido em parte. (Apelação Cível n. 1060007-37.2020.8.26.0002 - São Paulo - 18ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Israel Góes dos Anjos - 03/08/2021 - 28872 -
Unânime)

1029143-29.2020.8.26.0224 - CONTRATO - Financiamento de veículo - Ação


revisional - Relação de consumo - Súmula nº 297 do Superior Tribunal de Justiça -
Cobrança à título de Reembolso de Serviço de Registro de Contrato - Serviço

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expressamente previsto na avença e cuja prestação foi devidamente comprovada -


Questão pacificada através do Recurso Especial Repetitivo nº 1.578.553/SP - Exigência
mantida - Sentença mantida - Recurso improvido. (Apelação Cível n. 1029143-
29.2020.8.26.0224 - Guarulhos - 19ª Câmara de Direito Privado - Relator: Cláudia
Grieco Tabosa Pessoa - 18/08/2021 - 24834 - Unânime)

1004023-48.2019.8.26.0602 - CONTRATO - Mútuo - Ação declaratória cumulada com


indenizatória - Sentença de acolhimento parcial dos pedidos - Elementos dos autos
evidenciando que houve satisfação quase que integral do contrato de mútuo celebrado
entre as partes - Situação em que não se justificava renegociação da dívida, até mesmo
porque a autora tinha uma única parcela em atraso - Inteiramente plausível a alegação da
autora de que procurou a ré no propósito de satisfazer aquela única parcela em atraso e
de que tinha convicção de que o boleto que lhe foi entregue na ocasião se destinava a
isso - Prepostos da ré que, tudo indica, se valeram da condição de analfabeta funcional
da autora para extrair proveito econômico da situação - Renegociação da dívida que,
além disso, é vistosamente ruinosa para a autora, por incluir juros expressivos sobre os já
escorchantes embutidos nas parcelas do primitivo mútuo - Bem proclamada a invalidade
do segundo contrato, para que se restabeleça o primeiro - Dano moral igualmente bem
pronunciado - Indenização devida e fixada em R$ 9.000,00 (nove mil reais), não
comportando majoração - Sentença parcialmente reformada, para também acolher o
pedido de incidência da dobra do artigo 42 do Código de Defesa do Consumidor, por
evidente a má-fé dos prepostos da ré - Recurso da ré improvido e parcial provimento ao
recurso da autora. (Apelação Cível n. 1004023-48.2019.8.26.0602 - Sorocaba - 19ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Ricardo Pessoa de Mello Belli - 03/08/2021 -
38166 - Unânime)

1004640-75.2019.8.26.0224 - CONTRATO - Prestação de serviços - Transporte


rodoviário de carga - Peças mecânicas - Reconhecimento da falha de prestação de
serviço da parte ré, uma vez que não realizou o transporte contratado na data prevista, o
que ensejou o posterior cancelamento do pedido do cliente da autora - Relação contratual
entre as partes da ação principal, em que intervêm partes empresárias, a autora como
remetente e a ré como transportadora, em contrato de transporte rodoviário de cargas, no
exercício de atividade empresarial de ambas, não está subordinada ao Código de Defesa
do Consumidor - Parte transportadora de coisas responde objetivamente pelos danos
causados, que somente pode ser elidida por caso fortuito, força maior, culpa exclusiva da
vítima, "factum principis" e vício próprio da coisa transportada, ou fato exclusivo de
terceiro, a teor do artigo 749 e 750, do Código Civil de 2002, daí por que o simples
inadimplemento contratual, por meio do descumprimento da cláusula de incolumidade, é
fato gerador da responsabilidade, sendo dispensada qualquer prova de culpa do
transportador ou de seu preposto - Nenhuma prova produzida permite o reconhecimento
da culpa exclusiva de terceiro ou culpa exclusiva ou parcial da parte autora, nem mesmo
a ocorrência de caso fortuito ou força maior, para excluir a responsabilidade da parte ré
pelos danos decorrentes do ilícito em questão - Recurso parcialmente provido. (Apelação
Cível n. 1004640-75.2019.8.26.0224 - Guarulhos - 20ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Manoel Ricardo Rebello Pinho - 10/08/2021 - 38453 - Unânime)

1004640-75.2019.8.26.0224 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Dano material - Contrato


de prestação de serviços - Transporte rodoviário de carga - Peças mecânicas -

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Caracterizado o inadimplemento contratual da parte ré transportadora - Mercadorias


transportadas que foram entregues a estelionatário e não ao destinatário - Nexo de
causalidade com o dano experimentada pela parte ré consignatária, pela perda da carga
transportada, e não configurada nenhuma excludente de responsabilidade, razão pela
qual, de rigor o reconhecimento da responsabilidade e a condenação da transportadora ré
na obrigação de indenizar a parte autora pelos danos decorrentes do ilícito em questão -
Deve ser mantida a r. sentença na parte em que condenou a ré a: (i) restituir à autora o
valor de R$221,06, pago pela contratação do serviço de transporte não realizado; (ii)
indenizar à autora o montante de R$22.490,68, correspondente ao pedido não atendido
pela autora junto à sua cliente, uma vez que incontroversas, além de comprovadas, a
existência do pedido, a produção das mercadorias e o cancelamento da compra em razão
do defeito de serviço da ré; e (iii) ambas com correção monetária a partir dos respectivos
desembolsos - Recurso parcialmente provido. (Apelação Cível n. 1004640-
75.2019.8.26.0224 - Guarulhos - 20ª Câmara de Direito Privado - Relator: Manoel
Ricardo Rebello Pinho - 10/08/2021 - 38453 - Unânime)

1004640-75.2019.8.26.0224 - DANO MORAL - Responsabilidade civil - Transporte


rodoviário de Carga - Peças mecânicas - Defeito de serviço, consistente na não
realização do serviço de transporte de mercadorias contratado, com consequente abalo
do conceito e da imagem da pessoa jurídica junto a seu cliente, que havia solicitado
urgência no pedido, constitui fato ensejador de dano moral - Manutenção da sentença
recorrida na parte em que condenou a ré ao pagamento de indenização no valor de R$
15.000,00 (quinze mil reais), reformando-se, todavia, o termo inicial de incidência da
correção monetária para a data da prolação da sentença recorrida - Recurso parcialmente
provido. (Apelação Cível n. 1004640-75.2019.8.26.0224 - Guarulhos - 20ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Manoel Ricardo Rebello Pinho - 10/08/2021 - 38453 -
Unânime)

1004640-75.2019.8.26.0224 - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - Caracterização - Parte ré


apelante que incorreu em litigância, por alteração da verdade dos fatos e proceder de
modo temerário, prevista nos artigo 80, II e V, do Código de Processo Civil, com alteração
da verdade dos fatos e com violação aos princípios da boa-fé e lealdade processual -
Manutenção da sentença recorrida, quanto ao reconhecimento e à sanção imposta à
parte ré por litigância de má-fé, reformando-a, apenas e tão somente, para reduzir o valor
da condenação a 2% (dois por cento) do valor corrigido da causa - Recurso parcialmente
provido. (Apelação Cível n. 1004640-75.2019.8.26.0224 - Guarulhos - 20ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Manoel Ricardo Rebello Pinho - 10/08/2021 - 38453 -
Unânime)

1035588-50.2020.8.26.0196 - DANO MORAL - Responsabilidade civil - Banco de


dados - Indenização - Inclusão do nome do autor nos cadastros de proteção ao crédito
por dívida cuja origem ele afirma desconhecer - Comprovação de relação jurídica entre as
partes - Caso em que a ré demonstrou os débitos que deram ensejo aos apontamentos -
Inexistência de prova do fato constitutivo do direito do autor - Falta de conduta ilícita que
possa ser imputada à ré - Manutenção da improcedência da ação declaratória cumulada
com indenizatória - Recurso improvido, com observação. (Apelação Cível n. 1035588-
50.2020.8.26.0196 - Franca - 20ª Câmara de Direito Privado - Relator: Álvaro Torres
Júnior - 03/08/2021 - 46716 - Unânime)

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1035588-50.2020.8.26.0196 - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - Ocorrência - Deslealdade


processual verificada - Incidência do inciso II do artigo 80 do Código de Processo Civil
de 2015 - Manutenção da multa aplicada pela sentença recorrida - Recurso improvido,
com observação. (Apelação Cível n. 1035588-50.2020.8.26.0196 - Franca - 20ª Câmara
de Direito Privado - Relator: Álvaro Torres Júnior - 03/08/2021 - 46716 - Unânime)

1035588-50.2020.8.26.0196 - HONORÁRIOS DE ADVOGADO - Sucumbência recursal


- Majoração de 10% (dez por cento) para 15% (quinze por cento) do valor da causa, em
observação ao disposto no artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015 -
Recurso improvido, com observação. (Apelação Cível n. 1035588-50.2020.8.26.0196 -
Franca - 20ª Câmara de Direito Privado - Relator: Álvaro Torres Júnior - 03/08/2021 -
46716 - Unânime)

1119165-54.2019.8.26.0100 - DANO MORAL - Banco de dados - Inclusão do nome do


autor nos órgãos de proteção ao crédito - Ação declaratória de inexistência de débito
cumulado com indenização - Sentença de improcedência - Inconformismo - Descabimento
- Contratação com a empresa de telefonia demonstrada - Ausência de pagamento confere
direito ao réu de enviar o nome do autor a cadastros de inadimplentes - Cobrança exigível
- Dano não evidenciado - Indenização indevida - Sentença mantida - Recurso improvido,
com observação. (Apelação Cível n. 1119165-54.2019.8.26.0100 - São Paulo - 21ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Ademir de Carvalho Benedito - 16/08/2021 -
52190 - Unânime)

1119165-54.2019.8.26.0100 - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - Ocorrência - Comprovada a má-


fé do autor no ajuizamento da ação, quanto à alegação de inexistência de débito que
gerou a negativação - Não se cuida de engano justificável, aceito quando produzido de
boa-fé por erro material de conta, ou de interpretação razoável de cláusula contratual
invalidada pelo Judiciário no caso em apreço - Condenação imposta - Valor da multa que
deve ser reduzido em consonância com o princípio da razoabilidade - Sentença mantida -
Recurso improvido, com observação. (Apelação Cível n. 1119165-54.2019.8.26.0100 -
São Paulo - 21ª Câmara de Direito Privado - Relator: Ademir de Carvalho Benedito -
16/08/2021 - 52190 - Unânime)

1011665-74.2018.8.26.0451 - MONITÓRIA - Cambial - Nota promissória - Recuperação


judicial da devedora principal - Ação movida em face dos avalistas - Processo extinto em
virtude da homologação do plano de recuperação judicial da empresa devedora -
Homologação do plano de recuperação judicial que não impede o prosseguimento da
demanda em relação aos devedores solidários - Cláusula do plano que prevê a
suspensão das ações em face de garantidores, avalistas, fiadores e coobrigados que se
revela ineficaz, por contrariar expressa previsão legal - Inteligência do artigo 49, § 1º da
Lei Federal nº 11.101/2005 - Sentença reformada para declarar constituído de pleno
direito o título executivo judicial em relação aos avalistas, convertendo-se o mandado
inicial em executivo - Recurso provido. (Apelação Cível n. 1011665-74.2018.8.26.0451 -
Piracicaba - 21ª Câmara de Direito Privado - Relator: Wellington Maia da Rocha -
11/08/2021 - 39915 - Unânime)

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

1001696-85.2021.8.26.0077 - CONTRATO BANCÁRIO - Cédula de crédito bancário -


Ação revisional - Capitalização de juros em periodicidade inferior à anual e utilização da
Tabela Price - Possibilidade - Contratos bancários firmados na vigência da Medida
Provisória nº 1.963-17/2000, reeditada sob o nº 2.170-36/2001, desde que expressamente
pactuada - Jurisprudência do STJ - Entendimento do Supremo Tribunal Federal -
Suficiência da previsão de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal para
autorizar a cobrança da taxa efetiva anual contratada (Súmula nº 541, do STJ) - Seguro
prestamista - Inteligência da Tese nº 972, do STJ - Ocorrência de abusividade -
Instituição bancária que compeliu o consumidor a contratar tal encargo - Réu que não se
desincumbiu do seu ônus nos termos do artigo 373, II, do Código de Processo Civil -
Recurso parcialmente provido. (Apelação Cível n. 1001696-85.2021.8.26.0077 - Birigüi -
22ª Câmara de Direito Privado - Relator: Alberto Gosson Jorge Junior - 20/08/2021 -
20907 - Unânime)

1092723-17.2020.8.26.0100 - DANO MORAL - Banco de dados - Prestação de serviços


de telefonia - Saldo devedor - Inclusão do nome do autor nos órgãos de proteção ao
crédito - Existência de dívida provada nos autos - Negativação lícita - Inexistência de
danos morais indenizáveis - Sentença de extinção confirmada pelos próprios fundamentos
- Recurso improvido. (Apelação Cível n. 1092723-17.2020.8.26.0100 - São Paulo - 22ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Edgard Rosa - 04/08/2021 - 32257 - Unânime)

1090898-38.2020.8.26.0100 - CONTRATO - Prestação de serviços - Telefonia móvel e


pacote de dados de internet - Ação declaratória de inexistência de débito - Sentença
que julgou o pedido inicial improcedente - Apelação da demandante - Descabimento -
Relação jurídica havida entre as partes que restou comprovada pela requerida -
Inexistência de qualquer comprovação de que tenha a recorrente solicitado o
cancelamento da linha telefônica - Caso dos autos em que não houve, na réplica à
defesa, impugnação idônea da contestação apresentada a ensejar qualquer tipo de
dúvida em favor da apelante - Requerente que não se desincumbiu do ônus, que lhe
cabia, de provar o fato constitutivo de seu direito, nos termos do artigo 373, inciso I, do
Código de Processo Civil - Atos de cobrança que se deram no exercício regular de direito
da demandada, não havendo que se falar no cometimento, por parte da ré, de qualquer
ato ilícito a ensejar a pretendida reparação por danos morais, tampouco na declaração de
inexistência do débito que ora se discute - Sentença mantida - Recurso parcialmente
provido. (Apelação Cível n. 1090898-38.2020.8.26.0100 - São Paulo - 23ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Marcos Gozzo - 16/08/2021 - 12217 - Unânime)

1090898-38.2020.8.26.0100 - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - Multa - Cabimento - Autora que


pretendeu alterar a verdade dos fatos, agindo maliciosamente para induzir o órgão
julgador em erro e livrar-se do cumprimento das obrigações pactuadas - Condenação à
multa de 1% (um por cento) sobre o valor dado à causa mantida - Quantum que se mostra
adequado e proporcional às circunstâncias do caso concreto - Afastamento, por outro
lado, da condenação ao pagamento de indenização em prol da parte contrária, já que não
demonstrados prejuízos suportados pela recorrida - Recurso parcialmente provido para
somente afastar a condenação da autora ao pagamento de indenização, a título de
litigância de má-fé. (Apelação Cível n. 1090898-38.2020.8.26.0100 - São Paulo - 23ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Marcos Gozzo - 16/08/2021 - 12217 - Unânime)

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1001969-20.2020.8.26.0103 - CONTRATO BANCÁRIO - Empréstimo pessoal - Ação


revisional cumulada com repetição de indébito - Sentença de procedência -
Inconformismo do réu - Descabimento - Cobrança abusiva de juros remuneratórios que
permite a revisão - Juros muito excedentes ao quanto praticado pelo mercado -
Determinação de revisão para aplicação da taxa média de juros divulgada pelo Banco
Central do Brasil para a mesma modalidade de crédito - Devolução dos valores pagos a
maior pela autora, que ocorrerá de forma simples - Honorários majorados - Sentença
mantida - Recurso improvido. (Apelação Cível n. 1001969-20.2020.8.26.0103 - Caconde
- 23ª Câmara de Direito Privado - Relator: Virgilio de Oliveira Junior - 09/08/2021 -
49814 - Unânime)

2053675-09.2021.8.26.0000 - ILEGITIMIDADE "Ad Causam" - Legitimidade passiva -


Execução fundada em título extrajudicial - Meação - Mensalidades escolares -
Impossibilidade de se incluir o pai de estudante menor de idade no polo passivo da
execução - Contrato celebrado entre a escola e a mãe da aluna - Legitimidade passiva da
mãe dos alunos que decorre da confissão de dívida por ela subscrita - Ilegitimidade, para
figurar no polo passivo da execução, do pai dos alunos, que não subscreveu os títulos
executivos - Aplicação do artigo 779, I, do novo Código de Processo Civil - Solidariedade
que não se presume - Possibilidade, entretanto, de penhora da meação pertencente à
executada sobre o patrimônio comum do casal - Matrimônio contraído sob o regime da
comunhão parcial de bens - Incidência dos artigos 790, IV do novo Código de Processo
Civil, e 1658 do Código Civil - Responsabilidade patrimonial que corresponde à parte ideal
que cabe à executada sobre o patrimônio comum do casal, resguardada a meação do
cônjuge, ficando ressalvada a possibilidade de impugnação da constrição por meio da via
processual adequada - Decisão reformada. (Agravo de Instrumento n. 2053675-
09.2021.8.26.0000 - Mogi das Cruzes - 24ª Câmara de Direito Privado - Relator: Plinio
Novaes de Andrade Júnior - 09/08/2021 - 19119 - Maioria de votos com voto
declarado)

1009520-76.2020.8.26.0127 - CONTRATO - Prestação de serviços bancários - Ação


revisional de financiamento de veículo - Juros remuneratórios - Instituições financeiras
que não se submetem aos limites do Decreto Federal n. 22626/33 - Súmulas 596, 648, e
Vinculante n. 7, todas do Supremo Tribunal Federal - Prévia informação ao consumidor -
Orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça ao aplicar a "Lei de Recursos
Repetitivos" (Resp. 1.061.530/RS) - Financiamento de veículo - Distinção entre encargos
remuneratórios e custo efetivo total (CET) - Abusividade não caracterizada - Recurso
desprovido. (Apelação Cível n. 1009520-76.2020.8.26.0127 - Carapicuíba - 24ª Câmara
de Direito Privado - Relator: Jonize Sacchi de Oliveira - 04/08/2021 - 12831 -
Unânime)

1009520-76.2020.8.26.0127 - JUROS - Capitalização - Contrato de financiamento de


veículo - Cédula de crédito bancário - Inteligência do artigo 28, § 1º, I, da Lei Federal n.
10931/04 - Permitida a capitalização dos juros remuneratórios com periodicidade inferior a
um ano nos contratos celebrados posteriormente a 31.3.2000, data da publicação da
Medida Provisória n. 1963-17/2000, desde que expressamente pactuada (Resp.
973.827/RS) - Suficiência, para tanto, da previsão na cédula da taxa de juros anual
superior a doze vezes a taxa de juros mensal nela estipulada - Súmulas 539 e 541, do
Superior Tribunal de Justiça - Título emitido posteriormente a 31.3.2000 -

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Constitucionalidade do artigo 5º da Medida Provisória n. 2170/36-2001 reconhecida -


Previsão expressa da capitalização pela sistemática do duodécuplo - Recurso desprovido.
(Apelação Cível n. 1009520-76.2020.8.26.0127 - Carapicuíba - 24ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Jonize Sacchi de Oliveira - 04/08/2021 - 12831 - Unânime)

1009520-76.2020.8.26.0127 - CONTRATO - Prestação de serviços bancários - Ação


revisional de financiamento de veículo - Amortização pela Tabela Price - Legitimidade,
não configurando ilegalidade ou abusividade - Recurso desprovido. (Apelação Cível n.
1009520-76.2020.8.26.0127 - Carapicuíba - 24ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Jonize Sacchi de Oliveira - 04/08/2021 - 12831 - Unânime)

