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João Pessoa – PB
Agosto de 2017
Universidade Federal da Paraı́ba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
Programa de Pós–Graduação em Matemática
Mestrado em Matemática
sob a orientação da
João Pessoa – PB
Agosto de 2017
Catalogação na Publicação
Seção de Catalogação e Classificação
Agradeço a Deus por essa vitória alcançada, sem Ele nada seria possı́vel realizar.
Aos meus pais José Izidoro e Benı́cia Marques, que sempre rogam a Deus a minha
proteção e sucesso.
À Karla Linhares que sempre está presente em todos momentos da minha vida e
que demonstrou nessa trajetória de curso todo seu apoio, compreensão e amor.
À professora Miriam Silva, pela orientação, incentivo e paciência, me auxiliando em
toda a estrutura desse trabalho.
Aos amigos, Matheus Vinı́cius, Anderson Dias e Suzana Alves por terem me incen-
tivado a realizar a seleção desse mestrado, pela motivação durante todo curso e pela
expectativa da conclusão, no desejo de se alegrarem com a minha vitória.
Aos meus amigos da turma do PROFMAT 2015, pelo respeito e união, comparti-
lhando conhecimentos no desejo que todos chegassem ao fim deste curso, em especial
aos amigos Manoel Wallace e Mailson Alves que me ajudaram grandemente nesta con-
quista.
Aos meus amigos de Pernambuco da cidade do Cabo de Santo Agostinho, em es-
pecial Célio Leonardo e Lázaro Maxuel, que demonstraram sempre uma amizade ver-
dadeira e me apoiaram em tantos momentos da minha vida, inclusive no ingresso ao
PROFMAT.
Aos professores do PROFMAT-UFPB, por terem transmitido seus conhecimentos
com dedicação, contribuindo no desenvolvimento de cada aluno na área de Matemática.
À CAPES pelo incentivo financeiro.
À Sociedade Brasileira de Matemática por todo acompanhamento pedagógico, vi-
sando uma formação mais sólida dos professores de matemática desse paı́s.
Enfim à todos que estiveram ao meu lado durante todo esse perı́odo de estudos,
com motivações e orações.
Resumo
In this work, we present two important concepts: Taylor Polynomial and Taylor
Series. We discuss how the Taylor Polynomial can be used to approximate the value
of Analytic functions in the neighborhood of a given point, and estimate the precision
of the approximation obtained. Subsequently, we study the possibility of locally re-
presenting functions through a power system, called the Taylor Serie. We conclude by
presenting some applications of the results obtained.
Introdução 2
1 Conceitos Fundamentais 4
1.1 Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3 Limites Infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.4 Funções Contı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.5 Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.6 Séries de Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2 Fórmula de Taylor 43
2.1 Polinômio de Taylor de Ordem 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2 Polinômio de Taylor de Ordem 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.3 Polinômio de Taylor de Ordem 3 e 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.4 Polinômio de Taylor de Ordem n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
2.5 Série de Taylor e Maclaurin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Referências Bibliográficas 89
1
Introdução
2
Teoremas como o de Rolle e de Cauchy.
O Capı́tulo 2 é dedicado ao Polinômio de Taylor, demonstrando casos mais sim-
ples como o Polinômio de ordem 1 e generalizamos a expressão de sua fórmula para
todo natural. Vale ressaltar que em toda estrutura deste capı́tulo e dos demais, apre-
sentamos alguns exemplos para melhor entendimento da teoria de Taylor, mostrando
a visualização gráfica dos resultados, toda construı́da com auxı́lio do recurso compu-
tacional Geogebra Match. Finalizamos o capı́tulo desenvolvendo a série de Taylor e
entendendo sua diferença com o Polinômio. Nesta parte, observamos que determinadas
funções podem ser representadas pela série de Taylor e algumas delas válidas para todo
número real.
No Capı́tulo 3, mostramos a aplicação o Polinômio e Série de Taylor para obter
alguns resultados clássicos. Destacamos uma fórmula para obter uma aproximação
para o valor de π e estimativas de áreas, aplicação de fundamental importância prin-
cipalmente para obtermos o valor de integrais definidas de algumas funções, que pelas
técnicas de integração conhecidas no cálculo não podem ser resolvidas.
3
Capı́tulo 1
Conceitos Fundamentais
Apresentamos neste capı́tulo uma breve noção de Função juntamente com alguns
tipos e representações gráficas e conceitos fundamentais do Cálculo Diferencial e In-
tegral. Dentre essas definições do cálculo abordamos a noção intuitiva de limites, sua
definição formal e regras de operações. Apresentamos o conceitos de derivada, regras
operatórias e demonstrações da derivação de algumas funções, como as trigonométricas.
Importantes teoremas do cálculo serão demonstrados, como o do confronto, o de Rolle
e o Teorema de Cauchy. Concluı́mos o capı́tulo com a definição e exemplificação de
Série de Potências, conceito de extrema importância para o entendimento das Séries
de Taylor estudadas no capı́tulo 2.
Vale ressaltar que não abordamos o estudo de Séries, pois apenas utilizamos critérios
de convergência para verificação em séries de potências. Esses detalhes podem ser
analisados em [6] p. 12 e [11] p. 539. Utilizamos também em alguns momentos técnicas
de integração, ao integrarmos uma série de potências termo a termo e na aplicação de
estimativas de áreas no capı́tulo 3. Tais técnicas podem ser observadas em [2] p. 337.
Esse capı́tulo é fundamental para o entendimento de demonstrações posteriores.
1.1 Funções
Nesta seção vamos analisar a definição de função, alguns tipos e suas representações
gráficas. Para maiores detalhes ver [2] p. 26, [10] p. 56. e [7] p. 11.
Podemos definir uma função f , como uma relação entre dois conjuntos A e B, onde
para todo valor de x do conjunto A existe um único y que pertence a B. O conjunto
A será chamado de domı́nio, o B de contradomı́nio e cada elemento único b ∈ B,
associado a um elemento a ∈ A, será chamado de imagem de f quando x = a ou
ainda o valor que f assume em a. Em geral uma função assim definida é indicada por
f : A → B (f de A em B). Em particular uma função de uma variável real a valores
4
1. Conceitos Fundamentais
Definição 1.1. Uma função será crescente em um intervalo I se f (x1 ) < f (x2 ) sempre
que x1 < x2 em I. E será decrescente se f (x1 ) > f (x2 ) sempre que x1 < x2 em I.
Na figura 1.1 percebemos que no intervalo [a, b] e [0, c] a função é crescente, já no
intervalo [b, 0] a função é decrescente.
a. f : R → R dada por f (x) = ax+b é uma função polinomial do primeiro grau com
a e b número reais e an 6= 0. Também conhecida como função
afim,
seu gráfico
−b
é uma reta que intercepta o eixo das abscissas no ponto , 0 e o eixo das
a
ordenadas no ponto (0, b). Se o valor de a conhecido como coeficiente angular,
pois o mesmo é a tangente do ângulo formado pela reta e o eixo das abscissas, for
positivo a função será crescente e caso seja negativo a função será decrescente,
Figuras 1.2 e 1.3.
5
1. Conceitos Fundamentais
6
1. Conceitos Fundamentais
7
1. Conceitos Fundamentais
Função Logarı́tmica. Para tais funções devemos saber que pela definição de loga-
ritmo, temos que se a, b ∈ R, 0 < a 6= 1 e b > 0,
loga b = y ⇐⇒ ay = b.
8
1. Conceitos Fundamentais
9
1. Conceitos Fundamentais
Podemos perceber que as funções seno e cosseno são periódicas de perı́odo 2π, pois
sen(x) = sen(x + 2π) e cos(x) = cos(x + 2π) e a imagem dessas funções é o intervalo
[−1, 1], ou seja, |sen(x)| ≤ 1 e |cos(x)| ≤ 1.
π
Função Tangente A função h : {x ∈ R/x 6= + kπ, k ∈ Z} → R definida por
2
h(x) = tg(x), que associa cada valor de x em radianos ao número tg(x), é chamada de
função Tangente. Seu gráfico pode ser visualizado na Figura 1.17.
10
1. Conceitos Fundamentais
1.2 Limites
Vamos considerar uma placa metálica quadrada que se dilata uniformemente quando
aquecida. Denotamos por x o comprimento de cada lado dessa placa, temos que sua
área é dada por A = x2 .
Suponhamos que 3cm < x < 4cm e que ao ser aquecida suas medidas lineares se
aproximam de 4cm. Assim, cada vez que x se aproxima de 4cm a área tende a 16cm2 ,
Figura 1.18.
Agora vamos considerar que 4cm < x < 5cm e a placa sofra uma contração térmica
11
1. Conceitos Fundamentais
de maneria que suas medidas lineares novamente se aproximam de 4cm. Dessa maneira,
a área estará novamente se aproximando de 16cm2 , Figura 1.19.
lim x2 = 16.
x→4
x 0, 5 0, 75 0, 9 0, 99
f (x) 2 2, 5 2, 8 2, 98
12
1. Conceitos Fundamentais
x 1, 5 1, 25 1, 1 1, 01
f (x) 4 3, 5 3, 2 3, 02
2x2 − x − 1
Por esses resultados somos levados a supor que lim = 3.
x→1 x−1
De fato, o domı́nio dessa função abrange todos os reais exceto o 1 que anula o
denominador. Porém, isto não é relevante para o cálculo do limite, pois estamos in-
teressados em observar o valor de f para pontos numa vizinhança de 1. Então, para
x 6= 1
2x2 − x − 1 (2x + 1)(x − 1)
f (x) = = = 2x + 1.
x−1 x−1
Logo, para x 6= 1, o comportamento da função f é semelhante ao comportamento da
função 2x + 1 (Figura 1.20). Neste caso, intuitivamente, podemos dizer que quando x
se aproxima de 1 os valores de f (x) se aproximam de 3.
