Design Grafico - 03 - Tipografia
Design Grafico - 03 - Tipografia
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adriana.kaldeira@uol.com.br
Tipografia Página 2
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
3 TIPOGRAFIA.......................................................................................................... 5
3.1 Mas do que se trata exatamente a tipografia? .................................................... 9
3.2 Tipos de fontes .................................................................................................... 16
3.3 Tipologia e a semiótica ........................................................................................ 25
3.4 Como combinar as fontes?.................................................................................. 32
3.5 O texto no digital ................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39
3 TIPOGRAFIA
Assim como tudo que empresta graça a linguagem, a tipografia é uma arte por
meio do qual a mensagem pode receber diferentes significados. Em um mundo com
diferentes tipos de mensagem que ninguém pede para receber, a tipografia precisa,
frequentemente, chamar a atenção antes mesmo de ser decodificada. Tipologia ou
tipografia é a arte gráfica de se expressar através de fontes (tipos). É usá-las de
maneira que transmitam mensagens, sentimentos e formas. É um dos elementos mais
importantes de qualquer composição. Podemos dizer então que é a apaixonante arte
de trabalhar com fontes, às vezes o uso das fontes é absurdamente empírico, mas ela
precisa ser aprendida como técnica.
alinhamentos, do seu próprio design. Usar bem uma fonte ou sua família, pode alterar
toda carga de percepção emocional de um projeto. Toda fonte tem um propósito.
Segundo Paula Scher (2017) – uma das maiores designers gráficas da nossa
década - na série Abstract do Netflix: “tipografia pode criar muito poder. Trabalhamos
com coisas que criam personalidade, trabalhamos com pesos, trabalhamos com
altura”.
“Se a fonte for pesada e grossa, passa a sensação de imediatismo, se for fina
e com serifas, trará a sensação de clássico. Antes mesmo de lermos já temos
consciência e sensibilidade. E se combinar isso com um significado, é espetacular!”
“Alguns tipógrafos nos disseram: ´vocês não deveriam ter feito esse
livro! Se vocês explicam aos iniciantes e leigos o que é importante,
eles mesmos vão fazer tudo e nós, os profissionais, perderemos
nossos clientes’. Nós, acreditamos que o oposto seja verdade. A
configuração feita em casa, já é conhecida há muito tempo, com
resultados questionáveis por que os tipógrafos leigos não enxergam o
que está errado e não sabem o que é importante”. (WILLBERG e
FORSSMAN, 2007).
Durante um tempo, David foi o diretor da revista Ray Gun. Um belo dia Carson
recebeu um artigo sobre Brian Ferry e achou que era chato demais para ser lido.
Entediado com o texto, o então designer resolveu usar em todo o texto a fonte Zap
Dingbats (fonte do Windows, caracterizada apenas por símbolos), criando uma obra
única visualmente, para que ninguém se desse ao trabalho de ler a tal matéria
(obviamente a matéria foi devidamente publicada no final da revista).
Figura 3.4 – Para designers andar nas ruas pode ser uma delícia ou, uma tortura
Fonte: Shutterstock (2018)
Para designers andar nas ruas pode ser inquietante, às vezes. Um dos meus
passatempos prediletos é consertar placas e textos desorganizados ou mal
elaborados, o que é um passatempo quando estou em locais públicos e preciso
esperar, pode se tornar algo desgastante com o tempo, por que fontes e comunicação
tipográfica está a nossa volta o tempo todo. Em todos os lugares temos letreiros,
placas, banners, outdoors e isso cria um barulho visual nem sempre bem-vindo e é
para amenizar tudo isso ou para se sobressair em tudo isso que precisamos conhecer
e muito bem, sobre esse fantástico universo.
internet – onde tudo muitas vezes, não é utilizado para referência, mas como cópia, o
espaço para esses criativos é cada vez maior. Em uma rápida passada pelo Google
encontramos milhares de sites e escritórios especializados na criação e venda das
fontes que são capazes cada vez mais, de trazer personalidade e movimento às
criações multimídia.