1009520-76.2020.8.26.0127 - TARIFA - Serviços bancários - Tarifa de cadastro - Ação


revisional de financiamento de veículo - Possibilidade de cobrança do consumidor apenas
no início do relacionamento com a instituição financeira - Entendimento consolidado no
Resp. 1.251.331/RS, julgado sob o rito dos recursos repetitivos, e na Súmula 566 do
Superior Tribunal de Justiça - Contrato entabulado após o advento da Resolução CMN n.
3518/2007, prevendo taxativamente a tarifa - Inexistente informação nos autos revelando
anterior relação negocial entre as partes - Ausência de comprovação de abusividade -
Tarifa mantida - Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 1009520-76.2020.8.26.0127 -
Carapicuíba - 24ª Câmara de Direito Privado - Relator: Jonize Sacchi de Oliveira -
04/08/2021 - 12831 - Unânime)

1009520-76.2020.8.26.0127 - TARIFA - Serviços bancários - Tarifa de registro de


contrato - Ação revisional de financiamento de veículo - Possibilidade de sua cobrança
quando constatada a prestação do serviço e a sua não onerosidade excessiva - Tese
sedimentada no julgamento do Resp. 1.578.553/SP, sob o rito dos recursos repetitivos -
Consulta ao Sistema Nacional de Gravame que demonstra a averbação da garantia -
Cobrança legítima - Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 1009520-76.2020.8.26.0127
- Carapicuíba - 24ª Câmara de Direito Privado - Relator: Jonize Sacchi de Oliveira -
04/08/2021 - 12831 - Unânime)

1009520-76.2020.8.26.0127 - TARIFA - Serviços bancários - Tarifa de avaliação de


bem - Ação revisional de financiamento de veículo - Ausência de previsão de incidência
no contrato firmado - Falta de interesse recursal - Apelo não conhecido neste tópico.
(Apelação Cível n. 1009520-76.2020.8.26.0127 - Carapicuíba - 24ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Jonize Sacchi de Oliveira - 04/08/2021 - 12831 - Unânime)

25ª a 38ª Câmaras

1011966-40.2014.8.26.0005 - DIREITO DE VIZINHANÇA - Elevação de muro -


Ressarcimento por danos materiais e morais cumulada com obrigação de fazer - Parcial
procedência - Construção de muro em corredor de passagem de modo a bloquear a
iluminação e a ventilação das janelas da casa dos autores - Alegação dos réus de que a
mureta foi construída dentro do seu imóvel com o intuito de solucionar problemas de
privacidade e mau cheiro advindo da cozinha e do banheiro dos autores - Terreno
referente ao corredor que é de posse exclusiva dos requeridos - Ocorrência do

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fechamento da porta de acesso da residência dos autores ao corredor antes da aquisição


do imóvel pelos réus - Nova condição possessória com uso exclusivo dos réus sem
oposição dos autores - Construção das janelas da cozinha e do banheiro que foi feita há
mais de ano e dia pelos autores, operando-se a decadência, sendo preexistentes à
aquisição do imóvel pelos réus, sem reclamação em prazo oportuno - Construção de
muro a centímetros das janelas - Inteligência dos artigos 1301 e 1302, ambos do Código
Civil - Direito ao soerguimento de edificação que não pode ser feito ignorando-se a
regência legal do direito de vizinhança - Pertinência do pleito demolitório - Dano moral
caracterizado - Verba fixada em primeiro grau em R$ 5.000,00 que deve ser mantida em
obediência aos critérios da razoabilidade e proporcionalidade - Sentença mantida -
Sucumbência recursal, nos termos do artigo 85, § 11 do Código de Processo Civil -
Recurso desprovido, nos termos do acórdão. (Apelação Cível n. 1011966-
40.2014.8.26.0005 - São Paulo - 25ª Câmara de Direito Privado - Relator: Claudio
Hamilton Barbosa - 10/08/2021 - 25460 - Unânime)

1006213-81.2019.8.26.0020 - DANO MORAL - Responsabilidade civil - Prestação de


serviços de advocacia - Conduta displicente do contratado - Ocorrência - Advogado
que peticiona em juízo equivocado, tendo a contratante sido decretada revel e
experimentando prejuízo - Impossibilidade de se entender que Advogado que milita no
Foro da Capital confunda ação que tramita em Foro Regional, peticionando no Foro
Central - Responsabilidade do Advogado devida ao fato de a contratante não poder
efetuar prova que, no caso, era essencial - Dano Moral - Reconhecimento - Apelo
improvido. (Apelação Cível n. 1006213-81.2019.8.26.0020 - São Paulo - 25ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Antonio de Almeida Sampaio - 06/08/2021 - 51122 -
Unânime)

2165158-44.2021.8.26.0000 - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA -


Desconsideração inversa - Incidente rejeitado liminarmente - Nulidade por falta de
citação do polo passivo (Código de Processo Civil, artigo 135) - Inocorrência -
Possibilidade do juízo resolver o mérito em caso de ausência dos requisitos para a
responsabilização de terceiros - Executada originária que teve sua personalidade jurídica
desconsiderada e incluídos os sócios no polo passivo - Ausência de bens em nome dos
sócios - Pretendida responsabilização de outra empresa de titularidade da filha da sócia -
Impossibilidade - Existência de procuração pública para administrar que não caracteriza a
alegação de sócia oculta - Procuradora que se apresenta à autoridade de polícia como
legítima possuidora de lotes registrados em nome da mandante que não é suficiente para
demonstrar a alegação de ocultação de patrimônio da mandatária - Indeferimento da
desconsideração inversa - Confirmação - Agravo de instrumento improvido. (Agravo de
Instrumento n. 2165158-44.2021.8.26.0000 - São José dos Campos - 26ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Tarcísio Ferreira Vianna Cotrim - 07/08/2021 - 47562 -
Unânime)

1000493-77.2020.8.26.0286 - DESPEJO - Falta de pagamento - Cumulação com


cobrança de alugueres em atraso - Locação para fins comercial - Contrato e débito
locatício que estão incontroversos nos autos - Tratando-se de dívida em dinheiro,
somente a prova da quitação regular elide a pretensão do autor - Hipótese para a
compensação de dívidas não evidenciada - Pedido de ressarcimento pelas benfeitorias
realizadas negado por absoluta ausência de provas - Prevalência, ademais, do disposto

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no artigo 35 da Lei Federal n. 8245/91 - Não existindo direito à renovação do contrato


locatício, incabível ressarcimento pela perda do fundo de comércio, porquanto este direito
não se perfaz sem aquele - Sentença mantida - Justiça gratuita - Indeferimento - Não
preenchimento dos requisitos gizados pela lei de regência - Cerceamento de defesa não
evidenciado - Preliminar afastada - Recurso desprovido, com determinação. (Apelação
Cível n. 1000493-77.2020.8.26.0286 - Itu - 26ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Antonio Benedito do Nascimento - 04/08/2021 - 29711 - Unânime)

1048276-41.2020.8.26.0100 - CONTRATO - Resolução - Rede social "Instagram" -


Ação de obrigação de fazer cumulada com indenização moral - Desativação imediata da
conta mantida pelo empresário individual autor na plataforma digital após o recebimento
de denúncia por suposta violação à propriedade intelectual de terceiro - Sentença de
parcial procedência - Apelação da ré, que insiste na improcedência da ação, com pedido
subsidiário de redução do "quantum" indenizatório arbitrado a título de reparação moral na
Vara de origem - Exame - Relação contratual que se sujeita às normas do Código de
Defesa do Consumidor - Interrupção do serviço objeto de discussão, sem facultar ao
usuário a oportunidade para o exercício do contraditório e da ampla defesa, que afronta a
eficácia horizontal dos direitos fundamentais, cuja observância também se impõe no
âmbito das relações privadas - Empresa ré que, como quer que seja, não se desincumbiu
do ônus de comprovar a cogitada violação aos "Termos de Uso" atribuída ao autor - Mera
invocação do princípio da liberdade contratual e de aplicabilidade da cláusula resolutiva
expressa que não basta para alterar o desfecho dado à causa - Reativação da conta em
questão que era mesmo de rigor - Dano moral indenizável configurado - Situação que
ultrapassou o mero dissabor da vida cotidiana do demandante, que utiliza o perfil
desativado como ferramenta para o exercício da atividade profissional - Indenização moral
arbitrada em R$ 10.000,00, que deve ser mantida nesse patamar ante as circunstâncias
específicas do caso concreto e os parâmetros da razoabilidade e da proporcionalidade -
Precedentes desta Egrégia Corte - Sentença mantida - Recurso não provido. (Apelação
Cível n. 1048276-41.2020.8.26.0100 - São Paulo - 27ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Daise Fajardo Nogueira Jacot - 06/08/2021 - 21325 - Unânime)

2061747-53.2019.8.26.0000 - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - Bem imóvel - Purgação da


mora - Contrato de compra e venda de bem imóvel, com garantia de alienação fiduciária,
firmado em data anterior à edição da Lei Federal n. 13465/17 - Possibilidade de purga da
mora até a assinatura do auto de arrematação, na forma prevista no artigo 34, do
Decreto-lei n. 70/66, e conforme decidido no Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas (IRDR) n. 2166423-86.2018.8.26.0000 - Decisão que deferiu a purgação da
mora e determinou que a instituição bancária emitisse boletos para esse fim -
Admissibilidade - Hipótese em que os atos foram praticados antes das alterações
incluídas pela Lei Federal n. 13465/17 - "Decisum" mantido na íntegra - Negado
provimento ao recurso do banco acionado, tudo nos estreitos limites do recurso. (Agravo
de Instrumento n. 2061747-53.2019.8.26.0000 - São Paulo - 27ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Paulo Miguel de Campos Petroni - 04/08/2021 - 39304 - Unânime)

1021604-96.2020.8.26.0002 - LOCAÇÃO - Aluguel - Novação - Apelação pelos


locadores da sentença que acolheu os embargos e extinguiu a execução de título
extrajudicial - Pleito de exigibilidade dos reajustes e multas - Hipótese em que não houve
acordo verbal, mas aceitação por parte dos locadores por quatro anos e alguns meses do

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pagamento do aluguel sem reajuste anual e sem multa moratória - Configuração de nítida
e tácita alteração do contrato e renúncia à eventual diferença - Real intenção dos
contratantes que interessa mais do que o sentido literal da linguagem escrita - Cláusula
de exclusão de novação ou renúncia que não importa, bem como regras que, depois do
contrato, foram introduzidas por lei - Exceção feita aos aluguéis dos últimos três meses,
em que não subsistia a aceitação dos locadores, incidindo o reajuste e a multa moratória,
abatendo-se em compensação despesas de fundo de obra, custeio de reparo de muro do
condomínio, e encargos dos locadores, aos quais houve comunicação - Execução que
prossegue pela diferença - Acolhimento parcial dos embargos. (Apelação Cível n.
1021604-96.2020.8.26.0002 - São Paulo - 28ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Celso José Pimentel - 06/08/2021 - 44683 - Unânime)

2164646-61.2021.8.26.0000 - TUTELA DE URGÊNCIA - Prestação de serviços -


Fornecimento de energia elétrica - Ação de obrigação de fazer - Agravo de instrumento
interposto contra a decisão que deferiu tutela de urgência compelindo a concessionária
requerida a fornecer energia elétrica no imóvel dos autores - Inadmissibilidade -
Elementos presentes nos autos que autorizam a concessão da medida em cognição
sumária - Serviço de natureza essencial que já é prestado aos imóveis vizinhos - Eventual
irregularidade do loteamento que é passível de ser sanada - Observância do princípio da
dignidade da pessoa humana - Preenchidos os requisitos do artigo 300 do Código de
Processo Civil de 2015 - Decisão mantida - Recurso desprovido. (Agravo de
Instrumento n. 2164646-61.2021.8.26.0000 - Guaratinguetá - 28ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Cesar Luiz de Almeida - 05/08/2021 - 17647 - Unânime)

2093322-11.2021.8.26.0000 - EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL - Contrato


de locação - Decisão de primeiro grau que indefere pedido de suspensão da CNH, do
passaporte, e dos cartões de crédito dos executados - Agravo interposto pelo exequente -
Inadmissibilidade - Dispositivo processual (artigo 139, inciso IV) que não autoriza o
deferimento indiscriminado de medidas coercitivas na tentativa de satisfação do direito,
devendo haver relação harmônica entre elas e o objetivo a ser alcançado - Medidas
pleiteadas que se mostram incompatíveis com a tentativa de satisfação do crédito - Efeito
unicamente punitivo não amparado pela norma processual - Decisão mantida - Agravo
desprovido. (Agravo de Instrumento n. 2093322-11.2021.8.26.0000 - São Paulo - 29ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Carlos Henrique Miguel Trevisan - 09/08/2021 -
18563 - Unânime)

2111805-89.2021.8.26.0000 - COMPETÊNCIA - Juízo da recuperação judicial -


Condomínio edilício - Cobrança de despesas comuns - Cumprimento de sentença -
Decisão agravada que determinou o prosseguimento da execução, com possibilidade de
alienação da unidade autônoma geradora dos encargos - Insurgência da executada
embasada na competência exclusiva do juízo da recuperação judicial para atos
expropriatórios - Descabimento - Atribuição, à luz da jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça, que não deve ser entendida estritamente como relativa à prática dos atos
materiais de expropriação patrimonial, mas ao mero controle da viabilidade desses atos,
conforme os bens afetados - Juízo recuperacional que já manifestou expressamente a
possibilidade de seguimento regular, junto aos Juízos próprios, das execuções relativas a
créditos extraconcursais - Alegação da agravante, outrossim, de se tratar a unidade
penhorada de bem essencial ao soerguimento, por integrante de cluster previsto no plano

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de recuperação, que além de inovadora, não foi minimamente comprovada - Decisão


agravada confirmada - Agravo de instrumento da executada desprovido. (Agravo de
Instrumento n. 2111805-89.2021.8.26.0000 - Santos - 29ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Fábio Guidi Tabosa Pessoa - 05/08/2021 - 19606 - Unânime)

2149348-29.2021.8.26.0000 - GRATUIDADE DA JUSTIÇA - Despesas processuais -


Agravo de instrumento - Ação de restituição de valores pagos com pedido de obrigação
de fazer cumulada com indenização por danos morais - Contrato de compra e venda de
veículo - Impugnação à gratuidade da justiça concedida pelo Juízo de origem - Rejeição
da impugnação e manutenção da gratuidade processual - Hipossuficiência comprovada -
Decisão mantida - Apesar de ponderáveis os argumentos do agravante, o fato de o
agravado possuir veículos automotores e possuir bens não é suficiente para a revogação
do benefício, tal como constou da respeitável decisão ora agravada, ou seja, não é motivo
para, por si só, afastar a presunção de que não possa custear o processo sem prejuízo de
seu próprio sustento ou de sua família - No caso ora sob exame, a impugnação oferecida
pelo autor, ora agravante, não trouxe nenhum fato novo ou relevante na demanda em
discussão, tendo-se em conta que o agravado é assistido nos autos pela Defensoria
Pública do Estado de São Paulo em razão de convênio e passou pelo crivo avaliatório
para a concessão do benefício pleiteado - Deferido o benefício da justiça gratuita, só
haverá sua revogação se comprovados a inexistência ou o desaparecimento dos
requisitos essenciais à sua concessão - Portanto, não evidenciada hipótese autorizadora
de revogação, de manter-se os benefícios da justiça gratuita ao agravado, razão pela qual
correto o Juízo de origem na manutenção do benefício da gratuidade. (Agravo de
Instrumento n. 2149348-29.2021.8.26.0000 - Ribeirão Preto - 30ª Câmara de Direito
Privado - Relator: José Roberto Lino Machado - 05/08/2021 - 48423 - Unânime)

2149348-29.2021.8.26.0000 - RECURSO - Agravo de instrumento - Pressupostos de


admissibilidade - Ação de restituição de valores pagos com pedido de obrigação de
fazer cumulada com indenização por danos morais - Contrato de compra e venda de
veículo - Pleito de intempestividade da contestação e consequente decretação da revelia
na demanda - Questão que não foi objeto da respeitável decisão agravada, portanto, não
há que se conhecê-la neste recurso, sob pena de supressão de um grau de jurisdição -
De qualquer modo, no caso ora sob exame, o artigo 1015 do atual Estatuto Processual
contém um rol taxativo de decisões que poderão ser contrastadas com o emprego
imediato do agravo de instrumento, devendo todas as demais questões serem arguidas
em apelação ou contrarrazões de apelação, já que "as questões resolvidas na fase de
conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não
serão cobertas pela preclusão" (Código de Processo Civil de 2015, artigo 1009, § 1º) -
Assim, somente a decisão contemplada no citado artigo 1015 ou em outros dispositivos
legais ensejará a interposição do agravo de instrumento, não existindo previsão legal de
cabimento de tal recurso para a hipótese que versa sobre pedido de decretação de
revelia, o que leva à conclusão de inadmissibilidade do agravo para essa situação - Neste
sentido: "Ação condenatória - Contrato de seguro de vida - Decisão que decretou a revelia
- Não cabimento do recurso de agravo de instrumento - Ausência de previsão no rol
taxativo do artigo 1015 do Código de Processo Civil de 2015 - inciso II destinado à
antecipação parcial do mérito - Agravo interno não provido" (Agravo Regimental n.
2116255-17.2017.8.26.0000/50000, 33ª Câmara de Direito Privado desta Corte, Rel. Des.
Eros Piceli, j. em 02 de outubro de 2017) - "Agravo de instrumento - Ação Monitória -

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Pretensão do réu de devolução de prazo para oposição de embargos monitórios após o


reconhecimento de nulidade da sua citação postal realizada e consequente revelia - Rol
do artigo 1015 do Código de Processo Civil de 2015 taxativo - Matéria não impugnável por
meio de agravo de instrumento - Ausência de interesse - Agravo não conhecido" (Agravo
de Instrumento n. 2231725-96.2017.8.26.0000, 33ª Câmara de Direito Privado desta
Corte, Rel.: Des. Sá Moreira de Oliveira, j. em 29 de janeiro de 2018) - "Agravo interno -
Decisão que manteve a decretação de revelia do réu e negou o pedido de extinção do
feito - Ação de produção antecipada de provas - Hipótese não prevista no artigo 1015 do
Novo Código de Processo Civil - Rol taxativo que não admite ampliação - Recurso não
conhecido - Decisão mantida - Agravo interno desprovido" (Agravo interno n. 2128049-
35.2017.8.26.0000/50000, 1ª Câmara de Direito Privado desta Corte, Rel.: Des. Rui
Cascaldi, j. em 31 de outubro de 2017) - Agravo conhecido em parte e, na parte
conhecida, desprovido. (Agravo interno n. 2128049-35.2017.8.26.0000/50000, 1ª Câmara
de Direito Privado desta Corte, Rel.: Des. Rui Cascaldi, j. em 31 de outubro de 2017) -
Agravo conhecido em parte e, na parte conhecida, desprovido. (Agravo de Instrumento
n. 2149348-29.2021.8.26.0000 - Ribeirão Preto - 30ª Câmara de Direito Privado -
Relator: José Roberto Lino Machado - 05/08/2021 - 48423 - Unânime)

2093300-50.2021.8.26.0000 - PERITO - Salário - Seguro residencial - Ação de


cobrança cumulada com reparação por danos morais - Prova pericial consistente em
avaliação das condições do imóvel segurado após o vendaval noticiado na inicial -
Nomeação de perito engenheiro civil - Honorários arbitrados em R$ 20.000,00 - Valor
excessivo - Redução - Admissibilidade - Decisão reformada - O juiz não está vinculado
aos valores constantes da tabela publicada pelo IBAPE ou por qualquer outra instituição
quando da fixação do valor dos honorários periciais, que devem ser arbitrados, em cada
caso concreto, de acordo com a natureza e a complexidade do trabalho, o local de sua
realização e o tempo despendido para confecção do laudo - Assim, considerados os
parâmetros utilizados por este Tribunal em casos de semelhante complexidade, bem
como a observância aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade, cabível a
redução do valor arbitrado a título de honorários periciais - Agravo provido em parte.
(Agravo de Instrumento n. 2093300-50.2021.8.26.0000 - Bananal - 30ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Alberto de Oliveira Andrade Neto - 04/08/2021 - 38144 -
Unânime)

