Notas de Aula - 3

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3.

As demonstrações financeiras
3.1 O Balanço
Curso de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria
Contabilidade Geral
Ano Lectivo 2021
3. As Demonstrações Financeiras

3.1 O Balanço
3.1.1 Conceitos
3.1.2 Pressupostos subjacentes
3.1.3 Características qualitativas das demonstrações financeiras
3.1.4 Utilizadores da informação financeira
3.1.5 O reconhecimento e a mensuração
3.1.6 Transações usuais
3.1.7 Alguns Balanços reais
3.1.8 Casos Práticos
1. Conceitos

1.1 O Património
Conjunto de bens heterogéneos pertencentes às unidades económicas sujeitos a uma
gestão
Elementos Patrimoniais

Bens e direitos – ativos/positivos


Unidades
Obrigações – passivos/negativos Monetárias
1 Conceitos
1.2 O Balanço
O Balanço
 Demonstração financeira onde se estabelece a comparação entre o Ativo e o
Passivo (composição do património), numa determinada data, evidenciando os
Capitais Próprios (valor do património);

 Demonstração da posição financeira de uma entidade em determinada data.


1 Conceitos

1.2 O Balanço

Definições:

“O balanço é a expressão da relação existente entre o Ativo, o Passivo e os Capitais

Próprios”. (Jean Dumarchey)

“O balanço é o aglomerado de valores antitéticos em equilíbrio ou igualdade numérica”.

(José António Sarmento)


1 Conceitos

1.2 O Balanço

ATIVO = PASSIVO + CAPITAL PRÓPRIO

IGUALDADE FUNDAMENTAL DO BALANÇO

Ou

APLICAÇÃO DE FUNDOS = ORIGEM DE FUNDOS


1 Conceitos

1.2 O Balanço
Aplicação prática:
A Jaica e a Mirana, operárias da indústria têxtil, actualmente desempregadas, decidiram
aproveitar a sua experiência na área do pronto-a-vestir e criaram o seu próprio negócio.
Para tal constituiram, em 2 de outubro do ano N, uma sociedade por quotas dedicada à
comercialização de artigos de retrosaria e à realização de arranjos de costura, denominada
“Linha fina, Lda.”.
As sócias decidiram que cada uma investiria 4.000 u.m.. A Jaica entrou com a totalidade em
dinheiro depositado numa conta em nome da sociedade e a Mirana entrou com uma máquina
de costura avaliada em 2.000 u.m. e com mobiliário avaliado em 2.000 u.m..
No dia 10 de outubro a sociedade adquiriu a crédito mercadorias no valor de 1.700 u.m..
1 Conceitos

1.2 O Balanço
Requisitos:
 clareza;
 veracidade (completo e exato);
 uniformidade.
Classificação:
Os Balanços podem classificar-se de acordo com diversos critérios:
Disposição:
 balanço vertical;
 balanço horizontal.
Extensão:
 balanço sintético;
 balanço analítico.
1 Conceitos
1.2 O Balanço
Os balanços podem ser classificados segundo vários critérios:
Periodicidade:
• balanço inicial;
• balanço intermédio;
• balanço final.
Causas de elaboração:
• balanço de fundação;
• balanço de gestão;
• balanço de liquidação;
• balanço de partilha.
1 Conceitos
1.2 O Balanço
Os balanços podem ser classificados segundo vários critérios:
Natureza temporal:
• balanço histórico;
• balanço previsional.
Finalidade:
• balanços internos:
. periódicos (ex. previsão);
. eventuais (ex. fundação);
• balanços externos:
. fiscais;
. financeiros.
1 Conceitos
1.3 Principais magnitudes do Balanço
O Balanço é composto por 3 magnitudes:
ATIVO
MASSAS PATRIMONIAIS
PASSIVO

CAPITAL PRÓPRIO

Da comparação entre os valores ativos e passivos podemos obter as seguintes situações:


A>P CP > 0
A=P CP = 0
A<P CP < 0
Subjaz o
1 Conceitos critério de
propriedade
1.3 Principais magnitudes do Balanço

Conceção jurídico-patrimonialista ATIVO: é o conjunto de bens e direitos de propriedade da entidade

PASSIVO: é o conjunto de obrigações da entidade.

