Historia de Africa IV - PRE - PRES
Historia de Africa IV - PRE - PRES
Historia de Africa IV - PRE - PRES
Universidade Rovuma
2022
Universidade Rovuma
2022
Índice
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Introdução........................................................................................................................................3
1.A crise económica dos anos 80 e a emergência do programa de reajustamento estrutural em
África…...........................................................................................................................................4
1.1.Estratégias de desenvolvimento em África................................................................................4
1.2.O Plano Prospectivo Indicativo (O PPI)....................................................................................4
1.3.O Plano Prospectivo Indicativo (PPI)........................................................................................5
1.4.Factores da Ineficiência do PPI.................................................................................................6
2.Os Programas de Reajustamento Estrutural.................................................................................7
2.1. O Programa de Reabilitação Económica (PRE).......................................................................8
2.2. A Adesão de Moçambique ao BM e ao FMI............................................................................8
2.3.O PRE de 1987..........................................................................................................................9
2.4.Impacto do PRE na Sociedade Moçambicana.........................................................................11
2.5. Problemas do PRE..................................................................................................................14
2.6.A África nas relações internacionais com a Bretton woods(BM e FMI)................................15
2.7.O quadro económico actual e contínua dependência da África pela Britton Woods..............16
Conclusão......................................................................................................................................17
Referencia Bibliográfica................................................................................................................18
Introdução
A década de 1980, em particular, considera-se como uma época de sofrimento em termos
econômicos, políticos e sociais, na qual, em África, se registaram transformações importantes
para o futuro imediato da África e suas relações com e o mundo. A áfrica não estava preparada
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para crescer da forma que lhe era exigido, faltava às bases e, de certa forma, uma limpeza
estrutural que pudesse significar o desenvolvimento, que permitisse aos seus financiadores
acreditar na superação dos obstáculos.
Por outro lado havia uma interessante necessidade da integração econômica internacional da
África por meio de assinaturas de convênios com instituições internacionais como o BM e FMI,
de forma que os países africanos possam catapultar os seus desenvolvimentos de forma muito
especial e econômico.
Desta forma o presente trabalho tras como objectivos:
Objectivo geral:
Objectivos específicos:
A metodologia usada para elaboração sintética deste trabalho, foi basicamente a consulta
bibliográfica num processo que tanto resultou no confronto das mesmas de modo a obter a
veracidade do essencial adquirido.
No que concerne a organização do trabalho importa referir sinteticamente que os conteúdos estão
sequenciados de acordo com a amplitude de sua complementaridade lógica, partindo da
Introdução, desenvolvimento, conclusão e por fim a referência bibliográfica onde estão
mencionados os autores e as suas respectivas obras que sustentam o trabalho.
Nos anos 80, a crise no continente africano deixava transparecer a necessidade urgente de
reformas. As finanças públicas apresentavam-se deficitárias e a corrupção, a "má governação" e
o "neo-patrimonialismo" caracterizavam a actuação do Estado. As propostas do FMI e do Banco
Mundial - liberalismo económico e estímulo dos mercados em detrimento da intervenção
pública, traduzem-se em medidas como o estabelecimento de taxas de utilização dos serviços
públicos, remoção de subsídios, despedimento de funcionários públicos, cortes salariais e
privatizações.
Estas reformas não só significaram o engajamento das novas autoridades para encontrarem os
melhores caminhos para a administração do país como significaram o total rompimento, a vários
níveis, com a antiga ordem colonial
Em 1980, alguns paises africanos adoptaram algumas politicas que na maioria dos paises da
africa limitaram-se a ofenciva política e organizacional em todas as frentes”, destinada a
eliminar a Corrupção, a ineficiência e a burocatização do estado. Estas todas estratégias foram
efectivadas por seguintes componentes economicos novos planos económicos:
O plano perspectivo e indicativo (P.P.I.) e
O plano Estalal Central (P.E.C.) que preconizam a centralização da economia
De referir que o Novo Estado Moçambicano após a conquista da sua independência vai adoptar
um governo do modelo Socialista, caracterizado pelo Centralismo. A opção da FRELIMO pelo
modelo Socialista, na visão de Cabaço (2007:417) circunscreve-se no sentimento
anticolonialista, pelo que dá-se a entender que as raízes do socialismo moçambicano encontram-
se no período de luta de libertação de Moçambique. É nessa perspectiva que, o mesmo autor
afirma que um processo revolucionário implicaria a negação da estrutura que o criou. A
finalidade do esforço da guerra e dos esforços consentidos se deveria materializar no acesso da
população à gestão de uma nova realidade (2007: 417).
