INRC Lidas Campeiras Volume 1
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Dentre as inúmeras atividades que podem ser abarcadas pelo que se conhece por
“lida campeira”, estão os ofícios de esquila (que fazem a tosa dos ovinos), doma,
tropeirismo, lida caseira (manutenção doméstica e cotidiana da propriedade rural),
pastoreio (lida com rebanhos), feitura de aramados, ofício do guasqueiro (fazedor de
artefatos e utensílios em couro) que vivem ou viveram praticando trabalhos
relacionados à pecuária. Esses ofícios, citados assim, como especialidades de
determinados trabalhadores, são, no entanto, abarcados pelo saber de um único (e
múltiplo) agente, o “campeiro”, aquele que conhece e sabe fazer um pouco de cada uma
das lidas.
Acontece que tais ofícios e seus sabedores compartilham territórios de existência
(Goldman, 2006) de um modo de vida que traz como motor de sua descrição/invenção a
própria ruína – encarada aqui não como um ponto final, mas como o conjunto de
transformações que o mundo da pecuária sofre desde seus primeiros sinais de
instauração na porção mais meridional do Brasil e seus lindeiros.
Ao pensar as culturas como patrimônio, a partir do que sugere Gonçalves
(2004), atenta-se para a ideia de comunicação entre o passado e o presente, o cosmo e a
sociedade, o indivíduo e o grupo social, e entre a história, a memória e a experiência,
considerando, portanto, as dimensões da ressonância, da materialidade e da
subjetividade postas na relação entre humanos, objetos e animais nas práticas
campeiras. (Latour, 1994)
A ressonância nos remete aos significados dos fatos para além da atividade
consciente e deliberada de indivíduos ou grupos, tratando do reconhecimento da
particularidade de tal identificação. A ênfase na materialidade dialoga com o conceito
antropológico de cultura, no intuito de indissociar os aspectos materiais e imateriais do
patrimônio cultural de modo a perceber a agência dos objetos na lida, bem como as
potencialidades simbólicas de sua plasticidade. De outra parte, tais fatos não se
constituem somente como emblemas exteriores ao indivíduo, trazendo a dimensão do
patrimônio como constitutiva dos sujeitos, nos permitindo pensar as lidas campeiras
como semantizadoras da cultura em que homens, animais e objetos estão em relação.
Desta forma, a proposta de inventariar a pecuária como referência cultural do
pampa, privilegia a relação cultura/natureza, mais especificamente a relação dos
humanos com os animais, para pensar a configuração desta paisagem que também
compreende a experiência e é formada pela interação entre agentes (Wagner, 2010 ).
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e seu
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UF SÍTIO LOC. ANO FICHA NO.
1. LOCALIZAÇÃO
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
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Imagem 1: Campos de Aceguá – Localidade Minuano. Acervo INRC – Lidas Campeiras na Região de Bagé/RS.
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Imagem 3: Marcos de fronteira Brasil-Uruguai. Acervo INRC – Lidas Campeiras na Região de Bagé/RS.
Imagem 4: Farol da Ponta Alegre. Entrada da Lagoa Mirim, Município de Arroio Grande. Foto de Adriano Machado, www.popa.com.br
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Imagem 5: Farol Cristóvão Pereira. Costa leste da Lagoa dos Patos, entre Porto Alegre e Rio Grande. Foto de Geraldo Knippling, em
www.popa.com.br
3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS.
SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
caprino, em propriedades rurais de pequena, média e grande extensão.
O inventário das Lidas Campeiras na Região de Bagé, a partir de pesquisa etnográfica e bibliográfica, selecionou como
referências culturais sobre esse tema os seguintes ofícios: o pastoreio (ofício do peão campeiro), a feitura de aramados
(ofício do aramador ou alambrador), a doma (ofício do domador), a esquila dos ovinos (ofício do esquilador), a feitura de
artefatos em couro cru (ofício do guasqueiro), a tropeada (ofício do tropeiro) e as lidas caseiras (com vacas leiteiras,
carneadas, atividades na cozinha e demais serviços feitos perto da casa da propriedade).
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4. DESCRIÇÃO DO SÍTIO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA .
4.1. LOCALIZAÇÃO
O sítio da pesquisa se delimita como Região de Bagé, considerando os processos de emancipação dos
municípios de Aceguá, em 2000, Candiota e Hulha Negra, em 1992, que alteraram as fronteiras políticas da
cidade. Bagé faz divisa com os municípios de Dom Pedrito, Hulha Negra, Caçapava do Sul, Pinheiro Machado,
Candiota e Lavras do Sul.
A região encontra-se localizada no Pampa Sul-Rio-Grandense que se caracteriza pela diversidade de paisagem e
flora, estendendo-se por 63% do território do Estado do Rio Grande do Sul – o que corresponde a 2% do território
brasileiro - divido em cinco unidades de relevo do Rio Grande do Sul definidas por Suertegaray e Fujimoto (2004),
quais sejam: Planalto Sulriograndense, Planícies e terras baixas costeiras, Depressão Periférica, Cuesta de
Haedo e Planalto Arenito Basáltico. Bagé contempla a paisagem de campos naturais, região core do Pampa, com
predomínio de vegetação rasteiras e gramíneas.
O entorno do sítio é composto pelas cidades de Herval, Piratini, Arroio Grande e Pelotas, localizadas no Pampa,
com economia voltada para a pecuária extensiva, onde o homem é o grande semantizador da cultura (LEAL,
1997). O Pampa se estende pelos territórios do Uruguai e da Argentina, fronteira que se expande, compondo
culturas de fronteira (HARTMANN, 2011).
Pode-se dizer que a integração da região se deu a partir das tropeadas, ligando a região em um mesmo ciclo no
vai e vem das gadarias que em um primeiro momento cruzavam das Missões até Montevidéu, passando por
Bagé, Hulha Negra, Aceguá; hoje esse caminho pode ser percebido no trajeto da RS 153, onde notadamente
muitos postos de paragem destas tropas ainda permanecem erigidos, os currais de pedra que serviram de
estacionamento ainda são perceptíveis, sejam em sua forma inteiramente preservada ou na ruína deste símbolo
do tropeirismo missioneiro.
Outra rota que merece atenção por ter este vínculo com a integração regional é a hoje nomeada BR 293, antigo
Caminho das Tropas, ou, Estrada Real. Nela o gado que vinha de Bagé em direção às charqueadas de Pelotas
passava por cidades como Pinheiro Machado (antiga Cacimbinhas), Hulha Negra, Candiota, Pedras Altas,
Piratini, Cerrito até chegar à tablada de Pelotas onde este gado seria vendido e remanejado até seu destino final.
Outra característica desse caminho era a conexão com outras regiões, que mais ao sul faziam e ainda fazem,
parte da rede de criação bovina, tais como: Arroio Grande, Pedro Osório, Herval e Jaguarão.
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Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus),
o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), o zorrilho (Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita (Dasypus
hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema
muito rico, com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys flamarioni), o beija-flor-de-barba-azul
(Heliomaster furcifer); o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas ameaçadas de extinção
tais como: o veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o caboclinho-de-
barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzinho-chorão (Picoides mixtus) (Brasil, 2003).
Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa que fica a
maior parte do aquífero Guarani.
Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da
região; além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos.
Entretanto, a progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado
a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão
conta de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies
de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais
proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as
mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida
por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas
metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
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Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978). Na
Vila da Lata, comunidade quilombola, observou-se a existência de ranchos como moradia. A utilização das casas de
torrão como galpão ou cozinha é também uma forma de celebração da tradição. Nestes termos, em Aceguá, a
programação dos festejos do Dia 20 de Setembro, da Semana Farroupilha, envolve a construção de ranchos pelos
peões. E, conforme Vaz Mattos (2003), na localidade de Olhos D’Água em Bagé, até 1940 havia a predominância dos
ranchos.
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MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
CHARQUEADA
“Ali, onde os bois eram martirizados e os homens eram os magarefes, as pessoas passavam ao longe,
buscando evitar o próprio ar, empestado pelo cheiro de sangue e resíduos putrefatos dos animais abatidos.” (A
Poética da Charqueada - Mário Mattos, In: LEITE, 2011).
As charqueadas, ou saladeiros, caracterizavam-se por serem propriedades onde ocorria o abate do gado bovino e a
industrialização de produtos de origem animal, primordialmente do charque (carne salgada). O conhecimento da salga
não era uma novidade para conservação das carnes na região meridional do Brasil nos séculos XVII e XVIII, porém
apenas na década de 1780 ocorre o início da produção do charque em larga escala e, ao longo do século XIX, as
técnicas são aperfeiçoadas para o aproveitamento máximo dos derivados bovinos (MAESTRI, 1984). O processo de
salgar e secar a carne aumentava o rendimento por animal abatido, diminuindo o desperdício das sobras decorrente do
consumo in natura, já que, à época, não havia possibilidades de conservação de carnes frescas por longos períodos.
Além da fabricação do charque, outros subprodutos bovinos como couro, sebos, graxas, ossos e chifres também eram
extraídos, processados e destinados ao consumo local ou à exportação (GUTIERREZ, 2012; ROSA, 2012).
Pelotas, com sua paisagem entrecortada por águas, propicia o surgimento das charqueadas em fins do século XVIII, e
é ao longo do XIX que o núcleo saladeril torna-se o alicerce da economia local e o responsável pela consolidação do
regime de produção escravista no Rio Grande do Sul. Cerne dessa indústria, o Sítio Charqueador Pelotense abrange
propriedades instaladas nas proximidades da união do Arroio Pelotas com o Canal São Gonçalo as quais se constituem
em faixas de terras compridas e estreitas subdivididas em potreiros, hortas, pomares, olarias e o terreno ribeirinho. A
casa (sede da propriedade), os varais para secagem e os galpões de manufatura da carne salgada, dos sebos e dos
couros ficavam junto aos canais e arroios, extremamente necessários para despejar os dejetos e para escoar a
produção, além de serem as vias usadas para importar escravos, sal e outras mercadorias. O trânsito principal das
embarcações ocorria entre o canal São Gonçalo, a Laguna dos Patos e o porto de Rio Grande. Instalada em uma
região com importantes acessos fluviais, Pelotas tomava para si a primazia da indústria saladeril rio-grandense
(GUTIERREZ, 2001, 2010; MAESTRI, 1984; OGNIBENI, 2005; PESSI, 2008; ROSA, 2011, 2012).
Os rebanhos que abasteciam as charqueadas eram oriundos de estâncias gaúchas e Uruguaias ou eram criados no
próprio núcleo saladeril, uma vez que muitos estabelecimentos possuíam extensões de campo para esse fim e o gado
era levado aos abatedouros por peões de tropa, trabalhadores campeiros comumente descritos como “índios” (AL-
ALAM, 2008; PALERMO, 2009; ROSA, 2012). Dessa forma o mercado alavancado pela indústria saladeril envolvia
trabalhadores livres e escravos que desempenhavam as mais diversas atividades; peões campeiros, tropeiros,
charqueadores para as mais variadas tarefas dentro da fábrica, entre outros, envolviam-se direta ou indiretamente com
as charqueadas. Havia, também, toda uma gama de atividades domésticas destinadas às mulheres, sendo a grande
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maioria realizada por escravas que atuavam como mucamas, amas-de-leite, costureiras, parteiras, cozinheiras, nos
serviços de limpeza e de agricultura das propriedades (DALLA VECHIA, 1994; GUTIERREZ, 2009, 2010).
Sabe-se, pois, que desde o seu surgimento os saladeiros sofreram uma série de inovações com o objetivo de obter um
maior rendimento das carcaças. Levando-se em conta as transformações funcionais e tecnológicas ocorridas, as
charqueadas podem ser classificadas em: charqueadas antigas, em transição e modernas (MARQUES, 1990). Ainda
que o charque constituísse uma forma de melhor rendimento da carne bovina, as primeiras indústrias, datadas da
última vintena do século XVIII, operavam de forma artesanal e com grande desperdício de sobras. Nesse período inicial
– charqueadas antigas – os animais eram provavelmente abatidos a céu aberto, carneados no chão de terra ou sobre
couros e a carne era extraída e salgada a seco e então levada para os varais. Esses primeiros estabelecimentos não
contavam com trabalhadores especializados, os mesmos operadores abatiam, carneavam, salgavam a carne e
preparavam o couro, além de desempenharem outras atividades, todas sendo realizadas em um ambiente
extremamente simples. Apenas com o passar do tempo e da intensificação da produção do charque e subprodutos
bovinos tanto para o mercado interno quanto para exportação tem-se a divisão e especialização das tarefas. O cenário
da indústria saladeril transformou-se lentamente durante o século XIX; enquanto algumas fábricas tornaram-se
tecnologicamente mais sofisticadas, outras mantiveram um funcionamento mais rudimentar (MAESTRI, 1984;
MARQUES, 1990; ROSA, 2012).
Toda a fabricação do charque insidia em um trabalho especialmente insalubre, pois a lida envolvia o abate de animais
muitas vezes violentos, o uso de instrumentos de corte, como facas e machados, a manipulação de água, sebos e
graxas ferventes e o manuseio do sal nas carnes. O serviço completo nas charqueadas industriais era realizado por
mão-de-obra escrava especializada e, para tanto, a maioria do plantel escravo, cerca de 80% do total, era constituído
de homens, considerados mais resistentes às rudes tarefas de charquear (GUTIERREZ, 2010; ROSA, 2012). Apesar
dessa preferência, há relatos sobre as escravas mulheres cumprindo trabalhos dentro da fábrica, como, por exemplo, o
minucioso processo de ferver as gorduras bovinas derivadas da medula e dos miolos dos animais (DEBRET, 1835 apud
MAGALHÃES, 2000).
No auge de sua produção, que abrangia os meses mais quentes e secos do ano, em torno de 2.000 escravos
trabalhavam com aproximadamente 1.200 animais ao dia. A manufatura do charque bovino abrangia os meses de
novembro a maio, pois era necessário que as mantas de carne salgadas fossem plenamente secas nos varais. Durante
o período de entressafra, os trabalhadores escravizados eram remanejados para serviços nas olarias ou para produção
agrícola, para construção civil e para trabalhos no meio urbano. A importância do escravo africano para manutenção
das elites charqueadoras estava justamente na forma de regime político-econômico da época, pois somente serviçais
escravizados sem a opção da escolha submetiam-se a atividades saladeris de tamanha brutalidade; mesmo as
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pessoas mais pobres deixavam de aceitar os serviços impostos por essa indústria, em meio a um ambiente
desagradável e totalmente desfavorável para a saúde (CARDOSO, 1977; GUTIERREZ, 2010; MAESTRI, 1984; ROSA,
2011, 2012).
A partir de 1850, os saladeiros pelotenses suplantaram os sistemas de produção artesanal e na década de 1860,
observa-se o auge da indústria charqueadora acompanhada do crescimento e da modernização do núcleo urbano
(ROSA, 2012). Nos últimos trinta anos oitocentistas, lentamente inicia-se uma crise nesse setor atribuída à falta de
mão-de-obra resultante de vários fatores envolvendo o fim da escravidão. Bagé, anteriormente centro fornecedor de
rebanhos para as fábricas de Pelotas, em fins do século XIX e início do XX torna-se o núcleo charqueador rio-
grandense. É um período de relevância econômica das regiões limítrofes entre Brasil, Uruguai e Argentina em que há
investimentos destes dois últimos em ferrovias prolongadas até a fronteira brasileira e, principalmente, há incentivos à
livre navegação dos rios, resultados do envolvimento político e comercial dos três países, uma consequência paulatina
do fim das guerras por independência. Essa abertura entre as nações impulsionou Bagé a intensificar a produção de
gado e a estabelecer charqueadas na região. Boa parte dos rebanhos era criado no próprio local, evitando o desgaste
sofrido nas tropeadas; contudo, comercializava-se gado com os países vizinhos, legalmente ou através de contrabando.
A produção escoava principalmente através das estradas de ferro, via porto de Rio Grande. O município de Bagé firma-
se, então, como o polo saladeril gaúcho da época, atuando com mão-de-obra assalariada, trabalho em série, utilização
de máquinas mais modernas no processo de fabricação do charque e buscando um aproveitamento ainda maior dos
subprodutos derivados do bovino (CESAR, 1978; LEITE, 2011; SOARES, 2006). A forma de operação desse sistema
está muito mais próxima a dos abatedouros e frigoríficos atuais. O fim das charqueadas ocorre na década de 1950,
quando passam a ser adaptadas para que a carne salgada seja substituída pela carne frigorificada (LEITE, 2011).
Ainda que a indústria saladeril, em especial a da Pelotas oitocentista, não expresse o mesmo poderio exaltado pela
história do açúcar no nordeste brasileiro ou do café no sudeste, o charque foi base mantenedora dos trabalhadores
servis em plantações e engenhos do Brasil durante praticamente todo o século XIX (BUENO, 2011), sendo um dos
principais alimentos dos escravos no Brasil e em países que adotavam esse regime de trabalho: escravos produzindo
para escravos, pela manutenção da economia elitista brasileira.
5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
A região do pampa sul-rio-grandense, não é de hoje que se faz conhecida como um grande criatório de bovinos, estes,
desde os primeiros marcos históricos que sabemos estão anexados não só ao trabalho rural da região, assim como no
modo de vida de seus habitantes, primeiramente os índios, que caçavam o gado chimarrão extraindo principalmente o
couro e a carne, em seguida, com a criação das estâncias, este gado acabou por ser confinado, a ter um dono; desde
então o rebanho parou de ser alçado para ser criado e cuidado, para que com o tempo fosse vendido.
Neste sentido, a metade do século XIX foi de extrema relevância para tais ações, pois os cercamentos tornaram-se
mais efetivos ao longo da campanha, fazendo com que o trabalho rude da estância tomasse uma forma mais racional
no que toca a lida com o gado, pois este, já não era mais o bravio chimarrão de outros tempos, vinha se acostumando
aos espaços de confinamento em invernadas, a bretes e a currais; até mesmo o homem acabou por se transformar, o
antes índio caçador se transformou no peão, o homem campeiro, nosso conhecido gaúcho.
Como principal companheiro e indispensável para a mão de obra na estância, o cavalo foi introduzido nessas terras
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juntamente com o gado vacum e em simbiose com o indígena que aqui vivia, formou um exímio cavaleiro, característica
que até hoje denota o homem campeiro.
Desde então a associação entre homem, animal e localidade passou a formar uma rede de acontecimentos que tem
como características o trabalho, a criação e a movimentação dos animais. Neste sentido é que procuramos orientar
este texto, salientar a importância das características citadas anteriormente para assim sintetizar a região a qual nos
detemos.
Partindo da cidade de Bagé é que vamos pontuar os aspectos que permeiam o pampa e seu modo de vida, fazendo um
pequeno panorama desde a criação do gado bovino, ovino e equino até o seu transporte pelos caminhos das tropas
que levavam as charqueadas e posteriormente até os frigoríficos, em suma, o trabalho campeiro praticado desde Bagé,
estendendo as cidades vizinhas, assim como ao país vizinho, Uruguai.
Não há duvida acerca do notável destaque de Bagé e região no que compreende o criatório animal, estes inseridos
pelos espanhóis e posteriormente pelos jesuítas no século XVII, para servir de alimento nas missões. A região da
campanha sul-riograndense destacou-se já a partir deste período pelo fluxo mercantil que o terreno plano e sem
obstáculos naturais proporcionara tanto para o transporte legal das tropas e mercadorias gerenciadas pela Companhia
de Jesus, como para o rentável contrabando, característica até hoje notada na localidade de Aceguá.
Devido a este movimento comercial, principalmente no que tange a pecuária, ao longo do caminho que vinha das
missões até a fronteira com o Uruguai, pode-se perceber até os dias de hoje os currais de pedra que permeiam as
rodovias 293 e 153, estes marcos edificados são símbolos do intenso movimento que por anos se fez através das
tropeadas que tanto traziam o gado das missões como o transportavam até os abatedouros, principalmente na cidade
de Pelotas; as charqueadas que floresceram ao longo do século XIX na dita cidade foram o principal destino da gadaria
de corte que se criava na região de Bagé, assim Bagé se destacava como criatório, adaptando-se ao desenvolvimento
genético, enquanto Pelotas destacava-se no abate e produção da carne salgada.
Com o passar do tempo (iniciando com a chegada dos primeiros rebanhos, passando pela caça do gado selvagem com
os indígenas, confinamento do mesmo rebanho por parte dos jesuítas com mão de obra indígena e posteriormente
mestiça, cercamentos das estâncias e criação da propriedade privada; era das charqueadas e por fim, os frigoríficos), a
região de Bagé provou ter o aporte necessário para a prática da pecuária extensiva, não apenas pela vastidão de suas
pradarias ou pela preocupação com a qualidade da carne destes rebanhos – visto que os criadores de Bagé foram
pioneiros no Brasil naquilo que tange a propriedade de uma boa genética na qualidade da carne – mas sim, por praticar
um ótimo trabalho que perdura de tempos ancestrais até os dias de hoje, mesmo que a prática em si se renove (como é
o caso do sistema rotativo de criação de bovinos).
A região de Bagé mantém fortes laços arraigados a sua tradição campeira, seja nas estâncias tradicionais ou nos
modernos haras que se dedicam a criação do cavalo crioulo; o homem ainda mantém o contato diário com o animal na
mesma terra que viu toda essa cultura nascer, por isso, não é de se estranhar que ao passar pelos caminhos que
adentram a esta região se encontre homem, animal e terra, em simbiose completa, seja no trabalho, montado em seu
cavalo apartando o gado, ajudando uma vaca a dar cria, ou, no simples gesto de admirar o horizonte que parece não
ter fim no pampa.
A formação do estado do Rio Grande do Sul assenta-se na relação conflituosa entre os impérios português e espanhol
na disputa por território e domínio político e econômico (ZANOTELLI et al, 2003). Tal ocupação territorial teve início
através dos padres jesuítas que, vindos do Paraguai, instalaram–se na margem leste do Rio Uruguai com o objetivo
primordial de catequizar grupos indígenas que habitavam os territórios sulinos. Inicialmente logrando em seus intentos,
os jesuítas fundaram, a partir de 1626, aldeias e povoados chamados missões ou reduções. O conjunto de povoados
de maior importância histórica foram os Sete Povos das Missões. Ademais, foram os jesuítas que introduziram a criação
de animais no Rio Grande do Sul: ovinos, eqüinos e principalmente bovinos. Junto com a pecuária e valendo-se do
trabalho indígena, desenvolveram também a agricultura e a extração da erva-mate.
Ainda no século XVII, as missões começaram a ser invadidas por bandeirantes – homens vindos de São Paulo, que
atacavam as aldeias com a finalidade de aprisionar os índios para vendê-los como escravos. Em função destes
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sucessivos ataques, as missões entraram em decadência. Em 1750, pelo Tratado de Madri, Portugal e Espanha
determinaram que a população dos Sete Povos deveria deixar a área, que ficaria para os portugueses. Embora tal
tratado tenha sido anulado em 1761, e os índios missioneiros tenham obtido o direito de permanecer na região, as
sucessivas guerras causaram a destruição dos Sete Povos. Os rebanhos espalharam-se pelo campo aberto
reproduzindo-se livremente, tornando-se um gado selvagem (MOREIRA, 1999).
Este gado cresceu livre durante décadas. Inicialmente milhares de cabeças de gado vacum eram sacrificados apenas
para a retirada e venda do couro.
Em 1634, mil e quinhentas cabeças de gado foram introduzidas e distribuídas entre
os povos da margem esquerda do rio Uruguai. Quando essas comunidades
missioneiras recuaram para a outra margem do rio, em razão dos ataques dos
paulistas escravizadores, os animais foram transferidos para a margem meridional
do rio Jacuí, onde se desenvolveram, formando as vacarias do mar. Nos anos 1700,
quando a vacaria do mar começou a esgotar-se, devido à extração de gado,
vaqueiros dos sete povos, introduziram milhares de animais nos campos de cima da
serra, formando a vacaria dos pinhais (MAESTRI, 2006)
Em 1737, para garantir os interesses dos portugueses instalados na região, foi construído o forte Jesus-Maria-José,
junto ao canal que liga laguna dos Patos ao oceano Atlântico. Ao lado do forte formou-se uma povoação que deu
origem a atual cidade de Rio Grande. O domínio português se expandiu pelas áreas vizinhas, que no seu conjunto eram
chamadas de Continente de Rio Grande de São Pedro, primeira denominação do atual estado do Rio Grande do Sul.
Neste mesmo período, desenvolveu-se a mineração em Minas Gerais, o que atraiu milhares de pessoas para a região e
formou um mercado de consumo para os produtos da pecuária sul-rio-grandense: couro, carne, leite e animais para
transporte. Em conseqüência, a atividade de caça foi sendo substituída pela criação de gado, pois os animais passaram
a ser reunidos em locais destinados a tal finalidade: as estâncias (Idem, 1999).
Assim, estimulada pelo mercado do Sudeste do país, principalmente de Minais Gerais, desenvolveu-se a pecuária no
Rio Grande do Sul. Portugueses, paulistas e catarinenses ganhavam do governo grandes extensões de campo, onde
instalavam suas fazendas de criação de gado. Com o tempo, as áreas campestres, principalmente as da Campanha,
ficaram povoadas de fazendeiros.
A partir de 1780 notamos uma modificação na utilização do gado vacum. Iniciam, na província de São Pedro, as
charqueadas na região de Pelotas, e a carne começa a ganhar considerável valor comercial. Porém, durante anos o
couro continuou com grande valor monetário. As vacarias geralmente vindas da região da campanha traziam o gado
para ser vendido na região de Pelotas.
Um ano após a chegada da família real Portuguesa ao Brasil, ocorre a primeira divisão administrativa da província de
São Pedro. Em 1809 a região fica dividida em quatro localidades: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio e Porto Alegre.
A seguir, mapa onde podemos visualizar a divisão territorial da então capitania (item 7).
Em meados do Século XIX, para delimitar as propriedades, iniciou-se o uso do arame farpado e alambrado. Desta
forma o dono da estância conseguia controlar seus peões e impedir o uso de sua propriedade por gaúchos nômades,
geralmente tropeiros sem a posse da terra, que habitavam na região. Estes gaúchos sem nacionalidade definida
transitavam facilmente entre os atuais territórios brasileiro, uruguaio e argentino, e tinham como principal atividade
retirar o couro do gado vacum e vendê-lo no mercado informal, na região de domínio português e para a metrópole
hispânica. O modelo de transação econômica praticado por estes gaúchos era possível porque havia gado selvagem
em abundância nessa região, ao mesmo tempo, era considerado ilegal porque os animais soltos pelos campos eram de
propriedade real – tanto da coroa portuguesa quanto espanhola.
As estâncias pertencentes a proprietários portugueses iniciaram a domesticação do gado da região. Entretanto, não
existia tratamento para a saúde dos animais. A partir do século XX notamos uma drástica diferença no tratamento da
saúde do gado, com evidente melhora. A qualidade da carne e a genética destes animais tornam-se referência no país
e a carne bovina produzida nas pradarias pampeanas é exportada para inúmeros países.
A região de Bagé é conhecida pela criação de gado bovino de corte de significativa qualidade, com melhoramento
genético dos animais. Começam na região exposições de gado, ovinos e eqüinos. O cavalo, principal instrumento de
trabalho fundamental para a produção pecuária, era utilizado para arrebanhar o gado vacum. Já a criação de ovelhas,
além de suprir a demanda doméstica de carne da propriedade, através da venda anual de lã, ajudava a cobrir as
despesas de manutenção da propriedade – com o advento da lã sintética, a criação de gado ovino diminui
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expressivamente, passando a atender nichos específicos do mercado de carne e a demanda da produção artesanal de
artefatos de lã.
A integração da região se deu a partir das tropeadas, ligando a região em um mesmo ciclo no vai e vem das gadarias
que em um primeiro momento cruzavam das Missões até Montevidéu, passando por Bagé, Hulha Negra, Aceguá; hoje
esse caminho pode ser percebido no trajeto da RS 153, onde notadamente muitos postos de paragem destas tropas
ainda permanecem erigidos, os currais de pedra que serviram de estacionamento ainda são perceptíveis, sejam em sua
forma inteiramente preservada ou na ruína deste símbolo do tropeirismo missioneiro.
Outra rota que merece atenção por ter este vínculo com a integração regional é a hoje nomeada BR 293, antigo
Caminho das Tropas, ou, Estrada Real. Nela o gado que vinha de Bagé em direção às charqueadas de Pelotas
passava por cidades como Pinheiro Machado (antiga Cacimbinhas), Hulha Negra, Candiota, Pedras Altas, Piratini,
Cerrito até chegar a tablada de Pelotas onde este gado seria vendido e remanejado até seu destino final.
Outra característica desse caminho, era a conexão com outras regiões, que mais ao sul faziam e ainda fazem, parte da
rede de criação bovina, tais como: Arroio Grande, Pedro Osório, Herval e Jaguarão.
A criação de gado de corte e a exposição destes animais geram milhões de divisas, estas duas atividades são
majoritariamente vinculadas a grandes e médias propriedades rurais. No entanto, o ponto de partida para este estudo
seja a região de Bagé, a paisagem cultural que se configura a partir da produção pecuária, sua origem, manutenção e
perpetuação, extrapola tais limites geográficos e políticos, transitando suas fronteiras pelos territórios que abrange a
chamada cultura pampeana. Assim sendo, tal área cultural perpassa tanto o sul do Rio Grande do Sul quanto países
vizinhos, como Argentina e Uruguai.
Ondina Fachel Leal discute a constituição acadêmica e sócio-antropológica do “Sul” como um território de significados
de uma realidade social específica, de um sistema de valores e de uma determinada área social. Para Leal (1997), “os
limites dessas área cultural etnografada e etnografável, freqüentemente nominada o Sul, numa estratégica imprecisão
retórica, não coincidem com os limites políticos do estado Rio Grande do Sul ou mesmo os da nação Brasil.”
5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Início séc. XVIII Concessão de sesmaria ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX - 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio
da Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XVIII e XIX Instalação das estâncias e de charqueadas em Pelotas e Bagé.
Séc. XIX Introdução do arame para cercamento das propriedades.
Séc. XX Investimento no melhoramento genético dos rebanhos, incremento na importação e exportação
da carne bovina.
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6. PERFIL SOCIOECONÔMICO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
6.1. POPULAÇÃO
POPULAÇÂO (hab.)
MUNICÍPIO
TOTAL URBANA % RURAL %
328.275 306.193 22.082
PELOTAS 93% 07%
hab. hab. hab.
116.794 19.029
BAGÉ 97.765 hab. 84% 16%
hab. hab.
PIRATINÍ 19.841 hab. 11.570 hab. 58% 8.271 hab. 42%
ARROIO GRANDE 18.470 hab. 16.085 hab. 87% 2.385 hab. 13%
HERVAL 6. 753 hab. 4.519 hab. 67% 2.234 hab. 33%
HULHA NEGRA 6.043 hab. 2.909 hab. 48% 3.134 hab. 52%
ACEGUÁ 4.394 hab. 1.059 hab. 23% 3.335 hab. 77%
Fonte: IBGE (Censo demográfico 2010).
A População total dos Municípios estudados, segundo o Censo Populacional do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística) em 2010 está, em sua maioria, concentrada nos centros urbanos totalizando uma média de 88% da
população total desses Municípios. Seguindo em ordem decrescente, o município com maior população e com maior
concentração urbana é Pelotas com 328. 275 habitantes concentrando 93% da sua população na área urbana. O
segundo município mais populoso é Bagé com 116.794 habitantes e concentra 84% da sua população na área urbana.
Hulha Negra e Aceguá são os Municípios que ainda mantém maior concentração da população no meio rural sendo que
Hulha Negra tem 52% habitando a área rural. Aceguá é o Município menos populoso com 4.349 habitantes, no entanto
é aonde se concentra o maior numero de habitantes no meio rural equivalendo a 77% do total.
PELOTAS 0,816
BAGÉ 0,802
PIRATINÍ 0,756
HERVAL 0,754
ACEGUÁ -
FONTE: PNUD
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Em 2003 foi divulgado no Brasil o segundo Atlas de desenvolvimento Humano de todos os municípios brasileiros. O IDH
Municipal (IDH-M) baseia-se nos microdados dos censos 1991 e 2000 do IBGE. O PNUD (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento) classifica o desenvolvimento de uma determinada região da seguinte maneira: Região
com baixo desenvolvimento é aquela que apresenta um IDH menor que 0, 500; médio desenvolvimento a região que
compreende o IDH entre 0,500 e 0,800; alto desenvolvimento a região com IDH acima de 0,800. Assim, os Municípios
em questão apresentam, de acordo com o IDH, uma qualidade de vida entre média e alta, onde os municípios com IDH
médio são Arroio Grande, Herval, Hulha Negra e Piratiní. Dois Municípios apresentam IDH alto que são Pelotas (0,816)
e Bagé (0,802). Pelotas tem o IDH maior que Rio Grande do Sul (0,814) e Brasil (0,766). Bagé tem o IDH maior que o
do Brasil. A estrutura administrativa de Aceguá tem como marco inicial 01 de Janeiro de 2001, portanto este não faz
parte da analise do IDH – M DE 2000 que tem como base dados do censo de 1991 e 2000 do IBGE.
O índice de desenvolvimento Humano – Renda (IDH- Renda) é medida através do PIB per capita que é a soma dos
bens produzidos num determinado lugar pela sua população. De acordo com o IDH 2000 o padrão de vida da
população dos municípios estudados é considerado médio (entre 0,500 e 0,800) sendo que o município com melhor
padrão de vida é Pelotas com IDH de 0,748 que esta acima da média do Brasil (0,766) e abaixo da média do Rio
Grande do Sul (0,814). Bagé vem em segundo com 0,722. Em seguida Arroio Grande, Hulha Negra, Piratini e, por
ultimo, está Herval. A estrutura administrativa de Aceguá tem como marco inicial 01 de Janeiro de 2001 portanto, este
não faz parte da analise do IDH-renda.
TRABALHO
TABELA: População Ocupada em estabelecimentos Agropecuários
MUNÍCÍPIOS PESSOAL OCUPADO %
Aceguá 2.128 pessoas 48%
Hulha Negra 2.417 pessoas 40%
Herval 2.488 pessoas 37%
Piratini 7.028 pessoas 35%
Arroio Grande 3.372 pessoas 13%
Bagé 3.326 pessoas 03%
Pelotas 11.444 pessoas 03%
Fonte: IBGE (Censo Agropecuário de 2006 e Censo Demográfico de 2010)
O IBGE define estabelecimento agropecuário como a unidade de produção que se dedica, de maneira total ou parcial, a
atividades agropecuárias, florestais e aquicolas, subordinada a um único dono (Produtor ou Administrador),
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independente do tamanho, forma jurídica e localização (área Rural ou Urbana) cujo objetivo é a produção para
subsistência ou comércio. De acordo com o censo agropecuário 2006, 32 203 pessoas do total dos municípios estão
ocupados em estabelecimentos agropecuários equivalendo a 6, 43%. Salienta-se que o Censo agropecuário divulgou
os dados em 2007 e o censo demográfico divulgou em 2011. Assim pode existir incompatibilidade nos dados quando se
analisa o percentual de pessoas ocupadas em relação ao total da população. No entanto, acredita-se que essa
diferença não tenha sido expressiva. O que se pode apreender com esses dados é que nos municípios com maior
população, que são Pelotas e Bagé, é inexpressivo (03% da população total) o numero de pessoas em
estabelecimentos agropecuários. Nos demais municípios essa proporcionalidade aumenta sendo que em Aceguá onde
existe maior concentração da população no meio rural, o pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários equivale
a 48% da população total.
6.4. EDUCAÇÃO
TABELA: Índice de Desenvolvimento Humano – Educação.
MUNICÍPIO IDH-EDUCAÇÃO
Pelotas 0,922
Bagé 0,898
Arroio Grande 0,856
Hulha Negra 0,856
Herval 0,843
Piratini 0,838
Aceguá -
FONTE: PNUD
O IDH mede a qualidade do sistema educacional de uma região através do acesso ao conhecimento. Essa medida se
dá através da média de anos de educação recebidos por adultos (pessoas a partir de 25 anos de idade) e a expectativa
de anos de escolaridade que as crianças têm ao iniciar a vida escolar. De acordo com o IDH-Educação (IDH-E) do ano
de 2000 os municípios em questão tem um índice de educação alto sendo o município de Pelotas o mais alto IDH-E
com 0,922, seguido por Bagé com 0,898. Hulha Negra e Arroio Grande se igualam com o mesmo IDH-E sendo ambos
com 0,856. Os quatro tem IDH-E maior que a média dos municípios brasileiros (0,849) e somente Pelotas tem um
Índice maior que o do Rio Grande do Sul (0,904). Herval e Piratini têm os menores índices. Como já foi salientado
anteriormente o município de Aceguá se emancipou de Bagé em 2001 e por isso não está na analise do IDH.
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8. LEGISLAÇÃO
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tombamento das Ruínas da Redução Jesuítico-Guarani de São Miguel Arcanjo (1938); Igreja Matriz de São Pedro, em
Rio Grande (1938) e a Matriz da Nossa Senhora da Conceição em Viamão (1938); O Forte D. Pedro II, em Caçapava
do Sul (1938); as casas dos líderes da Guerra dos Farrapos Bento Gonçalves (1940) e Garibaldi (1941) em Piratini, e
David Canabarro, em Santana do Livramento (1953); a Rua da Ladeira em Rio Pardo (1955); O Obelisco Republicano
em Pelotas (1955), O Teatro Sete de Abril (1972) e as três casas na Praça Coronel Pedro Osório (1977) todos em
Pelotas.
Esta visão de Patrimônio Cultural Brasileiro se altera em 1960 com a inclusão dos sítios arqueológicos
considerados bens patrimoniais, protegidos pela lei número 3924/61. Na década de 1970 ocorreu uma ampliação
institucional da área de Patrimônio com a criação de políticas específicas de preservação do patrimônio em estados e
municípios, a partir da Lei Federal de Tombamento. Freire (2005, p.12).
Tal expressividade de ações de tombamento em Piratini reflete a ampliação desta rede institucional de
preservação do patrimônio legitimando a representação da cidade como Capital Farroupilha. Nestes termos, a ação do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (IPHAE) tombou os seguintes bens: Antiga Cadeia (18/11/1986),
Antiga Casa de Fazenda (18/11/1986), Antiga Casa Fabião (21/11/1986), Antiga Farmácia Caridade (20/11/1986),
Antiga Moradia de Egydio Rosa (21/11/1986), Antigo Teatro Municipal (Sete de Abril) (20/11/1986), Casa Comercial dos
Fabião (21/11/1986), Casa de Camarinha (20/11/1986), Casa do Comendador Fabião (20/11/1986), Casa de Gomes de
Freitas (21/11/1986), Casa de Vicente Lucas de Oliveira (21/11/1986), Prédio no Logradouro Pe. Reinaldo Wist
(Geminado com o Teatro) (20/11/1986), Ponte do Império (01/08/1984), Prédio da Rua Bento Gonçalves (Casa de
Darwing Lucas) (21/11/1986), Sobrado da Dorada (21/11/1986).
Da mesma maneira, em Arroio Grande, por iniciativa do município e acompanhando a ideia de patrimônio a
partir dos feitos históricos do Rio Grande do Sul, considerando seus personagens e revoluções, propõe o registro de um
obelisco e de uma tapera localizados no lugar onde nasceu o Barão de Mauá e de um marco de fronteira situado nas
margens da estrada para Pelotas, homenageando uma batalha da Revolução Farroupilha. (Lei 586, de 14.1.1966)
A partir dos anos 80, a noção de patrimônio se altera no sentido de representar a diversidade cultural brasileira,
bem como se vincula ao tombamento de bens edificados o patrimônio imaterial. Neste sentido, observa-se o
tombamento dos conjuntos urbanos com maior densidade de população em uma região expressivamente rural que são
as ações em Pelotas e Bagé, considerando o sítio da pesquisa. Citam-se, ainda, as ações com relação ao registro do
patrimônio imaterial: INRC a produção dos doces Tradicionais Pelotenses, Porongos e Missões.
A diversidade dessas ações de patrimônio, em tais cidades, expressa uma ampliação das políticas de
preservação das várias esferas do estado (municipal, estadual e federal) bem como as alterações na noção de
patrimônio. Embora nos últimos anos, com a implementação das diretrizes da Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) os
municípios tenham avançando, dentre outros aspectos, no estabelecimento de diretrizes voltadas às questões
patrimoniais, incluindo a instituição de Áreas de Interesse Cultural e outros mecanismos de gestão do patrimônio, é
importante destacar que ainda são praticamente inexistentes políticas de preservação voltadas ao patrimônio existente
áreas rurais.
9. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
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HULHA
NEGRA/RS,
PELOTAS/RS,
PIRATINI/RS
9.2. RECOMENDAÇÕES
Recomendações
Com relação à pesquisa do INRC- Lidas Campeiras
O Inventário das Lidas Campeiras buscou retratar o pampa sul-rio-grandense, na sua diversidade, nesse sentido o
contexto da investigação acompanha as redes de produção e comercialização dos rebanhos de bovinos, ovinos e
equinos em um território que abrange o sítio e o seu entorno, dos campos naturais ao litoral. Em que a paisagem da
pecuária se associa à da agricultura, com áreas de colônias e assentamentos, tal perspectiva se insere nas
transformações / invenções econômicas / culturais presentes nas narrativas sobre agricultura como uma prática
predatória por ocupar e revolver a terra em área de pecuária por excelência. Esta associação entre pecuária e
agricultura está aparece em narrações, no repertório alimentar e na diversidade da paisagem, entre outros aspectos
que devem ser aprofundados. Discussão que diversifica a forma de retratar a paisagem consagrada do pampa como
estância e tapera.
A discussão das fronteiras políticas e culturais entre países lindeiros – Brasil, Uruguai e Argentina - que compartilham
de um mesmo modo de vida campeira, é dimensão que se impõem. Neste ponto, sobre as trocas na fronteira,
considerando a fronteira do Aceguá, observa-se, especialmente, a existência dos Quileros, do contrabando, dimensão
que também se evidenciou, a qual assume importância tendo em vista a associação entre gaúcho e contrabandista.
