Circular Técnica Nº 63 - Canela-Branca
Circular Técnica Nº 63 - Canela-Branca
Circular Técnica Nº 63 - Canela-Branca
Canela-branca
Taxonomia
Ordem: Myrtiflorae
Família: Lauraceae
Nomes vulgares no exterior: aju'y say'ju, no Paraguai; laurel, na Bolívia, e laurel amarillo, na
Argentina.
Etimologia: Nectandra, do grego néctar (néctar) e anér (homem); dos nove estames férteis,
os três internos estão munidos das costas até a base por duas glândulas melíferas,
axilares, como também os três estaminódios apresentam tais glândulas; lanceolata, do
latim lanceolata, lanceolada; provém das folhas de forma lanceolada (Pedrali, 1987).
Descrição
Tronco: reto, geralmente pouco tortuoso. Fuste geralmente curto, suavemente acanalado, de
até 8 m de comprimento.
Casca: com espessura de até 20 mm. A casca externa é quase Distribuição geográfica: Nectandra lanceolata ocorre de
lisa a áspera, parda-grisácea, com abundantes lenticelas e, às forma natural no nordeste da Argentina (Martinez-
vezes, coberta por liquens. A casca interna é amarela, com Crovetto, 1963). no leste do Paraguai (Lopez et aI.,
numerosas estrias escu ras e odor de fezes caracteristico. 1987), no Uruguai (Pedralli, 1986) e no Brasil (Mapa
Em contato com o ar, escurece rapidamente. 1). no Espírito Santo (Ruschi, 1950; Jesus, 1988;
Lopes et aI., 2000), em Goiás (Munhoz & Proença,
Folhas: simples, alternas, elíptico-Ianceoladas, discolores, 1998). em Minas Gerais (Gavilanes & Brandão, 1991;
sulcadas na face, com até 20 cm de comprimento e 6 cm Brandão et aI., 1993; Carvalho et aI., 1995; Pedralli et
de largura; glabras na face superior e pilosa-tomentosa na
al., 1997; Carvalho et aI., 2000), no Paraná (Occhioni
inferior. As folhas novas têm indumento ferrugíneo. Quase
& Hastschbach, 1972; Vattimo, 1979b; Carvalho,
sempre existem folhas avermelhadas que ajudam a
1980; Pedrali, 1987; Roderjan & Kuniyoshi, 1988;
identificação.
Roderjan & Kuniyoshi, 1989; Negrelle & Silva, 1991;
Lacerda, 1999). no Rio de Janeiro (Veloso, 1945). no
Flores: branco-amareladas, vistosas, numerosas, em
Rio Grande do Sul (Pedralli & Irgang, 1982; Reitz et aI.,
panícula multifloral axilar ou terminal com indumento
1983; Brack et aI., 1985; Jarenkow, 1985; Longhi et
ferrugíneo, de 3 alO cm de comprimento.
aI., 1986; Pedralli, 1986; Amaral, 1990; Longhi,
1997; Caldeira et aI., 1999). em Santa Catarina (Klein,
Fruto: baga escura quando madura, elipsóide, medindo 10
1969; Reitz et aI., 1978; Pedrali, 1987; Salante,
a 20 mm de comprimento por 9 a 13 mm de diâmetro e
1988; Croce, 1991; Machado et aI., 1992). no Estado
com cúpula discóide cobrindo um quarto da semente.
de São Paulo (Kuhlmann & Kuhn, 1947; Teixeira,
1967; Baitello & Aguiar, 1982; Pagano et aI., 1987;
Semente: de cor castanha com estrias pretas, com 8 a 15
Custódio Filho, 1989; Pagano et al., 1989; Robim et
mm de comprimento.
aI., 1990; Custódio Filho et aI., 1992; Durigan &
Leitão Filho, 1995; Spina & Marcondes-Ferreira, 1998)
e no Distrito Federal (Seabra et aI., 1991). Essa espécie
Biologia Reprodutiva e Fenologia
tem também citada ocorrência na Bahia (Mello, 1968/
Sistema sexual: planta hermafrodita. 1969) e em Mato Grosso do Sul (Leite et aI., 1986).
Contudo, esses locais não são confirmados por Baitello
( 1997).
Vetor de polinização: principalmente as abelhas e
borboletas (Morellato, 1991).
de sua floração e frutificação, em plantios, dá-se aos treze principalmente, na Floresta Ombrófila Mista (Floresta
Dispersão de frutos e sementes: zoocórica, principalmente, Semidecidual (Leite et aI., 1986). nas formações
Temperatura média anual: 13,2°C (São Joaquim, SC) a Semeadura: recomenda-se semear em canteiros de
23,7°C (Rio de Janeiro, RJ). estratifícação em areia e depois repicar as plântulas para
sacos de polietileno, com dimensões mínimas de 20 cm
Temperatura média do mês mais frio: 8,2°C (Campos do de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de
Jordão, SP) a 21,3°C (Rio de Janeiro, RJ). polipropileno de tamanho médio. A repicagem, quando
necessária, deverá ser realizada três a cinco semanas
Temperatura média do mês mais quente: 17,2°C(São após a germinação.
Joaquim, SC) a 26,5°C (Rio de Janeiro, RJ).
Germinação: hipógea, com início entre 30 dias e 120 dias
Temperatura mínima absoluta: - 11,6°C (Xanxerê, SC). Na após a semeadura. O poder germinativo atinge até 60%.
relva, a temperatura mínima absoluta pode chegar até - As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de
15°C. nove meses após a semeadura.
Tipos climáticos (Koeppen): temperado úmido (Cfb); A canela-branca é uma espécie semi-heliófila (Ortega,
subtropical úmido (Cfa); subtropical de altitude (Cwb) e 1995), que tolera sombreamento de baixa intensidade na
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