Análise Das Demontrações Financeiras
Análise Das Demontrações Financeiras
Análise Das Demontrações Financeiras
Demonstrações Financeiras
Autores: Prof. Fábio Teixeira Arten
Prof. Rodrigo Marchesin Oliveira
Colaboradores: Prof. Santiago Valverde
Prof. Jean Carlos Cavaleiro
Profa. Rachel Brandão
Professores conteudistas: Fábio Teixeira Arten / Rodrigo Marchesin Oliveira
Fábio Teixeira Arten é bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie UPM,
professor universitário na Universidade Paulista, nos Cursos Superiores Tecnológicos em Gestão e Negócios e no Curso
Superior de Relações Internacionais. Atualmente, faz parte do Programa de Mestrado em Administração de Empresas
pela Universidade Paulista, na linha de pesquisa de Gestão em Redes de Negócio. A previsão de término do mestrado é
para o final de 2012. Tem experiência na área de administração, com ênfase em administração financeira e estratégia
de empresas.
Rodrigo Marchesin Oliveira possui graduação em Administração Pública pela Universidade Estadual Paulista Júlio
de Mesquita Filho (1996) e especialização MBA em Gestão Empresarial pela Escola de Pós-Graduação em Economia da
Fundação Getúlio Vargas, FGV-RJ (2002).
88 p., il.
CDU 658.15
U504.53 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Michel Kahan Apt
Amanda Casale
Sumário
Análise das Demonstrações Financeiras
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 RELATÓRIOS CONTÁBEIS..................................................................................................................................9
1.1 Tomada de decisão..................................................................................................................................9
1.2 Princípios contábeis............................................................................................................................. 10
2 IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE FINANCEIRA............................................................................................... 18
2.1 Apresentação dos conceitos básicos............................................................................................. 18
2.2 Objetivos da análise.............................................................................................................................. 19
2.3 Técnicas de análises.............................................................................................................................. 22
Unidade II
3 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS................................................................................ 26
3.1 Dados complementares das demonstrações financeiras...................................................... 27
3.2 Balanço patrimonial............................................................................................................................. 30
3.2.1 Noções básicas.......................................................................................................................................... 30
3.2.2 Ativo circulante........................................................................................................................................ 32
3.2.3 Ativo não circulante............................................................................................................................... 34
3.2.4 Ativos permanentes................................................................................................................................ 35
3.2.5 Passivo exigível......................................................................................................................................... 36
3.2.6 Patrimônio líquido................................................................................................................................... 37
3.3 Outros relatórios.................................................................................................................................... 39
3.3.1 Origens e aplicações............................................................................................................................... 39
3.3.2 Alteração dos grupos patrimoniais: Leis 6.404/76, 11.638/07 e 11.941/09...................... 39
3.4 Demonstração do resultado do exercício.................................................................................... 41
4 ANÁLISE FINANCEIRA BÁSICA.................................................................................................................... 44
4.1 Padronização das demonstrações contábeis.............................................................................. 44
4.2 Contas patrimoniais............................................................................................................................. 46
4.2.1 Ajustes e utilização para cálculo dos indicadores...................................................................... 46
4.3 Índices-padrão........................................................................................................................................ 47
4.3.1 Utilização do índice-padrão para análise comparativa........................................................... 48
Unidade III
5 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL........................................................................................................... 53
5.1 Conceito e aplicação............................................................................................................................ 53
5.2 Análise vertical....................................................................................................................................... 53
5.3 Análise horizontal................................................................................................................................. 57
6 INDICADORES FINANCEIROS....................................................................................................................... 59
6.1 Conceito e aplicação............................................................................................................................ 59
6.2 Índices de liquidez................................................................................................................................ 60
6.2.1 Liquidez geral............................................................................................................................................ 61
6.2.2 Liquidez corrente..................................................................................................................................... 61
6.2.3 Liquidez imediata..................................................................................................................................... 61
6.2.4 Liquidez seca.............................................................................................................................................. 62
6.3 Índices de endividamento.................................................................................................................. 63
6.3.1 Participação de capitais de terceiros............................................................................................... 63
6.3.2 Composição do endividamento......................................................................................................... 64
6.3.3 Garantia do capital próprio................................................................................................................. 64
6.4 Índices de atividade.............................................................................................................................. 64
6.4.1 Prazo Médio de Recebimento (PMR)............................................................................................... 66
6.4.2 Prazo Médio de Pagamento (PMP)................................................................................................... 67
6.4.3 Prazo Médio de Estoques (PME)........................................................................................................ 67
6.4.4 Resumo dos índices de atividade...................................................................................................... 68
Unidade IV
7 INDICADORES COMPLEMENTARES............................................................................................................71
7.1 Indicadores econômicos......................................................................................................................71
7.1.1 Taxa de retorno sobre o investimento............................................................................................. 71
7.1.2 Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido................................................................................. 72
7.1.3 Margem líquida........................................................................................................................................ 73
7.1.4 Giro do ativo.............................................................................................................................................. 74
7.1.5 Modelo de análise do retorno sobre o ativo (sistema Du Pont)........................................... 74
7.1.6 Análise de ações....................................................................................................................................... 75
7.2 Indicadores de insolvência................................................................................................................ 76
7.2.1 Conceito e aplicação.............................................................................................................................. 76
8 RELATÓRIO DE ANÁLISE................................................................................................................................. 79
8.1 Conceito e aplicação............................................................................................................................ 79
8.2 Dados que devem ser relatados...................................................................................................... 80
8.3 Transformando os dados em informações.................................................................................. 80
APRESENTAÇÃO
INTRODUÇÃO
Com base nos objetivos descritos para esta disciplina, o presente material apresenta a seguinte
estrutura: na Unidade I, é realizada uma breve introdução aos conceitos centrais relacionados aos
relatórios contábeis. Nessa seção, são ressaltados a importância da contabilidade como um serviço de
apoio fundamental para a gestão das empresas, os princípios que norteiam a teoria da contabilidade e os
aspectos gerenciais pertinentes às informações que essa área proporciona às organizações; em seguida,
verifica-se a definição conceitual dos principais tipos de relatórios contábeis, com ênfase para o balanço
patrimonial e a demonstrações de resultado do exercício, pois essas duas demonstrações são base de
dados para o desenvolvimento das análises financeiras já citadas. Ainda nessa unidade, apresentam-se
uma introdução mais detalhada sobre a importância das análises financeiras a partir de demonstrações
contábeis, quais são os principais tipos de análise e seus respectivos objetivos.
7
A Unidade IV compreende a análise de lucratividade das empresas, além de dois tópicos mais
avançados em termos de análise de demonstrativos financeiros, que consistem no modelo de análise de
retorno sobre o ativo e em alguns indicadores de insolvência. Essa seção é finalizada com importantes
considerações sobre a forma como os relatórios de análise devem ser conduzidos e produzidos, de forma
a gerar informação útil no processo de tomada de decisão financeira das empresas.
8
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Unidade I
1 RELATÓRIOS CONTÁBEIS
Iudícibus et al. (2006) argumentam inicialmente que, desde o momento em que acordamos e nos
levantamos, até o fim do dia, tomamos decisões. Porém, as decisões mais importantes ou relevantes
requerem cuidado maior, profunda análise dotada de critérios racionais e métodos específicos.
No âmbito interno da empresa, a situação citada não pode ser diferente. Os profissionais responsáveis
pela administração frequentemente se deparam com situações nas quais lhes são impostas tomadas de
decisões. Neste sentido, são necessários, nesse caso, os dados e as informações para a fundamentação
de tais decisões que são tomadas.
Lembrete
Dessa forma, o norte para que tais decisões sejam tomadas é, justamente, a padronização e o
armazenamento adequados dos dados e das informações que irão fornecer ao gestor a coerência e o
fundamento às suas escolhas.
Iudícibus et al. (2006) defendem que tais informações serão fornecidas, então, pelos relatórios
elaborados pela contabilidade, e que a experiência e o feeling do administrador não são mais fatores
decisivos no quadro atual.
O processo decisório, mencionado aqui, não se restringe de forma alguma somente aos limites da
empresa, mas também a outros segmentos da economia. Os principais destacados por Iudícibus et al.
(2006) são:
• Os investidores, que identificam, por meio dos relatórios contábeis, a situação econômico-
financeira da empresa e decidem sobre as melhores alternativas de investimento.
9
Unidade I
• Os fornecedores de bens e serviços a crédito, que utilizam os relatórios contábeis para analisar
a capacidade de pagamento da empresa compradora.
• Os bancos (instituições financeiras), que usam os relatórios para aprovar empréstimos,
financiamentos, limite de crédito etc.
• O Governo, que não só usa os relatórios com a finalidade de arrecadar impostos, como também
para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo).
• Os sindicatos, que utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator
preponderante para reajuste de salários.
• Outros interessados, como funcionários, órgãos de classes, pessoas e diversas instituições, como a
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o CRC (Conselho Regional de Contabilidade), concorrentes
etc.
Nesse contexto, a função do contador é, basicamente, produzir informações úteis aos usuários da
contabilidade para a tomada de decisões.
Iudícibus et al. (2006) ressaltam ainda que, entretanto, em nosso país, em alguns segmentos da nossa
economia e principalmente nas pequenas empresas, a função do contador foi distorcida (infelizmente),
satisfazendo somente as exigências do fisco.
Observação
(Esta Resolução possui o Apêndice I aprovado pela Resolução CFC 774/95 e Apêndice II
aprovado pela Resolução CFC nº 1111/07).
1
Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/legislacao/resolucaocfc774.htm. Acesso em: 18/07/2012.
10
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Resolve:
o da Entidade;
o da Continuidade;
o da Oportunidade;
o do Registro pelo Valor Original;
o da Atualização Monetária;
o da Competência; e
o da Prudência.
Art. 5º A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida definida ou provável,
devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais,
quantitativas e qualitativas.
I – desde que tecnicamente estimável, o registro das variações patrimoniais deve ser
feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência;
12
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
I – a avaliação dos componentes patrimoniais deve ser feita com base nos valores de
entrada, considerando-se como tais os resultantes do consenso com os agentes externos ou
da imposição destes;
III – o valor original será mantido enquanto o componente permanecer como parte do
patrimônio, inclusive quando da saída deste;
II – para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais
(art. 7), é necessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional, a fim de que
permaneçam substantivamente corretos os valores dos componentes patrimoniais e, por
consequência, o do patrimônio líquido;
13
Unidade I
II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem
o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;
14
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Art. 10. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes
do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente
válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.
Art. 12. Revogada a Resolução CFC 530/81, esta Resolução entra em vigor a partir de
1º de janeiro de 1994.
A Resolução 750/93 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) dispõe sobre os sete princípios
contábeis:
I. entidade;
II. continuidade;
III. oportunidade;
IV. registro pelo valor original;
V. atualização monetária;
VI. competência e
VII. prudência.
15
Unidade I
Lembrete
O princípio da continuidade diz que uma melhor avaliação do patrimônio depende da continuidade
das atividades da empresa. A redução dessas atividades, por diversos motivos, pode exercer influência
na utilização do patrimônio.