Deter-se e aprofundar o dado do envelhecimento da população que permanece no campo, situação ocasionada pela
saída dos jovens para estudar na cidade. Tal deslocamento se caracteriza como familiar, pois dependendo da idade dos
jovens/crianças, elas são acompanhadas pela mãe que também busca emprego na cidade. No início da entrevista com
Sônia, Eliezer caracteriza a localidade da Meia’Água como sendo todos “da família”; atualmente restam somente três
proprietários aparentados. As narrativas do esvaziamento do campo remetem à reflexão da sociabilidade no campo: da
não ocorrência das carreiras, dos bolichos, dos bailes, das visitas aos vizinhos que agora moram na cidade.
Da mesma forma, o dado da masculinização do campo, com a diminuição de emprego na zona rural para as mulheres
que vão buscar colocação no mercado de trabalho em área urbana também deve ser aprofundado. Neste ponto, Flávia
Blanco comenta a falta de políticas públicas principalmente de educação e de saúde como fatores de expulsão dos
jovens do campo, ocasionando o êxodo familiar em direção à cidade.
Nas festas de marcação (F20-2) isso se evidencia. Atualmente, o caráter utilitário de marcar, capar e assinalar os
animais tem se sobressaído em relação à festa. Além do esvaziamento do campo, o envelhecimento da população e a
escassez de mão-de-obra residente nas propriedades rurais, contribuem para que o serviço da marcação seja feito da
forma mais prática e salubre possível. Há relatos de jerras em que o serviço é feito pelo proprietário e alguns
empregados, a marca é aquecida em fogo a gás, ou a marca pode ser com produto químico, a frio, e a castração é feita
com bordizo. Quando se realizam as festas de marcações, estes eventos têm um caráter mais simbólico do que
prático, sendo uma celebração do rebanho e de seu dono.
Outro ponto abrange as narrativas sobre a dificuldade da manutenção de trabalhadores no campo, como consequência
de fatores diversos (além dos já mencionados), quais sejam, os desconfortos provocados entre peões e proprietários
devido aos acordos de trabalho promovidos pelas Leis Trabalhistas, a falta de incentivo ao ofício, a introdução de
técnicas não-dominadas pelos peões, a baixa remuneração dos trabalhadores rurais, entre outros elementos, culminam
na desvalorização do ofício do campeiro, nos âmbitos social, econômico e político.
As narrativas sobre as mangueiras de pedra, construções em ruínas em todo sítio etnografado em paisagem que
abrangia os antigos Caminhos das Tropas, mostram a importância dessas edificações na memória das pessoas ligadas,
de alguma forma, às lidas campeiras no pampa sul-rio-grandense. Os Caminhos das Tropas eram as vias por onde
seguiam os comerciantes ou tropeiros de rebanhos e as carretas com mercadorias para venda nas cidades e nas
propriedades rurais. Essas atividades são lembradas nas narrativas sobre o campo. Algumas propriedades mantêm
essas mangueiras de pedra como segmento das atuais, feitas de madeira; porém não foi localizada nenhuma que
estivesse íntegra ou totalmente conservada. Observa-se, assim, a necessidade de um aprofundamento multidisciplinar
envolvendo as mangueiras de pedra e, consequentemente, os Caminhos das Tropas, tendo como ponto de partida
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HULHA
NEGRA/RS,
PELOTAS/RS,
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ligação entre estas noções elencadas. Considerando que o modo de vida pode ser compreendido como um conjunto de
elementos percebidos como constitutivos da vida cotidiana, que permeia as relações do homem com o ambiente e com
o tempo, envolvendo práticas diárias relativas à obtenção dos meios de subsistência, relacionados à agricultura ou
outras formas de trabalho, à espiritualidade (religiosidade) e sociabilidade (SILVA, 2009), pode-se incluir na abordagem,
ainda, as preocupações relativas às relações entre espaços construídos e não-construídos, expressos na Carta de
Florença (1981).
Tais referenciais, que embora enfáticos, não são únicos no repertório das Cartas Patrimoniais, além de oferecer
subsídios a projetos e ações voltados aos aspectos de valorização das localidades rurais, expressam a necessidade de
investimentos em relação às políticas direcionadas à salvaguarda dos bens existentes nesses lugares.
FORMULÁRIOS
FICHAS DE IDENTIFICAÇÃO DE
F11-1 a 7
LOCALIDADES
ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS F1-A2-1 (de 1 a 1.382), F1-A2-2 (de 1 a 9), F1-A2-4 (1) e F1-A2-5 (de 1 a 17)
ANEXO 3: BENS CULTURAIS
Lidas campeiras
INVENTARIADOS
ANEXO 4: CONTATOS F1 – A4 de 1 a 69
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Flôor Kosby e Marta Bonow Rodrigues.
REDATOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues DATA
Pablo Dobke, Liza Bilhalva Martins da Silva, Odilon Leston Júnior e Vanessa 10/04/2013
Ercolani Duarte.
RESPONSÁVEL PELO Flávia Rieth.
INVENTÁRIO
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CÓDIGO DA FICHA
1. LOCALIZAÇÃO
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
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3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS.
SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
caprino, em propriedades rurais de pequena, média e grande extensão.
O inventário das Lidas Campeiras na Região de Bagé, a partir de pesquisa etnográfica e bibliográfica, selecionou como
referências culturais sobre esse tema os seguintes ofícios: o pastoreio (ofício do peão campeiro), a feitura de aramados
(ofício do aramador ou alambrador), a doma (ofício do domador), a esquila dos ovinos (ofício do esquilador), a feitura de
artefatos em couro cru (ofício do guasqueiro), a tropeada (ofício do tropeiro) e as lidas caseiras (com vacas leiteiras,
carneadas, atividades na cozinha e demais serviços feitos perto da casa da propriedade).
4. DESCRIÇÃO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
POPULAÇÂO (hab.)
MUNICÍPIO
TOTAL URBANA % RURAL %
116.794 19.029
BAGÉ 97.765 hab. 84% 16%
hab. hab.
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Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro (Ozotoceros
bezoarticus), o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), o zorrilho (Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita
(Dasypus hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um
ecossistema muito rico, com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys flamarioni), o beija-flor-de-
barba-azul (Heliomaster furcifer); o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas ameaçadas
de extinção tais como: o veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o
caboclinho-de-barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzinho-chorão (Picoides mixtus) (BRASIL, 2003).
Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa que fica a
maior parte do aquífero Guarani.
Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da
região; além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos.
Entretanto, a progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado
a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão
conta de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies
de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais
proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as
mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida
por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas
metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
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RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
MANGUEIRA DE PEDRA
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
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CHARQUEADA
As charqueadas, no Rio Grande do Sul Meridional, eram indústrias onde ocorria o abate do gado e a produção de
charque (carne salgada) e de outros derivados bovinos. Em Pelotas, as propriedades que constituem o Sítio
Charqueador Pelotense (GUTIERREZ, 2010), estavam dispostos em faixas de terras subdivididas em potreiros, hortas,
pomares, olarias e o terreno ribeirinho. A casa, os varais e os galpões de produção de carne salgada, dos sebos e dos
couros ficavam junto aos arroios e canais que serviam para despejar os dejetos, escoar a produção e importar sal e
escravos (GUTIERREZ, 2010). Havia propriedades que dispunham apenas das indústrias e outras que contavam,
também, com a criação do gado (GUTIERREZ, 2001; ROSA, 2012).
As charqueadas como estabelecimentos industriais, surgiram na região da atual cidade de em Pelotas a partir de 1780
e no século XIX tornaram-se o principal fomentador econômico da região. O produto primordial dessas indústrias era o
charque bovino, utilizado, à época, principalmente para alimentação de escravos. Além do charque, outros derivados
bovinos eram extraídos como sebos, graxas e couros, destinados ao consumo local e à exportação (GUTIERREZ,
2001; ROSA, 2011, 2012). Dezenas de estabelecimentos funcionaram às margens dos arroios que banham o município
de Pelotas (ROSA, 2011, 2012) e utilizavam mão-de-obra escravizada (africanos e descendentes de africanos) até a
década de 1880, quando ocorreu a abolição da escravidão no Brasil. Pelotas foi, dessa forma, o cerne da produção
saladeril oitocentista.
Posterior ao surgimento das charqueadas pelotenses, essa indústria inicia, no interior do Rio Grande do Sul, em fins do
século XIX e início do século XX, em um período de relevância econômica das regiões de fronteira brasileira com o
Uruguai e a Argentina, principalmente devido à livre navegação dos rios e ao envolvimento político e comercial dos três
países, consequências do fim das guerras por independência (SOARES, 2006). Essa abertura entre Brasil, Uruguai e
Argentina impulsionou o município de Bagé a intensificar a produção de gado e a estabelecer charqueadas nessa
região. Bagé firma-se, então, como o polo saladeril gaúcho da época (SOARES, 2006). Diferentemente das
charqueadas pelotenses do período escravagista, em Bagé essa indústria operava com mão-de-obra assalariada,
trabalho em série, utilização de máquinas no processo de fabricação do charque e maior utilização de sub-produtos
derivados da carne bovina (SOARES, 2006). A forma de operação desse sistema está muito mais próxima a dos
abatedouros e frigoríficos atuais. O fim das charqueadas ocorre na década de 1950, quando passam a ser adaptadas
para que a carne salgada seja substituída pela carne frigorificada (LEITE, 2011).
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5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
Bagé - cidade situada na campanha, área fisiográfica do Bioma PAMPA – desde muito cedo notabilizou-se pelo forte
arraigo a tradição pecuária, apoiada pela grande vastidão de campos característicos da região e pela proximidade com
o país vizinho Uruguai, outro grande notável da produção pecuária, o que foi de grande valia para a introdução de raças
puras ao sistema criacional bovino, não só para a região, assim como para todo o Estado do Rio Grande do Sul .
A região que hoje se encontra a cidade de Bagé, por muito tempo pertenceu à coroa espanhola, servindo de posto
avançado para a passagem das tropas de gado que vinham das Missões Orientais, especificamente de São Miguel;
este posto, anteriormente conhecido como Santa Tecla que deu origem a cidade de Bagé quando foi tomado pelo
Sargento-mor Rafael Pinto Bandeira em 1776.
Contudo, o gado antes de ser domesticado pelas estâncias missioneiras, em um primeiro momento era caçado - a
denominada preia do gado selvagem - pela população que vagava errante pelas estepes do sul, sendo deste retirado
principalmente o couro, que valia como moeda de troca no Rio da Prata; outro fator importante nesta ocasião era a
questão do comércio informal com a Banda Oriental, o popular contrabando fez com que centenas de cabeças de gado
atravessassem de lá para cá e vice-versa, prática essa adotada até meados do século XX. Conforme Lemieszek, a
vinculação de Bagé com a atividade da pecuária, está fortemente ligada a esse processo de rota de passagem de
tropas e comercialização com os países Platinos, visto a localização deste posto, mas principalmente a vastidão e bom
preparo de suas pradarias. (ver entrevista: com o historiador em 16/02/2012).
Porém, a princípios do século XVIII começa de fato a ocupação do hoje estado do Rio Grande do Sul em consonância
com a interiorização do Brasil, fato este promovido pela descoberta de ouro nas Minas Gerais. Por meio desta
descoberta, o Rio Grande do Sul passa a inserir-se na economia colonial como fornecedor de gado bovino, cavalar e
muar para o abastecimento e transporte das mercadorias nas Minas. Neste momento, devido ao esgotamento do gado
vacum – e também para uma melhor proteção da fronteira - começaram as concessões de sesmarias, principalmente
aos militares residentes na região, segundo Fabio Kühn (2007) esse processo deu inicio a sedentarização da atividade
pecuária.
Neste momento Bagé também exerce grande importância no que se diz ao criatório de gado, visto a concessão de
sesmarias e a instalação de grandes estâncias, as quais careciam de massiva mão de obra, fato este que além de
provocar a sedentarização de centenas de homens e mulheres com as práticas das lidas campeiras, fez com que a
campanha fosse povoada sistematicamente, ato esse que gerava a seguridade da fronteira recém criada.
Seguindo ao longo dos séculos XVIII e XIX, Bagé acumula uma grande riqueza devido a este setor primário da
pecuária, primeiramente como criatório e posteriormente na atividade saladeril com o charque, fato este que segundo
Lemieszek fez de Bagé – juntamente com Pelotas – uma das duas cidades do Estado com mais de uma charqueada a
introduzindo no setor mercantil não só do gado em pé, como também na indústria da carne para pronto consumo. Para
o historiador Elmar da Silva, a partir de 1810 a indústria do charque gaúcho adquire grandes proporções devido a
impossibilidade da indústria Platina, de carne seca, de atender o consumidor. (DA SILVA, p. 59. 1979).
No entanto, Bagé obtém seu maior êxito no que se refere a introdução das melhorias genéticas do gado, sendo a
pioneira neste seguimento. Antes da citada melhoria genética, o gado conhecido como Chimarrão era criado em campo
aberto pelas pradarias de Bagé e região, fazendo com que não houvesse uma especificidade genética nem mesmo um
aprimoramento da raça. Contudo, Bagé sente necessidade de uma melhoria, visto que o charque vindo do Prata
ultrapassava em qualidade o produzido na região, dado ao desenvolvimento genético de seus rebanhos, com isso,
ainda no século XIX, especificamente em 1899, Bagé faz sua primeira importação de gado de raça definida - neste caso
da raça Durham – pela família Nunes Vieira, proprietários da renomada Estância do Tigre; em primeiro momento esse
gado era importado de cabanhas uruguaias e argentinas e posteriormente vindo direto da Europa. (LEMIESZEK,
entrevista INRC em 16/02/2012).
E por esta razão, funda-se em Bagé no ano de 1906 por Leonardo Brasil Collares o Instituto Riograndense de
Genealogia, onde começa a catalogação das raças trazidas, assim como as cabanhas de criação envolvidas neste
processo de melhoramento genético do gado vacum. Com esta metodologia, Bagé salta na frente rumo a uma pecuária
progressista, razão esta que consolida a região no seguimento. Observa-se, contudo, a aptidão criacional de suas
estâncias, em um primeiro momento com o gado Chimarrão em campo aberto e posteriormente a criação de cabanhas
de melhoramento genético, fazendo desta a vocação do município e a pondo no marco de desenvolvimento do gado
para o Estado do Rio Grande do Sul.
Como já mencionado antes, as importações deste gado em princípio eram feitas através dos países do Prata,
importações estas muitas vezes feita de maneira ilegal por meio do contrabando, no entanto, na década de 10 do
século XX essa importação passou a ser feita diretamente da Inglaterra sob a tutela do Visconde de Ribeiro Magalhães,
onde mais tarde outras diversas cabanhas seguiram o exemplo e passaram a importar grandiosos lotes, fazendo com
que Bagé obtivera destaque na imprensa Pelotense, especificamente no jornal Diário Popular com a matéria intitulada
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“A lição de Bagé”, onde cita o referido melhoramento e que este sirva de exemplo para os demais municípios no que
tange a criação de raças puras; além de colocar Bagé no patamar de estar entre as três melhores exposições-feiras da
América do Sul, ao lado das exposições pecuárias de Montevidéu e Buenos Aires. (Jornal DIÁRIO POPULAR. Pelotas,
RS, 30/10/1914 p. o1).
Outro ponto importante no que toca a pecuária na cidade de Bagé é a criação de associações rurais. Criada em 1904, a
Associação Rural de Bagé não foi a primeira a ser criada, porém era tida como a mais estruturada e a que mantinha o
melhor rebanho no quesito de qualidade genética, segundo Cláudio Lemieszek, essa Associação servia de referência a
outros grupos de criadores quando por motivo de uma melhor organização se motivavam a fundar associações em seus
municípios. (LEMIESZEK: 16/02/2012).
Neste aspecto, Bagé além de pensar em uma melhoria genética para o seu rebanho, tratou também de estruturá-lo e
organizá-lo, mantendo essa prerrogativa do pioneirismo no segmento pecuário.
Neste mesmo pioneirismo, o Visconde Ribeiro de Magalhães reúne esforços para instalar em Bagé o primeiro frigorífico
do Rio Grande do Sul, isto no ano de 1913, contudo, este plano não daria certo devido a eclosão da Primeira Guerra
Mundial, visto que o grande capital injetado para a fundação deste frigorífico provinha da Europa, principalmente da
Inglaterra. Para Lemieszek, a proposta de instalação deste frigorífico com capital inglês mostra a importante liderança
de Bagé no ramo pecuário. (LEMIESZEK: 16/02/2012).
Porém, mesmo sem a instalação frigorífica – algo que só iria acontecer em 1918 e 1919 nas cidades de Rio Grande e
Pelotas – devido a guerra, a região de Bagé trata de inserir-se no contexto mundial de exportações. A carne bovina
provinda das charqueadas passa a ser o substrato alimentício da grande guerra na Europa, assim como o carvão
mineral provindo das localidades de Candiota e Hulha Negra e exportado para suprir as indústrias metalúrgicas
européias. (DIÁRIO POPULAR. p.1, 11/08/1914; p.1, 16/09/1914).
Além do gado bovino, Lemieszek destaca a importância do cavalo crioulo e da ovino cultura para a região,
mencionando que o aperfeiçoamento genético destes foi gerado algumas décadas após o melhoramento bovino. Para
salientar essa representatividade, a região detém prêmios no que se refere a ovino cultura com os criatórios de Pedras
Altas e Pinheiro Machado, onde podem-se enfatizar a nobilidade do conhecido “cordeiro Pedras Altas” – excelência em
matéria de carne – e a lã da raça merino, que por muito tempo devido a sua qualidade sustentou a produção laneira da
crescente indústria têxtil que vinha se destacando na região sul do estado, onde pode-se destacar a Fábrica Rheingantz
de Tecidos na cidade de Rio Grande.
Ao se tratar dos cavalos crioulos, é criada em Bagé, na década de 1930, a Associação Brasileira de Criadores de
Cavalos Crioulos (ABCCC) e, em 1932, a sede da Associação se transfere para a cidade de Pelotas – onde permanece
até hoje – devido ao fato da Associação do Registro Genealógico Sul Rio-Grandense também estar instalado na mesma
cidade. No entanto, a região de Bagé é considerada como um dos maiores criatórios de cavalos do país, comportando
ao todo 56 haras especializados na criação e melhoramento da raça de cavalos Crioulo e Puro Sangue Inglês (PSI). O
PSI também possui lugar de destaque no que diz respeito à criação de equinos, visto que por Bagé entra o primeiro
exemplar da raça no Estado, importado pelo criador Cândido Dias de Borba, que em viagem a Europa no século XIX
acaba por comprar um exemplar do animal para fundar em Bagé uma coudelaria que devido à importância do cavalo
militarmente, se tornou a maior fornecedora do animal para o Exército Brasileiro. O mesmo criador entusiasmado com o
potencial econômico de sua coudelaria resolve importar de forma pioneira a raça Percheron, animal este de grande
força voltado ao trabalho de tração. Fato interessante este, pois a implantação desta raça se perfila com a colonização
ítalo-germânica e como é sabido, o Percheron foi um animal - e ainda é – muito admirado por esses colonos que o
preferiam para puxar suas carroças. Neste sentido observa-se a visão empreendedora na melhoria do rebanho equino,
fato que talvez determine a consolidação da região como progressista do ramo pecuário.
Ainda sobre a importância do cavalo para a região, cabe ressaltar a figura de Joaquim Francisco Assis Brasil, que além
de papel fundamental na política brasileira durante a Primeira República, era grande incentivador deste ardoroso
processo de melhoria genética. Foi Assis Brasil que trabalhou intensamente na melhoria do PSI e na introdução do Puro
Sangue Árabe, como também introduziu as raças bovinas Jersey e Devon além da ovina Karakul; Assis possuía sua
estância no que hoje é a cidade de Pedras Altas. Neste aspecto, Assis Brasil foi convidado a fazer a palestra de
abertura na primeira Exposição-Feira de Bagé em 1904, palestra esta que tinha como titulo: “A importância militar e
econômica do cavalo”. Neste momento o cavalo atinge seu grau econômico para os rebanhos da região, pois então
antes este animal somente era usado para o trabalho nas estâncias e em ocasiões bélicas. No entanto, pós a
Revolução de 1923, o cavalo perde sua importância militar e segue atuando no já tradicional trabalho campeiro,
contudo, passa a ser a partir de 1930 a primazia criacional nos campos de Bagé e região, fazendo com que
principalmente a raça crioula seja a preferencial dos pecuaristas, que engajados buscam novos aprimoramentos
genéticos.
Com este enfoque, Bagé atravessa o século XX buscando não só uma melhoria genética dos seus rebanhos, como
também busca novas alternativas para a melhoria da criação dos mesmos, onde os criadores começam a investir na
melhoria de suas estâncias, transformando as antigas fazendas de criação extensiva em pilares da modernidade
pecuário-industrial para uma criação intensiva. Exemplo disso é o método Voisin praticado pelo senhor Nilo Romero em
suas estâncias, onde poucas quadras de campo e uma pastagem adequada são o bastante para uma produção de alto
nível, modelo este que se contrapõe ao método tradicional.
No presente momento, a região de Bagé ainda concentra seus esforços para manter seus rebanhos investindo em
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melhoramento genético, considerando a vocação criacional que as pradarias pampeanas trazem para a localidade que
faz desta um dos melhores campos sul-americanos de pastoreio.
Outro ponto interessante que não poderia deixar de ser tratado, é a questão do envolvimento entre homens e animais,
especialmente no que se refere às lidas campeiras. Tipo humano comum desta região desde os seus tenros tempos, o
gaúcho – utilizaremos a explicação do viajante Nicolau Dreys e empregada pelo folclorista Barbosa Lessa para essa
denominação: “Formaram-se originalmente do contato da raça branca com os indígenas...” (LESSA. p. 188, 2002) -
sempre soube fazer do natural o seu meio de vida, justamente por viver ao ar livre, ele aprendeu em contato direto com
os mais diversos animais – desde pumas e jaguares que antes habitavam o pampa – a sabedoria necessária para
sobreviver em meio às feras, como também para por em prática a domesticação de animais selvagens, neste caso o
cavalo e o gado Chimarrão.
Neste contexto, o gaúcho Segundo Moacyr Flores, passou a se tornar perigoso para a sociedade emergente, sendo
visto como um paria social que vivia de pequenos furtos, da caça de animais selvagens e sem nenhum respeito pelas
leis recém impostas, fazendo com que estes passassem a serem caçados pela vastidão dos campos, contudo, foi o
advento dos cercamentos que limitou a vida do gaúcho, o transformando em peão de estância. (FLORES. p. 3, 2007).
E nessa via de consolidação entre homem, animal e estância é que podemos perceber as nuances que ainda permeiam
os trabalhadores rurais no segmento da pecuária. Mesmo restringido a um trabalho cada vez mais escasso por meio
dos avanços tecnológicos, hoje, o campeiro como é conhecido, ainda trás as marcas do seu passado gaudério mesmo
que hoje valha muito mais a segurança de uma carteira de trabalho assinada do que a liberdade dos campos.
5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até princípio do XIX Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do
Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de
Sousa Farias” – ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até
Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão,
passando pelos Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos
Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em
Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande,
Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XVIII e XIX Instalação das estâncias e de charqueadas em Pelotas e Bagé.
Séc. XIX Introdução do arame para cercamento das propriedades.
Séc. XIX (final) – Séc. XX (início) Instalação dos primeiros frigoríficos
Séc. XX Investimento no melhoramento genético dos rebanhos, incremento na importação e
exportação da carne bovina.
Séc. XX Criação de associações e cooperativas de criadores de bovinos, equinos e ovinos,
entre outros.
Séc. XX Introdução do transporte de rebanhos por caminhões.
Séc. XX Instalação de consórcio pecuária-agricultura de forma mais intensa.
Séc. XX – década de 1950 Fechamento da última charqueada em Bagé
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7. Legislação
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A partir dos anos 80, a noção de patrimônio se altera no sentido de representar a diversidade cultural brasileira,
bem como se vincula ao tombamento de bens edificados o patrimônio imaterial. Neste sentido, observa-se o
tombamento dos conjuntos urbanos com maior densidade de população em uma região expressivamente rural que são
as ações em Pelotas e Bagé, considerando o sítio da pesquisa. Citam-se, ainda, as ações com relação ao registro do
patrimônio imaterial: INRC a produção dos doces Tradicionais Pelotenses, Porongos e Missões.
A diversidade dessas ações de patrimônio, em tais cidades, expressa uma ampliação das políticas de
preservação das várias esferas do estado (municipal, estadual e federal) bem como as alterações na noção de
patrimônio. Embora nos últimos anos, com a implementação das diretrizes da Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) os
municípios tenham avançando, dentre outros aspectos, no estabelecimento de diretrizes voltadas às questões
patrimoniais, incluindo a instituição de Áreas de Interesse Cultural e outros mecanismos de gestão do patrimônio, é
importante destacar que ainda são praticamente inexistentes políticas de preservação voltadas ao patrimônio existente
áreas rurais.
8. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
8.2. RECOMENDAÇÕES
Ver Ficha Sítio Item: 9.2
9. DOCUMENTOS ANEXADOS
OBS.: VER ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby e Marta Bonow Rodrigues.
REDATOR Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues, Flávia Rieth, DATA
Liza Bilhalva Martins da Silva e Pablo Dobke. 10.04.13
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CÓDIGO DA FICHA
1. LOCALIZAÇÃO
MUNICÍPIO / UF Pelotas/ RS
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS .
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SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
caprino, em propriedades rurais de pequena, média e grande extensão.
O inventário das Lidas Campeiras na Região de Bagé, a partir de pesquisa etnográfica e bibliográfica, selecionou como
referências culturais sobre esse tema os seguintes ofícios: o pastoreio (ofício do peão campeiro), a feitura de aramados
(ofício do aramador ou alambrador), a doma (ofício do domador), a esquila dos ovinos (ofício do esquilador), a feitura de
artefatos em couro cru (ofício do guasqueiro), a tropeada (ofício do tropeiro) e as lidas caseiras (com vacas leiteiras,
carneadas, atividades na cozinha e demais serviços feitos perto da casa da propriedade).
4. DESCRIÇÃO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
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Conforme publicação da EMBRAPA (2009), o Bioma Pampa compreende área de clima temperado – marcado por
passagens de frentes polares e temperaturas negativas no inverno -, apresenta uma diversidade grande de paisagens e
flora que se estende da Patagônia Argentina, ao sul, até as encostas do Planalto Sul Brasileiro, no Rio Grande do Sul,
correspondendo a uma área de 700.000 km2 compartilhada entre Argentina, Uruguai e Brasil (IBGE, 2004). No Brasil, o
Bioma Pampa ocupa área de 178.243 km2, restrita ao Rio Grande do Sul, equivalendo a cerca de 63% do território
deste estado e 2% do território brasileiro.
O Bioma Pampa é encontrado nas cinco unidades de relevo do Rio Grande do Sul definidas por Suertegaray e Fujimoto
(2004), quais sejam: Planalto Sulriograndense, Planícies e terras baixas costeiras, Depressão Periférica, Cuesta de
Haedo e Planalto Arenito Basáltico.
A unidade Planícies e terras baixas costeiras corresponde a uma extensa planície arenosa litorânea, composta por
inúmeras lagoas, banhados e campos de restingas onde localiza-se a sede do município de Pelotas, as margens de
Laguna dos Patos e Arroio Grande próxima à Lagoa Mirim. Nas terras baixas, tem-se campos com capões e banhados.
A unidade Planalto Sulriograndense abrange as encostas leste das serras do Herval e dos Tapes (localização zona rural
do município de Pelotas), que se constituem em área de transição entre as terras baixas costeiras, e o planalto
propriamente dito. As encostas apresentam relevo com ondulações acentuadas, alternando paisagens de cobertura de
florestas estacional semidecidual, caracterizadas pela perda das folhas nos meses de outono e inverno, e campos
nativos. No planalto propriamente dito a paisagem é de morros e serras de rochas cristalinas (granitos, gnaisses,
migmatitos) e de formações rochosas de arenito cobertas de campos em solos rasos com ocorrência de capões de
mata e muitos afloramentos rochosos, como no Distrito das Palmas, ao norte do município de Bagé, no limite com o
município de Caçapava do Sul.
Já a porção da Depressão Periférica que se estende para sul até Bagé e Aceguá é a área considerada a mais
característica do Bioma Pampa com coxilhas, pequenas elevações, cobertas por vegetação campestre. È a região do
bioma com menor cobertura de florestas. Apresenta campos, banhados e campos de várzea nas proximidades dos rios,
onde se encontram algumas espécies arbóreas em matas ciliares e capões, como os espinilho, corticeiras e palmares
de butiá. Apresenta predominância de gramíneas que conformam a paisagem dos campos sulinos. É considerada a
área core do Bioma Pampa no Brasil.
O Ministério do Meio Ambiente define o Bioma Pampa da seguinte forma:
As paisagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um
imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do Pampa se caracterizam pelo
predomínio dos campos nativos, mas há também a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro,
formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, etc. Por ser um conjunto de ecossistemas muito
antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não completamente descrita pela
ciência. Estimativas indicam valores em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas, são
mais de 450 espécies (capim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, barbas-de-bode, cabelos-de-porco, dentre outras). Nas
áreas de campo natural, também se destacam as espécies de compostas e de leguminosas (150 espécies) como a
babosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de afloramentos rochosos podem ser encontradas
muitas espécies de cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa vale destacar o Algarrobo (Prosopis
algorobilla) e o Nhandavaí (Acacia farnesiana) arbusto cujos remanescentes podem ser encontrados apenas no Parque
Estadual do Espinilho, no município de Barra do Quaraí. A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves, dentre
elas a ema (Rhea americana), o perdigão (Rynchotus rufescens), a perdiz (Nothura maculosa), o quero-quero (Vanellus
chilensis), o caminheiro-de-espora (Anthus correndera), o joão-de-barro (Furnarius rufus), o sabiá-do-campo (Mimus
saturninus) e o pica-pau do campo (Colaptes campestres).
Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus),
o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), o zorrilho (Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita (Dasypus
hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema
muito rico, com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys flamarioni), o beija-flor-de-barba-azul
(Heliomaster furcifer); o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas ameaçadas de extinção
tais como: o veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o caboclinho-de-
barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzinho-chorão (Picoides mixtus) (Brasil, 2003).
Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa que fica a
maior parte do aquífero Guarani.
Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da
região. Além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos e ensejado
o desenvolvimento de uma cultura mestiça singular, de caráter transnacional representada pela figura do gaúcho.
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A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma
rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão conta
de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies
de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais
proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as
mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida
por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas
metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
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RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
Mesmo que não se queira recuar demais, no tempo, quando se trata da origem da cidade sempre é preciso repetir que
tudo começou, de fato, com a fundação de uma charqueada, em 1779. Nesse momento Pelotas ainda não existe, é
apenas um distrito do município do Rio Grande, que, vila desde 1747, haverá de dar origem, desmembrando-se
administrativamente, a todos os atuais municípios da região sul do Estado.
Retirante da terrível seca que dois anos antes assolou o Ceará (que fornecia ao Brasil quase toda a carne em conserva,
através de sua secagem ao sol), um cidadão português estabeleceu nessa data a primeira charqueada sul-rio-
grandense, também a nossa primeira unidade industrial, no interior da Vila do Rio Grande; mais precisamente, às
margens do já denominado arroio Pelotas.
Há muito tempo era o território rio-grandense o maior repositório de rebanho bovino, no Brasil: desde que os jesuítas
foram expulsos pelos bandeirantes, em 1641. Desfeitas as primeiras reduções indígenas, ficaram espalhadas, a
multiplicar-se por este território e pelo atual território uruguaio, milhares e milhares de cabeças de gado. Surgiram,
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como era natural, as primeiras estâncias, enormes sesmarias que eram concedidas gratuitamente de preferência aos
militares, mas de modo geral aos indivíduos que demonstrassem capacidade para defender suas terras.
Pois igualmente era o Rio Grande, até então, uma região conflagrada, “disputadíssima” por Espanha e Portugal.
Apenas nesse final do século XVIII, coincidentemente no mesmo ano em que a seca dizimou o rebanho cearense,
assinou-se o Tratado de Santo Ildefonso (1777); a partir daí, a pacificação entre as duas metrópoles permitiu que se
trabalhasse, pela primeira vez, com certa tranqüilidade e sossego nos latifúndios rio-grandenses.
Já era possível organizar-se, agora, um investimento fabril no extremo sul brasileiro. As estâncias foram se
estruturando, economicamente: demarcavam-se as propriedades, identificavam-se, marcavam-se os gados. Permitia-
se, com a pacificação, o trabalho de transformação da carne, sua conservação, a manufaturação dessa matéria prima
no interior do próprio território gaúcho. (Até então, apenas aproveitava-se o couro, para exportação e contrabando,
através da Colônia do Sacramento, ou enviava-se o gado em pé para ser comercializado nas feiras de Sorocaba.)
Por isso é que, em 1779, com visão empresarial, José Pinto Martins, vindo do Ceará, estabeleceu às margens do arroio
Pelotas a nossa primeira fábrica de salgar carnes, utilizando um processo diferente, mas semelhante, ao da carne-de-
sol ou carne-do-sertão, que aqui chamamos charque de vento: a carne desdobrada bem fina e posta a secar ao sol e
ao vento1.
Escolheu uma porção de terras mais para o interior da vila com o objetivo de evitar as areias que, sob a ação dos fortes
ventos litorâneos, teriam o efeito de arruinar a produção. Estas terras interiores, embora um tanto afastadas, eram de
fácil comunicação com o mar, por onde haveriam de escoar-se as mantas de charque para abastecer os portos do
Brasil e do estrangeiro, sobretudo das Antilhas. Pelos arroios da região chegava-se de iate, em poucas horas, ao Canal
de São Gonçalo e à Lagoa dos Patos, que vai ao encontro do oceano na barra do Rio Grande.
Sendo o charque o principal alimento dos escravos, e sendo o escravismo o sistema dominante no Brasil, como em
outras partes do mundo, não é difícil imaginar a repercussão econômica desse empreendimento. Basta lembrar que já
em 1820, quarenta anos depois, havia 22 charqueadas nesta porção da Vila do Rio Grande que hoje constitui apenas
uma parte do município de Pelotas (sobretudo as margens do São Gonçalo e dos arroios Pelotas, Santa Bárbara,
Moreira e Fragata).
A maioria dos charqueadores, nesse momento, ainda residia na vila. Justamente porque era fácil a comunicação entre a
sede, Rio Grande, e o seu distrito de Pelotas; mas também porque o trabalho de enxerca não era permanente:
realizado por um grande número de escravos (uma média de oitenta em cada charqueada), durava apenas de
novembro a abril, ou seja, a metade mais quente do ano.
Aos poucos, porém, e à medida em que os negócios foram prosperando, todos começaram a perceber que era
conveniente edificar residências urbanas num lugar menos distante dos seus casarões rurais. Desde 1812 havia se
estabelecido um povoado, com a sua igrejinha e algumas casas esparsas, nesse lado de cá do São Gonçalo, mais
precisamente entre as atuais avenida Bento Gonçalves e rua General Netto. Construíram-se então, nesse espaço,
porém cada vez mais para o sul (cada vez mais na direção do canal e menos na direção das charqueadas, por causa
do “horrível cheiro de carniça”, como expressaria um viajante alemão), novas casas e sobrados, alguns
verdadeiramente suntuosos. Referindo-se aos charqueadores, disse um observador, de origem francesa: “eles
quiseram que o lugar prosperasse, e o lugar prosperou”2.
No começo da década de 1830, como conseqüência, a localidade emancipou-se da Vila do Rio Grande, transformando-
se, igualmente, em município, sob a invocação de São Francisco de Paula. Um município — é preciso que se diga— já
de início mais próspero do que a própria Vila do Rio Grande, que, agora desmembrada, perdia mais da metade da sua
população.
Quase simultaneamente à instalação da primeira Câmara administrativa e da primeira escola pública, e exatamente
num terreno entre ambas, construiu-se um teatro, que hoje é o mais antigo do Brasil em funcionamento. Entre os
locatários dos seus 61 camarotes, havia um barão (futuro visconde), três comendadores, três futuros barões e um
futuro visconde. Já era, pois, evidente a opulência; a nobreza era notória; a cultura, no mínimo, incipiente, sendo
resultado de uma sociabilidade que nem era tão recente.
Por exemplo: no final da década anterior, em 1827, um oficial alemão anotava que aqui os habitantes tinham “mais
civilização e mais gosto pela vida social e mais trato amigável do que nas outras regiões” do país; que o piano
encontrava-se quase em todas as casas; que as mulheres, que chama “espanholas do novo mundo”, quase todas
tocavam piano, quase todas falavam francês e a maioria dançava muito bem, sendo tudo isso muito significativo “em
comparação com a casmurrice anti-cavalheiresca que predomina no resto do Brasil” 3.
Opulência, sociabilidade e cultura foram mais e mais se tornando, na intensidade com que o século avançava 4,
conceitos emblemáticos dessa civilização, eminentemente urbana.
Para os industriais, o tempo relativamente desocupado (em virtude da curta safra das charqueadas), o charque e o
couro vendidos a altos preços nos mercados e a manutenção, desde logo, de um contato indireto com os grandes
1
Lopes Neto, J. Simões. História de Pelotas. Edição organizada por Mario Osorio Magalhães. Pelotas: Armazem
Literario, 1994, p. 19.
2
Dreys, Nicolau. Notícia descriptiva da Província do Rio-Grande de São Pedro do Sul. Rio de Janeiro: J. Villeneuve &
Cia., 1839, p. 119.
3
Seidler, Carl. Dez anos no Brasil. Tradução de Bertoldo Klinger. São Paulo: Livraria Martins, 3a edição, 1973, p. 94.
4
Consulte-se: Magalhães, Mario Osorio. Opulência e cultura na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul: um
estudo sobre a história de Pelotas (1860-1890). Pelotas: Mundial/Editora da UFPel, 1993.
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centros (os navios que levavam charque, couro e até língua defumada não haveriam de voltar vazios: vinham
carregados de mantimentos, móveis, quadros, livros, figurinos europeus) foram fatores que alargaram, num ritmo
crescente, a sua visão de mundo. Permitiram-lhes uma certa leitura, uma certa elegância, uma certa aproximação às
artes —numa palavra, um relativo requinte social, mais evidente nos seus filhos bacharéis.
Claro, essa civilização se sustentava no suor do negro, na punição do escravo, na faca assassina, na degola do boi, no
arroio tinto de sangue, no cheiro da carniça, nas mantas de carne sob o calor do sol. Era uma civilização do sal, mas
que procurava atenuar seus rituais de castigo e de brutalidade adocicando-se em cortesias e amabilidades —no teatro,
nos saraus e nos salões. Era uma elite de novos áulicos e novos bacharéis que buscava adoçar corpo e espírito, neste
Brasil de clima europeu, com licores (os “finos líquidos”) e desserts, livros e versos rimados, saudações solenes,
dedicatórias rebuscadas e, veladamente, sensuais.
Lembre-se que em Pelotas, como em grande parte do Brasil, os nobres improvisados (ou, como hoje se diz, os
“emergentes”), que estavam à testa da sociedade, assumiram o tradicional desdém da aristocracia pelo dinheiro. Mas
não foram capazes de pôr, no seu lugar, o orgulho pelo nascimento e pela linhagem, já que os títulos de nobreza só
eram concedidos ao portador enquanto ele vivesse. Substituíram-no, então, pela “cultura”, como única prova aceitável
de nobreza, e a classe média urbana seguiu seu exemplo.
Em 1865, logo no início da Guerra do Paraguai, escrevia o príncipe consorte Gastão d’Orleans, o Conde d’Eu: “Depois
de ter percorrido por duas vezes em toda a sua largura a Província do Rio Grande do Sul, depois de ter estado em suas
pretensas vilas e cidades, Pelotas aparece aos olhos cansados do viajante como uma bela e próspera cidade. As suas
ruas largas e bem alinhadas, as carruagens que as percorrem (fenômeno único na Província), sobretudo os seus
edifícios, quase todos de mais de um andar, com as suas elegantes fachadas, dão idéia de uma população opulenta.
De fato, é Pelotas a cidade predileta do que eu chamarei a aristocracia rio-grandense...” 5.
Cinco anos depois, Carlos von Koseritz, intelectual alemão de larga importância na vida cultural do Rio Grande do Sul,
traçava um paralelo entre Pelotas e a capital, Porto Alegre (onde viveu a maior parte do tempo), afirmando: “Pe-lotas se
acha em circunstâncias diversas. Não podendo contar com os elementos oficiais que a Porto Alegre proporcionam
acanhado movimento, viu-se obrigada a recorrer à indústria que a sua posição topográfica lhe facilita. Reina ali uma
atividade industrial que Porto Alegre não conhece, e nota-se ali, em geral, progresso mais rápido, abastança maior,
fortunas mais sólidas. Cremos até que, para uma cidade nessas condições, não seria sorte alguma se, de repente, se
mudasse para ela a sede do governo e o mundo oficial”6.
Nessa época, a cidade já se auto-denominava, enamorada de si mesma, “Princesa do Sul”. Com idêntico orgulho, se
auto-proclamaria “Atenas Rio-Grandense”, identificada que estava, de um modo especial, com as artes e as letras,
numa espécie de desdobramento do seu apogeu econômico-urbano. Mas não era menos famosa, dentro e fora da
Província, pelos seus viscondes e barões (houve 17 ao todo, durante os dois impérios), as suas damas, os seus doces,
as suas festas, os seus sobrados, os seus monumentos públicos, as suas lojas.
Enfim, nessa época, e com certeza até o final do Império, a cidade se distinguia, era o maior empório industrial da
Província de São Pedro. Dentro de um outro ângulo, mas justamente porque polarizava as nossas principais atividades
econômicas (a pecuária e o charque), num renovado ajuntamento de tropeiros, criadores e comerciantes, tornou-se a
verdadeira capital da Campanha rio-grandense.
A Campanha — e isso todos sabem — é a nossa área histórica mais característica. Com ela, ainda hoje, em muitos
sentidos está identificado, no imaginário do Brasil, o Rio Grande como um todo.
(Texto retirado de: RIETH, Flávia et alii. INRC – produção de doces tradicionais pelotenses (relatório final). Pelotas: Editora da
UFPEL, 2008. vol.1.).