2x2 − x − 1
Figura 1.20: Comportamento da função f (x) = para x próximo de 1
x−1
Com base nas ideias expressadas nos exemplos anteriores, apresentamos a seguir a
definição de limite e visualizamos graficamente na Figura 1.21.
13
1. Conceitos Fundamentais
Em outras palavras lim f (x) = L, se e só se ∀ > 0 existe δ > 0 tal que se x
x→a
está no intervalo aberto (a − δ, a + δ) e x 6= a, temos que f (x) pertence ao intervalo
(L − , L + ).
Exemplo 1.1. Vamos usar a definição de limite para mostrar que lim (−2x + 7) = 3 e
x→2
visualizar este resultado na Figura 1.22. De fato, dado > 0, desejamos encontrar um
número δ > 0 tal que se
0 < |x − 2| < δ ⇒ |x − 2| < .
2
Isso sugere escolher δ = . Portanto, dado > 0, escolhemos δ = temos que se
2 2
0 < |x − 2| < δ então,
|(−2x + 7) − 3| = | − 2x + 4| = |(−2)(x − 2)| = |(−2)||x − 2| = 2|x − 2| < 2δ = 2. =
2
Assim,
0 < |x − 2| < δ ⇒ |(−2x + 7) − 3| < .
14
1. Conceitos Fundamentais
Figura 1.22: Gráfico da função f (x) = −2x + 7 para visualização do lim (−2x + 7) = 3
x→2
Teorema 1.1. Seja f uma função definida num intervalo aberto I com a ∈ I. Se
lim f (x) = L1 e lim f (x) = L2 então L1 = L2 . (Unicidade do Limite).
x→a x→a
Demonstração.
De fato, suponhamos que lim f (x) = L1 e lim f (x) = L2 com L1 6= L2 . Pela de-
x→a x→a
finição, se lim f (x) = L1 , temos que dado > 0 existe δ1 > 0 tal que:
x→a
Da mesma maneira, se lim f (x) = L2 , então dado > 0 existe δ2 > 0 tal que
x→a
1
|L1 − L2 | < 2 = 2 · |L1 − L2 | = |L1 − L2 |
2
15
1. Conceitos Fundamentais
Teorema 1.2. Seja K uma constante qualquer. Suponhamos que lim f (x) = L e
x→a
lim g(x) = M . Então,
x→a
3. lim K = K
x→a
4. lim [f (x)g(x)] = LM ;
x→a
Vamos demonstrar apenas o item 1, para as demais demonstrações veja [2] p.98.
Demonstração.
Se lim f (x) = L então dado > 0 existe δ1 > 0, tal que
x→a
1
0 < |x − a| < δ1 ⇒ |f (x) − L| < .
2
Da mesma maneira se lim g(x) = M , então dado > 0 existe δ2 > 0, tal que
x→a
1
0 < |x − a| < δ2 ⇒ |g(x) − M | < .
2
Se δ = min{δ1 , δ2 }, então
1
0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x) − L| <
2
e
1
0 < |x − a| < δ ⇒ |g(x) − M | <
2
Pela desigualdade triangular que |f (x) − L + g(x) − M | ≤ |f (x) − L| + |g(x) − M |.
Portanto,
1 1
|f (x) + g(x) − (L + M )| ≤ |f (x) − L| + |g(x) − M | < +
2 2
1 1
|[f (x) + g(x)] − (L + M )| < + =
2 2
Assim,
0 < |x − a| < δ ⇒ |[f (x) + g(x)] − (L + M )| <
16
1. Conceitos Fundamentais
√ √
x− 3
Exemplo 1.2. Vamos calcular lim 2 . Não podemos usar a regra 5 do Teo-
x→3 x − 2x − 3
rema 1.2, pois lim x2 − 2x − 3 = 0, mas multiplicando o numerador e denominador por
√ √ x→3
x + 3, obtemos
√ √
x− 3 (x − 3)
lim 2 = lim √ √
x→3 x − 2x − 3 x→3 (x − 3)(x + 1)( x + 3)
Aplicando agora a regra 5 do Teorema 1.2, concluı́mos que
1 1
lim √ √ = √
x→3 (x + 1)( x + 3) 8 3
Teorema 1.3. (Teorema do Confronto.) Sejam f , g e h funções definidas num
intervalo real aberto contendo x0 , exceto possivelmente em x0 , tal que f (x) ≤ g(x) ≤
h(x), temos que se
lim f (x) = L = lim h(x)
x→x0 x→x0
então,
lim g(x) = L.
x→x0
Demonstração.
Como lim f (x) = L, temos que dado > 0 existe δ1 > 0 tal que
x→x0
Da mesma maneira, se lim h(x) = L, temos que dado > 0 existe δ2 > 0 tal que:
x→x0
Portanto,
0 < |x − x0 | < δ ⇒ |g(x) − L| <
Definição 1.3. Seja f uma função tal que o seu domı́nio contém o intervalo aberto
(a, b) com a, b ∈ R. Dizemos que o limite de f (x) quando x tende a a pela direita é L
17
1. Conceitos Fundamentais
e denotamos
lim f (x) = L
x→a+
se dado > 0 existe δ > 0 tal que se a < x < a + δ então |f (x) − L| < .
Definição 1.4. Suponhamos que exista um intervalo aberto (c, a) com a, c ∈ R contido
no domı́nio da f . Dizemos que o limite de f (x) quando x tende a a pela esquerda é L,
denotamos
lim f (x) = L
x→a−
se dado > 0, existe δ > 0 tal que a − δ < x < a ⇒ |f (x) − L| < .
As Definições 1.3 e 1.4 são conhecidas como limites laterais e nos auxiliam no
tratamento do limite de funções definidas por partes. Vejamos a demonstração desse
fato no Teorema 1.4.
Teorema 1.4. Seja f uma função e suponha que os intervalos (c, a) e (a, b) com
a, b, c ∈ R estejam contidos no domı́nio dessa função. Então,
Demonstração.
Se lim f (x) = L, temos que dado > 0, existe δ > 0 tal que |x − a| < δ ⇒
x→a
|f (x) − L| < . É o mesmo que afirmar que a − δ < x < a ou a < x < a + δ
⇒ |f (x) − L| < . Concluı́mos então que lim+ f (x) = lim− f (x) = L.
x→a x→a
Reciprocamente se lim+ f (x) = L temos que dado > 0, existe δ1 > 0 tal que
x→a
a < x < a + δ1 ⇒ |f (x) − L| < . Analogamente se limx→a− f (x) = L então dado > 0,
existe δ2 > 0 tal que a − δ2 < x < a ⇒ |f (x) − L| < . Tomando δ = min{δ1 , δ2 }
temos que a − δ < x < a e a < x < a + δ ⇒ |f (x) − L| < . Logo 0 < |x − a| < δ ⇒
|f (x) − L| < , ou ainda lim f (x) = L.
x→a
18
1. Conceitos Fundamentais
Logo, pelo Teorema 1.4 temos que os limites laterais existem e possuem o mesmo
valor. Portanto, lim f (x) = 4. A visualização gráfica deste exemplo está representada
x→1
na Figura 1.23.
19
1. Conceitos Fundamentais
1
Teorema 1.5. Se n é natural par então, lim = +∞. Se n for natural ı́mpar
x→a (x − a)n
1 1
então, lim+ n
= +∞ e lim− = −∞.
x→a (x − a) x→a (x − a)n
Demonstração.
Considere a função f (x) = (x − a)n com n um número natural par. Temos que
lim f (x) = 0. Observando também que f (x) > 0 para todo x em a < x < a + δ, onde
x→a
δ > 0 e pelo fato de lim+ f (x) = 0, temos que dado > 0, existe δ > 0 tal que
x→a
1 1
a < x < a + δ ⇒ |f (x) − 0| < =⇒ 0 < f (x) <
1
Assim, se a < x < a + δ então > . Logo,
f (x)
1
lim+ = +∞.
x→a f (x)
Como lim− f (x) = 0, temos que dado > 0, existe δ > 0 tal que
x→a
1 1
a − δ < x < a ⇒ |f (x) − 0| < =⇒ 0 < f (x) < .