Portanto, tomando em conta que o sistema colonial regia-se pelo modelo capitalista, torna-se
evidente que o sentimento anticolonialista e da necessidade de implantação de uma nova
estrutura social diferente desta, desembocaria na opção pelo sistema socialista:
O PPI revelava a partir das acções interventivas que, para o alcance do objectivo traçado como
primordial, seria necessário realizar investimentos de elevada importância. Contudo, algumas das
fraquezas desse programa consistiram da falta de recursos financeiros internos para a realização desses
investimentos, sendo demasiado dependente de recursos externos, com uma orientação comercial e
económica centralizada no mercado interno, uma gestão macroeconómica desequilibrada e
excessivamente centralizada com uma articulação não efectiva com o sector agrário (MEQUE, 2013: 35).
1.4.Factores do PPI
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Muito cedo, em menos de três anos (1980-1983), um conjunto de factores revelou evidente a
impossibilidade da concretização dos objectivos que norteavam o PPI. Em 1981, os serviços da dívida e
as taxas de juro sofreram uma alteração no que diz respeito aos empréstimos contraídos os juros móveis.
Desta forma, o país encontrava-se em dificuldades para a amortização da dívida e as reservas de divisas
disponíveis eram insuficientes, havendo, então, necessidade cada vez mais crescente em contrair mais
empréstimos, que devia-se a factores de ordem Nacional, Regional e Mundial (MEQUE, 2013: 36).
Contexto Nacional
a) Guerra Civil a sua generalização por quase todo país, alcançou zonas de grande
importância económica a Sul do Save (o Vale do Limpopo e as vias de acesso a Maputo
começaram a ser persistentemente atacadas) e a Norte do Save, ocupou-se com tamanha
facilidade o Vale do Zambeze (MALOA, 2016: 131);
b) Catástrofes naturais – as cheias e a seca atingiram o auge nos princípios da década
de1980, tendo influenciado para a generalização da fome e da desagregação da
economia rural (NEWITT, 1997: 484).
Contexto Regional
a) Política de desestabilização de África do Sul que, tendo adoptado a estratégia da CONSAS,
contra a SADCC, onde a primeira pretendia perpetuar a dependência regional em relação a África
do Sul. Assim, no âmbito mais abrangente da estratégia da CONSAS, o sistema ferro-portuário
moçambicano que, representava-se como instrumento estratégico da SADCC, tornou-se alvo de
dois processos Sul-Africanos (a desestabilização militar e a desestabilização económica)
(LUCAS, s/d.: 6).
Conjuntura Mundial
a) Guerra Frias assolou de forma negativa a proficiência do PPI. Este fenómeno deveu-se ao
excesso de confiança dos apoios dos países socialistas e nórdicos a Moçambique. Ora, essa
confiança traduziu-se na dependência directa de concessão de apoios financeiros e de mão-de-
obra especializada estrangeira, sobretudo oriundos de países socialistas (MALOA, 2016: 133);
Crise Mundial da década de 1970 – fez-se sentir em Moçambique através dos níveis de
inflação registados a nível mundial (GENTIL, 1998: 366)
.O PPI foi elaborado após o Terceiro Congresso da FRELIMO (realizado em 1977), em 1978,
porém a sua aprovação ocorreria em Agosto do ano seguinte, em uma sessão do Conselho de
Ministros. O objectivo primordial do PPI era o de acabar com o sub desenvolvimento no país em
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dez (10) anos (NEGRÃO, 2003: 5). Para responder ao objectivo deste plano, MALOA
(2016:107) refere que definiram-se as seguintes principais acções.