1005716-08.2021.8.26.0405 - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - Bem imóvel - Ação visando a


anulação de leilões designados pelo credor fiduciário para a venda extrajudicial do bem
objeto do contrato fundada na falta de intimação da devedora fiduciante - Sentença de
improcedência calcada no suprimento da irregularidade, já que a autora ajuizou a
presente lide antes da realização dos leilões e ciente da designação e datas dos mesmos,
estando apta a purgar a mora até eventual arrematação - Irresignação que não supera o
juízo de admissibilidade por não dialogar com aquilo que restou decidido em primeira
instância - Sentença que não refutou a necessidade da intimação acerca da data da
realizações dos leilões e acolheu a tese inicial nesse sentido, deixando, no entanto, de
reconhecer a nulidade por ausência de prejuízo - Completa dissociação que evidencia
existência de vício ensejador do não conhecimento do recurso - Honorários majorados em
virtude do trabalho recursal - Apelo não conhecido. (Apelação Cível n. 1005716-
08.2021.8.26.0405 - Osasco - 31ª Câmara de Direito Privado - Relator: Francisco
Antonio Casconi - 04/08/2021 - 36606 - Unânime)

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2136008-18.2021.8.26.0000 - PENHORA - Incidência sobre direito eventual da devedora


fiduciante sobre o bem imóvel objeto de alienação fiduciária em ação de execução de
título extrajudicial por despesas condominiais - Pleito de reconhecimento da
impenhorabilidade - Rejeição que prevalece - A unidade condominial geradora das
despesas respectivas é objeto de alienação fiduciária, de modo que a titularidade do
domínio cabe ao credor fiduciário, tendo a devedora fiduciante apenas o exercício da
posse direta - É admissível a incidência da penhora sobre o direito daí decorrente,
denominado direito eventual ou expectado, que ao final do pagamento das prestações
assegurará ao devedor alcançar a titularidade do domínio - Ademais, não vinga a tese da
impenhorabilidade por se tratar de situação excluída do âmbito de proteção da Lei Federal
n. 8009/90 (artigo 3º, inciso IV) - Agravo improvido nessa parte. (Agravo de Instrumento
n. 2136008-18.2021.8.26.0000 - Sertãozinho - 31ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Antonio Rigolin - 04/08/2021 - 48249 - Unânime)

2136008-18.2021.8.26.0000 - GRATUIDADE DA JUSTIÇA - Sucumbência - Execução


por título extrajudicial - Despesas condominiais - Alegação de excesso de execução sob o
argumento de que não são exigíveis as verbas de sucumbência - Acolhimento -
Executada que é beneficiária da gratuidade judicial, de modo que se encontram
inexigíveis as verbas sucumbenciais, na forma do artigo 98, § 3º, do Código de Processo
Civil - O fato gerador das custas iniciais e o arbitramento da verba honorária ocorreram
antes do ajuizamento, e a primeira intervenção da parte executada nos autos se deu
justamente para pleitear o benefício - Agravo provido nessa parte. (Agravo de
Instrumento n. 2136008-18.2021.8.26.0000 - Sertãozinho - 31ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Antonio Rigolin - 04/08/2021 - 48249 - Unânime)

2088952-86.2021.8.26.0000 - PENHORA - Bem não indicado - Agravo de instrumento


interposto contra a decisão que condenou o agravante ao pagamento de 20% (vinte por
cento) sobre o valor da dívida por prática de ato atentatório à dignidade da justiça -
Prestação de serviços de arquitetura e construção em fase de cumprimento de sentença -
Devedor que não atendeu determinação judicial, deixando de apontar bens passíveis de
penhora, caso existentes - Documentos indicando a existência de patrimônio - Penalidade
mantida, nos termos do artigo 774, inciso V, do Código de Processo Civil - Inobservância
do dever de cooperação imposto às partes pelo artigo 6º do Código de Processo Civil - A
simples alegação do recorrente de que está em situação financeira precária,
desacompanhada de qualquer subsídio probatório, não se mostra suficiente ao
cumprimento da determinação judicial, sem considerar que os documentos colacionados
apontam a existência de patrimônio em seu nome e não restaram desabonados
oportunamente - Assim, tendo o agravante incorrido em ato atentatório à dignidade da
Justiça por não ter observado o dever de cooperação imposto às partes pelo art. 6º do
Código de Processo Civil, resta mantida a condenação - Contudo, considerando que o
débito atingiu valor expressivo, cabe a redução do percentual aplicado, em atenção aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, restando fixado em 10% (dez por
cento) sobre o débito atualizado - Recurso provido em parte. (Agravo de Instrumento n.
2088952-86.2021.8.26.0000 - São Paulo - 32ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Kioitsi Chicuta - 03/08/2021 - 46155 - Unânime)

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1002146-61.2019.8.26.0024 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Contrato de seguro - Ação


declaratória de inexistência de débito cumulada com indenização por danos materiais e
morais e pedido de tutela antecipada - Alegação de cobrança indevida na conta corrente
do autor de seguro que não foi por ele contratado - Réus que não comprovaram a relação
comercial havida entre as partes - Responsabilidade objetiva e solidária do banco e das
empresas que solicitaram indevidamente os débitos em conta - Pretensão de restituição
em dobro - Admissibilidade - Ausência de boa-fé "in casu" - Peculiaridades do caso
concreto que denotam a caracterização excepcional de dano moral indenizável -
Reprovabilidade das condutas e dissabores que vão além do razoável - Valor arbitrado
em R$ 3.000,00, atendendo aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade,
evitando enriquecimento sem causa do autor - Função punitiva e educativa da reparação
por danos morais - Obediência aos Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade -
Sucumbência mínima da autor - Verba honorária arbitrada a cargo dos réus - Acolhimento
- Sentença parcialmente reformada - Recurso provido em parte. (Apelação Cível n.
1002146-61.2019.8.26.0024 - Andradina - 32ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Francisco Occhiuto Júnior - 02/08/2021 - 29600 - Maioria de votos com voto
declarado)

1014735-69.2019.8.26.0482 - CONTRATO - Compromisso de compra e venda de


imóvel - Pretensão de resolução contratual julgada parcialmente procedente - Declarada
a resolução do trato, por culpa dos promissários compradores, com determinação às
promitentes vendedoras, empreendedora e corretora, de restituição de 80% (oitenta por
cento) do valor total recebido - Obrigação de restituição da quantia paga a título de
comissão de corretagem afastada, em face da ausência de abusividade da estipulação
(Resp. n. 1.551.951/SP) - Devolução de 80% (oitenta por cento) do preço recebido que
deve ser feita, exclusivamente, pela empreendedora, que foi quem recebeu tal montante -
Apelação parcialmente provida, não provido o recurso adesivo. (Apelação Cível n.
1014735-69.2019.8.26.0482 - Presidente Prudente - 33ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Carlos Alberto de Sá Duarte - 12/08/2021 - 43526 - Unânime)

1025743-78.2020.8.26.0071 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Contrato - Prestação de


serviços digitais - Apelação cível e recurso adesivo interpostos contra sentença que
julgou parcialmente procedente a ação de reparação de danos - Preliminares afastadas -
Fraude praticada por terceiro, que veio a atingir a conta da autora mantida junto à
plataforma digital da ré - Invasão dos dados da autora, culminando em transferência de
valores não autorizada a pessoas desconhecidas - Responsabilidade objetiva do
fornecedor, que possui legitimidade para ocupar o polo passivo da ação - Ausência de
providências da ré que configura falha na prestação dos serviços - Dano material
comprovado - Danos morais configurados - A correção monetária e os juros de mora,
aplicados à indenização, devem observar, respectivamente, as Súmulas 362 e 54,
editadas pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça - Sentença parcialmente reformada -
Apelação da autora parcialmente provida, e recurso adesivo da ré não provido. (Apelação
Cível n. 1025743-78.2020.8.26.0071 - Bauru - 33ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Mario Antonio Silveira - 05/08/2021 - 46116 - Unânime)

2147760-84.2021.8.26.0000 - PENHORA - Bem de família - Locação comercial -


Cumprimento de sentença - Rejeição da alegada impenhorabilidade de imóvel por se
tratar de bem de família - Possibilidade de penhora do único bem imóvel dos fiadores de

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locação comercial - Texto expresso de Lei que não distingue entre locação comercial e
residencial para fins de desoneração do fiador para responder com seus bens, ainda que
se trate de bem de família - Recurso Extraordinário n. 605.709/SP não transitado em
julgado e que foi processado sem repercussão geral - Inteligência do artigo 3º, VII, da Lei
Federal n. 8009/90 - Precedente do Superior Tribunal de Justiça - Decisão agravada
mantida. (Agravo de Instrumento n. 2147760-84.2021.8.26.0000 - São Bernardo do
Campo - 34ª Câmara de Direito Privado - Relator: Maria Cristina Zucchi - 06/08/2021 -
34373 - Unânime)

1000452-72.2020.8.26.0428 - BUSCA E APREENSÃO - Alienação fiduciária - Bem


móvel - Notificação extrajudicial para constituição em mora enviada por e-mail -
Inviabilidade - Ausência de amparo na legislação correlata - Mora não comprovada -
Sentença de extinção sem exame do mérito mantida - Venda do veículo automotor para
terceiro antes da consolidação da posse e propriedade em favor da credora fiduciária -
Impossibilidade de restituição do automóvel à devedora fiduciante - Conversão em perdas
e danos, independentemente de ajuizamento de ação própria - Dever de restituir à
requerida o valor de mercado do bem, segundo a Tabela FIPE, à época da venda -
Imposição da multa de 50% do valor originalmente financiado - Inteligência do disposto no
§ 6º do artigo 3º do Decreto-Lei n. 911/69 - Readequação da verba honorária de
sucumbência - Recurso da instituição financeira improvido, e provido o da requerida.
(Apelação Cível n. 1000452-72.2020.8.26.0428 - Paulínia - 34ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Ligia Cristina de Araújo Bisogni - 02/08/2021 - 42256 - Unânime)

1026649-89.2017.8.26.0001 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Prestação de serviços


mecânicos - Danos materiais e morais - Autor que contratou os serviços da requerida
para reparar o sistema de arrefecimento de veículo - Laudo pericial que consignou que a
requerida utilizou líquido de arrefecimento diluído, o que foi decisivo para os danos no
motor do veículo - Comprovada a falha na prestação de serviços (uso de líquido de
arrefecimento diluído e em quantidade insuficiente) - Falta de interesse processual quanto
aos pedidos declaratórios - Incabível a condenação à quitação do empréstimo contraído
pelo autor (a requerida não é parte daquela avença) - Cabível a condenação ao
pagamento dos danos materiais - Caracterizado o dano moral - Sentença de parcial
procedência para condenar a requerida ao pagamento de indenização por danos
materiais no valor de R$ 18.284,38, e de indenização por danos morais no valor de R$
10.000,00 - Razoável sopesar a responsabilidade da requerida com a culpa concorrente
da vítima (autor), nos termos do artigo 945 do Código Civil, impondo-se o dever de
indenizar na proporção de 50% (cinquenta por cento) - Condenação da requerida ao
pagamento de indenização por danos materiais no valor de R$ 9.142,19, e de indenização
por danos morais no valor de R$ 3.000,00 - Recurso de apelação do autor improvido, e
recurso de apelação da requerida parcialmente provido. (Apelação Cível n. 1026649-
89.2017.8.26.0001 - São Paulo - 35ª Câmara de Direito Privado - Relator: Flávio
Abramovici - 04/08/2021 - 28684 - Unânime)

1013294-56.2020.8.26.0114 - CONTRATO - Prestação de serviços - Ensino - Extinção


de curso superior de graduação - Possibilidade - Autonomia universitária - Inteligência do
artigo 207 da Constituição Federal e do artigo 53, I, da Lei Federal n. 9394/96 - Abuso de
direito não caracterizado no caso concreto - Oferecimento de informação prévia,
adequada e clara a respeito do encerramento do curso e de alternativas razoáveis que

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minimizariam os prejuízos sofridos pelo aluno - Exercício regular de direito - Conduta lícita
- Incidência do artigo 188, I, do Código Civil - Precedentes do Superior Tribunal de Justiça
e do Tribunal de Justiça de São Paulo - Sentença reformada - Recurso da ré provido -
Recurso do autor prejudicado. (Apelação Cível n. 1013294-56.2020.8.26.0114 -
Campinas - 35ª Câmara de Direito Privado - Relator: Gilson Delgado Miranda -
02/08/2021 - 22585 - Unânime)

2143588-02.2021.8.26.0000 - BUSCA E APREENSAO - Alienação fiduciária - Bem


móvel - Protesto de cédula de crédito bancário - Intimação por edital - Suficiência para a
comprovação da mora - Inteligência do § 2º, do artigo 2º, do Decreto-lei 911/69, com
redação alterada pela Lei Federal n. 13043/14 - Comprovação da mora - Purgação -
Artigo 3º, § 2º, do Decreto-Lei n. 911/69 - Integralidade da dívida pendente entendida
como os valores apresentados e comprovados pelo credor na inicial, no prazo de cinco
dias contados do cumprimento da liminar - Precedente do Superior Tribunal de Justiça
julgado sob a égide do artigo 543-C do Código de Processo Civil - Depósito
extemporâneo e em valor diferente do apontado na peça vestibular - Restituição do
veículo - Descabimento - Decisão mantida - Recurso improvido. (Agravo de Instrumento
n. 2143588-02.2021.8.26.0000 - Sorocaba - 36ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Walter Cesar Incontri Exner - 09/08/2021 - 31103 - Unânime)

1000983-89.2020.8.26.0160 - COMPRA E VENDA - Bem móvel - Vício redibitório -


Ação de reparação por danos materiais e morais - Sentença de parcial procedência -
Preliminares afastadas - Código de Defesa do Consumidor - Incidência admitida ante a
manifesta vulnerabilidade técnica do autor - Aplicação da teoria finalista mitigada -
Incompetência do juízo "a quo" não vislumbrada - Inexistência de condenação "extra
petita" - Compra e venda de veículo usado - Relação de consumo - Reiterados problemas
que despontaram logo após a concretização do negócio - Automóvel de idade avançada e
alta quilometragem, assumidamente recebido no estado em que se encontrava pelo autor
- Ré, porém, que não nega ter orientado o autor a lhe devolver o bem num primeiro
momento para tentar resolver os problemas e, posteriormente, quando manifestado
desinteresse pelo autor, de forma definitiva - Conduta que permite concluir que possuía
ciência sobre o real estado do veículo, diverso do informado ao consumidor - Conjunto
probatório que corrobora a versão do autor de que o veículo foi adquirido com o referido
vício - Desfazimento do negócio de rigor - Precedentes - Impugnações acerca dos valores
envolvidos também rechaçada - Sentença mantida - Recurso desprovido. (Apelação
Cível n. 1000983-89.2020.8.26.0160 - Descalvado - 36ª Câmara de Direito Privado -
Relator: Milton Paulo de Carvalho Filho - 04/08/2021 - 28950 - Unânime)

2179541-27.2021.8.26.0000 - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA - Agravo de instrumento


interposto contra decisões que indeferiram os pedidos de inclusão dos executados no
CNIB, consulta à declaração de operações com cartões de crédito (DECRED), consulta à
declaração de informações sobre movimentações financeiras (DIMOF) e expedição de
ofício ao CENSEC - À falta de bens passíveis de penhora, é a emissão de ordem de
indisponibilidade de bens, mesmo que não individualizados, na CNIB, criada pelo
Provimento 39/2014 da Colenda Corregedoria Nacional de Justiça do CNJ, medida eficaz
para se conferir efetividade à execução, já que seu objetivo é rastrear todos os imóveis
que a parte executada possua ou venha a possuir em território nacional, de modo a evitar
a dilapidação do patrimônio em detrimento do direito do credor - Precedentes desta

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Colenda Câmara e Egrégio Tribunal - A obtenção das informações constantes do


cadastro do CENSEC (Provimento CNJ 18/2012) somente poderá ser obtida mediante a
intervenção do Poder Judiciário, havendo impossibilidade de requisição pela via
administrativa - Precedentes desta Câmara e Egrégio Tribunal - Acesso via sistema ou
mediante ofício, deferido - Viabilidade do ofício para identificação de ativos oriundos de
operações com cartões de crédito (DECRED) - Inviabilidade de consulta à DIMOF por
refletir movimentação bancária pretérita, inservível à identificação de ativos financeiros
penhoráveis - Consulta à Declaração sobre Operações Imobiliárias DIMOB deferida na
decisão agravada para acionamento via INFOJUD do DOI e DITR - Decisão parcialmente
reformada - Recurso parcialmente provido, na parte conhecida. (Agravo de Instrumento
n. 2179541-27.2021.8.26.0000 - Indaiatuba - 37ª Câmara de Direito Privado - Relator:
José Wagner de Oliveira Melatto Peixoto - 05/08/2021 - 17813 - Unânime)

1067311-21.2019.8.26.0100 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Transporte aéreo nacional


- Falha na prestação de serviços - Cancelamento de voo por suspensão administrativa
das atividades da empresa transportadora - Passageiro obrigado a adquirir passagem de
outra empresa, frustrando expectativas da viagem conjunta para comemorações
familiares - Dano moral - Configuração - Indenização arbitrada em cinco mil reais -
Redução inadmissível, tendo em vista as particularidades do caso concreto - Sentença
mantida - Apelação da empresa aérea improvida, provida a da agenciadora de viagens.
(Apelação Cível n. 1067311-21.2019.8.26.0100 - São Paulo - 37ª Câmara de Direito
Privado - Relator: José Tarciso Beraldo - 02/08/2021 - 46955 - Unânime)

1067311-21.2019.8.26.0100 - ILEGITIMIDADE "Ad Causam" - Legitimidade passiva -


Empresa mantenedora de "site" de venda de passagens pela "internet" que não é parte
legítima para responder à ação indenizatória decorrente de falha na prestação de serviço
de transporte aéreo para a qual não contribuiu, tendo se limitado a atender pedidos tal
como formulados neste caso - Alegação acolhida, com extinção do processo - Sentença
nessa parte reformada. (Apelação Cível n. 1067311-21.2019.8.26.0100 - São Paulo -
37ª Câmara de Direito Privado - Relator: José Tarciso Beraldo - 02/08/2021 - 46955 -
Unânime)

1067311-21.2019.8.26.0100 - ILEGITIMIDADE "Ad Causam" - Legitimidade passiva -


Apelante AEROVIAS que pleiteia não ser parte legítima passiva na ação de
responsabilidade civil por falha na prestação de serviço de transporte aéreo nacional -
Inadmissibilidade - Inclusão na demanda que se funda não apenas no contrato de
transporte, mas particularmente na atuação conjunta entre ela e a transportadora
OCEANAIR - Empresas que são subsidiárias da empresa AVB Holding S/A e utilizam o
nome de fantasia "Avianca" - Sociedades integrantes de grupos societários e sociedades
controladas, assim como as consorciadas, que também podem responder pelas
obrigações decorrentes da legislação consumerista, nos termos do artigo 28, parágrafos
2º e 3º, do Código do Consumidor. (Apelação Cível n. 1067311-21.2019.8.26.0100 - São
Paulo - 37ª Câmara de Direito Privado - Relator: José Tarciso Beraldo - 02/08/2021 -
46955 - Unânime)