1 1
Assim, a − δ < x < a ⇒ > . Portanto, lim− = +∞. Concluı́mos então que
f (x) x→a f (x)
1
para todo n natural par lim = +∞.
x→a (x − a)n
Suponhamos agora f (x) = (x − a)n com n um número natural ı́mpar. Novamente
temos lim f (x) = 0 e f (x) > 0 para todo x em a < x < a + δ, onde δ > 0. Assim,
x→a
1
como lim+ f (x) = 0, concluı́mos de modo análogo ao anterior que lim+ = +∞.
x→a x→a f (x)
Agora, tomando a − δ < x < a temos f (x) < 0 para todo x desse intervalo. Assim
20
1. Conceitos Fundamentais
sendo lim− f (x) = 0 temos que dado > 0, existe δ > 0 tal que
x→a
1 1
a − δ < x < a ⇒ |f (x) − 0| < ⇒ −f (x) <
Logo,
1 1
f (x) > − ⇒ < − < 0
f (x)
1
Assim, lim− = −∞.
x→a (x − a)n
1 1
Concluı́mos então se n for natural ı́mpar, lim+ n
= +∞ e lim− =
x→a (x − a) x→a (x − a)n
−∞.
1
Observamos que em qualquer caso o gráfico da função f (x) = possui um
(x − a)n
assı́ntota vertical x = a e o eixo das abscissas é uma assı́ntota horizontal, pois quando
x tende a infinito f (x) tende a zero.
1
Exemplo 1.4. Seja a função f (x) = . Analisando as Tabelas 1.3 e 1.4,
(x − 2)3
podemos observar o comportamento de f (x) nas seguintes situações:
x 3 2, 5 2, 25 2, 01 2, 001
f (x) 1 8 64 106 109
x 1 1, 5 1, 75 1, 99 1, 999
f (x) −1 −8 −64 −106 −109
Com base nestes resultados percebemos que para valores de x próximos de 2, porém
maiores que 2, a função cresce ilimitadamente e para valores de x próximos de 2, porém
menores que 2, a função decresce ilimitadamente.
1 1
Com base no Teorema 1.5 concluı́mos que lim+ 3
= ∞ e lim− =
x→2 (x − 2) x→2 (x − 2)3
−∞, representado graficamente na Figura 1.26.
21
1. Conceitos Fundamentais
1
Figura 1.26: Gráfico da função f (x) =
(x − 2)3
1
Exemplo 1.5. Consideramos a função f (x) = e x0 = 4. Como para x0 = 4,
(x − 4)2
f (x0 ) não está definida e lim f (x) = +∞, concluı́mos que f não é contı́nua em x0 = 4
x→4
(veja Figura 1.27).
1
Figura 1.27: Gráfico da função f (x) =
(x − 4)2
22
1. Conceitos Fundamentais
Neste caso, temos que em x0 = 1, f (1) = 4 e lim− f (x) = 4 e lim+ f (x) = 4. Portanto,
x→1 x→1
lim f (x) = 4 e como f (1) = 4, segue que a função é contı́nua em 1, Figura 1.29.
x→1
Podemos perceber que nos Exemplos 1.5 e 1.6, o gráfico de f apresenta um ”salto”em
x0 , enquanto isso não ocorre no gráfico do Exemplo 1.7. Caso uma função f seja
contı́nua em todo ponto x0 do seu domı́nio, diremos simplesmente que a função é
contı́nua. Na Definição 1.6 temos uma forma alternativa de definir continuidade de
uma função em um ponto.
Definição 1.6. Sejam f uma função real e x0 um ponto do seu domı́nio. Dizemos que
f é contı́nua em x0 , se para todo > 0 dado existe δ > 0 tal que |x − x0 | < δ implica
23
1. Conceitos Fundamentais
temos que dado > 0, tomando δ = , temos |f (x) − f (x0 )| < para |x − x0 | < δ.
|a|
Exemplo 1.9. Seja uma função f : R → R definida por f (x) = c onde c é uma
constante real. Pela definição ao fixarmos um x0 ∈ R devemos verificar que dado > 0
existe δ > 0 tal que,
|x − x0 | < δ =⇒ |f (x) − f (x0 )| <
mas, como |f (x) − f (x0 )| = |c − c| = 0, temos que |f (x) − f (x0 )| < é sempre válida.
Logo tomando qualquer δ > 0 teremos |x − x0 | < δ =⇒ |f (x) − f (x0 )| < .
24
1. Conceitos Fundamentais
1. f ± g é contı́nua em x0 ;
2. f · g é contı́nua em x0 ;
sen(x)
lim =1
x→0 x
π
Demonstração. Seja um cı́rculo trigonométrico e um ângulo 0 < x < conforme
2
Figura 1.31. Logo temos que o segmento EF¯ = sen(x) e o segmento (CD) ¯ = tg(x).
Graficamente temos que a área do triângulo (∆ODE) é menor que a área do setor
circular (ODE) e a área desse setor é menor que a área do triângulo (∆ODC).
sen(x)
Figura 1.31: Gráfico para demonstração do lim =1
x→0 x
25
1. Conceitos Fundamentais
Portanto,
então,
Logo,
x 1 sen(x)
1< < =⇒ cos(x) < <1
sen(x) cos(x) x
Como lim cos(x) = 1 e lim 1 = 1 o resultado segue do Teorema do Confronto 1.3,
x→0 x→0
que
sen(x)
lim = 1.
x→0 x
1.5 Derivadas
Para entendermos o conceito de derivada de uma função, vamos definir o coeficiente
angular de uma reta tangente ao gráfico de uma função num ponto especı́fico. A
princı́pio vamos observar o coeficiente angular de uma reta secante ao gráfico de uma
função f . Dessa forma sejam P = (x1 , f (x1 )) e Q = (x2 , f (x2 )) os pontos de interseção
da reta s com o gráfico da função f conforme a Figura 1.32.
f (x2 ) − f (x1 )
Seja ms o coeficiente angular da reta s, isto é, ms = . Queremos
x2 − x1
determinar o coeficiente angular de uma reta t tangente ao gráfico de f no P . Assim,
mantemos P fixo e consideramos o ponto Q movendo-se em direção a P ao longo da
curva. Equivalentemente, estamos considerando o x2 se aproximando de x1 e, neste
26
1. Conceitos Fundamentais
caso, f (x2 ) tende a f (x1 ). Na Figura 1.33, podemos observar algumas situações do
deslocamento do ponto Q.
f (x2 ) − f (x1 )
mt = lim .
x2 →x1 x2 − x1
Esse limite que nos fornece o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de uma
função num ponto qualquer, é um dos mais importantes limites do cálculo.
Se x1 é um ponto do domı́nio da função f , generalizamos o procedimento acima e
definimos a derivada da função f no ponto x1 denotada por f 0 (x1 ) por
f (x) − f (x1 )
f 0 (x1 ) = lim .
x→x1 x − x1
12 + 2∆x + (∆x)2 − 12
f 0 (1) = lim = lim (2 + ∆x) = 2.
∆x→0 ∆x ∆x→0
27
1. Conceitos Fundamentais
t s = 3t2 + 1
0 1
1 4
2 13
3 28
4 49
Sabemos que a velocidade média é dada pelo quociente entre a variação do espaço
e a variação do tempo.
∆s s(t2 ) − s(t1 ) s2 − s1
Vm = = =
∆t t2 − t1 t2 − t1
∆s
Assim, a velocidade média no intervalo de tempo entre t = 0 e t = 2, é Vm = =
∆t
13 − 1 28 − 1
= 6m/s. Se o intervalo fosse entre t = 0 e t = 3, terı́amos Vm = = 9m/s.
2−0 3−0
Percebemos então que a velocidade média não é constante. Mas se desejássemos
encontrar o valor da velocidade da partı́cula num instante especı́fico? Suponhamos
que desejamos encontrar a velocidade num instante t1 . Assim com um tempo t 6= t1 ,
28
1. Conceitos Fundamentais
s(t) − s(t1 )
Vm =
t − t1
Observamos que quanto menor for a diferença (t − t1 ), mais próximos estamos do valor
que queremos: a velocidade em t1 . Em outras palavras se tendermos t a t1 chegaremos
ao resultado. Assim, a velocidade no instante t1 será dada por
s(t) − s(t1 )
Vt1 = lim (1.1)
t→t1 t − t1
Esse limite nos fornece o que denominamos de velocidade instantânea. Podemos per-
ceber que essa velocidade é a derivada da função s no instante t1 . O limite 1.1 pode
ser reescrito como
s(t1 + ∆t) − s(t1 )
Vt1 = lim
∆t→0 ∆t
Dessa forma, podemos aplicar essa definição no nosso exemplo, calculando a velo-
cidade instantânea em t1 = 3. Como s(t) = 3t2 + 1, temos
Assim, para t1 = 3, temos que a velocidade instantânea para esse momento é:
Vt1 = 6t1 = 18m/s.
29
1. Conceitos Fundamentais
! ! ! !
n n n n
xn + (∆x)xn−1 + . . . + (∆x)n−1 x + (∆x)n − xn
0 1 n−1 n
lim
∆x→0 ∆x
ou ainda
! !
n n
xn + n(∆x)xn−1 + (∆x)2 xn−2 + . . . + (∆x)n−1 x + (∆x)n − xn
2 n−1
lim .
∆x→0 ∆x
" ! ! #
n n
= lim n · xn−1 + ∆x · xn−2 + . . . + (∆x)n−2 · x + (∆x)n−1
∆x→0 2 n−1
" ! ! #
n n
= lim n · xn−1 + lim ∆x · xn−2 + . . . + (∆x)n−2 x + (∆x)n−1
∆x→0 ∆x→0 2 n−1
Demonstração.