O princípio da oportunidade, por sua vez, defende que o registro na data correta representa condição
para que as informações contábeis se tornem exatas e confiáveis.
O princípio do registro pelo valor afirma que os componentes do patrimônio devem ser registrados
pelos valores de entrada em todas as suas transações externas.
Observação
Por último, o princípio da prudência determina a adoção do menor valor para o ativo e de maior
para o passivo.
A análise das demonstrações financeiras propõe a análise dos principais demonstrativos contábeis,
e esse é o motivo de se fazer uma prévia de alguns conceitos de contabilidade. É importante que essa
disciplina se desenvolva em conjunto com os conhecimentos de contabilidade.
16
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Quando se diz que a contabilidade tem o papel de registrar o patrimônio, precisamos entender o
conceito de patrimônio:
A classificação mais importante dos bens para a contabilidade é com relação a sua natureza. Neste
caso, os bens podem ser de dois tipos:
• materiais, corpóreos ou tangíveis: são aqueles que têm existência física, como máquinas,
dinheiro, caminhões;
• imateriais, incorpóreos, intangíveis: são abstratos, não têm existência física, por exemplo,
marcas, patentes, ponto comercial.
Como direitos, devemos entender os valores que a empresa tem a receber de terceiros,
representados, por exemplo, pelas duplicatas emitidas pela empresa contra seus clientes, por venda
de mercadorias a prazo ou pela prestação de um serviço, também a prazo. As aplicações financeiras
feitas pela empresa em Certificado de Depósito Bancário (CDB) também são classificadas como
direitos.
Devemos entender como obrigação os valores que a empresa tem a pagar em função de dívidas ou
compromissos assumidos para com terceiros.
Será necessário conhecer, para uma sólida análise das demonstrações financeiras, todos os
demonstrativos financeiros:
• balanço patrimonial;
• demonstração do resultado do exercício;
• demonstrativo da origem e aplicação dos recursos;
• demonstrativo da mutação do patrimônio líquido;
• demonstrativo do fluxo de caixa.
17
Unidade I
Saiba mais
A disciplina Análise das Demonstrações Financeiras tem como objetivo principal, a partir da
apuração dos diversos indicadores, informar aos usuários das informações contábeis a saúde financeira
de determinada empresa.
Diversos são os usuários das informações contábeis, entre eles, destacamos: os proprietários da
empresa, seus fornecedores, os clientes, as instituições financeiras, os investidores, os empregados, o
Poder Público, enfim, a sociedade como um todo, por ter a empresa como principal fonte de geração
de empregos e tributos. E assim, cada um desses usuários terá uma finalidade específica em conhecer o
desempenho da empresa em determinado momento.
Lembrete
Por exemplo: os proprietários precisam saber se o capital investido por eles nesse
empreendimento chamado empresa está gerando o retorno esperado; já os fornecedores se
preocupam se receberão pelos bens vendidos; por sua vez, a preocupação do Poder Público está
na arrecadação de tributos.
Tomando-se como pressuposto, podemos afirmar que a análise financeira torna-se imprescindível à
tomada de decisões, independentemente de seu usuário.
A análise financeira ocorre a partir da elaboração das demonstrações contábeis, ou seja, após o
registro de todos os fatos financeiros ocorridos na empresa em determinado período.
18
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
será útil a partir dos conhecimentos que este tenha não só nos registros das operações contábeis, mas
na dimensão que estas provocam na situação patrimonial da entidade; caso contrário, apenas estará
apurando resultados matemáticos.
Lembrete
Entre as demonstrações contábeis exigidas pela atual Lei Contábil (Lei 11.638/07) – balanço
patrimonial, demonstração do resultado do exercício, demonstração da mutação do patrimônio líquido,
demonstração do fluxo de caixa, demonstração do valor adicionado e notas explicativas –, elencamos as
duas primeiras, ou seja, balanço patrimonial e demonstração de resultado do exercício, por serem a base
para elaboração das demais, além de se completarem.
Conforme mencionado, a finalidade da análise está na tomada de decisão daquele usuário que
a interpreta; logo, o analista financeiro precisa elaborar o relatório de análise sabendo a priori
quem é esse usuário e ainda, acima de tudo, ser isento na interpretação dos dados extraídos dos
indicadores.
De acordo com Matarazzo (1998, p. 23), historicamente, a análise de balanço (termo comum
utilizado pelos analistas financeiros) foi desenvolvida pelos bancos devido à determinação, em 1915,
do Federal Reserve Board (Banco Central dos Estados Unidos) de que só poderiam ser redescontados
os títulos das empresas a partir da apresentação de seu balanço ao banco, por se tratar de uma
concessão de crédito.
Os bancos, por sua vez, precisavam saber (ou pelos menos terem uma projeção) sobre a potencialidade
das empresas em quitar esses possíveis débitos, e, para tanto, são criados os indicadores financeiros,
as técnicas para análises que, com o passar do tempo, foram adaptadas para os outros usuários das
informações contábeis.
Lembrete
Segundo Matarazzo (1998, p. 17), as demonstrações financeiras fornecem uma série de dados sobre
a empresa, de acordo com regras contábeis.
19
Unidade I
A análise de balanço transforma esses dados em informações e será tanto mais eficiente quanto
melhores informações produzir. E o autor (1998, p. 18) continua com distinção entre dados e
informações:
• dados: são números ou a descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provocam
nenhuma reação no leitor;
• informações: representam, para quem as recebe, uma comunicação que pode produzir reação ou
decisão, frequentemente acompanhada de um efeito surpresa.
Podemos entender, assim, que a coleta de dados é importante para análise, porém, por si só, não leva
o usuário das informações às decisões. Após os cálculos, é necessário que se descubram as causas que
influenciaram a formação de tais números; caso contrário, não será possível chegar a qualquer tomada
de decisão.
Mais uma vez, é importante ressaltar que a isenção do analista financeiro é imprescindível para uma
análise, pois serão os resultados e as causas dos indicadores que darão ao usuário das informações a
segurança para uma tomada e decisão, e não a opinião pessoal do analista.
Podemos, mais uma vez, afirmar que o trabalho do analista de balanço inicia-se com o término do
processo contábil, ou seja, a partir das demonstrações contábeis. Para fins de ilustração, seguem dois
quadros:
20
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
2) Análise de balanço.
Processo contábil
Fatos
Compras Pagamentos
Vendas Recebimentos
Escrituração
Diário Razão Livros fiscais
Apuração do resultado
Lucro ou prejuízo
Demonstrações contábeis
Balanço Patrimonial
Demonstração do resultado do exercício
Demonstração de mutação do patrimônio líquido
Demonstração do fluxo de caixa
Demonstração do valor adicionado
Notas explicativas
Figura 1
Análise de balanço
Exame e padronização
Demonstração do
Balanço patrimonial resultado do exercício
Índices padrão
Cálculos e comparação
Relatório de análise
Elaboração do relatório de forma clara para
determinado usuário
Figura 2
21
Unidade I
Não há uma resposta para essa pergunta, uma vez que diversos são os ramos de atividades e os
mercados em que as empresas atuam, inclusive há “n” formas de lideranças empresariais, e todas elas
influenciam na tomada de decisão, qualquer que seja o resultado obtido na análise financeira.
Lembrete
• Indicadores financeiros:
• Indicadores econômicos:
Saiba mais
22
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Resumo
Exercícios
A constituição das provisões para férias, décimo terceiro salário e dividendos propostos é uma
conduta profissional que atende a qual princípio contábil?
A) Competência.
B) Consistência.
C) Continuidade.
D) Entidade.
E) Prudência.
23
Unidade I
A) Alternativa correta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa B não está correta, pois aqui não entra em questão a consistência dos
números, mas sim a sua destinação.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa D, por tratar da entidade, que seria o caso de uma pessoa física ou jurídica,
não responde à pergunta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a alternativa E trata da prudência, que é o princípio que busca a previsão de prejuízos
e, portanto, também não seria adequada nesse caso.
24
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
E) Nem todas as informações interferem muito pouco na tomada de decisão, podendo esta ocorrer
de forma eficaz independentemente dos números apresentados.
25
Unidade II
Unidade II
3 ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Lembrete
Sendo assim, a sua estrutura precisa ser padronizada pela legislação; caso contrário, dificultaria a
tomada de decisão por parte dos diversos usuários das informações contábeis.
Esses relatórios têm o objetivo de relatar às pessoas que utilizam os dados contábeis (interna ou
externamente) os principais fatos registrados por uma organização em um determinado período.
Os relatórios obrigatórios são aqueles exigidos por lei (Lei das S.A.), sendo mais conhecidos
como demonstrações financeiras. São exigidos na totalidade para as sociedades anônimas e
parte deles é estendida a outros tipos societários, por meio do Imposto de Renda (IUDÍCIBUS et
al., 2006).
Segundo Assaf Neto (2007) e Iudícibus et al. (2006), a Lei das Sociedades por Ações estabelece
que, ao fim de cada exercício social (ano), a diretoria fará elaborar, com base na escrituração contábil,
obrigatoriamente, as seguintes demonstrações financeiras:
• balanço patrimonial;
• demonstração de resultado do exercício;
• demonstração das mutações ou demonstração de lucros ou prejuízos acumulados;
• demonstração das origens e aplicações de recursos.
Tais demonstrações deverão ser publicadas em dois jornais: no Diário Oficial, assim como em um
jornal de grande circulação (IUDÍCIBUS et al., 2006).
26
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Lembrete
Outro aspecto relevante é que as demonstrações financeiras de cada exercício devem ser publicadas
com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior, porém a
legislação não especifica nada a respeito da correção monetária desses valores do exercício passado,
assim, praticamente a totalidade das empresas publica os valores do exercício anterior da mesma forma
que foram apresentados naquela época, ou seja, sem qualquer tipo de correção (ASSAF NETO, 2007).
Iudícibus et al. (2006) ressaltam ainda que, como complemento das demonstrações financeiras, as
sociedades por ações deverão informar aos usuários desses relatórios os seguintes dados adicionais:
Nesse relatório, a diretoria dá ênfase às informações normalmente de caráter não financeiro, como:
dados estatísticos diversos; indicadores de produtividade; desenvolvimento tecnológico; a empresa no
contexto socioeconômico; políticas de recursos humanos; expectativas com relação ao futuro; projetos
de expansão etc.
• Notas explicativas
São notas de rodapé que esclarecem critérios de cálculos na obtenção de itens que afetam o lucro;
obrigações de longo prazo; garantias às dívidas etc.
Nesse item, a organização evidencia o perfil social da empresa: relações de trabalho; perfil dos
empregados; tributos pagos; investimentos para a comunidade e para o meio ambiente. Aqui, o destaque
é o valor agregado (valor adicionado) que mostra qual é o destino dos recursos gerados pela empresa.
27
Unidade II
subgrupos; trata-se de uma nova concepção, formação do valor da empresa, uma nova visão da
gestão empresarial.
Observação
Tais mudanças foram necessárias para inserir o Brasil no contexto mundial em relação aos
investimentos em bolsas de valores; assim, a legislação contábil brasileira passa a atender as Normas
Internacionais de Contabilidade.