Falar de Reajustamento Estrutural é refere-se a uma expressão surgida nos anos de 1980, que
associa-se ao conjunto de prescrições da política económica instituída pelas instituições
de Bretton Woods.
Ora, encontra seu enquadramento nas políticas de grandes instituições económicas surgidas no
contexto de desempenhar papel preponderante na economia do mundo – Banco Mundial (BM)
e Fundo Monetário Internacional (FMI) (ALVES, 2002: 17)
Assim, o Reajustamento Estrutural será a implementação das políticas económicas que essas
instituições apresentam como necessárias para a resolução de desequilíbrios macroeconómicos e
a rectificação de políticas não adequadas que impulsionam o desempenho das economias dos
países em via de desenvolvimento (MEQUE, 2013: 45).
A origem do Programa de Reabilitação Económica em Moçambique está associada a sua adesão as Instituições da
Bretton Woods, cujo propósito era de obter apoios externos dos países ocidentais para imiscuir-se da
crise que acuava o Estado Nacional. Portanto, este capítulo visa abordar sobre o PRE introduzido em
Moçambique, concretamente no que diz respeito a sua origem, ao seu desenvolvimento, aos impactos que ele
trouxe para a sociedade e, por fim, revelar os principais problemas que determinaram os resultados
que este programa trouxe.
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A grave crise amadurecida já nos princípios dos anos de 1980 preocupava o governo da FRELIMO, foi então que
sentiu-se no seio dela a necessidade de reavaliar as suas políticas e a sua posição nos assuntos internacionais. Deste
modo, Samora Machel começou a consertar as relações com os países ocidentais, afirmando até, que a
FRELIMO sempre esteve aberta aos investimentos estrangeiros e mostrar-se favorável ao Ocidente.
Mas, foi em 1982 que governo decidiu atrair o auxílio Ocidental e candidatar-se a aderir ao FMI. Portanto, no ano
seguinte, a FRELIMO realizou o seu IV Congresso, onde adoptou uma mudança da política radical que,
imediatamente associou-se a outra campanha (campanha de produção), Já em1984 aderiu à Convenção de
Lomé e, a 24 de Setembro foi aceite como membro do FMI (NEWITT, 1997: 484).
Ainda no mesmo ano de 1984 aprovou-se o Programa de Acção Económica (1984-1986), sendo
um sinal do Programa de Reajustamento Estrutural e foi submetido às IBW para o
financiamento. E porque as IBW têm seus pressupostos ou ainda medidas para todos países que
aderem aos Programas de Reajustamento Estrutural, Moçambique recebeu entre 1985-1986
cinco missões do FMI na perspectiva de verificação da aplicação dessas medidas. Essas missões,
Meque menciona-as sequencialmente:
A partir do momento em que Moçambique foi aceite como membro do FMI e do BM, em1984,
começaram-se as reformas neoliberais que seriam introduzidas em 1987 com o Programa de
Reabilitação Económica, este que surge no contexto do Programa de Reajustamento Estrutural
inspirado nas decisões do Congresso de Washington. Essas reformas tinham em vista a
substituição do modelo Socialista de desenvolvimento pelo modelo Capitalista (MATSINHE,
2011: 34).O PRE tinha como seu principal objectivo restabelecer os equilíbrios
macroeconómicos e restaurar um ambiente que destinasse-se ao desenvolvimento económico, na
perspectiva de reverter a situação de tendência negativa que até então registava-se e a
consequente degradação social sem perspectiva de nenhuma melhoria (GOBE, 1994: 4). Na
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mesma perspectiva, MALENDZA (2006: 10) aponta como principais objectivos do PRE os
seguintes:
Tendo em conta que o PRE tinha em vista o reparo aos erros do PPI e recuperar os índices de
produção e de exportação registados em 1981, este programa destacava como haverem sido
principais erros da estratégia do PPI a má gestão macroeconómica, a distorção da estrutura dos
preços relativos em desfavor da agricultura e das exportações, e o desincentivo à operação do
sector privado nacional e estrangeiro.