30
1. Conceitos Fundamentais
1. De fato,
3. Como
f (x)g(x) − f (x0 )g(x0 )
(f g)0 (x0 ) = lim = ,
x→x0 x − x0
somando e subtraindo o termo g(x)f (x0 ) temos que
4. Temos
f (x) f (x0 )
0 −
f g(x) g(x0 ) f (x)g(x0 ) − f (x0 )g(x)
(x0 ) = lim = lim
g x→x0 x − x0 x→x0 (x − x0 )g(x)g(x0 )
31
1. Conceitos Fundamentais
Portanto, 0
f f 0 (x0 )g(x0 ) − f (x0 )g 0 (x0 )
(x0 ) =
g [g(x0 )]2
com g(x0 ) 6= 0.
f (u + ∆u) − f (u) 0
h0 (x) = lim g (x) = f 0 (u)g 0 (x) = f 0 (g(x))g 0 (x).
∆u→0 ∆u
Exemplo 1.12. Seja h(x) = (2x2 + 3x)2 . Para calcularmos h0 (x) podemos desenvolver
o binômio e derivar. Agora, aplicando o Teorema 1.11 e usando u = 2x2 + 3x, temos
então que g(x) = u e h(x) = f (u) = u2 . Portanto,
Teorema 1.12. (Regras de L’Hospital) Se f (x) e g(x) são deriváveis com g 0 (x) 6=
0 em um intervalo aberto que contém x0 exceto possivelmente em x0 . Suponha que
32
1. Conceitos Fundamentais
lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0 ou que lim f (x) = ±∞ e lim g(x) = ±∞ então
x→x0 x→x0 x→x0 x→x0
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0
x→x0 g(x) x→x0 g (x)
f 0 (x)
se o limite lim existir ou for +∞ ou −∞.
x→x0 g 0 (x)
Demonstração. Mostraremos apenas o caso particular onde f (x0 ) = g(x0 ) = 0, f 0 (x)
e g 0 (x) são contı́nuas e g 0 (x0 ) 6= 0. Para maiores detalhes ver Apêndice A41 de [7] p.
525. Como f 0 (x) e g 0 (x) são contı́nuas e g 0 (x0 ) 6= 0 temos
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0
x→x0 g(x) x→x0 g (x)
Demonstração.
1. Pela definição de derivada temos que, sen0 (x) será dada por:
33
1. Conceitos Fundamentais
h 2x + h h
2 · sen · cos sen
0 2 2 2 2x + h
sen (x) = lim = lim · lim cos
h→0 h h→0 h h→0 2
2
sen(x)
Pelo limite fundamental sabemos que lim = 1, logo
x→0 x
h
sen
0 2 2x + h
sen (x) = lim · lim cos = 1 · cos(x) = cos(x)
h→0 h h→0 2
2
cos(x + h) − cos(x)
2. Temos cos0 (x) = lim e como
h→0 h
h 2x + h
cos(x + h) − cos(x) = −2 · sen · sen
2 2
temos
h 2x + h h
−2 · sen · sen sen
0 2 2 2 2x + h
cos (x) = lim = lim − · lim sen
h→0 h h→0 h h→0 2
2
sen(x)
3. Como tg(x) = e aplicando o item 4 do Teorema 1.10 temos
cos(x)
sen0 (x) · cos(x) − sen(x) · cos0 (x) cos2 (x) + sen2 (x) 1
tg0 (x) = 2
= 2
= 2
= sec2 (x)
cos (x) cos (x) cos (x)
1
4. Sabemos que sec(x) = . Logo utilizando a regra do quociente (item 4 do
cos(x)
Teorema 1.10) temos,
34
1. Conceitos Fundamentais
1
5. Sendo cotg(x) = , temos novamente pela regra do quociente (item 4 do
tg(x)
Teorema 1.10) que:
− sec2 (x) 1 1 1
cotg0 (x) = 2
= − sec2 (x) · cos2 (x) · 2
=− 2 · cos2 (x) ·
tg (x) sen (x) cos (x) sen2 (x)
Assim
cotg0 (x) = −cossec2 (x).
1
6. Temos que cossec(x) = . Aplicando a regra do quociente (item 4 do
sen(x)
Teorema 1.10) temos
− cos(x) 1 cos(x)
cossec0 (x) = 2
=− · = −cossec(x) · cotg(x).
sen (x) sen(x) sen(x)
1
b) lim (1 + )x = e
x→∞ x
1
c) lim (1 + h) h = e
h→0
ex − 1
d) lim =1
x→0 x
Demonstração do Item a
1
a) Pela definição de derivada da Seção 1.5 e utilizando o fato que ln0 (x) = para
x
x > 0, demonstração no Exemplo 1.13, temos:
Para x = 1 temos
35
1. Conceitos Fundamentais
1 1
Fazendo a substituição de = h em lim (1 + )x , percebemos que quando x tende
x x→∞ x
a infinito h tende a zero, logo
1 1
lim (1 + )x = lim (1 + h) h .
x→∞ x h→0
1
Portanto os limites dos itens (b) e (c) são iguais. Assim provando que lim (1 + h) h = e,
h→0
temos
!
1
1
1 lim ln(1 + h) h
ln(1+h) h
lim (1 + h) h = lim e =e h→0 = e1 = e.
h→0 h→0
Demonstração do Item d
ex − 1
Fazendo a substituição ex − 1 = w, em lim , podemos perceber que quando
x→0 x
x tende a zero w também tende a zero. E o valor de x em função de w será dado por:
Substituindo temos,
ex − 1 w 1 1 1
lim = lim = lim 1 = lim 1 = = 1.
x→0 x w→0 ln(w + 1) w→0
w
· ln(w + 1) w→0 ln(w + 1) w 1
1
Exemplo 1.13. Vamos mostrar que se f (x) = ln(x) e g(x) = ex , então f 0 (x) = para
x
x > 0 e g 0 (x) = ex . De fato, segue da definição de derivada que
x+h
ln 1
ln(x + h) − ln(x) x 1 h h h
f 0 (x) = lim = lim = lim ln 1 + = lim ln 1 +
h→0 h h→0 h h→0 h x h→0 x
h
Fazendo a substituição: w = , percebemos que quando h tende a zero, w também
x
tende a zero, logo
1 1
1 1
f 0 (x) = lim ln(1 + w) wx = lim ln(1 + w) w =
w→0 w→0 x x
ex+h − ex h
0 x (e − 1)
g (x) = lim = lim e · = ex .
h→0 h h→0 h
36
1. Conceitos Fundamentais
Teorema 1.15. Se f (x) existe para todos os valores de x no intervalo aberto (a, b) e f
tem um valor máximo ou mı́nimo em c, com a < c < b, então se f 0 (c) existe, f 0 (c) = 0.
Teorema 1.16. (Teorema de Weierstrass) Se f for contı́nua em [a, b], então exis-
tirão x1 e x2 em [a, b] tais que f (x1 ) ≤ f (x) ≤ f (x2 ) para todo x em [a, b].
Demonstração. Se f for constante então sua derivada será zero em (a, b). Portanto
para qualquer c em (a, b) teremos f 0 (c) = 0. Supondo que f não é constante, temos
pelo teorema de Weierstrass que f assume um valor máximo e mı́nimo em [a, b], pois f
é contı́nua em [a, b] e como por hipótese f (a) = f (b), então pelo menos o valor máximo
ou mı́nimo pertencem ao intervalo ]a, b[. Portanto existe c ∈]a, b[ tal que f 0 (c) = 0.
Demonstração. Seja a função h(x) = f (x)[g(b) − g(a)] − g(x)[f (b) − f (a)]. Como f e
g são contı́nuas em [a, b] e deriváveis em ]a, b[ e pelo fato da diferença de duas funções
contı́nuas ser contı́nua, Teorema 1.6, temos que h é contı́nua em [a, b] e derivável em
]a, b[. Como
h(a) = f (a)[g(b) − g(a)] − g(a)[f (b) − f (a)] = f (a) · g(b) − g(a) · f (b)
e
h(b) = f (b)[g(b) − g(a)] − g(b)[f (b) − f (a)]f (a) · g(b) − g(a) · f (b),
37
1. Conceitos Fundamentais
e
h0 (c) = f 0 (c)[g(b) − g(a)] − g 0 (c)[f (b) − f (a)] = 0
Portanto,
f (b) − f (a) f 0 (c)
= 0 .
g(b) − g(a) g (c)
Podemos observar que se tomarmos g(x) = x, concluı́mos que
∞
X
cn (x − x0 )n = c0 + c1 (x − x0 ) + c2 (x − x0 )2 + . . . + cn (x − x0 )n + . . .
n=0
onde S é um número real. Se Sn divergir a série não tem soma e será considerada
divergente.
∞
X
Exemplo 1.14. A série n!xn , converge trivialmente em x = 0. Porém, diverge nos
n=0
demais valores de x, pois pelo teste da razão, temos
(n + 1)!xn+1
lim = lim [(n + 1)|x|] = ∞,
n→∞ n!xn n→∞
para todo x 6= 0.
38
1. Conceitos Fundamentais
∞
X xn
Exemplo 1.15. A série é convergente para todo x real, pois pelo teste da razão
n=0
n!
temos n+1
x n! x
= lim 1 |x| = 0 < 1
lim · n = lim
n→∞ (n + 1)! x n→∞ n + 1 n→∞ n + 1
1
1 + x + x2 + x3 + x4 + . . . + xn + . . . =
1−x
se −1 < x < 1.