5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até princípio do XIX Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do
Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de
Sousa Farias” – ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até
Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão,
5
Eu, Conde d’. Viagem militar ao Rio Grande do Sul. São Paulo: Itatiaia, 1981, ps. 134-135.
6
Koseritz, Carlos von. A História da Ciência. Porto Alegre: tip. do Jornal do Comércio, 1870.
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passando pelos Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos
Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em
Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande,
Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XVIII e XIX Instalação das estâncias e de charqueadas em Pelotas e Bagé.
Séc. XIX Introdução do arame para cercamento das propriedades.
Séc. XIX (final) – Séc. XX (início) Instalação dos primeiros frigoríficos
Séc. XX Investimento no melhoramento genético dos rebanhos, incremento na importação e
exportação da carne bovina.
Séc. XX Criação de associações e cooperativas de criadores de bovinos, equinos e ovinos,
entre outros.
Séc. XX Introdução do transporte de rebanhos por caminhões.
Séc. XX Instalação de consórcio pecuária-agricultura de forma mais intensa.
Séc. XX – década de 1950 Fechamento da última charqueada em Bagé
Séc. XX – década de 1960 Introdução do Pastoreio rotativo científico “Voisin”
Séc. XX Instalação de centros de doma e treinamento de cavalos nos núcleos urbanos
Séc. XX Instauração de cursos para aprimoramento dos trabalhadores rurais em instituições
privadas e públicas municipais, estaduais e federais, como sindicatos rurais,
associações de criadores, EMBRAPA, etc.
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7. Legislação
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Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (IPHAE) tombou os seguintes bens: Antiga Cadeia (18/11/1986),
Antiga Casa de Fazenda (18/11/1986), Antiga Casa Fabião (21/11/1986), Antiga Farmácia Caridade (20/11/1986),
Antiga Moradia de Egydio Rosa (21/11/1986), Antigo Teatro Municipal (Sete de Abril) (20/11/1986), Casa Comercial dos
Fabião (21/11/1986), Casa de Camarinha (20/11/1986), Casa do Comendador Fabião (20/11/1986), Casa de Gomes de
Freitas (21/11/1986), Casa de Vicente Lucas de Oliveira (21/11/1986), Prédio no Logradouro Pe. Reinaldo Wist
(Geminado com o Teatro) (20/11/1986), Ponte do Império (01/08/1984), Prédio da Rua Bento Gonçalves (Casa de
Darwing Lucas) (21/11/1986), Sobrado da Dorada (21/11/1986).
Da mesma maneira, em Arroio Grande, por iniciativa do município e acompanhando a ideia de patrimônio a
partir dos feitos históricos do Rio Grande do Sul, considerando seus personagens e revoluções, propõe o registro de um
obelisco e de uma tapera localizados no lugar onde nasceu o Barão de Mauá e de um marco de fronteira situado nas
margens da estrada para Pelotas, homenageando uma batalha da Revolução Farroupilha. (Lei 586, de 14.1.1966)
A partir dos anos 80, a noção de patrimônio se altera no sentido de representar a diversidade cultural brasileira,
bem como se vincula ao tombamento de bens edificados o patrimônio imaterial. Neste sentido, observa-se o
tombamento dos conjuntos urbanos com maior densidade de população em uma região expressivamente rural que são
as ações em Pelotas e Bagé, considerando o sítio da pesquisa. Citam-se, ainda, as ações com relação ao registro do
patrimônio imaterial: INRC a produção dos doces Tradicionais Pelotenses, Porongos e Missões.
A diversidade dessas ações de patrimônio, em tais cidades, expressa uma ampliação das políticas de
preservação das várias esferas do estado (municipal, estadual e federal) bem como as alterações na noção de
patrimônio. Embora nos últimos anos, com a implementação das diretrizes da Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) os
municípios tenham avançando, dentre outros aspectos, no estabelecimento de diretrizes voltadas às questões
patrimoniais, incluindo a instituição de Áreas de Interesse Cultural e outros mecanismos de gestão do patrimônio, é
importante destacar que ainda são praticamente inexistentes políticas de preservação voltadas ao patrimônio existente
áreas rurais.
8. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
8.2. RECOMENDAÇÕES
Ver item 9.2 Ficha Sítio
9. DOCUMENTOS ANEXADOS
OBS.: VER ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA
ANEXO 4: CONTATOS F1 – A4 – 27, 28, 38, 39, 47, 51, 52, 59, 61, 67.
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby e Marta Bonow Rodrigues.
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REDATOR Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues, Flávia Rieth, DATA
Liza Bilhalva Martins da Silvae Pablo Dobke. 10.04.13
RESPONSÁVEL PELO Flávia Rieth
INVENTÁRIO
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CÓDIGO DA FICHA
1. LOCALIZAÇÃO
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
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3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS.
SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
caprino, em propriedades rurais de pequena, média e grande extensão.
O inventário das Lidas Campeiras na Região de Bagé, a partir de pesquisa etnográfica e bibliográfica, selecionou como
referências culturais sobre esse tema os seguintes ofícios: o pastoreio (ofício do peão campeiro), a feitura de aramados
(ofício do aramador ou alambrador), a doma (ofício do domador), a esquila dos ovinos (ofício do esquilador), a feitura de
artefatos em couro cru (ofício do guasqueiro), a tropeada (ofício do tropeiro) e as lidas caseiras (com vacas leiteiras,
carneadas, atividades na cozinha e demais serviços feitos perto da casa da propriedade).
4. DESCRIÇÃO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
POPULAÇÂO (hab.)
MUNICÍPIO
TOTAL URBANA % RURAL %
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Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da
região. Além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos e ensejado
o desenvolvimento de uma cultura mestiça singular, de caráter transnacional representada pela figura do gaúcho.
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma
rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão conta
de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies
de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais
proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as
mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida
por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas
metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
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RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978). Na
Vila da Lata, comunidade quilombola, observou-se a existência de ranchos como moradia. A utilização das casas de
torrão como galpão ou cozinha é também uma forma de celebração da tradição. Nestes termos, em Aceguá, a
programação dos festejos do Dia 20 de Setembro, da Semana Farroupilha, envolve a construção de ranchos pelos
peões.
Ranchos visitados em Aceguá:
Sede:
Ranchos construídos na avenida principal da cidade para as celebrações da Semana Farroupilha, onde os festejadores
se reúnem para tomar mate, jogar truco (jogo de cartas), cozinhar ou para atuar em serviços ligados às lidas campeiras,
como a restauração de arreios e laços através do conhecimento do ofício de guasqueiro. Além disso, atividades
administrativas envolvidas nos festejos da Semana Farroupilha podem ser executadas nos ranchos construídos.
Vila da Lata:
Comunidade quilombola localizada à beira do Corredor Brasil-Uruguai, composta por uma série de ranchos dispostos
em ambas às margens da única rua da Vila.
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MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
Mangueiras de pedra visitadas em Aceguá:
Minuano:
Estância do Minuano.
5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
Dentre as localidades abarcadas pelas investigações do INRC – Lidas Campeiras em Bagé/RS, está o município de
Aceguá/RS, por se configurar histórica e culturalmente como território no qual a pecuária extensiva se apresenta como
fator fundamental na estruturação do desenvolvimento do mais amplo leque de relações sociais. Além do mais, as
localidades que compõem a rede de investigação de campo do INRC – Lidas Campeiras em Bagé/RS são incorporadas
à pesquisa por integrarem circuitos de produção, criação, comercialização e/ou abate de animais manejados pela
pecuária extensiva, na região do pampa sul–rio–grandense. Para isso, é de suma importância que – além dos dados
estatísticos e econômicos - seja também levado em consideração aspectos da continuidade histórica da atividade na
localidade em questão.
A hoje conhecida cidade de Aceguá desmembrou-se de Bagé oficialmente entre os anos de 1995 e 1996, porém, a
região primeiramente denominada de Pueblo Juncal pelos uruguaios e Coxilha Seca pelos brasileiros (ao longo do
tempo, a localidade recebeu diferentes nomes; Coxilha Seca, de 1897 a 1920; Rio Negro, de 1920 a 1933; a partir de
1933 volta então a chamar-se de Coxilha Seca para somente mudar definitivamente para Aceguá em 1938), tem sua
economia vinculada principalmente no que tange a cultura da pecuária extensiva, com suas tradicionais estâncias de
criação de gado bovino e equino.
Segundo Minga Blanco, interlocutor do inventário (informações sobre a formação histórica e geográfica de Aceguá, é de
certa maneira, muito limitada, ainda carecendo de fontes), a localidade está extremamente ligada ao trânsito do gado
bovino vindo das Missões Orientais em direção a Montevidéu ou a Colônia de Sacramento, ação esta que fazia da
região um posto de passagem para estes tropeiros da Companhia de Jesus, algo que acabou por consolidar a
característica da região. Por sua posição geográfica, o atual Município desempenhou importante papel na história do
Rio Grande de São Pedro (atual Rio Grande do Sul), sendo o seu território alvo de disputas no século XVII entre índios,
portugueses e espanhóis. De acordo com o site da prefeitura de Bagé, o primeiro registro histórico quanto à ocupação
jesuítica da região correspondente ao Município de Bagé, é a data de 1681. Segundo os autores, os padres jesuítas
migraram das reduções guaraníticas e instalaram-se no sul do Rio Grande do Sul, no ponto mais extremo da Estância
de São Miguel o posto de Santa Tecla, tendo como objetivos, a guarda e o pastoreio do rebanho local; em 1683 durante
o domínio espanhol, os missionários jesuítas fundaram a Redução de Santo André de Guenoas.
Devido à facilidade em se atravessar a fronteira entre os territórios pertencentes aos Impérios Luso e de Castela (cabe
lembrar que a fronteira como hoje é conhecida ainda não existia, sendo assim, um lugar de imenso desacordo entre as
coroas), a região também se notabilizou desde o mais tenro tempo pela prática do contrabando, atividade esta que
ainda movimenta a região até os dias atuais.
Ao longo da linha divisória que separa politicamente Brasil e Uruguai, encontram-se muitas estâncias, propriedades
estas que estão inteiramente vinculadas ao latifúndio pastoril e historicamente ligadas as concessões de sesmarias,
contudo, em meio a estes símbolos da economia Sul-Rio-grandense, encontra-se a Vila da Lata, lugar definido como
comunidade quilombola e interessantemente abordado no trabalho de Francine Joseph (2010).
Com estes aspectos, a cidade de Aceguá e região (incluindo a cidade homônima do lado uruguaio), configuram-se
como um espaço transnacional, fazendo com que ambos os lados partilhem de uma mesma configuração social, pois a
gênese do local, em sua história, jamais admitiu fronteiras.
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5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até princípio do XIX Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do
Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de
Sousa Farias” – ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até
Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão,
passando pelos Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos
Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em
Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande,
Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XVIII e XIX Instalação das estâncias e de charqueadas em Pelotas e Bagé.
Séc. XIX Introdução do arame para cercamento das propriedades.
Séc. XIX (final) – Séc. XX (início) Instalação dos primeiros frigoríficos
Séc. XX Investimento no melhoramento genético dos rebanhos, incremento na importação e
exportação da carne bovina.
Séc. XX Criação de associações e cooperativas de criadores de bovinos, equinos e ovinos,
entre outros.
Séc. XX Introdução do transporte de rebanhos por caminhões.
Séc. XX Instalação de consórcio pecuária-agricultura de forma mais intensa.
Séc. XX – década de 1950 Fechamento da última charqueada em Bagé
Séc. XX – década de 1960 Introdução do Pastoreio rotativo científico “Voisin”
Séc. XX Instalação de centros de doma e treinamento de cavalos nos núcleos urbanos
Séc. XX Instauração de cursos para aprimoramento dos trabalhadores rurais em instituições
privadas e públicas municipais, estaduais e federais, como sindicatos rurais,
associações de criadores, EMBRAPA, etc.
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7. Legislação
8. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
8.2. RECOMENDAÇÕES
Ver Ficha Sítio Item: 9.2
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9. DOCUMENTOS ANEXADOS
OBS.: VER ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby e Marta Bonow Rodrigues.
REDATOR Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues, Flávia Rieth, DATA
Liza Bilhalva Martins da Silva e Pablo Dobke. 18.04.13
RESPONSÁVEL PELO Flávia Rieth
INVENTÁRIO
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CÓDIGO DA FICHA
1. LOCALIZAÇÃO
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS .
SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
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4. DESCRIÇÃO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
POPULAÇÂO (hab.)
MUNICÍPIO
TOTAL URBANA % RURAL %
HULHA NEGRA 6.043 hab. 2.909 hab. 48% 3.134 hab. 52%
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Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da
região. Além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos e ensejado
o desenvolvimento de uma cultura mestiça singular, de caráter transnacional representada pela figura do gaúcho.
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma
rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão conta
de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies
de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais
proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as
mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida
por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas
metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
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Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
Ranchos visitados em Hulha Negra:
Mei’Água:
Rancho na pequena propriedade do Sr. Eliezer Sousa.
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MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
O município de Hulha Negra situa-se na microrregião da campanha Meridional no sudoeste do Rio Grande do Sul.
Emancipou-se em 20 de março de 1992 tendo sido anteriormente o 2° distrito do município de Bagé. Sua população,
segundo o censo IBGE de 2010, era de 6 043 habitantes sendo do que 3 134 habitam o meio rural, equivalendo a 52%
do total. Em 2000 o índice de desenvolvimento humano (IDH) do município era considerado médio sendo 0,761.
A economia de Hulha Negra baseia-se na agropecuária ocupando aproximadamente 40% da população do município.
Tradicionalmente a região esta voltada para a pecuária extensiva e também, devido ao relevo plano, à produção do
arroz irrigado. No entanto, a presença da pequena propriedade e de assentamentos do MST faz com que outras
atividades se apresentem no município tal como bovinocultura leiteira, cultura do milho, sorgo (voltados para
alimentação animal e comercialização de grãos), a fruticultura, trigo, a plantação de hortaliças como tomate e cebola
sendo esses dois produtos voltados para atender as demandas de um grande frigorífico presente no município.
Segundo Perske (2004, pag. 46) a maior parte do município é composta de projetos de assentamentos e também pela
agricultura e pecuária familiar que se localizam, em sua maioria, na metade sul do município. Juntos, minifúndio e
pequena propriedade equivalem a 79,9% do número de propriedades existentes no município ocupando 19,9% de sua
área. Entretanto, a concentração de terras é relevante no município onde a grande propriedade ocupa 51,9% da área
total e equivale a 5,4% do numero de propriedades existentes no município. (PREFEITURA MUNICIPAL DE BAGÉ,
2011, pag. 73). Vieira Medeiros (2006) chama a atenção para o numero de assentamentos existentes sendo que, de
acordo com os dados abordados pela autora, no ano de 2003, Hulha Negra possuía 25 assentamentos onde ocupavam
1016 famílias. Considerando uma média de três pessoas por família a autora acredita que a população rural do
município constitui-se quase exclusivamente nos assentamentos. As famílias dos assentamentos no município estão
ligadas a cooperativas e a produção baseada na agroecologia. A autora chama atenção para a COOPERAL
(Cooperativa Regional dos Agricultores Assentados) onde 700 famílias dedicam-se a produção de sementes
agroecológicas (BIONATUR).
A origem da agricultura familiar no município esta relacionada ao que Perske (2004) chama de “Onda Migratória”.
Segundo o autor na história do município esta marcada por quatro “Ondas Migratórias” sendo a primeira no ano de
1925 onde se instalaram, no que hoje se chama Trigolândia, colonizadores Alemães que se dedicaram a produção de
trigo (em 1929 e 1932 vieram novas famílias). A segunda ocorreu em 1963 quando o então Presidente João Goulart
solicitou aos fazendeiros que doassem 10% de suas terras para fins de reforma agrária. Quem doou parte da fazenda
foi o fazendeiro Nestor de Moura Jardim disponibilizando 871ha que por sua vez foram divididos em 23 lotes para
serem vendidos pela quarta parte do preço com um financiamento, em longo prazo, pelo Banco do Brasil. A colônia
passou a se chamar Salvador Jardim e as terras foram vendidas para famílias situadas na Trigolândia. A terceira “Onda
Migratória” esteve ligada a criação da colônia Nova Esperança em 1974 quando o governo do Estado adquiriu a
fazenda Coxília Negra de 25000ha assentando 120 famílias. Segundo o autor esse fato se deu como decorrência do
conflito pelas terras entre os índios e posseiros, na reserva Nonoai, no Norte do Estado. Por fim a quarta “Onda
Migratória” se deu entre 1989 e 2002 com os projetos de reforma agrária dos governos estadual e federal onde,
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fazendas voltadas à pecuária extensiva e a plantação de arroz irrigado nas várzeas, foram divididas em pequenas
propriedades de tamanho médio de 23ha e destinadas a famílias vindos, em sua maior parte, do Norte do Estado.
Esse fato, segundo o autor, fez com que Hulha Negra se tornasse o município com maior número de famílias
assentadas no Rio Grande do Sul o que, de acordo com Vieira Medeiros (2006), promoveu significativas mudanças
tanto no perfil econômico do município, quanto na sua população e organização do seu espaço rural.
5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até princípio do XIX Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do
Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de
Sousa Farias” – ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até
Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão,
passando pelos Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos
Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em
Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande,
Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XVIII e XIX Instalação das estâncias e de charqueadas em Pelotas e Bagé.
Séc. XIX Introdução do arame para cercamento das propriedades.
Séc. XIX (final) – Séc. XX (início) Instalação dos primeiros frigoríficos
Séc. XX Investimento no melhoramento genético dos rebanhos, incremento na importação e
exportação da carne bovina.
Séc. XX Criação de associações e cooperativas de criadores de bovinos, equinos e ovinos,
entre outros.
Séc. XX Introdução do transporte de rebanhos por caminhões.
Séc. XX Instalação de consórcio pecuária-agricultura de forma mais intensa.
Séc. XX – década de 1950 Fechamento da última charqueada em Bagé
Séc. XX – década de 1960 Introdução do Pastoreio rotativo científico “Voisin”
Séc. XX Instalação de centros de doma e treinamento de cavalos nos núcleos urbanos
Séc. XX Instauração de cursos para aprimoramento dos trabalhadores rurais em instituições
privadas e públicas municipais, estaduais e federais, como sindicatos rurais,
associações de criadores, EMBRAPA, etc.
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7. Legislação
8. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
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8.2. RECOMENDAÇÕES
Ver item 9.2 Ficha Sítio
9. DOCUMENTOS ANEXADOS
OBS.: VER ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby e Marta Bonow Rodrigues.
REDATOR Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues, Flávia Rieth, DATA
Liza Bilhalva Martins da Silva e Pablo Dobke. 10.04.13
RESPONSÁVEL PELO Flávia Rieth
INVENTÁRIO
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CÓDIGO DA FICHA
1. LOCALIZAÇÃO
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
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Pampa Arroio
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grandense RS
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3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS.
SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
caprino, em propriedades rurais de pequena, média e grande extensão.
O inventário das Lidas Campeiras na Região de Bagé, a partir de pesquisa etnográfica e bibliográfica, selecionou como
referências culturais sobre esse tema os seguintes ofícios: o pastoreio (ofício do peão campeiro), a feitura de aramados
(ofício do aramador ou alambrador), a doma (ofício do domador), a esquila dos ovinos (ofício do esquilador), a feitura de
artefatos em couro cru (ofício do guasqueiro), a tropeada (ofício do tropeiro) e as lidas caseiras (com vacas leiteiras,
carneadas, atividades na cozinha e demais serviços feitos perto da casa da propriedade).
4. DESCRIÇÃO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
POPULAÇÂO (hab.)
MUNICÍPIO
TOTAL URBANA % RURAL %
ARROIO GRANDE 18.470 hab. 16.085 hab. 87% 2.385 hab. 13%
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grandense RS
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Pampa Arroio
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grandense RS
Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus),
o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), o zorrilho (Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita (Dasypus
hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema
muito rico, com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys flamarioni), o beija-flor-de-barba-azul
(Heliomaster furcifer); o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas ameaçadas de extinção
tais como: o veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o caboclinho-de-
barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzinho-chorão (Picoides mixtus) (Brasil, 2003).
Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa que fica a
maior parte do aquífero Guarani.
Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da
região; além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos.
Entretanto, a progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado
a uma rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão
conta de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies
de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais
proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as
mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida
por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas
metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
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Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
Ranchos visitados em Arroio Grande:
Palma:
Rancho de propriedade da irmã do Sr. Dega
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MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
Mangueiras visitadas em Arroio Grande:
Mangueira de Pedra situada às margens da BR 116, próximo à divisa com o município de Pedro Osório.
5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
A formação do estado do Rio Grande do Sul assenta-se na relação conflituosa entre os impérios português e espanhol
na disputa por território e domínio político e econômico (ZANOTELLI et al, 2003). Tal ocupação territorial teve início
através dos padres jesuítas que, vindos do Paraguai, instalaram –se na margem leste do Rio Uruguai com o objetivo
primordial de catequizar grupos indígenas que habitavam os territórios sulinos. Inicialmente logrando em seus intentos,
os jesuítas fundaram, a partir de 1626, aldeias e povoados chamados missões ou reduções. O conjunto de povoados
de maior importância histórica foram os Sete Povos das Missões. Ademais, foram os jesuítas que introduziram a criação
de animais no Rio Grande do Sul: ovinos, eqüinos e principalmente bovinos. Junto com a pecuária e valendo-se do
trabalho indígena, desenvolveram também a agricultura e a extração da erva-mate.
Ainda no século XVII, as missões começaram a ser invadidas por bandeirantes – homens vindos de São Paulo , que
atacavam as aldeias com a finalidade de aprisionar os índios para vendê-los como escravos. Em função destes
sucessivos ataques, as missões entraram em decadência. Em 1750, pelo Tratado de Madri, Portugal e Espanha
determinaram que a população dos Sete Povos deveria deixar a área, que ficaria para os portugueses. Embora tal
tratado tenha sido anulado em 1761, e os índios missioneiros tenham obtido o direito de permanecer na região, as
sucessivas guerras causaram a destruição dos Sete Povos. Os rebanhos espalharam-se pelo campo aberto
reproduzindo-se livremente, tornando-se um gado selvagem (MOREIRA, 1999).
Este gado cresceu livre durante décadas. Inicialmente milhares de cabeças de gado vacum eram sacrificados apenas
para a retirada e venda do couro.
Em 1634, mil e quinhentas cabeças de gado foram introduzidas e distribuídas entre
os povos da margem esquerda do rio Uruguai. Quando essas comunidades
missioneiras recuaram para a outra margem do rio, em razão dos ataques dos
paulistas escravizadores, os animais foram transferidos para a margem meridional
do rio Jacuí, onde se desenvolveram, formando as vacarias do mar. Nos anos 1700,
quando a vacaria do mar começou a esgotar-se, devido à extração de gado,
vaqueiros dos sete povos, introduziram milhares de animais nos campos de cima da
serra, formando a vacaria dos pinhais (MAESTRI, 2006)
Em 1737, para garantir os interesses dos portugueses instalados na região, foi construído o forte Jesus-Maria-José,
junto ao canal que liga laguna dos Patos ao oceano Atlântico. Ao lado do forte formou-se uma povoação que deu
origem a atual cidade de Rio Grande. O domínio português se expandiu pelas áreas vizinhas, que no seu conjunto eram
chamadas de Continente de Rio Grande de São Pedro, primeira denominação do atual estado do Rio Grande do Sul.
Neste mesmo período, desenvolveu-se a mineração em Minas Gerais, o que atraiu milhares de pessoas para a região e
formou um mercado de consumo para os produtos da pecuária riograndina: couro, carne, leite e animais para
transporte. Em conseqüência, a atividade de caça foi sendo substituída pela criação de gado, pois os animais passaram
a ser reunidos em locais destinados a tal finalidade: as estâncias (Idem, 1999).
Assim, estimulada pelo mercado do Sudeste do país, principalmente de Minais Gerais, desenvolveu-se a pecuária no
Rio Grande do Sul. Portugueses, paulistas e catarinenses ganhavam do governo grandes extensões de campo, onde
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instalavam suas fazendas de criação de gado. Com o tempo, as áreas campestres, principalmente as da Campanha,
ficaram povoadas de fazendeiros.
A partir de 1780 notamos uma modificação na utilização do gado vacum. Iniciam, na província de São Pedro, as
charqueadas na região de Pelotas, e a carne começa a ganhar considerável valor comercial. Porém, durante anos o
couro continuou com grande valor monetário. As vacarias geralmente vindas da região da campanha traziam o gado
para ser vendido na região de Pelotas.
Um ano após a chegada da família real Portuguesa ao Brasil, ocorre a primeira divisão administrativa da província de
São Pedro. Em 1809 a região fica dividida em quatro localidades: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio e Porto Alegre.
Em meados do Século XIX, para delimitar as propriedades, iniciou-se o uso do arame farpado e alambrado. Desta
forma o dono da estância conseguia controlar seus peões e impedir o uso de sua propriedade por gaúchos nômades,
geralmente tropeiros sem a posse da terra, que habitavam na região. Estes gaúchos sem nacionalidade definida
transitavam facilmente entre os atuais territórios brasileiro, uruguaio e argentino, e tinham como principal atividade
retirar o couro do gado vacum e vendê-lo no mercado informal, na região de domínio português e para a metrópole
hispânica. O modelo de transação econômica praticado por estes gaúchos era possível porque havia o gado nesta
região, ao mesmo tempo, era considerado ilegal porque os animais soltos pelos campos eram de propriedade real –
tanto da coroa portuguesa quanto espanhola.
As estâncias pertencentes a proprietários portugueses iniciaram a domesticação do gado da região. Entretanto, não
existia tratamento para a saúde dos animais. A partir do século XX notamos uma drástica diferença no tratamento da
saúde do gado, com evidente melhora. A qualidade da carne e a genética destes animais tornam-se referência no país
e a carne bovina produzida na região de pradaria e é exportada para inúmeros países.
O município de Bagé, é reconhecido pela criação extensiva de gado bovino de corte de significativa qualidade, com
melhoramento genético dos animais. Começam na região exposições de gado, ovinos e eqüinos. O cavalo, principal
instrumento de trabalho fundamental para a produção pecuária, era utilizado para arrebanhar o gado vacum. Já a
criação de ovelhas, além de suprir a demanda doméstica de carne da propriedade, através da venda anual de lã,
ajudava a cobrir as despesas de manutenção da propriedade – com o advento da lã sintética, a criação de gado ovino
diminui expressivamente, passando a atender nichos específicos do mercado de carne e a demanda da produção
artesanal de artefatos de lã.
A criação de gado de corte e a exposição destes animais, gera milhões de reais para a região. Estas duas atividades
são majoritariamente vinculadas a grandes e médias propriedades rurais. No entanto, embora o ponto de partida para
este estudo seja a região de Bagé, a paisagem cultural que se configura a partir da produção pecuária, sua origem,
manutenção e perpetuação, extrapola tais limites geográficos e políticos, transitando suas fronteiras pelos territórios
que abrange a chamada “cultura gaúcha”. Assim sendo, tal área cultural perpassa tanto o sul do Rio Grande do Sul
quanto os países vizinhos, como Argentina e Uruguai.
Ondina Fachel Leal discute a constituição acadêmica e sócio-antropológica do “Sul” como um território de significados
de uma realidade social específica, de um sistema de valores e de uma determinada área social. Para Leal (1997), “os
limites desta área cultural etnografada e etnografável, freqüentemente nominada o Sul, numa estratégica imprecisão
retórica, não coincidem com os limites políticos do estado Rio Grande do Sul ou mesmo os da nação Brasil.”
Segundo Correa et alii (2004), a constituição político-administrativa do município de Arroio Grande teve origem da
seguinte forma: Do ano de 1790 até o ano de 1819 no espaço compreendido: ao norte, pela margem direita do rio
Piratini; ao oeste, pelo arroio Santa Maria ou Piratini da Orqueta; ao leste, pelo canal de São Gonçalo e Lagoa Mirim; ao
sul, pelo arroio Chasqueiro, foram concedidos 34 títulos de doação de terras, as sesmarias, principalmente doadas a
militares açorianos e famílias açorianas.
A então freguesia de Arroio Grande se emancipou do município de Jaguarão em 1873, que foi distrito do município de
Rio Grande até 1832. Os primeiros registros do povoamento do território onde atualmente está situada a sede de Arroio
Grande datam de 1803, e tratam da doação de um terreno de criação de gado para a fundação de um povoado –
efetivada com a construção da capela de Nossa Senhora da Graça de Arroio Grande, em 1815, e confirma da em 1821.
Por Em 1891, Arroio Grande é elevada ao estatuto de cidade, graças ao progresso econômico e político que a indústria
pastoril trazia para a região:
Cidades como Pelotas, Rio Grande e Jaguarão, até finais do séc. XIX, conquistaram
progresso econômico baseado na atividade charqueadora. Já na época de sua
emancipação, o atual município de Arroio Grande integrava esta rede mercantil,
através de um porto à margem do arroio Grande e outro na Vila de Santa Isabel dos
Canudos (escala no trajeto Rio Grande – Jaguarão) e do modelo econômico
centrado em grandes fazendas de criação pastoril para a produção de charque,
couro e ossos de boi, bem como nas olarias de fabricação de tijolos e telhas (Corrêa
et ali, 2004 apud Kosby, 2010).
A.F.Monquelat e V. Marcolla (2012), afirmam que a primeira charqueada do Rio Grande do Sul foi fundada às margens
do rio Piratini, território do atual município de Arroio Grande.
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Mas, cabe lembrar, como salienta a professora Beatriz Loner, que a possibilidade do desenvolvimento da atividade
saladeril esteve diretamente ligada ao trabalho forçado dos negros, crioulos, africanos e seus descendentes, do que se
pode concluir que as charqueadas só existiram e prosperaram porque a mão-de-obra era escrava.
5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até princípio do XIX Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do
Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa
Farias” – ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão,
passando pelos Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos
Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em
Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande,
Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XVIII e XIX Instalação das estâncias e de charqueadas em Pelotas e Bagé.
Séc. XIX Introdução do arame para cercamento das propriedades.
Séc. XIX (final) – Séc. XX Instalação dos primeiros frigoríficos
(início)
Séc. XX Investimento no melhoramento genético dos rebanhos, incremento na importação e
exportação da carne bovina.
Séc. XX Criação de associações e cooperativas de criadores de bovinos, equinos e ovinos,
entre outros.
Séc. XX Introdução do transporte de rebanhos por caminhões.
Séc. XX Instalação de consórcio pecuária-agricultura de forma mais intensa.
Séc. XX – década de 1950 Fechamento da última charqueada em Bagé
Séc. XX – década de 1960 Introdução do Pastoreio rotativo científico “Voisin”
Séc. XX Instalação de centros de doma e treinamento de cavalos nos núcleos urbanos
Séc. XX Instauração de cursos para aprimoramento dos trabalhadores rurais em instituições
privadas e públicas municipais, estaduais e federais, como sindicatos rurais,
associações de criadores, EMBRAPA, etc.
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7. Legislação
8. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
8.2. RECOMENDAÇÕES
Ver item 9.2 Ficha Sítio
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9. DOCUMENTOS ANEXADOS
OBS.: VER ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA
ANEXO 4: CONTATOS F1 – A4 – 15, 16, 17, 28, 30, 38, 60, 64, 65
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby e Marta Bonow Rodrigues
REDATOR Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues, Flávia Rieth, DATA
Liza Bilhalva Martins da Silva e Pablo Dobke. 10.04.13
RESPONSÁVEL PELO Flávia Rieth
INVENTÁRIO
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CÓDIGO DA FICHA
1. LOCALIZAÇÃO
MUNICÍPIO / UF Piratini/ RS
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
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3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS .
SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
caprino, em propriedades rurais de pequena, média e grande extensão.
O inventário das Lidas Campeiras na Região de Bagé, a partir de pesquisa etnográfica e bibliográfica, selecionou como
referências culturais sobre esse tema os seguintes ofícios: o pastoreio (ofício do peão campeiro), a feitura de aramados
(ofício do aramador ou alambrador), a doma (ofício do domador), a esquila dos ovinos (ofício do esquilador), a feitura de
artefatos em couro cru (ofício do guasqueiro), a tropeada (ofício do tropeiro) e as lidas caseiras (com vacas leiteiras,
carneadas, atividades na cozinha e demais serviços feitos perto da casa da propriedade).
4. DESCRIÇÃO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
POPULAÇÂO (hab.)
MUNICÍPIO
TOTAL URBANA % RURAL %
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Conforme publicação da EMBRAPA (2009), o Bioma Pampa compreende área de clima temperado – marcado por
passagens de frentes polares e temperaturas negativas no inverno -, apresenta uma diversidade grande de paisagens e
flora que se estende da Patagônia Argentina, ao sul, até as encostas do Planalto Sul Brasileiro, no Rio Grande do Sul,
correspondendo a uma área de 700.000 km2 compartilhada entre Argentina, Uruguai e Brasil (IBGE, 2004). No Brasil, o
Bioma Pampa ocupa área de 178.243 km2, restrita ao Rio Grande do Sul, equivalendo a cerca de 63% do território
deste estado e 2% do território brasileiro.
O Bioma Pampa é encontrado nas cinco unidades de relevo do Rio Grande do Sul definidas por Suertegaray e Fujimoto
(2004), quais sejam: Planalto Sulriograndense, Planícies e terras baixas costeiras, Depressão Periférica, Cuesta de
Haedo e Planalto Arenito Basáltico.
A unidade Planícies e terras baixas costeiras corresponde a uma extensa planície arenosa litorânea, composta por
inúmeras lagoas, banhados e campos de restingas onde localiza-se a sede do município de Pelotas, as margens de
Laguna dos Patos e Arroio Grande próxima à Lagoa Mirim. Nas terras baixas, tem-se campos com capões e banhados.
A unidade Planalto Sulriograndense abrange as encostas leste das serras do Herval e dos Tapes (localização zona rural
do município de Pelotas), que se constituem em área de transição entre as terras baixas costeiras, e o planalto
propriamente dito. As encostas apresentam relevo com ondulações acentuadas, alternando paisagens de cobertura de
florestas estacional semidecidual, caracterizadas pela perda das folhas nos meses de outono e inverno, e campos
nativos. No planalto propriamente dito a paisagem é de morros e serras de rochas cristalinas (granitos, gnaisses,
migmatitos) e de formações rochosas de arenito cobertas de campos em solos rasos com ocorrência de capões de
mata e muitos afloramentos rochosos, como no Distrito das Palmas, ao norte do município de Bagé, no limite com o
município de Caçapava do Sul.
Já a porção da Depressão Periférica que se estende para sul até Bagé e Aceguá é a área considerada a mais
característica do Bioma Pampa com coxilhas, pequenas elevações, cobertas por vegetação campestre. È a região do
bioma com menor cobertura de florestas. Apresenta campos, banhados e campos de várzea nas proximidades dos rios,
onde se encontram algumas espécies arbóreas em matas ciliares e capões, como os espinilho, corticeiras e palmares
de butiá. Apresenta predominância de gramíneas que conformam a paisagem dos campos sulinos. É considerada a
área core do Bioma Pampa no Brasil.
O Ministério do Meio Ambiente define o Bioma Pampa da seguinte forma:
As paisagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas. O bioma exibe um
imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. As paisagens naturais do Pampa se caracterizam pelo
predomínio dos campos nativos, mas há também a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro,
formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, etc. Por ser um conjunto de ecossistemas muito
antigos, o Pampa apresenta flora e fauna próprias e grande biodiversidade, ainda não completamente descrita pela
ciência. Estimativas indicam valores em torno de 3000 espécies de plantas, com notável diversidade de gramíneas, são
mais de 450 espécies (capim-forquilha, grama-tapete, flechilhas, barbas-de-bode, cabelos-de-porco, dentre outras). Nas
áreas de campo natural, também se destacam as espécies de compostas e de leguminosas (150 espécies) como a
babosa-do-campo, o amendoim-nativo e o trevo-nativo. Nas áreas de afloramentos rochosos podem ser encontradas
muitas espécies de cactáceas. Entre as várias espécies vegetais típicas do Pampa vale destacar o Algarrobo (Prosopis
algorobilla) e o Nhandavaí (Acacia farnesiana) arbusto cujos remanescentes podem ser encontrados apenas no Parque
Estadual do Espinilho, no município de Barra do Quaraí. A fauna é expressiva, com quase 500 espécies de aves, dentre
elas a ema (Rhea americana), o perdigão (Rynchotus rufescens), a perdiz (Nothura maculosa), o quero-quero (Vanellus
chilensis), o caminheiro-de-espora (Anthus correndera), o joão-de-barro (Furnarius rufus), o sabiá-do-campo (Mimus
saturninus) e o pica-pau do campo (Colaptes campestres).
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Também ocorrem mais de 100 espécies de mamíferos terrestres, incluindo o veado-campeiro (Ozotoceros bezoarticus),
o graxaim (Pseudalopex gymnocercus), o zorrilho (Conepatus chinga), o furão (Galictis cuja), o tatu-mulita (Dasypus
hybridus), o preá (Cavia aperea) e várias espécies de tuco-tucos (Ctenomys sp). O Pampa abriga um ecossistema
muito rico, com muitas espécies endêmicas tais como: Tuco-tuco (Ctenomys flamarioni), o beija-flor-de-barba-azul
(Heliomaster furcifer); o sapinho-de-barriga-vermelha (Melanophryniscus atroluteus) e algumas ameaçadas de extinção
tais como: o veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o caboclinho-de-
barriga-verde (Sporophila hypoxantha) e o picapauzinho-chorão (Picoides mixtus) (BRASIL, 2003).
Trata-se de um patrimônio natural, genético e cultural de importância nacional e global. Também é no Pampa que fica a
maior parte do aquífero Guarani.
Desde a colonização ibérica, a pecuária extensiva sobre os campos nativos tem sido a principal atividade econômica da
região. Além de proporcionar resultados econômicos importantes, tem permitido a conservação dos campos e ensejado
o desenvolvimento de uma cultura mestiça singular, de caráter transnacional representada pela figura do gaúcho.
A progressiva introdução e expansão das monoculturas e das pastagens com espécies exóticas têm levado a uma
rápida degradação e descaracterização das paisagens naturais do Pampa. Estimativas de perda de hábitat dão conta
de que em 2002 restavam 41,32% e em 2008 restavam apenas 36,03% da vegetação nativa do bioma Pampa
(CSR/IBAMA, 2010).
A perda de biodiversidade compromete o potencial de desenvolvimento sustentável da região, seja perda de espécies
de valor forrageiro, alimentar, ornamental e medicinal, seja pelo comprometimento dos serviços ambientais
proporcionados pela vegetação campestre, como o controle da erosão do solo e o sequestro de carbono que atenua as
mudanças climáticas, por exemplo.
Em relação às áreas naturais protegidas no Brasil o Pampa é o bioma que menor tem representatividade no Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida
por unidades de conservação. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário, em suas
metas para 2020, prevê a proteção de pelo menos 17% de áreas terrestres representativas da heterogeneidade de
cada bioma.
As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
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RANCHOS
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
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5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
Com a concessão de terras por parte da rainha D. Maria I de Portugal a José Antônio Alves em 1789 que se deu início a
povoação da hoje cidade de Piratini. Contudo, o povoamento da localidade se deu um pouco antes, em 1777 com a
instalação de um posto de guarda, a chamada Guarda do Passo do Piratinim.
Feita a concessão de terras acima dita, estas são divididas em datas e doadas a casais de imigrantes açorianos que ali
se estabeleceram, fundando a localidade de Capão Grande do Piratinim; por ter terras férteis para o cultivo de cereais e
excelentes pastagens, a localidade passa a ter um bom crescimento populacional o que faz sua elevação à freguesia
em carta régia de 1810 sob o nome de Freguesia da Nossa Senhora da Conceição de Piratinim.
Em 1830 a então freguesia é elevada a vila, desmembrando-se de Rio Grande, delimitando seu nome para apenas vila
de Piratini sendo integrada pelos distritos de Bagé, Cacimbinhas, Canguçu e Cerrito; nos anos seguintes, Piratini acaba
perdendo alguns de seus distritos que acabam tornando-se municípios: Bagé (1846), Canguçu, absorvendo o distrito de
Cerrito (1857) e Cacimbinhas (1878) que se tornaria posteriormente o município de Pinheiro Machado.
Sem dúvida, o período de maior relevância para o município foi durante a Revolução Farroupilha, onde na ocasião, a já
cidade de Piratini foi elevada a capital da República Rio-Grandense durante os anos de 1837 a 1839, até então por
motivos estratégicos dos revolucionários mudando a capital para o município de Caçapava.
Passada a Revolução, a antes terra rica em gadarias e plantações aparece dizimada pela guerra e por represália a sua
participação atuante durante o decênio revolucionário, é rebaixada a vila em 1845, logo após as tratativas de paz e tem
seu território fragorosamente dividido, impossibilitando assim uma nova compostura por meio da pecuária, antes carro
chefe de sua economia.
Com isso, Piratini, de papel principal passa a coadjuvante no que diz respeito à pecuária, sendo conhecida como
enclave territorial, pois era passagem de tropas vindas tanto da região da Campanha como da Fronteira Oeste que
rumavam em direção às charqueadas de Pelotas.
Hoje, a cidade notabiliza-se justamente por reviver o seu passado glorioso de capital farrapa, com seus prédios antigos
e ruas de pedra, faz reviver a cada 20 de setembro a República Rio-Grandense, pois seus festejos comemorativos a
esta data máxima nem mesmo precisam de cenário, porque ele está lá, desde 1835.
5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até princípio do XIX Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do
Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de
Sousa Farias” – ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até
Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão,
passando pelos Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos
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7. Legislação
Segundo Freire (2005), com a criação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, constituiu-se a
política de preservação e salvaguarda do patrimônio no Brasil por intermédio do tombamento (ato institucional aplicado,
que protege os bens culturais materiais da descaracterização cultural). Em um primeiro momento, tal ação estatal teve
como foco o salvamento emergencial dos bens relacionados ao período colonial, aos grandes personagens históricos e
as obras de arte. Neste sentido, representativos desta noção de nacionalidade, encontramos no Rio Grande do Sul: o
tombamento das Ruínas da Redução Jesuítico-Guarani de São Miguel Arcanjo (1938); Igreja Matriz de São Pedro, em
Rio Grande (1938) e a Matriz da Nossa Senhora da Conceição em Viamão (1938); O Forte D. Pedro II, em Caçapava
do Sul (1938); as casas dos líderes da Guerra dos Farrapos Bento Gonçalves (1940) e Garibaldi (1941) em Piratini, e
David Canabarro, em Santana do Livramento (1953); a Rua da Ladeira em Rio Pardo (1955); O Obelisco Republicano
em Pelotas (1955), O Teatro Sete de Abril (1972) e as três casas na Praça Coronel Pedro Osório (1977) todos em
Pelotas.
