Ideologia e Livro

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IDEOLOGIA E LIVRO INFANTIL

Ana Maria Machado

Organização: Profª Eliane Lourdes da Silva Moro

Papel dos escritores na sociedade (deveria):

 Defensores da literatura comprometida como obra de arte: a serviço de


filosofia de progresso, melhoria e felicidade da humanidade.

 Defensores de “arte pela arte”: único objetivo é criar um objetivo de beleza,


“uma alegria para sempre”; arte política não deveria ser prejudicada pelas
considerações ideológicas.

IDEOLOGIA E LIVRO INFANTIL

 Literatura infantil: produto novo na história da cultura que se desenvolveu na


época moderna.

 “Antes que existissem livros para crianças, era preciso que houvesse crianças
– Isto é, com seus próprios interesses e necessidades particulares, e não
apenas homens e mulheres em miniatura.” (TOWNSEND).

 Perrault (Séc. XVII) publica contos de fadas com lições morais: prazer x
formas de aprender. Idéia de infância inseparável de educação.

 Livro infantil: fabula disfarçada, lição atraente, historia moral ou conto popular.

 Abertura de novos livros e infinitos caminhos para escapar ao “destino pré-


traçado”: AMOR.
 “É impossível alguém lidar de perto com uma criança sem emoção, ternura,
afetividade.”

 Irmãos Grimm (Alemanha Séc. XVIII) papel fundamental: contos de fadas


publicados se limitava apenas às histórias, sem nenhuma moral explícita.

“Sua obra foi claramente um trabalho de amor.”

 “A ideologia de um livro também reflete o conjunto de crenças e opiniões da


cultura e da época em que vive um ator.”

 Perceptível, depois das campanhas pelos direitos civis, do feminismo, da luta


dos negros contra o preconceito e a discriminação, do movimento verde, da
consciência anti-imperalista e tantas outras conquistas ideológicas recentes
que se tornaram evidentes.

IDEOLOGIA E LIVRO INFANTIL: Aspectos gerais:

1: Não existe escrita ideologicamente inocente.

2: Livros infantis: usados como veículos de mensagens ideológicas.

 Livro: transformações vividas no processo mercadológico editorial:

 Livros para adultos: uma tradição literária;

 Nasciam da necessidade de expressão do artista, de impulso humano de


compartir perplexidades, pensamentos, sentimentos e sonhos com os outros;

 Não surgiam com a necessidade de moldar outras pessoas ou de vender


o que a moda exige;
 Variavam nas qualidades ou no nível artístico, mas brotavam das mesmas
fontes que originam outras formas de arte.

Armadilhas...
 Mercado escolar

 Mercado de massas

 Utilização pedagógica: a força original do impulso criador se perder para que


o resultado obedeça aos ditames do sistema escolar ou outros propósitos
“didáticos”.
 Ficção popular (Séc. XIX – forma de controle social que seleciona o que
deseja mostrar): categoria em que a popularidade e a vendagem são
determinantes supremas e qualquer exigência de qualidade artística é um
luxo supérfluo.
 “A ficção popular é uma das maneiras pelas quais a sociedade instrui seus
membros para se conformarem às idéias e costumes que nela prevalecem, a
seus modelos de comportamento dominantes e as suas aspirações
legítimas.” (RICHARDS)
 “Livros de presentes” feitos especialmente para venda no Natal, com intenção
explícita e definida de agradar o mercado.
 Para o autor, ser lido pelo maior número possível passa a ser mais importante
do que expressar aquilo que está pressionado, de dentro: “a independência
criativa vai para o espaço”.
 A grande maioria dos livros infantis, impregnados de ideologia não visível,
traz a noção de que, por si só, “a obediência é um valor que os adultos têm o
direito a que as crianças se submetam a eles, pois são mais fortes, mais
experientes e sabem mais. Dessa premissa básica, deriva-se tudo o mais”.
 “A ideologia não se revela apesar das intenções do autor, mas por causa
delas.”
 “Não existe inocência nem neutralidade possível.”
 O que fazer?

 O que devemos ler?

 O que as crianças devem ler?

Como devemos ler?

 Leitura crítica:

 Oportunidade de exercitar a liberdade, essencial para viver numa


sociedade democrática e multicultural.
 A ideologia está em toda a parte (filmes, canções, jornais, TV, revistas,
livros didáticos, publicidade, brinquedos...).
 Deve-se tentar ler o que as crianças estão lendo para discutir com elas
“mostrar a pontinha do rabo do gato ideológico escondido”.
 “Ninguém tem que concordar com tudo o que lê nem com todo mundo
que ama”.

 Escolha de boa literatura:


A escolha de livros deve se basear em critérios de qualidade.

 Dieta de leituras variadas: (nutrição espiritual e intelectual)


As crianças que só lêem o mesmo tipo de livro, produzido em massa, dos
mesmos autores e culturas ou coleções e editorias, vai faltar algum nutriente
em sua dieta e elas ficam “sem defesas e mais sujeitas às doenças
intelectuais”.

Referência:
Machado, Ana Maria. Ideologia e Livro Infantil. In: Conversas sobre Leitura e
Política. São Paulo: Ática, 1999. P. 27-58.

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