Apostila Piaget

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Disciplina: Didática e Trabalho docente

Professora: Francinvalda Barros


Alunos (as): Francisco Mendes
Lucas Aparecido
Victor Afonso
Kelber Lima
Yorrane Pabline
Leydiane Lacerda
Carlos André
Luzivan Novais
Cursos: Letras Português Espanhol/ Matemática

Jean Piaget
Sua contribuição para a Educação

Nascido no dia 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na Suíça, Jean Piaget aos 11


anos, publicou seu primeiro trabalho sobre sua observação de um pardal albino, esse
breve estudo é considerado o início de sua brilhante carreira científica. Ele recebeu seu
doutorado em Biologia em 1918, aos 22 anos de idade, passou a combinar a psicologia
experimental – que é um estudo formal e sistemático, com métodos informais de
psicologia: entrevistas, conversas e análises de pacientes.
Em 1919, mudou-se para a França, onde foi convidado a trabalhar no laboratório
de Alfred Binet, um famoso psicólogo infantil que desenvolveu testes de inteligência,
padronizado para crianças, Piaget notou que crianças francesas da mesma faixa etária
cometiam erros semelhantes nesses testes e concluiu que o pensamento lógico se
desenvolve gradualmente.
Em 1921, voltou à Suíça e tornou-se diretor de estudos no Instituto J, lá ele
iniciou o maior trabalho de sua vida, ao observar crianças brincando e registrou
meticulosamente às palavras, ações e seus processos de raciocínio.
As teorias de Piaget foram, em grande parte, baseadas em estudos e observações
de seus filhos, onde realizou ao lado de sua esposa, enquanto prosseguia com suas
pesquisas e publicações de trabalhos. Piaget lecionou em diversas universidades
europeias, registros revelam que ele foi o único suíço a ser convidado para lecionar na
Universidade de Sorbonne (Paris, França), onde permaneceu de 1952 a 1963.

1. A visão interacionista de Piaget: a relação de interdependência entre o


homem e o objeto do conhecimento.

Segundo Piaget, o conhecimento não procede nem da experiência única dos objetos,
e nem de uma programação inata pré-formada pelo individuo como é sustentado por
outras correntes da psicologia. Este conhecimento aplica-se pela construção e
elaboração de novas estruturas na mente humana, defendendo assim, que o
conhecimento não é inato. Na verdade a capacidade de evolução da inteligência do
individuo seria ativado pelas experiências que ocorre entre o sujeito e o objeto a
conhecer, é uma espécie de dependência.
Se não existe um objeto ou um sujeito, não se desenvolve esses conhecimentos,
desta maneira não existira um conhecimento sobre tais objetos. Essas vivências
trabalham aquilo que seriam as formas primitivas da mente (biologicamente falando)
uma vez que essa “socialização” possibilita um equilíbrio entre o organismo e o meio ao
qual este está inserido.

2. O equilíbrio e o raciocínio lógico.

Para Piaget, o pensamento lógico é ativado pela convivência entre sujeito-objeto,


cujas condições biológicas são ativadas em contexto físico e social, independente de o
ser humano possuir uma estrutura biológica, e, portanto instintiva que lhe permita
desenvolver o mental, esta concisão só por si, não garante o seu desenvolvimento, pois é
considerável e indispensável à interação entre sujeito e objeto. Não obstante, essa
interação não é uma condição suficiente para o desenvolvimento cognitivo.
O desenvolvimento da cognição demanda o uso do raciocínio, lembrando que tais
fatores (experiência sensorial e raciocínio) são indispensáveis na construção da
inteligência humana, propiciando assim, o pensamento lógico. São essas relações entre
humano e objeto que permitem o equilíbrio e o desenvolvimento humano que são
condicionadas ou promovidas em duas situações: as variam e as situações não variáveis.

A. Invariáveis: referentes ao organismo biológico (herança genética) que


acompanham o indivíduo até ao fim de seus dias - sensoriais e as neurológicas,
que permitem a formação das estruturas de conhecimento - tendência natural e
pré-disposição, a organização e entendimento.