2215107-71.2020.8.26.0000 - AÇÃO RESCISÓRIA - Alegação de erro de fato (artigo 966,


inciso VIII, do Código de Processo Civil) - Não caracterização - Rescisória que não
constitui sucedâneo de regular recurso, tampouco se presta para corrigir eventual injustiça

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da decisão - Inobservância dos requisitos legais - Petição inicial indeferida - Processo


julgado extinto, sem resolução do mérito. (Ação Rescisória n. 2215107-
71.2020.8.26.0000 - Birigüi - 38ª Câmara de Direito Privado - Relator: Mario Carlos de
Oliveira - 30/08/2021 - 37415 - Unânime)

2026238-90.2021.8.26.0000 - IMPUGNAÇÃO À PENHORA - Pedido de desconstituição


da penhora que recaiu sobre imóvel com anotação de indisponibilidade - Possibilidade -
Bem passível de constrição, pois a indisponibilidade visa, apenas, a impedir a dilapidação
do patrimônio do devedor - Precedentes - Excesso de penhora tampouco verificado -
Apuração de eventual excesso somente após a avaliação dos bens penhorados -
Inteligência do disposto no artigo 874, I, do Código de Processo Civil - Decisão mantida
Recurso não provido. (Agravo de Instrumento n. 2026238-90.2021.8.26.0000 - São
Paulo - 38ª Câmara de Direito Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira -
30/08/2021 - 37361 - Unânime)

2023511-61.2021.8.26.0000 - PENHORA - Incidência sobre aluguéis de imóvel -


Possibilidade - Alegação de que o imóvel alugado se caracteriza como bem de família,
certo que os aluguéis são utilizados para a subsistência do Executado - A despeito da
coerente argumentação, não foram trazidos elementos que autorizassem concluir que os
aluguéis são revertidos para a subsistência do Executado e de sua família - Decisão
mantida - Recurso não provido. (Agravo de Instrumento n. 2023511-61.2021.8.26.0000 -
Santos - 38ª Câmara de Direito Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira -
30/08/2021 - 37429 - Unânime)

1061797-56.2020.8.26.0002 - CONTRATO - Prestação de serviços bancários - Ação de


revisão contratual cumulada com consignação em pagamento e restituição do indébito -
Cédula de crédito bancário - Juros remuneratórios - Ajuste com taxa predeterminada,
devendo ser mantida - Não comprovação da abusividade propalada - Capitalização -
Possibilidade de sua cobrança, desde que contratada - Pactuação - Ademais, a previsão
no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada - Orientação do
Superior Tribunal de Justiça no julgamento de Recurso Especial interposto sob o rito
repetitivo - Hipótese ocorrente - Cobrança autorizada - Recurso do autor não provido.
(Apelação Cível n. 1061797-56.2020.8.26.0002 - São Paulo - 38ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira - 09/08/2021 - 37216 - Unânime)

1061797-56.2020.8.26.0002 - TARIFA - Serviços bancários - Tarifa de Cadastro (TC) -


Ação de revisão contratual cumulada com consignação em pagamento e restituição do
indébito - Cédula de crédito bancário - Aplicação do entendimento do Colendo Superior
Tribunal de Justiça no julgamento do REsp n. 1.255.573/RS, processado sob o rito de
recurso repetitivo - Possibilidade de cobrança no início do relacionamento entre o
consumidor e a Instituição Financeira - Cobrança autorizada - Recurso do autor não
provido. (Apelação Cível n. 1061797-56.2020.8.26.0002 - São Paulo - 38ª Câmara de
Direito Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira - 09/08/2021 - 37216 - Unânime)

1061797-56.2020.8.26.0002 - TARIFA - Serviços bancários - Tarifa de Registro de


Contrato - Ação de revisão contratual cumulada com consignação em pagamento e
restituição do indébito - Cédula de crédito bancário - Pleito de afastamento -

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Descabimento - Tese n. 2.3, fixada em sede de Recurso Especial Repetitivo (REsp n.


1.578.553) - Comprovação da efetiva prestação do serviço por meio da juntada do
documento do veículo contendo o registro do gravame junto ao Órgão de Trânsito -
Inocorrência de abusividade no caso concreto - Precedentes deste Egrégio Tribunal de
Justiça - Cobrança permitida - Recurso do autor não provido. (Apelação Cível n.
1061797-56.2020.8.26.0002 - São Paulo - 38ª Câmara de Direito Privado - Relator:
Mario Carlos de Oliveira - 09/08/2021 - 37216 - Unânime)

1061797-56.2020.8.26.0002 - MULTA CONTRATUAL - Prestação de serviços


bancários - Ação de revisão contratual cumulada com consignação em pagamento e
restituição do indébito - Cédula de crédito bancário - Pactuação em 2% do saldo devedor -
Não demonstração de abusividade na cobrança - Recurso do autor não provido.
(Apelação Cível n. 1061797-56.2020.8.26.0002 - São Paulo - 38ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira - 09/08/2021 - 37216 - Unânime)

1061797-56.2020.8.26.0002 - IMPOSTO - IOF - Prestação de serviços bancários -


Ação de revisão contratual cumulada com consignação em pagamento e restituição do
indébito - Cédula de crédito bancário - Cobrança autorizada, por meio de financiamento
acessório ao mútuo principal - (REsp. n. 1.251.331-RS) - Medida que representa simples
repasse do tributo, cuja capacidade tributária passiva é atribuída ao tomador do mútuo -
Recurso do autor não provido. (Apelação Cível n. 1061797-56.2020.8.26.0002 - São
Paulo - 38ª Câmara de Direito Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira -
09/08/2021 - 37216 - Unânime)

1061797-56.2020.8.26.0002 - CONTRATO - Prestação de serviços bancários - Seguro


"Auto RCF" - Ação de revisão contratual cumulada com consignação em pagamento e
restituição do indébito - Cédula de crédito bancário - Questão decidida em sede de
Recurso Especial Repetitivo pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça (REsp. n.
1.639.320/SP) - Afastamento determinado, diante da total impossibilidade de escolha da
empresa responsável pela cobertura - Recurso da requerida parcialmente provido.
(Apelação Cível n. 1061797-56.2020.8.26.0002 - São Paulo - 38ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira - 09/08/2021 - 37216 - Unânime)

1061797-56.2020.8.26.0002 - CONTRATO - Prestação de serviços bancários - Título


de capitalização "Cap. Parc. Premiável" - Ação de revisão contratual cumulada com
consignação em pagamento e restituição do indébito - Cédula de crédito bancário -
Abusividade reconhecida - Venda casada, porquanto não houve a intenção do
consumidor de contratar o título de capitalização - Afastamento impositivo -Restituição
dos valores cobrados indevidamente, de forma simples, com correção monetária a partir
do desembolso, e juros de mora da citação - Recurso da requerida parcialmente provido.
(Apelação Cível n. 1061797-56.2020.8.26.0002 - São Paulo - 38ª Câmara de Direito
Privado - Relator: Mario Carlos de Oliveira - 09/08/2021 - 37216 - Unânime)

1018990-52.2019.8.26.0003 - RESPONSABILIDADE CIVIL - Cambial - Ação declaratória


de inexigibilidade de débito cumulada com indenização por danos morais por protesto
indevido - Títulos quitados - Protesto descabido, já que os pagamentos foram efetuados e
reconhecidos pelas próprias rés - Mesmo que as requeridas não tenham agido de má fé,
deixaram de tomar os cuidados necessários para evitar o protesto do título -

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Responsabilidade das requeridas configurada - Ato ilícito que ocorreu com o protesto
mesmo após regular quitação - Caso concreto em que a ré admite que por conta de
problemas operacionais, acabou emitindo, equivocadamente, um boleto manual para o
Banco Bradesco (o qual foi devidamente pago pelo autor) - Não há nos autos prova de
que o Banco Safra (que fez o apontamento) foi avisado de tal circunstância - Dano moral -
Responsabilidade configurada - Caracterização do ilícito - Indenização devida - Dano "in
re ipsa" pelo protesto indevido - Parcial procedência da demanda mantida - Ratificação
parcial do julgado, nos termos do artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal de Justiça
de São Paulo - Possibilidade - Recurso do autor - Dano moral - Quantia reparatória fixada
em R$ 5.000,00 (cinco mil reais) - Pleito de majoração - Acolhimento - Dano moral que
deve ser suficiente a reparar os prejuízos sofridos e desestimular a reiteração da conduta
ilícita por parte das rés - Aumento para R$ 12.000,00 (dez mil reais) - Sentença reformada
nesse ponto - Juros de mora - Pedido para que incida a partir do protesto indevido -
Impossibilidade - Responsabilidade contratual - Marco de incidência - Data da citação -
Sentença mantida nesse ponto - Recurso das rés não provido, e recurso do autor
parcialmente provido. (Apelação Cível n. 1018990-52.2019.8.26.0003 - São Paulo - 38ª
Câmara de Direito Privado - Relator: Spencer Almeida Ferreira - 02/08/2021 - 28155 -
Não consta)

1018990-52.2019.8.26.0003 - ILEGITIMIDADE "Ad Causam" - Legitimidade passiva -


Ação declaratória de inexigibilidade de débito cumulada com indenização por danos
morais por protesto indevido - Rés que apresentaram contestação defendendo a
ilegitimidade passiva por não terem realizado o protesto de duplicatas mercantis, o qual
foi efetuado pelo banco cessionário, que seria o responsável pelos apontamentos -
Inadmissibilidade - Banco que aparece como singelo apresentante, recebedor de
duplicatas mercantis por indicação por endosso mandato, sendo os títulos transferidos
para a cobrança sem que o direito de crédito lhe pertencesse - Empresas requeridas que
confirmaram que houve quitação do débito e que não teriam autorizado o protesto, mas
que entretanto não intimaram o banco para a baixa ou a recusa da cobrança do título, o
que afasta a alegação de abuso por parte do banco. (Apelação Cível n. 1018990-
52.2019.8.26.0003 - São Paulo - 38ª Câmara de Direito Privado - Relator: Spencer
Almeida Ferreira - 02/08/2021 - 28155 - Não consta)

2. CÂMARAS RESERVADAS DE DIREITO EMPRESARIAL

1007162-83.2015.8.26.0008 - SOCIEDADE POR QUOTAS (LTDA) - Exclusão de sócio


por falta grave - Sociedade limitada constituída por dois sócios, ex-cônjuges, cada qual
com 50% (cinquenta por cento) das cotas sociais - Sentença de improcedência - Pedido
de reforma - Cabimento - Prática de falta grave pela ré - Desvio de R$ 10.000,00 (dez mil
reais), e obtenção de empréstimo de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), em nome da
pessoa jurídica, mas em benefício próprio - Emprego de tais quantias em favor da
sociedade não demonstrada pela ré - Ônus que a ela competia - Prática de atos
estranhos aos interesse sociais, e suficientemente graves de desvio patrimonial, que
justificam a exclusão judicial da ré, por justa causa - Artigo 1.030, "caput", do Código Civil
- Recursos dos autores provido. (Apelação Cível n. 1007162-83.2015.8.26.0008 - São

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Paulo - 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial - Relator: Alexandre Alves


Lazzarini - 26/08/2021 - 26253 - Unânime)

1049191-82.2019.8.26.0114 - CONTRATO - Franquia - Reconvenção - Cobrança de


débitos - Duplicata mercantil - Dispensa do aceite - Comprovação de entrega e
recebimento de mercadorias - Ausência de prova do pagamento dos débitos - Recurso
nesta parte provido. (Apelação Cível n. 1049191-82.2019.8.26.0114 - Campinas - 1ª
Câmara Reservada de Direito Empresarial - Relator: José Benedito Franco de Godoi
- 23/08/2021 - 51017 - Unânime)

1049191-82.2019.8.26.0114 - RECURSO - Apelação - Contrato - Franquia - Ensino de


idiomas - Contrato que estava em vigor por prazo indeterminado - Pretensão da apelante
de rescindir o contrato - Sentença que concedeu um prazo de mais seis meses para o
término da relação contratual - Hipótese em que já transcorreu o prazo estabelecido na
sentença - Perda superveniente do objeto - Recurso nesta parte não conhecido.
(Apelação Cível n. 1049191-82.2019.8.26.0114 - Campinas - 1ª Câmara Reservada de
Direito Empresarial - Relator: José Benedito Franco de Godoi - 23/08/2021 - 51017 -
Unânime)

1010274-91.2019.8.26.0114 - AÇÃO DE EXIGIR CONTAS - Primeira fase - Decreto de


procedência, reconhecido o dever de prestar contas - Exercício da administração de
sociedade - Interposição inadequada de apelação frente a decisão interlocutória,
inviabilizando sua apreciação - Carência de ação, no entanto, caracterizada, dado o
superveniente falecimento do interesse de agir - Distrato da sociedade firmado durante o
trâmite do processo - Quitação recíproca plena, geral e irrevogável conferida por uma
parte com respeito à outra, transformada a sociedade em empresa individual de
responsabilidade limitada - Transação celebrada indutiva da desnecessidade da atuação
da tutela jurisdicional - Extinção da ação decretada com fulcro no artigo 485, VI do Código
de Processo Civil, não conhecido o recurso. (Apelação Cível n. 1010274-
91.2019.8.26.0114 - Campinas - 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial -
Relator: Marcelo Fortes Barbosa Filho - 10/08/2021 - 17450 - Unânime)

1000828-94.2020.8.26.0222 - JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO -


Cerceamento de defesa - Ocorrência - Sociedade limitada - Pretensão de exigir contas,
sob o argumento de exercício da administração de fato pelos demais sócios - Sentença
que extinguiu o feito, sem julgamento do mérito, com fundamento na ausência de
interesse de agir - Incorreção - Interesse processual que não é afastado pelo argumento
de que o contrato social prevê a administração da sociedade por todos os sócios -
Jurisprudência - Prova da administração de fato que foi cerceada em razão do julgamento
antecipado do mérito - Sentença anulada - Recurso provido. (Apelação Cível n.
1000828-94.2020.8.26.0222 - Guariba - 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial -
Relator: Eduardo Azuma Nishi - 04/08/2021 - 12036 - Unânime)

1003062-80.2019.8.26.0223 - SOCIEDADE POR QUOTAS (LTDA) - Dissolução Total -


Sentença judicial nesse sentido por entender inviável a continuação da sociedade por
apenas um sócio - Liquidação e partilha a serem feitas na fase de cumprimento da
sentença - Hipótese, porém, em que um dos sócios faleceu antes do ajuizamento da ação
- Dissolução parcial de pleno direito em relação a ele - Fixação do óbito como data-base

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para fixação de sua responsabilidade pelo passivo e apuração do ativo em seu favor -
Apelação provida para esse fim. (Apelação Cível n. 1003062-80.2019.8.26.0223 -
Guarujá - 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial - Relator: Ricardo José
Negrão Nogueira - 10/08/2021 - 41935 - Unânime)

0024561-31.2013.8.26.0003 - PROPRIEDADE INDUSTRIAL - Marca - Utilização das


marcas mistas e nominativas da autora com o signo RODEX em site registrado pelo
apelante - Colidência e contrafação verificadas, ainda que não comprovada a má-fé -
Recorrente que, na qualidade de criador do website, afirma que apenas agiu em nome de
terceiro ao registrar o domínio em seu nome - Responsabilidade subjetiva, no entanto,
reconhecida (Código Civil, 186 e 927) - Procedência mantida - Recurso desprovido.
(Apelação Cível n. 0024561-31.2013.8.26.0003 - São Paulo - 2ª Câmara Reservada de
Direito Empresarial - Relator: José Araldo da Costa Telles - 03/08/2021 - 46019 -
Unânime)

0024561-31.2013.8.26.0003 - DANO MORAL - Responsabilidade Civil - Propriedade


industrial - Marca - Prejuízos "in re ipsa" - Desnecessidade de prova além da prática da
contrafação - Indenização que, considerando as circunstâncias do caso, deve ser mantida
em dez mil reais, valor equilibrado e que observa o binômio reparação/sanção - Sentença
mantida - Recurso desprovido. (Apelação Cível n. 0024561-31.2013.8.26.0003 - São
Paulo - 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial - Relator: José Araldo da Costa
Telles - 03/08/2021 - 46019 - Unânime)

0024561-31.2013.8.26.0003 - RECONVENÇÃO - Indenização - Pedido em razão de atos


realizados no cumprimento de sentença (bloqueio de ativos e de veículos e inserção
desabonadora do nome em órgãos de proteção ao crédito) - Sentença anulada em razão
de verificação de nulidade da citação - Ausência de má-fé da autora, que buscou diversas
vezes citar o réu nos endereços constantes no site cujo domínio era de sua titularidade -
Exercício regular de direito configurado - Pedido improcedente - Recurso desprovido.
(Apelação Cível n. 0024561-31.2013.8.26.0003 - São Paulo - 2ª Câmara Reservada de
Direito Empresarial - Relator: José Araldo da Costa Telles - 03/08/2021 - 46019 -
Unânime)

1051353-22.2019.8.26.0576 - CONTRATO - Franquia - Ação para restituição da taxa de


franquia - Sentença de improcedência - Inconformismo - Acolhimento em parte - Contrato
que não chegou a ser formalizado - Adiantamento da taxa de franquia antes da assinatura
do contrato, da transferência de "know-how", do treinamento e do início da operação -
Conduta, entretanto, que implica em atitude proativa da fase pré-contratual e que acarreta
consequências, em razão do princípio da boa-fé que deve pautar a análise das relações
entre as partes - Redução da taxa de perdimento a 25% (vinte e cinco por cento) do valor
adiantado - Devolução de 75% (setenta e cinco por cento) - Sentença reformada -
Recurso parcialmente provido. (Apelação Cível n. 1051353-22.2019.8.26.0576 - São
José do Rio Preto - 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial - Relator: Paulo
Roberto Grava Brazil - 03/08/2021 - 34174 - Unânime)

1011727-22.2017.8.26.0008 - SOCIEDADE COMERCIAL - Dissolução - Cumulação com


indenização - Alegação da autora apelada de que nunca figurou como sócia da empresa -
Sentença de procedência - Pleito de reforma - Descabimento - Situação retratada nos

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autos que se subsume à simulação (artigo 167, do Código Civil), por conter declaração
não verdadeira - Autora apelada que era funcionária dos réus na época da constituição da
empresa - Documentos da autora que foram utilizados indevidamente pelos réus para a
constituição da sociedade, sem sua anuência, o que acarreta a nulidade do contrato
social e a consequente exclusão de seu nome do quadro societário, já que nunca
manifestou vontade de constituir sociedade - Pedido de indenização por danos materiais
devidamente embasado no bloqueio de R$ 698,13 (seiscentos e noventa e oito reais e
treze centavos) em conta da apelada, decorrente de reclamação trabalhista na qual
figurou como reclamada por ser supostamente sócia da empresa - Dano moral
inquestionável - Apelada depara com a surpresa de constar como sócia de empresa da
qual não quis participar, tendo que enfrentar diversos transtornos para solucionar o
problema, situação que ultrapassa mero aborrecimento - Indenização devida e fixada em
R$ 10.000,00 (dez mil reais) - Razoabilidade - Recurso improvido. (Apelação Cível n.
1011727-22.2017.8.26.0008 - São Paulo - 2ª Câmara Reservada de Direito
Empresarial - Relator: Sérgio Seiji Shimura - 02/08/2021 - 27714 - Unânime)

STJ
Informativo nº 0703
Publicação: 9 de agosto de 2021.