Entretanto, para que se conseguisse alcançar êxitos nos objectivos impostos pelo PRE, havia a
necessidade de encontrar medidas através das quais o programa pudesse processar-se. Contudo,
no contexto do PRE que estava assente nos Programas de Ajustamento Estrutural baseados nas
instituições internacionais (BM e FMI), devia seguir estritamente as medidas que essas
instituições impunham, as quais Gobe (1994: 6) aponta:
É nessa linha que Cabaço (1995: 122) refere que, a situação social estava, todavia, agravando-se
por efeitos da política de reajustamento estrutural que o Governo aplica com rigor. A riqueza
concentra-se nas mãos de uma minoria, nacional e estrangeira, a custa da degradação galopante
das condições de vida de uma maioria sempre mais numerosa.
Em uma visão tão ampla, depreende-se que o PRE visava essencialmente melhorar a vida da
população das zonas rurais que, inegavelmente estava degradada, devido as políticas não
adequadas a realidade, tal como é o caso das aldeias comunais e das machambas estatais, visto
que a população rural havia sido atingida de forma severa pela guerra civil, pelas catástrofes
naturais sucessiva, cujos efeitos traduziam-se em fome crónica e degradação das condições
devida e assim, as dificuldades de alimentação eram enormes (MEQUE, 2013: 46).
Os mercados e as lojas começaram a ter bens para a venda e muitos produtos que, até
então existiam no mercado paralelo, passaram a ser vendidos;
Entretanto, o lado negativo parece ter sido maior do que o positivo pelo que
refere-se que, com a implementação do PRES em 1987, verificou-se que o poder
de compra e de consumo diminuíram por causa do agravamento dos termos de
trocas e da diminuição de oportunidades de emprego. O aumento das
quantidades registado durante os primeiros anos do PRE (1987-89) dependeu
mais do facto de os camponeses venderem maiores quantidades do que
anteriormente graças ao processo de liberalização do mercado e não pelo
aumento da produção real para a venda ter aumentado (ABRAHAMSSON &
NILSSON, 1994: 229).
O corte drástico das verbas destinadas a saúde e educação exigidas pelos programas do FMI
levou ao rebaixamento dos empregos para trabalhadores com baixo nível de alfabetização.
Assim, as famílias cujos chefes haviam perdido emprego ficaram incapacitadas de arcar comas
despesas de tratamentos hospitalares (ABRAHAMSSON, 2001: 220).
É, em meio disso que chega-se a referir que no período anterior a implementação do PRE, a
situação do país era relativamente melhor, tomando em consideração que o governo assegurava
os preços da alimentação básica e outros bens e serviços vitais aos mais carentes. Porém, com as
políticas neoliberais adoptadas, assistiu-se a eliminação de subsídios, tendo acarretado a subida
de preços dos alimentos e dos bens de base, o que causou de forma directa problemas como a
desnutrição e doenças infecciosas como a malária e a cólera. Assistiu-se também, após a
implementação do PRE, a redução das taxas de inscrições para o ensino primário (entre 1989-94,
o número de matriculados nas escolas primarias decresceu de 86%para 60% da população
estudantil), pelo que os pais preferiam tirar os filhos da escola (por falta de dinheiro para pagar
as matriculas e os livros escolares), aumentando-se assim a quantidade de mendigos. Por conta
dessa realidade, assume-se que o PRE atingiu as populações mais pobres com tamanha dureza
(MATSINHE, 2011: 47).