Esta visão de Patrimônio Cultural Brasileiro se altera em 1960 com a inclusão dos sítios arqueológicos
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considerados bens patrimoniais, protegidos pela lei número 3924/61. Na década de 1970 ocorreu uma ampliação
institucional da área de Patrimônio com a criação de políticas específicas de preservação do patrimônio em estados e
municípios, a partir da Lei Federal de Tombamento. Freire (2005, p.12).
Tal expressividade de ações de tombamento em Piratini reflete a ampliação desta rede institucional de
preservação do patrimônio legitimando a representação da cidade como Capital Farroupilha. Nestes termos, a ação do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (IPHAE) tombou os seguintes bens: Antiga Cadeia (18/11/1986),
Antiga Casa de Fazenda (18/11/1986), Antiga Casa Fabião (21/11/1986), Antiga Farmácia Caridade (20/11/1986),
Antiga Moradia de Egydio Rosa (21/11/1986), Antigo Teatro Municipal (Sete de Abril) (20/11/1986), Casa Comercial dos
Fabião (21/11/1986), Casa de Camarinha (20/11/1986), Casa do Comendador Fabião (20/11/1986), Casa de Gomes de
Freitas (21/11/1986), Casa de Vicente Lucas de Oliveira (21/11/1986), Prédio no Logradouro Pe. Reinaldo Wist
(Geminado com o Teatro) (20/11/1986), Ponte do Império (01/08/1984), Prédio da Rua Bento Gonçalves (Casa de
Darwing Lucas) (21/11/1986), Sobrado da Dorada (21/11/1986).
Da mesma maneira, em Arroio Grande, por iniciativa do município e acompanhando a ideia de patrimônio a
partir dos feitos históricos do Rio Grande do Sul, considerando seus personagens e revoluções, propõe o registro de um
obelisco e de uma tapera localizados no lugar onde nasceu o Barão de Mauá e de um marco de fronteira situado nas
margens da estrada para Pelotas, homenageando uma batalha da Revolução Farroupilha. (Lei 586, de 14.1.1966)
A partir dos anos 80, a noção de patrimônio se altera no sentido de representar a diversidade cultural brasileira,
bem como se vincula ao tombamento de bens edificados o patrimônio imaterial. Neste sentido, observa-se o
tombamento dos conjuntos urbanos com maior densidade de população em uma região expressivamente rural que são
as ações em Pelotas e Bagé, considerando o sítio da pesquisa. Citam-se, ainda, as ações com relação ao registro do
patrimônio imaterial: INRC a produção dos doces Tradicionais Pelotenses, Porongos e Missões.
A diversidade dessas ações de patrimônio, em tais cidades, expressa uma ampliação das políticas de
preservação das várias esferas do estado (municipal, estadual e federal) bem como as alterações na noção de
patrimônio. Embora nos últimos anos, com a implementação das diretrizes da Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) os
municípios tenham avançando, dentre outros aspectos, no estabelecimento de diretrizes voltadas às questões
patrimoniais, incluindo a instituição de Áreas de Interesse Cultural e outros mecanismos de gestão do patrimônio, é
importante destacar que ainda são praticamente inexistentes políticas de preservação voltadas ao patrimônio existente
áreas rurais.
8. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
8.2. RECOMENDAÇÕES
Ver item 9.2 Ficha Sítio
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9. DOCUMENTOS ANEXADOS
OBS.: VER ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA
ANEXO 4: CONTATOS F1 - A4 - 46
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby e Marta Bonow Rodrigues.
REDATOR Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues, Flávia Rieth, DATA
Liza Bilhalva Martins da Silva e Pablo Dobke. 10.04.13
RESPONSÁVEL PELO Flávia Rieth
INVENTÁRIO
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CÓDIGO DA FICHA
1. LOCALIZAÇÃO
MUNICÍPIO / UF Herval/RS
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
3. REFERÊNCIAS CULTURAIS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS BENS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 3: BENS CULTURAIS INVENTARIADOS.
SÍNTESE
A lida campeira é um conjunto de ofícios e modos de fazer que constitui o trabalho na pecuária extensiva no bioma
pampa, área onde está situada a região de Bagé, município do estado brasileiro do Rio Grande do Sul. Entende-se por
pecuária extensiva a criação, para fins lucrativos, de rebanhos de gado bovino, equino, ovino e, em menor escala,
caprino, em propriedades rurais de pequena, média e grande extensão.
O inventário das Lidas Campeiras na Região de Bagé, a partir de pesquisa etnográfica e bibliográfica, selecionou como
referências culturais sobre esse tema os seguintes ofícios: o pastoreio (ofício do peão campeiro), a feitura de
aramados (ofício do aramador ou alambrador), a doma (ofício do domador), a esquila dos ovinos (ofício do esquilador),
a feitura de artefatos em couro cru (ofício do guasqueiro), a tropeada (ofício do tropeiro) e as lidas caseiras (com vacas
leiteiras, carneadas, atividades na cozinha e demais serviços feitos perto da casa da propriedade).
4. DESCRIÇÃO
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DOS DOCUMENTOS ESCRITOS INVENTARIADOS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
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POPULAÇÂO (hab.)
MUNICÍPIO
TOTAL URBANA % RURAL %
HERVAL 6. 753 hab. 4.519 hab. 67% 2.234 hab. 33%
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As “Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira”,
atualizadas em 2007, resultaram na identificação de 105 áreas do bioma Pampa, destas, 41 (um total de 34.292 km2)
foram consideradas de importância biológica extremamente alta.
Estes números contrastam com apenas 3,3% de proteção em unidades de conservação (2,4% de uso sustentável e
0,9% de proteção integral), com grande lacuna de representação das principais fisionomias de vegetação nativa e de
espécies ameaçadas de extinção da fauna e da flora. A criação de unidades de conservação, a recuperação de áreas
degradadas e a criação de mosaicos e corredores ecológicos foram identificadas como as ações prioritárias para a
conservação, juntamente com a fiscalização e educação ambiental.
O fomento às atividades econômicas de uso sustentável é outro elemento essencial para assegurar a conservação do
Pampa. A diversificação da produção rural a valorização da pecuária com manejo do campo nativo, juntamente com o
planejamento regional, o zoneamento ecológico-econômico e o respeito aos limites ecossistêmicos são o caminho para
assegurar a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento econômico e social.
O Pampa é uma das áreas de campos temperados mais importantes do planeta.
Cerca de 25% da superfície terrestre abrange regiões cuja fisionomia se caracteriza pela cobertura vegetal como
predomínio dos campos – no entanto, estes ecossistemas estão entre os menos protegidos em todo o planeta.
Na América do Sul, os campos e pampas se estendem por uma área de aproximadamente 750 mil km2, compartilhada
por Brasil, Uruguai e Argentina.
No Brasil, o bioma Pampa está restrito ao Rio Grande do Sul, onde ocupa 178.243 km2 – o que corresponde a 63%
do território estadual e a 2,07% do território nacional.
O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade. Em sua paisagem predominam os campos,
entremeados por capões de mata, matas ciliares e banhados.
A estrutura da vegetação dos campos – se comparada à das florestas e das savanas – é mais simples e menos
exuberante, mas não menos relevante do ponto de vista da biodiversidade e dos serviços ambientais. Ao contrário: os
campos têm uma importante contribuição no sequestro de carbono e no controle da erosão, além de serem fonte de
variabilidade genética para diversas espécies que estão na base de nossa cadeia alimentar.
(http://www.mma.gov.br/biomas/pampa).
Em Herval a paisagem pampeana apresenta-se com singularidades. Esta singularidade se constituí pelo fato de o
município se situar em meio a serra que leva seu nome. A serra do Herval é uma cadeia de coxilhas que se prolonga
desde as encostas do Rio Santa Maria até os limites de Jaguarão. Não se observa uma vegetação florestal luxuriante,
no entanto, o município não é desprovido de matos que bordam as margens dos arroios, que se desenvolvem nos
apertados vales das serras e seus campos são pontilhados por
O regime de águas do município dividiu-se por três bacias hidrográficas: a do Jaguarão; do Arroio Grande; a do Santa
Maria; O clima do município é subtropical ou temperado, com geadas frequentes e chuvas regulares. A localidade da
Fazenda Bela Vista é conhecida como Boa Vista, situando-se a cerca de 5km do centro urbano no sentido da estrada
Herval – Centurião. Nesse ponto, predominam os campos destinados a pecuária extensiva, a paisagem é composta de
diversas pequenas coxilhas e ao fundo alguns do conhecidos Cerros do Herval, (coxilhas maiores). A região da Boa
Vista é entrecortada por dois importantes arroios: o Arroio Grande e o Arroio do Empedrado.
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A estância ou fazenda, no Rio Grande do Sul, é o estabelecimento rural associado às atividades de criação de gado
bovino, ovino e equino. Uma explicação recorrente para sua origem remete às Missões Jesuíticas: os padres
transferiam os povoados de acordo com as exigências políticas – tratados entre as coroas portuguesa e espanhola -,
deixando o gado bovino para trás (RAHMEIER, 2007). Esses animais multiplicavam-se nos campos e eram,
posteriormente, incorporados aos domínios rurais de proprietários portugueses (RAHMEIER, 2007). Apesar de, em sua
origem, a estância estar ligada a qualquer espaço rural ocupado por criações e também por agricultura, em meados do
século XIX passou a indicar as grandes extensões de campos destinados à produção de gado, com a presença de
mão-de-obra escrava ou assalariada e com uma arquitetura contando com sede (casa do proprietário) e outras
construções vinculadas à atividade criatória (RAHMEIER, 2007; LUCCAS, 1997). Em geral, nessa nova configuração
do espaço não há agricultura em grandes áreas e, quando há, não será a base econômica principal. Dessa forma,
propriedades menores anteriormente também chamadas de estâncias, em que há consórcio de várias espécies de
produtos agrícolas e a criação de animais em uma escala menor, paulatinamente passam a não fazerem parte dessa
classificação popular. São conhecidas por chácaras – nome de origem “indígena” que significa plantação (SAINT-
HILAIRE, 1987) ou por designações locais, utilizadas até a atualidade, como “campo” e “sítio”. A estância atual
corresponde a grandes extensões de terras e é formada, comumente, pela casa do proprietário, pelo galpão (local
onde se mantém os materiais de uso cotidiano, além de ser o lugar de convivência dos peões), pela casa do capataz
ou caseiro (quem administra a estância), pelos currais (mangueiras, brete, banheiro para gado – locais de manuseio
dos animais), e pelos potreiros, piquetes ou invernadas (campos divididos por cercas destinados à criação e engorde
do gado). Pequenas propriedades são capazes de contar com essa mesma configuração, porém, devido ao seu
tamanho podem não ser consideradas como estâncias.
Propriedades rurais visitadas em Herval:
Boa Vista:
Estância Boa Vista da família da pesquisadora Letícia de Faria Ferreira
RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando
a função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda
que os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-
prima e mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-
pique, barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE,
1978). Conforme Vaz Mattos (2003), na localidade de Olhos D’Água em Bagé, até 1940 havia a predominância dos
ranchos.
MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas
para prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos
nos rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de
cercas ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal
a se “embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é
chamada de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos
um em frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a
porteira evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas
que iam em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
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5. FORMAÇÃO HISTÓRICA
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FONTES INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA.
5.1. RESUMO
A formação do estado do Rio Grande do Sul assenta-se na relação conflituosa entre os impérios português e espanhol
na disputa por território e domínio político e econômico (ZANOTELLI et al, 2003). Tal ocupação territorial teve início
através dos padres jesuítas que, vindos do Paraguai, instalaram –se na margem leste do Rio Uruguai com o objetivo
primordial de catequizar grupos indígenas que habitavam os territórios sulinos. Inicialmente logrando em seus intentos,
os jesuítas fundaram, a partir de 1626, aldeias e povoados chamados missões ou reduções. O conjunto de povoados
de maior importância histórica foram os Sete Povos das Missões. Ademais, foram os jesuítas que introduziram a
criação de animais no Rio Grande do Sul: ovinos, equinos e principalmente bovinos. Junto com a pecuária e valendo-
se do trabalho indígena, desenvolveram também a agricultura e a extração da erva-mate.
Ainda no século XVII, as missões começaram a ser invadidas por bandeirantes – homens vindos de São Paulo, que
atacavam as aldeias com a finalidade de aprisionar os índios para vendê-los como escravos. Em função destes
sucessivos ataques, as missões entraram em decadência. Em 1750, pelo Tratado de Madri, Portugal e Espanha
determinaram que a população dos Sete Povos deveria deixar a área, que ficaria para os portugueses. Embora tal
tratado tenha sido anulado em 1761, e os índios missioneiros tenham obtido o direito de permanecer na região, as
sucessivas guerras causaram a destruição dos Sete Povos. Os rebanhos espalharam-se pelo campo aberto
reproduzindo-se livremente, tornando-se um gado selvagem (MOREIRA, 1999).
Este gado cresceu livre durante décadas. Inicialmente milhares de cabeças de gado vacum eram sacrificados apenas
para a retirada e venda do couro.
Em 1634, mil e quinhentas cabeças de gado foram introduzidas e distribuídas entre
os povos da margem esquerda do rio Uruguai. Quando essas comunidades
missioneiras recuaram para a outra margem do rio, em razão dos ataques dos
paulistas escravizadores, os animais foram transferidos para a margem meridional
do rio Jacuí, onde se desenvolveram, formando as vacarias do mar. Nos anos
1700, quando a vacaria do mar começou a esgotar-se, devido à extração de gado,
vaqueiros dos sete povos, introduziram milhares de animais nos campos de cima
da serra, formando a vacaria dos pinhais (MAESTRI, 2006)
Em 1737, para garantir os interesses dos portugueses instalados na região, foi construído o forte Jesus-Maria-José,
junto ao canal que liga laguna dos Patos ao oceano Atlântico. Ao lado do forte formou-se uma povoação que deu
origem a atual cidade de Rio Grande. O domínio português se expandiu pelas áreas vizinhas, que no seu conjunto
eram chamadas de Continente de Rio Grande de São Pedro, primeira denominação do atual estado do Rio Grande do
Sul.
Neste mesmo período, desenvolveu-se a mineração em Minas Gerais, o que atraiu milhares de pessoas para a região
e formou um mercado de consumo para os produtos da pecuária riograndina: couro, carne, leite e animais para
transporte. Em consequência, a atividade de caça foi sendo substituída pela criação de gado, pois os animais
passaram a ser reunidos em locais destinados a tal finalidade: as estâncias (Idem, 1999).
Assim, estimulada pelo mercado do Sudeste do país, principalmente de Minais Gerais, desenvolveu-se a pecuária no
Rio Grande do Sul. Portugueses, paulistas e catarinenses ganhavam do governo grandes extensões de campo, onde
instalavam suas fazendas de criação de gado. Com o tempo, as áreas campestres, principalmente as da Campanha,
ficaram povoadas de fazendeiros.
A partir de 1780 notamos uma modificação na utilização do gado vacum. Iniciam, na província de São Pedro, as
charqueadas na região de Pelotas, e a carne começa a ganhar considerável valor comercial. Porém, durante anos o
couro continuou com grande valor monetário. As vacarias geralmente vindas da região da campanha traziam o gado
para ser vendido na região de Pelotas.
Um ano após a chegada da família real Portuguesa ao Brasil, ocorre a primeira divisão administrativa da província de
São Pedro. Em 1809 a região fica dividida em quatro localidades: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio e Porto
Alegre. A seguir, mapa onde podemos visualizar a divisão territorial da então capitania.
Em meados do Século XIX, para delimitar as propriedades, iniciou-se o uso do arame farpado e alambrado. Desta
forma o dono da estância conseguia controlar seus peões e impedir o uso de sua propriedade por gaúchos nômades,
geralmente tropeiros sem a posse da terra, que habitavam na região. Estes gaúchos sem nacionalidade definida
transitavam facilmente entre os atuais territórios brasileiro, uruguaio e argentino, e tinham como principal atividade
retirar o couro do gado vacum e vendê-lo no mercado informal, na região de domínio português e para a metrópole
hispânica. O modelo de transação econômica praticado por estes gaúchos era possível porque havia o gado nesta
região, ao mesmo tempo, era considerado ilegal porque os animais soltos pelos campos eram de propriedade real –
tanto da coroa portuguesa quanto espanhola.
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As estâncias pertencentes a proprietários portugueses iniciaram a domesticação do gado da região. Entretanto, não
existia tratamento para a saúde dos animais. A partir do século XX notamos uma drástica diferença no tratamento da
saúde do gado, com evidente melhora. A qualidade da carne e a genética destes animais tornam-se referência no país
e a carne bovina produzida na região da campanha é exportada para inúmeros países.
A região da campanha, onde se localiza o município de Bagé, é conhecida pela criação de gado bovino de corte de
significativa qualidade, com melhoramento genético dos animais. Começam na região exposições de gado, ovinos e
equinos. O cavalo, principal instrumento de trabalho fundamental para a produção pecuária, era utilizado para
arrebanhar o gado vacum. Já a criação de ovelhas, além de suprir a demanda doméstica de carne da propriedade,
através da venda anual de lã, ajudava a cobrir as despesas de manutenção da propriedade – com o advento da lã
sintética, a criação de gado ovino diminui expressivamente, passando a atender nichos específicos do mercado de
carne e a demanda da produção artesanal de artefatos de lã.
A criação de gado de corte e a exposição destes animais, gera milhões de reais para a região da campanha. Estas
duas atividades são majoritariamente vinculadas a grandes e médias propriedades rurais. No entanto, embora o ponto
de partida para este estudo seja a região da campanha, mais especificamente, a localidade de Bagé, a paisagem
cultural que se configura a partir da produção pecuária, sua origem, manutenção e perpetuação, extrapola tais limites
geográficos e políticos, transitando suas fronteiras pelos territórios que abrange a chamada “cultura gaúcha”. Assim
sendo, tal área cultural perpassa tanto o sul do Rio Grande do Sul quanto países vizinhos, como Argentina e Uruguai.
Ondina Fachel Leal discute a constituição acadêmica e sócio-antropológica do “Sul” como um território de significados
de uma realidade social específica, de um sistema de valores e de uma determinada área social. Para Leal (1997), “os
limites destas área cultural etnografada e etnografável, frequentemente nominada o Sul, numa estratégica imprecisão
retórica, não coincidem com os limites políticos do estado Rio Grande do Sul ou mesmo os da nação Brasil.”
O nome da cidade origina-se da erva-mate encontrada em abundância nas matas quando da sua colonização. Os
primeiros habitantes (portugueses) desta região vieram provenientes de um acampamento de Rafael Pinto Bandeira no
ano de 1791, posterior ao Tratado de Santo Idelfonso. Com claras intenções de demarcar o território para a Coroa
Portuguesa, Rafael doa a sesmarias para homens do império que povoam o que vai se chamar de Vila de São João
Batista do Herval. De modo geral, as famílias que permaneceram em Herval dedicaram-se a agricultura de
subsistência, construindo moinhos de pedra para fazer farinha de mandioca, e fundamentalmente à pecuária, marca do
município até os dias atuais.
As famílias tradicionais que constituíram o município eram de portugueses ligados ao meio rural. (como de Bonifácio
José Nunes é considerado o fundador da cidade. Liderou e, juntamente com José da Silva Tavares, José Teixeira
Pinto, Antônio dos Santos Abreu e Antônio Madruga de Bittencourt se constituíram em sociedade para adquirir o
terreno onde estava edificada a povoação e o doaram à Irmandade de Nª Sª da Conceição.)
5.2. CRONOLOGIA
DATA EVENTO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até princípio do XIX Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do
Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de
Sousa Farias” – ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até
Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão,
passando pelos Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos
Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em
Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande,
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7. LEGISLAÇÃO
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preservação do patrimônio legitimando a representação da cidade como Capital Farroupilha. Nestes termos, a ação do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (IPHAE) tombou os seguintes bens: Antiga Cadeia (18/11/1986),
Antiga Casa de Fazenda (18/11/1986), Antiga Casa Fabião (21/11/1986), Antiga Farmácia Caridade (20/11/1986),
Antiga Moradia de Egydio Rosa (21/11/1986), Antigo Teatro Municipal (Sete de Abril) (20/11/1986), Casa Comercial dos
Fabião (21/11/1986), Casa de Camarinha (20/11/1986), Casa do Comendador Fabião (20/11/1986), Casa de Gomes
de Freitas (21/11/1986), Casa de Vicente Lucas de Oliveira (21/11/1986), Prédio no Logradouro Pe. Reinaldo Wist
(Geminado com o Teatro) (20/11/1986), Ponte do Império (01/08/1984), Prédio da Rua Bento Gonçalves (Casa de
Darwing Lucas) (21/11/1986), Sobrado da Dorada (21/11/1986).
Da mesma maneira, em Arroio Grande, por iniciativa do município e acompanhando a ideia de patrimônio a
partir dos feitos históricos do Rio Grande do Sul, considerando seus personagens e revoluções, propõe o registro de
um obelisco e de uma tapera localizados no lugar onde nasceu o Barão de Mauá e de um marco de fronteira situado
nas margens da estrada para Pelotas, homenageando uma batalha da Revolução Farroupilha. (Lei 586, de 14.1.1966)
A partir dos anos 80, a noção de patrimônio se altera no sentido de representar a diversidade cultural brasileira,
bem como se vincula ao tombamento de bens edificados o patrimônio imaterial. Neste sentido, observa-se o
tombamento dos conjuntos urbanos com maior densidade de população em uma região expressivamente rural que são
as ações em Pelotas e Bagé, considerando o sítio da pesquisa. Citam-se, ainda, as ações com relação ao registro do
patrimônio imaterial: INRC a produção dos doces Tradicionais Pelotenses, Porongos e Missões.
A diversidade dessas ações de patrimônio, em tais cidades, expressa uma ampliação das políticas de
preservação das várias esferas do estado (municipal, estadual e federal) bem como as alterações na noção de
patrimônio. Embora nos últimos anos, com a implementação das diretrizes da Lei 10.257/2001 (Estatuto da Cidade) os
municípios tenham avançando, dentre outros aspectos, no estabelecimento de diretrizes voltadas às questões
patrimoniais, incluindo a instituição de Áreas de Interesse Cultural e outros mecanismos de gestão do patrimônio, é
importante destacar que ainda são praticamente inexistentes políticas de preservação voltadas ao patrimônio existente
áreas rurais.
8. AVALIAÇÃO E PERSPECTIVAS
8.2. RECOMENDAÇÕES
Ver item 9.2 Ficha Sítio
9. DOCUMENTOS ANEXADOS
OBS.: VER ANEXO 1: BIBLIOGRAFIA
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RS
grandense
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva, Marta Bonow Rodrigues,
Pablo Dobke, Daniel Vaz Lima. Consultores: Erika Collischonn – Geografia; Fernando
Camargo – História; Karen Mello – Urbanismo.
SUPERVISOR Flávia Rieth, Marília Floôr Kosby e Marta Bonow Rodrigues.
REDATOR Marília Floôr Kosby, Daniel Vaz Lima, Marta Bonow Rodrigues, Flávia Rieth, DATA
Liza Bilhalva Martins da Silva, Pablo Dobke e Letícia de Faria Ferreira. 10.04.13
Responsável pelo inventário Flávia Rieth
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CÓDIGO DA FICHA
Bagé/RS,
Arroio
INRC - INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de Bagé
ANEXO RS
e
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha
entorno
Negra/RS,
BIBLIOGRAFIA Pelotas/RS,
Piratini/RS
FICH
UF SÍTIO LOC. ANO NO.
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Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
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Bagé/RS
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Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
BRASIL, Carlos Roberto Martins. Sesmarias Descreve as sesmarias concedidas aos Acervo da 21
em São Sebastião de Bagé. Porto Alegre: primeiros povoadores de São Sebastião Secretaria Municipal
Renascença, 2009. de Bagé, situada nos atuais municípios de Cultura, NPHTT
de Bagé, Aceguá, Hulha Negra, Dom e Biblioteca
Pedrito, e em partes dos municípios de Municipal de Bagé.
Candiota, Lavras do Sul e de Santana do
Livramento, distribuídas entre os anos de
1789 a 1822. Obra baseada em
documentos do Arquivo Público e
Histórico do Rio Grande do Sul, Arquivo
Público e Histórico de São Paulo e
Arquivo Histórico Ultramarino de
Portugal.
BUENO, Eduardo. Apresentação. In: LEITE, Apresentação da obra de José Antonio Acervo pessoal de 22
José Antonio Mazza. Xarqueadas de Mazza Leite sobre os desenhos e Marta Bonow
Danúbio Gonçalves: um Resgate para a xilogravuras do artista plástico Danúbio Rodrigues
História. Porto Alegre: s. c. p., 3ª Ed., 2011. Gonçalves.
CAMARGO, Fernando. Crônicas do Rio Apresentação e transcrição das duas Acervo pessoal de 23
Grande de São Pedro: 1790 e 1804. Passo corografias completas mais antigas Fernando Camargo
Fundo: Clio, 2003. acerca do atual espaço do Rio Grande
do Sul.
CAMARGO, Fernando. O Malón de 1801: a A tomada das Missões Orientais do Acervo pessoal de 24
guerra das laranjas e suas implicações na Uruguai e seu contexto diplomático, Fernando Camargo
américa meridional. Passo Fundo: Clio, geopolítico e socioeconômico.
2001.
CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo Estudo sobre a escravidão no Estado do Biblioteca ICH – 25
e Escravidão no Brasil Meridional: O negro Rio Grande do Sul. UFPel
na sociedade escravocrata do Rio Grande
do Sul. São Paulo: Editora Paz e Terra. 1977.
CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo Estudo sobre a escravidão no Estado do Biblioteca ICH – 26
e Escravidão no Brasil Meridional: O negro Rio Grande do Sul. UFPel
na sociedade escravocrata do Rio Grande
do Sul. São Paulo: Editora Paz e Terra. 1997.
CESAR, Guilhermino. História do Rio Abrangente estudo sobre a história do Biblioteca ICH – 27
Grande do Sul Período Colonial. Porto Rio Grande do sul no período histórico UFPel
Alegre: Ed. Globo. 1970. colonial.
CESAR, GUILHERMINO. PRIMEIROS CRONISTAS Apresentação e transcrição de extratos Acervo pessoal de 28
DO RIO GRANDE DO SUL: 1605-1801. PORTO de textos de cronistas sobre o Rio Fernando Camargo
ALEGRE: UFRGS, S/D. Grande do Sul.
CESAR, Guilhermino. O Contrabando no Sul Estudo sobre a história do comércio Acervo pessoal de 29
do Brasil. Caxias do Sul, Universidade de ilegal no Rio Grande do Sul. Marta Bonow
Caxias do Sul; Porto Alegre: Escola Superior Rodrigues
de Teologia São Lourenço de Brides, 1978.
CHASTEEN, John. Fronteira Rebelde. Porto Relata o contexto da fronteira entre RS e Acervo pessoal de 30
Alegre: Movimento, 2003. Uruguai durante o século XVIII, XIX e Pablo Dobke.
início do XX na imagem dos irmãos
Aparício e Gumercindo Saraiva.
CHELOTTI, Marcelo Cervo. A dinâmica do Espaço agrário e dinâmica sócio espacial Acervo pessoal de 31
espaço agrário no município de Sant'ana do na campanha gaúcha. Fernando Camargo
Livramento/RS: das sesmarias aos
assentamentos rurais. In: Estudos
Geográficos. Rio Claro: Unesp, jan-jun 2005.
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Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
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Bagé/RS
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Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
CHIAPPINI, Ligia; MARTINS, Maria Helena; Aborda os diferentes aspectos da cultura Acervo pessoal de 32
PESAVENTO, Sandra. (Org.). Pampa e pampeana nos diferentes países Pablo Dobke.
Cultura. Porto Alegre: UFRGS, 2004. (Argentina, Uruguai e Brasil).
COELHO, Enyltho Paixão (org.) Mão Gaúcha Manual de trabalhos em couro. Produção Acervo pessoal de 33
– Trançados em Couro. Secretaria do de arreios para lidas campeiras e de Marta Bonow
Trabalho e Ação Social – Fundação Gaúcha artefatos para uso cotidiano e para Rodrigues
do Trabalho. Porto Alegre: Grafosul, Vol. 2, decoração.
1978.
COLVERO, Ronaldo. Negócios na O contrabando na fronteira do Rio Acervo pessoal de 34
Madrugada: o comércio ilícito na fronteira Grande do Sul, entre os séculos XIX e Fernando Camargo
do rio grande do sul. Passo Fundo: UPF XX.
Editora, 2004.
COLVERO, Ronaldo; SERRES, Helenize. O O saladeiro São Felipe como centro de Acervo pessoal de 35
saladeiro São Felipe de Itaqui: 1910-1930. várias considerações sobre a História de Fernando Camargo
Porto Alegre: Faith, 2009. Itaqui e região.
COSTA e SILVA, Fabiane. Tramas territoriais Trabalho acerca da formação e Acervo do INRC- 36
na campanha gaúcha: processo de transformações da região de Aceguá, Bagé (1ª Fase)
transformações na área de Aceguá. Porto abordando principalmente temas
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande socioeconômicos.
do Sul (UFRGS) - Programa de Pós-
Graduação em Administração, 2009.
(Dissertação de Mestrado em Administração).
COURLET, Beatriz Azevedo. "Identidades em A constituição da identidade fronteiriça. Acervo pessoal de 37
uma zona de fronteira: a região do Prata no Fernando Camargo
período colonial". In: II Jornadas de História
Regional Comparada. Porto Alegre: FEE,
2005.
COUTO, Mateus de Oliveira. A pia e a Cruz: Informações sobre os escravos nos Acervo Pessoal de 38
A demografia dos trabalhadores municípios de Herval e de Pelotas no Flávia Rieth.
escravizados em Herval e Pelotas (1840 – século XIX (anos 1840-1859).
1859). Passo Fundo: UPF Editora, 2011.
COTRIM, Eduardo. A Fazenda Moderna. Guia prático e científico para produtores Acervo pessoal de 39
Guia do criador de gado bovino no Brasil. voltados à indústria pecuária moderna. Marília Kosby
Bruxellas: Typographia V. Verteneuil & L.
Desmet, 1913.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Introdução. Autora discorre sobre o processo de Acervo do INRC- 40
Revista do Patrimônio Histórico e Artístico patrimonialização dos bens imateriais. Bagé (1ª Fase)
Nacional. N. 32, 2005. pp. 15-27.
DACANAL, José Hildebrando & Gonzaga, Livro escrito por historiadores renomados Acervo do 41
Sérgio. (orgs.) RS: Economia & Política. sobre a história do Rio Grande do Sul. Laboratório Ensino
Porto Alegre: Ed. Mercado Aberto. 1979. de História- UFPel
DALLA VECHIA, Agostinho M. Vozes do Entrevistas com descendentes de Acervo pessoal de 42
Silêncio: depoimentos de descendentes de escravos em Pelotas e região. Marta Bonow
escravos no meridião gaúcho. Pelotas: Rodrigues
Editora da UFPEL, 1994. (Parte I).
DARWIN, Charles. Viagem de um Livro escrito como diário de viagem de Acervo pessoal de 43
Naturalista ao Redor do Mundo – Vol. 1: Charles Darwin, em que fala de suas Marta Bonow
África, Brasil e Terra do Fogo. Porto Alegre: impressões sobre os gaúchos do Rio Rodrigues
L&PM, 2010. Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
DUTRA, Carlos Alberto dos Santos. A outra Monografia sobre a transição, no Acervo pessoal de 44
face do Rio Grande: ideologia e mitificação imaginário, do gaúcho histórico para o Fernando Camargo
do gaúcho histórico. Três Lagoas: UFMS, gaúcho mitificado.
2001.
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Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
FAGUNDES, Elizabeth Macedo de. Trabalha a história de Bagé através do Biblioteca Municipal 45
Inventário Cultural de Bagé. Bagé (RS): patrimônio cultural. de Bagé e NPHTT
Praça da Matriz, 2005.
FARINATTI, L. A. E. "Criadores de gado na Estudo dos pecuaristas de Alegrete e Acervo pessoal de 46
fronteira meridional do Brasil (1831-1870)". In: região, a partir dos inventários post Fernando Camargo
II Jornadas de História Regional mortem.
Comparada. Porto Alegre: FEE, 2005.
FARINATTI, L. A. E. "Peões de estância e A reinterpretação do papel do peão de Acervo pessoal de 47
produção familiar na fronteira sul do Brasil estância no RS, caracterizando a Fernando Camargo
(1845-1865)". In: Anos 90. Porto Alegre: estratégia familiar de constituição de
UFRGS, 2008. muitos nessa lida.
FERREIRA FILHO, Arthur. História Geral do Historiografia tradicional. Abordagem de Acervo pessoal de 48
Rio Grande do Sul: 1503-1964. Porto Alegre: diversos aspectos da história sul- Pablo Dobke.
riograndense.
Editora Globo, 3ª Ed., 1965.
FERREIRA, Lúcio Menezes. O Pampa Projeto de pesquisa na área da Acervo pessoal de 49
Negro: arqueologia da escravidão na arqueologia que abarca as questões Marta Bonow
região meridional do Rio Grande do Sul referentes aos escravos na região do Rodrigues
(1780-1888). Pelotas: Universidade Federal pampa sul-riograndense.
de Pelotas (UFPel), 2009. (Projeto de
Pesquisa)
FLORES, Moacyr. Colonialismo e Missões História sobre a colonização e reduções Biblioteca ICH – 50
Jesuíticas. Porto Alegre: Ed. Nova jesuíticas instaladas no Rio Grande do UFPel
Dimensão. 1986. Sul no período do Brasil Colônia.
FLORES, Moacyr. Gaúcho: história e mito. Livreto que mostra de forma resumida a Acervo pessoal de 51
Porto Alegre: EST edições, 2007. construção historiográfica acerca do Pablo Dobke.
gaúcho.
FLORES, Moacyr. História do Rio Grande Apresentação panorâmica de diversos Acervo pessoal de 52
do Sul. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1997. aspectos da História do Rio Grande do Fernando Camargo
Sul
FLURY, Lázaro. Motivos Argentinos. Buenos Descrição de costumes e utensílios da Acervo pessoal de 53
Aires: Ciordia y Rodríguez, 1951. vida gaúcha. Pablo Dobke.
FONSECA, Pedro Ari Veríssimo da. O Proposta de caracterização do tipo Acervo pessoal de 54
gaúcho quem é.... Passo Fundo: UNESCO- sociocultural denominado "gaucho sul- Fernando Camargo
CIOFF/PMPF, s/d. rio-grandense.
FONSECA, Pedro Ari Veríssimo da. O tropeirismo muar e seus impactos no Acervo pessoal de 55
Tropeiros de Mula. A ocupação do espaço. Rio grande do Sul. Fernando Camargo
A dilatação das fronteiras. Passo Fundo:
Berthier, 2004.
FONTTES, Carlos; VIEIRA, Yara Maria Aborda a história da Bagé da região Acervo do Núcleo 56
Botelho. As Estâncias Contam sua História. através das propriedades rurais de Pesquisas
Santa Maria: Palltti, 2005. (estâncias, fazendas e chácaras). A obra Históricas Tarcício
foi resultado do Projeto Pró-memória Taborda (NPHTT),
Histórica das Propriedades Rurais. da Secretaria
Possui ilustrações a “bico de pena”. Municipal de
Cultura, Biblioteca
da URCAMP e
Biblioteca Municipal
de Bagé.
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Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
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Bagé/RS
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Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
FREIRE, Beatriz Muniz. O Inventário e o Texto sobre formas de trabalhar o Acervo do INRC- 57
Registro do Patrimônio Imaterial: Novos patrimônio imaterial. Bagé (1ª Fase)
Instrumentos de Preservação. Cadernos do
LEPAARQ. Textos de Arqueologia,
Antropologia e Patrimônio. Pelotas: Editora
da Universidade Federal de Pelotas, Vol II, n.
3, 2005. pp.11-19.
FREITAS, Décio. O Capitalismo Pastoril. Estudo sobre a história pecuária no Biblioteca ICH – 58
Caxias do Sul-RS: Ed. Escola Superior de Estado do Rio Grande do Sul. UFPel
Teologia São Lourenço de Brindes. 1981.
GARCIA, Elida Hernades Garcia. Escritores Coletânea das biografias e obras dos Acervo do NPHTT e 59
Bageenses. Porto Alegre: Praça da Matriz/ escritores nascidos ou que tiveram sua da Secretaria
Editora Evangraf, 2007. produção intelectual em Bagé. Municipal de Cultura
de Bagé
GOLIN, Tau. A Expedição: imaginário As manifestações paralelas da Acervo pessoal de 60
artístico na conquista militar dos sete expedição para a conquista dos povos Fernando Camargo
povos jesuíticos e guaranis. Porto Alegre: jesuítico-guaranis orientais ao rio
Sulina, 1997. Uruguai, durante a Guerra Guaranítica.
GOLIN, Tau. O povo do pampa. Passo Faz uma trajetória da história do RS Acervo pessoal de 61
Fundo: Ediupf; Porto Alegre: Sulina, 1999. desde o paleolítico até os dias atuais. Pablo Dobke.
GONZAGA, Sérgius & FISCHER, Luís Formação étnica do Estado do Rio Biblioteca ICH – 62
Augusto (coord.). Nós, Os Gaúchos. Porto Grande do Sul. UFPel
Alegre: Ed.UFRGS. 1992.
GONZALEZ, Luis Rodolfo; RODRIGUEZ Pesquisa prosopográfica acerca da Acervo pessoal de 63
VARESE, Susana. Guaranies y Paisanos: inserção indígena na sociedade crioula Pablo Dobke.
Impacto de los indios misioneros en la uruguaia e a importância da mestiçagem
formacion del paisanaje. Nuestras Raíces N° para a constituição do gaúcho.
3. Montevidéu: Nuestra Tierra, 1990.
GÜIRALDES, Ricardo. Dom Segundo Literatura: Traz a história do jovem Fábio Acervo pessoal de 64
Sombra. Porto Alegre: L&PM, 1997. Cáceres em sua trajetória ao lado do Pablo Dobke.
“gaucho” Dom Segundo, onde aquele
aprende na prática o que é ser um
“verdadeiro gaúcho”.
GUTIERREZ, Ester J. B. A arquitetura Análise da escravidão nas charqueadas Acervo pessoal de 65
pelotense: charqueada e cidade. In: pelotenses do século XIX, apontando Marta Bonow
MAESTRI, Mário; ORTIZ, Helen (Orgs.). questões rurais e urbanas. Rodrigues
Grilhão Negro: Ensaios sobre a escravidão
colonial no Brasil. Passo Fundo: Ed. da
UPF, 2009. pp. 201-231.
GUTIERREZ, Ester. Negros, Charqueadas e Estudo sobre o trabalho escravo, em Acervo pessoal de 66
Olarias: Um estudo sobre o espaço especial nas charqueadas e olarias de Marta Bonow
pelotense. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas. Rodrigues
Pelotas (UFPel), 2ª Ed., 2001.
GUTIERREZ, Ester. Negros, Charqueadas e Estudo sobre o trabalho escravo, em Biblioteca ICH - 67
Olarias: Um estudo sobre o espaço especial nas charqueadas e olarias de UFPel
pelotense. Passo Fundo: UPF Editora, 2011. Pelotas.
GUTIERREZ, Ester Judite Bendjouya. Sítio Estudo sobre as charqueadas pelotenses Acervo pessoal de 68
Charqueador Pelotense. Porto Alegre: estabelecidas ao longo do Canal São Marta Bonow
Editora Paisagem do Sul, 2010. Gonçalo e Arroio Pelotas. Rodrigues
MINC - MINISTÉRIO DA CULTURA INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN
Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
KERN, Arno Alvarez. Missões: uma utopia Leitura-chave sobre as missões jesuítico- Acervo pessoal de 80
política. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982. guaranis. Fernando Camargo
KOSBY, Marília Floôr. “O Açude”: A Ensaio apresentado na disciplina Acervo pessoal de 81
paisagem e os sujeitos pampeanos. 2011. literatura e Fronteiras Culturais, Marília Floôr Kosby
ministrada pelo professor João Ourique,
do curso de Letras da UFPEL.
KOSBY, Marília Floôr. Piedra y Camino: o Ensaio apresentado na disciplina Acervo pessoal de 82
pensamento nômade na invenção da literatura e Fronteiras Culturais, Marília Floôr Kosby
cultura do gaúcho. 2011. ministrada pelo professor João Ourique,
do curso de Letras da UFPEL.
KÜHN, Fábio. Breve História do Rio Grande História do RS de forma resumida. O Acervo pessoal de 83
do Sul. Porto Alegre: Leitura XXI, 3ª edição, texto abrange as origens do Pablo Dobke.
2007. povoamento, a conquista do território, as
guerras intestinas, e a vida social,
política e econômica da província rio-
grandense.
LAYTANO, Dante. Folclore do Rio Grande Estudo histórico sobre alguns tipos de Biblioteca ICH – 84
do Sul. Caxias do sul – RS: EDUCS. 1984. folclores existentes no Estado. UFPel
LEAL, Ondina Fachel. Do entografado ao Construção do Rio Grande do Sul como Acervo do INRC- 85
etnografável: O “Sul” como área cultural. campo etnográfico a partir da leitura de Bagé (1ª Fase)
Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, viajantes do século XIX, na proposta de
ano 3, n. 7, outubro/1997. pp. 201-204. identificar uma área cultural.
LEAL, Ondina Fachel. Honra, morte e Estudo sobre suicídio de homens Acervo do INRC- 86
masculinidade na cultura gaúcha. IN: Oro, Ari campeiros. Bagé (1ª Fase)
P.; Teixeira, Sérgio A. (coords). Brasil e
França: Ensaios de Antropologia Social.