RECURSOS REPETITIVOS

REsp 1.777.553-SP - Cominação de astreintes na exibição de documentos requerida


contra a parte ex adversa. Cabimento na vigência do CPC/2015. Necessidade de
prévio juízo de probabilidade e de prévia tentativa de busca e apreensão ou outra
medida coercitiva. Tema 1000/STJ.

Desde que prováveis a existência da relação jurídica entre as partes e de


documento ou coisa que se pretende seja exibido, apurada em contraditório prévio,
poderá o juiz, após tentativa de busca e apreensão ou outra medida coercitiva,
determinar sua exibição sob pena de multa com base no art. 400, parágrafo único,
do CPC/2015.

Trata a controvérsia sobre a possibilidade de cominação de multa em ação de exibição


incidental ou autônoma de documentos requerida contra a parte ex adversa em demanda
de direito privado.

O procedimento da exibição de documentos encontra-se disciplinado nos arts. 396 a 404


do CPC/2015, sendo que o pagamento de multa somente foi previsto na exibição contra
terceiro (art. 403), não tendo havido semelhante previsão do art. 400, que trata da
exibição deduzida contra a parte.

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Sobre o tema, vale dizer que a presunção de veracidade seria insuficiente para compelir a
parte a atender à ordem de exibição, pois entre o mero risco de sucumbência (no caso de
recusa de exibição) e a certeza da derrota (no caso de exibição do documento essencial
para o desfecho do litígio), a parte tenderia a assumir a primeira postura, recusando-se a
exibir o documento pretendido.

Sob a ótica da ampla defesa e o dever de cooperação, a cominação de astreintes seria


cabível na exibição de documentos, pois aumenta-se a probabilidade de sucesso da
ordem de exibição.

Por outro lado, o direito de não produzir prova contra si mesmo se restringe à não
autoincriminação em matéria penal, prevalecendo no âmbito do direito privado garantia da
ampla defesa conjugada com o dever de cooperação das partes com a instrução
probatória.

Sob perspectiva histórica, verifica-se que o avanço em termos de efetividade dos


provimentos jurisdicionais serviu de norte para o novo codex, como bem apontou a DPU,
de modo que esse norte interpretativo conduz ao entendimento de que a previsão do
gênero "medidas coercitivas" no art. 400, parágrafo único, também abrange a multa
pecuniária, pois essa interpretação confere maior eficácia à ordem de exibição.

Ainda, vale destacar que não se trata de silêncio eloquente do artigo 400, mas sim de
excesso de zelo do legislador no artigo 403 ao ressaltar a possibilidade de incidência de
multa em desfavor de um terceiro estranho à relação processual, já que, em relação às
partes, a aplicação dessa medida coercitiva é natural.

Por fim, não se justifica a impossibilidade de aplicação das astreintes sob o fundamento
de que haveria estímulo ao enriquecimento sem causa, pois, se a recusa da parte em
exibir o documento for reputada ilegítima (art. 399 do CPC), basta a sua apresentação
para que a multa não incida.

Com efeito, firma-se a tese do recurso repetitivo para que, desde que prováveis a
existência da relação jurídica entre as partes e de documento ou coisa que se pretende
seja exibido, apurada mediante contraditório prévio, poderá o juiz, após tentativa de busca
e apreensão ou outra medida coercitiva, determinar sua exibição sob pena de multa, com
base no art. 400, parágrafo único, do CPC/2015.

REsp 1.777.553-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Segunda Seção, por
unanimidade, julgado em 26/05/2021, DJe 01/07/2021. (Tema 1000)

TERCEIRA TURMA

REsp 1.924.526-PE - Plano de saúde coletivo empresarial. Operadora. Resilição


unilateral. Legalidade. Beneficiário idoso. Migração para plano individual.
Impossibilidade. Modalidade não comercializada. Portabilidade de carências.
Admissibilidade.

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A operadora que resiliu unilateralmente plano de saúde coletivo empresarial não


possui a obrigação de fornecer ao usuário idoso, em substituição, plano na
modalidade individual, nas mesmas condições de valor do plano extinto.

Na hipótese de cancelamento do plano privado coletivo de assistência à saúde, deve ser


permitido que os empregados ou ex-empregados migrem para planos individuais ou
familiares, sem o cumprimento de carência, desde que a operadora comercialize esses
planos (arts. 1º e 3º da Res.-CONSU n. 19/1999).

Nesse passo, cabe asseverar não ser ilegal a recusa de operadoras de planos de saúde
de comercializarem planos individuais por atuarem apenas no segmento de planos
coletivos. De fato, não há nenhuma norma legal que as obrigue a atuar em determinado
ramo de plano de saúde.

No caso, o ato da operadora de resilir o contrato coletivo não foi discriminatório, ou seja,
não foi pelo fato de a autora ser idosa ou em virtude de suas características pessoais. Ao
contrário, o plano foi extinto para todos os beneficiários, de todas as idades, não havendo
falar em arbitrariedade, abusividade ou má-fé.

Ademais, a situação de usuário sob tratamento médico que deve ser amparado
temporariamente, pela operadora, até a respectiva alta em caso de extinção do plano
coletivo não equivale à situação do idoso que está com a saúde hígida, o qual pode ser
reabsorvido por outro plano de saúde (individual ou coletivo) sem carências, oferecido por
empresa diversa.

Desse modo, não se revela adequado ao Judiciário obrigar a operadora de plano de


saúde que, em seu modelo de negócio, apenas comercializa planos coletivos, a oferecer
também planos individuais, tão somente para idosos e com valores de mensalidade
defasados, de efeito multiplicador, e sem a constituição adequada de mutualidade: esses
planos não sobreviveriam.

Por outro lado, a operadora também não pode ser compelida a criar um produto único e
exclusivo para apenas uma pessoa, (REsp 1.119.370/PE, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, DJe 17/12/2010, e REsp 1.736.898/RS, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, DJe 20/09/2019).

É dizer, o art. 31 da Lei n. 9.656/1998 não pode ser aplicado, no ponto, por analogia, e até
iria de encontro ao princípio da proporcionalidade, não passando pelos critérios da
adequação, da necessidade e da proporcionalidade em sentido estrito.

Aliás, a função social do contrato não pode ser usada para esvaziar por completo o
conteúdo da função econômica do contrato. Um cenário de insolvência de operadoras de
plano de saúde e de colapso do setor da Saúde Suplementar é que não seria capaz de
densificar o princípio da dignidade da pessoa humana.

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 35
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Nesse contexto, o instituto da portabilidade de carências (RN-ANS nº 438/2018) pode ser


utilizado e mostra-se razoável e adequado para assistir a população idosa, sem onerar
em demasia os demais atores do campo da saúde suplementar.

Nas situações de denúncia unilateral do contrato de plano de saúde coletivo empresarial,


é recomendável ao empregador promover a pactuação de nova avença com outra
operadora, evitando-se prejuízos aos seus empregados (ativos e inativos), que não
precisarão se socorrer da portabilidade ou da migração a planos individuais, de custos
mais elevados. Aplicabilidade do Tema Repetitivo-STJ n. 1.034.

Ainda, mesmo havendo a migração de beneficiários do plano coletivo empresarial para o


plano individual, não há falar na manutenção do valor das mensalidades em virtude das
peculiaridades de cada regime e tipo contratual (atuária e massa de beneficiários), pois
geram preços diferenciados. O que deve ser evitado é a onerosidade excessiva. Por isso
é que o valor de mercado é empregado como referência, de forma a prevenir eventual
abusividade.

REsp 1.924.526-PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Ricardo Villas Bôas
Cueva, Terceira Turma, por maioria, julgado em 22/06/2021, DJe 03/08/2021.

RMS 64.894-SP - Intimação pessoal da parte assistida pela Defensoria Pública.


Extensão da prerrogativa ao defensor dativo. Possibilidade. Interpretação
sistemática e teleológica do art. 186, §2º, do CPC/2015.

É admissível a extensão da prerrogativa conferida à Defensoria Pública de requerer


a intimação pessoal da parte na hipótese do art. 186, §2º, do CPC ao defensor dativo
nomeado em razão de convênio entre a Ordem dos Advogados do Brasil e a
Defensoria.

A interpretação literal das regras contidas do art. 186, caput, § 2º e § 3º, do CPC/2015,
autoriza a conclusão no sentido de que apenas a prerrogativa de cômputo em dobro dos
prazos prevista no caput seria extensível ao defensor dativo, mas não a prerrogativa de
requerer a intimação pessoal da parte assistida quando o ato processual depender de
providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada.

Esse conjunto de regras, todavia, deve ser interpretado de modo sistemático e à luz de
sua finalidade, a fim de se averiguar se há razão jurídica plausível para que se trate a
Defensoria Pública e o defensor dativo de maneira anti-isonômica nesse particular.

Dado que o defensor dativo atua em locais em que não há Defensoria Pública instalada,
cumprindo o quase altruísta papel de garantir efetivo e amplo acesso à justiça àqueles
mais necessitados, é correto afirmar que as mesmas dificuldades de comunicação e de
obtenção de informações, dados e documentos, experimentadas pela Defensoria Pública
e que justificaram a criação do art. 186, §2º, do CPC/2015, são igualmente frequentes em
relação ao defensor dativo.

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 36
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

É igualmente razoável concluir que a altíssima demanda recebida pela Defensoria


Pública, que pressiona a instituição a tratar de muito mais causas do que efetivamente
teria capacidade de receber, também se verifica quanto ao defensor dativo,
especialmente porque se trata de profissional remunerado de maneira módica e que, em
virtude disso, naturalmente precisa assumir uma quantidade significativa de causas para
que obtenha uma remuneração digna e compatível.

A interpretação literal e restritiva da regra em exame, a fim de excluir do seu âmbito de


incidência o defensor dativo, prejudicará justamente o assistido necessitado que a regra
pretendeu tutelar, ceifando a possibilidade de, pessoalmente intimado, cumprir
determinações e fornecer subsídios, em homenagem ao acesso à justiça, ao contraditório
e à ampla defesa, razão pela qual deve ser admitida a extensão da prerrogativa conferida
à Defensoria Pública no art. 186, § 2º, do CPC/2015, também ao defensor dativo
nomeado em virtude de convênio celebrado entre a OAB e a Defensoria.

RMS 64.894-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 03/08/2021, DJe de 9/8/2021.

REsp 1.937.516-SP - Recuperação judicial. Crédito reconhecido judicialmente. Ação


que demandava quantia ilíquida. Cumprimento de sentença. Submissão aos efeitos
do processo de soerguimento. Ausência de recusa voluntária ao adimplemento da
obrigação. Multa do art. 523, § 1º, do CPC/2015. Não incidência.

Não incide a multa prevista no art. 523, § 1º, do CPC/2015 sobre o crédito sujeito ao
processo de recuperação judicial, decorrente de ação que demandava quantia
ilíquida.

Nos termos do art. 49, caput, da Lei n. 11.101/2005, estão sujeitos à recuperação judicial
todos os créditos existentes na data do pedido (ainda que não vencidos), sendo certo que
a aferição da existência ou não do crédito deve levar em consideração a data da
ocorrência de seu fato gerador (fonte da obrigação).

Tratando-se, contudo, de crédito derivado de ação na qual se demandava quantia ilíquida,


a Lei de Falências e Recuperação de Empresas estabelece que ele somente passa a ser
passível de habilitação no quadro de credores a partir do momento em que adquire
liquidez, de modo que o prosseguimento da execução singular, desse momento em
diante, deve ficar obstado (inteligência do art. 6º, § 1º, da Lei n. 11.101/2005).

Por outro lado, e como é cediço, o art. 59, caput, da LFRE, prevê que o plano de
recuperação judicial implica novação dos créditos anteriores ao pedido e obriga o devedor
e todos os credores a ele sujeitos.

Destarte, o adimplemento das dívidas da recuperanda deverá seguir as condições


pactuadas entre os sujeitos envolvidos no processo de soerguimento, sempre
respeitando-se o tratamento igualitário entre os credores de cada classe. Fica claro que,

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 37
PODER JUDICIÁRIO
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na espécie, a satisfação do crédito objeto da ação indenizatória deverá ocorrer, após


devidamente habilitado, de acordo com as disposições do plano de recuperação judicial.

Nesse contexto, não se pode considerar que a causa que dá ensejo à aplicação da
penalidade prevista no § 1º do art. 523 do CPC/2015 - recusa voluntária ao adimplemento
da obrigação constante de título executivo judicial - tenha se perfectibilizado na hipótese.

Vale dizer, não há como fazer incidir à espécie a multa estipulada no dispositivo legal
precitado, uma vez que o pagamento do valor da condenação - por decorrência direta da
sistemática prevista na Lei n. 11.101/2005 - não era obrigação passível de ser exigida nos
termos da regra geral da codificação processual.

Ademais, estando em curso processo recuperacional, a livre disposição, pela devedora,


de seu acervo patrimonial para pagamento de créditos individuais sujeitos ao plano de
soerguimento violaria o princípio (comum a toda espécie de procedimento concursal)
segundo o qual os credores devem ser tratados em condições de igualdade dentro das
respectivas classes.

REsp 1.937.516-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 03/08/2021, DJe 09/08/2021.

REsp 1.931.633-GO - Recuperação judicial. Habilitação de crédito. Multa


administrativa. Natureza não tributária. Fazenda Pública. Concurso de credores.
Não sujeição.

O crédito fiscal não tributário não se submete aos efeitos do plano de recuperação
judicial.

Nos termos do art. 49, caput, da Lei n. 11.101/2005, estão sujeitos à recuperação judicial
do devedor todos os créditos existentes na data do pedido (ainda que não vencidos),
sendo certo que a aferição da existência ou não do crédito deve levar em consideração a
data da ocorrência de seu fato gerador (fonte da obrigação).

O art. 187, caput, do Código Tributário Nacional exclui os créditos de natureza tributária
dos efeitos da recuperação judicial do devedor, nada dispondo, contudo, acerca dos
créditos de natureza não tributária.

A Lei n. 11.101/2005, ao se referir a "execuções fiscais" (art. 6º, § 7º-B), está tratando do
instrumento processual que o ordenamento jurídico disponibiliza aos respectivos titulares
para cobrança dos créditos públicos, independentemente de sua natureza, conforme
disposto no art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei n. 6.830/1980.

Desse modo, se, por um lado, o art. 187 do CTN estabelece que os créditos tributários
não se sujeitam ao processo de soerguimento - silenciando quanto aqueles de natureza
não tributária -, por outro lado verifica-se que o próprio diploma recuperacional e

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falimentar não estabeleceu distinção entre a natureza dos créditos que deram ensejo ao
ajuizamento do executivo fiscal para afastá-los dos efeitos do processo de soerguimento.

Ademais, a própria Lei n. 10.522/2002 - que trata do parcelamento especial previsto no


art. 68, caput, da LFRE - prevê, em seu art. 10-A, que tanto os créditos de natureza
tributária quanto não tributária poderão ser liquidados de acordo com uma das
modalidades ali estabelecidas, de modo que admitir a submissão destes ao plano de
soerguimento equivaleria a chancelar a possibilidade de eventual cobrança em
duplicidade.

Tampouco a Lei n. 6.830/1980, em seus artigos 5º e 29, faz distinção entre créditos
tributários e não tributários, estabelecendo apenas, em sentido amplo, que a "cobrança
judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública não é sujeita a concurso de credores ou
habilitação em falência, concordata, liquidação, inventário ou arrolamento".

Esta Corte Superior, ao tratar de questões envolvendo a possibilidade ou não de


continuidade da prática, em execuções fiscais, de atos expropriatórios em face da
recuperanda, também não se preocupou em diferenciar a natureza do crédito em
cobrança, denotando que tal distinção não apresenta relevância para fins de submissão
(ou não) da dívida aos efeitos do processo de soerguimento.

Assim, em que pese a dicção aparentemente restritiva da norma do caput do art. 187 do
CTN, a interpretação conjugada das demais disposições que regem a cobrança dos
créditos da Fazenda Pública insertas na Lei de Execução Fiscal, bem como daquelas
integrantes da própria Lei n. 11.101/2005 e da Lei n. 10.522/2002, autorizam a conclusão
de que, para fins de não sujeição aos efeitos do plano de recuperação judicial, a natureza
tributária ou não tributária do valor devido é irrelevante.

REsp 1.931.633-GO, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 03/08/2021.

QUARTA TURMA

REsp 1.828.248-MT - Recuperação judicial. Cláusula de supressão de garantias


reais e fidejussórias. Decisão da assembleia-geral. Extensão aos credores ausentes
ou divergentes. Descabimento. Impacto negativo nos mercados de crédito e de
fornecimento de insumos e mercadorias.

A supressão de garantias reais e fidejussórias decididas em assembleia-geral de


credores de sociedade submetida a regime de recuperação judicial não pode ser
estendida aos credores ausentes ou divergentes.

A Lei n. 11.101/2005, nos arts. 49, §§ 1º e 3º, e 50, § 1º, é expressa ao dispor que a
alienação de bem objeto de garantia real, a supressão de garantia ou sua substituição
somente serão admitidas mediante aprovação expressa do credor titular da respectiva
garantia.

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É de se notar, porém, que o art. 49, § 2º estatui que "as obrigações anteriores à
recuperação judicial observarão as condições originalmente contratadas ou definidas em
lei, inclusive no que diz respeito aos encargos, salvo se de modo diverso ficar
estabelecido no plano de recuperação judicial".

Todavia, essa parte final da norma há de ser interpretada em harmonia com a regra do já
citado artigo 50, § 1º a qual, seguindo o critério da especialidade, trata de modo
específico e inequívoco acerca da subordinação da deliberação assemblear de supressão
ou substituição da garantia à concordância expressa do credor titular da respectiva
garantia.

Sob a ótica do mercado, é evidente que a supressão de garantias reais e fidejussórias


contra a vontade dos credores dissidentes traria evidente insegurança jurídica e profundo
abalo ao mercado de crédito, essencial para o financiamento do setor produtivo da
economia, fornecedor de imprescindível apoio à continuidade e expansão das atividades
das sociedades empresárias saudáveis, assim como para o saneamento financeiro e
revitalização das próprias sociedades em recuperação judicial.

De fato, enquanto se perceberem dotados de garantias sólidas quanto ao retorno de seus


aportes e investimentos, os financiadores da atividade produtiva, integrantes do mercado
financeiro, fornecedores de insumos ou de bens de capital, sentirão segurança em
disponibilizar às empresas tomadoras capital mais barato, com condições mais favoráveis
e prazos mais longos, o que, até mesmo, contribui para a atração de investimentos e de
capitais estrangeiros, cuja falta é sentida na economia nacional.

Ao contrário, o desprestígio das garantias será danoso para toda a atividade econômica
do país, trazendo insegurança jurídica e econômica, com a elevação dos juros e do
spread bancário, especialmente para aqueles submetidos justamente ao regime de
recuperação judicial.

Deveras, é de se lembrar que a dificuldade de financiamento para os empresários


submetidos à recuperação judicial, no concernente à concessão de crédito, a prazos para
amortização de empréstimos, à taxas de juros, à garantias e outras condições, mereceu
recente atenção do legislador pátrio, induzindo-o a alterar a legislação específica, a Lei n.
11.101/2005, pelo advento da Lei n. 14.112/2020, atendendo a valiosas recomendações
de toda a comunidade jurídica e empresarial envolvida no processo de modernização do
microssistema de recuperação judicial.

A novidade, sob esse ângulo, consagra forte marco teórico-filosófico da percepção de que
o afã pela supressão de garantias nos processos de recuperação judicial é sintoma da
crônica carência de financiamento da atividade econômica nacional, que apenas se
agudiza com o pedido de recuperação judicial e a fragilização das garantias dos credores.