— Relatório da administração
— Balanço patrimonial
— Demonstração do resultado do exercício
— Demonstração dos lucros e prejuízos acumulados
— Demonstração da mutação do patrimônio líquido
— Demonstração das origens e aplicações de recursos
— Notas explicativas
— Parecer do conselho fiscal
— Parecer da auditoria externa
— Relatório da administração
— Balanço patrimonial
— Demonstração do resultado do exercício
— Extinta (substituída pela demonstração da mutação do patrimônio líquido)
— Demonstração da mutação do patrimônio líquido
— Demonstração do fluxo de caixa
— Demonstração do valor adicionado
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
— Notas explicativas
— Parecer do conselho fiscal
— Parecer da auditoria externa
Conforme já exposto, o presente estudo toma as duas principais demonstrações financeiras para
análise: balanço patrimonial e demonstração de resultado do exercício; em seguida, apresentaremos
sua estrutura com base na legislação vigente – Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09 (ambas alteraram a
Lei 6.404/76), complementada com os pareceres do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),
as Normas Técnicas do Conselho Federal de Contabilidade e, ainda, para empresas sociedades
anônimas, tem-se as portarias dos órgãos fiscalizadores Comissão de Valores Mobiliários (CVM),
Banco Central (Bacen) e outras entidades conforme a atividade empresarial (seguradoras, saúde,
agronegócio etc.).
Saiba mais
Lembrete
Saiba mais
29
Unidade II
Segundo Iudícibus et al. (2006), a definição básica do ativo diz que são todos os bens e direitos de
propriedade de uma empresa, avaliáveis em unidades monetárias, que representam benefícios presente
ou futuro para empresa.
Mais detalhadamente, os bens (máquinas, terrenos, estoques, dinheiro, veículos, instalações etc.)
podem ser tangíveis (quando têm corpo, matéria) e intangíveis (incorpóreos – marca, ponto comercial).
Há ainda a divisão em móveis (não são fixos ao solo, podendo ser transportados de um lugar para
outro) e imóveis (fixos ao solo – terrenos, prédios etc.).
Observação
Com relação à propriedade, se o bem ou direito não for de propriedade da empresa, não constará do seu
ativo. Um arrendamento mercantil (leasing) de uma máquina, pela qual a empresa pagará aluguel mensal,
não se caracteriza como ativo, embora o bem esteja dentro da empresa (é posse e não propriedade).
No que diz respeito ao valor objetivo, uma empresa, por exemplo, que possui uma “marca” conhecida
no mercado não poderá evidenciá-la como ativo, embora seja um bem intangível e de sua propriedade,
pois é difícil avaliar o seu valor em termos monetários.
Com relação aos benefícios presentes ou futuros, se uma empresa tiver um “título a receber” de
uma empresa falida, ele não poderá ser considerado ativo, pois não há possibilidade de convertê-lo em
dinheiro, não trazendo benefício algum para a sua portadora.
Sendo assim, para ser ativo, é necessário preencher os quatro requisitos simultaneamente: representar
um bem ou direito; ser de propriedade da empresa; ser mensurável monetariamente; representar um
benefício presente ou futuro (IUDÍCIBUS et al., 2006).
Lembrete
O passivo exigível, por sua vez, evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com terceiros:
contas a pagar; fornecedores de matéria-prima; impostos a pagar; financiamentos; empréstimos etc.,
30
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
ou seja, o passivo é uma obrigação exigível, isto é, no momento em que a dívida vencer, será exigida
(reclamada) a sua liquidação (IUDÍCIBUS et al., 2006).
Iudícibus et al. (2006) definem o patrimônio líquido como os recursos próprios aplicados no
empreendimento. O investimento inicial dos proprietários (a primeira aplicação) é denominado de
capital. Se houver outras aplicações por parte dos proprietários (acionistas – S.A., ou sócios – Ltda.),
teremos acréscimos no capital.
Lembrete
Porém, o patrimônio líquido não cresce apenas com novos investimentos dos proprietários, mas
também com o lucro resultante da atividade operacional da entidade e que, obviamente, pertence
aos proprietários que investiram na empresa. Do lucro obtido em determinado período pela
atividade empresarial, normalmente, uma parte é distribuída para os donos do capital (dividendos)
e outra parte é reinvestida no negócio, ou seja, fica retida (acumulada) na empresa. A parte do
lucro acumulado é adicionada ao patrimônio líquido. Dessa forma, as aplicações dos proprietários
vão crescendo.
Uma observação importante de Iudícibus et al. (2006) é que, na verdade, tanto o passivo quanto
o patrimônio líquido são obrigações da empresa, já que no passivo temos as obrigações exigíveis por
terceiros, sendo por isso conhecidas como capital de terceiros.
No patrimônio líquido, as obrigações são, na verdade, para com os proprietários da empresa, mesmo
assim, por determinação da lei, eles não podem reclamar a restituição do seu dinheiro investido, assim,
esse grupo de contas é conhecido como não exigível ou, ainda, de forma mais usual, como capital
próprio.
Lembrete
O balanço patrimonial comporta os bens e direitos e as obrigações de uma empresa num determinado
período. Balanço patrimonial é subdividido em três grandes grupos:
31
Unidade II
Iudícibus et al. (2006) argumentam que, para facilitar a interpretação e análise do balanço, existe
uma preocupação constante em estabelecer uma adequada distribuição de contas. Essa distribuição
citada obedece duas regras claras e simples: (i) prazo e (ii) liquidez.
Prazo: em contabilidade, curto prazo significa normalmente o período de até um ano. Assim, as
contas que são lançadas em períodos superiores a um ano são chamadas de rubricas de longo prazo.
Grau de liquidez decrescente: os itens de maior liquidez são classificados em primeiro plano. Os de
menor liquidez aparecem em último lugar (IUDÍCIBUS et al., 2006).
Lembrete
Segundo Iudícibus et al. (2006), o balanço patrimonial é uma demonstração muito utilizada por
usuários externos à empresa: bancos, governos, fornecedores, sindicatos e até mesmo donos da empresa
(sócios ou acionistas). Normalmente, esses usuários não precisam ser especialistas em contabilidade. Daí
a necessidade de o balanço patrimonial ser uma demonstração simples e fácil de ser entendida, pois visa
mostrar a situação econômico-financeira da empresa para leigos.
Assim, poderíamos iniciar relacionando tudo aquilo que a empresa receberá no curto prazo (aquilo
que será transformado em dinheiro), confrontando com tudo aquilo que será pago no curto prazo.
Como essas contas são recebidas e pagas rapidamente e, dessa forma, se renovam constantemente,
foi dado o nome de circulante (corrente), tanto para o ativo como para o passivo.
Lembrete
O grupo seguinte seria o das contas que a empresa espera muito tempo para receber (ativo),
confrontando com as contas que ela demora muito para pagar (passivo). Ora, se a empresa espera
muito para receber, poderíamos chamar esse grupo de realizável em longo prazo. E, por outro lado,
demorando-se muito para pagar, significa um exigível em longo prazo.
Segundo Assaf Neto (2007), o ativo circulante compreende as contas: disponibilidades, créditos,
estoques e despesas antecipadas realizáveis no exercício social subsequente, o que o caracteriza como
de realização em até um ano.
32
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Para Iudícibus et al. (2006), entende-se como ciclo operacional aquele período de tempo que uma
determinada indústria leva para produzir o seu estoque, vendê-lo e receber as duplicatas geradas pelas
próprias vendas, entrando finalmente o dinheiro em caixa.
É preciso ressaltar que o termo “realizável” é uma expressão contábil e não financeira. Dessa forma,
deve-se assumir que, em contabilidade, “realizar” tem um sentido próprio, ou seja, “converter”, “mudar”,
“transformar”, e não só ser recebido em dinheiro.
Assim, os créditos realizam-se por serem recebidos, mas também se realizam se forem dados como
incobráveis; os estoques de matérias-primas realizam-se mediante utilização para transformação em
produtos acabados; e estes, consequentemente, se realizam mediante venda. As despesas antecipadas
realizam-se mediante transformação em despesas do próprio exercício; o imobilizado realiza-se por
depreciações, por vendas ou por baixas devidas a desapropriação, a acidentes que os inutilizam etc.
(ASSAF NETO, 2007).
Quanto às disponibilidades, Assaf Neto (2007) argumenta que, praticamente, não há o que comentar,
a não ser que só podem englobar saldos bancários livres a aplicações para resgate imediato, enquanto
as aplicações financeiras podem ser em letras de câmbio, certificados de depósitos bancários, recibos
de depósitos bancários, debêntures e outras.
Nesse caso, as contas são lançadas no balanço pelos valores originais das aplicações acrescidos
dos rendimentos proporcionalmente decorridos dentro do regime de competência, independentemente
de recebimento, e só podem estar contidos os rendimentos gerados, até a data do balanço, e nunca
os rendimentos que, provável ou certamente, serão “ganhos” posteriormente, nem devem deixar de
reconhecer os já apropriáveis até essa data.
Assaf Neto (2007) também destaca que as aplicações financeiras podem ainda abranger aplicações
temporárias em ações, em ouro e outras de caráter nitidamente transitório; nesse caso, figuram tais
investimentos pelo valor de custo de aquisição.
Segundo esse autor (2007), os valores a receber de clientes e os outros créditos também devem
ser devidamente provisionados pelas possíveis perdas como não recebimentos.
Os estoques, por sua vez, podem ser lançados pelo custo histórico de aquisição ou fabricação,
normalmente com a utilização do critério do preço médio ponderado; às vezes, pode-se utilizar também
o critério Peps ou Fifo (primeiro que entra, primeiro que sai).
Lembrete
Devem também incluir os estoques os adiantamentos e fornecedores por conta de itens que
serão estocados nessa rubrica (conta). As despesas antecipadas referem-se a recursos aplicados
em itens que, objetivamente, se referem a serviços ou benefícios que devem ser usufruídos no
exercício seguinte; é o caso dos prêmios de seguros, dos pagamentos de anuidades de revistas
e jornais etc. Não devem aqui estar abrangidos adiantamentos concedidos a empregados, a
diretores etc.
Quanto aos encargos financeiros, só podem estar nas despesas antecipadas os relativos às duplicatas
descontadas. Os relativos a empréstimos devem aparecer subtrativamente a eles no passivo exigível
como “encargos antecipados” (ASSAF NETO, 2007).
Composto por ativo realizável em longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível (incluso pela
Lei 11.941/09).
São ativos de menor liquidez (transformam-se em dinheiro mais lentamente) que o circulante.
Nesse item, são classificados os empréstimos ou adiantamentos concedidos às sociedades
coligadas ou controladas, a diretores, acionistas etc. além dos títulos a receber no longo prazo
(IUDÍCIBUS et al., 2006).
34
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Lembrete
3.2.3.2 Investimentos
Os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da
companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que
transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens.
Observação
Iudícibus et al. (2006) argumentam que são aqueles ativos que dificilmente serão vendidos, pois
sua característica básica é de não se destinarem à venda. Portanto, pode-se dizer que são itens sem
nenhuma liquidez para a empresa. Outra característica do ativo permanente é que são itens usados por
vários anos (vida útil longa) e sua reposição, ao contrário do circulante, é lenta. Seus valores não variam
constantemente, daí a denominação de ativo fixo.
