Psicomotricidade Relacional e Jovem
Psicomotricidade Relacional e Jovem
Psicomotricidade Relacional e Jovem
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo relatar as vivências do fazer Psicomotor, com
base nas práticas lúdicas voltadas às ações do Estágio Supervisionado em
Psicomotricidade Clínica e Relacional, utilizando a ludicidade como intervenção. As
sessões foram realizadas no Núcleo Cuidar – Associação de Pais e Portadores de
Síndromes Deficitárias Neurológicas de Itabuna/BA, com crianças, jovens e adultos,
com idades que variam de 4 (quatro) a 60 (sessenta) anos, do sexo feminino e
masculino. O fato de existirem crianças, jovens e adultos no mesmo ambiente e com
deficiências diferentes, exige do profissional de Psicomotricidade um planejamento
diversificado e diário, além das adequações necessárias para garantir a inclusão de
todos e todas nas atividades. Optou-se por um estudo de caso, por este ser um
estudo amplo e detalhado, com base nas ações Psicomotrizes, no resgate da
autoestima e dos processos das aprendizagens significativas, tanto dos conteúdos a
serem aprendidos, quanto do equilibro das suas emoções e percepções,
imprescindíveis para um desenvolvimento psicomotor mais próximo do desejável.
Buscou-se também discutir os conceitos da psicomotricidade e seus componentes e
a contribuição da atividade lúdica no desenvolvimento psicomotor. A metodologia
adotada foi a realização de sessões de intervenções e análises clínicas e relacionais
psicomotoras, com duração de dez semanas. Assim, procurou-se ponderar a
funcionalidade das ações, com base na ludicidade, como recurso imprescindível
nessa prática. Desta forma, foi possível identificar o perfil psicomotor em que o
sujeito se encontra, bem como, observar o desenvolvimento das pessoas atendidas
nos diversos aspectos relativos às habilidades cognitivas e afetivas, as quais
implicam na interação humana, pois, é através dessas relações que ocorre a
aprendizagem.
Palavras-Chave: Ludologia. Psicomotricidade. Núcleo Cuidar.
1
Graduada em Letras, pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC); Professora da Rede Pública Estadual
da Bahia; Especialista em Educação de Jovens e Adultos e em Psicomotricidade Clínica e Relacional, da Turma
01, do Núcleo de Pós-Graduação de Itabuna (NPGI), ações vinculadas ao Instituto Superior de Educação
OCIDEMNTE (ISEO). E-mail: enovi13@hotmail.com
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Pedagoga; Especialista em Psicopedagogia e em Metodologia do Ensino Superior; Doutoranda e Mestre em
Educação do Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE), da Universidade Federal da Bahia (UFBA);
Membro Titular da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) e Seção Bahia; Professora do
Departamento de Ciências da Educação (DCIE), da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). E-mail:
gshora1@hotmail.com
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INTRODUÇÃO
EPISTEMOLOGIA DA PSICOMOTRICIDADE
“[...] meu corpo não é apenas um conjunto de órgãos, nem o dócil executor
das decisões da minha vontade. Ele é o lugar onde vivo, sinto, onde existo.
Lugar de desejo, prazer e sofrimento, domicílio da minha identidade, do
meu ser" (LAPIERRE, 1988).
Esta ciência pode também ser definida como o campo transdisciplinar que
estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e sistêmicas entre o
psiquismo e a motricidade. Um dos Campos de aplicação da Psicomotricidade é a
educação, que funciona como uma atividade preventiva, pois propicia à criança
desenvolver suas capacidades básicas, sensoriais, perceptivas e motoras, levando a
uma organização neurológica mais adequada para o desenvolvimento da
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REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA
deficiência como:
Não é o produto que deve ser criativo, mas sim o uso que se faz dele.
Sendo assim, não é necessária a presença do brinquedo industrializado
para a realização do brincar, o próprio ato de manufaturar o brinquedo, pode
ser considerado o brincar, onde é colocada prazerosamente grande parte
de criatividade (ABRAMOVICH, 1983 apud FONSECA, 2003, p.8).
FIGURA 03
FIGURA 04
FIGURA 05
apresentou dificuldades nas praxias finas. Logo seu perfil psicomotor é considerado
dentro da normalidade segundo Fonseca (1995).
CONSIDERAÇÕES PROPOSITIVAS
3
Pr – Pessoa referida
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todos que frequentam aquele espaço, pois eles necessitam de estímulos que os
ajudem a desenvolver os órgãos prejudicados pelas Síndromes Deficitárias
Neurológicas.
Considerando tratar-se de pessoas com múltipla deficiência, deve-se
dispensar atenção individualizada, mesmo nas atividades em grupo. Lembrando que
o convívio entre as pessoas com situações semelhantes é sempre recomendado.
Sugere-se ao (à) profissional que for atuar neste espaço, estar preparado
também, para lidar, de forma mediadora e adequada, com os indivíduos e a família.
Até porque, consideramos a participação da família como fundamental para o
sucesso das atividades de Intervenção Psicomotora. É importante considerar que, o
atendimento oferecido por esta Instituição contemple a todos globalmente, e que, o
profissional que conduzir o processo, esteja devidamente preparado para realizá-lo,
apoiando o desenvolvimento e a promoção como ser humano.
Os resultados obtidos pelas pessoas com múltiplas deficiências atendidas no
projeto de Intervenção Psicomotora, citados acima, comprovam a necessidade de
manter-se a oferta desse serviço no Núcleo Cuidar. Certamente, a existência desse
atendimento pode fazer grande diferença na vida dos sujeitos com necessidades
especiais.
A partir desse estágio foi possível perceber que o Psicomotricista deve
implementar ações, percepções e oportunidades de participação da pessoa com
deficiência nas atividades, atentando, sempre, para intervenções que não ponham
em risco sua saúde do cidadão. Todas as atividades devem ser realizadas em um
contexto lúdico e funcional, sem a característica de “exercícios escolares” ou de
treinamento.
Pelo vivenciado neste estágio, pode-se afirmar que foram momentos de
liberdade, criatividade e superação da jovem com Síndrome Deficitária Neurológica.
Isso nos fez perceber que é preciso evitar focalizar apenas as áreas de dificuldades
ou aspectos isolados do desenvolvimento e da aprendizagem do sujeito, mas
destacar suas potencialidades e capacidades, como base atuação psicomotora.
Por fim, esta experiência viabilizou a percepção de que o desenvolvimento
psicomotor acontece de forma individualizada, onde cada pessoa possui seus
próprios conhecimentos, por meio de uma relação com a imagem do corpo e
associada com o desenvolvimento das concepções do mundo em que vivem. Outra
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relação a ser associada é com os objetos, fazendo assim a conexão entre seu corpo
e o objeto, ou seja, ao meio social em que está acontecendo a maturação. Desse
modo, cérebro e músculos influenciam-se e educam-se, fazendo com que o
indivíduo evolua no plano do pensamento e da motricidade.
REFERÊNCIAS
CUNHA, Nylse Helena Silva. Criar para brincar: a sucata como recurso
pedagógico: atividades para psicomotricidade. São Paulo: Aquariana, 2007.
BOULCH, Jean Le. Educação psicomotora. Tradução de Jessi Wolff. Porto Alegre.
Artes Médicas, 1987.