Essa posição, coloca-se em linha com a vigorosa atualização da Lei n. 11.101/2005


promovida pela Lei n. 14.112/2020, em especial, com a previsão dos modernos institutos
de financiamento das pessoas jurídicas recorrentes à recuperação judicial.

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 40
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No ponto, o financiamento da sociedade em recuperação judicial é tão vital para o


sucesso do fortalecimento da atividade produtiva no País, que a Lei n. 14.112/2020, ao
modificar a Lei n. 11.101/2005, concebeu modalidade específica de financiamento aos
recuperandos, introduzindo no Direito Pátrio os institutos do "Dip (debtor-in-possession)
Finance" e do "Credor Parceiro". De fato, a nova redação do parágrafo único do art. 67 da
Lei n. 11.101/2005, prestigia o chamado "Credor Parceiro" ou "Credor Estratégico", que é
aquele que recebe vantagens e privilégios caso continue a fornecer insumos,
mercadorias, créditos ou que adquira papéis e debêntures da recuperanda.

A preservação da atividade produtiva, um dos principais objetivos da recuperação judicial,


necessita, assim como o enfermo de oxigênio, da continuidade da cadeia de fornecimento
de insumos, mercadorias e crédito. Em troca, se deve assegurar condições diferenciadas
de pagamento e fortalecimento de garantias a tais credores e fornecedores, essenciais à
continuidade da atividade produtiva, atribuindo-se-lhes a natureza de parceiros
essenciais.

As assinaladas vantagens e privilégios podem compreender melhores condições para


recebimento dos créditos, menores deságios do que aqueles impostos aos demais
credores, ou mesmo, tudo "ad exemplum", a redução das parcelas de resgate do crédito.
A permissão legal para essas negociações acarreta significativa melhora nos
relacionamentos no ambiente empresarial.

Na mesma esteira, outra essencial inovação foi inserida na Lei n. 11.101/2005, pela Lei n.
14.112/2020, com os arts. 69-A e seguintes. Trata-se do instituto, de comum aplicação no
direito estadunidense, do "Dip (debtor-in-possession) Finance", o que revela a hercúlea
preocupação do legislador com a continuidade do fluxo de caixa e de novos
financiamentos (Fresh Money) para a recuperação judicial.

Segundo a doutrina mais especializada e moderna da matéria, "nesta modalidade de


financiamento, a recuperanda mantém a posse e controle dos bens ou direitos dados em
garantia, para que a empresa possa se manter operante. Com isso, é possível suprir a
falta de fluxo de caixa para cobrir as despesas operacionais, de reestruturação e de
preservação do valor dos ativos".

Assim, o Dip Finance permite que o juiz, eventualmente, depois de ouvir o comitê de
credores, caso constituído, autorize a contratação de novos financiamentos pela
recuperanda, que sejam garantidos pela oneração ou pela alienação fiduciária de bens e
direitos, próprios (pertencentes ao ativo não circulante do devedor) ou de terceiros, desde
que o "dinheiro novo" (Fresh Money) seja utilizado para financiar as atividades e as
despesas de reestruturação ou de preservação do valor de ativos da recuperanda.

Desse modo, pode-se concluir que a manutenção das garantias reais e fidejussórias em
favor do credor dissidente é pilar da economia de mercado, assentada na ponderação de
oportunidade e risco feita pelo financiador da atividade produtiva, seja na época de
fartura, seja em momento de dificuldade. Outrossim, os institutos do Dip Finance e do
Credor Parceiro são a viga mestra (chão da fábrica) da recuperação judicial, sem quebra
das garantias dos investidores e sem abalo do mercado de crédito.

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De outro modo, a extensão da supressão das garantias ao credor discordante impacta


negativamente o ambiente econômico empresarial, especialmente os mercados de crédito
e de fornecimento de insumos e mercadorias, que, junto à força de trabalho, representam
os elementos mínimos para a continuidade da atividade produtiva, um dos princípios
fundantes do processo de recuperação judicial.

REsp 1.828.248-MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo,
Quarta Turma, por maioria, julgado em 05/08/2021.

REsp 1.418.771-DF - Liquidação de sentença coletiva. Transação homologada em


juízo. Coisa julgada material. Inocorrência.

Não há que se falar em coisa julgada material contra transação homologada em


juízo pactuada entre a associação e entidade previdenciária para liquidação de
sentença coletiva.

Inicialmente, a associação, representando os participantes e assistidos de plano de


benefícios de previdência complementar administrado pela GEAP, ajuizou previamente
ação coletiva vindicando a restituição de valores vertidos a título de pecúlio, tendo sido o
pedido acolhido pelas instâncias ordinárias - decisão transitada em julgada.

Conforme apurado pela Corte local, na fase de liquidação, "diante da dificuldade e da


complexidade de efetuarem-se os cálculos, relativos à liquidação do julgado (quantum
debeatur), as próprias partes, de comum acordo, transigiram, de forma a advir o 'termo de
acordo e quitação mútua', homologado pelo ilustre juiz da Nona Vara Cível da
Circunscrição Especial Judiciária de Brasília".

Quanto ao mérito do recurso, parece mesmo incorreta a invocação, pela Corte local, da
coisa julgada material, pois sentença que se limita a homologar transação constitui mero
juízo de delibação, nem sequer sendo, pois, sujeita à impugnação em ação rescisória.

De todo modo, isso não tem o condão de alterar o decidido, pois, malgrado não se possa
falar em coisa julgada material, segundo a doutrina "o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada podem ser reconduzidos ao conceito de direito adquirido, que abrange os outros
dois institutos".

Está presente o ato jurídico perfeito, consubstanciado em contrato de transação firmado


entre as partes (legitimado, reconhecido pela lei como idôneo para defesa dos interesses
individuais dos associados), com expressa e incontroversa cláusula de quitação geral.

Nessa linha de intelecção, é de todo oportuno salientar que a associação ajuizou uma
nova ação condenatória referente à restituição de pecúlio, malgrado apenas mediante
ação anulatória, embasada no artigo 486 do CPC/1973 (diploma aplicável ao caso), é que
se poderia cogitar a desconstituição do acordo homologado por sentença. Vale conferir a
redação: "[O]s atos judiciais, que não dependem de sentença, ou em que esta for

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meramente homologatória, podem ser rescindidos, como os atos jurídicos em geral, nos
termos da lei civil".

É que o art. 966, § 4º, do CPC/2015 também dispõe que os atos de disposição de direitos,
praticados pelas partes ou por outros participantes do processo e homologados pelo juízo,
bem como os atos homologatórios praticados no curso da execução, estão sujeitos à
anulação, nos termos da lei.

Por fim, a Segunda Seção, em decisão unânime, perfilhou o entendimento de que, em


havendo transação, o exame do juiz deve se limitar à sua validade e eficácia, verificando
se houve efetiva transação, se a matéria comporta disposição, se os transatores são
titulares do direito do qual dispõem parcialmente, se são capazes de transigir - não
podendo, sem que se proceda a esse exame, ser simplesmente desconsiderada a avença
(AgRg no AREsp 504.022/SC, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção, julgado
em 10/09/2014, DJe 30/09/2014).

REsp 1.418.771-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 03/08/2021.

REsp 1.935.102-DF - Crédito constituído em favor de instituição financeira. Auxílio


emergencial. Covid-19. Impenhorabilidade.

Não é possível a penhora de percentual do auxílio emergencial para pagamento de


crédito constituído em favor de instituição financeira.

As regras relativas às medidas executivas, notadamente com relação à interpretação das


impenhorabilidades, devem ser interpretadas à luz da Constituição, seja porque se voltam
à realização de direitos fundamentais, seja porque, na sua efetivação, podem atingir
direitos fundamentais.

O auxílio emergencial concedido pelo Governo Federal (Lei n. 13.982/2020) destinado a


garantir a subsistência do beneficiário no período da pandemia pela Covid-19 é verba
impenhorável, tipificando-se no rol do art. 833, IV, do CPC/2015.

A regra geral da impenhorabilidade dos vencimentos, dos subsídios, dos soldos, dos
salários, das remunerações, dos proventos de aposentadoria, das pensões, dos pecúlios
e dos montepios, bem como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e
destinadas ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo
e dos honorários de profissional liberal poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833,
IV, c/c o § 2°, do CPC/2015, quando se voltar: I) para o pagamento de prestação
alimentícia, de qualquer origem, independentemente do valor da verba remuneratória
recebida; e II) para o pagamento de qualquer outra dívida não alimentar, quando os
valores recebidos pelo executado forem superiores a 50 salários mínimos mensais,
ressalvadas eventuais particularidades do caso concreto. Em qualquer circunstância,
deverá ser preservado percentual capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua
família.

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As dívidas comuns não podem gozar do mesmo status diferenciado da dívida alimentar a
permitir a penhora indiscriminada das verbas remuneratórias, sob pena de se afastarem
os ditames e a própria ratio legis do Código de Processo Civil (art. 833, IV, c/c o § 2°),
sem que tenha havido a revogação do dispositivo de lei ou a declaração de sua
inconstitucionalidade.

No caso, trata-se de execução de dívida não alimentar (cédula de crédito) proposta por
instituição financeira cuja penhora, via Bacenjud, recaiu sobre verba salarial e de verba
oriunda do auxílio emergencial concedido pelo Governo Federal em razão da COVID-19,
tendo o Juízo determinado a restituição dos valores em razão de sua impenhorabilidade.
Assim, tendo-se em conta que se trata de auxílio assistencial, que a dívida não é
alimentar e que os valores são de pequena monta, seja com fundamento no art. 833, IV e
X do CPC, seja pelo disposto no art. 2º, § 3º, da Lei n. 13.982/2020, a penhora realmente
deve ser obstada.

A verba emergencial da covid-19 foi pensada e destinada a salvaguardar pessoas que,


em razão da pandemia, presume-se estejam com restrições em sua subsistência,
cerceadas de itens de primeira necessidade; por conseguinte, é intuitivo que a constrição
judicial sobre qualquer percentual do benefício, salvo para pagamento de prestação
alimentícia, acabará por vulnerar o mínimo existencial e a dignidade humana dos
devedores.

REsp 1.935.102-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade,
julgado em 29/06/2021.

REsp 1.543.826-RJ - Propriedade industrial. Patente de fármacos. Art. 229-C da Lei


n. 9.279/1996. Anuência prévia da ANVISA. Manifestação quanto ao eventual risco à
saúde pública e aos requisitos de patenteabilidade. Necessidade.

Em se tratando de pedido de patente de fármacos, compete à Anvisa analisar -


previamente à análise do INPI - quaisquer aspectos dos produtos ou processos
farmacêuticos - ainda que extraídos dos requisitos de patenteabilidade (novidade,
atividade inventiva e aplicação industrial) - que lhe permitam inferir se a outorga de
direito de exclusividade (de produção, uso, comercialização, importação ou
licenciamento) poderá ensejar situação atentatória à saúde pública.

A controvérsia diz respeito aos "limites da análise" a ser efetuada pela agência reguladora
para fins da anuência prévia imposta pelo artigo 229-C da Lei de Propriedade Industrial,
ou seja: deve ficar adstrita a certificar se os produtos ou os processos farmacêuticos -
objetos do pedido de patente - apresentam ou não potencial risco à saúde ou lhe é
permitido adentrar os requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e
aplicação industrial -, cuja análise técnica, em linha de princípio, compete ao INPI.

Nos termos do artigo 6º da Lei da Anvisa, sua finalidade institucional consiste em


promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da

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produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária,


inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles
relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e de fronteiras.

Entre outras competências previstas no artigo 7º da lei, destaca-se a voltada à correção


de falhas de mercado do setor de fármacos, mediante o monitoramento da evolução dos
preços de medicamentos, podendo a agência reguladora, para tanto, requisitar
informações, proceder ao exame de estoques ou convocar os responsáveis para
explicarem conduta indicativa de infração à ordem econômica, tais como a imposição de
preços excessivos ou aumentos injustificados (inciso XXV).

O relevante papel desempenhado pela Anvisa na esfera da regulação econômico-social


do setor extrai-se, ainda, do fato de exercer a Secretaria-Executiva da Câmara de
Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial criado pela Lei n.
10.742/2003 - integrado pelos Ministros da Saúde, da Casa Civil, da Fazenda, da Justiça
e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - e que tem por objetivos a adoção,
a implementação e a coordenação de atividades destinadas a promover a assistência
farmacêutica à população, por meio de mecanismos que estimulem a oferta dos produtos
e a competitividade entre os fornecedores.

Assim, conquanto não se possa descurar das atribuições legais do INPI - principalmente a
execução, no âmbito nacional, de normas que regulam a propriedade industrial, tendo em
vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica -, em relação às patentes de
fármacos, não há falar em invasão institucional por parte da Anvisa, quando a recusa da
anuência prévia estiver fundamentada em qualquer critério demonstrativo do impacto
prejudicial da concessão do privilégio às políticas de saúde pública, que abrangem a
garantia de acesso universal à assistência farmacêutica integral.

Isso porque a diferença das perspectivas de análise das referidas autarquias federais
sobre o pedido de outorga de patente farmacêutica afasta qualquer conflito de atribuições.

Com efeito, é certo que o INPI, vinculado atualmente ao Ministério da Economia, tem por
objetivo garantir a proteção eficiente da propriedade industrial e, nesse mister, parte de
critérios fundamentalmente técnicos, amparados em toda a sua expertise na área, para
avaliar os pedidos de patente, cujo ato de concessão consubstancia ato administrativo de
discricionariedade vinculada aos parâmetros abstratos e tecnológicos constantes da lei de
regência e de seus normativos internos.

Por outro lado, a Anvisa, detentora de conhecimento especializado no setor de saúde, no


exercício do "ato de anuência prévia", deve adentrar quaisquer aspectos dos produtos ou
processos farmacêuticos - ainda que extraídos dos requisitos de patenteabilidade
(novidade, atividade inventiva e aplicação industrial) - que lhe permitam inferir se a
outorga do direito de exclusividade representará potencial prejuízo às políticas públicas do
SUS voltadas a garantir a assistência farmacêutica à população.

A atuação da agência reguladora, no caso, traduz, marcadamente, uma função


redistributiva, na qual se procura conciliar o interesse privado - direito de exclusividade da

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exploração lucrativa da invenção - com as metas e os objetivos de interesses públicos


encartados nas políticas de saúde.

A tese ora proposta, portanto, decorre da interpretação sistemática das normas contidas
no inciso I do artigo 18 da Lei de Propriedade industrial - proibição de outorga de patentes
a invenções contrárias à saúde pública - e nas Leis n. 9.782/1999 e 10.742/2003, que
delineiam as funções institucionais e as competências expressamente atribuídas à Anvisa
no sentido de resguardar a viabilidade das políticas de saúde consideradas "de relevância
pública" pela Constituição de 1988.

Nessa perspectiva, a estipulação da "anuência prévia" da autarquia especial, como


condição para a concessão da patente farmacêutica, tem por base o seu papel de
regulação econômico-social - ou socioeconômica - do setor de medicamentos, que se
justifica pelos mandamentos extraídos da Carta Magna, no sentido da necessária
harmonização do direito à propriedade industrial com os princípios da função social, da
livre concorrência e da defesa do consumidor, assim como o interesse social encartado
no dever do Estado de, observada a cláusula de reserva do possível, conferir concretude
ao direito social fundamental à saúde (artigos 5º, incisos XXIII, XXIX, 6º, 170, incisos III,
IV e V, e 196).

Em acréscimo, ressalta-se que, à luz da norma legal analisada (artigo 229-C da Lei n.
9.279/1996), a exigência de anuência prévia da Anvisa constitui pressuposto de validade
da concessão de patente de produto ou processo farmacêutico - o que, por óbvio, decorre
da extrema relevância dos medicamentos para a garantia do acesso universal à
assistência integral à saúde -, não podendo, assim, o parecer negativo, em casos nos
quais demonstrada a contrariedade às políticas de saúde pública, ser adotado apenas
como subsídio à tomada de decisão do INPI. O caráter vinculativo da recusa de anuência
é, portanto, indubitável.

Nada obstante, eventual divergência entre as autarquias sobre os fundamentos exarados


no parecer desfavorável à pretensão patentária, deve ser dirimida sob uma ótica dialética
e cooperativa - recomendável no âmbito da Administração Pública -, em que busquem
equacionar "o propósito de estímulo da atividade inventiva conducente ao
desenvolvimento tecnológico e econômico do País" e "o interesse social de concretização
do direito fundamental à saúde objeto das políticas públicas do SUS".

REsp 1.543.826-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por maioria,
julgado em 05/08/2021.

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Informativo nº 0704
Publicação: 16 de agosto de 2021.

TERCEIRA TURMA

REsp 1.882.798-DF - Alimentos. Menor. Presunção de necessidade. Alimentante


preso por crime. Capacidade de exercer atividade laboral. Obrigação alimentar.
Binônio necessidade-possibilidade. Observância.

O fato de o devedor de alimentos estar recolhido à prisão pela prática de crime não
afasta a sua obrigação alimentar, tendo em vista a possibilidade de desempenho de
atividade remunerada na prisão ou fora dela a depender do regime prisional do
cumprimento da pena.

O dever dos genitores em assistir materialmente seus filhos é previsto


constitucionalmente (arts. 227 e 229), bem como na legislação infraconstitucional (artigos
1.634 do Código Civil de 2002 e 22 da Lei n. 8.069/1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente - ECA). Não se desconhece que os alimentos estão atrelados ao direito à
vida digna, o que é protegido, inclusive, por tratados internacionais.

De fato, existe a possibilidade de desempenho de atividade remunerada na prisão ou fora


dela, a depender do regime prisional de cumprimento de pena, tendo em vista que o
trabalho - interno ou externo - do condenado é incentivado pela Lei de Execução Penal
(Lei n. 7.210/1984).

O Supremo Tribunal Federal ao julgar a ADPF nº 336/DF (DJe 10.05.2021), assentou a


possibilidade de o trabalho do preso ser remunerado em quantia inferior a um salário
mínimo. No item 5 da ementa do voto vencedor, lavrado pelo Ministro Luiz Fux, restou
consignado constituir o labor do preso um dever "obrigatório na medida de suas aptidões
e capacidades, e possui finalidades educativa e produtiva, em contraste com a liberdade
para trabalhar e prover o seu sustento garantido aos que não cumprem pena prisional
pelo artigo 6º da Constituição. Em suma, o trabalho do preso segue lógica econômica
distinta da mão-de-obra em geral".

No caso, o tribunal de origem afastou de plano a obrigação da parte por se encontrar


custodiado, sem o exame específico da condição financeira do genitor, circunstância
indispensável à solução da lide.

Ora, a mera condição de presidiário não é um alvará para exonerar o devedor da


obrigação alimentar, especialmente em virtude da independência das instâncias cível e
criminal.

Indispensável identificar se o preso possui bens, valores em conta bancária ou se é


beneficiário do auxílio-reclusão, benefício previdenciário previsto no art. 201 da
Constituição Federal, destinado aos dependentes dos segurados de baixa renda presos,

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direito regulamentado pela Lei n. 8.213/1991, o que pode ser aferido com o
encaminhamento de ofícios a cartórios, à unidade prisional e ao INSS.

Ademais, incumbe ao Estado informar qual a condição carcerária do recorrido, a pena


fixada, o regime prisional a que se sujeita, se aufere renda com trabalho ou se o utiliza
para remição de pena, e, ainda, se percebe auxílio-reclusão, não incumbindo à autora tal
ônus probatório, por versarem informações oficiais.

REsp 1.882.798-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 10/08/2021.

QUARTA TURMA

REsp 1.789.863-MS - Ação de reintegração de posse. Compromisso de compra e


venda de imóvel com cláusula de resolução expressa. Inadimplência do
compromissário comprador. Mora comprovada por notificação e decurso do prazo
para a purgação. Prévio ajuizamento de demanda judicial para a resolução
contratual. Desnecessidade.

