Fim Da Guerra Entre Vendas e Marketing XXX
Fim Da Guerra Entre Vendas e Marketing XXX
Fim Da Guerra Entre Vendas e Marketing XXX
A verba de cada grupo também reflete que departamento detém mais poder na
organização, fator significante. Na hora de repartir a verba, o presidente tende a
privilegiar o braço de vendas. “Por que devo investir em mais marketing quando
posso obter resultados melhores contratando mais vendedores?”, disse a nós o
cabeça de uma empresa. É comum o presidente encarar a área de vendas como
mais tangível, com mais impacto no curto prazo. Além disso, a contribuição do
grupo de vendas aos resultados é mais fácil de julgar do que a do pessoal de
marketing.
O conflito cultural entre vendas e marketing é ainda mais arraigado que o conflito
econômico. Em parte, isso ocorre porque cada área atrai um tipo de gente
distinta, que gasta seu tempo de maneira muito distinta. O pessoal de marketing,
que até recentemente tinha mais educação formal que o de vendas, é bastante
analítico, voltado a dados, focado em projetos. Seu grande interesse é criar uma
vantagem competitiva para o futuro. Essa gente julga friamente o desempenho
de seus projetos e é implacável com iniciativas infrutíferas. Só que esse foco no
desempenho nem sempre parece ação para colegas de vendas, pois a coisa
toda transcorre atrás de uma mesa, e não lá fora, em campo. O pessoal de
vendas, por sua vez, passa todo o tempo falando com clientes reais e potenciais.
É mestre no cultivo de relacionamentos; não só sabe se a clientela está inclinada
ou não a comprar como fareja que recursos do produto vão emplacar e quais
serão ignorados. Quer estar sempre em movimento. Está habituado à rejeição,
e não se deprime com isso. Vive para fechar uma venda. Não surpreende que
esses dois grupos de indivíduos achem difícil trabalhar a contento juntos.
Hora de avançar
Uma vez que uma organização entenda a natureza da relação entre seus grupos
de marketing e de vendas, a cúpula gestora talvez queira promover um
alinhamento mais forte entre os dois (o que nem sempre é necessário; o quadro
“É preciso um alinhamento maior?” pode ajudar a empresa a decidir se deve ou
não mudar algo).
Já o marketing pode dizer que o pessoal de vendas não agiu com suficiente
afinco ou inteligência. Além disso, o pessoal de marketing pode perder contato
com clientes ativos. Vendas, por sua vez, costuma ter um funil próprio para
descrever a sequência de tarefas de venda. Um funil desses — integrado ao
sistema de CRM e a processos de projeção de vendas e análise de contas — é
uma base cada vez mais relevante para a gestão de vendas. Infelizmente, o
marketing não costuma ter voz nesses processos. Certas empresas em nosso
estudo, porém, integraram o marketing ao funil de vendas. Durante a prospecção
e a qualificação, por exemplo, o marketing ajuda vendas a criar padrões comuns
para leads e oportunidades. Durante a etapa de definição das necessidades, o
marketing ajuda vendas a formular propostas de valor. Na fase de concepção de
soluções, o marketing fornece material de apoio a soluções — modelos
organizados e guias de customização para que o pessoal de vendas possa criar
soluções para os clientes sem ter de estar sempre reinventando a roda. Quando
o cliente está prestes a decidir, o marketing contribui com estudos de caso,
histórias de sucesso e visitas às instalações para ajudar a dissipar qualquer
dúvida do cliente. E, durante a negociação do contrato, o marketing assessora a
equipe de vendas com o planejamento e a definição de preços. Naturalmente,
ao envolvimento do marketing no funil de vendas deveria corresponder o
envolvimento de vendas nas decisões estratégicas que o grupo de marketing
está tomando. O pessoal de vendas deveria participar, ao lado do marketing e
de P&D, de decisões de segmentação de mercado, de oferta de produtos (a
quais segmentos) e de posicionamento de tais produtos.
Divida o marketing em dois grupos. Há fortes razões para dividir o marketing num
grupo estratégico (upstream) e num tático (downstream). O marketing tático
desenvolve campanhas publicitárias e promocionais, material de apoio, casos,
ferramentas de vendas. Ajuda o pessoal de vendas a desenvolver e qualificar
leads. A equipe estratégica usa a pesquisa de mercado e o feedback de
representantes de vendas para ajudar a vender produtos existentes em novos
segmentos de mercado, criar novas mensagens e projetar ferramentas de
vendas melhores. O marketing upstream dedica-se à sondagem do cliente. Ou
seja, monitora a voz do cliente e desenvolve uma longa visão de ameaças e
oportunidades de negócios da empresa. A equipe upstream compartilha seus
insights com altos gerentes e criadores de produtos — e participa do
desenvolvimento de produtos.
É mais fácil definir e monitorar métricas de vendas. Entre as mais comuns estão
o percentual da cota de vendas atingido, o número de novos clientes, o número
de vendas fechadas, o lucro bruto médio por cliente e despesas de vendas em
relação ao total vendido. Quando o pessoal tático do marketing se envolve no
processo de vendas — em equipes de contas cruciais, por exemplo —, faz
sentido medir e premiar seu desempenho usando métricas de vendas. Como,
então, avaliar o pessoal do marketing estratégico? Com base na precisão da
projeção de produtos, ou no número de novos segmentos de mercado que
descobre? A métrica vai variar conforme a atividade de marketing.