35
Unidade II
Lembrete
Saiba mais
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.
htm>
Para Assaf Neto (2007), é composto basicamente por dívidas, obrigações, riscos (provisão para
garantias, por exemplo) e contingências (estas são fatos geradores já ocorridos, como atuações fiscais,
trabalhistas, ações judiciais e outros litígios em discussão); somente existe diferenciação em função do
prazo, e os mesmos comentários prevalecem quanto ao ativo circulante.
Lembrete
À medida que os empréstimos e financiamentos tomados em longo prazo passam a ser vencíveis no
exercício subsequente, são transferidos para o passivo circulante.
36
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Mais detalhadamente, para Assaf Neto (2007), o patrimônio líquido é composto pelos cinco subgrupos
citados anteriormente: (i) capital social; (ii) reservas de capital; (iii) reservas; (iv) ajustes de avaliação
patrimonial; e (v) prejuízos acumulados.
O capital social deve apresentar somente aqueles valores que foram, de fato, integralizados, ou
seja, apenas o investimento dos proprietários no empreendimento. É formado basicamente por valores
recebidos pela empresa, dos sócios ou de terceiros, que são jogados diretamente para o patrimônio
líquido; esses valores não transitaram nem transitarão pelo seu resultado, por não se referirem a
prestação de serviços ou a venda de produtos pela empresa.
Assim, são jogados aí os valores de “ágio” na emissão de capital, ou seja, valores recebidos dos sócios
em aumentos de capital que suplantam as quantias destinadas ao capital propriamente dito (acima do
valor nominal das ações ou quotas ou, se não houver esse valor nominal, eventual parcela do preço pago
acima do destinado ao capital).
Também fazem parte desse grupo as doações recebidas, normalmente do Poder Público (terrenos,
por exemplo, que prefeituras doam para fixar empresas em seus municípios), e alguns outros itens
abrangidos pela legislação em vigor (ASSAF NETO, 2007).
Os ajustes de avaliação patrimonial são usados essencialmente quando algum ativo da empresa,
em função do comportamento do mercado e/ou dos índices de inflação, fica extremamente defasado
de seu valor mais atualizado de reposição.
Nesses casos, a legislação brasileira permite que esses ativos permanentes tenham seus custos
atualizados por chegar ao valor de mercado, desde que os sócios concordem e haja laudo de avaliação.
Esse aumento de valor atribuído ao ativo é, em contrapartida, considerado reserva de reavaliação.
Esse acréscimo não deve ser atribuído como parte do resultado do período, tanto do ponto de vista
técnico como do fiscal. Assim, essa reserva significa o quanto foi aumentado o ativo da empresa em
função de nova atribuição de valor.
37
Unidade II
À medida que esses ativos reavaliados são baixados por depreciação, venda ou outras
razões, na mesma proporção são diminuídos esses valores das reservas de reavaliação, de tal
forma que devem sempre refletir o valor líquido ainda existente de saldo com acréscimo ao
ativo. Essas baixas de reavaliação são feitas ou contra o resultado do exercício, anulando o
efeito dos valores a mais computados nas depreciações ou nas baixas dos ativos reavaliados,
ou então jogadas diretamente da reserva para a conta de lucros ou prejuízos acumulados. É
necessário consultar as notas explicativas para se conhecer o procedimento adotado (ASSAF
NETO, 2007).
Lembrete
Segundo Assaf Neto (2007), as reservas nada mais são do que lucros gerados pela empresa,
transitados pelo seu resultado e retidos por várias razões. Assim, a reserva legal é a parcela que a
legislação impede que seja de fato distribuída.
As estatutárias são as que os estatutos de algumas companhias obrigam que sejam criadas.
As reservas para contingências dizem respeito a lucros retidos para fazer face a possíveis perdas
que devem ocorrer no futuro, em função de fatos geradores ainda não acontecidos, como eventuais
perdas de safras por problemas climáticos, de estoques por possíveis enchentes ou saques ou perdas
de contratos em vigor; se essas perdas efetivamente ocorrerem, serão considerados prejuízos no
exercício em que se efetivarem, e essas reservas retomarão a lucros ou prejuízos acumulados para a
compensação com tais prejuízos.
Já as reservas de lucros a realizar (aqui, realizar significa “transformar em dinheiro”, uma vez que
são lucros econômica e contabilmente realizados que já passaram pelo resultado do exercício) são frutos
de lucros que, por não terem sido ainda transformados em dinheiro nem vierem a se transformar no
próximo exercício, podem ficar retidos até sua monetarização.
Finalmente, as reservas para expansão são retenções não legais nem estatutárias, definidas por
decisão em assembleia ou deliberação do órgão próprio se não sociedade anônima. Dessas todas, só não
pode nunca ser utilizada para dividendos a reserva legal.
Ainda para Assaf Neto (2007), em prejuízos acumulados lança-se nessa conta o prejuízo obtido que
absorverá também as demais reservas de lucros de forma compulsória, para só depois poder figurar
como “prejuízos acumulados”.
38
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Iudícibus et al. (2006) argumentam que o lado do passivo e do patrimônio líquido (capital de terceiros
e capital próprio) representa toda a fonte de recursos de uma organização (origens do capital).
Assim, nenhum recurso pode ser aplicado na empresa se não for via passivo ou patrimônio líquido. O
lado do ativo demonstra, por sua vez, todas as aplicações dos recursos originados no passivo e patrimônio
líquido.
Dessa forma, fica bastante simples entender por que o ativo será sempre igual ao passivo + patrimônio
líquido, pois a empresa somente pode aplicar aquilo que tem origem comprovada.
Dessa forma, Gitman (2004) observa que o balanço patrimonial demonstra sinteticamente a
posição financeira de uma determinada empresa em certa data. As equações 1 e 2 sugerem que essa
demonstração iguala os ativos (o que ela possui) ao seu financiamento, o qual pode ser feito com
capital de terceiros (dívidas) ou capital próprio (fornecido pelos proprietários).
A estrutura do balanço patrimonial, de acordo com a Lei 6.404/76, era apresentada da seguinte
forma:
39
Unidade II
A mudança da estrutura do balanço patrimonial não são apenas alterações de nomenclatura de seus
subgrupos; trata-se de uma nova concepção de formação dos bens e direitos e obrigações da empresa
e, consequentemente, uma nova visão do valor da empresa.
• O subgrupo “realizável em longo prazo” foi extinto, e as operações ali classificadas passam a fazer
parte do “não circulante”..
• As contas do “permanente” também integram o subgrupo do “não circulante”, porém com algumas
mudanças:
— A inserção da conta “intangível” (bens não corpóreos que eram classificados dentro do
permanente como imobilizado intangível; exemplo: “marcas e patentes”);
40
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Em termos gerais, foram essas as alterações ocorridas no “balanço patrimonial”. Para melhor
acompanhamento da disciplina Análise das Demonstrações Financeiras, recomenda-se a leitura na
íntegra das Leis 11.638/07 e 11.941/09, bem como dos Pareceres Técnicos divulgados pelo Comitê de
Pronunciamento Contábil, que tratam do assunto.
Essa demonstração tem o propósito exclusivo de apurar o resultado, ou seja, o lucro ou o prejuízo
acumulado em um determinado espaço de tempo (geralmente, 12 meses). Dessa forma, engloba de
forma dedutiva as receitas e as despesas, os ganhos e as perdas do exercício, apurados pelo regime de
competência; assim, independente de seus pagamentos ou recebimentos (ASSAF NETO, 2007).
A estrutura da demonstração do resultado do exercício, de acordo com a Lei 6.404/76, era apresentada
da seguinte forma:
Receita bruta
(-) Deduções das vendas (tributos/devoluções)
Receita líquida
(-) Custo das mercadorias ou custo dos produtos vendidos
Lucro bruto
(-) Despesas e receitas operacionais
(-) Despesas comerciais e de vendas
(-) Despesas administrativas
(+/-) Receitas/despesas financeiras
Resultado antes das despesas e receitas não operacionais
(-) Despesas não operacionais
+ Receitas não operacionais
Resultado antes do imposto de renda
(-) Provisão para imposto de renda e contribuição social
(-) Participação nos lucros
Resultado líquido do exercício
Receita bruta
(-) Deduções das vendas (tributos/devoluções)
Receita líquida
(-) Custo das mercadorias ou custo dos produtos vendidos
Lucro bruto
(-) Despesas e receitas operacionais
(-) Despesas comerciais e de vendas
(-) Despesas administrativas
(+/-) Receitas/despesas financeiras
Resultado antes do imposto de renda
(-) Provisão para imposto de renda e contribuição social
(-) Participação nos lucros
Resultado líquido do exercício
42
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Iudícibus et al. (2006) ressaltam que uma das maiores preocupações na elaboração de um relatório
contábil é que a riqueza de detalhes a serem transmitidos não torne o demonstrativo financeiro
complicado. Assim, na demonstração de resultado do exercício, as parcelas dedutivas, ou seja, as
chamadas despesas, são agrupadas de acordo com suas características.
Dessa forma, da receita bruta são deduzidos os impostos sobre vendas gerados no momento
da venda (IPI, ICMS, ISS e PIS); esses impostos são cobrados diretamente do consumidor e apenas
recolhidos pela empresa, ou seja, tais impostos não são recursos da empresa, mas sim da Receita Federal,
Estadual ou Municipal. São deduzidos ainda as devoluções e os descontos comerciais (abatimentos)
dados incondicionalmente.
O custo dos produtos e serviços vendidos, por sua vez, irá deduzir a receita líquida. Nessa categoria de
custo, encontram-se o custo histórico ou o preço médio ponderado das mercadorias vendidas (incluindo
gastos e despesas com a colocação das mercadorias em condições de venda, como transporte, seguro
etc.). Assaf Neto (2007) ressalta que, conforme a natureza da empresa (industrial, comercial, prestadora
de serviços), esses custos são apurados de acordo com as suas peculiaridades, ou seja, suas características
intrínsecas. Assim, o lucro bruto é a diferença entre a receita líquida e o custo dos produtos e serviços
vendidos.
A partir do lucro bruto são deduzidas as despesas operacionais, que, por sua vez, são constituídas das
despesas de vendas, despesas administrativas e as despesas financeiras. O lucro operacional é, então, a
diferença entre o lucro bruto e as despesas operacionais. Nesse ponto da demonstração do resultado do
exercício, são deduzidas (ou somadas) as despesas não operacionais (ou as receitas não operacionais).
O lucro antes do imposto de renda é o resultado da dedução das despesas não operacionais do lucro
operacional. Nesse ponto, será deduzida então a provisão para o imposto de renda.
O lucro líquido, ou prejuízo, resulta da diminuição do lucro após a dedução do imposto de renda,
de participações devidas a debenturistas, a empregados, a administradores e a detentores de partes
beneficiárias. Esse resultado líquido é transferido, então, para a conta de lucros ou prejuízos acumulados
do balanço patrimonial.
