O Que É A Terapia Do Esquema
O Que É A Terapia Do Esquema
O Que É A Terapia Do Esquema
A Terapia do Esquema (TE) é uma abordagem integrativa, sistemática e estruturada. Seu início
foi como uma extensão da Terapia Cognitiva para o tratamento de transtornos de
personalidade, mas desde então desenvolveu uma identidade própria. A TE utiliza vários
conceitos e métodos derivados de outras escolas. Entre elas da Gestalt e da psicanálise. Da
integração resultou um modelo unificado, maior que a soma de diferentes partes.
O novo modelo procura atender padrões mal adaptativos complexos de longa duração e dá
maior consideração a fatores atuantes na infância, muitas vezes já atuantes durante o período
pré-verbal. Uma maior ênfase é dada na utilização de técnicas de imagens, vivenciais e
interpessoais. Essas técnicas permitem a abordagem de aspectos emocionais e de mais difícil
acesso. Outra distinção é a visão da relação terapêutica como instrumento de mudança,
através da utilização de estratégias de reparentalização limitada e de confrontação empática.
A terapia do esquema tem base firme na teoria do apego ou da vinculação, conforme
formulada por John Bowlby. A teoria realça a importância para um recém nascido estabelecer
um relacionamento com, pelo menos um, cuidador primário para que seu desenvolvimento
social e emocional ocorra normalmente. Segundo Jeffrey Young, surgem as patologias básicas
de personalidade quando necessidades emocionais básicas não são atendidas na infância. No
modelo da TE, são cinco os domínios emocionais descritos pelo modelo: desconexão/rejeição,
autonomia e performance prejudicadas, estabelecimento prejudicado de limites, orientação
para terceiros e hipervigilância/inibição.
Os EIDs aparecem quando os pais ou outros cuidadores primários são caracterizados como
emocionalmente frios, imprevisíveis, hostis ou invasivos. Os padrões cognitivos formados são
derrotistas, resistentes e com papel formador na identidade. As emoções negativas que
acompanham são intensas e os métodos empregados para lidar com elas geralmente são
disfuncionais. Eles reforçam e contribuem para a perpetuação dos esquemas. Paradoxalmente,
o EID se torna obstáculo para a satisfação das mesmas necessidades envolvidas em sua
formação e na obtenção de uma vida mais significativa.
Para descrever os ciclos de perpetuação dos EIDs, consideraremos agora o caso de uma
criança hipotética. Que não teve satisfeita necessidades relacionadas com os domínios
emocionais de desconexão/rejeição e de autonomia e performance prejudicadas. Ela pode
desenvolver pensamentos “não sou uma pessoa desejada”, “não tenho importância para
minha família” e “sou alguém que não faz nada direito”. Esses pensamentos tiveram uma
função na infância e aceitos como verdadeiros pela pessoa. Permanecendo submetida a eles,
ela ficará sem a necessidade por um vínculo estável satisfeita e terá relacionamentos inseguros
durante toda sua vida adulta. Também tenderá a escolher relacionamentos com pessoas ou
situações que confirmem seus esquemas. Por exemplo. Dificilmente se dedicará o suficiente
para ter sucesso em algum ramo de atividade.
A pessoa pode também tentar evitar situações que ativem seus esquemas ou agir de forma
oposta, em uma tentativa de compensar o esquema. A submissão, a evitação e a
hipercompensação são estratégias de enfrentamento disfuncionais. Em curto prazo elas
impedem o indivíduo de sentir emoções ou ativar memórias negativas. Mas ao longo prazo,
todas elas contribuem para a manutenção dos EIDs.
Uma recente inovação da terapia do esquema é o conceito de modo. Modo esquemático é
um conjunto de esquemas e suas operações de enfrentamento que estão ativas em um dado
momento. Além disso, compões os modos fragmentos dissociados de memórias da infância.
Eles são considerados estados mentais ou diferentes partes da mesma pessoa. Os esquemas
podem ser vistos como traços permanentes e os modos como estados mais ou menos
temporários, e que se sucedem uns aos outros. A variação entre modos explica as mudanças,
abruptas e contrastantes, que podem ocorrer em pacientes com a personalidade não bem
integrada. Uma formulação clínica que contemple os modos capacita o terapeuta a trabalhar
efetivamente essas intensas variações emocionais.
O terapeuta pode escolher entre focar nos esquemas ou nos modos. Com clientes com
queixas menos extensas e explicadas por até três EIDs, o trabalho focado em esquemas tende
a ser suficiente. Em casos complexos, com várias operações esquemáticas ativas a cada
momento, o trabalho com modos pode ser particularmente útil. Exemplos são os transtornos
de personalidade boderline.
Independentemente que o foco seja nos esquemas ou nos modos, os objetivos da TE
permanecem os mesmos. Ou seja, propiciar o autoconhecimento e diminuir as interferências
causadas por reações emocionais desadaptativas, respostas cognitivas derrotistas e padrões
comportamentais inflexíveis. É também objetivo estabelecer e reforçar modos de
enfrentamento mais adaptativos e os aspectos adultos sadios. Dessa forma o indivíduo rompe
os mecanismos de manutenção dos EIDs e adquirem condições de suprir necessidades básicas,
atingir objetivos maiores e ter uma vida liberta dos grilhões do seu passado.
Agora que você já conheceu mais sobre a Terapia do Esquema, que tal contar com a ajuda do
IPTC para você aprender na prática como tratar os seus pacientes?
E além disso, você terá um impacto ainda maior na qualidade de vida dos seus pacientes.
Redação
Salmo Zugman
Fontes
Eshkol Rafaeli, David P. Bernstein & Jeffrey Young. Schema Therapy: Distinctive Features.
Rotledge Taylor & Francis Group. London and New York, 2011.