B. Variáveis: representado pelo esquema mental cuja formulação é variável e


permite a adaptação aos contextos situacionais, transformando o processo de
conhecimento de acordo com a interação existente. Mostra que a inteligência
não é inata e sim construída pela interação.

Contudo esse equilíbrio não é uma condição estática e inalterável, podendo sofrer
abalos em contextos situacionais diferentes. Tais abalos obrigam o organismo a procurar
se reajustar a nova realidade, o que ocorre pelos processos de Assimilação e
Acomodação. No primeiro processo, o ser pensante tenta encontrar explicação para a
nova realidade nos conhecimentos pré-concebidos, observando o objeto ou a nova
realidade, buscando identificar aspetos que lhe sejam familiares a fim de desvendar o
“novo”, com o propósito de restabelecer seu “conforto”. Quando esta tentativa é
frustrada e não produz o resultado desejado, o ser pensante faz uso da acomodação com
o propósito de que suas estruturas pré-estabelecidas possam ser alteradas, visando
retomar o domínio sobre o contexto situacional ou a nova realidade. Na verdade é o
momento em que o “novo” age sobre o indivíduo reformulando seus esquemas mentais
com as informações novas. A este processo dá-se o nome de Acomodação.
Todas estas condicionantes, e vai-e-vem de construção e reconstrução do
conhecimento, e os conflitos que deles advém, exigem um esforço cognitivo interessado
em que o todo o processo de equilíbrio seja restabelecido. Para Piaget, essa
transformação da cognição e desenvolvimento do organismo ocorre em quatro fases:

A. Período Sensório-motor (0 a 2 anos)- A realidade existente é não é entendida


pelo bebé. Neste período suas funções mentais limitam-se ao exercício dos
aparelhos reflexos inatos, assim sendo, o universo que circunda a criança é
conquistado mediante a percepção e os movimentos sensoriais. Brevemente a
criança vai aperfeiçoando esses reflexos e adquirindo habilidades, chegando ao
final do período sensório-motor, concebendo dentro de uma realidade com
objetos, tempo, espaço, causalidade objetivados e solidários, entre os quais situa
a si mesma como um objeto específico, agente e paciente dos eventos que nele
ocorrem.

B. Período pré-operatório (2 a 7 anos): transição do período sensório-motor para


o pré-operatório é o aparecimento da função simbólica ou semiótica, ou seja, é a
emergência da linguagem, necessária para o desenvolvimento da criança, porém
não suficiente para o desenvolvimento cognitivo. Surgem as interações
devidamente compreendidas pela criança dentro da realidade dela. A criança
apresenta capacidade de atuar de forma lógica e coerente (em função da
aquisição de esquemas sensoriais-motores na fase anterior) ela apresentará,
paradoxalmente, um entendimento da realidade desequilibrado (em função da
ausência de esquemas conceituais. Não concretiza a relação lógica entre os
diversos esquemas existentes como, por exemplo, na oralização).

C. Período das operações concretas (7 a 11, 12 anos): neste período a criança não


é capaz de se colocar no lugar do outro ou pelo menos compreender as demais
visões do mundo manifestadas por terceiros, sendo assim a criança estará na fase
do egocentrismo. Surge então a real necessidade dela ser capaz e estabelecer a
interação e socialização, podendo assim reconhecer as divergências existentes,
compreende-los de forma lógica e coerente. Nesta fase de sua vida, a criança,
realiza operações mentais que anteriormente só faria pela inteligência através
dos sentidos e motorização, ou seja, ela não precisa mais tocar em objetos para
distinguir tamanhos ou texturas. Desta maneira ela já consegue distinguir, por
exemplo, o que queima e o que não queima, sem precisar se colocar em risco.
Além disso, conforme pontua La Taille (1992:17) se no período pré-operatório a
criança ainda não havia adquirido a capacidade de reversibilidade, i.e., "a
capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e o estado final de
alguma transformação efetuada sobre os objetos (por exemplo, a ausência de
conservação da quantidade quando se transvaza o conteúdo de um copo A para
outro B, de diâmetro menor)", tal reversibilidade será construída ao longo dos
estágios operatório concreto e formal.
D. Período das operações formais (12 anos em diante): nesta fase a criança,
ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue raciocinar
sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar esquemas conceituais
abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípios da
lógica formal. Com isso, conforme aponta Rappaport (op.cit. 74) a criança
adquire "capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de
conduta: discute valores morais de seus pais e constrói os seus próprios
(adquirindo, portanto, autonomia)".