Esta seção trata da análise das demonstrações financeiras. Nesse ponto, incluem-se análises verticais
e horizontais, índices financeiros, fluxos de caixas de uma empresa, o Investimento Operacional em Giro
(IOG), assim como os modelos de insolvência. Esses conceitos constituem um importante conjunto de
ferramentas para a compreensão mais detalhada do desempenho, da solidez, da liquidez de uma empresa.
Silva (2008) argumenta que o conceito de análise financeira é o exame das informações extraídas
das demonstrações financeiras, com o objetivo de aprimorar a compreensão e a avaliação de aspectos
intrínsecos, como:
minucioso do saldo de cada conta contido nessas demonstrações, procurando entender as respectivas
operações que formaram tal saldo.
Como auxílio a esse trabalho, o exame das outras demonstrações será útil, mas principalmente das
notas explicativas, que, como o próprio nome sugere, levarão o analista para uma melhor interpretação
da formação dos saldos existentes nas demonstrações em si.
Sendo a análise de balanço um instrumento gerencial, o analista financeiro, a fim de facilitar o seu
trabalho, deverá padronizar as demonstrações contábeis de tal forma que agilize a análise, transcrevendo
as contas para um modelo de padronização previamente determinado.
• Simplificação: cada empresa tem seu plano de contas, e na apresentação do balanço não há
uma padronização. A utilização de um modelo simplificado auxilia muito na análise, reduzindo
principalmente o número de contas.
• Comparabilidade: havendo divergências na composição das contas, a comparação se torna
muito difícil. Enquadrando-se os valores em um modelo, a comparabilidade se torna viável. Com
exceção das atividades empresariais que, por força legal, utilizam planos de contas padronizados,
as outras atividades passam a ter autonomia da nomenclatura de suas contas; por exemplo,
contas a receber e duplicatas a receber são entendidas como sinônimos; assim, o analista poderá
optar por uma ou outra conta, que em nada afetará sua análise.
• Adequação aos objetivos da análise: a reclassificação de algumas contas contábeis ocorrerá de
acordo com o objetivo da análise.
• Precisão na classificação de contas: há empresas que “maquiam” contas a fim de “embelezar” o
balanço patrimonial; diante desse fato, ao utilizar a padronização, evita-se a “maquiagem” – por
exemplo, dívidas que deveriam estar no curto prazo e são registradas no longo prazo.
• Descoberta de erros: na utilização de modelos padronizados, torna-se fácil verificar a existência de
erros intencionais ou não. A intimidade do analista com as demonstrações contábeis padronizadas
facilita a compreensão e a análise das contas.
Lembrete
Importante: geralmente, a descoberta de erros não ocorre quando as demonstrações contábeis são
auditadas por auditorias externas. Assim, podemos entender que a padronização das demonstrações
contábeis, por meio também da sintetização das contas, só venha a contribuir com aceleração do
processo de análise financeira.
45
Unidade II
Saiba mais
Antes de mencionarmos os principais ajustes que deverão ocorrer nas contas patrimoniais, cabe
chamar a atenção sobre a disposição dos períodos anuais apresentados nas demonstrações contábeis.
A legislação contábil vigente exige que demonstrações contábeis sejam publicadas em dois períodos
anuais, sendo a primeira coluna reservada para os saldos das contas do período atual e a segunda coluna
para os saldos das contas do período imediatamente anterior.
Porém, antes de iniciarmos a análise financeira, devemos inverter tais períodos, ou seja, a primeira coluna
registrará os saldos das contas referentes ao período anterior e a segunda coluna ficará com os saldos das
contas atuais. A finalidade está em mostrar a evolução (ou não) das contas de um período para o outro.
Exemplo:
46
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Quanto aos ajustes das contas patrimoniais, a finalidade está em apresentar o balanço patrimonial
o mais próximo de sua realidade, por exemplo:
• Duplicatas descontadas: essa conta será registrada no balanço patrimonial, no ativo, subgrupo
circulante, como redutora da conta de duplicatas a receber, por evidenciar que parte (ou total) dos
direitos advindos das vendas a prazo foi recebida antecipadamente por meio de uma operação
bancária. Porém, para fins de análise, a conta de duplicatas descontadas deverá ser reclassificada
para o lado do passivo, subgrupo circulante, por representar uma dívida da empresa perante a
instituição financeira.
• Despesas antecipadas: essa conta também pertence ao ativo, subgrupo circulante, por representar
despesas pagas ou assumidas, mas que ainda não ocorreram; o exemplo típico para essa conta
são os prêmios de seguros pagos antecipadamente. Porém, para fins de análises, são despesas que
afetarão o resultado da empresa, ou seja, reduzirão o lucro; assim, essa conta será reclassificada
para o patrimônio líquido como redutora.
• Operações entre empresas do mesmo grupo: as diversas operações entre empresa do mesmo
grupo, como compras, vendas, empréstimos etc., quando ocorrerem a prazo, com vencimento de
um ano a contar da data do encerramento do balanço patrimonial, deverão ser registradas no
subgrupo do circulante. Contabilmente, a classificação está correta, porém, para fins de análise,
independentemente do prazo estipulado na negociação, operações a prazo entre empresas do
mesmo grupo deverão sempre ser reclassificadas para o não circulante, entendendo que o não
pagamento e/ou recebimento das operações dentro do prazo não levará a empresa credora a
efetuar protestos.
4.3 Índices-padrão
Lembrete
A revista Exame, anualmente (sempre no mês de julho), edita o exemplar “Melhores & Maiores”, que,
a partir das análises financeiras sobre as demonstrações contábeis previamente recebidas, estabelece o
ranking das melhores empresas de acordo com o ramo de atividade, o porte da empresa e a região.
• peso 10 para crescimento nas vendas: retrata o dinamismo da empresa no ano analisado, se
aumentou ou diminuiu sua participação no mercado e sua capacidade de, expandindo-se, gerar
novos empregos;
• peso 15 para investimento no imobilizado: apresenta o valor que está sendo aplicado pela empresa
na modernização e/ou na ampliação de suas instalações, o que também é indicador de geração de
empregos direta ou indiretamente;
• peso 15 para liderança de mercado: compara as participações de mercado que as empresas detêm
no setor em que atuam e estabelece uma classificação entre elas;
• peso 20 para liquidez corrente: indica se a empresa apresenta ou não boa saúde financeira, ou
seja, se está operando com segurança no curto prazo ou dentro de seu ciclo operacional;
• peso 25 para rentabilidade do patrimônio: mede a eficiência da empresa, o controle de custos e o
aproveitamento das oportunidades que surgem no mundo dos negócios, sendo um dos principais
componentes da geração de valor para os acionistas. Recebem pontos apenas as empresas cujo
índice de rentabilidade tenha sido positivo no ano considerado. A rentabilidade do patrimônio
é utilizada como critério de desempate entre empresas que apresentem o mesmo número de
pontos no desempenho geral;
• peso 15 para riqueza criada por empregado: mede quanto a empresa produz de riqueza em relação
ao número de empregados, independentemente do volume total de vendas ou da margem de
lucro;
• bônus: além da pontuação nos indicadores de desempenho, recebem 50 pontos cada uma
das 20 empresas-modelo da última edição do Guia Exame de Sustentabilidade; outros 50
pontos são dados a cada uma das dez primeiras listadas no último Guia Exame – As 150
Melhores Empresas para Você Trabalhar; e 25 pontos para cada uma das demais destacadas.
As empresas que não publicam ou não enviam demonstrações contábeis não fazem jus a esse
bônus.
Por essas informações trazidas da revista Exame, vemos o quanto é importante a análise de balanço,
não só para demonstrar o desempenho das empresas, mas principalmente para colocá-las em destaque
no mercado de atuação.
Matarazzo (1998, p. 195) afirma que, para quem se defronta com as demonstrações contábeis e quer
delas tirar alguma informação, não basta somente a apuração dos indicadores financeiros; é necessária a
comparação com outras empresas do mesmo ramo e porte, e isso só é possível por meio da comparação
com os índices-padrão. O autor continua:
A elaboração do índice-padrão só será possível por meio das técnicas utilizadas pela estatística,
uma vez que o índice encontrado deverá representar o ramo de atividade no qual se concentra nossa
comparação. Matarazzo (1998, p. 199) resume os procedimentos estatísticos para apuração dos índices-
padrão assim:
Importante: para elaborar uma tabela completa de índices-padrão, o segundo, o terceiro e o quarto
procedimentos devem ser aplicados para cada um dos índices financeiros.
Exemplo:
1) Foram tomadas 30 empresas do ramo de tintas e vernizes, que apresentam os seguintes índices
de liquidez corrente:
1,76 – 0,89 – 1,01 – 1,40 – 1,80 – 1,05 – 1,14 – 1,22 – 1,13 – 1,66 – 1,80 – 1,54 – 1,34 – 1,43 – 1,60
– 1,20 – 1,26 – 1,09 – 1,50 – 1,82 – 1,07 – 0,93 – 1,11 – 1,21 – 1,70 – 0,82 – 1,47 – 1,24 – 1,18 – 1,30
2) O primeiro passo para encontrar os decis e a mediana desse conjunto é colocá-lo em ordem de
grandeza crescente:
0,80 – 0,82 – 0,89 – 0,93 – 1,01 – 1,05 – 1,07 – 1,09 – 1,11 – 1,13 – 1,14 – 1,18 – 1,20 – 1,21 –
1,22 – 1,24 – 1,26 – 1,30 – 1,34 – 1,40 – 1,43 – 1,47 – 1,50 – 1,54 – 1,60 – 1,66 – 1,70 – 1,76
– 1,80 – 1,82
3) Conforme definição, o primeiro decil é o valor que deixa 10% dos elementos do conjunto abaixo
de si e 90% acima. Como neste exemplo o conjunto tem 30 elementos, o primeiro decil deixa
três elementos abaixo de si (3 = 10% x 30) e 27 elementos acima. Portanto, deve ser um número
superior a 0,89 (que é o terceiro elemento do conjunto na ordem de grandeza) e inferior a 0,93 (a
fim de deixar 27 elementos acima de si). O primeiro decil é obtido por meio da média aritmética
dos valores do terceiro e quarto elementos:
0,89 + 0,93
------------------------- = 0,91
2
49
Unidade II
4) Demais decis: adotando procedimento análogo para os demais decis, encontram-se os seguintes
valores:
5) O índice-padrão para o indicador financeiro liquidez corrente será a mediana da série, ou seja,
o quinto elemento = 1,23:
Quadro 7
A Unidade III foi reservada para a apuração da análise financeira do balanço patrimonial e da
demonstração do resultado do exercício; para tanto, utilizaremos as demonstrações oficiais da empresa
Souza Cruz S/A do exercício 2008, devidamente adaptadas consoante a legislação atual – Leis 11.638/07
e 11.941/09.
A Souza Cruz S/A é uma tradicional empresa da área de tabacos, de capital inglês. Seus dados foram
obtidos em 30/4/20091.
Resumo
1
Dados disponíveis em: <http://www.souzacruz.com.br/group/sites/sou_7uvf24.nsf/vwPagesWebLive/
DO7X7MUC/$FILE/medMD82LRZJ.pdf?openelement>. Acesso em: 30/04/2009.
50
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Exercícios
Acerca das demonstrações contábeis, julgue os itens a seguir e, em seguida, assinale a opção
correta.