Figura 3.6 – Fonte Autumn feel é um exemplo de fonte única, sem família
Fonte: Gleb&Natasha Guralnyk, Pinterest (2017)
Figura 3.7 – A Myriad é uma familia 46 tipos de pesos diferente em seu pacote
Fonte: fotomontagem do catálogo do Myfont.com
As fontes são catalogadas conforme sua anatomia. Para Liute Cristian do blog
Clube do Design, “a anatomia dos tipos servirá para estudar a estrutura e a
organização dos tipos”. Em seu artigo, Tipografia Básica, a anatomia dos tipos, ele
determina, a partir de estudo de diversos teóricos, algumas nomenclaturas que são
importantes conhecer. Você irá também encontrar essas nomenclaturas em diversas
literaturas. Um dos livros que define isso muitíssimo bem é Tipografia de Gavin
Ambrose e Paul Harris, da série Design Básico (aliás uma excelente indicação de
leitura). Vamos então entender melhor agora o que são essas nomenclaturas.
Essas são as mais importantes e que você precisa entender, já que definem
principalmente as diferenças entre bastonadas e serifadas. Nas imagens a seguir
encontramos outras nomenclaturas anatômicas.
Egípcias – São as fontes que possuem um peso maior nas hastes e serifas.
De desenho mais quadrado, foram criadas para uso quase publicitário. Eram usadas
As bastonadas são excelentes hoje em dia para textos digitais, como sites e
aplicativos. São limpas e possuem um excelente contraste com o fundo. Por isso são
eleitas em quase 100% dos casos. Basta dar uma volta rápida pela internet para
perceber. Elas também podem ser classificadas historicamente assim como as
seriadas.
nem sempre são a 90 graus. Duas representantes desse tipo de fonte são a Candara
e a Gill Sans (que curiosamente depois, ganhou também uma versão serifada, a Gill
Sans Serif).
Figura 3.29 – A fonte Futura em suas variações como família ainda tem muitos fãs!
Fonte: KEN’S BLOG (2009)
Figura 3.33 – Fonte Porcelain possui pouca legibilidade, mas é excelente para convites por exemplo
Fonte: Catálogo Dafont (s.d.)
Figura 3.34 – Fonte Inkland e seu estilo moderno com representação de gotas de tinta
Fonte: Catálogo Dafont (s.d.)
Roger Chartier nos apresenta uma importante reflexão sobre as questões que
nos conectam à tecnologia. Segundo ele demos um enorme salto do papel para o
eletrônico (uma tela) que exibe todos os tipos de obras já escritas. Para ele essa é a
mais radical das transformações na técnica de produção, reprodução e
disponibilização de textos. Essas mudanças entre leitor e escritor (emissor e receptor
da mensagem) alteraram completamente o próprio modo da significação.
Hoje, ao pensarmos em criar uma peça gráfica, seja ela qual for, precisamos
fazer várias escolhas. Além do texto, precisamos pensar no tipo de fonte a ser
utilizada, no tamanho das fontes, no destaque que pretendemos dar a uma ou outra
palavra, no tipo de publicação e no público para o qual comunicamos, etc. São várias
as questões que precisam estar em pauta no processo de criação de uma peça
gráfica. Não esqueça disso. Não é apenas o seu gosto pessoal como design que está
em jogo. Comunicar exige um profundo entendimento do contexto e do outro.
E o tipo de fonte, a forma como ele é distribuído numa peça gráfica, o uso de
cores e imagens, enfim, o conjunto da composição, não é importante para você? Tudo
isso varia de acordo com o suporte e com o público. Se estou criando uma peça para
uma revista, tenho a meu favor, alguns elementos que são características do meio
“revista”. Se minha criação é para um jornal, as características são outras. Se falo de
um veículo audiovisual, há ainda outras questões a serem elencadas, e assim por
diante. É importante que não percamos isso de vista. Há características de meios e
há características de públicos.
E por fim, dentre as dicas básicas, tão importante quanto o restante dos itens,
está o exercício da hierarquização do conteúdo a ser apresentado. O que é mais
importante de ser lido? O que devo destacar? Como compor a diagramação do meu
texto? Na procura por compor hierarquicamente um texto, você pode utilizar de cores,
de fontes, de tonalidades e tamanhos, além de se preocupar, é claro, com a
distribuição do texto na página.
A tipografia deve sempre ter por objetivo convidar o leitor à leitura, revelar e
ordenar hierarquicamente o texto, seduzir o leitor para que este fixe a atenção no que
lê e conectar o texto ao contexto. O design lida o tempo todo com a forma, o conteúdo
e a preocupação com a harmonia. É uma atividade sedutora, mas que exige formação
e repertório. O olhar estético só é desenvolvido no exercício cotidiano. Por isso se
você é ou pretende ser um design, vá a museus, veja exposições, olhe para a cidade,
consuma arte, exercite o olhar. Este é o seu maior patrimônio.