Porto Alegre: Ed. Universidade (UFRGS),
1992. pp; 141-150.
LEAL, Ondina Fachel. The Gaúchos: male Tese de doutorado que aborda a questão Acervo pessoal de 87
culture and identity in the Pampas. da identidade do gaúcho na região do Marta Bonow
Berkeley: University of California (USA), pampa (Rio Grande do Sul, Uruguai e Rodrigues
1989. (Tese de Doutorado). Argentina).
LEAL, Ondina Fachel. O Mito da Salamandra Discussão do mito riograndense da Acervo do INRC- 88
do Jarau: a constituição do sujeito masculino Salamandra do Jarau a partir de um Bagé (1ª Fase)
na cultura gaúcha. Revista de Psiquiatria do olhar antropológico sobre relações de
Rio Grande do Sul. Vol 1, n. 14. Jan- gênero.
abril/1992. pp. 8-11.
LEITE, José Antonio Mazza. Xarqueadas de Coletânea de gravuras de Danúbio Acervo pessoal de 89
Danúbio Gonçalves: um Resgate para a Gonçalves e de textos sobre as Marta Bonow
História. Porto Alegre: s. c. p., 3ª Ed., 2011. charqueadas. Rodrigues
LEITMAN, Spencer. Raízes Sócio- Aborda a formação social e econômica Biblioteca ICH – 90
Econômicas da Guerra dos Farrapos. Rio dos revoltosos farroupilhas. UFPel
de Janeiro: Edit. Graal. 1979.
MINC - MINISTÉRIO DA CULTURA INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN
Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
LEMIESZEK, Claudio de Leão. Bagé: Novos Relata fatos importantes da história de Bagé Acervo da 91
Relatos de sua História. Porto Alegre: tais como: da chegada do primeiro Balão e do Secretaria de
Martins Livreiro, 2000. Avião; as visitas embaixadores, entre eles o Municipal Cultura e
dos EUA, da França, da Áustria, do Chile, Biblioteca da
fatos que comprovam o progresso da cidade
no início do século XX; a vida cotidiana do
URCAMP- Bagé
bageense do passado, com suas opções de
lazer e principais manifestações culturais,
registrando o surgimento das primeiras
bandas musicais, grêmios literários, teatrais e
artísticos, clubes sociais e esportivos, obras
assistenciais e de benemerência; destaca a
força e a liderança do setor Agropecuário.
LEMIESZEK, Claudio de Leão. Governantes Trata do cenário político administrativo de Acervo do NPHTT e 92
e Governadores de Bagé 1964 - 1978. Porto Bagé no período de 1964 a 1978, através de da Secretaria
Alegre: Praça Da Matriz, 2003. pesquisas em documentos da época, jornais Municipal de Cultura
e entrevistas com personagens que viveram o de Bagé
período. A narrativa inicia na Revolução de
1964 em Bagé e passa pelas gestões de J.
Wilson Barcellos, W. Bandeira, Antônio Pires,
Camilo Moreira, abordando os estilos,
lideranças, realizações e frustrações de cada
administração.
LEMIESZEK, Claudio de Leão. Notícias Da Relata a história da Revolução de 1923 a Acervo do NPHTT e 93
Revolução de 1923 em Bagé. Porto Alegre: partir dos fatos ocorridos em Bagé. da Secretaria
Praça da Matriz, 2005. Municipal de Cultura
de Bagé
LESSA, Luís Carlos Barbosa. MÃO GAÚCHA História de ilustrações sobre os produtos Acervo pessoal de 94
– Secretaria do Trabalho e Ação Social – artesanais do Rio Grande do Sul. Marta Bonow
Fundação Gaúcha do Trabalho. Porto Alegre: Apresenta as contribuições de diversas Rodrigues
Escola Gráfica Feplam, 2ª ed.,1986. etnias na formação do que pode ser
chamado de Artesanato Riograndense.
LESSA, Luís Carlos Barbosa. Rio Grande do Estudo sobre o Folclore e a formação do Acervo do Núcleo 95
Sul, Prazer em Conhecê-lo. Rio De Janeiro- Estado do Rio Grande do Sul. de História Regional
Brasil. Ed. Globo, 2ªed.,1985. - UFPel
LIMA, Daniel Vaz. O campeiro e o cavalo na Trabalho de conclusão de curso (TCC), Acervo pessoal de 96
doma: um estudo etnográfico sobre a na área da Antropologia. O estudo Daniel Vaz Lima.
relação entre humanos e animais no apresenta a relação entre humanos e
pampa sul-riograndense. Pelotas: animais, buscando o significado do
Universidade Federal de Pelotas (UFPel), cavalo para o homem campeiro.
2013. (Trabalho de Conclusão de Curso do
Bacharelado em Ciências Sociais)
LOPES, Cícero Galeno. Transnação. In: O autor faz uma reflexão sobre culturas Acervo do INRC- 97
BERND, Zilá (org.). Dicionário das de fronteiras. Bagé (1ª Fase)
Mobilidades Culturais: percursos
americanos. Porto Alegre: Literalis, 2010. pp.
355-369.
LOPES. Mário Nogueira. BAGÉ: Fatos e Narra fatos da sociedade e de Acervo do NPHTT e 98
Personalidades. Porto Alegre: Praça da personalidades que marcaram a história da Secretaria
Matriz/ Editora Evangraf, 2007. de Bagé. Os dados apresentados foram Municipal de Cultura
pesquisados nos arquivos dos jornais O de Bagé
Dever e Correio. E também do acervo do
autor.
MINC - MINISTÉRIO DA CULTURA INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN
Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
LUCCAS, Luís Henrique. Estâncias e Estudo sobre as estâncias riograndenses Site internet. 99
Fazendas do Rio Grande do Sul: como unidades de produção pastoril e
Arquitetura Tradicional da Pecuária. Porto agrícola, como foco na arquitetura das
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande propriedades.
do Sul (UFRGS), 1997. (Dissertação de
Mestrado: Faculdade de Arquitetura)
HTTP://WWW.ARQUITETURA.EESC.USP.BR/SSPA/A
RQUIVOS/PDFS/PAPERS/01503.PDF
(Acesso em 04/03/2013).
MAESTRI, Mario. A Ocupação do Território Formação do sistema pecuário e Acervo pessoal de 100
(Da luta pelo território à instalação da charqueador no Estado do Rio Grande Odilon Leston Júnior
economia pastoril-charqueadora do Sul.
escravista). Passo Fundo: Ed. UPF. 2006.
MAESTRI, Mário. O escravo no Rio Grande Estudo sobre a escravidão no Rio Acervo pessoal de 101
do Sul – A Charqueada e a Gênese do Grande do Sul, levantando questões Marta Bonow
Escravismo Gaúcho. Porto Alegre: EST como a origem do trabalho escravo no Rodrigues
(Escola Superior de Teologia São Lourenço estado, a demografia escrava, as
de Brindes); Editora da Universidade de práticas de resistência escrava.
Caxias do Sul, 1984.
MAESTRI, Mário. O escravo no Rio Grande Aborda a escravidão, tipos de trabalhos Acervo pessoal de 102
do Sul. Porto Alegre: Ed.UFRGS, 3º Ed. e principais donos de escravos. Odilon Leston Júnior
2006.
MAESTRI, Mário (org.). O Negro e o Aborda o papel das estâncias, Acervo pessoal de 103
Gaúcho: Estâncias e Fazendas no Rio características dos trabalhadores do Odilon Leston Júnior
Grande do Sul, Uruguai e Brasil. Passo Estado do Rio Grande do Sul, Brasil e
Fundo: UPF, 2008. Uruguai.
MAESTRI, Mário (org.). Peões, Vaqueiros e Diversos artigos sobre a composição da Acervo pessoal de 104
Cativos Campeiros: Estudos sobre a economia pastoril onde se observa a Ester Gutierrez.
economia pastoril no Brasil. Passo Fundo: inserção do escravo.
Editora Universidade de Passo Fundo, 2009.
MAGALHÃES, Mario Osorio. Opulência e Análise econômica, urbana, social e Biblioteca ICH - 105
Cultura na Província de São Pedro do Rio cultural de Pelotas nos últimos 30 anos UFPel.
Grande do Sul: Um Estudo Sobre a do Império brasileiro.
História de Pelotas (1860-1890). Pelotas:
Editora da UFPel, 1993.
MAGALHÃES, Mario Osório. Pelotas: toda a Coletânea de fragmentos de textos de Acervo pessoal de 106
prosa. Vol.1 (1809-1871). Pelotas: Armazém viajantes que estiveram em Pelotas Marta Bonow
Literário, 2000. durante o século XIX. Rodrigues
MARQUES, Alvarino da F. Evolução das Estudo sobre as charqueadas do Rio Biblioteca do ICH – 107
Charqueadas Rio-Grandenses. Porto Grande do Sul, suas origens e mudanças UFPel.
Alegre: Martins Livreiro, 1990. funcionais e tecnológicas.
MATTOS, Eron Vaz. Aqui: Memorial em Ensaios etnográficos acerca dos Acervo do INRC- 108
Olhos d’Água. Bagé: Do Autor, 2003. costumes e tradições da cultura Bagé (1ª Fase)
gauchesca.
MEDEIROS, Rosa Maria Vieira. Os assentamentos camponeses no Rio Acervo pessoal de 109
Camponeses, cultura e inovações. São Grande do Sul. Fernando Camargo
Paulo: CLACSO, dezembro de 2006.
Memória do Ciclo do Charque em Pelotas – História do charque em Pelotas. Site internet 110
Viva o charque.
HTTP://WWW.VIVAOCHARQUE.COM.BR/PERSONAG
ENS/PINTOMARTINS.PHP
(Acesso em 01/04/2013).
MINC - MINISTÉRIO DA CULTURA INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN
Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
METZ, Luiz Sérgio; OSÓRIO, Pedro Luiz da Relato de viagem pela fronteira entre RS Acervo pessoal de 111
Silveira; GOLIN, Tau. Terra Adentro. Porto e Uruguai, feita pelos autores no início Pablo Dobke
Alegre: Arquipélago, 2006. dos anos 1980, onde entra em contexto
o antigo e o novo, o tradicional e o
moderno.
MONQUELAT, A. F.; MARCOLLA, V. O Compreensão do espaço político-social Acervo pessoal de 112
desbravamento do sul e a ocupação do que hoje se conhece como República Fernando Camargo
castelhana. Pelotas: UFPel, 2010. Oriental do Uruguai e o Estado brasileiro
do Rio Grande do Sul.
MORAES, Alex Martins. "Dinâmicas de A constituição da cidadania na fronteira Acervo pessoal de 113
negociação da cidadania e construção social do RS. Fernando Camargo
das diferenças na fronteira uruguaio-
brasileira". In: I Seminário Internacional de
Ciências Sociais - Ciência Política da
UNIPAMPA - Buscando o Sul. São Borja:
UNIPAMPA, 2011.
NOGUERÓL, Luiz Paulo Ferreira, et al. contestação da suposição de que a Acervo pessoal de 114
"Elementos da escravidão no Rio Grande do região da fronteira com o Uruguai Fernando Camargo
Sul: a lida com o gado e o "seguro" contra a apresentava-se como local por demais
fuga na fronteira com o Uruguai". In: XXXV inseguro para a propriedade escrava; e,
ENCONTRO NACIONAL DE ECONOMIA. endossoe a contestação da inviabilidade
Recife: UFPE, 2007. do uso de escravos na lida direta com o
gado, feita recentemente pela
historiografia.
O Ciclo do Charque – Pelotas – Capital História do Charque em Pelotas. Site internet 115
Nacional do Doce.
pelotas.ufpel.edu.br/charque.html (Acesso
em 01/04/2013).
OGNIBENI, Denise. Charqueadas Estudo sobre as charqueadas Acervo pessoal de 116
Pelotenses no Século XIX: Cotidiano, pelotenses. Marta Bonow
Estabilidade e Movimento. Porto Alegre: Rodrigues
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUC), 2005. (Tese de
Doutorado em História das Sociedades
Ibéricas e Americanas)
OLIVEN, Ruben George. Cultura e Identidade O autor fala sobre a criação de Acervo de Flávia 117
Nacional e Regional. In: MARTINS, Carlos B. identidades regionais e nacionais, em um Rieth
(org. geral); DUARTE, Luiz Fernando Dias viés da antropologia.
(cord. área). Horizontes das ciências
sociais no Brasil: Antropologia. São Paulo:
ANPOCS, 2010.
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Discussão sobre a formação da cultura e Acervo pessoal de 118
Identidade Nacional. São Paulo: Brasiliense, de uma identidade nacional. Flávia Rieth
1985.
OSÓRIO, Helen. Apropriação da Terra no História da formação das propriedades Biblioteca da 119
Rio Grande de São Pedro e a Formação do no Rio Grande do Sul. UFRGS.
Espaço Platino. Porto Alegre: Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
1990. (Dissertação de Mestrado).
OSORNIO, Mario A. López. El Lazo y La História do uso do laço e da boleadeira e Acervo pessoal de 120
Boleadora: contribuición al estudio de las suas aplicações na lida com os animais. Marta Bonow
costumbres nativas. Buenos Aires: Rodrigues
Hemisferio Sur, 2006.
PADRÓN FAVRE, Oscar. Los charruas- Momentos finais da existência dos Acervo pessoal de 121
minuanes en su etapa final. Durazno: Tierra pampeanos uruguaios como grupos Fernando Camargo
Adentro: 2004. ativos na campanha.
MINC - MINISTÉRIO DA CULTURA INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN
Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
PALERMO, Eduardo R. “Como continuación Análise da conformação das estâncias Acervo pessoal de 122
del Río Grande del Sur”: la hacienda sul-rio- uruguaias no século XIX, pontuando a Marta Bonow
grandense esclavista em el norte uruguayo existência de latifúndios de proprietários Rodrigues.
(séc. 19). In: MAESTRI, Mário (org.). Peões, gaúchos nesse país.
Vaqueiros e Cativos Campeiros: Estudos
sobre a economia pastoril no Brasil. Passo
Fundo: Editora Universidade de Passo Fundo,
2009.
PENSAVENTO, Sandra Jatahhy. História do História do Rio Grande do Sul abordada Acervo pessoal de 123
Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado em diferentes aspectos. Pablo Dobke.
Aberto, 4ª Ed.,1985.
PERSKE, Rodolfo César Forgiarini. Sistemas Análise e descrição da experiência Acervo pessoal de 124
agroflorestais em pequenas propriedades realizada através do Programa Municipal Daniel Vaz.
no município de Hulha Negra. Bagé: de Florestamento com os agricultores.
Universidade da Região da Campanha
(UNICAMP), 2004. (Monografia:
Especialização em Desenvolvimento
Sustentável e Meio Ambiente da Faculdade
de Gestão Ambiental)
PESSI, Bruno Stelmach. O Impacto do Fim Estudo sobre a influência do fim do Acervo pessoal de 125
do Tráfico na Escravaria das Charqueadas tráfico de escravos no trabalho das Marta Bonow
Pelotenses (C. 1846-C.1874). Porto Alegre: charqueadas pelotenses, na demografia Rodrigues
Universidade Federal do Rio Grande do Sul dos trabalhadores e na especialização
(UFRGS), 2008. (Trabalho de Conclusão de das atividades.
Curso: Licenciatura em História)
PIÑEIRO, D. E. "Los trabajadores rurales en O impacto das mudanças globais no Acervo pessoal de 126
un mundo que cambia: el caso de Uruguay". trabalho do campo. Fernando Camargo
In: Agrociência. Vol V. Montevideo: 2001.
PNUD Brasil. Caracterização de IDH. Site Internet 127
HTTP://WWW.PNUD.ORG.BR/IDH/DH.ASPX
(Acesso em 12/10/2012)
PNUD Brasil. Ranking do IDH dos municípios, 2003. Site Internet 128
HTTP://WWW.PNUD.ORG.BR/ATLAS/RANKING/IDH_
MUNICIPIOS_BRASIL_2000.ASPX?
INDICEACCORDION=1&LI=LI_RANKING2003
(Acesso em 12/10/2012)
POLOZZI, André Bonetto. "O gado no Brasil Texto sobre como o gado superou a Acervo pessoal de 129
sulino durante o século XIX: interligação importância descrita na historiografia, Fernando Camargo
regional através da via comercial". In: Anais dentro do quesito da ocupação territorial
do XVI Encontro de Iniciação Científica e I e da rentabilidade econômica.
Encontro de Iniciação em
Desenvolvimento Tecnológico e Inovação.
Campinas: PUC, 2011.
PORTO Rafael G.; BEZERRA, Antônio Jorge Tentativa de caracterização da pecuária Acervo pessoal de 130
A. "A Pecuária Familiar: categoria social no familiar no município de Bagé. Fernando Camargo
Município de Bagé, RS – Região da
Campanha Meridional". In: Revista Brasileira
de Agrociência. Pelotas: UFPel, 2009.
POSSAMAI, Paulo (org.). Gente de Guerra e Coletânea de estudos sobre grupo Acervo pessoal de 131
Fronteira: estudos de história militar do militares no Rio Grande do Sul. Fernando Camargo
Rio Grande do Sul. Pelotas: UFPel, 2010.
Prefeitura de Pelotas. História do charque em Pelotas. Site internet 132
“historia_do_charque”.
HTTP://WWW.PELOTAS.COM.BR/POLITICA_DESENV
_ECONOMICO/STE/ATRACOES_TURISTICAS/CHARQ
UEADAS/HISTORIA_DO_CHARQUE.PDF
(Acesso em 28/02/2012).
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Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
Prefeitura Municipal de Bagé. Plano de Livro institucional que aborda diversos Acervo pessoal de 133
Desenvolvimento Econômico 2011-2031. aspectos econômicos de Bagé, assim Flávia Rieth.
Bagé: EDIURCAMP, 2011. como seu contexto historiográfico.
ROSA, Estefânia Jaékel da. Memória, Artigo sobre charqueadas pelotenses Acervo pessoal de 144
identidade e território na constituição do apresentado para a disciplina de Marta Bonow
sítio arqueológico “Charqueada Santa Identidade e Memória na Constituição de Rodrigues
Bárbara”. Pelotas: Universidade Federal de Territórios – disciplina do Mestrado em
Pelotas (UFPel), 2011. (Artigo apresentado Memória e Patrimônio da UFPel.
para a disciplina de Identidade e Memória na
constituição de Territórios, do Mestrado em
Memória e Patrimônio)
ROSA, Estefânia Jaékel da. Paisagens Dissertação de Mestrado – estudo sobre Acervo pessoal de 145
Negras: Arqueologia da Escravidão nas a distribuição espacial-social nas Marta Bonow
Charqueadas de Pelotas/RS. Pelotas: charqueadas pelotenses, focando na Rodrigues
Universidade Federal de Pelotas (UFPel), questão escravista.
2012. (Dissertação de Mestrado: Programa de
Pós-Graduação em Memória e Patrimônio)
ROSA, Mario. Geografia de Pelotas. Pelotas: Obra que trata da Geografia de Pelotas, Acervo pessoal de 146
Ed. Universidade Federal de Pelotas, 1985. paisagens naturais, urbanas, demografia Marta Bonow
e história do desenvolvimento econômico Rodrigues.
e social do município.
SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem ao Rio O autor conta sua passagem, como Acervo pessoal de 147
Grande do Sul. Porto Alegre: Erus - Martins observador naturalista, pelo Rio Grande Marta Bonow
Livreiro Editores, 1987. do Sul. Narra episódios de sua estadia Rodrigues
no RS e conta suas impressões pessoais
sobre a sociedade rio-grandense.
SEN, Amartya. Desenvolvimento como O livro apresenta como tema central uma Acervo pessoal 148
liberdade. São Paulo: Companhia das letras, nova perspectiva de desenvolvimento Daniel Vaz
2010. defendendo as liberdades
socioeconômicas, políticas e culturais.
SEVERAL, Rejane da Silveira. A guerra ABORDA AS GUERRAS ENTRE JESUÍTAS E BIBLIOTECA ICH - 149
guaranítica. Porto Alegre: Ed. Martins LUSOS PELA OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO DO UFPEL
livreiro.1995. RIO GRANDE DO SUL.
SILVA, Adriana Fraga da. “Meu avô era Estudo com enfoque arqueológico sobre Acervo pessoal de 150
tropeiro!”: identidade, patrimônio e o tropeirismo na região de Bom Jesus Marta Bonow
materialidades na construção da Terra do (RS), enfatizando aspectos de memória, Rodrigues.
Tropeirismo – Bom Jesus (RS). Porto identidade, patrimônios e transformações
Alegre: Pontifícia Universidade Católica do da atividade do tropeiro, além de
Rio Grande do Sul (PUC), 2009. (Tese de destacar a criação de uma “Terra do
Doutorado: Programa de Pós-Graduação em Tropeirismo”.
História)
SILVEIRA, Fábio Machado Prates da. Monografia sobre a paisagem e os Acervo pessoal de 151
Formação sócio-espacial da Fronteira espaços socialmente constituídos na Fernando Camargo
Oeste gaúcha: da gênese à atualidade. fronteira do Rio grande do Sul.
Florianópolis: DGEU UFSC, 2008.
SILVEIRA, Hemetério José Velloso da. As Um dos primeiros estudos dedicados às Acervo pessoal de 152
Missões Orientais e seus antigos missões jesuíticas, tomando em conta Fernando Camargo
domínios. Porto Alegre: Echenique, 1908. especialmente aquelas situadas na
margem esquerda do rio Uruguai.
SOARES, Fernanda. Santa Thereza: Um História da Charqueada de Santa 153
Estudo Sobre as Charqueadas da Fronteira Thereza, a partir das suas relações
Brasil – Uruguai. Santa Maria: Universidade econômicas, socais e culturais. Destaca Site internet
Federal de Santa Maria (UFSM), 2006. que pelo modo de produção empregado
(Dissertação de Mestrado: Programa de Pós- é semelhante ao dos saladeiros
Graduação em Integração Latino Americana) uruguaios.
HTTP://CASCAVEL.CPD.UFSM.BR/TEDE/TDE_BUSC
A/ARQUIVO.PHP?CODARQUIVO=340.
(Acesso em 24/09/2010).
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Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
SOUZA, Suzana Bleil de. Charqueadas i A produção e as trocas econômicas no Acervo pessoal de 154
installacions frigorifiques a la frontera gautxa: sul do Brasil sob a perspectiva da Fernando Camargo
èl trànsit pel port de Montevideo a principis atividade charqueadora.
del segle XX. In: Recerques. 45-46. Valéncia:
UV, 2002-2003.
STUMPF, Elisabeth; Barbieri, Rosa; HEIDEN, Livro de divulgação acerca do bioma Acervo pessoal de 155
Gustavo (Orgs.). Cores e formas no Bioma pampa. Marta Bonow
Pampa: Plantas ornamentais nativas. Rodrigues.
Pelotas: EMBRAPA, 2009.
TARGA, Luiz Roberto Pecoits. "O Rio grande A fronteira luso-espanhola, suas Acervo pessoal de 156
do Sul: fronteira entre duas formações dimensões e ramificações. Fernando Camargo
históricas". In: Ensaios. Porto Alegre: FEE,
1991.
TISCORNIA, Ruth. La política económica A economia do Rio da Prata e seus Acervo pessoal de 157
rioplatense del siglo XVII. Buenos Aires, agentes no século XVII. Fernando Camargo
Ediciones Culturales Argentinas, 1983.
TORRES, Luiz Henrique. A Colonização A ocupação territorial do Rio Grande do Site internet 158
Açoriana no Rio Grande do Sul (1752-63). Sul, por açorianos.
Disponível em:
HTTP://WWW.SEER.FURG.BR/OJS/INDEX.PHP/DBH/
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(Acesso em 23/03/2010).
VELLINHO, Moysés. Capitania d'El Rey. Discute questões relativas ao Rio Acervo pessoal de 159
Aspectos polêmicos da formação rio- Grande do Sul colonial. Fernando Camargo
grandense. Porto Alegre: Globo, 1970.
VIANA, João Garibaldi Almeida. Evolução da As alterações no sistema produtivo da lã Acervo pessoal de 160
produção ovina no Rio Grande do Sul e no RS e no Uruguai. Fernando Camargo
Uruguai: análise comparada do impacto da
crise da lã na configuração do setor. Porto
Alegre: UFRGS-Agronegócio, 2012.
VIANA, João Garibaldi Almeida. Panorama Tópicos de história da ovinocultura no Site internet. 161
geral da ovinocultura no mundo e no Brasil. mundo.
Revista Ovinos. Porto Alegre, Ano 4, N. 12,
março/2008.
HTTP://WWW.ALMANAQUEDOCAMPO.COM.BR/IMAG
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Acesso em 16/04/2013.
VIANA, Oliveira. Populações Meridionais do Uma abordagem sociológica, histórica, Acervo pessoal de 162
Brasil. Volumes I e II. Rio de Janeiro: Paz e psicológica e antropológica, propondo Fernando Camargo
Terra/UFF, 1973. uma tipologia dos povos do sul do Brasil.
VIEIRA MEDEIROS, Rosa Maria. Re-territorialização dos camponeses e o Site Internet 163
Camponeses, cultura e inovações. sentido de nova organização social
En publicación: América Latina: dentro de um novo espaço.
cidade,campo e turismo. Amalia Inés
Geraiges de Lemos, Mónica Arroyo,
María Laura Silveira. CLACSO, Consejo
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San Pablo. Diciembre 2006.
Disponível em:
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ICION/LEMOS/16MEDEIROS.PDF
(Acesso em 12/10/2012)
MINC - MINISTÉRIO DA CULTURA INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN
Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
3. JORNAIS E REVISTAS
REFERÊNCIA ASSUNTO ONDE ENCONTRAR NO
Artigo sobre a preocupação com Acervo do INRC- 167
ALVES, TIAGO. ZERO HORA, SÁBADO, 3 DE SETEMBRO a manutenção da realidade do Bagé (1ª Fase)
DE 2011. P. 19. ARTIGO. campo pelas gerações futuras.
Reportagem sobre os haras de Acervo do INRC- 168
DIÁRIO POPULAR, DOMINGO, 10 DE JULHO DE 2011. P. 2. criação de equinos PSI (Puro Bagé (1ª Fase)
Sangue Inglês), e cabanhas de
criação de Cavalos Crioulos.
Notícia sobre a chegada dos Acervo do INRC- 169
DIÁRIO POPULAR, TERÇA-FEIRA, 23 DE AGOSTO DE animais à 34ª Expointer. Pelotas Bagé (1ª Fase)
2011. P. 17. CADERNO RURAL. é a cidade com maior número de
inscritos.
Notícia sobre as provas Acervo do INRC- 170
DIÁRIO POPULAR, SEXTA-FEIRA, 26 DE AGOSTO DE 2011. morfológicas dos Cavalos Bagé (1ª Fase)
P. 18. CADERNO RURAL. Crioulos - da 30ª Ed. do Freio de
Ouro.
Reportagem acerca da final do Acervo do INRC- 171
DIÁRIO POPULAR, DOMINGO, 28 DE AGOSTO DE 2011. P. Freio de Ouro. Bagé (1ª Fase)
22. CADERNO RURAL.
4. FOLDERS E INFORMATIVOS
TÉCNICOS RESPONSÁVEIS
PESQUISADOR (ES) Odilon Leston Júnior, Tiago Lemões da Silva, Pablo Dobke e Fernando Camargo.
SUPERVISOR Fernando Camargo.
PREENCHIDO POR Odilon Leston Júnior, Tiago Lemões da Silva, Marta Bonow Rodrigues, 25.04.13
Marília Kosby, Daniel Vaz Lima, Liza Bilhalva Martins da Silva, Pablo Dobke
e Fernando Camargo.
MINC - MINISTÉRIO DA CULTURA INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL – IPHAN
Bagé/RS, Arroio
Grande/RS,
Região
Herval/RS,
de
ANEXO : BIBLIOGRAFIA RS
Bagé/RS
Aceguá/RS, 2012 F1 A1
Hulha Negra/RS,
e entorno
Pelotas/RS,
Piratini/RS
Arroio
Grande,
Região Aceguá,
INRC - INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO RS Bagé/R Hulha 2013 F60 1
Se Negra,
OFÍCIOS E MODOS DE FAZER entorno Herval,
Bagé e
Piratini
AN
UF SÍTIO -. LOC FICHA NO.
O
1. LOCALIZAÇÃO
SÍTIO INVENTARIADO
Região de Bagé/RS e entorno (Pampa Sul-Rio-
Grandense - Antigos Caminhos das Tropas)
Prática de pastoreio etnografada em Bagé (Palmas e Banhado dos Carneiros),
Aceguá (Minuano, Corredor Brasil-Uruguai, Espantoso), Hulha Negra
LOCALIDADES (Mei’Água), Herval (Boa Vista), Arroio Grande (Bretanhas, Palma e Capão das
Pombas) e Pelotas (Estrada da Barbuda), com ocorrência em todo o sítio
inventariado.
Bagé/RS, Aceguá/RS, Hulha Negra/RS, Herval/RS, Arroio Grande/RS,
MUNICÍPIO / UF
Piratini/RS e Pelotas/RS.
2. BEM CULTURAL
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO: OFÍCIOS E MODOS DE FAZER RS Bagé/RS Hulha 2013 F60 1
e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
3. EXECUTANTE
OBS.: PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O (A) ENTREVISTADO(A) VER ANEXO 4: CONTATOS.
X MASCULINO
NOME Minga Blanco 19
FEMININO
DATA DE
Proprietário rural e produtor rural, Domador
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1962
e Ginete
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Eliezer Dias de Souza 7
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Proprietário rural, poeta e professor universitário NASCIMENTO / 20.11.1950
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO: OFÍCIOS E MODOS DE FAZER RS Bagé/RS Hulha 2013 F60 1
e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
X MASCULINO
NOME Nilo Romero 9
FEMININO
DATA DE
Engenheiro agrônomo aposentado e proprietário
OCUPAÇÃO NASCIMENTO /
rural
FUNDAÇÃO 1921
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Flávio Martins 10
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Estudante de agronomia e pecuarista NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Eron Vaz Mattos 11
FEMININO
Músico, poeta e pesquisador. Funcionário público DATA DE
aposentado. Proprietário de pequena propriedade
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1951
rural.
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Luiz Eduardo Lock Silva 13
FEMININO
Proprietário rural DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1956
FUNDAÇÃO
MESTRE XPRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
X MASCULINO 14
NOME José Souza
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Trabalhador rural NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Olindo Medeiro de Albuquerque Neto 15
FEMININO
Agropecuarista e Agrônomo DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1956
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Macyr Recuero 16
FEMININO
Trabalhador rural aposentado DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1933
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO 17
NOME Neri Canhada
FEMININO
Proprietário rural - aposentado DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1926
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Grande,
Região Aceguá,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
X MASCULINO
NOME Marcos Peres 20
FEMININO
Peão DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1972
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Leomar Alves 22
FEMININO
Proprietário rural. Presidente da associação dos DATA DE
quilombolas de Palmas.
OCUPAÇÃO NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Edemar Scholante 23
FEMININO
Proprietário rural DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME José Luis Lima Laitano 27
FEMININO
É Veterinário de formação, mas não trabalha com a DATA DE
Veterinária. Trabalha no setor automotivo e é criador
OCUPAÇÃO NASCIMENTO /
de Cavalos Crioulos e Bovinos.
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
X MASCULINO
NOME Rafael Médice 29
FEMININO
Pecuarista e técnico em rastreabilidade. Trabalha na DATA DE
área de rastreabilidade bovina na propriedade
OCUPAÇÃO NASCIMENTO /
Rincão das Corunilhas, localidade das Palmas, que
pertence ao seu pai. FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Roberto Francisco Lopes dos Santos 30
FEMININO
Proprietário rural DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 1963
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO
NOME Leomar Moreira Garibaldi 40
FEMININO
Peão Campeiro, Aramador e proprietário rural DATA DE
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 12/12/1953
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
X MASCULINO
NOME Paulo Sérgio Borges Fontoura 38
FEMININO
Domador e proprietário e administrador de DATA DE
hospedaria.
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 19/03/1974
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
4. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
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Grande,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
MANGUEIRA DE PEDRA
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
6. Tempo
6.1. PERIODICIDADE O pastoreio em uma estância de pecuária extensiva é um conjunto de atividades totais, ou seja,
que envolvem todo o cotidiano dos trabalhadores. Fica, portanto, difícil descrever quando as
atividades terminam. No entanto, no que diz respeito ao trato com os animais em mangueiras,
bretes e galpões, pode-se dizer que, após terminados os serviços, são guardadas as
ferramentas, os animais são levados de volta ao campo, é desencilhado o cavalo e limpa-se o
ambiente onde foram realizadas as atividades, retirando restos de fezes e demais dejetos
animais, jogando no lixo ou queimando embalagens de remédios.
Atualmente, há casos em que os empregados residem na cidade, indo e vindo para a estância
de moto, todos os dias, exceto aos domingos. Há também produtores que fretam ônibus para tal
transporte, principalmente quando há lavoura também.
6.2. O CORRÊNCIA EFETIVA – As lidas com bovinos remete a introdução dos rebanhos trazidos pelos colonizadores
europeus na América.
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO: OFÍCIOS E MODOS DE FAZER RS Bagé/RS Hulha 2013 F60 1
e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
7. BIOGRAFIAS
Marcos Peres. Neco realiza toda a lida campeira, trabalha com os rebanhos. Começou a trabalhar na Estância com 12 anos, de
jardineiro. Estudou até a sexta série, no Uruguay.
Olindo Medeiros de Albuquerque Neto. Sua família trabalha com pecuária extensiva desde 1802. Participava da lida
quando o pai ainda era vivo. Atualmente, administra a propriedade. Não trabalha com ciclo completo de gado, apenas
gado de engorda e terminação (animais são engordados e logo enviados aos matadouros).Ovinos (Cordeiro Herval
Premium).Planta grãos (milhos, arroz, sorgo, soja)
Leomar Alves. Foi peão campeiro em estâncias de pecuária durante grande parte de sua vida. Atualmente, cria
caprinos em sua pequena propriedade, para serem vendidos principalmente para casas de religiões afro-brasileiras da
região de Porto Alegre – como a maioria de seus vizinhos quilombolas. Trabalha com a ajuda de um cachorro treinado,
chamado Peão.
Edemar Scholante. Pequeno proprietário de terra, criador de gado, ovelha e cabritos.
Paulo Sérgio Borges Fontoura (Cusco). Tem uma hospedaria e um centro de treinamento e doma de cavalos na
periferia de Pelotas.
Roberto Francisco Lopes dos Santos. Pecuarista e proprietário de terra situada na localidade: Palma, Distrito de
Santa Isabel. Cedeu 21 fotos de marcação e uma do rancho na propriedade.
Rafael Médici. Trabalha especificamente com a parte de bovinos, na área de rastreabilidade. É ligado ao campo por
tradição familiar da atividade pecuária. Hoje a rastreabilidade é uma exigência do mercado europeu para conseguir a
autorização para exportar a carne. No momento em que o terneiro nasce até os três meses ele recebe um brinco
auricular com uma numeração. Nessa numeração estão identificados todos os passos da vida desse animal, até a
chegada dele no frigorífico. Com isto é possível saber de todo o ciclo pelo qual o animal passou: remédios, banho para
parasita, tudo o que ele recebeu de medicação, etc. É como se fosse um documento de identidade do bovino.
José Luiz Lima Laitano. Considera-se de origem urbana e desde o início dos anos 80 é criador de Cavalos Crioulos,
atividade que escolheu exercer por ser apaixonado por cavalos e tenta passar essa paixão para os filhos. É sócio-
proprietário de um Centro de Treinamento de Cavalos Crioulos localizado em Monte Bonito, onde treinam os animais
para a corrida de pista. O Centro de Treinamento possui uma estrutura focada na preparação do cavalo para as provas
do cavalo crioulo. Em outra área, localizada em Rio Grande, trabalha com criação de bovinos.
Neri Canhada. Sempre trabalhou no campo, até aposentadoria. Pequeno proprietário – bovinos e ovinos. Equinos para
trabalho. Trabalhou com agricultura apenas para o consumo próprio. Também é artesão. Trabalha com materiais
diversos fazendo referência ao campo, como estribos, facas, miniaturas de animais (pequenas esculturas), balanças
antigas, relógios antigos, equipamentos de fazer mate, materiais de montaria (ferraduras, rebenques). Trabalha
transformando os materiais em obras de arte.
Macyr Recuero. Alambrador, leiteiro, posteiro, campeiro, tropeiro, domador e peão. Bovinos, equinos e ovinos. Na
agricultura, trabalhou com lavoura de arroz, como (tratorista), lavrador. Também atuou como monteador de lenha,
chacareiro.
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Arroio
Grande,
Região Aceguá,
de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO: OFÍCIOS E MODOS DE FAZER RS Bagé/RS Hulha 2013 F60 1
e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
José Souza. Trabalha na Fazenda Conquista, modelo de Pastoreio Voisin, implantado por seu patrão, o agrônomo Nilo
Romero. O gado, criado em pastoreio rotativo, é manso, não precisando o funcionário usar cavalo, nem laço.
Luiz Eduardo Lock Silva. Reside em Bagé e possui a Agropecuária Umbu na localidade do Espantoso – Aceguá. Na
propriedade rural cria bovinos para engorda e produz pastagens e grãos em 800 hectares, que herdou dos pais.
Trabalha só com novilhos de 6 meses para engordar para abate. Faz pastagem artificial, não trabalha com campo nativo para
engordar o gado. Plantava arroz, mas estava se dedicando, no momento, só ao gado porque, segundo ele, é difícil conseguir
empregados bons.
Eron Vaz Mattos. Trabalhou na lida campeira enquanto morou na pequena propriedade rural da família, na localidade
de Olhos D’Água - Bagé. Aprendeu o trabalho do campo com o pai.
Flávio Martins. Estuda agronomia e trabalha com pecuária na estancia da família. Em 2010 viajou para Nova Zelândia,
onde permaneceu um ano estudando o sistema pastoril utilizado no País. De volta ao Brasil em 2011, busca usar o que
aprendeu para aperfeiçoar as técnicas da pecuária utilizadas em Bagé. È filho do presidente do Núcleo de Criadores de
Cavalos Crioulos de Bagé.
Nilo Romero. Trabalha em conjunto com a esposa, Percília Romero. Hoje não atua diretamente no trabalho das
propriedades. Proprietário da Fazenda Conquista, modelo de Pastoreio Voisin, implantado em 1963 nessa propriedade.
Como agrônomo, interessa-se por esse tipo de produção de gado a pasto, como forma de garantir a vida útil do campo.
Proprietário, também, da Fazenda Santa Inês, de produção de terneiros, que são enviados em seu devido tempo
(quando já novilhos) para engorda na Fazenda Conquista. O gado, criado em pastoreio rotativo científico (Voisin), é
manso, não precisando o funcionário usar cavalo, nem laço. Proprietário, ainda, de outras fazendas, uma no município
de Pinheiro Machado e uma em Aceguá. Ministrava palestras sobre o pastoreio rotativo Voisin (em vários locais do
mundo). É pioneiro dessa técnica em Bagé.
Percília Romero. Trabalha em conjunto com o marido Nilo Romero. Hoje é quem administra as fazendas da família.
O casal é Proprietário da Fazenda Conquista, modelo de Pastoreio Voisin, implantado em 1963 nessa propriedade.
Proprietários, também, da Fazenda Santa Inês, de produção de terneiros, que são enviados em seu devido tempo
(quando já novilhos) para engorda na Fazenda Conquista. O gado, criado em pastoreio rotativo científico (Voisin), é
manso, não precisando o funcionário usar cavalo, nem laço. O casal é proprietário, ainda, de outras fazendas, uma no
município de Pinheiro Machado e uma em Aceguá.
Eliezer Dias de Souza. Poeta, técnico em administração rural na Universidade da Região da Campanha em Bagé/RS.
Reside na cidade de Bagé e possui propriedade rural em Mei’água - Hulha Negra.
Minga Blanco. Herdou a Estância Minuano de seu pai. Administra a propriedade e trabalha na lida com o gado. Possui
exemplares de gado chamado “crioulo”. Cria cavalos. Também é artesão, produzindo utensílios de trabalho, como laços,
relhos, talas e o tradicional chapéu “Pança de burro”. É membro e fundador do Movimento Tradicionalista de Aceguá.
Sônia Carlota Garibaldi é casada com Leomar há 35 anos e tem 02 filhos. O filho mais velho cursou a ESA – Escola
Superior de Aeronáutica e, é sargento; é casado há 10 anos com uma paraibana; mora em João Pessoa, na Paraíba. A
filha (nascida em 1985) foi para Bagé estudar, ingressou no curso de Letras, mas não concluiu a graduação; encontra-
se trabalhando em Bagé; ela mora na casa dos pais, pois gosta da campanha. Sônia faz trabalhos de pastoral junto à
igreja católica. Faz a lida caseira, tem horta e pomar, faz doces para vender, cria galinha, bem como, conhece e se
envolve na lida campeira. Toca a propriedade com o marido.
Leomar Moreira Garibaldi é casado com Sônia há 35 anos e tem 02 filhos. O filho mais velho cursou a ESA – Escola
Superior de Aeronáutica e, é sargento; é casado há 10 anos com uma paraibana; mora em João Pessoa, na Paraíba. A
filha (nascida em 1985) foi para Bagé estudar, ingressou no curso de Letras, mas não concluiu a graduação; encontra-se
trabalhando em Bagé; ela gosta da campanha. Leomar é primo de Eliezer Dutra Tadeu. Conforme Sônia: (Leomar) “faz
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arame ele que faz tudo isso ai é feito por ele, não tem uma coisa feita por ninguém ai, ele que faz tudo, tudo, ele era
alambrador, profissão dele era alambrador antes ele alambrava tudo que era fazenda por ai tudo, tudo, se fez mais foi
fazendo arame ele parou depois que o pai dele ficou doente que ai ele parou aqui trabalhando (...) é ele que faz tudo (na
propriedade), a gente não paga ninguém pra fazer nada, só que precisa assim ajudar pra fazer, só que não tem, mas a
tosquia das ovelhas ele faz.” Na propriedade criam gado – carne e leite – e ovelhas, plantam milho, sorgo e aveia.