A) I e II.
B) II e III.
C) II.
D) III.
E) I, II e III.
I. Afirmativa incorreta.
Justificativa: a atividade operacional de uma empresa é a atividade essencial para o seu funcionamento,
portanto, o recebimento de um valor relacionado ao ativo imobilizado estará incorreto, como afirma o
item I.
51
Unidade II
Justificativa: o item II está correto, pois no ativo circulante temos elementos que serão negociados
em um prazo curto. Estaria no realizável em longo prazo se não fosse a intenção da empresa negociá-los
neste momento.
Questão 2. (Enade, Ano 2009, Ciências Contábeis – Questão 15). A empresa XYZ adquire mercadorias
para revenda, com promessa de pagamento em três parcelas iguais, sendo a primeira parcela com
vencimento para 30 dias. Qual o efeito do registro contábil dessa operação na data da aquisição?
52
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Unidade III
5 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
Esse método de análise permite avaliações mais precisas e interpretações mais adequadas sobre
a estrutura e a tendência dos números de uma empresa. Quanto à análise vertical, por exemplo, o
propósito inicial é indicar a participação relativa de cada item de uma demonstração financeira em
relação a determinado referencial. Ao passo que, com a análise horizontal, é feito um exame detalhado
da evolução histórica de uma série de valores (SILVA, 2008).
Para Assaf Neto (2007), essa análise se constitui em um processo puramente comparativo,
desenvolvido dessa forma por meio de comparações relativas entre rubricas (valores) relacionáveis
dentro de uma mesma demonstração contábil. São trabalhados nessa análise valores relativos, ou
seja, esses valores são considerados percentualmente para as proporções existentes entre as diversas
contas.
Silva (2008) exemplifica que, no balanço patrimonial, é usual a determinação de quanto por
cento representa cada conta (rubrica) ou grupo de contas em relação ao ativo total. Dessa forma,
em cada ano, para que se calculem os percentuais da coluna da análise vertical, divide-se o valor
da rubrica que se pretende analisar pelo valor-base e se multiplica por 100. Geralmente, o valor
base no balanço patrimonial é o ativo total, e na demonstração de resultado do exercício é a receita
líquida de vendas.
Análise vertical: fornece os resultados em percentuais e assim fixa em 100% um valor que se
quer tomar como referência; desta forma, o percentual de conta mostra sua real importância no
conjunto.
Para o balanço patrimonial, o total do ativo e do passivo será fixado em 100%, e daí se fará a
relação de cada conta em relação a esse conjunto.
Valor da conta
-------------------------------------------------------- *100 = Análise vertical %
Total do ativo ou passivo
53
Unidade III
Exemplo:
A conta disponibilidade representa 26% do total do ativo, enquanto em 2007 representava 19%.
Em outras palavras, a cada R$ 100,00 investidos no ativo em 2008, R$ 26,00 estavam em disponível,
enquanto em 2007 o valor do disponível representava R$ 19,00 dos R$ 100,00 investidos no ativo.
Tabela 11
Tabela 22
Para a demonstração de resultado do exercício, a base de referência será a receita líquida de venda,
que terá seu valor fixado em 100%, e assim cada conta será a ela relacionada.
Valor da conta
------------------------------------- *100 = Análise vertical %
Receita líquida
Exemplo:
826,40
------------------- *100 = 17,05 %
4.846,70
A conta despesas gerais e administrativas da Souza Cruz, em 2007, representou 17% e diminuiu para
14% em 2008, em relação à receita líquida. Em outras palavras, a cada R$ 100,00 de vendas líquidas, em
2007, R$ 17,00 foram gastos com despesas gerais e administrativas; já em 2008, o gasto foi de R$ 14,00.
Tabela 33
Demonstração de resultado do exercício 2007 AV% 2008 AV% AH%
Receita líquida das vendas 4.846,70 100% 5.300,60 100% 9,37%
Custo dos produtos vendidos 2.166,60 44,70% 2.287,10 43,15% 5,56%
Lucro bruto 2.680,10 55,30% 3.013,50 56,85% 12,44%
Despesas (receitas) operacionais
Com vendas 641,20 13,23% 722,10 13,62% 12,62%
Gerais e administrativas 826,40 17,05% 770,10 14,53% -6,81%
Outras receitas operacionais líquidas (96,60) -1,99% (82,20) -1,55% -14,91%
Lucro operacional 1.309,10 27,01% 1.603,50 30,25% 22,49%
Resultado financeiro
Receitas financeiras 111,70 2,30% 84,40 1,59% -24,44%
Despesas financeiras (51,70) -1,07% (40,80) -0,77% -21,08%
Receitas com variações cambiais líq. 21,10 0,44% 40,50 0,76 91,94%
Resultado de equivalência patrimonial 3,50 0,07% 8,60 0,16 145,71%
Lucro antes do imp. de renda e da cont. social 1.393,70 28,76% 1.696,20 32,00% 21,70%
Imposto de renda e cont. social
Corrente 390,00 8,05% 442,50 8,35% 13,46%
Diferido (29,90) -0,62% 4,10 0,08% -113,71%
Lucro líquido do exercício 1.033,60 21,33% 1.249,60 23,57% 20,90%
Silva (2008) destaca que essa simples identificação da representatividade percentual de um item do
ativo ou do passivo, ou ainda da demonstração de resultado do exercício em relação a um determinado
referencial, muitas vezes não é suficiente para possibilitar ao analista tirar alguma conclusão sobre a
situação da empresa.
Lembrete
Neste sentido, a análise horizontal é a ferramenta que complementa as possíveis conclusões auferidas
na análise vertical.
Análise horizontal ou de evolução também é conhecida como análise de tendência. Esse tipo de
análise mostra a variação (crescimento ou decréscimo) dos itens dos demonstrativos contábeis de um
período para outro, objetivando caracterizar tendências.
Sua sistematização de cálculo é bastante simples, tanto para o balanço patrimonial quanto para a
demonstração de resultado: consiste em fixar o período contábil mais antigo em 100% e dividir os itens
do período subsequente por ele, utilizando-se as informações a seguir para encontrar a evolução de
cada conta.
57
Unidade III
Exemplo:
Quadro 8
X0 X1 X2
Duplicatas a receber R$ 120 R$ 130 R$ 140
Por meio da regra de três simples, encontramos a evolução, com base em 100, para X1 e X2:
Quadro 9
X1 X2
120 – 100 120 – 100
130 – xxx 140 – xxx
Então, teremos:
Quadro 10
X0 X1 X2
Duplicatas a receber R$ 120 R$ 130 R$ 140
Evolução 100 108 116
Quadro 11
Ativo 2007 AV% 2008 AV% AH%
Disponibilidades 619,40 19,19% 969,30 26,82% 56,49%
Quadro 12
2007 2008
619,19 – 969,30 X = 56,49%
100 – x
Cada um dos índices obtidos com a análise horizontal fornece a ideia de sua própria evolução em
determinado espaço de tempo, o que pode indicar a sua medida de crescimento.
58
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Porém, Silva (2008) alerta para a necessidade de se compreender o cenário econômico em que se encontra
a empresa analisada; uma vez que a análise horizontal demonstra uma evolução histórica, tais conclusões a seu
respeito somente seriam válidas em um ambiente econômico de estabilidade no decorrer do período avaliado.
Lembrete
6 INDICADORES FINANCEIROS
A técnica mais usual utilizada na análise financeira é aquela concentrada na apuração de índices
financeiros (ou índices econômico-financeiros). Esses índices são extraídos, por sua vez, basicamente,
das duas principais demonstrações: balanço patrimonial e demonstração de resultado do exercício.
Com o intuito de facilitar a compreensão dos significados dos indicadores e para estabelecer uma
metodologia adequada de avaliação dos diversos aspectos de desempenho que uma empresa pode
apresentar, os índices são, geralmente, divididos em grupos homogêneos de análise. Nesta seção, serão
tratados os índices de lucratividade, estrutura e liquidez.
Observação
Índices, ou quocientes, como alguns autores preferem denominar, indicam relações entre contas, ou
grupos de contas com outras contas ou grupo de contas.
Índice é, pois, o resultado da operação de divisão entre contas ou grupos de contas, resultado este
que pode ser informado na forma de índice ou de percentual.
Após a obtenção de um índice, não podemos afirmar de imediato se ele é ruim, regular ou bom. O
índice obtido não é a análise em si. Esta se dará a partir da obtenção de um conjunto de índices suficientes
para se fazer juízo da demonstração analisada. É necessário, portanto, quando tratarmos com índice:
• índices de liquidez;
• índices de endividamento;
• índices de atividades.
• índice de rentabilidade.
Para que possamos ter uma visão adequada da sistemática de cálculo dos índices e da informação
que eles contêm, calcularemos os índices aqui demonstrados com base nos balanços patrimoniais e nas
demonstrações dos resultados dos exercícios dos anos de 2007 e 2008 da empresa Souza Cruz S/A.
Idealmente, uma empresa deve possuir uma boa capacidade de pagamento de suas obrigações,
em outras palavras, deve possuir habilidade em cumprir corretamente seus compromissos assumidos.
Dessa forma, quando a empresa possui tal habilidade ou capacidade, o termo usado frequentemente na
literatura é de que a empresa possui liquidez. Assim, os indicadores de liquidez procuram demonstrar se
a empresa avaliada possui essa habilidade.
Os índices de liquidez têm como objetivo demonstrar a capacidade da empresa de saldar suas
obrigações com terceiros em geral, ou seja, pagar seus passivos.
Trabalharemos para a obtenção desses índices com os ativos circulantes e não circulantes (contas
do realizável em longo prazo) e passivos circulantes e não circulantes (contas do exigível em longo
prazo).
Quadro 13
60
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Quadro 14
Quadro 15
Indica quanto a empresa possui de ativo circulante mais o realizável em longo prazo para cada
unidade monetária de dívida geral (passivo circulante mais o exigível em longo prazo). Interpretação:
quanto maior, melhor.
Quadro 16
Indica quanto a empresa possui de ativo circulante para cada unidade monetária de passivo
circulante.
No exemplo, temos para o ano 2007: para cada R$ 1,00 de passivo circulante, a empresa tem R$ 1,90
de ativo circulante; em 2008, para cada R$ 1,00 do passivo circulante, tem-se R$ 2,44 de ativo circulante.
Interpretação: quanto maior a capacidade de pagamento, melhor para a empresa, ou seja, quanto
maior o índice, melhor.
Quadro 17
Indica o quanto a empresa possui de disponibilidade imediata para cada unidade monetária de
passivo circulante.
61
Unidade III
Interpretação: depende, pois, apesar de ser um índice financeiro, a liquidez imediata não se enquadra
na regra quanto maior, melhor, por ser um índice sem muita expressão, pois compara dinheiro com
valores que vencerão em datas variadas, embora em curto prazo.
Índices de liquidez imediata altos em época de inflação significam, certamente, que a empresa
estará perdendo dinheiro.
No caso da Souza Cruz, temos que, em 2007, para cada R$ 1,00 de dívida, havia R$ 0,56 de disponível,
enquanto em 2008 houve melhora para R$ 0,98.