Dentro de todas as coisas que aprendemos até agora, uma ficou de fora:
tipografia é igual a moda. Você precisa saber usar e combinar, além é claro de seguir
certa tendência sobre um estilo de fonte. O perigo de seguir tendência é a adequação
da fonte ao seu uso. Não adianta querer fazer seu cliente engolir uma caligrafada,
mesmo sendo tendência, se ela não traduz nem os anseios dele, nem o conceito
criado para a empresa. Tem uma fonte que eu acho super fofa que é a Lovelly Melissa,
que já usei em logotipo para empresa infantil, mas não adianta nada eu querer
encaixá-la em um trabalho de logotipo de uma empresa de Tatoo chamada InkTatoos,
em compensação, os desenhos que formam um coração, não cai lá muito bem mas,
se mesmo assim, eu quiser uma caligrafada similar, tem a Lovelly, que apesar do
nome, traduz um pouco melhor o conceito de um studio de tatuagem.
Fontes serifadas transmitem elegância, mas evite o uso delas em textos com
corpo pequeno ou sobre fundo colorido ou em textos longos no campo digital. As
serifas podem acabar confundindo ou cansando o leitor mais rapidamente. São
excelentes para uso em clientes que precisam transmitir credibilidade. Advogados,
médicos, bancos, escolas centenárias...
Os tipos modernos e bastonados caem muito bem para clientes que desejam
demonstrar descontração ou mesmo em uso conjunto com as serifadas. É uma
mistura que geralmente funciona. São tipos que vão bem para perfumarias,
automóveis, escritórios de arquitetura, alimentos... Claro que adequar ao cliente é
imprescindível. A fonte precisa conversar com o cliente e com o público dele.
Quando for escolher uma fonte para uma identidade visual, que você precise
desenvolver várias peças, opte por uma família de fontes mais extensa, com mais
tipos (bold, italic, extendida, light etc.), quando você usa uma única fonte com vários
pesos, muitas vezes você dá a impressão de ter usado várias fontes, com a vantagem
de que sempre se combinarão e garantirão a harmonia. Um trabalho menor, como um
site ou mesmo um cartaz por exemplo, deve ter um número máximo de famílias. Evite
usar mais que duas em trabalhos menores e mais que três em trabalhos maiores.
Nunca use fontes serifadas itálicas em caixa alta (versal), é péssimo de ler.
Para logotipos, sempre adquira a licença comercial e procure personalizar a fonte e,
tente jamais utilizar uma fonte, apenas porque está na moda. Logotipos como veremos
mais tarde, não podem seguir moda, eles precisam ser feitos para ter durabilidade.
Muita gente se perde quando a questão é combinar fontes. Quando não temos
ainda domínio do assunto, podemos criar relações tediosas, mais ou menos quando
somos obrigados a rever o mesmo filme pela quinta vez e já sabemos o enredo ou
absolutamente com conflitos de informações em excesso, o que causa ruído na
comunicação, nesse caso é mais ou menos como entrar numa casa noturna com
banda e todo mundo falando em volta e tentar conversar.
Figura 3.46 – Capa da revista Corpo a Corpo, outro exemplo de uma relação concordante de sucesso
Fonte: Editora Escala (2017)
Quando você tiver dificuldade em perceber onde está o erro, não procure por
diferença entre as fontes, mas pelas similaridades, mas nada, absolutamente nada irá
substituir o bom senso e o consenso com seu briefing. Técnica e criatividade precisam
andar de mãos dadas.
REFERÊNCIAS
HOOD, Jim. Specimen of the typeface Arial, Jim Hood. 2007. Disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:ArialMTsp.svg>. Acesso em: 7 nov. 2018.
MOYOGO. Sample image for the font Candara. 2015. Disponível em:
<https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=40933892>. Acesso em: 7 nov.
2018.
RALLO, Rafael. Tipografia: como usar um dos pilares do Design Gráfico a seu
favor. 2017. Disponível em: <https://marketingdeconteudo.com/tipografia/>. Acesso
em: 7 nov. 2018.
RIO MEGA, GRÁFICA. Aprenda mais sobre serifas. 2016. Disponível em:
<https://www.graficariomega.com.br/blog/aprenda-mais-sobre-serifas/> Acesso em: 3
nov. 2018.
SCHER, Paula. Abstract: The Art of Design. Paula Scher: Graphic Design.
Capítulo 6. Direção: Richard Press. [S.l.]: Netflix, 2017. 1 Streaming (41 min), color.
WILLIANS, Robin. Design para quem não é designer. São Paulo. Callis. 1995.