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8. ATIVIDADE
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A criação dos cavalos também pode se dar no campo da propriedade rural, de forma extensiva, ou em haras e
hospedarias, próximos aos centros urbanos. Neste último caso, geralmente os cavalos são de raça e têm alto valor
monetário, genético e de estima. Os cavalos criados na propriedade também podem ser de raça, como é o caso das
cabanhas, manadas de cavalos criados por um proprietário ou sócios, registrados em associações de criadores (como
a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos). Os cavalos voltados para a lida campeira são criados na
propriedade e domados para tais fins. Ainda que raros no Brasil atual, existem frigoríficos de abate de equinos, mas
estão voltados para a exportação da carne, já que a mesma não apetece aos hábitos alimentares de quem cria cavalos.
Nenhum dos interlocutores da pesquisa relatou ter vendido cavalos para frigorífico, muitos criticam tal prática.
No caso dos ovinos, os rebanhos sempre foram criados para abastecer as demandas internas de consumo de carne.
Até a década de 1980, quando a indústria sintética se estabilizou, essas criações de ovinos também forneciam lã para
ser comercializada. Atualmente, após a diminuição da criação de ovelhas nas últimas duas décadas, houve abertura
para a comercialização internacional dos produtos brasileiros provenientes da ovinocultura.
Quanto ao pastoreio, não se pode deixar de citar também aqueles empreendimentos voltados para sanar as
adversidades do clima, como é o caso da feitura de açudes em localidades onde não passam cursos d’água ou não há
incidência de chuva suficientes para manter os rebanhos. Nas proximidades de Bagé, por exemplo, fala-se na presença
já não muito comum dos açudeiros, trabalhadores cuja especialidade é cavar açudes, utilizando ferramentas como pás
e a “mariposa”, esta movida por tração animal. Com a mecanização dos instrumentos de trabalho no campo, é mais
recorrente que sejam cavados açudes com retroescavadeiras e outros tipos de maquinários pesados.
Uma lembrança sempre importante no pastoreio é a do cão; muitos campeiros valem-se apenas de um “cachorro
campeiro” para lidar com os rebanhos. Há conhecimento de matilhas de cães que arrebanham cavalos, ovelhas e vacas
sem necessitar da presença humana. Uns aprendem na lida diária com os homens; outros trabalham a partir da
observação, incentivo e reprimenda de seus companheiros caninos. È explícita a companhia permanente dos cães
pastores de múltiplas raças e mestiços aos campeiros. Ainda que alguns peões e proprietários rurais não concordem
em utilizar cães na lida com os rebanhos, pois podem provocar machucados, mordeduras, em todos os
estabelecimentos envolvidos nas lidas campeiras a presença do cão é marcante.
Os naturalistas europeus Auguste de Saint-Hilaire, em 1920, em viagem ao Rio Grande do Sul (SAINT-HILAIRE, 1987)
e Charles Darwin, em 1832, em sua passagem pela região pampa da Argentina (DARWIN, 2010), observaram a
importância dos cães para os proprietários de ovinos. Segundo esses dois viajantes, os caninos eram criados juntos às
ovelhas para que se sentissem parte do rebanho e, com o passar dos anos, nem mesmo sentiam falta da presença de
membros de sua espécie, estando mais voltados à proteção do rebanho do que à integração a matilhas domésticas ou
selvagens.
Muitos peões campeiros consideram o cachorro como um par, pois desempenha as mesmas atividades do trabalhador
humano: arrebanha animais extraviados, faz os rebanhos concentrarem-se em um local preterido pelo peão, direciona o
gado pelos caminhos a serem seguidos. Além disso, em propriedades com a presença intensa de matas, em que é
difícil ou impossível para o campeiro a cavalo tentar qualquer manobra, o cão é elemento fundamental na busca pelo
rebanho (seja bovino, equino ou, principalmente ovino e caprino). Leomar Alves, morador das Palmas, em Bagé, é
produtor de caprinos e treina cães pastores para o trabalho no campo e considera extremamente importante essa
presença na lida com os rebanhos.
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O sistema de pastoreio Voisin, o cão é deixado de lado, pois o gado é criado de forma mansa, com manobras lentas e
com métodos que excluem a presença de qualquer elemento de agressividade
Em relação às mudanças mais recentes ocorridas no campo, Minga Blanco, proprietário rural, domador e ginete em
Aceguá, conta que no tempo de seu pai, não existia automóvel na família, o transporte era feito com carretas de bois,
principalmente para trazer as compras para a família (alimentos, material de higiene, limpeza). A “campanha” (vida no
campo, nas estâncias), segundo o entrevistado, sofreu muita mudança, pois hoje em dia há o acesso à internet,
telefone celular, os empregados não precisam permanecer no campo, podem dormir na cidade e, pela manhã, irem à
estância de moto, ou outro veículo. Nas palavras dele: “hoje, os caras, às vezes na terça-feira, que não tem nada a ver
com o dia de sair (a folga), mas depois do horário de expediente, às vezes monta na moto e vai ligeirinho em casa,
passa a noite com a mulher e no outro dia... quer dizer, não tem mais aquela coisa assim, de se afundar no campo e
ficar ali. então hoje tá... pra isso, tá mais fácil”.
Além disso, Minga conta sobre o posteiro, que era a pessoa responsável por cuidar de porções de terras para o
proprietário. Como existiam estâncias com grandes extensões de terra, era necessário que cada porção (com extensão
variada de tamanho) tivesse um posteiro, que evitaria roubo de gado, a fuga dos animais e observaria os animais,
identificando doenças e eliminando possíveis predadores. o posteiro morava naquela porção de terra, porque era muito
longe da sede da estância para que diariamente os empregados fossem, a cavalo, até aquele local.
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Alguns pecuaristas associam historicamente a presença de negros nas estâncias de pecuária extensiva à brutalidade
da lida com os rebanhos. Peões descrevem o universo desta lida como árduo, perigoso, insalubre. No entanto, essas
mesmas agruras parecem trazer os atributos ontológicos necessários à construção desses homens como pessoas – e
mesmo imprescindíveis à manutenção de sua existência. Acordar antes de raiar o sol e ter que quebrar geada com a
sola do pé descalço, derrubar novilhos com o próprio corpo (pois a contenção com o laço pode fraturar o animal), correr
risco de morte ante a fúria de um touro, participar do mesmo ambiente que animais peçonhentos, enfrentar temporal no
meio do campo aberto para salvar filhotes do rebanho, domar cavalo xucro, são alguns aspectos apontados como
responsáveis pelo fato de serem “brabíssimas” as lidas campeiras - o que, no entanto, não chega a representar uma
potência negativa, visto que, pelo contrário, o controle dessas situações impostas pelas forças da natureza selvagem,
(incorporado, é claro, pela exploração capitalista de sua força de trabalho), tem agência construtora dos sujeitos.
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8.3. CRONOLOGIA – O PASTOREIO SEGUE OS CICLOS ECONÔMICOS DO ATUAL ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
DATA DESCRIÇÃO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
princípio do XIX
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa Farias” –
ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até Curitiba
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Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão, passando pelos
Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos Curitibanos, rio Negro, rio
Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX – 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio da
Patrulha e Porto Alegre.
9. PRODUTOS PATRIMONIAIS
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Atividades Juntar cavalos para a lida com o gado (ou, quando necessário, para tratá-los, aplicar
realizadas medicamentos)
diariamente ou de
acordo com a
necessidade.
Recorrer o campo para verificar os rebanhos e, se necessário, fazer rodeios para identificar
animais doentes.
Verificar se há fêmeas no cio ou prenhes, nas épocas de reprodução.
Fornecer ração, sal ou outro suplemento para os animais, quando há necessidade de
complementar a dieta à base de pasto. Essa suplementação, em geral, para bovinos e ovinos é
fornecida nos potreiros, em cochos. Para os cavalos, o fornecimento de complemento pode ser
em potreiros ou nas cocheiras individuais.
Medicar algum animal, caso seja necessário.
Juntar os rebanhos para fazer algum procedimento nos bretes (vacinar, banhar, marcar, ou
carregar caminhão para encaminhar animais a remates, frigoríficos ou estância de comprador)
Juntar o rebanho no campo para mostrar a compradores em potencial (muitas vezes os
compradores preferem ver o rebanho no campo e não na mangueira)
Juntar ovinos para tratar, medicar ou esquilar e, ainda, quando há necessidade, fornecer
suplementos alimentares.
Nas hospedarias de equinos em centros urbanos: retirar os animais, pela manhã, das cocheiras
onde passaram a noite, ou trazê-los dos potreiros para alimentá-los. Em geral, esses animais são
alimentados com pasto (quando há disponibilidade), com feno, alguns grãos e ração. Esses
alimentos são fornecidos em cochos nos potreiros ou nas cocheiras individuais.
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O PASTOREIO É REALIZADO EM PROPRIEDADES RURAIS. NO CASO DA CRIAÇÃO E CAVALOS, PODE ACONTECER EM PEQUENAS
PROPRIEDADES OU TERRENOS MAIS ISOLADOS NA PERIFERIA DE CENTROS URBANOS.
DESCRIÇÃO GALPÃO - A edificação pode ser um “rancho”, coberta de palha santa fé ou telhas, com paredes de
torrão ou um prédio de alvenaria situada próximo à sede da propriedade rural;
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DESCRIÇÃO PALANQUES – tipo de “poste” feito de tronco de árvore de aproximadamente 2 metros de altura,
podendo, esta medida, ser variada. Possui, próximo à sua extremidade superior, um entalhe na
madeira ao redor de toda a circunferência, local onde apoia-se e amarra-se o cabresto do cavalo.
Em geral, localiza-se em mangueiras próximas ao brete ou em potreiros ou piquetes.
QUEM PROVÊ Proprietário rural.
FUNÇÃO / Usados para conter as montarias (cavalos), em geral quando essas são xucras ou estão em
SIGNIFICADO processo de doma e treinamento. Também podem ser usados na contenção dos animais para
procedimentos diversos, como na aplicação de medicamentos.
DISPONIBILIDADE industrial. Mas é cada vez mais difícil encontrar mão-de-obra para sua construção artesanal.
LAÇO. Corda trançada, feita de couro, nylon ou outros materiais, com uma argola de metal em uma
das extremidades. A outra extremidade passa por dentro da argola, formando um anel com acorda,
DESCRIÇÃO que é girada no ar, jogada sobre o animal, e esticada quando enlaçando este, até derrubá-lo. O laço
é um instrumento manual, que pode ser usado pelo homem montando cavalo, bem como, no chão,
quando em espaços cercados.
O produtor compra o material com seus recursos próprios. Ou o trabalhador confecciona seu próprio
QUEM PROVÊ
laço, segundo técnicas de trabalho com corda (couro cru).
FUNÇÃO /
Evitar que o animal dispare ou machuque alguém enquanto é tratado.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Disponível nas lojas de correaria, de produtos agropecuários e com guasqueiros.
ARREIOS – para montaria do cavaleiro, tanto para a lida campeira, incluindo a tropeada, quanto
DESCRIÇÃO
para doma e gineteada. Há variações dos arreios conforme sua utilização.
QUEM PROVÊ O produtor rural ou o peão.
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Para montaria do cavaleiro, tanto para a lida campeira, incluindo a tropeada, quanto para doma e
gineteada. Há variações dos arreios conforme sua utilização, porém os itens básicos, utilizados para
montaria, serão descritos de acordo com observação e entrevista. Os arreios estão dispostos na
seguinte ordem de sobreposição, mais comumente usadas para as lidas campeiras: xergão - carona,
FUNÇÃO / - basto/sela/serigote - cinchão (ou cincha) e barrigueira – pelegos – badana (nem sempre é usada) –
SIGNIFICADO cincha (ou sobrecincha) e barrigueira. Fazem parte do conjunto, ainda, os estribos, a cabeçada com
freio e rédeas e o bucal com cabresto (opcional). Pode-se considerar parte do conjunto, ainda, o
rebenque/mango/relho (usado para instigar o animal a acelerar a andadura, ou, no caso do esporte
de gineteada, para fazer o animal pular com o cavaleiro sobre ele. Os arreios podem sofrer variação,
porém os relacionados acima são os mais comumente utilizados na região.
A maioria das peças de arreios podem ser encontradas em casas especializadas; alguns artefatos
DISPONIBILIDADE
podem ser confeccionados por artesãos ou pelos próprios peões.
XERGÃO: é um artefato confeccionado em lã crua, em geral produzido artesanalmente, através da
fiação e tear. Seu formato é aproximadamente um retângulo e deve cobrir todo o lombo do animal,
DESCRIÇÃO
caindo pelos lados do mesmo, não chegando a cobrir toda a região das costelas do cavalo. Todos os
outros artefatos que fazem parte dos arreios de montaria apóiam-se sobre o xergão.
QUEM PROVÊ O proprietário rural ou o peão campeiro.
FUNÇÃO /
Serve para proteger o lombo do animal contra o atrito do basto/sela/serigote
SIGNIFICADO
O xergão pode ser confeccionado na própria estância, porém, em geral, é comprado de mulheres
DISPONIBILIDADE
que trabalham com a fiação da lã e a confecção do artefato com o tear.
CARONA – em geral é feita de couro. Atualmente é confeccionada artesanalmente ou
industrialmente. Sua matérias-primas, além do couro, podem ser materiais sintéticos como esponja
DESCRIÇÃO
forrada com tecidos de algodão ou poliéster. É posta sobre o xergão e suas medidas são
aproximadamente as mesmas deste.
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CINCHÃO (OU CINCHA) E BARRIGUEIRA - É uma tira de couro de um palmo e meio de largura
(aproximadamente), duplo (duas trias costuradas juntas), que contém duas argolas de metal em
suas extremidades mais compridas (mais ou menos 50 cm de comprimento). Nessas argolas, a
DESCRIÇÃO BARRIGUEIRA é presa. Este é um artefato confeccionado com várias tiras de barbantes grossos
(em torno de 8 ou 10 tiras), em cujas extremidades são colocadas argolas de metal, que servem
para unir este objeto ao cinchão. Enquanto o cinchão fica sobre o basto, a barrigueira passa por
baixo da barriga do cavalo. A união entre o cinchão e a barrigueira, ocorre através de LÁTEGOS.
FUNÇÃO / São enrolados nas argolas do cinchão e da barrigueira, concomitantemente, unindo esses dois
artefatos e mantendo o basto sobre o cavalo, evitando que os arreios fiquem soltos durante a
SIGNIFICADO montaria.
DISPONIBILIDADE Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas
ESTRIBOS - Os estribos têm formato variado, porém parecem-se com argolas grandes, com a
porção inferior, onde o cavaleiro apoiará o pé, podendo ser de formato achatado ou arredondado.
São feitas de metal (ferro, inox) e são postos nas laterais do cavalo, para o cavaleiro calçar o pé e
Descrição firmar-se quando está montando o cavalo. São presos ao basto/sela/serigote por meio dos LOROS.
Os estribos ficam presos aos loros e esses, são presos ao basto/sela/serigote, através dos látegos.
Cada estribo fica de um lado do cavalo e seu comprimento de uso depende do comprimento das
pernas do cavaleiro
QUEM PROVÊ Proprietário rural ou peão campeiro.
FUNÇÃO /
Artefatos utilizados para apoio dos pés do cavaleiro, permitindo maior equilíbrio na monta.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE São comprados de ferreiros especializados, ou em casas comerciais.
LOROS - são artefatos confeccionados, em geral, em couro. Os loros são feitos, comumente, de
duas tiras de couro, de dois dedos de largura, unidos por costuras em fios de couro (tentos) ou,
industrialmente, por fios de barbante reforçados. O loros têm aproximadamente um braço de
DESCRIÇÃO comprimento, (as tiras de couro dos loros são de aproximadamente dois dedos de largura). São
unidos ao basto/sela/serigote através de látegos - em um local específico do basto (em argolas de
couro ou de metal que estão presos ao basto para passar os látegos).
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PELEGOS – São feitos da pele inteiriça de ovinos, a parte “carnal” é a de contato com a carne do
ovino in vivo. A parte externa, é a lã do ovino sem que este tenha sido tosado (tosa: retirada do
DESCRIÇÃO excesso de lã dos ovinos para venda desse material e para aliviar os animais do calor do verão). Os
pelegos são colocados sobre o basto/sela/serigote, com a parte externa (lã) voltada para cima. Pode
ser utilizado um ou mais pelegos sobrepostos.
BADANA – artefato de couro, praticamente bidimensional, É o artefato que fica sobre todos os outros
DESCRIÇÃO (com exceção da cincha e barrigueira) e nem sempre é utilizado (opcional). Tem o tamanho
aproximado dos pelegos, em geral, um pouco mais curto e estreito que esses.
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CABEÇADA e RÉDEAS – A cabeçada é um artefato em couro que envolve a cabeça do animal com
o objetivo de manter o FREIO na boca do cavalo. A cabeçada pode ser de couro liso, quase
bidimensional, de largura variável, ou trançada, com vários tentos (finas tiras de couro). As RÉDEAS
são presas nas “pernas” do freio. As rédeas são tiras de couro compridas (podem ser lisas,
DESCRIÇÃO
bidimensionais) ou trançadas, com as mais diversas tranças. As rédeas podem ter a espessura de
um pouco menos de um dedo (quando trançadas) até quase dois dedos de largura, em geral lisas,
de couro chato e cru (quase bidimensionais). Têm, em torno de 2 metros de comprimento, mas essa
medida pode ser variada.
QUEM PROVÊ Proprietário rural ou peão campeiro.
Através das rédeas o cavaleiro consegue comandar o cavalo, pois cada uma (são duas), fica de um
lado do pescoço do cavalo, em contato com essa parte do corpo do animal. Mas, principalmente, o
FUNÇÃO / comando ocorre porque o freio (que está na boca do animal) preso às rédeas através das “pernas”,
SIGNIFICADO pode ser ativado de acordo com o movimento que o cavaleiro faz com as rédeas. Através desse
conjunto, juntamente com o freio, o cavaleiro pode levar o animal para os lados e pode “sofrenar” o
cavalo (fazê-lo parar, puxando as rédeas para trás).
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Usada como instrumento auxiliar na cura de animais com feridas (por exemplo, pode ser usada para
FUNÇÃO /
abrir” uma ferida infeccionada, para posterior aplicação de medicamento), para cortar algum galho
SIGNIFICADO
de árvore, algum tento de couro, etc.
DISPONIBILIDADE Pode ser adquirida em casas especializadas com recursos próprios, ou herdada.
DESCRIÇÃO FERRADURAS – ferros utilizados sob os cascos das montarias para evitar as machucaduras.
Em geral quem provê é o proprietário do cavalo. Podem ser fornecidas tanto pelo proprietário rural,
QUEM PROVÊ
quanto pelo peão.
FUNÇÃO /
Evitar machucados na sola dos cascos da montaria (cavalo/ mula)
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Adquirido em lojas especializadas ou direto com os ferreiros
ESPORAS - apesar de serem usadas nos pés do cavaleiro, é parte da monta, portanto é
apresentada juntamente com os arreios. é um artefato tridimensional, e consiste de uma armação de
metal (em geral ferro) em forma de “u”. na sua volta externa (volta do “u”), uma “roseta” se encontra
acoplada à armação, por meio de uma extensão (“papagaio” - de 3 a 4cm ou mais) do próprio metal.
a parte interna da volta do “u” fica encaixada no calcanhar da pessoa que usa a espora; uma
corrente de metal ou o tento de couro faz um outro “u” que é acoplado por baixo do pé, firmando a
espora no taco (salto) da bota do campeiro. tentos de couro são utilizados fazendo voltas pela frente
DESCRIÇÃO
do pé, passando pela extensão de metal onde se encontra a “roseta”, com o objetivo de evitar que a
espora se solte do pé. a “roseta” é um artefato de metal (em geral ferro ou latão) quase
bidimensional, circular, achatado, de 2cm de diâmetro ou mais, com pontas agudas em toda a sua
volta (pontas também variam de tamanho e de quantidade, de acordo com o tamanho da roseta). as
esporas são utilizadas nos calcanhares dos trabalhadores campeiros, entretanto são entendidas
como parte dos arreios e não do vestuário, pois atuam auxiliando no controle dos cavalos que estão
sendo montados pelos peões.
QUEM PROVÊ Proprietário rural ou peão campeiro.
FUNÇÃO /
Incitar o animal a alterar a andadura (“apressar, apurar o passo”).
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Adquirido em lojas especializadas ou direto com os ferreiros
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Grande,
Região Aceguá,
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e Negra,
entorno Herval,
Bagé e
Piratini
FUNÇÃO / Bebido enquanto a alimentação está sendo preparada, seja café da manhã, almoço ou janta. Tem,
também, a função de sociabilidade: em uma “roda de mate”, em geral no galpão, os peões se
SIGNIFICADO reúnem para conversar sobre a lida cotidiana ou contar causos.
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
A Pilcha é a vestimenta utilizada pelos homens campeiros. Compõe a pilcha: botas (calçado próprio
para andar a cavalo, feito de couro, que envolve o pé e a perna), bombacha (calças presas por
DESCRIÇÃO botões no tornozelo), lenço (feito de tecido e geralmente utilizado amarrado ao pescoço), alpargata,
chapéu (feito de couro ou feltro);. é pilcha todo objeto de valor ou adorno que faz parte da montaria
do gaúcho
QUEM PROVÊ Proprietário rural e peão campeiro
FUNÇÃO /
Vestimenta
SIGNIFICADO
Ponche – mesmo que poncho. É o agasalho tradicional do gaúcho. Consiste em uma capa de pano
ou lã, com forma redonda, retangular ou ovalada, tendo uma abertura no centro por onde passa a
DESCRIÇÃO cabeça. Assim, o tronco da pessoa que o está vestindo fica protegido (frente e costas).
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e Negra,
entorno Herval,
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Piratini
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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entorno Herval,
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QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
A remuneração do trabalho dos peões segue tabela estabelecida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Há também
Sindicatos e Associações de Produtores Rurais.
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DENOMINAÇÃO CÓDIGO
Não há
15. OBSERVAÇÕES
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e Negra,
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¹GONÇALVES, Jussemar Weiis; FERREIRA, Letícia de Faria. O pampa , o cavalo, a pedra e o trabalho. Curitiba: IX Reunião de Antropologia do
Mercosul, 2011. (Artigo apresentado no GT 15: Antropologia do Trabalho e Memória dos Trabalhadores).
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QUESTIONÁRIOS ANALISADOS Q60 – 1,2,3,5,6,8,9,10, 11, 12, 15, 18, 21, 22, 28, 29 e 34
PESQUISADOR(ES) Flávia Rieth, Marta Bonow Rodrigues, Marilia Floôr Kosby, Liza Bilhalva Martins da Silva,
Daniel Vaz Lima.
SUPERVISOR Liza Bilhalva Martins da Silva e Flávia Rieth
REDATOR Marta Bonow Rodrigues e Marilia Floor Kosby. DATA
10/04/2013
RESPONSÁVEL PELO Flávia Rieth
INVENTÁRIO
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CÓDIGO DA FICHA
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INRC - INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS Região
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de
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Bagé/RS
Negra,
OFÍCIOS E MODOS DE FAZER e entorno
Herval,
Bagé e
Piratini
UF SÍTIO-. LOC ANO FICHA NO.
1. LOCALIZAÇÃO
SÍTIO INVENTARIADO
Região de Bagé/RS e entorno (Pampa Sul-Rio-
Grandense -Antigos Caminhos das Tropas)
Prática da lida caseira etnografada nas localidades abaixo, embora tenha
ocorrência em todo o sítio inventariado:
Aceguá – Minuano (Fazenda Santa Leontina).
LOCALIDADE
Herval – Boa Vista (Fazenda Boa Vista)
Hulha Negra – Mei’ Água (Propriedade do Sr. Leomar Moreira Garibaldi e Sra.
Sônia Carlota Cabreira Garibaldi)
Aceguá/RS.
MUNICÍPIO / UF Herval/RS
Hulha Negra/RS
2. BEM CULTURAL
3. EXECUTANTE
OBS.: PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O (A) ENTREVISTADO(A) VER ANEXO 4: CONTATOS.
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X MASCULINO
NOME Micael Peres Bezon 50
FEMININO
DATA DE
Peão caseiro na Fazenda Santa Leontina/
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 25 anos
Aceguá/RS
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
X MASCULINO
NOME Zé Mario 45
FEMININO
DATA DE
Peão de estância na Fazenda Boa Vista –
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 25 anos
Herval/RS
FUNDAÇÃO
X MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ X VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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MASCULINO
NOME Sônia Carlota Cabreira Garibaldi 41
X FEMININO
Produtora rural – trabalha na pequena propriedade DATA DE
que possui junto com seu marido, Sr. Leomar
OCUPAÇÃO NASCIMENTO /
Garibaldi. Faz todo o tipo de lida caseira e, também,
desempenha atividades da lida campeira. FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
X OUTRO proprietária rural
MASCULINO
NOME Luci Mari de Oliveira Siqueira 49
X FEMININO
DATA DE
Cozinheira e responsável pela limpeza e arrumação
OCUPAÇÃO “das casas” na Fazenda Santa Leontina (esposa de NASCIMENTO / 34 anos
peão campeiro)
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ X VENDEDOR X EXECUTANTE
X OUTRO trabalhadora rural
MASCULINO
NOME Flávia Blanco 48
X FEMININO
DATA DE
Proprietária rural e professora. Desempenha
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 15/11/1963
funções na lida caseira da propriedade.
FUNDAÇÃO
MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
4. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
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Segundo Flávia Blanco: “Muitas vezes a mulher, não só a do proprietário rural, as mulheres de pequenas propriedades,
que os maridos iam para as estâncias trabalhar, elas ficavam em casa fazendo toda a lida [...] cortando lenha, tirando
leite, cuidando dos filhos [...]; tem a mulher administradora da propriedade, tem a mulher que cuida da casa [...]. Tem a
cozinheira e a lavadeira, hoje já não existe, mas, também existia bastante. As lavadeiras normalmente eram essas
mulheres dos arredores que também marcavam como atividade econômica, e tem as que fiam lã, e até hoje tem”.
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RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
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7. Tempo
As atividades relacionadas ao manejo dos rebanhos – ordenha, carneada, etc. - que integram as lidas caseiras rurais
no Rio Grande do Sul remetem à chegada dos colonizadores europeus, momento em que os rebanhos são introduzidos
na região e, posteriormente, a instalação de propriedades rurais.
8. BIOGRAFIA
Dona Nélzia - é esposa de Seu Brasileiro (capataz da fazenda Sta Leontina). Moram na fazenda juntamente com a
filha, genro e neta. Iniciou suas atividades como copeira e depois passou a ser cozinheira. É responsável, com a ajuda
de sua filha Luci, por cozinhar, limpar a casa grande e a casa dos empregados, passar e costurar. O preparo diário de
refeição para os peões, e demais pessoas que ali se encontram, é de sua responsabilidade, assim como o cuidado com
horta e com o jardim. A feitura de doces (chimias de frutas) também é realizada por Nélzia. Fora da fazenda, ocupa a
função de cozinheira em piquetes na Semana Farroupilha de Aceguá. É nome conhecido na região, pela culinária que
apresenta nos concursos das Semana Farroupilha de Aceguá e Bagé. Suas receitas constam no Livro de Culinária
Campeira de Aceguá que é resultado desses concursos.
Micael Peres Bezon – peão caseiro da Fazenda Santa Leontina em Aceguá. Suas atividades compreendem a ordenha,
carneação de animais, manutenção da limpeza dos galpões e área externa, alimentação dos animais do pátio (porcos,
galinhas, cães, etc.).
Zé Mário - Peão de estância na Fazenda Boa Vista – Herval/RS. Suas atividades compreendem a ordenha, carneação
de animais, manutenção da limpeza dos galpões e área externa, alimentação dos animais do pátio (porcos, galinhas,
cães, etc.).
Sônia Carlota Cabreira Garibaldi – proprietária rural em Hulha Negra/RS. Faz toda a lida caseira em sua propriedade
e também participa das atividades campeiras junto ao seu esposo, Leomar Moreira Garibaldi. Não possui empregados.
Luci Mari de Oliveira Siqueira – Mora na Fazenda Santa Leontina acompanhando seu esposo (Neco – sota capataz,
autoridade imediatamente inferior à do capataz), seu pai (capataz), sua mãe (Dona Nélzia – cozinheira) e sua filha. Luci
exerce todas as atividades juntamente com sua mãe nessa propriedade rural. Fora da fazenda, ocupa a função de
cozinheira em piquetes na Semana Farroupilha em Aceguá.
Flávia Blanco – casada com o proprietário rural Minga Blanco, atua na lida caseira e é professora. Mora em
Aceguá/RS na Estância Minuano de propriedade da família.
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9. ATIVIDADE
Com relação à masculinização do campo, ela diz: “[...] acho que hoje a presença da mulher no campo é menor, ela já
foi mais expressiva...” [...] “Porque na verdade como o espaço de trabalho para a mulher é pequeno, o homem tem
muitas funções ainda masculinas, mas para a mulher não existem tantas funções porque esse espaço doméstico dessa
propriedade rural diminuiu, mas mesmo assim, também não era tão grande que justificasse muitas mulheres no campo.
Acho que as mulheres não têm muitas oportunidades de trabalho no campo, são poucas, a não ser assim na lida da
casa, na subsistência, algumas mulheres que ocupam funções, mais nesse universo dito masculino; é um universo de
funções bem marcadas.”
Mencionou, ainda, que tem uma amiga que assume o trabalho na terra, corta palha, faz alambrado, mas é uma das
poucas. Caracteriza o universo campeiro como um universo machista, onde as funções são culturalmente bem
marcadas, “até em função da lida ser pesada, mas se encontra hoje mulheres fazendo funções que antes eram
masculinas, mas são poucas.”
Quanto ao trabalho/ presença das mulheres no campo: “As mulheres (dos trabalhadores rurais), normalmente os
que têm mulheres, tem muita gente que não tem mulher, ficam nas vilas, nas cidades. Antigamente era bem mais
comum que trabalhassem os casais, hoje em função desse espaço doméstico na zona rural ter diminuído, vamos dizer
que, assim... em função de leis trabalhistas, da melhor condição salarial e também da diminuição do tamanho das
propriedades que começam a ser fracionadas, antigamente era muito normal ter a cozinheira, ter mais mulheres no
estabelecimento, e alguns (trabalhadores rurais) eram, assim, casados.”.
Flávia comenta que ainda existem benzedeiras no Aceguá, mas que não existem mais parteiras pela proximidade da
cidade; dos serviços de saúde e sobre as lavadeiras ressalta: “[...] é, a lavadeira, normalmente ela não morava na
estância, a lavadeira era uma pessoa tipo agregada, assim, ela morava no encosto da estância ou na vizinhança,
assim, pessoas que precisavam trabalhar. Mas tinham estâncias que tinham dinheiro, lavadeira, tinham copeira,
cozinheira. A minha sogra conta que aqui, assim, antigamente, era um estabelecimento só (e que agora aqui é
fracionado, são três estabelecimentos, mais uma parte de lavoura; são 4, na verdade. Mas, quando aqui era um único
estabelecimento), ela lembra de situações de ter 7 mulheres aqui, trabalhando”.
E, sobre o envelhecimento do rural, a entrevistada fala que: “Isso, eles falam na masculinização da zona rural e no
envelhecimento também, acho que em seguida tem que haver políticas públicas para fixar os jovens no campo, porque,
talvez, um movimento que ainda não seja muito perceptível, mas a evasão dos jovens é bem grande. Se a gente for
fazer um levantamento, assim, a questão do transporte escolar, do acesso à escola, acho que amenizou um pouco,
mas, amenizou no sentido de retardar a saída dos jovens do campo, porque chega uma idade que eles querem sair.”
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Sônia Carlota Garibaldi fala do êxodo rural, do afrouxamento das relações de reciprocidade entre vizinhos e
parentes; envelhecimento e masculinização do campo.
Diz que na localidade de Meia’Àgua não tem mais crianças, não tem mais escola. A percepção do processo de
envelhecimento das pessoas que permanecem no campo é vivido e destacado pelo trabalho na pastoral. Conforme
Sônia:
- “Vão estudar e ai já ficam lá arrumam serviço. Meus filhos mesmo também, a menina mora aí, mas trabalha na
cidade. Mora porque quer porque por mim não morava. Por mim ela morava na cidade, mas ela gosta, gosta da
campanha assim. Ela estudou e veio embora e eu disse como é que tu vai estudar e vim pra campanha de volta.”
- “Tem pouca, na nossa região aqui eu digo pra vocês não tem uma criança, um adolescente, nenhum jovem e da idade
de trinta e tantos pra cima, isso que é um casal só que tem aqui de trinta e poucos porque os demais é de cinquenta
pra cima, não tem colégio não tem nada porque não tem criança não tem nada na nossa região terminou
completamente não tem criança.”
- “Não voltam depois de irem não voltam, os que ficaram, ficaram, os que foram não voltam, depois de ir não voltam.
Assim ó é muito pouca coisa pra todos viver né. Por que um casal vivia aqui ta, criou os filhos, mas, depois não dá pra
todos ficarem aqui com as famílias, que jeito? Depois começa o colégio e ai tem que ter condução pra levar, por que
agora tem condução pra levar porque não existe mais escola, não tem porque escola não tem mais criança”.
- “P: nesse grupo de terceira idade que a senhora trabalha?
Sônia: Tem uns quantos eu tenho oito idosos, tens uns quantos são uns casais assim, são mais velhos, mas a
realidade também é diferente do idoso da cidade. Porque o idoso da cidade é assim ó, quando a gente fez a
capacitação então é assim ó, é aquele idoso que é carente que a família trabalha e que fica em casa sozinho as vezes
dependendo de cuidadores, só que os nossos idosos aqui todos trabalham e vivem do trabalho, são aposentados mas
vivem do seu trabalho, não estão assim ó.
P: Com quantos anos?
Sônia: De setenta e poucos pra cima, quase oitenta.
P: Trabalhando na lida?
Sônia: Trabalhando na lida do campo, tem um mesmo um senhor que tem 75 e outro 79 e passam no campo
trabalhando, não tem, são idosos, visitam aquela coisa toda, eles gostam adoram a minha visita, eu aviso que vou e
eles ficam em casa, não saem nem pro campo.”
O deslocamento das mulheres para a cidade, muitas delas acompanhando os filhos na Escola, gera um afrouxamento
das redes de reciprocidade no campo, segundo Sônia: “Mas meus pessegueiros estão muito feios já, eu tinha
quantidade de pessegueiros então a gente fazia um mutirão assim antigamente, tinha um monte de mulher e todas
tinham. A gente se juntava ali naquela casa, passava pêssego daquela casa e ia pra outra passava e assim todas
ajudavam, só que foi terminando as mulheres foram embora e agora não tem mais ninguém pra trabalhar, e os
pessegueiros foram morrendo e eu disse pro meu marido, tu não me planta mais nem um pé de pessegueiro, que eles
vão terminar junto comigo porque eu não posso mais fazer sozinha, me vence porque ele passa do tempo, aí ele
amadurece e não presta mais.”
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AÇOUGUEIRO
(Telmo de Lima Freitas)
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9.3. CRONOLOGIA –
As atividades relacionadas ao manejo dos rebanhos – ordenha, carneada, etc. - que integram as lidas caseiras rurais
no Rio Grande do Sul remetem à chegada dos colonizadores europeus, momento em que os rebanhos são introduzidos
na região e, posteriormente, a instalação de propriedades rurais
Grandes extensões de terras necessitavam grande número de trabalhadores em todas as lidas. A lida caseira agregava
um número expressivo de mulheres nas propriedades rurais.
O ofício da parteira se institui, assim como o da lavadeira que percorre várias propriedades morando ao redor destas ou
na vizinhança.
DATA DESCRIÇÃO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX – 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio da
Patrulha e Porto Alegre.
ETAPA ATIVIDADE
Preparação do O dia na estância começa com o acender do fogo a lenha e o esquentar da água para o chimarrão
chimarrão ou
mate
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Ordenha Retirada do leite das vacas para consumo da propriedade e feitura de queijo.
Serviço da Preparo dos alimentos para as refeições tanta dos peões como da casa (sede): café da manhã,
cozinha almoço e janta, feitura de doces e pães.
Trato com os Hora de alimentar galinhas e porcos bem como recolher os ovos.
animais ao redor
das casas
Limpeza dos Limpeza e organização de todas as dependências da propriedade e inclusive da área externa (ex:
galpões, ranchos recolhimento de folhas caídas, concerto de aramados, corte de gramas e espinhos)
e casas
Corte de lenha Corte de lenha para o fogão e lareira.
Pomar e Horta Cuidados com o pomar e horta, limpeza, retirada de ervas daninhas, podas, colheita de frutas.
Esquila Trabalho de esquila da ovelha que será carneada para a alimentação dos trabalhadores e
proprietários.
Carneada Carneada de gado, ovelha e porco para a alimentação interna da propriedade (geralmente
executada cedo pela manhã ou à tardinha quando o sol está mais baixo e a incidência de insetos é
menor)
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Piratini
FUNÇÃO / Bebido enquanto a alimentação está sendo preparada, seja café da manhã, almoço ou janta. Tem,
também, a função de sociabilidade: em uma “roda de mate” entre as mulheres ou os peões se
SIGNIFICADO reúnem para conversar sobre a lida cotidiana ou contar causos.
Não há
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
DESCRIÇÃO Avental
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Arroio
Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
FUNÇÃO /
Proteção da roupa do trabalhador e da trabalhadora
SIGNIFICADO
DESCRIÇÃO Botas de borracha
10.9. DANÇAS
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
Durante a execução da lida não há. Sobre a Música do ofício da lida caseira ver Item: 9.2 Narrativas e Representações
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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Arroio
Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
PARTICIPAÇÃO NA RENDA
SIM X NÃO PRINCIPAL FONTE DE RENDA X COMPLEMENTO X
FAMILIAR
Não há
DENOMINAÇÃO CÓDIGO
Não há
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Arroio
Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
16. OBSERVAÇÕES
NÃO HÁ
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Arroio
Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
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CÓDIGO DA FICHA
Arroio
Grande,
Aceguá,
INRC - INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS Região
Pelotas,
de
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO RS Hulha 2013 F60 3
Bagé/RS
Negra,
OFÍCIOS E MODOS DE FAZER e entorno
Herval,
Bagé e
Piratini
UF SÍTIO-. LOC ANO FICHA NO.
1. LOCALIZAÇÃO
SÍTIO INVENTARIADO
Região de Bagé/RS e entorno (Pampa Sul-Rio-
Grandense - Antigos Caminhos das Tropas)
Prática de esquila etnografada em Aceguá (Minuano) e Herval (Boa Vista),
LOCALIDADES
com ocorrência em todo o sítio inventariado.
Bagé, RS
MUNICÍPIO / UF
Herval, RS
2. BEM CULTURAL
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
3. EXECUTANTE
OBS.: PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O (A) ENTREVISTADO(A) VER ANEXO 4: CONTATOS.
X
NOME Edson Rodrigues MASCULINO 42
FEMININO
Empreiteiro e esquilador da comparsa que realizava DATA DE
a esquila na Estância Minuano; 66 anos,
OCUPAÇÃO NASCIMENTO /
Proprietário da máquina de esquila, sócio do 1946
Mantiaca FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO
X MASCULINO 43
NOME Paulo Perez Siqueira
FEMININO
Atador/levantador de velo, pagador da comparsa
(realiza o controle do número de ovelhas esquiladas DATA DE
OCUPAÇÃO por esquilador) que realizava a esquila na Estância NASCIMENTO / 1970
Minuano;
FUNDAÇÃO
Peão campeiro, trabalhador rural.
MESTRE PRODUTOR PÚBLICOX
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X MASCULINO 44
NOME Nélio Pereira
FEMININO
4. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
6. Tempo
6.1. PERIODICIDADE O tempo de tosquia, a “safra”, é de outubro a dezembro, findo o rigor do inverno.
As ovelhas são esquiladas todos os anos, nesse período.
A tosa dos cordeiros, animais jovens de até um ano de idade, ocorre, geralmente em fevereiro,
em razão da época do nascimento e do crescimento da lã.
6.2. O CORRÊNCIA EFETIVA – As lidas com ovinos remete a introdução dos rebanhos trazidos pelos colonizadores
europeus na América.
7. BIOGRAFIAS
Edson Rodrigues. Exerceu a lida por 29 anos, há 15 não tosava mais: E, agora, faltou esquilador, os outros não
puderam vir. Aí eu tive que pegar aqui. Parou de esquilar em razão de problemas de saúde – meu mal é a cintura.
Antigamente também lidava com doma e carreiras, conforme ele as carreiras - corridas de cavalo - não acontecem
mais. Aprendeu a esquilar com 12 anos: Eu aprendi com os mais velhos, eu era guri (...) me entusiasmei e fui pegando,
foi seguindo o bolero e fui pegando. Trabalhava como esquilador na região. Tem filhos.
Paulo Perez Siqueira.Nasceu em 1970, na cidade de Aceguá. Mora na cidade, na localidade do Minuano.
Atador/levantador de velo, pagador da comparsa que realizava a esquila na Estância Minuano.Peão campeiro,
trabalhador rural. Paulo é neto de esquilador; é irmão do Marcos Peres (Neco).
Nélio Pereira. Natural de Aceguá, localidade da Colônia Nova. Cozinheiro e embolsador da comparsa que realizava a
esquila na Estância Minuano. Trabalhador rural.
Zé Mário. Trabalhador rural na Estância Boa Vista , no município de Herval / RS.
Minga Blanco. Proprietário da Estância Minuano. Executa as atividades da lida campeira, participa em festas de rodeio
como ginete e é conhecido na região como mantenedor das “tradições” relacionadas ao conhecimento das lidas
campeiras que envolvem o Rio Grande do Sul e suas fronteiras com Uruguai e Argentina. Durante os períodos de folga
de seus trabalhos principais, executa artesanato em couro e desempenha todo o processo, desde a extração do couro
do animal (coureada), passando pela raspagem do pelo, estaqueamento do couro, retirada dos tentos e finalizando com
o trançamento dos mesmos. Além da produção de cordas, faz artefatos variados em couro animal.
Eliezer Sousa. Poeta, técnico em administração rural na Universidade da Região da Campanha em Bagé/RS. Reside
na cidade de Bagé e possui propriedade rural em Mei’água - Hulha Negra.