Quadro 18
Indica o quanto a empresa possui de ativo circulante líquido para cada unidade monetária de passivo
circulante. A exclusão da conta estoque da fórmula é necessária, uma vez que há incerteza sobre quando
os estoques serão vendidos – pode levar dias, meses ou anos.
Demonstra que a Souza Cruz, no ano de 2007, tinha, para R$ 1,00 de dívida, R$ 1,11; em 2008, sua
capacidade de pagamento aumentou para R$ 1,59.
Quadro 19 – Resumo: índices de liquidez da Souza Cruz dos anos de 2007 e 2008
Saiba mais
62
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Segundo Silva (2008), são considerados como índices de estrutura aqueles que relacionam a
composição de capitais (próprios e de terceiros), que mensuram os níveis de imobilização de recursos
e evidenciam as relações na estrutura da dívida da empresa. Nessa análise, são verificadas as decisões
financeiras de financiamento e investimento.
Já aprendemos que o ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros (passivo
circulante e não circulante) e por capitais próprios (patrimônio líquido), sendo, portanto, os capitais de
terceiros e os capitais próprios as origens de recursos.
Quadro 20
Quadro 21
Indica quanto a empresa tomou de capitais de terceiros para cada unidade monetária de capital
próprio.
Interpretação: quanto menor, melhor. Em 2007, a Souza Cruz teve, de capital de terceiros, R$ 0,94
para cada R$ 1,00 de capital próprio, diminuindo para R$ 0,70 em 2008.
A relação indica quanto a empresa possui, percentualmente, de recursos de terceiros (de curto e
longo prazos) para cada unidade monetária investida com capital próprio.
De modo geral, resultados superiores a 100% indicam maior dependência da empresa avaliada por
capitais de terceiros (ASSAF NETO, 2007).
63
Unidade III
Quadro 22
Indica quanto as dívidas de curto prazo representam para cada unidade monetária do total da dívida
com terceiros.
Interpretação: quanto menor, melhor. Para cada R$ 1,00 de divida total no ano de 2008, tem-se R$
0,66 de dívida de curto prazo, e, no ano de 2007, R$ 0,70 na Souza Cruz.
Quadro 23
Indica quanto a empresa tem de capital próprio para cada unidade monetária de capitais de terceiros.
Interpretação: quanto maior, melhor. Na Souza Cruz, em 2008, para cada R$ 1,00 de capital de
terceiros, a empresa tem R$ 1,43; em 2007, R$ 1,06.
Quadro 24 – Resumo: índices de endividamento da Souza Cruz dos anos de 2007 e 2008
Nesse grupo, estudaremos quantos dias a empresa demora, em média, para receber suas vendas,
pagar suas compras e renovar seus estoques.
Para Assaf Neto (2007), os indicadores de atividade mensuram as diversas durações das possíveis
etapas presentes no ciclo operacional da empresa.
Esse ciclo envolve todas as fases operacionais típicas de uma empresa, podendo apresentar variações
consequentes à natureza específica da empresa (industrial, comercial e prestadora de serviços). Essas
64
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
fases, por sua vez, vão desde a aquisição de insumos básicos ou compra de mercadorias até o efetivo
recebimento das vendas realizadas.
Observação
(Recebimento)
Armazenagem
Recebimento
Venda
Espera PME (15 dias) PMC (25 dias)
Tabela 4
65
Unidade III
Nota: não será possível calcular os prazos médios de 2007, por não termos os dados de 2006.
Saiba mais
Indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas. Assim, o volume de
duplicatas a receber é consequente de dois fatores essenciais: (i) montante de vendas a prazo e (ii) prazo
concedido aos clientes para pagamento (SILVA, 2008).
Quadro 25
Indica quantos dias, em média, a empresa espera para receber suas vendas. Interpretação:
quanto menor, melhor. Em 2008, a Souza Cruz aguardava, em média, 32 dias para receber suas
vendas.
A análise de risco, neste caso, indica que, quanto maior for o prazo de recebimento das vendas, pior
será a sua avaliação. Silva (2008) ressalta que as mesmas considerações sobre sazonalidades aplicadas
ao PMRE devem ser aplicadas ao PMRV. Assaf Neto (2007) também destaca que a empresa deve abreviar
sempre que possível o prazo médio de cobrança.
66
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Quadro 26
Indica quantos dias, em média, a empresa espera para pagar suas compras. Interpretação: quanto
maior, melhor. No ano de 2008, a Souza Cruz levou, em média, 30 dias para efetuar seus pagamentos.
Segundo Assaf Neto (2007), indica o tempo médio necessário para a completa renovação dos
estoques da empresa. Silva (2008) argumenta que, do ponto de vista da análise de risco, esse é um
índice do tipo quanto maior, pior, porém uma análise conjunta envolvendo os prazos de recebimentos
das vendas e pagamento das compras é bastante conveniente nesse caso.
Quadro 27
Indica quantos dias, em média, a empresa leva para vender seus estoques. Interpretação: quanto
menor, melhor. O giro dos estoques da Souza Cruz leva 134 dias, demonstrando ser inadequado no ano
de 2008.
Assaf Neto (2007) explica que, ao se fazer a divisão de 360 pelo prazo de estocagem, tem-se o
giro (rotação) dos estoques, o que sugere o número de vezes que os estoques se renovam no período
avaliado.
67
Unidade III
Quadro 28
Verificamos que a Souza Cruz tem um ciclo financeiro de 136 dias, ou seja, o número de dias que leva
entre comprar (pagar) seus estoques, renová-los por vendas e receber esse montante.
Lembrete
Resumo
Exercícios
Questão 1. (Adaptada CRC-Exame de Suficiência, 2011 – Questão 9). Em relação às notas explicativas
e às demonstrações contábeis, assinale a opção incorreta.
A) A entidade deve divulgar nas notas explicativas as fontes principais da incerteza das estimativas
à data do balanço que tenham risco significativo de provocar modificação material nos valores
contábeis de ativos e passivos durante o próximo.
B) A entidade deve divulgar no resumo de políticas contábeis significativas as bases de
mensuração utilizadas na elaboração das demonstrações contábeis e outras políticas
68
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
A) Alternativa correta.
Justificativa: as alternativas A e B estão corretas, pois demonstram que as políticas contábeis devem
ser mencionadas quando relevantes para a tomada de decisão.
B) Alternativa correta.
Justificativa: as alternativas A e B estão corretas, pois demonstram que as políticas contábeis devem
ser mencionadas quando relevantes para a tomada de decisão.
C) Alternativa correta.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: as políticas contábeis não são retificadas pelas notas explicativas, mas sim pelas normas;
por esse motivo, não podemos aceitar a alternativa D.
E) Alternativa correta.
Questão 2. (Enade Ano 2009, Ciências Contábeis – Questão 32). Nos trabalhos realizados por um
auditor independente, identificaram-se vários procedimentos adotados pela Cia. Calada. No decorrer
dos trabalhos, os seguintes fatos foram encontrados:
I. A provisão para crédito de liquidação duvidosa foi constituída tendo como base o índice de
inadimplência apresentado nos últimos cinco anos.
69
Unidade III
Diante dos fatos encontrados na Cia. Calada, sob o ponto de vista da condução do trabalho de
auditoria, a conduta correta do auditor independente responsável será:
70
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Unidade IV
7 INDICADORES COMPLEMENTARES
Antes da análise da lucratividade, Silva (2008) argumenta que, geralmente, na análise de desempenho,
a ênfase é dada para as vendas da empresa em um determinado período, comparativamente ao período
anterior e ao desempenho de seus concorrentes. Sobre esse aspecto apresentado, a análise horizontal é
uma excelente ferramenta para medirmos a evolução das receitas.
Lembrete
Os estudos setoriais possibilitam comparações de evolução das vendas da empresa com a evolução
dos concorrentes. Dessa forma, o conhecimento prévio e a compreensão adequada desses fatores
facilitam o entendimento, consequentemente, da lucratividade da empresa.
Assaf Neto (2007) afirma que esses indicadores procuram avaliar os resultados conquistados por
uma empresa em relação a determinados parâmetros que melhor revelem a verdadeira dimensão desses
resultados. Sendo assim, as principais bases de comparação adotadas para o estudo dos resultados
organizacionais são: o ativo total, o patrimônio líquido e as receitas de vendas.
Indicadores econômicos são aqueles que mostram as margens de lucro (rentabilidade), de retorno do
capital investido e a velocidade das operações realizadas.
Essa medida revela a rentabilidade, o retorno produzido (em termos percentuais) pelo total das
aplicações realizadas por uma empresa em seus ativos. Em outras palavras, o retorno sobre o ativo indica
a lucratividade que a empresa apresenta em relação aos seus investimentos totais (SILVA, 2008).
71
Unidade IV
Quadro 29
Indica o percentual que o lucro líquido representa para cada unidade monetária de ativo médio.
Interpretação: quanto maior, melhor. Considerando a situação da Souza Cruz, temos que o lucro líquido
representa 37% do ativo médio do ano de 2008.
Silva (2008) avalia superficialmente que a interpretação do retorno sobre o ativo é no sentido de que
“quanto maior, melhor”, enquanto Assaf Neto (2007) argumenta que, como critério de decisão, o RSA
pode ser interpretado como o custo máximo que a empresa pode aceitar em suas captações de recursos
financeiros.
Observação
Esse índice mensura o retorno dos investimentos aplicados dos acionistas ou proprietários da
empresa, ou seja, o prêmio do investidor pelo risco de seu negócio. É obtido, por sua vez, pela relação
entre o lucro líquido e o patrimônio líquido.
Quadro 30
Indica o percentual que o lucro líquido representa para cada unidade monetária do patrimônio
líquido. Interpretação: quanto maior, melhor. Esse índice mede o poder de ganho dos proprietários, ou
seja, para cada R$ 1,00 investido, há um ganho de R$ 0,66. Portanto, aproximadamente, haverá um
retorno em dois anos.
72
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Como vimos, esse índice oferece o tempo que os proprietários teriam para obterem de volta o capital
investido. Observamos que não existe uma taxa considerada ideal, porém é interessante observarmos os
concorrentes, e uma coisa é certa: um bom índice será aquele que apresentar alguns pontos percentuais
superiores à taxa de juros do mercado.
Esse indicador é capaz de medir a eficiência de uma empresa em produzir lucro por meio de suas
vendas. O Índice de Retorno sobre as Vendas (RSV) relaciona o lucro líquido às vendas líquidas de um
mesmo período, fornecendo assim o percentual de lucro que a empresa está obtendo em relação ao seu
faturamento (SILVA, 2008).
Quadro 31
Indica o percentual de lucro líquido em cada unidade monetária vendida. Interpretação: quanto
maior, melhor. Poderíamos também calcular:
• a margem operacional, bastando para isso colocarmos no numerador do índice o valor do lucro
operacional;
• a margem bruta, bastando para isso colocarmos no numerador do índice o valor do lucro bruto.
Observação
Saiba mais
73
Unidade IV
Estabelece a capacidade dos ativos em gerar vendas; em outras palavras, é a relação entre as vendas
efetuadas e os investimentos totais da empresa (SILVA, 2008).