É possível o manejo de ação possessória, fundada em cláusula resolutiva expressa,


decorrente de inadimplemento contratual do promitente comprador, sendo
desnecessário o ajuizamento de ação para resolução do contrato.

A cláusula resolutiva expressa, como o nome sugere, constitui-se uma cláusula efetiva e
expressamente estipulada pelas partes, seja no momento da celebração do negócio
jurídico, ou em oportunidade posterior (via aditivo contratual), porém, sempre antes da
verificação da situação de inadimplência nela prevista, que constitui o suporte fático para
a resolução do ajuste firmado.

Evidentemente, a vantagem da estipulação expressa é que, ocorrendo a hipótese


específica prevista no ajuste, o efeito resolutório da relação negocial disfuncional
subsistirá independentemente de manifestação judicial, sendo o procedimento para o
rompimento do vínculo mais rápido e simples, em prestígio à autonomia privada e às
soluções já previstas pelas próprias partes para solução dos percalços negociais.

Neste ponto, ressalte-se que inobstante a previsão legal (art. 474 do Código Civil) que
dispensa as partes da ida ao Judiciário quando existente a cláusula resolutiva expressa
por se operar de pleno direito, esta Corte Superior, ao interpretar a norma aludida,
delineou a sua jurisprudência, até então, no sentido de ser "imprescindível a prévia
manifestação judicial na hipótese de rescisão de compromisso de compra e venda de
imóvel para que seja consumada a resolução do contrato, ainda que existente cláusula
resolutória expressa, diante da necessidade de observância do princípio da boa-fé
objetiva a nortear os contratos" (REsp 620.787/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão,
Quarta Turma, DJe 27.04.2009).

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Na situação em exame, revela-se incontroverso que: (i) há cláusula resolutiva expressa


no bojo do compromisso de compra e venda de imóvel firmado entre as partes; (ii) a
autora procedeu à notificação extrajudicial do réu, considerando, a partir do prazo para a
purga da mora, extinto o contrato decorrente de inadimplemento nos termos de cláusula
contratual específica entabulada pelas partes, sem ajuizar prévia ação de rescisão do
pacto; e (iii) a pretensão deduzida na inicial (reintegração na posse do imóvel) não foi
cumulada com o pedido de rescisão do compromisso de compra e venda.

Desse modo, caso aplicada a jurisprudência sedimentada nesta Corte Superior, sem uma
análise categórica dos institutos a ela relacionados e das condições sobre as quais
ancorada a compreensão do STJ acerca da questão envolvendo a reintegração de posse
e a rescisão de contrato com cláusula resolutória expressa, sobressairia a falta de
interesse de agir da autora (na modalidade inadequação da via eleita), por advir a posse
do imóvel da celebração do compromisso de compra e venda cuja rescisão supostamente
deveria ter sido pleiteada em juízo próprio.

Entende-se, todavia, que casos como o presente reclamam solução distinta, mais
condizente com as expectativas da sociedade hodierna, voltadas à mínima intervenção
estatal no mercado e nas relações particulares, com foco na desjudicialização,
simplificação de formas e ritos e, portanto, na primazia da autonomia privada.

Note-se que a mudança de entendimento que se pretende não encerra posicionamento


contralegem. Sequer é, pois, de ordem legislativa, visto que, como já dito, a lei não
determina que o compromisso de compra e venda deva, em todo e qualquer caso, ser
resolvido judicialmente, mas pelo contrário, admite expressamente o desfazimento de
modo extrajudicial, exigindo, apenas, a constituição em mora ex persona e o decurso do
prazo legal conferido ao compromissário comprador poder purgar sua mora.

Em outras palavras, após a necessária interpelação para constituição em mora, deve


haver um período no qual o contrato não pode ser extinto e que o compromissário
comprador tem possibilidade de purgar. Entretanto, não há óbice para a aplicação da
cláusula resolutiva expressa, porquanto após o decurso do prazo in albis, isto é, sem a
purgação da mora, nada impede que o compromitente vendedor exerça o direito
potestativo concedido pela cláusula resolutiva expressa para a resolução da relação
jurídica extrajudicialmente.

Evidentemente, compreender a exigência de interpelação para constituição em mora


como necessidade de se resolver o compromisso de compra e venda apenas
judicialmente enseja confusão e imposição que refogem a intenção do legislador
ordinário, por extrapolar o que determina a legislação específica sobre o compromisso de
compra e venda de imóvel.

A eventual necessidade do interessado recorrer ao Poder Judiciário para pedir a


restituição da prestação já cumprida, ou devolução da coisa entregue, ou perdas e danos,
não tem efeito desconstitutivo do contrato, mas meramente declaratório de relação
evidentemente já extinta por força da própria convenção das partes.

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Isso porque, cumprida a necessidade de comprovação da mora e comunicado o devedor


acerca da intenção da parte prejudicada de não mais prosseguir com a avença
ultrapassado o prazo para a purgação da mora, o contrato se resolve de pleno direito,
sem interferência judicial. Essa resolução, como já mencionado, dá-se de modo
automático, pelo só fato do inadimplemento do promitente comprador,
independentemente de qualquer outra providência.

Não se nega a existência de casos nos quais, em razão de outros institutos, esteja a parte
credora impedida de pôr fim à relação negocial, como, por exemplo, quando evidenciado
o adimplemento substancial. Porém, essas hipóteses não podem transformar a
excepcionalidade em regra, principalmente caso as partes estipulem cláusula resolutiva
expressa e o credor demonstre os requisitos para a comprovação da mora, aguarde a
apresentação de justificativa plausível pelo inadimplemento ou a purga e comunique a
intenção de desfazimento do ajuste, informação que pode constar da própria notificação.

Ressalte-se que a notificação deve conter o valor do crédito em aberto, o cálculo dos
encargos contratuais cobrados, o prazo e local de pagamento e, principalmente, a
explícita advertência de que a não purgação da mora no prazo acarretará a gravíssima
consequência da extinção do contrato por resolução, fazendo nascer uma nova relação
entre as partes - de liquidação.

Dito isso, afirma-se que a alteração jurisprudencial é necessária para tornar prescindível o
intento de demanda/ação judicial nas hipóteses em que existir cláusula resolutória
expressa e tenha a parte cumprido os requisitos para a resolução da avença.

Necessário referir, ainda, que em hipóteses excepcionais, quando sobressaírem motivos


plausíveis e justificáveis para a não resolução do contrato, sempre poderá a parte
devedora socorrer-se da via judicial a fim de alcançar a declaração de manutenção do
ajuste, transformando o inadimplemento absoluto em parcial, oferecendo, na
oportunidade, todas as defesas que considerar adequadas a fim de obter a declaração de
prosseguimento do contrato.

Frise-se que impor à parte prejudicada o ajuizamento de demanda judicial para obter a
resolução do contrato quando esse estabelece em seu favor a garantia de cláusula
resolutória expressa, é impingir-lhe ônus demasiado e obrigação contrária ao texto
expresso da lei, desprestigiando o princípio da autonomia da vontade, da não intervenção
do Estado nas relações negociais, criando obrigação que refoge à verdadeira intenção
legislativa.

REsp 1.789.863-MS, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por maioria, julgado em
10/08/2021.

REsp 1.630.199-RS - Descumprimento de regra estatutária, ausência de prestação


de contas e administração de estabelecimento comercial. Pretensões vinculadas à
relação jurídica entre o proprietário locador e o estabelecimento comercial.
Ilegitimidade ativa do locatário.

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O locatário não possui legitimidade para ajuizar ação contra o condomínio no


intuito de questionar o descumprimento de regra estatutária, a ausência de
prestação de contas e a administração de estabelecimento comercial.

A questão jurídica submetida a exame diz respeito à legitimidade ativa de locatário para
ajuizar ação contra o condomínio, no intuito de questionar o descumprimento de regra
estatutária, a ausência de prestação de contas e a administração de estabelecimento
comercial, cujo reconhecimento resultaria na necessidade de adequações de cota
condominial e recomposição de prejuízos financeiros.

Nos termos do art. 18 do CPC/2015, correspondente ao art. 6º do CPC/1973, "ninguém


poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado pelo
ordenamento jurídico". Não existe norma que confira ao locatário legitimidade para atuar
em Juízo na defesa dos interesses do condômino locador.

Isso porque o vínculo obrigacional estabelecido no contrato de locação se dá entre o


inquilino e o locador. Desse modo, a convenção realizada entre os particulares transfere a
posse direta do imóvel e, eventualmente, o dever de arcar com obrigações propter rem,
de titularidade do proprietário, mas não sub-roga o inquilino em todos os direitos do
condômino perante o condomínio.

Vale anotar que os locatários podem pedir contas ao locador, não diretamente ao
condomínio, conforme previsto no art. 23, § 2º, da Lei n. 8.245/1991. Desse modo, se a
má administração do condomínio tornou onerosa a relação contratual locatícia, cabe ao
inquilino buscar providência frente ao proprietário do imóvel.

Conclui-se, em suma, que o locatário não possui legitimidade para ajuizar ação contra o
condomínio para questionar a forma pela qual a coisa comum é gerida.

REsp 1.630.199-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por
unanimidade, julgado em 05/08/2021.

REsp 1.331.719-SP - Penhora de bem imóvel por termo nos autos. Necessidade de
intimação pessoal do devedor assistido pela Defensoria Pública. Múnus público.
Constituição de poderes gerais para o foro. Ato de natureza material que demanda
ação positiva pessoal do assistido. Súmula n. 319/STJ.

É imprescindível a intimação pessoal para fins de constituição do devedor,


assistido pela Defensoria, como depositário fiel da penhora de bem imóvel realizada
por termo nos autos.

Discute-se a validade da intimação dirigida à Defensoria Pública, para fins de constituição


do devedor assistido como depositário fiel da penhora realizada por termo nos autos.

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Vale destacar que as reformas introduzidas no processo executivo e na fase de


cumprimento de sentença (notadamente pelas Leis n. 10.444/2002 e 11.382/2006)
visaram à simplificação e efetividade dos procedimentos previstos pelo antigo Código, a
fim de alcançar atividade satisfativa jurisdicional célere e eficaz, dentre elas se
destacando a possibilidade de intimar o executado "na pessoa de seu advogado", para
fins de constituí-lo como depositário.

Em se tratando, todavia, de parte representada pela Defensoria Pública, algumas


peculiaridades merecem maior aprofundamento, notadamente as relacionadas ao tipo de
intimação, aos seus ônus e às características da assistência/representação realizada pela
Defensoria Pública.

Nessa senda, imperioso pontuar a distinção existente entre o defensor constituído pela
parte e o Defensor Público, atuando em razão de múnus público legalmente atribuído, em
que não há escolha ou relação prévia de confiança entre assistido e representante.

Nesse contexto, a representação da parte em juízo, justamente por ser constituída


legalmente, dispensa a apresentação de mandato, possuindo o defensor apenas os
poderes relacionados à procuração geral para o foro, visto que o exercício de poderes
especiais demanda mandato com cláusula expressa, conforme o disposto nos artigos 38,
caput, do CPC/1973 e 16, parágrafo único, "a", da Lei n. 1.060/1950.

Ademais, percebe-se que o legislador fez clara distinção entre os atos puramente
processuais e aqueles materiais, que demandam ação positiva pessoal do assistido.

Nesse ponto, a doutrina preceitua que a intimação é essencial à garantia constitucional do


contraditório, de modo que a distinção dos destinatários da intimação, a própria parte ou o
advogado na qualidade de defensor dessa, é feita a partir da natureza dos atos a se
realizar.

Pertinente, ainda, apontar que, segundo o art. 666, §3º do CPC/73, "a prisão do
depositário infiel será decretada no próprio processo, independentemente de ação de
depósito". No CPC/15, dispõe o artigo 161, parágrafo único, que "o depositário infiel
responde civilmente pelos prejuízos causados, sem prejuízo de sua responsabilidade
penal e da imposição de sanção por ato atentatório à dignidade da justiça

Dessa forma, a constituição do devedor como depositário do bem penhorado não pode
ser considerada, sob qualquer aspecto, como ato de natureza puramente processual,
justamente em razão das consequências civis e penais que o descumprimento do mister
pode acarretar. Entendimento diverso implicaria a atribuição ao Defensor Público de
responsabilidade desproporcional pelo cumprimento e respeito do comando judicial por
parte do assistido que, muitas das vezes, sequer mantém ou atualiza o contato junto à
instituição.

Observa-se que a intimação pessoal é pressuposto lógico da adequada observância do


comando contido na consolidada Súmula n. 319/STJ, que prevê que "o encargo de
depositário de bens penhorados pode ser expressamente recusado."

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Com efeito, a possibilidade de recusa expressa do encargo de depositário de bens


somente é respeitada caso seja oportunizada à parte, previamente, a opção de fazê-lo, de
forma pessoal, não sendo preservado o direito do devedor-depositário pela circunstância
de poder, ulteriormente, requerer ao Juízo que preside o feito sua exoneração. Isso
porque as situações caracterizadoras de responsabilidade civil e criminal do depositário já
podem estar, inclusive, concretizadas em razão da ausência de ciência pessoal do
devedor do encargo, que já pode ter alienado ou instituído gravame sobre o bem
penhorado.

Assim sendo, apesar de o antigo CPC/1973 não prever de forma expressa a necessidade
de intimação pessoal da parte quando assistida pela Defensoria Pública, o que pode ser
justificado também em razão de o citado órgão ter adquirido estatura constitucional
somente quando da promulgação da Constituição Federal de 1988, e a Defensoria ter
sido dotada de autonomia funcional e administrativa apenas por força da EC 45/2004, o
novo CPC, atento às necessidades verificadas na prática forense e às críticas
acadêmicas, foi explícito em diversos artigos a respeito da obrigatoriedade de intimação
pessoal do devedor representado pela Defensoria Pública.

Evidencia-se, portanto, que há clara diferença entre a relação representante-representado


quando o advogado é designado e não constituído voluntária e pessoalmente pela parte.

Dessa forma, há a necessidade de intimação pessoal do devedor assistido pela


Defensoria Pública para que seja constituído como depositário fiel do bem imóvel
penhorado por termo nos autos, seja em virtude de o ato possuir conteúdo de direito
material e demandar comportamento positivo da parte, b) seja em razão de o Defensor
Público, na condição de defensor nomeado e não constituído pela parte, exercer múnus
público que impede o seu enquadramento no conceito de "advogado" para os fins
previstos no artigo 659, § 5°, do CPC/1973, possuindo apenas, via de regra, poderes
gerais para o foro.

REsp 1.331.719-SP, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Rel. Acd. Min. Maria Isabel
Gallotti, Quarta Turma, por maioria, DJ 03/08/2021.

Informativo nº 0705
Publicação: 23 de agosto de 2021.

TERCEIRA TURMA

REsp 1.890.473-MS - Técnica de julgamento ampliado. Julgadores adicionais.


Quantidade. Dispensa do quinto julgador. Impossibilidade.

Constitui ofensa ao art. 942 do CPC/2015 a dispensa do quinto julgador, integrante


necessário do quórum ampliado, sob o argumento de que já teria sido atingida a
maioria sem possibilidade de inversão do resultado.

DGJUD – DIRETORIA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO JUDICIÁRIO


DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 53
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

A técnica de ampliação do colegiado previu a inclusão de julgadores adicionais, conforme


dispõe o art. 942 do CPC/2015, "em número suficiente para garantir a possibilidade de
inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de
sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores".

A doutrina descreve que o quórum ampliado será composto, pelo menos, por 3 (três)
membros do órgão colegiado mais - no mínimo - 2 (dois) julgadores convocados segundo
as regras do regimento interno do tribunal.

O fundamento da mencionada composição do colegiado ampliado está relacionado não


só com o respeito ao princípio do juízo natural, mas também com a possibilidade de, com
a inclusão de 2 (dois) e não apenas 1 (um) desembargador, maximizar e aprofundar as
discussões jurídicas ou fáticas a respeito da divergência então instaurada, possibilitando,
para tanto, inclusive, nova sustentação oral.

Isso porque a técnica do julgamento tem como intenção privilegiar, sobretudo, o debate
ampliado de ideias, com o reforço do "contraditório, assegurando às partes o direito de
influência para que possam ter a chance de participar do convencimento dos julgadores
que ainda não conhecem o caso".

Diante dessa característica, mostra-se de todo insuficiente reduzir a aludida técnica a uma
mera busca pela maioria de votos, como concebido pelo acórdão recorrido. Com tal
postura, a Corte estadual desatende a proposta de ampliação dos debates em sua
inteireza, bem como torna ineficaz o disposto no § 2º do art. 942 do CPC/2015 que
autorizou expressamente que "os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus
votos por ocasião do prosseguimento do julgamento".

Com base nessa previsão legal, aliás, não é possível presumir, como feito pela Corte de
origem, que o quinto julgador não teria nenhuma influência sobre o resultado final do
acórdão. Tal equivocada conclusão contraria frontalmente a proposta da técnica
ampliada.

Por esses motivos, não é possível admitir a dispensa do quinto julgador, integrante
necessário da composição do quórum ampliado do art. 942 do Código de Processo Civil
de 2015, sob o argumento de que, com o voto do quarto desembargador, já teria sido
atingida a maioria sem possibilidade de inversão do resultado.

REsp 1.890.473-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 17/08/2021, DJe 20/08/2021.

REsp 1.874.256-SP - Ação de execução de títulos extrajudiciais. Empresa Individual


de Responsabilidade Limitada - EIRELI que não é parte na execução. Penhora de
bens. Impossibilidade. Desconsideração inversa da personalidade jurídica.
Necessidade.

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 54
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Para penhorar bens pertencentes a empresa individual de responsabilidade limitada


(EIRELI), por dívidas do empresário que a constituiu, é imprescindível a instauração
do incidente de desconsideração da personalidade jurídica de que tratam os arts.
133 e seguintes do CPC/2015, de modo a permitir a inclusão do novo sujeito no
processo atingido em seu patrimônio em decorrência da medida.

A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada - EIRELI foi introduzida no


ordenamento jurídico pátrio pela Lei n. 12.441/2011, com vistas a sanar antiga lacuna
legal quanto à limitação do risco patrimonial no exercício individual da empresa.

Importa destacar que o fundamento e efeito último da constituição da EIRELI é a


separação do patrimônio - e naturalmente, da responsabilidade - entre a pessoa jurídica e
a pessoa natural que lhe titulariza. Uma vez constituída a EIRELI, por meio do registro de
seu ato constitutivo na Junta Comercial, não mais entrelaçadas estarão as esferas
patrimoniais da empresa e do empresário, como explicitamente prescreve o art. 980-A, §
7º, do CC/2002.

Assim, na hipótese de indícios de abuso da autonomia patrimonial, a personalidade


jurídica da EIRELI pode ser desconsiderada, de modo a atingir os bens particulares do
empresário individual para a satisfação de dívidas contraídas pela pessoa jurídica.
Também se admite a desconsideração da personalidade jurídica de maneira inversa,
quando se constatar a utilização abusiva, pelo empresário individual, da blindagem
patrimonial conferida à EIRELI, como forma de ocultar seus bens pessoais.

Em uma ou em outra situação, todavia, é imprescindível a instauração do incidente de


desconsideração da personalidade jurídica de que tratam os arts. 133 e seguintes do
CPC/2015, de modo a permitir a inclusão do novo sujeito no processo - o empresário
individual ou a EIRELI -, atingido em seu patrimônio em decorrência da medida.

REsp 1.874.256-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 17/08/2021, DJe 19/08/2021.