Eron Vaz Mattos. Eron trabalhou na lida campeira enquanto morou na pequena propriedade rural da família, na
localidade de Olhos D’Água - Bagé. Aprendeu o trabalho do campo com o pai. Músico, poeta e pesquisador.
Funcionário público aposentado. Proprietário de pequena propriedade rural.
SANTA CÉLIA PEREIRA DA SILVA. Antes de aprender a fiar e tecer lã de ovinos, dona Célia foi aramadora, trabalhava com
o pai consertando alambrados. Aprendeu a fiar e tecer com uma tia, que trabalhava com dois irmãos espanhóis, os
Ourique, em Bagé. Dos 14 filhos, apenas dois trabalham com lã. Ela e os filhos participam da cooperativa de artesanato
em lã da comunidade de Tamanduá. "Diz-se da Comunidade Quilombola de Tamanduá. Próximo a essa comunidade há
a colônia de alemães.Dona Célia diz que no tempo de seus avós negro não casava com branco: 'os brancos pegavam
os negros para escravos. E negro é gente muito orgulhosa! Não gostavam de misturar. Deus o livre!'. Conta que sua
avó tinha as costas marcadas por mordidas de cachorro, que esta foi criada por uma família branca, e depois casou-se
com seu avô.Segundo ela,o reconhecimento da comunidade como quilombola ajudou na organização dos moradores.
Há uma cooperativa que trabalha com artesanato em lã. Antes de aprender a fiar, trabalhava como aramadora junto
com o pai.
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8. ATIVIDADE
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
A esquila é descrita como uma atividade “dura”, como toda a lida campeira exige esforço físico em razão do manejo repetitivo da
tesoura, pelas horas em que o peão permanece com o corpo curvado e pela necessidade do uso da força para levantar/trabalhar o
animal . Nesse sentido, os peões usam uma faixa na cintura para proteger as “cadeiras” (região do quadril) e uma tira de pano atada
no pulso - da mão que maneja a tesoura - para “não se abrir”. Outro cuidado, conforme Vaz Mattos (2003), é aguardar para tomar
banho, pois a cera da ovelha é quente e a água do banho sendo fria pode ocasionar um “pasmo”. Outro esquilador não trabalha se
não estiver com a “tavinha de sorro” na cintura, protegendo as “cadeiras”. A “tavinha de sorro” é um osso de graxaim/ sorro
(Pseudalopex gymnocercus) que se crê proteger as “cadeiras” na lida.
Destaca-se também a sociabilidade pelo trabalho ser executado em grupo, na comparsa, em que se descreve o
contar causos, conversas sobre peleias, carreiras, gineteadas, tropas, bailes, caçadas, assombrações, conversas que
se intensificam após o termino do trabalho, no ambiente do galpão. (MATTOS, 2003).
ESQUILADOR
(TELMO DE LIMA FREITAS)
Quando é tempo de tosquia já clareia o dia com outro sabor;
As tesouras cortam em um só compasso enrijecendo o braço do esquilador;
Um descascarreia, o outro já maneia e vai levantando para o tosador;
Avental de estopa, faixa na cintura e um gole de pura pra espantar o calor.
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DESCASCANDO OVEIA
(MANO LIMA)
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
COPLAS DE TOSADOR
(CESAR OLIVEIRA)
Tá chegando as esquilas!!!
Já sinto cheiro de cera e as comparsas de fronteira!!!
Já andam reculutando a indiada flor de tesoura!!!
Que grude de toda folha e couro, fique alumiando!!!
Já desaguachei a moura
Afiei bem as tesouras
Tô pronto pro que vier
Ferro com as folha benzida
E os braços pra ganhá a vida
No cabo desses talher
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
8.3. CRONOLOGIA
DATA DESCRIÇÃO
SÉC. XVII - Fundação dos Sete Povos das Missões.
1626
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do Sacramento à Laguna
1703
Séc. XVIII - Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa Farias” – ligava
1728 Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até Curitiba
Séc. XVIII - Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão, passando pelos
1730 Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu,
Campos Gerais de Curitiba, chegando em Sorocaba.
Séc. XVIII - Tratado de Madri.
1750
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX – 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio da
Patrulha e Porto Alegre.
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FAZER
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9. PRODUTOS PATRIMONIAIS
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
Embolsador Organiza os velos de lã nos fardos, faz a costura para o fechamento dos fardos. Nas pontas, é
colocado um punhado de lã de menor qualidade para formar as orelhas por onde se agarra o
fardo.
Pagador Pagar por ovelha esquilada, processo que consiste em colocar uma moeda por ovelha nas latas
coletoras de cada esquilador a fim de realizar a contagem, ao final do dia, do número de animais
esquilados. De acordo com esta contagem, ocorre o pagamento do serviço realizado pelo chefe
da comparsa a cada esquilador. Esta conta também é conferida pelo proprietário dos animais que
contrata a comparsa.
Obs: conforme o número de integrantes da comparsa e do tamanho do rebanho, um peão pode
acumular várias funções: atar os velos, jogá- lós para o embolsador, fazer a conferência das
ovelhas esquiladas; limpar a cancha e agarrar os animais na mangueira fora do galpão.
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
FUNÇÃO / Bebido enquanto a alimentação está sendo preparada, seja café da manhã, almoço ou janta. Tem,
também, a função de sociabilidade: em uma “roda de mate”, em geral no galpão, onde apões o
SIGNIFICADO trabalho, os peões se reúnem para conversar sobre a lida cotidiana ou contar causos.
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
A Pilcha é a vestimenta utilizada pelos homens campeiros. Compõe a pilcha: botas (calçado próprio
para andar a cavalo, feito de couro, que envolve o pé e a perna), bombacha (calças presas por
DESCRIÇÃO botões no tornozelo), lenço (feito de tecido e geralmente utilizado amarrado ao pescoço), alpargata,
chapéu (feito de couro ou feltro); é pilcha todo objeto de valor ou adorno que faz parte da montaria
do gaúcho.
QUEM PROVÊ Proprietário rural e peão campeiro
FUNÇÃO /
Vestimenta
SIGNIFICADO
DESCRIÇÃO Avental de esquilador
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
Durante a execução da lida não há. Sobre a Música do ofício do esquilador ver item: 9.2 Narrativas e Representações
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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RS Bagé/RS e Pelotas, Hulha 2013 F60 3
FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
PARTICIPAÇÃO NA RENDA
SIM X NÃO PRINCIPAL FONTE DE RENDA COMPLEMENTO X
FAMILIAR
A remuneração do trabalho segue tabela estabelecida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais, conforme informações
dos esquiladores da comparsa na Estância Minuano – Aceguá.
DENOMINAÇÃO CÓDIGO
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RS Bagé/RS e Pelotas, Hulha 2013 F60 3
FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
Não há
15. OBSERVAÇÕES
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Região de Aceguá,
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RS Bagé/RS e Pelotas, Hulha 2013 F60 3
FAZER
entorno Negra, Herval,
Bagé e Piratini
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CÓDIGO DA FICHA
Arroio
Grande,
Aceguá,
INRC - INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS Região de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO RS Bagé/RS e Hulha 2013 F60 4
entorno Negra,
OFÍCIOS E MODOS DE FAZER
Herval,
Bagé e
Piratini
UF SÍTIO-. LOC ANO FICHA NO.
1. LOCALIZAÇÃO
SÍTIO INVENTARIADO
Região de Bagé/RS e entorno (Pampa Sul-Rio-
Grandense, Antigos caminhos das tropas)
Prática da doma etnografada nas localidades abaixo, embora tenha ocorrência
LOCALIDADE em todo o sítio inventariado:
Bagé (Sede), Aceguá (Vila da Lata), Pelotas (Estrada da Barbuda).
MUNICÍPIO / UF Bagé/RS, Aceguá/RS e Pelotas/RS.
2. BEM CULTURAL
3. EXECUTANTE
OBS.: PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O (A) ENTREVISTADO(A) VER ANEXO 4: CONTATOS.
X
NOME Pedro Móglia MASCULINO 1
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Ginete NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
X
NOME Nelson Garibaldi MASCULINO 5
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Domador NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X
NOME Minga Blanco MASCULINO 19
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Produtor rural, Domador e Ginete NASCIMENTO / 1962
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
X
NOME Marcos Peres MASCULINO 20
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Peão NASCIMENTO / 1972
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X
NOME Juan Carlos Rodriguez MASCULINO 25
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Ginete/Domador NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X
NOME Roberto Larrosa MASCULINO 32
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Domador e Guasqueiro NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Arroio
Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
X
NOME Antônio Vilson Martins MASCULINO 33
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Domador e Guasqueiro NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X
NOME Claudio Fernandes MASCULINO 34
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Treinador de Cavalos Crioulos NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
X
NOME Paulo Sérgio Borges Fontoura MASCULINO 38
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Domador e administrador de sua Hospedaria NASCIMENTO / 19/03/1974
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Arroio
Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
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entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
X
NOME Eliezer Dias de Souza MASCULINO 7
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Poeta e professor universitário NASCIMENTO / 20.11.1950
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR EXECUTANTE
X OUTRO – PROPRIETÁRIO DE UM SITIO DE VERANEIO POSSUINDO ALGUNS CAVALOS.
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4. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
Imagem 01 – Condução do cavalo para Imagem 02 – quebrando o queixo Imagem 03 – Primeiro galope
o local que será realizada a prática da
doma.
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O oficio de domador tem como principal intuito preparar o cavalo para que este aceite a montaria. As diferentes formas
de domar são operacionalizadas conforme o temperamento do cavalo e a finalidade para a qual será montado. Dentre
outras finalidades, os equinos podem ser domados para a lida no campo, para gineteadas, corridas de carreiras, para
provas de equitação gaúcha (como as do Freio de Ouro), mas a técnica usada vai depender da aprendizagem e
preferência do domador.
Os domadores classificam os tipos de doma segundo as graduações de força bruta utilizada para a “sujeição” do
cavalo, que é tida como inversamente proporcional à racionalidade empregada para tal fim. Assim, há a doma chamada
de tradicional, que é baseada no uso da força e de técnicas de reforço para submeter o animal. No sentido contrário,
existem aquelas domas conhecidas como racionais (“doma índia”, “bachiana”, entre outras), que se valem de técnicas
de adestramento, de observação e mimese do comportamento animal, sem o uso da força e sem machucar o bicho.
No entanto, essas oposições se tornam menos cristalizadas quando, por exemplo, na doma tradicional o domador
considera o temperamento do animal. Segundo alguns adeptos deste tipo de técnica, a violência empregada pelo
domador é recíproca à violência com que o cavalo reage às tentativas de dominação por parte dos homens. Ou seja,
tanto a doma classificada como tradicional quanto aquela tida como racional, são saberes e práticas construídos e
desenvolvidos a partir da observação da intencionalidade e agência de homens e animais.
Geralmente, quem doma costuma saber produzir os utensílios utilizados neste ofício, como maneias, rédeas, buçais,
relhos, laços, cuja matéria-prima principal é o couro cru (mais resistente que o curtido). Para isso, é preciso ter
conhecimentos, mais ou menos aprimorados, na feitura do artesanato em couro, no qual os especialistas são
chamados de guasqueiros.
Aliado aos saberes a respeito da doma está o trabalho do ferrador. O ferrador é responsável pela colocação das
ferraduras ideais para que cada cavalo mantenha o aprumo desejado no andar, ou necessárias para a correção de
defeitos nos cascos do animal, que possam prejudicar seu desempenho tanto na lida quanto nos esportes e provas. No
contexto da lida campeira, geralmente, as ferraduras são utilizadas quando o cavalo vai andar na cidade ou em chãos
muito duros. Não é uma regra, mas muitos ferradores são também ferreiros, produzindo as ferraduras artesanalmente.
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MANGUEIRA DE PEDRA
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
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(local onde se mantém os materiais de uso cotidiano, além de ser o lugar de convivência dos peões), pela casa do
capataz ou caseiro (quem administra a estância), pelos currais (mangueiras, brete, banheiro para gado – locais de
manuseio dos animais), e pelos potreiros, piquetes ou invernadas (campos divididos por cercas destinados à criação e
engorde do gado). Pequenas propriedades são capazes de contar com essa mesma configuração, porém, devido ao seu
tamanho podem não ser consideradas como estâncias.
7. Tempo
7.1. PERIODICIDADE O ofício da doma é praticado geralmente nas épocas da primavera, verão e outono.
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X X X X X X X X X X X X
8. BIOGRAFIA
Pedro Móglia – Reside em Bagé/RS. Estudou equitação e hipismo em Porto Alegre até escolher começar a participar
das provas do Freio de Ouro. Hoje compete nas provas e gineteadas todos os anos, sendo ginete premiado em vários
concursos.
Nelson Garibaldi - Desde os 16 anos exerce a função de domador. Nunca foi vinculado a patrão e a uma única
propriedade. Hoje mora na cidade de Bagé no bairro Ivo Ferronato, entretanto, ainda é contratado para realizar a doma.
Minga Blanco – Reside em Aceguá/RS. Herdou a Estância Minuano de seu pai. Administra a propriedade e trabalha na
lida com o gado possuindo exemplares de gado chamado “crioulo”. Cria cavalos sendo domador e conhecido ginete.
Também é artesão, produzindo utensílios de trabalho, como laços, relhos, talas e o tradicional chapéu “Pança de burro”.
É membro e fundador do Movimento Tradicionalista de Aceguá.
Marcos Peres – Peão na Estância Santa Leontina (propriedade de moradores de Bagé, Carlos Mário Suñe) –
Aceguá/RS. Neco realiza toda a lida campeira, trabalhando com os rebanhos. Começou a trabalhar na Estância com 12
anos, de jardineiro.
Juan Carlos Rodriguez – Reside em Aceguá/RS. Participou de gineteadas em diversos lugares, como: Uruguai,
Argentina, São Paulo, México e até Estados Unidos. Descendente de índios Charrua.
Roberto Larrosa - Roberto vive na Vila da Lata, Aceguá/RS em um rancho de santa fé e barro. É solteiro, domador e
produtor de artefatos em couro (guasca) para o serviço da lida com o cavalo.
Antônio Vilson Martins – Reside em Bagé/RS e aprendeu a domar cavalos com o tio. Trabalhou com doma tradicional
e gentil no Parque do Gaúcho localizado na mesma cidade. Quando contatado estava desempregado e sem local para
trabalhar. É genro de Dirceu Silveira, esquilador e artesão em lã.
Claudio Fernandes - Claudio habita e trabalha em um Centro de Treinamento na cidade de Montevidéu – Uruguai. Há
10 anos ele realiza o treinamento dos cavalos crioulos do Centro de Treinamento onde reside como também dos
cavalos que pertencem a alguns integrantes do Núcleo de Criadores de Cavalos Crioulos da cidade de Bagé/RS, que
participam e concorrem nos concursos envolvendo o cavalo crioulo.
Paulo Sérgio Borges Fontoura - Tem uma hospedaria e um centro de treinamento e doma de cavalos na periferia de
Pelotas/RS.
Lucia Wachholz - Veterinária, tem uma hospedaria e um centro de treinamento e doma de cavalos na periferia de
Pelotas/RS.
Eliezer Dias de Souza - Poeta, técnico em administração rural na Universidade da Região da Campanha em Bagé/RS.
Reside na cidade de Bagé e possui propriedade rural em Mei’água - Hulha Negra.
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9. ATIVIDADE
1
REICHEL, Heloisa Jochims. Fronteiras no Espaço Platino. In: História Geral do Rio Grande do Sul: Colônia. Passo
Fundo: Méritos, 2006, p. 43 – 63.
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Essa forma de domar é vista como bruta, pois o cavalo é adestrado através da imposição, da força, da violência e foi
onde, de acordo com Minga Blanco, surgiram as ginetiadas. O cavalo, segundo Minga Blanco, possibilitou ao indígena
explorar o pampa, pois estando a pé não era possível. Nesse sentido, o indígena criou um modo próprio de domar,
onde através da paciência e calma, o animal é conquistado. De acordo com Jacques (2008) os indígenas enxergavam o
cavalo como continuação de seu ambiente. Essas duas formas de domar não se opõem, estando interligadas, e
conviveram e convivem juntas até os dias atuais.
A doma em primeiro momento era feita em campo aberto, onde os cavalos selvagens eram arrebanhados, caçados
através das boleadeiras e presos ao palanque onde eram trabalhados. Com o surgimento das estâncias passou-se a
usar a mangueira para prender os cavalos a serem domados. No interior desta, no que chamam de “praia da
mangueira”, eram laçados e levados ao palanque para serem “amanuciados” (amansados, aproximando a presença e
ao toque do humano) ou já eram maneados (presos por uma maneia nas patas), encilhados, embocalados, e tirados
para fora da mangueira para serem montados. Assim o domador percorria de estância em estância domando cavalos
sendo estes voltados para a lida na estância, para transporte, deslocamento das pessoas no campo e para a guerra.
Tinham-se os tropilheiros que levavam diversos cavalos de mesmo pêlo amadrinhados pela égua madrinha que era um
animal já domado, manso, experiente que usava uma sineta no pescoço sendo que o som desta fazia com que os
demais cavalos ficassem em volta dela, não se dispersando. Seu Nelson era um domador que andava assim e se
orgulha de dizer que sempre “foi livre”, nunca tendo patrão. Nas tropeadas também eram levados cavalos para serem
domados. Com as transformações da pecuária no pampa o oficio da doma se modificou. Howes Neto (2006) mostra
que a doma hoje raramente se faz nas estâncias. Com a especialização das técnicas a atividade se transferiu para
ambientes próximos dos centros urbanos sendo reelaborada e relacionando de forma diferente o homem e seu universo
de trabalho. Exemplo disso é a doma para competição em eventos (provas de freio-de-ouro, ginetiadas) que se fazem
nas hospedarias para cavalos ao redor dos centros urbanos e as “cabanhas” que são estabelecimentos especializados
na criação e desenvolvimento da genética de uma determinada raça ou linhagem.
Essas transformações no oficio da doma tem relação com o fato de, em 1931, os estancieiros criarem a ABCCC
(Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo) na busca de padronizar a raça do Cavalo Crioulo que abrange
animais descendentes dos cavalos da península ibérica que vieram para a América com os conquistadores europeus,
trazidos do velho mundo por serem considerados os mais resistentes. Em 1982 criou-se a prova do Freio de Ouro como
forma de incentivar a criação da raça sendo o primeiro vencedor o cavalo Itaí Tupambaé, da Cabanha Tupambaé
localizada em Dom Pedrito, montado pelo ginete Vilson Charlat de Souza. Em entrevista ao jornal Diário Popular de 26
de agosto de 2012, o então ex-ginete mostra que guarda o couro do cavalo que morreu dois anos após ter sido o
campeão. Vilson no dia da entrevista com 78 anos, diz que “muita gente achou loucura guardar o cavalo que já tinha
morrido, mas é uma lembrança muito grande, não só pra mim, mas para todo o pessoal do Cavalo Crioulo”. Nas provas
do Freio-de-Ouro é avaliada a “habilidade campeira do cavalo”. (Jornal Zero Hora de 29 de agosto de 2011).
Portanto, a doma é um oficio das lidas campeiras que se atualizou, difundiu-se para os ambientes urbanos. Em campo
diversos domadores foram encontrados assim como treinadores como Pedro Móglia, que preparam cavalos para se
apresentarem em eventos. Cabe salientar que estes animais quando são encaminhados para o treinamento, já estão
domados. Segundo os entrevistados domar é um oficio em que é preciso vocação, coragem e força sendo um trabalho
predominantemente masculino. Com o advento da doma racional as mulheres também passaram a dedicar-se a doma
como é o exemplo de Liliam, que doma seus próprios cavalos.
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O naturalista Charles Darwin, em sua viagem à América no século XIX, descreveu o ofício do domador em localidade
próxima a Mercedes, no Uruguai: “Uma noite um domidor veio com o propósito de domar alguns potros. Vou descrever
os passos preparatórios, pois acredito que eles não foram mencionados por outros viajantes. Uma manada de jovens
cavalos selvagens é levada para dentro do curral, ou uma grande área cercada de postes, e a porteira é fechada.
Vamos supor que um homem sozinho tenha que pegar e montar um cavalo que nunca sentiu rédea ou sela. Imagino
que, não fosse executado por um gaúcho, tal feito seria totalmente impraticável. O gaúcho escolhe um potro bem
crescido e, enquanto o animal corre ao redor do picadeiro, ele atira seu laço para pegar as patas dianteiras.
Instantaneamente o cavalo rola com um golpe pesado, e enquanto ele se debate no chão, o gaúcho, segurando firme o
laço, faz um círculo para pegar uma das patas traseiras perto do casco e então puxa para perto das patas fronteiras
dele. Nesse momento, ele aperta o laço, para que as três fiquem presas juntas. Então, sentado no pescoço do cavalo,
ele fixa uma forte rédea, sem bocado de freio no maxilar inferior. Consegue isso fazendo passar uma correia estreita
pelo orifício da extremidade das rédeas e dando várias voltas em torno da mandíbula e da língua do cavalo. As duas
patas dianteiras estão agora amarradas juntas firmemente com uma forte tira de couro, apertadas por um nó de correr.
O lazo, que prendia as três patas juntas, assim que afrouxado, permite que o cavalo se levante com dificuldade. O
gaúcho, agora segurando firme a rédea presa no maxilar inferior, leva o cavalo para fora do curral. Se um segundo
homem está presente (de outra forma o trabalho é muito maior), ele segura a cabeça do animal, enquanto o primeiro
lhe põe os arreios e a guarnição completa e amarra tudo junto. Durante essa operação, o cavalo, assustado e surpreso
por ser assim amarrado pela cintura, atira-se no chão várias vezes até que, cansado, recusa-se a se erguer.
Finalmente, quando o encilhamento está completo, o pobre animal mal consegue respirar de medo e está coberto de
suor e espuma branca. O homem agora se prepara para montar, apertando fortemente os estribos para que o cavaleiro
não perca seu equilíbrio. No momento em que ele lança sua perna sobre o lombo do animal, puxa o nó corrediço,
soltando as patas dianteiras da besta, que fica livre. Alguns domidores puxam o nó enquanto o animal ainda está
deitado no chão e, montados na sela, esperam que o animal se ponha em pé. O cavalo, transfigurado pelo terror, dá os
mais violentos saltos e então parte em disparada. Assim que o animal atinge a exaustão, o homem, com paciência, o
traz de volta ao curral, onde, esfumaçando de calor e quase morta, a pobre criatura é libertada. Esse processo é
tremendamente severo, mas após duas ou três vezes o cavalo está domado. Não é, contudo, senão algumas semanas
depois que o cavalo é montado com o bocado de ferro e anel sólido, pois ele deve aprender a associar a vontade do
cavaleiro com a sensação da rédea, uma vez que, antes disso, mesmo a mais poderosa brida não serviria para nada”.
(DARWIN, 2010. pp. 183-184)
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MÚSICAS:
ESPANTANDO BAGUAL
(MANO LIMA)
Temo domando
Temo aprendendo, temo ensinando.
Temo domando
Temo aprendendo, temo ensinando.
Temo domando
Temo aprendendo, temo ensinando.
DOMA GAÚCHA
(JOCA MARTINS)
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CADELA BAIA
(MANO LIMA)
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AMADRINHADOR
(LUIZ MARENCO)
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PREÇO DA DOMA
(LEONEL GOMEZ)
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9.3. CRONOLOGIA
DATA DESCRIÇÃO
SÉC. XVII - Fundação dos Sete Povos das Missões.
1626
Séc. XVII até Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
princípio do XIX
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do Sacramento à Laguna
1703
Séc. XVIII - Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa Farias” – ligava
1728 Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até Curitiba
Séc. XVIII - Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão, passando pelos
1730 Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos Curitibanos, rio Negro, rio Iguaçu,
Campos Gerais de Curitiba, chegando em Sorocaba.
Séc. XVIII - Tratado de Madri.
1750
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX – 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio da
Patrulha e Porto Alegre.
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Séc. XX Criação de associações e cooperativas de criadores de bovinos, equinos e ovinos, entre outros.
Séc. XX Instalação de centros de doma e treinamento de cavalos nos núcleos urbanos
Séc. XX Instauração de cursos para aprimoramento dos trabalhadores rurais em instituições privadas e
públicas municipais, estaduais e federais, como sindicatos rurais, associações de criadores,
EMBRAPA, etc.
1931 Criação da ABCCC (Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Crioulo).
1981 Criação da Prova de Freio de Ouro.
2002 O Cavalo Crioulo é adotado como spimbolo do estado do Rio Grande do Sul.
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Quebrar o queixo Após a preparação do animal (“amanunciação”) vem à etapa denominada “quebrar o queixo” onde
ou puxar o simboliza o principal momento de dominação deste pelos humanos. De acordo com as descrições
cavalo. de Lucia e Sérgio esta etapa ocorre da seguinte maneira: Dentro da mangueira leva-se o cavalo
para ser trabalhado. Neste local ele é derrubado e depois “maneado” (preso nas patas e mãos por
uma corda de couro ou náilon chamado “maneia”), para não se “debater”, ou seja, se agitar com
violência visando resistir à ação numa tentativa de se desprender. Feito isso, amarra-se e aperta o
bocal no queixo do cavalo. No bocal está anexado as rédeas na qual os agentes colocados atrás do
cavalo irão puxar o queixo na direção do peito dando alguns “tirões” e depois ficar puxando a corda
até este “patear” que significa dizer que esta demonstrando resistência. Puxa-se três vezes para
cada lado sendo que é o domador quem determina a quantidade e intensidade dos “tirões”. De
acordo com Sérgio, sabe-se que “está pronto” (os objetivos da ação foram conseguidos) quando o
animal “pateia”. Eliezer chama essa maneira descrita anteriormente de puxar de baixo onde em vez
de serem pessoas que puxam, utiliza-se outro cavalo. Também o entrevistado descreve como era a
maneira mais antiga onde os cavalos pegos na mangueira eram levados para fora desta já com as
encilhas e montado e após o domador fazia o cavalo sair para frente (o que se chama “espantar”),
corcoveando e correndo e em determinado momento “leva as duas mãos e dá aquele tirão e vai lá
pra trás [...] na anca do cavalo e puxa de cima, se chama "puxar de cima". O objetivo do ato de
“quebrar o queixo” ou “puxar o cavalo” é deixá-lo “sensível de boca” e assim nas próximas etapas
este já esteja atendendo aos comandos do domador. Se o cavalo fosse “duro de boca”, não se
sensibiliza-se, puxava-se de cima e de baixo. Os métodos assim, são determinados conforme o
temperamento do cavalo podendo ser “manso” ou rebelde, “velhaco”. Na doma racional não se
quebra o queixo, ensina-se o cavalo através do bridão.
1° Galope A terceira etapa consiste em montar no cavalo que, segundo Sérgio, é a etapa mais perigosa da
doma. Montar significa subir no animal, que esta com os arreios, e trabalhar ele para que se
acostume. Já na amanunciação são colocados os arreios no cavalo visando habituá-lo o que se
chama “tirar as coscas”. Ao ser montado o cavalo começa a corcovear. O domador tem de ficar em
cima mostrando-o que deve acostumar-se com esse fato. Nesse momento é acompanhado pelo
“amadrinhador” sendo quem acompanha montado num outro cavalo, auxiliando o domador. É no
cavalo do amadrinhador que está preso o animal a ser domado. Após esta etapa o cavalo segue
sendo trabalhado e treinado (nos primeiros ainda acompanhados do amadrinhador) todos os dias. A
intensidade do trabalho é determinada conforme o animal vai ficando “sujeito” e atendendo os
comandos do domador. O conjunto dessas primeiras etapas eram chamadas “primeira sova” onde
após esta os cavalos eram soltos no campo para descansar. A próxima etapa consiste em enfrenar.
Enfrenar O processo de adestramento do cavalo é continuo e demora alguns anos. Embora fique manso de
bocal e montaria em alguns dias, nas entrevistas viu-se que para o processo ficar completo demora
mais de um ano, como por exemplo, o cavalo para correr a prova do Freio-de-Ouro, que é a etapa
máxima da equitação gaúcha (Jacques, 2008), deverá no mínimo estar a três anos sendo
trabalhado. Pode considerar o momento de enfrenar o cavalo como a etapa final do processo de
adestramento. A submissão total do cavalo acontece quando este passa a atender o freio. Eliezer diz
que “a ciência da doma” esta no freio e o domador tem que saber o momento certo, de acordo com o
aprendizado do cavalo, para enfrenar. No inicio bota-se o freio sem montar no cavalo e o deixa
mangueira, “mascando o freio”, pode ser com a rédea ou sem a rédea, com as rédeas cruzadas por
cima, cruza as rédeas e ata por baixo na barriga do cavalo. Faz-se isso para ele ir “mascando o
freio”, pra ele conhecer o freio, “calejar” a boca. Depois anda-se com ele do lado com o freio, sujeita,
puxa, sempre com cuidado pra não machucá-lo, para não feri-lo, pois ele já esta sensível da boca.
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REDONDEL – tipo de mangueira redonda, com piso de chão batido ou areia, feita de madeira para
DESCRIÇÃO
trabalhar com o cavalo na doma e treinamentos.
QUEM PROVÊ O proprietário da hospedaria ou da estância.
FUNÇÃO Local para trabalhar com os cavalos.
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CINCHÃO (OU CINCHA) E BARRIGUEIRA - É uma tira de couro de um palmo e meio de largura
(aproximadamente), duplo (duas trias costuradas juntas), que contém duas argolas de metal em
suas extremidades mais compridas (mais ou menos 50 cm de comprimento). Nessas argolas, a
DESCRIÇÃO BARRIGUEIRA é presa. Este é um artefato confeccionado com várias tiras de barbantes grossos
(em torno de 8 ou 10 tiras), em cujas extremidades são colocadas argolas de metal, que servem
para unir este objeto ao cinchão. Enquanto o cinchão fica sobre o basto, a barrigueira passa por
baixo da barriga do cavalo. A união entre o cinchão e a barrigueira, ocorre através de LÁTEGOS.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO / O cinchão serve, junto com a barrigueira, para segurar os arreios anteriormente descritos, sobre o
SIGNIFICADO lombo do cavalo.
Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas. O couro pode ser
produzido na própria estância, porém as argolas de metal e o barbante são comprados com recursos
DISPONIBILIDADE
do entrevistado em lojas comerciais. As argolas podem ser compradas diretamente de ferreiros -
especialistas em trabalhar com metais.
LÁTEGOS - são tiras de couro de dois dedos de largura (couro cru) que podem ter até 2 metros de
DESCRIÇÃO
comprimento
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO / São enrolados nas argolas do cinchão e da barrigueira, concomitantemente, unindo esses dois
artefatos e mantendo o basto sobre o cavalo, evitando que os arreios fiquem soltos durante a
SIGNIFICADO montaria.
DISPONIBILIDADE Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas.
LOROS - são artefatos confeccionados, em geral, em couro. Os loros são feitos, comumente, de
duas tiras de couro, de dois dedos de largura, unidos por costuras em fios de couro (tentos) ou,
industrialmente, por fios de barbante reforçados. O loros têm aproximadamente um braço de
DESCRIÇÃO
comprimento, (as tiras de couro dos loros são de aproximadamente dois dedos de largura). São
unidos ao basto/sela/serigote através de látegos - em um local específico do basto (em argolas de
couro ou de metal que estão presos ao basto para passar os látegos).
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO /
Servem para prender os estribos ao basto/sela/serigote.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas.
ESTRIBOS - Os estribos têm formato variado, porém parece-se com argolas grandes, com a porção
inferior, onde o cavaleiro apoiará o pé, podendo ser de formato achatado ou arredondado. São feitas
de metal (ferro, inox) e são postos nas laterais do cavalo, para o cavaleiro calçar o pé e firmar-se
DESCRIÇÃO quando está montando o cavalo. São presos ao basto/sela/serigote por meio dos LOROS. Os
estribos ficam presos aos loros e esses, são presos ao basto/sela/serigote, através dos látegos.
Cada estribo fica de um lado do cavalo e seu comprimento de uso depende do comprimento das
pernas do cavaleiro
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PELEGOS – São feitos da pele inteiriça de ovinos, a parte “carnal” é a de contato com a carne do
ovino in vivo. A parte externa é a lã do ovino sem que este tenha sido tosado (tosa: retirada do
DESCRIÇÃO excesso de lã dos ovinos para venda desse material e para aliviar os animais do calor do verão). Os
pelegos são colocados sobre o basto/sela/serigote, com a parte externa (lã) voltada para cima. Pode
ser utilizado um ou mais pelegos sobrepostos.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO /
Minimiza o atrito das pernas do cavaleiro com o basto/sela/serigote. É para proteção do cavaleiro.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas.
BADANA – artefato de couro, praticamente bidimensional, É o artefato que fica sobre todos os outros
DESCRIÇÃO (com exceção da cincha e barrigueira) e nem sempre é utilizado (opcional). Tem o tamanho
aproximado dos pelegos, em geral, um pouco mais curto e estreito que esses.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO /
Serve para proteger as pernas do cavaleiro do contato direto com os pelegos.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Pode ser confeccionada na estância ou comprado em lojas especializadas.
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CABEÇADA e RÉDEAS – A cabeçada é um artefato em couro que envolve a cabeça do animal com
o objetivo de manter o FREIO na boca do cavalo. A cabeçada pode ser de couro liso, quase
bidimensional, de largura variável, ou trançada, com vários tentos (finas tiras de couro). As RÉDEAS
são presas nas “pernas” do freio. As rédeas são tiras de couro compridas (podem ser lisas,
DESCRIÇÃO
bidimensionais) ou trançadas, com as mais diversas tranças. As rédeas podem ter a espessura de
um pouco menos de um dedo (quando trançadas) até quase dois dedos de largura, em geral lisas,
de couro chato e cru (quase bidimensionais). Têm, em torno de 2 metros de comprimento, mas essa
medida pode ser variada.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
Através das rédeas o cavaleiro consegue comandar o cavalo, pois cada uma (são duas), fica de um
lado do pescoço do cavalo, em contato com essa parte do corpo do animal. Mas, principalmente, o
FUNÇÃO / comando ocorre porque o freio (que está na boca do animal) preso às rédeas através das “pernas”,
SIGNIFICADO pode ser ativado de acordo com o movimento que o cavaleiro faz com as rédeas. Através desse
conjunto, juntamente com o freio, o cavaleiro pode levar o animal para os lados e pode “sofrenar” o
cavalo (fazê-lo parar, puxando as rédeas para trás).
DISPONIBILIDADE Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas.
DESCRIÇÃO BOCAL: O bocal é uma guasca sovada, desquinada, que se ata ao queixo dos potros.
FREIO – embocadura de ferro, metal, madeira, borracha que se compõem de barra, parte que vai
dentro da boca, sem articulações. Compõem-se da barbela que é uma corrente presa as argolas do
DESCRIÇÃO freio que cruza por trás da queixada, e da cabeçada que é uma peça de couro, também presa as
argolas, que cinge a cabeça do cavalo passando por trás das orelhas e que segura o freio na boca
do cavalo.
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LAÇO. Corda trançada, feita de couro, nylon ou outros materiais, com uma argola de metal em uma
das extremidades. A outra extremidade passa por dentro da argola, formando um anel com acorda,
DESCRIÇÃO que é girada no ar, jogada sobre o animal, e esticada quando enlaçando este, até derrubá-lo. O laço
é um instrumento manual, que pode ser usado pelo homem montando cavalo, bem como, no chão,
quando em espaços cercados.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO /
Prender e conduzir o cavalo no trabalho da doma.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas.
BRIDÃO - embocadura de ferro, metal, madeira, borracha que se compõem de barra, parte que vai
DESCRIÇÃO dentro da boca, ligada por articulações. O bridão é seguro pela cabeçada que é uma peça de couro,
ligada através da argola, que cinge a cabeça do cavalo passando por trás das orelhas.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO / O bridão exerce uma pressão na boca do cavalo, que é menor do que a do freio, fazendo obedecer
SIGNIFICADO aos comandos do cavaleiro.
DISPONIBILIDADE São comprados de ferreiros especializados, ou em casas comerciais.
DESCRIÇÃO MANEIA - Peça constituída por dois pedaços de couro, ligados por uma argola.
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MANEADOR - Peça de couro inteiriço para amarrar o animal, “puxando”o queixo e acostumando o
DESCRIÇÃO
cavalo com o contato com os arreios.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO /
Prender o cavalo.
SIGNIFICADO
Pode ser confeccionado na estância ou comprado em lojas especializadas; também pode ser
DISPONIBILIDADE
adquirido diretamente dos artesãos (guasqueiros).
ESPORAS - Apesar de serem usadas nos pés do cavaleiro, é parte da monta, portanto é
apresentada juntamente com os arreios. É um artefato tridimensional e consiste de uma armação de
metal (em geral ferro) em forma de “U”. Na sua volta externa (volta do “U”), uma “roseta” se encontra
acoplada à armação, por meio de uma extenção (“papagaio” – de 3 a 4cm ou mais) do próprio metal.
A parte interna da volta do “U” fica encaixada no calcanhar da pessoa que usa a espora; Uma
corrente de metal ou o tento de couro faz um outro “U” que é acoplado por baixo do pé, firmando a
espora no taco (salto) da bota do campeiro. Tentos de couro são utilizados fazendo voltas pela frente
DESCRIÇÃO
do pé, passando pela extensão de metal onde se encontra a “roseta”, com o objetivo de evitar que a
espora se solte do pé. A “roseta” é um artefato de metal (em geral ferro ou latão) quase
bidimensional, circular, achatado, de 2cm de diâmetro ou mais, com pontas agudas em toda a sua
volta (pontas também variam de tamanho e de quantidade, de acordo com o tamanho da roseta). As
esporas são utilizadas nos calcanhares dos trabalhadores campeiros, entretanto são entendidas
como parte dos arreios e não do vestuário, pois atuam auxiliando no controle dos cavalos que estão
sendo montados pelos peões.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO /
Incitar o animal a alterar a andadura (“apressar, apurar o passo”).
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Adquirido em lojas especializadas ou direto com os ferreiros
BOLEADEIRA – Instrumento, hoje em desuso, que constituía-se de três pedras redondas retovadas
com couro e ligadas entre si por cordas trançadas chamadas “sogas” sendo duas pedras maiores
DESCRIÇÃO
ligadas por uma soga de um metro e meio de comprimento e a terceira pedra, menor, ligada através
de outra soga ao meio da que liga as duas pedras maiores, com metade do comprimento.
QUEM PROVÊ O domador.
FUNÇÃO /
Apreender os animais em campo aberto.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Aquirido diretamente dos artesãos (guasqueiros) ou confeccionados pelo próprio domador.
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FUNÇÃO / Bebido enquanto a alimentação está sendo preparada, seja café da manhã, almoço ou janta. Tem,
também, a função de sociabilidade: em uma “roda de mate” entre as mulheres ou os peões se
SIGNIFICADO reúnem para conversar sobre a lida cotidiana ou contar causos.
Não há.
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
A Pilcha é a vestimenta utilizada pelos homens campeiros. Compõe a pilcha: botas (calçado próprio
para andar a cavalo, feito de couro, que envolve o pé e a perna), bombacha (calças presas por
DESCRIÇÃO botões no tornozelo), lenço (feito de tecido e geralmente utilizado amarrado ao pescoço), alpargata,
chapéu (feito de couro ou feltro); é pilcha todo objeto de valor ou adorno que faz parte da montaria
do gaúcho.
QUEM PROVÊ Proprietário ou o domador.
FUNÇÃO / Vestimenta.
SIGNIFICADO
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10.9. DANÇAS
Não há.
DESCRIÇÃO
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
Durante a execução da lida não há; Ver item 9.2: Narrativas e representações.
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
Não há.
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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Não participam.
DENOMINAÇÃO CÓDIGO
Não há
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16. OBSERVAÇÕES
¹ GONÇALVES, Jussemar Weiis; FERREIRA, Letícia de Faria. O pampa , o cavalo, a pedra e o trabalho. Curitiba: IX Reunião de
Antropologia do Mercosul, 2011. (Artigo apresentado no GT 15: Antropologia do Trabalho e Memória dos Trabalhadores).
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Tabela de doma elaborada em reunião realizada com domadores no dia 28/01/1990, revisada em reunião
ocorrida em 25/10/1993 e atualizada conforme a vigência da convenção coletiva de trabalho 2012/2013 do sindicato
dos trabalhadores rurais de Bagé, Hulha Negra, Candiota, Aceguá e Pedras Altas, juntamente com o sindicato rural de
Bagé que passou a vigorar em 01/03/2012 até 28/02/2013:
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CÓDIGO DA FICHA
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INRC - INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS Região
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OFÍCIOS E MODOS DE FAZER e entorno
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UF SÍTIO-. LOC ANO FICHA NO.
1. LOCALIZAÇÃO
SÍTIO INVENTARIADO
Região de Bagé/RS e entorno (Pampa Sul-Rio-
Grandense - Antigos Caminhos das Tropas)
Prática do guasqueiro etnografada nas localidades abaixo, embora tenha
ocorrência em todo o sítio inventariado:
LOCALIDADE
Aceguá - Corredor Brasil-Uruguai, Minuano, Vila da Lata
Pelotas- Sede.
MUNICÍPIO / UF Aceguá/RS, Pelotas/RS
2. BEM CULTURAL
3. EXECUTANTE
OBS.: PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O (A) ENTREVISTADO(A) VER ANEXO 4: CONTATOS.
X MASCULINO
NOME Roberto Larrosa 32
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Guasqueiro e domador NASCIMENTO /
FUNDAÇÃO
X MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ X VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO
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e entorno
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X MASCULINO
NOME Abelardo Augusto da Silveira Meireles 47
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Guasqueiro NASCIMENTO / 59 anos
FUNDAÇÃO
X MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ X VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO
X MASCULINO
NOME Ginêz Costa 18
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Trabalhador rural aposentado e Guasqueiro NASCIMENTO / 1936 aprox.
FUNDAÇÃO
X MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ X VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO
X MASCULINO
NOME Minga Blanco 19
FEMININO
DATA DE
Proprietário rural da Estância Minuano – Aceguá/RS;
OCUPAÇÃO NASCIMENTO / 49 anos.
domador; ginete; conduz tropas; guasqueiro amador.