CAPITAL PRÓPRIO: corresponde à diferença entre o ativo e o


passivo valor contabilístico da entidade.
1 Conceitos
1.3 Principais magnitudes do Balanço

Passivo latu sensu = Origem de fundos


CAPITAL PRÓPRIO
Património líquido /
Interesse residual dos
ATIVO detentores do capital
Direitos de propriedade
e de crédito
PASSIVO
(ou Capitais Alheios)
Obrigações da entidade

Conjunto de obrigações
para com terceiros e
residualmente para com os
proprietários.
Assenta no Um ativo é de quem
critério de o controla e não
controlo necessariamente de
1 Conceitos quem tem a sua
propriedade

(Estrutura Conceptual do IASB e do PCG-NIRF)


1.3 Principais magnitudes do Balanço

ATIVO: é um recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos passados e do qual
se espera que fluam para a entidade benefícios económicos futuros.

PASSIVO: é uma obrigação presente da entidade proveniente de acontecimentos passados, da


Conceção económica

liquidação da qual se espera que resulte um exfluxo de recursos da entidade incorporando.


benefícios económicos

CAPITAL PRÓPRIO: interesse residual nos ativos da entidade após dedução de todos os passivos.
1 Conceitos
1.3 Principais magnitudes do Balanço

Ciclo de
investimento
Aplicações de fundos Capital próprio Ciclo de
financiamento

Ativo não Passivo não


corrente corrente Capitais
permanentes

Ativo corrente
• Inventários
• Contas a receber
Ciclo de • Meios financeiros Passivo corrente
exploração líquidos
1 Conceitos
1.3 Principais magnitudes do Balanço

Classificação do Ativo

Ativo corrente – corresponde aos elementos do ativo que serão consumidos, vendidos ou
transformados em meios monetários, no decurso normal do ciclo operacional da entidade (ou,
normalmente, até doze meses após a data do Balanço), sendo que alguns deles já são meios
monetários (inventários, clientes, depósitos em instituições financeiras, etc.).

Ativo não corrente – corresponde aos elementos do ativo que permanecem na entidade,
normalmente, por um período superior a doze meses e não fazem parte do seu ciclo operacional
(terrenos e recursos naturais, equipamento básico, equipamento administrativo, equipamento de
transporte, etc.).
1 Conceitos
1.3 Principais magnitudes do Balanço

Classificação do Passivo

Passivo corrente – corresponde ao conjunto das dívidas (obrigações) que se espera liquidar no
decurso normal do ciclo operacional da entidade (ou, normalmente, até doze meses após a data do
Balanço) (fornecedores, dívidas a instituições de crédito, etc.).

Passivo não corrente – corresponde ao conjunto das dívidas (obrigações) que se espera liquidar
após o decurso normal do ciclo operacional da entidade (ou, normalmente, num período superior a
doze meses após a data do Balanço) (dívidas a instituições de crédito, empréstimos obrigacionistas,
dívidas resultantes de operações de locação financeira, etc.).
1 Conceitos
1.4 Formas de apresentação
Ativo – liquidez crescente
Passivo – exigibilidade crescente
Capital Próprio – formação histórica

ATIVO CAPITAL PRÓPRIO


Investimentos
Contas a receberm.l.prazo
Inventários
Contas a receber c.prazo PASSIVO
Meios financeiros líquidos Contas a pagar m.l. prazo
Contas a pagar c. prazo
1 Conceitos
1.4 Formas de apresentação
Dispositivo horizontal
Dispositivo vertical
CAPITAL PRÓPRIO ATIVO
ATIVO E
PASSIVO

CAPITAL PRÓPRIO
E
PASSIVO
2. Pressupostos subjacentes

Acréscimo

As transações e outros acontecimentos são reconhecidos quando ocorrem, sendo contabilizados e


relatados nas Demonstrações Financeiras dos períodos com os quais se relacionem.