De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta fase, o indivíduo adquire a sua
forma final de equilíbrio, ou seja, ele consegue alcançar o padrão intelectual que
persistirá durante a idade adulta. Isso não quer dizer que ocorra uma estagnação das
funções cognitivas, a partir do ápice adquirido na adolescência, como enfatiza
Rappaport (op.cit. 63), "esta será a forma predominante de raciocínio utilizada pelo
adulto. Seu desenvolvimento posterior consistirá numa ampliação de conhecimentos
tanto em extensão como em profundidade, mas não na aquisição de novos modos de
funcionamento mental".
Piaget afirma e se fundamentam ainda em outras três etapas que fundamentam a
inteligência, e que está ligada a moral:

a) Anomia (crianças até 5 anos) A moral não se coloca, ou seja, as regras


são seguidas, porém o indivíduo ainda não está mobilizado pelas relações
bem x mal, e sim pelo sentido de hábito, de dever;
b) Heteronímia (crianças até 9, 10 anos de idade) em que a moral é = a
autoridade, a criança olha para as regras ou deveres como imposição. É
aqui também que ela vai testando o quanto essas regras podem ser ou não
quebradas, concluindo pela experiência que são inalteráveis. Cabe aqui o
velho ditado “Quem pode manda, e os outros obedecem”.
c) Autonomia: com último estágio do desenvolvimento moralista, é neste
momento em que a criança compreende que a cooperação com as regras
lhe trará certos benefícios. As Crianças já não olham para as regas como
uma imposição, mas sim como um meio de cooperação, entendida uma
parte a outra parte verá também em parte seus anseios atendidos.

A própria moral pressupõe inteligência, haja vista que as relações entre moral x
inteligência têm a mesma lógica atribuídas às relações inteligência x linguagem. A
inteligência embora necessária não seja uma condicionante para que se desenvolva a
moral. A moralidade manifesta-se racionalmente em três níveis:

a) regras: que são formulações verbais concretas, explícitas.


b) princípios: que representam o espírito das regras. (Como exemplo: todos
diferentes, todos iguais).
c) valores: que dão respostas aos deveres e aos sentidos da vida, permitindo
entender de onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas.
Piaget ao observar os estágios de desenvolvimento, e os descreve de maneira que
somado ao ensino pedagógico pode facilitar e melhorar a forma de ensino, não apenas
conteúdos, mas também percepções da realidade, ou seja, abre varias possibilidades
para o aprendizado. Piaget descreve atitudes e características de acordo com a faixa
etária da fase de desenvolvimento, mas não se deve aplicar totalmente o conceito, mas
sim adapta-lo, pois cada indivíduo é único e tem suas próprias características.

Podemos concluímos que, de acordo com Piaget que o trabalho de educar


crianças não é focado apenas na transmissão de conteúdos, mas também no
favorecimento da atividade mental do aluno, conhecer a obra de Piaget, pode ajudar o
professor a tornar seu trabalho mais eficiente. Existem escolas que fazem o
planejamento de suas atividades de acordo com os estágios do desenvolvimento
cognitivo.
Em classes de Educação Infantil com crianças entre 2 e 3 anos, por exemplo, não
é difícil perceber que elas estão em plena descoberta da representação. As crianças
começam a ter novas experiências, e despertam o ter interesse em brincar de serem
outras pessoas, com imitação das atividades vistas em casa e dos personagens das
histórias. A escola que adotar esse método fará um grande bem, pois estará promovendo
uma grande ampliação no repertório de referências. Porém vale ressaltar que os modelos
teóricos são sempre parciais e que, no caso de Piaget em particular, não existem receitas
para a sala de aula.

Referências:

https://www.infoescola.com/biografias/jean-piaget/ 09 de junho de 2020 às


7h45.

https://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/d00005.htm/10 de
junho 2020 às 03h45

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