Com a questão de privatização das empresas estatais, viu-se a necessidade de criação de uma
classe empresarial nacional. Esta classe formou-se de forma selvagem, através da exploração do
povo. Isto é, as elites locais, os bancos internacionais e o capital estrangeiro, em conluio com a
burocracia local, construíram relações de apoio recíproco baseadas no enriquecimento sem causa
das elites locais que ia produzindo dívidas públicas que teriam de ser pagas pelos cidadãos
comuns. Para além deste facto, as privatizações aumentaram a corrupção e não alcançaram os
objectivos propostos. Ora, elas promoveram a acumulação de capital de forma desleal e geraram
um capitalismo selvagem. A corrupção que acompanhou o processo de privatização, contribuiu
para o declínio da ética e dos valores morais da sociedade e para o desvio de fundos públicos
para a utilização privada da elite do governo e seus aliados ( Ibid., p. 48 ).
Por outro lado, a ajuda alimentar teve efeitos muito negativos em Moçambique,
porque não estimulou a produção local, na medida em que os próprios doadores
vinculavam as necessidades de ajuda aos interesses das suas políticas agrárias.
Os produtos agrícolas que chegavam a Moçambique eram adquiridos a preços
do mercado internacional subvencionado, o que fez com que a ajuda alimentar à
Moçambique se tornasse em um obstáculo ao desenvolvimento da produção
interna de produtos alimentares (MATSINHE, 2011: 41).
É bem sabido que o PRE tinha como sua maior pretensão a reposição do equilíbrio
macroeconómico e dar mais flexibilidade e eficiência à economia nacional, em forma de
correcção dos erros gerados pelo PPI. Contudo, o PRE foi também caracterizado por uma série
de problemas de que a essência é a sua incapacidade de equacionar e responder aos problemas
estruturais da economia moçambicana (CASTEL-BRANCO, 1995: 601).
a) Atacou mais os efeitos das crises e não as causas, as quais propunham-se a enfrentar. Ora,
concentrou-se na estabilização económica, sem tomar em conta as causas do atraso
económico e da instabilidade económica e os constrangimentos impostos por esse estado
de economia (CASTEL-BRANCO, 1995: 602).
b) Adoptaram-se opções que requeriam mudanças mais bruscas e rápidas, visto que a
realidade institucional e socioeconómica do país e as capacidades materiais da economia
não se tomaram em conta, e o ritmo da mudança foi imposto pelos modelos adoptados e
pela pressão dos doadores ( Ibid., p. 602).
c) Ausência de uma visão de transição e do desenvolvimento como um processo de
transformação, que passa pela selecção de objectivos, prioridades, tecnologias, métodos e
formas sociais que a organização da produção deve assumir, sistemas de incentivo e a
organização institucional necessária e, falta de consideração aos passos necessários para a
construção das condições tecnológicas, institucionais e sociais para a implementação dos
modelos propostos ( Ibid., p. 603).
d) A incapacidade de seleccionar prioridades com flexibilidade e coerência e de conceber
transformações estruturais necessárias na economia nacional, bem como a adopção de
modelos acabados de mudanças bruscas, levou a reprodução e ao agravamento do
isolamento inter e intra-sectorial. Os diferentes sectores da economia operam muito mais
em ligação com o exterior do que em ligação uns com os outros, reforçando-se assim, a
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2.6.A África nas relações internacionais com a Bretton Woods (BM e FMI)
Com o eclodir da II Guerra mundial, perante um mundo profundamente devastado em que toda a
economia teria que ser reconstruída depois de 1945, a contribuição da diplomacia económica
afigurou-se de capital importância para a regulamentação dos mercados financeiro e comercial.
A cooperação internacional mostrou-se mais do que nunca necessária para atingir esses
pressupostos, sob pena de acelerar ainda mais a bancarrota da economia mundial.