3. Existe um número real R > 0, tal que a série é absolutamente convergente para
os valores de x quando |x| < R e divergente se |x| > R.
3. Existe um número real R > 0, tal que a série é absolutamente convergente para
os valores de x quando |x − x0 | < R e divergente se |x − x0 | > R.
39
1. Conceitos Fundamentais
f (x) = c0 + c1 (x − x0 ) + c2 (x − x0 )2 + . . . + cn (x − x0 )n + . . . ,
dizemos que essa é uma representação de f (x) por uma série de potências. Dessa forma,
as funções assim definidas possuem propriedades análogas aos polinômios. Por exem-
plo, podemos então derivar e integrar essa série termo a termo conforme os Teoremas
1.20 e 1.21. Vale também ressaltar que as técnicas de integração utilizadas agora e
posteriormente podem ser verificadas em [2] p. 336.
∞
X
f (x) = cn x n
n=0
f 0 (x) existirá para todo x do intervalo aberto (−R, R), sendo dada por
∞
X
0
f (x) = ncn xn−1 .
n=1
∞
X
f (x) = cn x n
n=0
40
1. Conceitos Fundamentais
1
Exemplo 1.17. A função f (x) = , é representada pela série
1−x
∞
X
xn = 1 + x + x2 + x3 + x4 + . . . + xn + . . .
n=0
com domı́nio −1 < x < 1. Na Figura 1.35, podemos observar a convergência das somas
parciais nesse intervalo e a divergência fora dele.
1
Figura 1.35: Gráfico das Somas Parciais da Série da função f (x) =
1−x
Z x ∞
1 1 X
Dessa forma, como 2
dt = arctg(x) e 2
= (−1)n t2n , temos que ao
0 1+t 1+t n=0
integrarmos a série termo a termo obtemos, para |x| < 1,
∞
x3 x5 x2n+1 X x2n+1
arctg(x) = x − + − . . . + (−1)n + ... = (−1)n
3 5 2n + 1 n=0
2n + 1
41
1. Conceitos Fundamentais
∞
X x2n+1
arctg(x) = (−1)n
n=0
2n + 1
Figura 1.36: Gráfico da função f (x) = arctg(x) e de somas parciais de sua série
42
Capı́tulo 2
Fórmula de Taylor
Como t é uma reta que passa pelo ponto A = (x0 , f (x0 )), temos que sua equação
é dada por y − y0 = m(x − x0 ), onde m é o coeficiente angular da reta t ou ainda a
derivada de f no ponto x0 . Assim, T (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ).
Quando x = x0 temos,
43
2. Fórmula de Taylor
aproximarmos valores de f (x) por T (x), ou ainda, E1 (x) = f (x) − T (x). Podemos
visualizar graficamente na Figura 2.2.
Observamos que
lim E1 (x) = 0
x→x0
De fato,
lim E1 (x) = lim (f (x) − T (x)) = f (x0 ) − T (x0 ) = 0,
x→x0 x→x0
Para x 6= x0 ,
E1 (x) f (x) − f (x0 )
= − f 0 (x0 ).
x − x0 x − x0
Além disso,
E1 (x) f (x) − f (x0 )
lim = lim − f (x0 ) = f 0 (x0 ) − f 0 (x0 ) = 0
0
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
E1 (x)
Portanto, como lim = 0, segue que E1 (x) tende a zero mais rapidamente
x→x0 x − x0
que (x − x0 ). Além disso, a reta tangente é a única reta que possui essa propriedade.
De fato, seja S : R → R a função que representa a equação da reta s, Figura 2.3, de
coeficiente angular ms e que passa por (x0 , f (x0 )), isto é, S(x) = f (x0 ) + ms (x − x0 ).
Utilizando o mesmo argumento anterior temos Es (x) = f (x) − S(x) onde Es (x) é
o erro que cometemos ao aproximarmos valores de f (x) por S(x), assim
44
2. Fórmula de Taylor
Então,
Es (x) f (x) − f (x0 )
lim = lim − ms = f 0 (x0 ) − ms .
x→x0 x − x0 x→x0 x − x0
Notamos que esse limite só será zero se f 0 (x0 ) = ms , ou seja, ms deve ser a derivada
da função no ponto x0 , ou ainda, o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico no
ponto x0 . Assim, T (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) é o único polinômio de ordem 1 que
localmente melhor aproxima valores da função f em volta de x0 .
Portanto, se uma função f for derivável até a primeira ordem num ponto x0 per-
tencente ao intervalo aberto I, definimos
Exemplo 2.1. Vamos utilizar o polinômio de Taylor de ordem 1 para estimar o valor
p √
de 9, 03. Neste caso, nossa função é f : R+ → R definida por f (x) = x. Como
p
desejamos obter a aproximação de 9, 03, devemos construir o Polinômio de Taylor
√
de ordem 1 da função f (x) = x ao redor de x0 = 9.
1
Como f (x0 ) = f (9) = 3 e f 0 (x) = √ , temos
2 x
1 1 1
f 0 (x0 ) = f 0 (9) = √ = =
2 9 2·3 6
√
Assim, o polinômio de Taylor de ordem 1 de f (x) = x em torno de x0 = 9 é
1 x 9 1 3
P1 (x) = 3 + (x − 9) = 3 + − = x +
6 6 6 6 2
45
2. Fórmula de Taylor
√
Figura 2.4: Gráfico de f (x) = x e do seu Polinômio de Taylor de ordem 1
Com auxı́lio de uma calculadora obtemos f (9, 03) = 3, 004995 . . . Utilizando o po-
linômio de Taylor temos,
1 3
P1 (9, 03) = · 9, 03 + = 1, 505 + 1, 5 = 3, 005.
6 2
Percebemos que o valor de P1 (9, 03) aproxima-se do valor de f (9, 03), precisamos
apenas saber a precisão deste resultado. Sabemos que |E1 (x)| = |f (x) − P1 (x)|, onde
E1 (x) é o erro que cometemos ao substituir o valor de f (x) por P1 (x). Analisando essa
diferença com 6 casas decimais temos,
|E1 (9, 03)| = |f (9, 03) − P1 (9, 03)| = |3, 004995 − 3, 005| = | − 0, 000005| < 10−5 .
p
Nesse exemplo, observamos que analisando o valor da 9, 03 com 6 casas decimais,
estamos cometendo um erro menor que 10−5 . Em geral, precisamos de uma expressão
que nos forneça o erro que cometemos ao realizar esta aproximação, sem necessaria-
mente calcular f (x). O Teorema 2.1 demonstra este fato.
Teorema 2.1. Seja f uma função derivável até a segunda ordem no intervalo aberto
I com x0 e x ∈ I. Então, existe pelo menos um x̄ no intervalo aberto de extremos x0
e x tal que:
f 00 (x̄)
f (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2
2
f 00 (x̄)
onde E1 (x) = (x − x0 )2 .
2
Demonstração:
De fato, sendo E1 (x) = f (x) − P1 (x), temos
46
2. Fórmula de Taylor
Então, pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe c que pertence ao intervalo
]x0 , x[ tal que:
E1 (x) − E1 (x0 ) E 0 (c)
= 01
g(x) − g(x0 ) g (c)
Consequentemente,
E1 (x) E 0 (c)
= 01
g(x) g (c)
Agora, como E10 (x) = f 0 (x) − f 0 (x0 ) e g 0 (x) = 2(x − x0 ) segue que E10 (x0 ) = 0 e
g 0 (x0 ) = 0. Assim, obtemos a igualdade
Novamente, pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe x̄ que pertence ao intervalo
]x0 , c[ tal que:
E10 (c) − E10 (x0 ) E100 (x̄)
=
g 0 (c) − g 0 (x0 ) g 00 (x̄)
Consequentemente
E1 (x) E 00 (x̄)
= 001
g(x) g (x̄)
sendo E100 (x) = f 00 (x) e g 00 (x) = 2 temos que E100 (x̄) = f 00 (x̄) e g 00 (x̄) = 2, portanto
E1 (x) f 00 (x̄)
=
g(x) 2
f 00 (x̄)
E1 (x) = g(x)
2
f 00 (x̄)
E1 (x) = (x − x0 )2
2
como querı́amos demonstrar.
√
Exemplo 2.2. Considerando a função f (x) = x do Exemplo 2.1. Neste caso,
1 1
f 0 (x) = √ e f 00 (x) = − √ . Portanto, para algum x̄ tal que x0 < x̄ < x, temos
2 x 4 x3
00
f (x̄) 2
1 1 1 −2 2
|E1 (9, 03)| = (9, 03 − 9) = − √ (3 · 10 )
2 2 4 x̄3
47
2. Fórmula de Taylor
assim,
1 1 1 −4
|E1 (9, 03)| = − √ 9 · 10
2 4 x̄3
Não podemos calcular o x̄, mas sabemos que
9 < x̄ < 9, 03
1 1 −4
Portanto, E1 (9, 03) < · ·10 , isto é, E1 (9, 03) < 10−5 . Assim utilizando P1 (9, 03)
8 3
no lugar de f (9, 03), concluı́mos que estamos cometendo um erro menor que 10−5 .
a) f (x0 ) = P2 (x0 );
48
2. Fórmula de Taylor
f 00 (x0 )
f 00 (x0 ) = P200 (x0 ) = 2C =⇒ C =
2
Portanto, o polinômio de Taylor, de ordem 2 de f em volta x0 é dado por
f 00 (x0 )
P2 (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2 .