Continuidade

Pressupõe-se que a entidade está em atividade contínua e que continuará a operar no futuro
previsível não tendo intenção nem necessidade de liquidar ou reduzir drasticamente o nível das suas
operações.
3. Características qualitativas das DF

Compreensibilidade
A IF deve ser rapidamente compreensível pelos utentes, assumindo-se para tal que estes têm um
razoável conhecimento das atividades económicas e da contabilidade, bem como, vontade de estudar
a informação com razoável diligência.
Relevância
A informação é relevante quando influencia as decisões económicas dos utentes ao ajudá-los a:
 avaliar os acontecimentos passados, presentes ou futuros; ou
 a confirmar, ou corrigir, as suas avaliações passadas.
• Materialidade
A relevância da IF é afetada pela sua natureza e materialidade. A informação é material se a sua
omissão ou inexatidão influenciarem as decisões económicas dos utentes tomadas na base das
demonstrações financeiras.
3. Características qualitativas das DF

Fiabilidade
A informação é fiável quando:
 estiver isenta de erros materiais e de preconceitos, e
 represente fidedignamente o que ela, ou pretende representar, ou pode razoavelmente esperar-se
que represente.

A fiabilidade depende de outras características:


• Representação fidedigna
• Substância sobre a forma
• Neutralidade
• Prudência
• Plenitude
3. Características qualitativas das DF

Comparabilidade

Os utentes têm de ser capazes de comparar as demonstrações financeiras de uma entidade ao longo
do tempo a fim de identificar tendências na sua posição financeira e no seu desempenho.

Os utentes têm também de ser capazes de comparar as demonstrações financeiras de diferentes


entidades a fim de avaliar de forma relativa a sua posição financeira, o seu desempenho e as
alterações na posição financeira.
4. Utilizadores da IF

- Investidores

- Empregados

- Mutuantes

- Fornecedores e outros credores comerciais

- Clientes

- Governo e seus departamentos

- Público
5. O reconhecimento e a mensuração

“Princípios Contabilísticos Geralmente Aceites” (PCGA):


É uma expressão que abrange conceitos amplos, normas de procedimentos e práticas detalhadas,
estabelecendo, numa dada altura, o modo como se devem registar ativos, passivos e as respetivas
alterações.

Os princípios SÃO CONVENÇÕES e não leis imutáveis, porquanto as características da Contabilidade


Financeira são determinadas pelo seu meio envolvente, o qual está em constante mutação.

Assim, os organismos que estabelecem tais convenções têm a liberdade de alterar algumas delas,
sempre que tal se torne desejável com vista à obtenção da imagem verdadeira e apropriada da
posição financeira e dos resultados das entidades/empresas.
5. O reconhecimento e a mensuração

Os PCGA estabelecem regras relativas a:


5. O reconhecimento e a mensuração

Reconhecimento dos elementos do Balanço


Reconhecimento:

É o processo de incorporar no balanço um dado item.

Critérios de reconhecimento:

Um elemento para ser reconhecido no Balanço deve satisfazer a sua própria definição e os seguintes
critérios adicionais:
 seja provável que qualquer benefício económico futuro, associado com o elemento,
fluirá para (ou da) entidade; e,
 tenha um custo ou um valor que possa ser medido com fiabilidade.
5. O reconhecimento e a mensuração

Mensuração dos elementos do Balanço


É o processo de determinação das quantias monetárias pelas quais os
elementos das demonstrações financeiras devam ser reconhecidos e
inscritos no balanço
Envolve a seleção da base de mensuração: É a base de mensuração
geralmente adotada na
- Custo histórico preparação das DF,
embora
- Custo corrente muitas vezes combinada
com outras bases
- Valor de realização (de liquidação)
- Valor presente
- Justo valor (fair value)
6. Transações usuais
6. Transações usuais
6. Transações usuais
6. Transações usuais
6. Transações usuais
6. Transações usuais
Capital Próprio

Capital Próprio é composto por:

CAPITAL PRÓPRIO INICIAL


 Capital

CAPITAL PRÓPRIO RETIDO/ADQUIRIDO


 Outros Instrumentos de Capital Próprio
 Reservas
 Resultados transitados
 Subsídios
 Resultado líquido do período
6. Transações usuais
6. Transações usuais

Aplicação prática:
1. Realização do capital social em dinheiro
2. Obtenção de um empréstimo bancário
3. Aquisição de mercadorias a dinheiro
4. Compra de mercadorias a crédito
5. Compra de mercadorias (pagamento: parte em dinheiro e parte a crédito)
6. Depósito à ordem no Banco Poupança
7. Devolução de mercadorias a fornecedor
8. Pagamento a fornecedores
9. Pagamento de despesas pessoais de um sócio

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