Foi assim que, ainda no decorrer da Segunda Guerra, os delegados de 44 países aliados se
reuniram na cidade de Bretton Woods, no Estado de New Hampshire (EUA), com o objectivo de
reger a política económica mundial. Os delegados deliberaram e finalmente assinaram o Acordo
de Bretton Woods (Bretton Woods Agreement), durante as primeiras três semanas de Julho de
1944. A busca do equilíbrio económico mundial consubstanciou-se na criação de um conjunto de
medidas tomadas a partir desconcertação das nações, sob a liderança dos Estados Unidos, com a
criação do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), concebidos para assegurar
a liquidez do sistema, tendo como paradigma o dólar dos Estados Unidos com a sua
convertibilidade em ouro almejando, assim, a estabilidade e a disciplina. O dólar passou deste
modo a ser a moeda forte do sistema financeiro mundial
O fim da Guerra Fria foi um acontecimento importante para o continente
africano. A maioria dos estados africanos atingira a independência nos anos-
chave do conflito entre as superpotências e este fora o factor crucial nas relações
internacionais de África durante trinta anos. Não é, pois, surpreendente que tal
alteração tenha constituído um desafio radical à ordem instituída. O impacto
desta mudança estrutural do sistema internacional, e da liberalização na Europa
de Leste em particular, sentiu-se em quase todo o continente africano.
(SARONI:1979)
Este foi um momento precioso que criou a possibilidade de virar uma página histórica dolorosa,
especialmente para os estados da África Austral e do Corno de África que mais tinham sofrido
com a dinâmica global do conflito entre o Ocidente e o Bloco de Leste. Com raras excepções, o
resultado deste processo pautou-se por um grau considerável de mudança ou recomposição dos
regimes políticos africanos.
2.7.O quadro económico actual e contínua dependência da África pela Bretton Woods
Não obstante a transição política, militar e económica de sucesso, a África continua a enfrentar
problemas económicos e sociais estruturais graves, em particular uma agricultura incipiente, com
produtividade baixíssima do sector de subsistência, mesmo quando comparada com outros países
do ocidente. Esta falta de produtividade do sector familiar traduz a reduzida capacidade da
investigação científica e técnica aplicada e dos serviços de extensão rural. Em consequência, os
actuais níveis de produção e/ou comercialização de bens tradicionais, com excepção do açúcar,
ainda não atingiram valores anteriores à Independência dos estados.
Contudo, para sair da actual crise, os governos dos países da África foram obrigados a endividar-
se para financiar os programas de estímulos económicos, pelo que, em breve, serão obrigados a
introduzir medidas de austeridade para a redução de despesas públicas, incluindo a ajuda externa,
o que cria algumas preocupações sobre a continuidade do nível da ajuda externa de que países,
como Moçambique, actualmente beneficiam. Como a ajuda externa está condicionada a
progressos no regime democrático e no combate à corrupção, os países da África, incluindo as
instituições financeiras multilaterais Banco Mundial, FMI, Banco Africano, etc. são também
“parceiros” políticos para além de o serem a nível económico.
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Conclusão
Depois das pesquisas conclui se que as propostas do FMI e do Banco Mundial - liberalismo
económico e estímulo dos mercados em detrimento da intervenção pública, traduzem-se em
medidas como o estabelecimento de taxas de utilização dos serviços públicos, remoção de
subsídios, despedimento de funcionários públicos, cortes salariais e privatizações. O Programa
de Reabilitação Económica, mais conhecido por PRE. Porém, em 1990, no encontro havido com
o Grupo Consultivo de Paris, chegou-se à conclusão de que era também necessário contemplar a
dimensão social na reabilitação da economia, com ênfase na necessidade de luta contra a pobreza
e reabilitação das infra-estruturas destruídas pela guerra. Assim, ao PRE acresce-se a
componente social passando a designar-se de Programa de Reabilitação Económica e Social,
PRES.
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Referencia Bibliográfica
COMICHE, Eneias da Conceição: da adesão ao grupo BAD e `as instituições de Bretton Woods
Consequências. Experiencias de Moçambique; 30 de Maio de 2001
Lisboa. 1979.
MOSCA, João, Economia de Moçambique, Século XX. Lisboa. 2005
SARONI: 1979