2
Essa expressão nos fornece um valor aproximado de f (x) com a propriedade que
E2 (x)
lim = 0, onde E2 (x) é o erro que cometemos ao estimar o valor de f (x) por
x→x0 (x − x0 )2
P2 (x). Assim, se E2 (x) = f (x) − P2 (x), temos
f 00 (x0 )
0 2
f (x) − P2 (x) f (x) − f (x0 ) − f (x0 )(x − x0 ) − (x − x0 )
lim = lim
2
(x − x0 )2 (x − x0 )2
x→x0 x→x0
Logo,
f (x) − P2 (x) f 00 (x0 ) f 00 (x0 )
lim = − = 0.
x→x0 (x − x0 )2 2 2
O Polinômio de Taylor de ordem 2 é o único que possui a propriedade do erro
E2 (x), tender a zero mais rapidamente que (x − x0 )2 . De fato, suponhamos que exista
P2∗ (x) = A + B(x − x0 ) + C(x − x0 )2 , com A, B e C ∈ R, possuindo a propriedade do
E2∗ (x)
lim = 0, onde E2∗ (x) é erro que cometemos ao aproximar a função f (x) por
x→x0 (x − x0 )2
E2 (x) E2∗ (x)
P2∗ (x). Como lim = 0 e lim = 0, podemos escrever
x→x0 (x − x0 )2 x→x0 (x − x0 )2
49
2. Fórmula de Taylor
Além disso, E2 (x) = f (x) − P2 (x) e E2∗ (x) = f (x) − P2∗ (x). Assim,
h i
0 2 f 00 (x0 )
P2∗ (x) − P2 (x) A − f (x0 ) + (x − x0 ) [B − f (x0 )] + (x − x0 ) C − 2
lim = lim
x→x0 (x − x0 )2 x→x0 (x − x0 )2
A − f (x0 ) B − f 0 (x0 ) f 00 (x0 )
= lim + +C − =0
x→x0 (x − x0 )2 (x − x0 ) 2
f 00 (x0 )
lim C − =0
x→x0 2
f 00 (x0 )
eC = . Portanto, o polinômio de Taylor de ordem 2, é o único que possui a
2
E2 (x)
propriedade do lim = 0.
x→x0 (x − x0 )2
1 1
P2 (x) = 0 + 1(x − 1) − (x − 1)2 = (x − 1) − (x − 1)2
2 2
Figura 2.5: Gráfico da função f (x) = ln(x) e do seu Polinômio de Taylor de ordem 2
Teorema 2.2. Seja f uma função derivável até a terceira ordem no intervalo aberto
I com x0 e x ∈ I. Então, existe pelo menos um x̄ no intervalo aberto de extremos x0
50
2. Fórmula de Taylor
e x tal que:
f 00 (x0 )
f (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2 + E2 (x),
2
f 000 (x̄)
onde E2 (x) = (x − x0 )3 .
3!
Demonstração.
Temos que E2 (x) = f (x) − P2 (x), logo
f 00 (x0 )
0
E2 (x) = f (x) − f (x0 ) + f (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2
2
Derivando E2 , temos:
h0 (x) = 3(x − x0 )2
h00 (x) = 3 · 2(x − x0 )
h000 (x) = 3 · 2 · 1 = 3!
Pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe c que pertence ao intervalo ]x0 , x[ tal
que:
E2 (x) E 0 (c)
= 20 .
h(x) h (c)
Como
E2 (x) E 0 (c) − E20 (x0 )
= 20
h(x) h (c) − h0 (x0 )
Novamente, pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe d que pertence ao
51
2. Fórmula de Taylor
1
P2 (1, 4) = (1, 4 − 1) − (1, 4 − 1)2 = 0, 4 − 0, 08 = 0, 32
2
2
Sendo f 000 (x) = , podemos estimar o E2 (x). Assim temos,
x3
000
f (x̄) 2
3
1 1 3
3
1 64
−3 −3
|E2 (1, 4)| =
(1, 4 − 1) = 3
(0, 4) = 3 · · 4 · 10 = 3 ·
· 10
3! x̄ · 3! x̄ 3 x̄ 3
1 < x̄ < 1, 4
52
2. Fórmula de Taylor
1. f (x0 ) = P3 (x0 )
53
2. Fórmula de Taylor
1. f (x0 ) = P4 (x0 )
f 00 (x0 )
f (x) − f (x0 ) − f 0 (x0 )(x − x0 ) − (x − x0 )2
E3 (x) 2 f 000 (x0 )
lim = lim − .
x→x0 (x − x0 )3 x→x0 (x − x0 )3 3!
f 00 (x0 )
(x − x0 )2
f (x) − f (x0 ) − f 0 (x0 )(x − x0 ) −
Para calcular lim 2 usamos a regra
x→x0 (x − x0 )3
0
de L’Hospital duas vezes, pois obtemos indeterminações do tipo . Temos
0
f 00 (x0 )
f (x) − f (x0 ) − f 0 (x0 )(x − x0 ) − (x − x0 )2 f 00 (x) − f 00 (x0 )
lim 2 = lim
x→x0 (x − x0 )3 x→x0 3!(x − x0 )
Portanto,
54
2. Fórmula de Taylor
E3 (x)
é o único com a propriedade do lim = 0. De fato, suponhamos que exista
x→x0 (x − x0 )3
P3∗ (x) 6= P3 (x) de modo que
E3∗ (x)
onde A, B, C, D ∈ R e P3∗ (x) com a propriedade lim = 0, sendo E3∗ (x) é
x→x0 (x − x0 )3
erro cometido ao utilizar P3∗ (x) para aproximar valores de f (x).
Assim,
f 00 (x0 )
E3 (x) − E3∗ (x) C−
A − f (x0 ) B − f 0 (x0 ) 000
2! + D − f (x0 )
lim = lim + + = 0.
(x − x0 )3 (x − x0 )3 (x − x0 )2 (x − x0 ) 3!
x→x0 x→x0
f 00 (x0 )
Logo, esse limite só será zero se A = f (x0 ), B = f 0 (x0 ) e C = e, consequen-
2!
temente, temos
f 000 (x0 )
lim D − =0
x→x0 3!
f 000 (x0 )
isto é, D = . Portanto, o polinômio de Taylor de ordem 3 é o único que possui
3!
a propriedade
E3 (x)
lim = 0.
x→x0 (x − x0 )3
π π √ √
2 0 π π 2
f = cos = ,f = −sen =−
4 4 2 4 4 2
√ π √2
00 π
π 2 000 π
f = − cos =− ,f = sen =
4 4 2 4 4 2
e √
π π 2
(4)
f = cos =
4 4 2
Podemos determinar P3 (x) e P4 (x):
55
2. Fórmula de Taylor
√ √ √ √
2 2 π 2 π 2 2 π 3
P3 (x) = − x− − x− + x−
2 2 4 4 4 12 4
e
√ √ √ √ √
2 2 π 2 π 2 2 π 3 2 π 4
P4 (x) = − x− − x− + x− + x−
2 2 4 4 4 12 4 48 4
56
2. Fórmula de Taylor
√√
4π 2 2
P1 = − (0, 05235) ≈ 0, 67008
15 2 2
√
4π 4π 2
P2 = P1 − (0, 05235)2 ≈ 0, 66911
15 15 4
√
4π 4π 2
P3 = P2 + (0, 05235)3 ≈ 0, 66913
15 15 12
√
4π 4π 2
P4 = P3 + (0, 05235)4 ≈ 0, 6691302
15 15 48
f (4) (x̄)
onde E3 (x) = (x − x0 )4 .
4!
Demonstração.
Temos que E3 (x) = f (x) − P3 (x), logo
Derivando E3 temos,
f 000 (x0 )
E30 (x) = f 0 (x) − f 0 (x0 ) − f 00 (x0 )(x − x0 ) − (x − x0 )2 ;
2
E300 (x) = f 00 (x) − f 00 (x0 ) − f 000 (x0 )(x − x0 );
E3000 (x) = f 000 (x) − f 000 (x0 );
(4)
E3 (x) = f (4) (x).
57
2. Fórmula de Taylor
Para x = x0 temos E3 (x0 ) = E30 (x0 ) = E300 (x0 ) = E3000 (x0 ) = 0. Tomando a função
h(x) = (x − x0 )4 , percebemos que
h0 (x) = 4(x − x0 )3 ;
h00 (x) = 4 · 3(x − x0 )2 ;
h000 (x) = 4 · 3 · 2(x − x0 );
h(4) (x) = 4 · 3 · 2 · 1 = 4!.