QUARTA TURMA

REsp 1.566.852-SP - Execução. Contrato de honorários. Terceiro inventariante e


administrador dos bens. Herdeiros menores. Contratação de advogado pela
genitora. Poder familiar. Nulidade formal. Inocorrência.

O fato de ter sido concedida a gestão da herança a terceiro não implica restrição do
exercício do poder familiar do genitor sobrevivente para promover a contratação de
advogado, em nome dos herdeiros menores, a fim de representar os interesses
deles no inventário.

O art. 1.691 do CC/2002 dispõe não poderem os pais "alienar, ou gravar de ônus real os
imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 55
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante


prévia autorização do juiz".

Sobre a questão, esta Corte já se pronunciou no sentido de que a contratação de


advogado por representante de incapaz, para atuar em inventário, como ocorre na
presente hipótese, configura ato de simples administração e independe de autorização
judicial. A propósito: REsp 1.694.350/ES, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma,
DJe de 18/10/2018.

Na hipótese, a mãe dos menores e únicos herdeiros contratou advogados para defender
os interesses de seus filhos menores e pactuou honorários de 3% sobre o valor real dos
bens móveis e imóveis inventariados.

Assim, embora se reconheça mais prudente, sem dúvida, a prévia obtenção de


autorização judicial, tem-se que a atuação da genitora ao constituir advogados para
defesa dos interesses patrimoniais de seus filhos configura exercício do poder familiar,
compatível com o conceito de ato de simples administração, que pode prescindir da
autorização judicial.

Com efeito, estando aberta a sucessão do genitor dos menores, herdeiros legítimos e
testamentários do morto, não poderiam os sucessores deixar de comparecer nos autos
respectivos. E, para fazê-lo, necessitavam da constituição de patronos judiciais. A
constituição válida de advogado para os filhos, passava necessariamente pela pessoa da
única legítima representante dos menores, sua genitora.

Ademais, não se tem nos autos informação sobre a existência de conflito de interesses
entre os filhos menores e a mãe, de modo que é devido presumir-se tenha a genitora
exercido o poder familiar no proveito, interesse e proteção de sua prole.

Deve-se se considerar, inclusive, a provável hipótese de a genitora dos menores


herdeiros e a inventariante, testamenteira e administradora dos bens deixados pelo pai
dos menores, não se acreditarem mutuamente, nem se relacionarem bem a pondo de
nutrirem confiança recíproca.

Em tal contexto, de sentimento antagônico, de mútua desconfiança e insegurança, entre a


genitora e a administradora dos bens, havia suficiente motivação a justificar a
contratação, pela mãe em favor dos filhos, de advogados que pudessem acompanhar a
adequada condução do inventário e a correta administração do espólio dos bens deixados
por morte do genitor dos menores, verificando a existência de eventual conflito com os
interesses dos herdeiros.

Com isso, afasta-se a nulidade do contrato de prestação de serviços advocatícios, em


razão de vício formal, quer decorrente de ausência de legitimidade da mãe para
representar os filhos menores na contratação, quer em razão de falta de prévia
autorização judicial ou mesmo de outra formalidade inerente ao ato.

Porém, noutro aspecto, não se pode reconhecer, de imediato, a plena validade de todo o
conteúdo material da contratação, a ponto de se lhe certificar os atributos de liquidez,

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 56
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

certeza e exigibilidade em face dos menores contratantes, antes do exame desses


aspectos substanciais pelo órgão ministerial, atuando no interesse dos menores, máxime
quando há questionamento acerca do valor do ajuste.

REsp 1.566.852-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Rel. Acd. Min. Raul Araújo,
Quarta Turma, por maioria, julgado em 17/08/2021.

REsp 1.768.022-MG - Cheque. Não apresentação ao banco sacado para


compensação. Juros de mora. Termo inicial. Primeiro ato tendente à satisfação do
crédito.

Inexistindo apresentação do cheque para a compensação ao banco sacado, os


juros de mora devem incidir a partir do primeiro ato do beneficiário tendente à
satisfação do crédito estampado na cártula, o que pode se dar pelo protesto,
notificação extrajudicial ou pela citação.

Cinge-se a controvérsia sobre o termo inicial dos juros moratórios para a cobrança de
cheque prescrito não apresentado para pagamento junto ao banco sacado.

Esta Corte, no julgamento do Recurso Repetitivo 1.556.834/SP sedimentou o seguinte


entendimento: "Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a
correção monetária incide a partir da data de emissão estampada na cártula, e os juros de
mora a contar da primeira apresentação à instituição financeira sacada ou câmara de
compensação." (REsp 1556834/SP, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Segunda Seção,
DJe 10/08/2016).

Assim, consoante se extrai do referido julgado, o termo inicial dos juros de mora depende
da apresentação da cártula à instituição financeira sacada, o que vai ao encontro do
disposto no art. 52, inciso II, da Lei n. 7.357/1985, que dispõe sobre o cheque e dá outras
providências.

Na hipótese analisada, contudo, não houve apresentação do cheque ao banco sacado, ou


tampouco a adoção de qualquer providência no sentido da cobrança da dívida.

A apresentação não constitui requisito intrínseco para que se possa cobrar do emitente a
dívida inserta na cártula, porém, nos termos da lei de regência, se efetivada a
apresentação para pagamento ao banco sacado, os juros moratórios tem incidência a
partir da referida data nos termos do artigo 52, inciso II da Lei n. 7357/1985. O ponto
nodal é se quando não realizado tal procedimento - apresentação - os encargos
moratórios incidentes ficariam protraídos para termo futuro ou retroagiriam para a data do
vencimento da dívída ou da assinatura do título.

O valor estampado na cártula constitui dívida líquida e com vencimento certo, o que, em
princípio poderia atrair a aplicação do artigo 397 do Código Civil de 2002, antigo 960 do
diploma civilista revogado, considerando-se em mora o devedor desde o vencimento. Tal
compreensão, em princípio, e sem que se fizesse o devido distinguishing, viria ao
encontro do entendimento sedimentado no âmbito da Corte Especial segundo o qual a

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 57
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circunstância da dívida ter sido cobrada por meio de ação monitória não interfere na data
de início da fluência dos juros de mora, a qual recairia no dia do vencimento, conforme
estabelecido pela relação de direito material.

Entretanto, é imprescindível mencionar que essa assertiva, contrasta com o disposto no


art. 52, inciso II, da Lei n. 7357/1985 - regra especial atinente ao título de crédito ora
objeto de análise - e não observa o instituto duty to mitigate the loss.

Com efeito, a inércia do credor jamais pode ser premiada, motivo pelo qual o termo inicial
dos juros de mora deve levar em conta um ato concreto do interessado tendente a
satisfazer o seu crédito.

Como já referido, a Lei do Cheque (Lei n. 7.357/1985) possui regra expressa que
disciplina os juros relacionados com a cobrança de crédito estampado neste título.
Segundo o referido texto legal, os juros de mora devem ser contados desde a data da
primeira apresentação do cheque pelo portador à instituição financeira, conforme previsto
no art. 52, inciso II.

Por força do disposto no normativo acima mencionado, a obrigação decorrente do


cheque, a despeito de ser uma forma de pagamento à vista, ganha os contornos da mora
ex persona, em virtude de ser um título cuja relação cambiária é tripartite - emitente
(sacador): aquele que dá a ordem de pagamento; sacado: aquele que recebe a ordem de
pagamento (o banco) e beneficiário (tomador, portador): é o favorecido da ordem de
pagamento, ou seja, aquele que tem o direito de receber o valor escrito no cheque, não
bastando para a configuração da mora o decurso do prazo estampado para o vencimento
do título, por constituir ordem para que terceiro (banco sacado) realize o pagamento da
quantia na cártula, ou seja, demanda, por este motivo, uma atuação comissiva do credor.

A Corte Especial, em recentíssimo pronunciamento (EAREsp 502.132/RS, Rel. Ministro


Raul Araújo, Corte Especial, DJe 03/08/2021), procurou elucidar a questão envolvendo a
mora do devedor, oportunidade na qual concluiu que "não é o meio judicial de cobrança
da dívida que define o termo inicial dos juros moratórios nas relações contratuais, mas
sim a natureza da obrigação ou a determinação legal de que haja interpelação judicial ou
extrajudicial para a formal constituição do devedor em mora". Acrescentou, ainda, "que a
mora do devedor pode se configurar de distintas formas, de acordo com a natureza da
relação jurídico-material estabelecida entre as partes ou conforme exigência legal".

Nesse contexto, em consonância ao entendimento firmado no Recurso Repetitivo


1.556.834/SP, no novo pronunciamento da Corte Especial (EAREsp 502.132/RS), com
base no regramento especial da Lei n. 7.357/1985, a melhor interpretação a ser dada
quando o cheque não for apresentado à instituição financeira sacada para a respectiva
compensação, é aquela que reconhece o termo inicial dos juros de mora a partir do
primeiro ato do credor no sentido de satisfazer o seu crédito, o que pode se dar pela
apresentação, protesto, notificação extrajudicial, ou, como no caso concreto, pela citação
(art. 219 do CPC/73 correspondente ao art. 240 do CPC/15).

REsp 1.768.022-MG, Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por unanimidade, julgado
em 17/08/2021.

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Informativo nº 0706
Publicação: 30 de agosto de 2021.

TERCEIRA TURMA

REsp 1.903.273-PR - Whatsapp. Divulgação pública de mensagens privadas.


Ilicitude. Quebra da legítima expectativa e da confidencialidade. Violação à
privacidade e à intimidade. Dano configurado. Indenização. Cabimento.

A divulgação pelos interlocutores ou por terceiros de mensagens trocadas via


WhatsApp pode ensejar a responsabilização por eventuais danos decorrentes da
difusão do conteúdo.

O sigilo das comunicações é corolário da liberdade de expressão e, em última análise,


visa a resguardar o direito à intimidade e à privacidade, consagrados nos planos
constitucional (art. 5º, X, da CF/1988) e infraconstitucional (arts. 20 e 21 do CC/2002).

No passado recente, não se cogitava de outras formas de comunicação que não pelo
tradicional método das ligações telefônicas. Com o passar dos anos, no entanto,
desenvolveu-se a tecnologia digital, o que culminou na criação da internet e, mais
recentemente, da rede social WhatsApp, o qual permite a comunicação instantânea entre
pessoas localizadas em qualquer lugar do mundo.

Nesse cenário, é certo que não só as conversas realizadas via ligação telefônica, como
também aquelas travadas através do WhatsApp são resguardadas pelo sigilo das
comunicações. Em consequência, terceiros somente podem ter acesso às conversas de
WhatsApp mediante consentimento dos participantes ou autorização judicial.

Na hipótese em que o conteúdo das conversas enviadas via WhatsApp possa, em tese,
interessar a terceiros, haverá um conflito entre a privacidade e a liberdade de informação,
revelando-se necessária a realização de um juízo de ponderação. Nesse aspecto, há que
se considerar que as mensagens eletrônicas estão protegidas pelo sigilo em razão de o
seu conteúdo ser privado; isto é, restrito aos interlocutores.

Dessa forma, ao enviar mensagem a determinado ou a determinados destinatários via


WhatsApp, o emissor tem a expectativa de que ela não será lida por terceiros, quanto
menos divulgada ao público, seja por meio de rede social ou da mídia. Essa expectativa
advém não só do fato de ter o indivíduo escolhido a quem enviar a mensagem, como
também da própria encriptação a que estão sujeitas as conversas. De mais a mais, se a
sua intenção fosse levar ao conhecimento de diversas pessoas o conteúdo da
mensagem, decerto teria optado por uma rede social menos restrita ou mesmo repassado
a informação à mídia para fosse divulgada.

Assim, ao levar a conhecimento público conversa privada, além da quebra da


confidencialidade, estará configurada a violação à legítima expectativa, bem como à

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DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 59
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

privacidade e à intimidade do emissor, sendo possível a responsabilização daquele que


procedeu à divulgação se configurado o dano.

Por fim, é importante consignar que a ilicitude poderá ser descaracterizada quando a
exposição das mensagens tiver como objetivo resguardar um direito próprio do receptor.
Nesse caso, será necessário avaliar as peculiaridades concretas para fins de decidir qual
dos direitos em conflito deverá prevalecer.

REsp 1.903.273-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 24/08/2021, DJe 30/08/2021.

REsp 1.901.911-SP - Operadora de plano de saúde. Cooperativa de trabalho médico.


Ingresso de novo associado. Processo seletivo público. Previsão no estatuto social.
Possibilidade. Princípio da porta aberta. Relativização.

É lícita a previsão, em estatuto social de cooperativa de trabalho médico, de


processo seletivo público como requisito de admissão de profissionais médicos
para compor os quadros da entidade, devendo o princípio da porta aberta ser
compatibilizado com a possibilidade técnica de prestação de serviços e a
viabilidade estrutural econômico-financeira da sociedade cooperativa.

Cinge-se a controvérsia a definir se a cooperativa de trabalho médico pode limitar, por


meio de processo seletivo público, o ingresso de novos associados ao fundamento de
preservação da possibilidade técnica de prestação de serviços.

De início, vale destacar que a cooperativa de trabalho, como a de médicos, coloca à


disposição do mercado a força de trabalho, cujo produto da venda - após a dedução de
despesas - é distribuído, por equidade, aos associados, ou seja, cada um receberá
proporcionalmente ao trabalho efetuado (número de consultas, complexidade do
tratamento, entre outros parâmetros).

Destaca-se que, em razão da incidência do princípio da livre adesão voluntária, o ingresso


nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços prestados pela
sociedade, desde que adiram aos propósitos sociais e preencham as condições
estabelecidas no estatuto, sendo, em regra, ilimitado o número de associados, salvo
impossibilidade técnica de prestação de serviços (arts. 4º, I, e 29 da Lei nº 5.764/1971).

Ademais, pelo princípio da porta aberta, consectário do princípio da livre adesão, não
podem existir restrições arbitrárias e discriminatórias à livre entrada de novo membro na
cooperativa, devendo a regra limitativa da impossibilidade técnica de prestação de
serviços ser interpretada segundo a natureza da sociedade cooperativa, sobretudo porque
a cooperativa não visa o lucro, além de ser um empreendimento que possibilita o acesso
ao mercado de trabalhadores com pequena economia, promovendo, portanto, a inclusão
social.

DGJUD – DIRETORIA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO JUDICIÁRIO


DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 60
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

Entretanto, o princípio da porta aberta (livre adesão) não é absoluto, devendo a


cooperativa de trabalho médico, que também é uma operadora de plano de saúde, velar
por sua qualidade de atendimento e situação financeira estrutural, até porque pode ser
condenada solidariamente por atos danosos de cooperados a usuários do sistema (a
exemplo de erros médicos), o que impossibilitaria a sua viabilidade de prestação de
serviços.

Dessa forma, a negativa de ingresso de profissional na cooperativa de trabalho médico


não pode se dar somente em razão de presunções acerca da suficiência numérica de
associados na região exercendo a mesma especialidade, havendo necessidade de
estudos técnicos de viabilidade. Por outro lado, atingida a capacidade máxima de
prestação de serviços pela cooperativa, aferível por critérios objetivos e verossímeis,
impedindo-a de cumprir sua finalidade, é admissível a recusa de novos associados.

Nessa mesma esteira de ideias, é lícita a previsão em estatuto social de cooperativa de


trabalho médico de processo seletivo público e de caráter impessoal, exigindo-se
conteúdos a respeito de ética médica, cooperativismo e gestão em saúde como requisitos
de admissão de profissionais médicos para compor os quadros da entidade, mesmo
porque, por força de lei, o interessado deve aderir aos propósitos sociais do ente e
preencher as condições estatutárias estabelecidas, devendo o princípio da porta aberta
ser compatibilizado com a possibilidade técnica de prestação de serviços e a viabilidade
estrutural econômico-financeira da sociedade cooperativa.

REsp 1.901.911-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por
unanimidade, julgado em 24/08/2021.

QUARTA TURMA

REsp 1.918.421-SP - Reprodução assistida post mortem. Implantação de embriões


excedentários. Declaração posta em contrato padrão de prestação de serviços.
Inadequação. Autorização expressa e formal. Testamento ou documento análogo.
Imprescindibilidade.

A declaração posta em contrato padrão de prestação de serviços de reprodução


humana é instrumento absolutamente inadequado para legitimar a implantação post
mortem de embriões excedentários, cuja autorização, expressa e específica, deve
ser efetivada por testamento ou por documento análogo.

Na hipótese em análise, os cônjuges valeram-se da reprodução assistida homóloga,


tendo a fertilização se realizado in vitro, a partir da utilização de material genético dos
próprios envolvidos. A partir da fertilização promovida, destacaram-se em qualidade ao
menos dois embriões, os quais foram criopreservados, não se concluindo a etapa de
transferência (implantação no útero).

Nos casos em que a expressão da autodeterminação significar a projeção de efeitos para


além da vida do sujeito de direito, com repercussões existenciais e patrimoniais,

DGJUD – DIRETORIA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO JUDICIÁRIO


DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 61
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

imprescindível que sua manifestação se dê de maneira inequívoca, leia-se expressa e


formal, efetivando-se por meio de instrumentos jurídicos apropriadamente arquitetados
pelo ordenamento, sob de pena de ser afrontada.

No rumo desse raciocínio, ganha espaço o instituto do testamento, que tem como marca
distintiva a declaração de vontade, expressão indiscutível da autonomia pessoal, e, nada
obstante escape ao tradicional, a simples análise do seu conceito é o bastante para
revelar que seu objeto não se restringe a disposição de patrimônio pelo testador.

Nesses termos, se as disposições patrimoniais não dispensam a forma testamentária,


maiores são os motivos para se considerar sejam da mesma forma dispostas as questões
existenciais, mormente aqueles que repercutirão na esfera patrimonial de terceiros, não
havendo maneira mais apropriada de garantir-se a higidez da vontade do falecido.

Seguindo por esse entendimento, não há dúvidas de que a decisão de autorizar a


utilização de embriões consiste em disposição post mortem, que, para além dos efeitos
patrimoniais, sucessórios, relaciona-se intrinsecamente à personalidade e dignidade dos
seres humanos envolvidos, genitor e os que seriam concebidos, atraindo, portanto, a
imperativa obediência à forma expressa e incontestável, alcançada por meio do
testamento ou instrumento que o valha em formalidade e garantia.

Ademais, ao revés, admitir-se que a autorização posta naquele contrato de prestação de


serviços, na hipótese, marcado pela inconveniente imprecisão na redação de suas
cláusulas, possa equivaler a declaração inequívoca e formal, própria às disposições post
mortem, significará o rompimento do testamento que fora, de fato, realizado, com
alteração do planejamento sucessório original, sem quaisquer formalidades, por pessoa
diferente do próprio testador.

Nessa linha, a única conclusão possível é a de que a indicação a autorização dada no


formulário pelo parceiro para a transferência do pré-embrião para o primeiro ciclo à
parceira, circunscreve-se à autorização para implantação do embrião durante a vida de
ambos os cônjuges.

Nessa ordem de ideias, os contratos de prestação de serviço de reprodução assistida


firmados são instrumentos absolutamente inadequados para legitimar a implantação post
mortem de embriões excedentários, cuja autorização, expressa e específica, deveria ter
sido efetivada por testamento, ou por documento análogo, por tratar de disposição de
cunho existencial, sendo um de seus efeitos a geração de vida humana.

REsp 1.918.421-SP, Rel. Min. Marco Buzzi, Rel. Acd. Min. Luis Felipe Salomão,
Quarta Turma, por maioria, julgado em 08/06/2021, DJe 26/08/2021.

DGJUD – DIRETORIA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO JUDICIÁRIO


DGJUD 1.4 - SERVIÇO DE GESTÃO DE JURISPRUDÊNCIA 62

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