FUNDAÇÃO
X MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO GUASQUEIRO AMADOR
4. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
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O artesanato de uso campeiro tendo como base o couro cru é conhecido como trabalho em corda ou ofício do
guasqueiro, nome pelo qual é conhecido o artesão que se dedica a este tipo de atividades.
Variados artefatos de uso campeiro e de artesanato “decorativo” e de vestuário são produzidos a partir do trabalho em
couro. Destacam-se as “cordas” (rédeas, laços, cabrestos, etc.) feitas de couro bovino e “corredores” (revestimentos)
em geral feitos de couro eqüino. Outros couros animais também podem ser utilizados de acordo com a disponibilidade e
autorização dos órgãos competentes como: couro de cabra, couro de capincho (capivara), couro de veado, couro de
lagarto, entre outros (COELHO, 1978; MATTOS, 2003). A plasticidade de tais artefatos transcende a lida campeira,
compondo roupas, chaveiros, bainhas de faca, calçados, chapéus, carteiras, mateiras (bolsa para carregar mate e
acessórios) e souvenires em geral.
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RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
7. Tempo
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7.2. OCORRÊNCIA EFETIVA – O trabalho em couro para as lidas campeiras remete à introdução dos rebanhos trazidos
pelos colonizadores europeus na América.
8. BIOGRAFIA
Roberto Larrosa - Vive na Vila da Lata em um rancho de santa fé e barro. É solteiro; domador e produtor de artefatos
em couro (guasca) para o serviço da lida com o cavalo.
Abelardo Augusto da Silveira Meireles – Guasqueiro desde os 8 anos de idade. Aprendeu a lida com seu pai e avô.
Executa a atividade na cidade de Pelotas e atende clientes de toda a região. Faz artefatos para a lida campeira e
também artigos decorativos e para vestuário.
Ginês Costa – Era domador e aprendeu a atividade de guasqueiro em razão da necessidade do trabalho, uma vez que
as cordas tem tempo de uso reduzido devido ao grande manuseio nas lidas campeiras, desta forma é preciso que se
restaure constantemente esses artefatos. Após a aposentadoria se dedicou exclusivamente a atividade de guasqueiro
tendo em vista que não pôde mais montar a cavalo e assim executar a atividade de domador.
Minga Blanco – proprietário da Estância Minuano. Executa as atividades da lida campeira, participa em festas de rodeio
como ginete e é conhecido na região como mantenedor das “tradições” relacionadas ao conhecimento das lidas
campeiras que envolvem o Rio Grande do Sul e suas fronteiras com Uruguai e Argentina. Durante os períodos de folga
de seus trabalhos principais, executa artesanato em couro e desempenha todo o processo, desde a extração do couro
do animal (coureada), passando pela raspagem do pelo, estaqueamento do couro, retirada dos tentos e finalizando com
o trançamento dos mesmos. Além da produção de cordas, faz artefatos variados em couro animal.
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9. ATIVIDADE
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Os procedimentos pelos quais o couro cru passa praticamente não sofreram mudanças significativas desde seus
primórdios, assim como o ofício do guasqueiro.
Houve a tentativa, na segunda metade do século XX, principalmente na década de 1990, por parte dos guasqueiros, de
utilizarem o couro proveniente de curtumes ou couro “meio-curtume”, modo artesanal de curtir o couro, mas que deriva
da forma industrializada. O “meio-curtume” é adquirido já limpo de pelos, de coloração branca, sem tantas imperfeições
e de mais fácil manuseio (mais maleável), o que significa uma confecção mais rápida dos artefatos. Nessa época, o
ofício do guasqueiro popularizou-se e vários interessados passaram a aprender e profissionalizar-se, atraídos pela
facilidade da manipulação da matéria-prima. Entretanto, os artefatos produzidos com esse couro industrializado não são
resistentes e, para os trabalhadores campeiros, não eram ideais devido à sua baixa durabilidade e difícil restauração.
Os guasqueiros tornaram a usar o couro cru, apenas retirado do animal e estaqueado. Alguns artesãos nunca deixaram
de utilizar o couro cru para fabricação dos objetos. Cabe salientar que há uma indústria dedicada à fabricação massiva
de artefatos campeiros cuja matéria-prima é o couro, porém, os trabalhadores campeiros que lidam
diariamente com esses objetos, preferem-nos fabricados artesanalmente, com couro cru.
Apesar de o couro bovino ser o mais utilizado na maioria das confecções, o equino e o suíno são, também, bastante
trabalhados pelos guasqueiros. Com o fechamento dos grandes abatedouros de cavalos, esse tipo de couro é de difícil
obtenção atualmente.
Outros animais domésticos e selvagens também fornecem couros e peles usadas pelos artesãos.
Uma mudança significativa ocorrida foi no ambiente de trabalho do guasqueiro, pois, enquanto os trabalhadores
mantinham-se nas propriedades rurais os galpões eram os locais em que se exercia o ofício. Com a mobilidade desses
campeiros para a cidade, as oficinas são estabelecidas em casa e passam a configurar um elemento essencial na
sociabilidade desses peões; a casa dos guasqueiros profissionais ou amadores reportam aos galpões de estâncias,
com rodas de mate e contadores de causos.
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DÉCIMA DO TRANÇADOR
(RODRIGO BAUER,JOCA MARTINS E JOÃO MARCOS NEGRINHO MARTINS)
Aprendi a lidar com couro
Quando um franqueiro aluado
Pranchou cruzando um lajeado
E se quebrou num estouro...
Já nem se ergueu mais o touro
Quando eu apeei, me cuidando!
Olhando o pobre berrando,
Saquei a cabo de osso
E fiz sumir, no pescoço,
A folha inteira, alumiando!
Tirei-lhe o couro com jeito,
Fui descascando aos "poquitos";
Nada, sem ser despacito,
Se aproxima do perfeito...
Depois do serviço feito,
Ganha as estacas cravadas
Sessenta e quatro - estiradas
Num terreno decrescente,
Deixando a parte da frente
Para o lado da baixada!
Só depois de bem curtido
Com o mormaço lhe ardendo,
Foi que a coqueiro, lambendo,
Lhe recortou o tecido...
O seu pêlo enegrecido,
Com a pitoca, eu fui raspando,
Tento por tento, tirando
Pra rédeas, buçais e relhos,
Tento por tento, parelhos,
Um por um, os desquinando!
Aprendi a lidar com lonca
Quando um lobuno do meio
Me despejou de um arreio
E se atirou numa estronca...
Eu saí liso da bronca!
Mas o lobuno, coitado!
Além de ser retalhado,
Quebrou a mão e, lutando,
Se degolou, pataleando,
No velho arame farpado!
Aprendi a lidar com trança
Quando um baio, sem pretexto,
Arrebentou o cabresto
Sentando que nem criança!
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9.3. CRONOLOGIA – O OFÍCIO DO GUASQUEIRO SEGUE OS CICLOS ECONÔMICOS DO ATUAL ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
DATA DESCRIÇÃO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
princípio do XIX
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa Farias” –
ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão, passando pelos
Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos Curitibanos, rio Negro, rio
Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX – 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio da
Patrulha e Porto Alegre.
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10.PRODUTOS PATRIMONIAIS
Observação: as etapas elencadas abaixo referem-se ao trabalho completo de manuseio com o couro. Alguns
guasqueiros já recebem o couro tratado para a feitura do artesanato.
ETAPA ATIVIDADE
Coureada Se diz “courear” ao ato de despegar o couro do animal morto
Raspagem do Esta operação se chama lonqueamento. Lonca é o couro desprovido de pelos. Lonqueamento é feito
pelo com o couro “verde” ainda úmido.
Em alguns casos, o couro, depois do estaqueamento, é enviado com pelos, para o guasqueiro, que
os raspa em sua oficina.
Cabe salientar, ainda, que alguns artefatos podem ser produzidos em couro apresentados os pelos.
Estaqueamento É o ato de esticar o couro com estacas para secagem.
Macetear ou Ato de manusear o couro amolecendo-o para posterior confecção dos artefatos.
sovar o couro
(amolecer para
manipulação)
Obtenção das Retirada das porções do couro equino para obtenção de tentos finos para costura e detalhes nos
loncas (no couro artefatos..
equino)
Obtenção dos A retirada dos tentos é feita com faca e sua largura depende do trabalho a ser realizado pelo
tentos guasqueiro.
Desborde dos Chama-se “desquinar” o ato de cortar os cantos ou “costados” do tento. Isso é realizado a fim de que
tentos os tentos se ajustem uns aos outros no conjunto da trança.
Tranças É o conjunto de tentos entrelaçados. São feitas de vários tamanhos e comprimentos dependendo do
artefato a ser fabricado. Existem tranças com variadas quantidades de tentos e formas.
Artefatos em Além dos artefatos para a lida campeira, o guasqueiro produz peças para vestuário, tais como:
geral (vestuário e botas, chapéus, cintos, tirador. Outros objetos como chaveiros, bainhas de facas, carteiras, mateiras
peças e peças decorativas em geral também são fabricados.
decorativas)
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FUNÇÃO / Bebida sorvida pelo guasqueiro enquanto desempenha a atividade. A bebida é associada a todas as
lidas campeiras, pois está presente, se não no momento da atividade, antes ou após a execução da
SIGNIFICADO mesma.
Não há
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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10.9. DANÇAS
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
Durante a execução da lida não há. Sobre a Música do ofício do guasqueiro ver Item: 9.2 Narrativas e Representações
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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11.DESTINAÇÃO DO PRODUTO
PARTICIPAÇÃO NA RENDA
SIM X NÃO PRINCIPAL FONTE DE RENDA X COMPLEMENTO X
FAMILIAR
Não há
13.BENS ASSOCIADOS
DENOMINAÇÃO CÓDIGO
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15.DOCUMENTOS INVENTARIADOS
Não há
16.OBSERVAÇÕES
17.IDENTIFICAÇÃO DA FICHA
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CÓDIGO DA FICHA
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UF SÍTIO-. LOC ANO FICHA NO.
1. LOCALIZAÇÃO
2. BEM CULTURAL
3. EXECUTANTE
OBS.: PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O (A) ENTREVISTADO(A) VER ANEXO 4: CONTATOS.
X MASCULINO
NOME Ari Flores Pereira 58
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Alambrador NASCIMENTO / 13/03/1942
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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X MASCULINO
NOME Leomar Garbaldi 40
FEMININO
DATA DE
OCUPAÇÃO Peão Campeiro, Aramador NASCIMENTO / 1957
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
4. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
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7. Tempo
8. BIOGRAFIA
Ari Flores - Começou a praticar o ofício a partir dos sete anos de idade ajudando seu tio. Seu pai e tios eram
alambradores e foi com quem ele, e alguns de seus irmãos, com quem aprenderam. Trabalha numa estância e, de vez
em quando, é contratado para alambrar em outras propriedades. No trabalho é auxiliado por ajudantes.
Leomar – Foi alambrador durante grande parte de sua vida trabalhando em diversas estâncias. No dia da entrevista
trabalhava em sua pequena propriedade onde fazia todo o serviço.
9. ATIVIDADE
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Escoltando corredores
Também bordando invernadas
Primorosas estiradas
São marcas de um sofredor
Seu Firmino, alambrador
Nas dobras de encruzilhada
Ao empeçar a jornada
Aurora rubra incendeia
Se a pá de corte chispeia
Em pedras enterradas
Junto às feridas cavadas
No corpo da terra alheia
Ao empeçar a jornada
Aurora rubra incendeia
Se a pá de corte chispeia
Em pedras enterradas
Junto às feridas cavadas
No corpo da terra alheia
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ALAMBRADOR
(Valdo Nóbrega, Lucio Yanel)
Um socado de capricho
Pra que ninguém se desgoste
Por grosso que seja o poste,
Não lhe deixa sobrar terra.
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FAZENDO CERCA
(Binho Pires, Érlon Péricles)
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9.3. CRONOLOGIA – O OFÍCIO DO ARAMADOR SEGUE OS CICLOS ECONÔMICOS DO ATUAL ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
DATA DESCRIÇÃO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Séc. XVII até Caça ao gado selvagem no pampa para retirada do couro.
princípio do XIX
Início séc. XVIII Concessão de sesmarias; ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX – 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio da
Patrulha e Porto Alegre.
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Fazer os buracos Se faz dois buracos, um em cada ponto de uma linha reta, onde vão ficar os moirões, chamados
e demarcar a mestres, os quais vão segurar os fios do alambrado. Cava-se os buracos para os moirões com uma
linha do pá de corte retirando a terra do buraco com uma colher ou facenta. Estes tem que ter em média 50
alambrado cm de fundura. Após o buraco preparado coloca-se o moirão e coloca a terra socando-a com um
instrumento chamado socador.
Estender o fio Ata-se, utilizando a torquês, o primeiro fio (de cima para baixo) em um dos mestres e leva-se até o
outro. Após se espicha o fio com a máquina atando-o no outro moirão definindo assim, a linha do
alambrado. Em seguida colocam-se as tramas ou piques entre esses dois pontos. As tramas tem
uma ponta as quais vão ser cravadas no chão e a distancia entre elas é, em média, 2m.
Cavar os Com a linha do alambrado demarcada, cavam-se os buracos dos moirões que ficarão entre os
buracos e mestres. Com a linha do alambrado demarcada, cavam-se os buracos dos moirões que ficarão entre
colocar os os mestres. A distancia entre eles não pode ser maior do que 10m.
moirões
Estender os Esta etapa consiste em estender os demais fios passando-os por dentro das aberturas das tramas.
outros fios. Coloca-se um fio elétrico na frente da cerca, preso aos isoladores pregados nos moirões, para que
os animais não “forcem” o alambrado afrouxando os fios.
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Fio de arame – fio de aço, com ou sem farpas, vendido em rolos de mil duzentos e cinqüenta
DESCRIÇÃO
metros.
QUEM PROVÊ O proprietário
FUNÇÃO /
Constitui a cerca, impedindo que os animais bovinos, eqüinos e ovinos saiam da propiedade.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE O proprietário obtém através da compra em comércios.
Trama ou pique – instrumento de madeira com altura entre 1,5m e 2 m de altura com menos de
DESCRIÇÃO 10cm de diâmetro. Possui um corte na parte de cima e cinco furos onde por dentro vai passar o fio
do alambrado.
QUEM PROVÊ O proprietário
FUNÇÃO /
Segurar os fios e afirmar o alambrado.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Obtém através da compra ou pode ter uma mata de arvores especificado para esse fim.
Pá de corte ou cavadeira – Instrumento constituído com cabo de madeira em que numa das
DESCRIÇÃO
extremidades fica anexado uma peça metálica de formato retangular.
QUEM PROVÊ O alambrador.
FUNÇÃO /
Cavar a terra no solo.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Obtém através da compra em comércios.
Colher ou facenta - Instrumento constituído de dois cabos de madeira em que numa das
extremidades de cada um fica anexado uma peça metálica de formato de colher. Estas são ligadas
DESCRIÇÃO uma a outra por um eixo, que permite usá-las fazendo movimentos como o de um fórceps. As duas
colheres são cravas no solo, arrancando leivas de terra, e deixando buracos onde são enterrados
moirões ou piques.
QUEM PROVÊ O alambrador.
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Socador - Instrumento constituído com cabo de madeira em que numa das extremidades fica
DESCRIÇÃO
anexado uma peça metálica de formato (?).
QUEM PROVÊ O alambrador.
FUNÇÃO / Socar a terra apertando o moirão no buraco.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Obtém através da compra em comércios.
Alicate ou torquês – instrumento de aço com mandíbulas com gumes. Alguns possuem borrachas
DESCRIÇÃO
isolantes no cabo.
QUEM PROVÊ O alambrador.
FUNÇÃO / Cortar ou também manejar o fio de arame. Para cortar ou manejar fios elétricos utiliza-se os
SIGNIFICADO instrumentos que possuem revestimento de borrachas no cabo.
DISPONIBILIDADE Obtém através da compra em comércios.
Chave de arame – instrumento de ferro dobrado numa das pontas sendo que nessa dobra passa o
DESCRIÇÃO
fio para serem dobrados.
QUEM PROVÊ O alambrador.
FUNÇÃO / Emendar o arame ou dar os arremates.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Obtém através da compra em comércios.
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FUNÇÃO / Bebido enquanto a alimentação está sendo preparada, seja café da manhã, almoço ou janta. Tem,
também, a função de sociabilidade: em uma “roda de mate” entre as mulheres ou os peões se
SIGNIFICADO reúnem para conversar sobre a lida cotidiana ou contar causos.
Não Há.
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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Pilchas – Compõe-se de botas (calçado próprio para andar a cavalo, feito de couro, que envolve o
DESCRIÇÃO pé e a perna), bombacha (calças presas por botões no tornozelo), lenço (feito de tecido e
geralmente utilizado amarrado ao pescoço), alpargata, chapéu (feito de couro ou feltro).
QUEM PROVÊ O alambrador e os seus ajudantes.
FUNÇÃO / A pilcha é a vestimenta utilizada pelos homens campeiros. No entanto, na entrevista o almbrador
SIGNIFICADO usava pilchas enquanto os ajudantes não estavam usando pilchas, mas bermudas e camisetas.
10.10. DANÇAS
Não Há.
DESCRIÇÃO
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
Durante a execução da lida não há; Ver item 9.2: Narrativas e representações.
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
Não Há.
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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PARTICIPAÇÃO NA RENDA
SIM X NÃO PRINCIPAL FONTE DE RENDA X COMPLEMENTO
FAMILIAR
Não participam.
DENOMINAÇÃO CÓDIGO
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Herval,
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Não há
16. OBSERVAÇÕES
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CÓDIGO DA FICHA
Arroio
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Aceguá,
INRC - INVENTÁRIO NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS Região de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO RS Bagé/RS e Hulha 2013 F60 7
entorno Negra,
OFÍCIOS E MODOS DE FAZER
Herval,
Bagé e
Piratini
UF SÍTIO -. LOC ANO FICHA NO.
1. LOCALIZAÇÃO
SÍTIO INVENTARIADO
Região de Bagé/RS e entorno (Pampa Sul-Rio-
Grandense, Antigos Caminhos das tropas)
Prática da Tropeada informada a partir de entrevista na localidade abaixo,
LOCALIDADE embora tenha ocorrência em todo o sítio inventariado.
Piratini (Quinto Distrito)
MUNICÍPIO / UF Piratini / RS
2. BEM CULTURAL
3. EXECUTANTE
OBS.: PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O (A) ENTREVISTADO(A) VER ANEXO 4: CONTATOS.
X MASCULINO
NOME Valdemar Góes 46
FEMININO
DATA DE
1925
OCUPAÇÃO Seu Valdemar NASCIMENTO /
(86 anos)
FUNDAÇÃO
MESTRE PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
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Arroio
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Aceguá,
Região de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO: OFÍCIOS E MODOS DE FAZER RS Bagé/RS e Hulha 2013 F60 7
entorno Negra,
Herval,
Bagé e
Piratini
X MASCULINO
NOME Minga Blanco 19
FEMININO
DATA DE
1962
OCUPAÇÃO Proprietário rural, domador e ginete NASCIMENTO /
(49 anos)
FUNDAÇÃO
X MESTRE X PRODUTOR PÚBLICO
RELAÇÃO COM O BEM APRENDIZ X VENDEDOR X EXECUTANTE
OUTRO ________________________________________________________
4. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS.
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Arroio
Grande,
Aceguá,
Região de Pelotas,
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO: OFÍCIOS E MODOS DE FAZER RS Bagé/RS e Hulha 2013 F60 7
entorno Negra,
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Bagé e
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Imagem 03 – Carreta de bois usada para desfiles temáticos. Estância Minuano – Aceguá
FONTE: Acervo INRC.
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As tropeadas são a forma de conduzir os rebanhos entre propriedades em uma mesma região ou entre diferentes
localidades. Os animais são levados dos criatórios nas propriedades rurais para outras propriedades ou para
abatedouros. As tropeadas são formadas pelos rebanhos (bovino, equino, ovino, muar, etc.), pelos tropeiros, que são os
peões campeiros responsáveis pela condução dos animais pelos caminhos, e, algumas vezes podem contar com a
presença de cães pastores para ajudar na atividade de guiar os animais da tropa.
Por vezes, até o início do século XX, as tropeadas acompanhavam ou eram acompanhadas de carretas puxadas por
parelhas de bois, que transportavam víveres para vender nas propriedades rurais por onde passavam. A quantidade de
bois que compunham a força de tração da carreta dependia do tamanho da mesma. Essas carretas eram as principais
fontes de fornecimento de produtos para consumo e tinham papel importante na comunicação entre as localidades.
No tropeirismo atual o transporte dos rebanhos é realizado em pequenas distâncias e em curtos espaços de tempo.
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RANCHO
Os ranchos são moradias construídas com torrão de barro ou pau-a-pique. A madeira, o capim santa-fé e a taquara
(tipo de bambu) eram cortados na lua minguante e as leivas (ou torrões) retiradas da beira das várzeas. Construída a
armação de taquara ou madeira de mato, projetadas as portas e janelas (sem vidros) as paredes eram preenchidas
com os torrões de barro e, normalmente, apresentava uma espessura aproximada de 50 cm. A armação do telhado,
chamada tesoura, sustentava as quinchas – camadas superpostas de capim santa-fé para a cobertura que, muitas
vezes são dissimuladas pela técnica de aparar as pontas do capim (LESSA, 1986; VAZ MATTOS, 2003). O chão é de
terra batida e podem haver uma ou duas divisões em seu interior, com couros ou cortinas de tecidos desempenhando a
função de portas. Em média, a moradia é construída com 6 metros de frente por 4 metros de fundos e seu pé direito
não ultrapassa os 2 metros de altura (LESSA, 1986). Os ranchos foram as primeiras moradias das estâncias; ainda que
os proprietários fossem abastados, até fins do século XVIII e início do XIX, não havia, em larga escala, matéria-prima e
mão-de-obra para a construção de casas de tijolos e telhas, portanto predominavam as habitações de pau-a-pique,
barro e santa-fé na paisagem pampeana (ISABELLE, 1983; LESSA, 1986; LUCCAS, 1997; SAINT-HILAIRE, 1978).
MANGUEIRA DE PEDRAS
As mangueiras, currais ou encerras são grandes construções circulares de paredes altas confeccionadas com pedras
ou, onde era escasso esse material, com paus-a-pique, árvores ou, ainda, eram feitas com valas no chão. Não há
comprovação da origem histórica dessas edificações, porém sabe-se que eram utilizadas pelos tropeiros (homens que
levam o gado de um local a outro) para o descanso e a guarda dos animais. Dessa forma, os tropeiros poderiam
repousar sem a necessidade de “fazer ronda” (vigiar os animais). Acredita-se que as mangueiras não eram usadas para
prender o gado com fins de manuseio como curar, medicar, contar e marcar. Esses serviços eram, em geral, feitos nos
rodeios, atividade que consiste em juntar os animais no campo, somente com o auxílio do cavalo, sem o uso de cercas
ou similares. O formato circular da mangueira propõe-se a evitar arestas ou cantos que poderiam levar o animal a se
“embretar”, ficando sem saída e atirando-se contra as paredes (JACQUES, 2008). A entrada da mangueira é chamada
de porteira. Nela eram colocadas duas “tronqueiras”, que são objetos verticais de pedra ou madeira postos um em
frente ao outro com perfurações em que eram encaixadas e dispostas varas (madeiras retas) atravessando a porteira
evitando a fuga dos animais. Essas construções são bastante encontradas nas rotas ou Caminhos das Tropas que iam
em direção às antigas charqueadas e, posteriormente, aos matadouros e frigoríficos.
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CHARQUEADA
As charqueadas, no Rio Grande do Sul Meridional, eram indústrias onde ocorria o abate do gado e a produção de
charque (carne salgada) e de outros derivados bovinos. Em Pelotas, as propriedades que constituem o Sítio
Charqueador Pelotense (GUTIERREZ, 2010), estavam dispostos em faixas de terras subdivididas em potreiros, hortas,
pomares, olarias e o terreno ribeirinho. A casa, os varais e os galpões de produção de carne salgada, dos sebos e dos
couros ficavam junto aos arroios e canais que serviam para despejar os dejetos, escoar a produção e importar sal e
escravos (GUTIERREZ, 2010). Havia propriedades que dispunham apenas das indústrias e outras que contavam,
também, com a criação do gado (GUTIERREZ, 2001; ROSA, 2012).
As charqueadas como estabelecimentos industriais, surgiram na região da atual cidade de em Pelotas a partir de 1780
e no século XIX tornaram-se o principal fomentador econômico da região. O produto primordial dessas indústrias era o
charque bovino, utilizado, à época, principalmente para alimentação de escravos. Além do charque, outros derivados
bovinos eram extraídos como sebos, graxas e couros, destinados ao consumo local e à exportação (GUTIERREZ,
2001; ROSA, 2011, 2012). Dezenas de estabelecimentos funcionaram às margens dos arroios que banham o município
de Pelotas (ROSA, 2011, 2012) e utilizavam mão-de-obra escravizada (africanos e descendentes de africanos) até a
década de 1880, quando ocorreu a abolição da escravidão no Brasil. Pelotas foi, dessa forma, o cerne da produção
saladeril oitocentista.
Posterior ao surgimento das charqueadas pelotenses, essa indústria inicia, no interior do Rio Grande do Sul, em fins do
século XIX e início do século XX, em um período de relevância econômica das regiões de fronteira brasileira com o
Uruguai e a Argentina, principalmente devido à livre navegação dos rios e ao envolvimento político e comercial dos três
países, consequências do fim das guerras por independência (SOARES, 2006). Essa abertura entre Brasil, Uruguai e
Argentina impulsionou o município de Bagé a intensificar a produção de gado e a estabelecer charqueadas nessa
região. Bagé firma-se, então, como o polo saladeril gaúcho da época (SOARES, 2006). Diferentemente das
charqueadas pelotenses do período escravagista, em Bagé essa indústria operava com mão-de-obra assalariada,
trabalho em série, utilização de máquinas no processo de fabricação do charque e maior utilização de sub-produtos
derivados da carne bovina (SOARES, 2006). A forma de operação desse sistema está muito mais próxima a dos
abatedouros e frigoríficos atuais. O fim das charqueadas ocorre na década de 1950, quando passam a ser adaptadas
para que a carne salgada seja substituída pela carne frigorificada (LEITE, 2011).
7. Tempo
7.1. PERIODICIDADE Principalmente no início do inverno. Isto ocorre porque no inverno o animal emagrece muito,
pois sofre bastante com o rigor do clima. Assim, os criadores vendem os animais gordos do
rebanho para não perder o capital empregado no período de engorda (prévio ao inverno).
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7.2. OCORRÊNCIA EFETIVA - O Trabalho da tropeada remete à introdução dos rebanhos trazidos pelos colonizadores
europeus para a América.
8. BIOGRAFIA
Valdemar Góes - Aposentado e pequeno produtor juntamente com sua esposa, Dona Islair, a qual herdou a pequena
propriedade de seu pai. Começou a atividade com dezoito anos, acompanhando o sogro que tropeava gado da região
de Piratini para os abatedouros de Pelotas e região. Além da atividade de tropeiro, atuou plantando em pequenos
espaços, além de fazer todo o tipo de lida campeira.
Minga Blanco: Proprietário rural, trabalha com criação de gado bovino (pecuária extensiva) e equino. A propriedade
rural na qual trabalha é herança de família, seus pais moravam nessa estância. Possui ovinos para consumo. Além
disso, faz tropeadas em curtas distâncias com seu gado. É domador e guasqueiro.
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9. ATIVIDADE
Os primeiros caminhos conhecidos para a passagem das tropas são registrados antes mesmo da chegada oficial dos
luso-brasileiros ao Rio Grande do Sul. Em 1703, o “Caminho da Praia” ligava a Colônia do Sacramento (atualmente
território uruguaio) a Laguna - SC; em 1728, o “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa Farias” seguia de
Araranguá - SC passava pelos Campos de Cima da Serra e chegava à atual Curitiba - PR; o “Caminho das Tropas”,
estabelecido em 1730, originava-se em Viamão-RS, passava pelos Campos das Vacarias, no norte do atual Rio Grande
do Sul, atravessava o rio Pelotas (antigo rio do Inferno), chegava aos Campos de Lages e aos Campos Curitibanos,
cruzava o rio Negro e o rio Iguaçu, até os Campos Gerais de Curitiba até chegar à feira de Sorocaba-SP (SILVA, 2010).
Com o passar dos anos, diversos outros caminhos foram abertos para a passagem das tropas de rebanhos.
Os caminhos das tropas contavam com mangueiras, geralmente de pedras, para a paragem dos rebanhos,
principalmente à noite. Dessa forma, os tropeiros poderiam descansar, não necessitando rondar o gado durante o
período de descanso (MATTOS, 2003).
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Segundo Mattos (2003), devido à ferocidade do gado selvagem, os tropeiros precisavam encerrar os rebanhos nas
mangueiras de pedra, presentes em quase todo o trajeto das tropas e providenciar um enorme fogo na porteira,
evitando a fuga, o rompimento da encerra da porteira e o avanço dos animais sobre os homens e cavalos.
Até a década de 1970, há uma intensa movimentação de rebanhos na região pampa sul-rio-grandense. Porém, com a
introdução mais efetiva do transporte por caminhões, a maioria dos proprietários de gado bovino, equino e ovino
passaram a utilizar essa via; há um desgaste menor dos animais em comparação às tropas tocadas a cavalo.
“As tropas tinham por objetivo conduzir os gados para as invernadas dos seus
compradores onde permaneciam até engordar e, depois de gordos, eram levados para o
abate nas charqueadas ou, ainda, as chamadas tropas de mudança, troca ou transferência
de gados de um estabelecimento para o outro geralmente do mesmo proprietário e isso
ainda acontece atualmente por entrega de campo arrendado, por venda de uma
propriedade ou por manejo.” (MATTOS, 2003).
As tropeadas, anteriormente o único meio de transportar animais por terra, ao longo do século XX perdem a
exclusividade em seu objetivo: com a chegada dos caminhões boiadeiros, os rebanhos são transferidos de um local ao
outro de maneira mais rápida e com menores danos aos animais, configurando um maior retorno econômico para os
proprietários e operando de forma mais segura.
As tropas sulinas não contam mais com grandes rebanhos, nem as distâncias percorridas exigem que os peões
permaneçam muitos dias na estrada, mas ainda as tropeadas conservam suas raízes, cumprindo o trabalho de
transportar gados pelos caminhos entre diferentes estabelecimentos e localidades.
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DE TEMPO E TROPA
(Guilherme Colares e Zulmar Benites)
A gadaria contesta
Berro após berro a tristeza
Ruminando as incertezas
De cambear rumo e querência
Longínquas reminiscências
De tantas tropas de outrora
Que rumbearam mundo afora
Ensimesmada de ausências
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9.3. CRONOLOGIA - AS TROPEADAS SEGUEM OS CICLOS ECONÔMICOS DO ATUAL ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
DATA DESCRIÇÃO
SÉC. XVII - 1626 Fundação dos Sete Povos das Missões.
Início séc. XVIII Concessão de sesmaria ocupação do Rio Grande do Sul
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do Sacramento à Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa Farias” –
ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão, passando pelos
Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos Curitibanos, rio Negro, rio
Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em Sorocaba.
Séc. XVIII - 1750 Tratado de Madri.
Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XIX - 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo Antônio da
Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XVIII e XIX Instalação das estâncias e de charqueadas em Pelotas e Bagé.
Séc. XIX Introdução do arame para cercamento das propriedades.
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LAÇO - Corda trançada, feita de couro, nylon ou outros materiais, com uma argola de metal em uma
das extremidades. A outra extremidade passa por dentro da argola, formando um anel com acorda,
DESCRIÇÃO
que é girada no ar, jogada sobre o animal. O laço é um instrumento manual, que pode ser usado
pelo homem montando cavalo, bem como, no chão, quando em espaços cercados.
DISPONIBILIDADE Pode ser adquirido em casas especializadas com recursos próprios, ou herdado.
DESCRIÇÃO FERRADURAS – ferros utilizados sob os cascos das montarias para evitar as machucaduras.
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FUNÇÃO / Bebido enquanto a alimentação está sendo preparada, seja café da manhã, almoço ou janta. Tem,
também, a função de sociabilidade: em uma “roda de mate” os peões se reúnem para conversar
SIGNIFICADO sobre a lida cotidiana ou contar causos.
QUEM PROVÊ O tropeiro provê levando de casa ou comprando ou em comércios durante a trajetória.
FUNÇÃO / Bebida alcoólica que é ingerida enquanto a alimentação está sendo preparada, seja esta café da
manhã, almoço ou janta. Pode ser ingerida juntamente com o mate, intercalando essas duas
SIGNIFICADO bebidas.
DESCRIÇÃO CAFÉ
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
PONCHE – mesmo que poncho. É o agasalho tradicional do gaúcho. Consiste em uma capa de
pano ou lã, com forma redonda, retangular ou ovalada, tendo uma abertura no centro por onde
DESCRIÇÃO passa a cabeça. Assim, o tronco da pessoa que o está vestindo fica protegido (frente e costas).
O tropeiro
QUEM PROVÊ
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A Pilcha é a vestimenta utilizada pelos homens campeiros. Compõe a pilcha: botas (calçado próprio
para andar a cavalo, feito de couro, que envolve o pé e a perna), bombacha (calças presas por
QUEM PROVÊ botões no tornozelo), lenço (feito de tecido e geralmente utilizado amarrado ao pescoço), alpargata,
chapéu (feito de couro ou feltro). Além de fazer parte da indumentária campeira, também é pilcha
todo objeto de valor ou adorno que faz parte da montaria do gaúcho.
FUNÇÃO / O tropeiro. Em alguns casos, o tropeiro é peão de alguma propriedade rural, podendo receber os
SIGNIFICADO trajes do proprietário das terras.
10.9. DANÇAS
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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PARTICIPAÇÃO NA RENDA
SIM X NÃO PRINCIPAL FONTE DE RENDA X COMPLEMENTO X
FAMILIAR
Não há
DENOMINAÇÃO CÓDIGO
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Não há
16. OBSERVAÇÕES
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OFÍCIO DO FERREIRO - O oficio de ferreiro caracteriza-se pelo trabalho na confecção de ferros. No processo, o ferro é
aquecido numa fornalha ou forja e logo após é moldado com um martelo na bigorna. Após estar confeccionado o
artefato da marca, do sinal, ou da ferradura é mergulhado em água fria ou óleo para ganhar as qualidades desejadas.
OFÍCIO DO CANTAREIRO – Artesão que trabalha com pedras na construção ou restauro de mangueiras, cercas,
casas, galpões erguidos com essa matéria-prima. O trabalho do cantareiro inicia com a busca das pedras no leito de
arroios e sangas e em pedreiras escondidas nas coxilhas dos campos¹. Para essa busca é necessário todo um saber,
da extração das pedras em sua jazida, da forma de transporte utilizando alavancas e o próprio corpo, do trabalho nas
rochas. Além da exigência das técnicas, é preciso força física para lidar com as pedras. É um ofício herdado de pai para
filho e é raro atualmente; nas localidades inventariadas há informação sobre esse ofício ainda vigente em Herval e,
também, na localidade de Capão do Leão, emancipado do município de Pelotas em 1982.
¹ GONÇALVES, Jussemar Weiis; FERREIRA, Letícia de Faria. O pampa , o cavalo, a pedra e o trabalho. Curitiba: IX Reunião de
Antropologia do Mercosul, 2011. (Artigo apresentado no GT 15: Antropologia do Trabalho e Memória dos Trabalhadores).
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CÓDIGO DA FICHA
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ARROIO
LOCALIZAÇÃO
SÍTIO INVENTARIADO
Região de Bagé/RS e entorno (Pampa Sul-Rio-
Grandense, Antigos Caminhos das Tropas)
Em todas as localidades inventariadas obtivemos relatos de festas de marcação, mas o
LOCALIDADE trabalho de campo etnográfico foi feito em Arroio Grande (Localidade da Palma).
1. BEM CULTURAL
DENOMINAÇÃO Marcação
2. FOTOS
OBS.: PARA LISTA COMPLETA DAS FOTOS INVENTARIADAS, CONSULTAR O ANEXO 2: REGISTROS AUDIOVISUAIS .
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entorno HULHA
NEGRA/RS,
PELOTAS/RS,
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FOTO 1. Terneiro lançado, prestes a ser imobilizado, marcado, capado e assinalado. Arroio Grande, RS
Foto 4. Testículo dos terneiros castrados assando nas brasas que aquecem o ferro de marcar. Arroio Grande, RS.
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entorno HULHA
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5. TEMPO
6. HISTÓRIA
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PIRATINI/RS
6.3. CRONOLOGIA
DATA DESCRIÇÃO
Séc. XVIII - 1703 Primeiro caminho de tropas oficial: “Caminho da Praia” – ligava Colônia do Sacramento à
Laguna
Séc. XVIII - 1728 Segundo caminho de tropas oficial: “Caminho dos Conventos” ou “Caminho de Sousa Farias”
– ligava Araranguá, passando pelos Caminhos de Cima da Serra até Curitiba
Séc. XVIII - 1730 Terceiro caminho de tropas oficial: “Caminho das Tropas – origem em Viamão, passando pelos
Campos das Vacarias, pelo rio Pelotas, Campos de Lages, Campos Curitibanos, rio Negro, rio
Iguaçu, Campos Gerais de Curitiba, chegando em Sorocaba.
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Séc. XVIII Consumo dos produtos da pecuária em razão do ciclo minerador nas Gerais.
Séc. XVIII – 1809 Primeira divisão administrativa da Província de São Pedro: Rio Pardo, Rio Grande, Santo
Antônio da Patrulha e Porto Alegre.
Séc. XX Instauração de cursos para aprimoramento dos trabalhadores rurais em instituições privadas e
públicas municipais, estaduais e federais, como sindicatos rurais, associações de criadores,
EMBRAPA, etc.
7. ATIVIDADE
7.1. PROGRAMAÇÃO
ETAPA ATIVIDADE
Preparação Carneada e preparação da festa
(dia anterior)
Serviço (manhã) Marcar, “capar” e assinalar os terneiros na mangueira
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STATUS FUNÇÃO
PEALADOR Laçar o animal pelas “mãos” (patas dianteiras) para derrubá-lo e imobilizá-lo.
CASTRADOR Castrar (esterilizar para reprodução) o terneiro, extraindo, através de corte no saco escrotal, os
testículos.
MARCADOR Marcar com ferro em brasa o “quarto” (parte superior externa do membro posterior) do terneiro. A
marca é aplicada sempre no quarto esquerdo e a queimadura, após cicatrizada, permanece no
couro, identificando a origem do animal. A marca de cada propriedade é exclusiva e registrada na
Secretaria da Agricultura nas Prefeituras.
ASSINALADOR Assinalar a orelha do terneiro. O sinal não é exclusivo de cada propriedade, mas, juntando-se a
marca no quarto com o sinal, é possível identificar a quem o animal pertence. Isso é feito porque o
terneiro pode passar por vários proprietários. Em geral, ainda que isso não seja uma regra, a marca
a ferro é aplicada apenas pelo primeiro proprietário, enquanto as orelhas do animal podem
apresentar mais de um sinal. O sinal também pode diferenciar os donos do gado quando o
estabelecimento pertence a mais de um proprietário.
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FUNÇÃO / É utilizada tradicionalmente com o intuito exclusivo de castrar os animais durante as marcações. Seu
uso exclusivo e cuidado especial, tinha como objetivo evitar a ocorrência de infecções nos animais.
SIGNIFICADO O fato de ser pequena evita acidentes, quando o animal esperneia.
DESCRIÇÃO Bordizo (em espanhol). Alicate de metal sem fio, com cerca de 70 cm de comprimento.
DESCRIÇÃO Assinalador.
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FUNÇÃO /
Assinalar a orelha do terneiro, como forma de auxiliar em sua identificação.
SIGNIFICADO
DISPONIBILIDADE Em lojas de artigos agropecuários.
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
A Pilcha é a vestimenta utilizada pelos homens campeiros. Compõe a pilcha: botas (calçado próprio
para andar a cavalo, feito de couro, que envolve o pé e a perna), bombacha (calças presas por
DESCRIÇÃO botões no tornozelo), lenço (feito de tecido e geralmente utilizado amarrado ao pescoço), alpargata,
chapéu (feito de couro ou feltro);. é pilcha todo objeto de valor ou adorno que faz parte da montaria
do gaúcho
QUEM PROVÊ Proprietário rural e peão campeiro
FUNÇÃO /
Vestimenta
SIGNIFICADO
TIRADOR - Tipo de "avental" de couro, usado sobre a perna do pealador ou laçador, preso na
cintura. Em geral, o tirador fica sobre a perna que corresponde ao braço que o pealador usa para
DESCRIÇÃO
trabalhar com o laço: se o pealador é destro, o tirador fica sobre a perna direita, se é canhoto, sobre
a perna esquerda, porém isso nem sempre é regra.
FUNÇÃO / Proteger a perna do laçador contra o atrito do laço no exato momento seguinte em que o animal foi pego. Com
o laço nas mãos ou guampas da rês, é preciso que se "firme" o laço, e isso é feito calçandoo na parte superior
SIGNIFICADO na perna do laçador.
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7.8. DANÇAS
NÃO HÁ
DESCRIÇÃO
QUEM EXECUTA
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
Não há
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
7.10.INSTRUMENTOS MUSICAIS
Não há
DESCRIÇÃO
QUEM PROVÊ
FUNÇÃO /
SIGNIFICADO
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e/ou proprietários que não ocorram enfermidades decorrentes do procedimento; medicamentos podem ser aplicados,
feridas curadas. Para esse cuidado, normalmente os animais são deixados para pastoreio em
potreiros próximos às casas.
8. PÚBLICO
DESCRIÇÃO
Comparecem amigos, familiares e vizinhos da propriedade rural, trabalhadores e patrões. Em alguns casos, mulheres
participam, geralmente acolhendo as famílias convidadas e administrando a festa.
9. BENS ASSOCIADOS:
DENOMINAÇÃO CÓDIGO
Não há
Não há
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11.3.REGISTROS FOTOGRÁFICOS
Consultar Anexos: Audiovisuais ( F1-A2-42 a 50)
12. OBSERVAÇÕES
TOMBAMENTO
12.3.OUTRAS OBSERVAÇÕES
Não há
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