Além disso, para x = x0 temos h(x0 ) = h0 (x0 ) = h00 (x0 ) = h000 (x0 ) = 0 e
então, pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe a que pertence ao intervalo
]x0 , x[ tal que
E3 (x) E 0 (a)
= 30 .
h(x) h (a)
Como
E3 (x) E30 (a) − E30 (x0 )
= 0 ,
h(x) h (a) − h0 (x0 )
pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe b que pertence ao intervalo ]x0 , a[ tal
que
E3 (x) E 00 (b)
= 003 .
h(x) h (b)
Prosseguindo com este argumento obtemos
e pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe c que pertence ao intervalo ]x0 , b[ tal
que
E3 (x) E3000 (c)
= 000
h(x) h (c)
e como
E3 (x) E 000 (c) − E3000 (x0 )
= 3000
h(x) h (c) − h000 (x0 )
Novamente, pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy existe x̄ que pertence ao
intervalo ]x0 , c[ tal que
E3 (x) f (4) (x̄)
= (4)
h(x) h (x)
f (4) (x̄)
Portanto, E3 (x) = (x − x0 )4 .
4!
58
2. Fórmula de Taylor
Teorema 2.4. Seja f uma função real derivável até a 5.a ordem no intervalo aberto I
com x0 e x ∈ I. Então, existe pelo menos um x̄ no intervalo aberto de extremos x0 e
x tal que:
f (5) (x̄)
onde E4 (x) = (x − x0 )5 .
5!
Demonstração. A demonstração é análoga a do Teorema 2.3.
Exemplo 2.7. Tomando a função f (x) = cos(x) do Exemplo 2.5 e sendo E1 (x), E2 (x),
E3 (x) e E4 (x) os erros respectivos que obtemos ao aproximar f (x) por P1 (x), P2 (x),
π
P3 (x) e P4 (x), polinômios de Taylor construı́dos em torno do ponto x0 = , vamos
4
π
calcular esses erros analisando a precisão desses resultados. Adotamos ≈ 0, 05235.
60
π 4π
Como < x̄ < , 0 < cos(x̄) < 1 e 0 < sen(x̄) < 1, temos que:
4 15
E1 4π = cos(x̄) π 2 1 π 2
≈ 1, 37026 × 10−3
<
15 2 60 2 60
E2 4π = sen(x̄) π 3 1 π 3
≈ 2, 391105 × 10−5
<
15 3! 60 6 60
E3 4π = cos(x̄) π 4 1 π 4
≈ 3, 12935 × 10−7
<
15 4! 60 24 60
E4 4π = sen(x̄) π 5 1 π 5
≈ 3, 27643 × 10−9
<
15 5! 60 120 60
Dessa forma, verificamos que o erro se torna cada vez menor sempre que construı́mos
um polinômio de grau maior.
f (x0 ) = Pn (x0 ), f 0 (x0 ) = Pn0 (x0 ), f 00 (x0 ) = Pn00 (x0 ), . . . , f (n) (x0 ) = Pn(n) (x0 ).
59
2. Fórmula de Taylor
Pn (x) = a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + a3 (x − x0 )3 + a4 (x − x0 )4 + . . . + an (x − x0 )n .
Pn(n) (x) = n · (n − 1) · (n − 2) · (n − 3) . . . 2 · 1 · an .
Logo
f (n) (x0 )
an =
n!
Portanto, o Polinômio de Taylor de ordem n em torno de x0 é dado por
Como nos casos anteriores o erro que se obtém ao aproximarmos a função f (x) pelo
En (x)
valor de Pn (x) é En (x) = f (x) − Pn (x) com lim = 0.
x→x0 (x − x0 )n
Demonstração.
n−1 (k)
X f (x0 )(x − x0 )k En (x) f (x) − Pn (x)
Seja g(x) = . Como lim n
= lim =0
k=0
k! x→x 0 (x − x0 ) x→x 0 (x − x0 )n
Devemos mostrar que
Como o segundo termo do Limite 2.1 não depende de x basta mostrar que
60
2. Fórmula de Taylor
obtemos,
f (x) − g(x) f (n−1) (x) − g (n−1) (x) f (n) (x0 )
lim = lim = .
x→x0 (x − x0 )n x→x0 n!(x − x0 ) n!
Teorema 2.6. Seja f : I → R onde f é uma função n − vezes derivável. Suponhamos
f (x) − P ∗ (x)
que P ∗ (x) é um polinômio de ordem n em (x−x0 ) satisfazendo lim = 0.
x→x0 (x − x0 )n
Então, P ∗ (x) é o polinômio de Taylor de ordem n de f em torno do ponto x0 .
Demonstração. Seja
P ∗ (x) = a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + a3 (x − x0 )3 + . . . + an (x − x0 )n
En∗ (x)
com a0 , a1 , a2 ,..., an ∈ R e lim n
= 0, onde En∗ (x) é o erro cometido ao estimar
x→x0 (x − x0 )
∗
valores de f (x) por P (x).
En (x)
Como lim = 0, onde En (x) é o erro cometido ao estimar valores de f (x)
x→x0 (x − x0 )n
por Pn (x), temos
Portanto,
f (n−1) (x0 )
an−1 −
a − f (x )
0 0 a1 − f 0 (x0 ) (n − 1)! f (n) (x0 )
lim + + ... + + a − = 0.
n n−1 n
x→x0 (x − x0 ) (x − x0 ) (x − x0 ) (n)!
f 00 (x0 )
Logo, esse limite só será zero se a0 = f (x0 ), a1 = f 0 (x0 ), a2 = , ... ,
2!
f (n−1) (x0 )
an−1 = . Concluı́mos então que
(n − 1)!
f (n) (x0 )
lim an − = 0,
x→x0 (n)!
Teorema 2.7. Seja f uma função derivável até a ordem (n + 1) no intervalo aberto I
com x0 e x ∈ I. Então, existe pelo menos um x̄ no intervalo aberto de extremos x0 e
x tal que:
f (x) = Pn (x) + En (x),
f (n+1) (x̄)
onde En (x) = (x−x0 )(n+1) é o erro que obtemos ao substituir f (x) por Pn (x).
(n + 1)!
61
2. Fórmula de Taylor
Demonstração.
Temos que En (x) = f (x) − Pn (x), logo
(n)
Para x = x0 , temos En (x0 ) = En0 (x0 ) = En00 (x0 ) = En000 (x0 ) = . . . = En (x0 ) = 0.
Seja a função h(x) = (x − x0 )n+1 , assim
h0 (x) = (n + 1)(x − x0 )n
h00 (x) = (n + 1) · n(x − x0 )n−1
..
.
h(n) (x) = (n + 1) · n · · · 2(x − x0 )
h(n+1) (x) = (n + 1) · n · · · 1 = (n + 1)!
Para x = x0 , temos h(x0 ) = h0 (x0 ) = h00 (x0 ) = h000 (x0 ) = . . . h(n) (x0 ) = 0. Observa-
mos que
En (x) En (x) − En (x0 )
= .
h(x) h(x) − h(x0 )
Então, pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe a1 que pertence ao intervalo
]x0 , x[ tal que:
En (x) E 0 (a1 )
= n0 .
h(x) h (a1 )
Como
En (x) E 0 (a1 ) − En0 (x0 )
= n0 .
h(x) h (a1 ) − h0 (x0 )
Pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy, existe a2 que pertence ao intervalo ]x0 , a1 [
tal que
En (x) E 00 (a2 )
= 00n
h(x) h (a2 )
62
2. Fórmula de Taylor
Repetindo esse argumento n vezes obtemos an no intervalo ]x0 , an−1 [ tal que
(n)
En (x) En (an )
= (n) .
h(x) h (an )
Assim,
(n) (n)
En (x) En (an ) − En (x0 )
= (n) .
h(x) h (an ) − h(n) (x0 )
Novamente, pelo Teorema do Valor Médio de Cauchy existe x̄ que pertence ao
intervalo ]x0 , an [ tal que
(n+1)
En (x) En (x̄)
= (n+1) .
h(x) h (x̄)
Portanto,
f (n+1) (x̄)
En (x) = (x − x0 )(n+1) .
(n + 1)!
obtemos
x2 x3 xn
Pn (x) = 1 + x + + + ··· + .
2! 3! n!
Graficamente podemos verificar na Figura 2.8 alguns polinômios aproximadores da
função f (x) = ex .
63
2. Fórmula de Taylor
f (n+1) (x̄)
En (x) = (x − x0 )(n+1)
(n + 1)!
para algum x̄ no intervalo aberto ]x0 , x[. Portanto desenvolvendo a expressão do erro
relativo a aproximação da função f (x) = ex por Pn (x) desenvolvido na origem, temos:
e(x̄)
En (x) = x(n+1)
(n + 1)!
Como f (1) = e, podemos obter aproximações para o número de Euler por meio do
Polinômio de Taylor de ordem n em torno de x0 = 0. Sendo e = 2, 718281828459 . . .,
temos para x = 1 que:
1 1 1
Pn (1) = 1 + 1 + + + ... + ≈ e.
2! 3! n!
e(x̄)
En (1) =
(n + 1)!
64
2. Fórmula de Taylor
Portanto, (x̄)
e (x̄)
= e 3
|En (1)| = < .
(n + 1)! (n + 1)! (n + 1)!
Como desejamos obter uma aproximação com um erro inferior a 10−8 , temos:
3 1
|En (1)| < < 10−8 =
(n + 1)! 100000000
Logo (n + 1)! > 300.000.000. Pela Tabela 2.1 percebemos que esse fato será obser-
vado para n = 11. Então e com um erro menor que 10−8 , vale:
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
e≈2+ + + + + + + + + + = 2, 718281826 . . .
2! 3! 4! 5! 6! 7! 8! 9! 10! 11!