Quadro 32
Indica quanto foi vendido para cada unidade monetária de investimento total médio. Interpretação:
quanto maior, melhor. Esse índice mostra que o ativo “girou” uma vez e meia no ano de 2008 pelas
vendas.
O giro do ativo evidencia quantas unidades monetárias foram captadas pela receita de vendas para
cada unidade monetária que foi investida no ativo total da empresa. Silva (2008) exemplifica que, caso
o giro do ativo de uma determinada empresa tenha resultado em 0,87, esse valor mostra que, para cada
$ 100,00 do ativo total, aquela empresa vendeu $ 87,00.
O chamado sistema Du Pont, ou modelo de análise do retorno sobre o ativo, consiste, basicamente,
na decomposição do Retorno sobre o Ativo Total (RSA). A figura a seguir demonstra o diagrama desse
método.
Vendas
Lucro líquido
Margem –
líquida Custos e
: despesas
Vendas
RSA
Vendas
Ativo
Giro do ativo circulante
:
Total de
ativos +
Ativo não
circulante
Figura 4 – Diagrama do método Du Pont
O diagrama evidencia que o índice de retorno sobre o ativo se altera à medida que outras alterações
ocorram, mesmo em itens do ativo, no balanço patrimonial, por exemplo, o ativo permanente, o realizável
74
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
em longo prazo, ou ainda o ativo circulante. Mudanças nas vendas ou nos custos e despesas, da mesma
forma, podem influenciar o resultado do RSA.
Silva (2008) destaca que o estudo do diagrama que decompõe o retorno sobre o ativo mostra uma
inter-relação entre a margem líquida e o giro do ativo, e que os dois índices são dependentes entre si,
uma vez que existe interação de um sobre o outro.
Assaf Neto (2007) argumenta que esses indicadores pretendem mensurar e avaliar o impacto do
desempenho da empresa sobre as suas ações e servem de parâmetro de apoio para as análises do
mercado de ações, fornecendo, assim, fundamentos para as decisões de investimentos.
Esse índice ilustra o lucro observado em determinado período para cada ação emitida pela empresa,
isto é, do lucro líquido obtido, quanto compete a cada ação. Assaf Neto (2007) ressalta que esse indicador
não revela o quanto cada acionista irá efetivamente receber em dividendos. A equação a seguir ilustra
esse conceito.
Lucro líquido
LPA = --------------------------------------------------------------
Número de ações emitidas
Segundo Assaf Neto (2007), este se constitui em um dos quocientes mais tradicionais do processo
de análise de ações e é amplamente utilizado no mercado acionário. A equação que segue descreve o
seu cálculo.
Na teoria, esse indicador evidencia quanto tempo (período) um investimento em determinada ação
tardaria em recuperar o capital aplicado. Porém, este ainda é um índice estático, enquanto o mercado
de ações é extremamente dinâmico.
75
Unidade IV
O fato, ainda, de o LPA não representar os dividendos, de fato, que o investidor recolhe ao término de
cada período também não ilustra com exatidão o período de retorno esperado para aquele investimento
(ASSAF NETO, 2007).
Também conhecida como “termômetro de insolvência”, essa ferramenta analítica utiliza métodos
estatísticos quantitativos para auxiliar o gestor de crédito justamente na concessão de créditos aos seus
clientes. A técnica estatística da análise discriminante, utilizada com frequência nestes casos, incorpora
os índices financeiros de lucratividade, estrutura, liquidez e atividade, para compor um modelo que,
estatisticamente, tenha a capacidade de prever a probabilidade de insolvência para um período futuro
previamente determinado pelo próprio modelo (IUDÍCIBUS et al., 2006).
Lembrete
Silva (2008) ressalta que diversos estudos foram realizados no Brasil, a partir de experiências
positivas anteriores que foram desenvolvidas no exterior, também com o propósito de prever situações
de insolvência.
Entre os principais estudos feitos no Brasil, Silva (2008) e Iudícibus et al. (2006) destacam a análise
discriminante de Stephen C. Kanitz, que construiu o chamado “termômetro de insolvência”.
Segundo Matarazzo (1998, p. 245), as fórmulas mais conhecidas e desenvolvidas por autores
brasileiros são:
Kanitz:
Classificação:
FI inferior a -3 → Insolvente
FI entre -3 e 0 → Indefinida
FI acima de 0 → Solvente
Diversos outros modelos foram desenvolvidos nesta área. Porém, Silva (2008) ressalta que este é um
critério de análise baseado na objetividade, e não na subjetividade do analista.
Esse fator é de grande relevância, pois, em grandes empresas, é possível colher dados mais precisos
e numerosos para a obtenção dos índices financeiros, enquanto em pequenas empresas as informações
quantitativas tendem a ser deficientes; assim, tal deficiência precisa ser compensada por informações
qualitativas.
X3 = Ativo total
X4 = Patrimônio líquido / Exigível total
X5 = Vendas / Ativo total
Elizabetsky:
Classificação:
Matias:
Classificação:
Pereira:
Classificação:
Conforme demonstra Matarazzo (1998, p. 248), cada autor apresenta uma fórmula diferenciada do
outro; logo, os resultados também serão diferentes, então, não será possível chegarmos aos indicadores
de insolvência?
Entendemos que:
I. Os modelos apresentados não substituem a análise por meio dos índices tradicionais e devem ser
usados apenas complementarmente às conclusões destes últimos.
78
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
II. O uso da análise discriminante, uma das técnicas utilizadas na estatística, contribui para identificar
os índices e pesos a serem utilizados, conforme aponta Matarazzo (1998, p. 245), tomando-se
como base os índices apurados por meio da análise do balanço.
III. Em geral, as empresas não vão à falência da noite para o dia; começam a dar sinais de insolvência,
por exemplo, redução nas vendas, altos índices de inadimplência, constantes atrasos nos pagamentos
aos fornecedores e empregados, enfim, uma análise financeira anual contribuirá com a gestão
empresarial se as medidas apontadas no relatório de análise forem tomadas em tempo hábil.
8 RELATÓRIO DE ANÁLISE
Relatório de análise: trata-se do documento final da análise contendo as conclusões obtidas por
meio das análises vertical e horizontal, bem como sobre os indicadores financeiros e econômicos.
Esse relatório deverá ser elaborado pelo analista de balanço, porém deverá ser dirigido a cada
usuário das informações contábeis, uma vez que cada um deles terá uma necessidade diferente sobre
os resultados obtidos.
Lembrete
Para Ribeiro (2001, p. 188), alguns pontos devem ser considerados ao redigir um relatório de análise:
• Ser elaborado em linguagem inteligível para leigos, mesmo que alguns usuários possuam
conhecimentos contábeis.
• O analista deverá tomar o cuidado de não colocar suas opiniões pessoais sobre os resultados obtidos,
porém, com muito critério, poderá sugerir algumas ações que auxiliarão na tomada de decisão.
• Não há um tamanho padronizado para o relatório, mas deverão ser apresentados de forma clara e
objetiva a situação econômico-financeira da empresa e o seu desempenho ao longo dos períodos
analisados, bem como as tendências para o futuro. Devem ser esclarecidas, ainda, as causas
que proporcionaram o grau de endividamento, liquidez e rentabilidade encontrados, sejam eles
positivos ou negativos.
• Deverá constar também no relatório a comparação dos indicadores obtidos na análise em relação
aos padrões pertencentes ao ramo da empresa em questão.
• No relatório, não deverá constar o valor dos indicadores apurados em análise; estes deverão ser
acompanhados em planilhas que auxiliarão o usuário das informações para uma consulta, se for
o caso.
79
Unidade IV
Situação de liquidez: o índice de liquidez geral foi de 1,42; esse índice mostra que, a cada R$ 100,00
de dívida, a empresa tem R$ 142,00 para pagar, sobrando, portanto, R$ 42,00, e ainda está acima do
índice-padrão da categoria, que, conforme apontado, é de 1,20; a liquidez corrente de 1,70 também está
acima do padrão de 1,35 e também indica que, a cada R$ 100,00 de dívida em curto prazo, a empresa
tem R$ 170,00 para pagar, sobrando R$ 70,00. Já a liquidez seca de 1,54 está abaixo da corrente de 1,70,
e ainda ficou inferior ao padrão de 1,25, mas podemos dizer que ainda há condições de pagar as dívidas
em curto prazo assumidas, uma vez que, a cada R$ 154,00, temos em contrapartida uma dívida de R$
100,00; logo, sobrarão R$ 54,00.
Situação de liquidez: a empresa encontra-se bem estruturada sob o ponto de vista de solvência,
possuindo solidez financeira suficiente para cobrir seus compromissos de curto e de longo prazos, uma
vez que opera com todos os índices de liquidez acima do padrão de seus concorrentes.
Saiba mais
Resumo
80
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Exercícios
81
Unidade IV
A sequência correta é:
A) 2, 3, 1.
B) 3, 1.
C) 1, 3, 2.
D) 1, 2, 3.
E) 3, 2.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa correta.
Justificativa: a alternativa D está correta, pois engloba os grupos de índices diferentemente das
alternativas B e E. Devemos considerar como correta a sequência de indicadores de pagamento,
indicadores de atividade e indicadores de rentabilidade, pois, no primeiro caso, demonstra-se a
capacidade de pagamento de uma empresa, isto é, sua disponibilidade para honrar os compromissos.
Após mensurarmos esse quesito, partimos para a avaliação do funcionamento das operações
essenciais para a sobrevivência da empresa, portanto, só neste momento podemos considerar os
indicadores de atividade. Com isso, entendemos que, se a empresa é capaz de realizar seus pagamentos
corretamente e de acordo o funcionamento de suas atividades primordiais, teremos condições de
avaliar a rentabilidade.
82
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
E) Alternativa incorreta.
Questão 2. (Enade Ano 2009, Ciências Contábeis – Questão 30). Leia as afirmativas:
Diretores financeiros são responsáveis por decisões acerca de como investir os recursos de uma
empresa para expandir seus negócios e sobre como obter tais recursos. Investidores são instituições
financeiras ou indivíduos que financiam os investimentos feitos pelas empresas e pelos governos.
Assim, decisões de investimento tomadas por diretores financeiros e investidores são, normalmente,
semelhantes.
As decisões de investimento dos diretores financeiros focalizam os ativos financeiros (ações e títulos
de dívidas), enquanto as decisões de investimento dos investidores focalizam ativos reais (edificações,
máquinas, computadores etc.).
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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES
Figura 1
RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanço. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Adaptado.
Figura 2
RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanço. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Adaptado.
Figura 3
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Figura 4
SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
REFERÊNCIAS
Textuais
ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004.
HERMANN Jr., F. Análise de balanço para administração financeira. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; LOPES, C. C. V. M. L. Curso de contabilidade para não contadores. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2006.
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. Análise das demonstrações financeiras. São Paulo: Thomsom, 2006.
84
SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
WERNKE, R. Gestão financeira: ênfase em aplicações e casos nacionais. São Paulo: Saraiva, 2008.
Sites
<http://www.portaldecontabilidade.com.br>
<www.cpc.org.br>
<http://www.planalto.gov.br>
<http://www.souzacruz.com.br>
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000