F atorial Resultado
0! 1
1! 1
2! 2
3! 6
4! 24
5! 120
6! 720
7! 5040
8! 40.320
9! 362.880
10! 3.628.800
11! 39.916.800
12! 479.001.600
Exemplo 2.9. Para datar rochas ou artefatos com mais de 50.000 anos, é preciso
usar outros elementos radioativos. A seguinte equação é válida para qualquer isótopo
radioativo:
S(t) − S(0)
+ 1 = e(ln 2)t/λ
R(t)
onde R(t) é o número de átomos do isótopo radioativo no instante t. S(t) é o número
de átomos do produto estável que resulta do decaimento radioativo, S(0) é o número
de átomos do produto estável inicialmente presentes na amostra (no instante t = 0)
e λ é a meia-vida do isótopo radioativo (o tempo que metade dos átomos da amostra
leva para decair).
65
2. Fórmula de Taylor
Solução.
a. Do Exemplo 2.8, sabemos que o polinômio de Taylor de ordem 2 de f (x) = ex em
x2
torno de x0 = 0 será dado por P2 (x) = 1 + x + . Logo, estimando o valor de e(ln 2)t/λ
2!
por P2 (x) temos,
2
(ln 2)t
S(t) − S(0) (ln 2)t (ln 2)t λ
e(ln 2)t/λ = + 1 ≈ P2 =1+ +
R(t) λ λ 2!
2
(ln 2)t
S(t) − S(0) (ln 2)t λ
≈ +
R(t) λ 2!
e, portanto,
s s
2
S(t) − S(0)
ln 2 ln 2 S(t) − S(0) ln 2 ln 2
− ± 1+2 − ± 1+2
λ λ2 R(t) λ λ R(t)
t≈ ≈ .
ln2 2 ln2 (2)
2 2
2λ λ2
66
2. Fórmula de Taylor
5
b. Denotamos por M a quantidade de átomos da mica analisada, temos que M
100
0, 04
são do isótopo radioativo, ou seja R(t), M são de estrôncio 87, ou seja, S(t).
100
Como todo estrôncio foi produzido do decaimento do rubı́dio, não existiam átomos de
estrôncio inicialmente na amostra, ou seja, S(0) = 0. Como λ = 48, 6×109 e utilizando
ln 2 ≈ 0, 693, temos então que
v
0, 04
u
s
M −0
! u
48, 6 × 109
λ S(t) − S(0) u
100
t≈ 1+2 −1 = u1 + 2 − 1
ln 2 R(t) 0, 693 t
5
M
100
p
t ≈ 70, 12 × 109 1, 016 − 1 = 5, 587 × 108
P1 (x) = 0 + 1(x − 0) = x
0
P2 (x) = 0 + 1(x − 0) + (x − 0)2 = x
2!
0 −1 x3
P3 (x) = 0 + 1(x − 0) + (x − 0)2 + (x − 0)3 = x −
2! 3! 3!
0 −1 0 x3
P4 (x) = 0 + 1(x − 0) + (x − 0)2 + (x − 0)3 + (x − 0)4 = x − .
2! 3! 4! 3!
Portanto, P1 (x) = P2 (x), P3 (x) = P4 (x) . . . P2k+1 (x) = P2k+2 (x) com k ∈ Z+ .
67
2. Fórmula de Taylor
Logo,
x3 x5 x2k+1
P2k+1 (x) = x − + − . . . + (−1)k
3! 5! (2k + 1)!
Para determinar a estimativa do erro que cometemos, devemos observar que,
x3 x5 x2k+1 x2k+2
P2k+1 (x) = P2k+2 (x) = x − + − . . . + (−1)k +0·
3! 5! (2k + 1)! (2k + 2)!
Logo
(2k+3) (2k+3)
f (x̄) (2k+3)
f (x̄) (2k+3)
|E2k+1 (x)| = |E2k+2 (x)| = (x − 0) = x
(2k + 3)! (2k + 3)!
1 1
|E2k+1 (1)| ≤ < 10−5 =
(2k + 3)! 100000
Assim (2k + 3)! > 100.000. Pela Tabela 2.1 isso ocorre quando 2k + 3 = 9 isto é k = 3.
Portanto com erro inferior a 10−5 , temos,
1 1 1
sen(1) = 0, 8414709 . . . ≈ 1 − + − = 0, 8414682 . . .
3! 5! 7!
A visualização gráfica pode ser observada na Figura 2.9, onde verificamos algumas
aproximações da função f (x) = sen(x), utilizando Polinômios de Taylor.
68
2. Fórmula de Taylor
f 0 (x) = c1 + 2 · c2 (x − x0 ) + 3 · c3 (x − x0 )2 + 4 · c4 (x − x0 )3 + . . . + n · cn (x − x0 )n−1 + . . .
f 00 (x) = 2 · c2 + 3 · 2 · c3 (x − x0 ) + 4 · 3 · c4 (x − x0 )2 + . . . + n · (n − 1) · cn (x − x0 )n−2 + . . .
f 000 (x) = 3 · 2 · c3 + 4 · 3 · 2 · c4 (x − x0 ) + . . . + n · (n − 1) · (n − 2) · cn (x − x0 )n−3 + . . .
f (4) (x) = 4 · 3 · 2 · c4 + . . . + n · (n − 1) · (n − 2) · (n − 3) · cn (x − x0 )n−4 + . . .
Para x = x0 , obtemos
f (n) (x0 )
De modo geral para qualquer n natural maior ou igual a zero temos cn = .
n!
69
2. Fórmula de Taylor
∞
X f (n) (x0 ) f (n) (x0 )
f (x) = (x−x0 )n = f (x0 )+f 0 (x0 )(x−x0 )+. . .+ (x−x0 )n +. . . (2.3)
n=0
n! n!
1 2x 6x2 − 2 24x(x2 − 1)
f 0 (x) = , f 00
(x) = − , f 000
(x) = , f (4)
(x) = − ,
1 + x2 (1 + x2 )2 (1 + x2 )3 (1 + x2 )4
(5) 24(5x4 − 10x2 + 1) (6) 240(3x5 − 10x3 + 3x)
f (x) = , f (x) = −
(1 + x2 )5 (1 + x2 )6
720(7x6 − 35x4 + 21x2 − 1)
f (7) (x) =
(1 + x2 )7
1 1 1
arctg(x) = 0 + x + 0 − x3 + 0 + x5 + 0 − x7 + . . . .
3 5 7
x2n+1
Podemos observar que o n-ésimo termo dessa série será da forma (−1)n .
2n + 1
Concluı́mos então que
x3 x5 x7 x2n+1
arctg(x) = x − + − + . . . + (−1)n + ....
3 5 7 2n + 1
70
2. Fórmula de Taylor
e, assim,
2 2n + 1
= | − x2 · 1| = | − x2 | = x2
lim (−x )
n→∞ 2n + 3
Dessa forma, a série será convergente se x2 < 1, isto é, −1 < x < 1. Verificamos
no Exemplo 1.18 que a convergência acontece também nas extremidades do intervalo.
Portanto, concluı́mos que para −1 ≤ x ≤ 1 temos
∞
X x2n+1
arctg(x) = (−1)n .
n=0
2n + 1
para todo x nesse intervalo, então f (x) é representada por sua série de Taylor de f (x)
em x0 .
Demonstração
Sabemos que Pn (x) = f (x) − En (x). Logo,
lim Pn (x) = lim [f (x) − En (x)] = f (x) − lim En (x) = f (x) − 0 = f (x)
n→∞ n→∞ n→∞
Exemplo 2.12. Vamos determinar a série de Maclaurin de f (x) = sen(x) e provar que
a série que representa essa função é válida para todo x real.
No Exemplo 2.10 desenvolvemos o polinômio de Taylor da função f (x) = sen(x)
em torno x0 = 0. Como o Polinômio de Taylor é a soma parcial da Série de Taylor,
71
2. Fórmula de Taylor
concluı́mos que
∞
X x2n+1 x3 x5 x7 x2n+1
sen(x) = (−1)n =x− + − + . . . + (−1)n ...
n=0
(2n + 1)! 3! 5! 7! (2n + 1)!
Precisamos agora provar que essa igualdade é válida para todo x real. Como para n
natural temos que f (n+1) (x) é ±sen(x) ou ± cos(x), temos |f (n+1) (x)| ≤ 1. Sendo o
f (n+1) (x̄) (n+1)
erro dado por En (x) = x , para algum x̄ entre 0 e x temos
(n + 1)!
(n+1)
|f (n+1) (x̄)| (n+1) |x|(n+1)
f (x̄)
0 ≤ |En (x)| = x(n+1) = |x| ≤
(n + 1)! (n + 1)! (n + 1)!
∞
|x|(n+1) X x(n+1)
Podemos observar que lim = 0, pois pelo teste da razão a série
n→∞ (n + 1)! (n + 1)!
n=0
é absolutamente convergente. Segue do Teorema do Confronto que
lim En (x) = 0.
n→∞
Logo, a função f (x) = sen(x) é igual a sua série de Maclaurin para todo x real.
Nas Figuras 2.10, 2.11 e 2.12, podemos analisar algumas somas parciais dessa série
e observar graficamente a convergência para todo x real.
72
2. Fórmula de Taylor
Figura 2.12: Gráfico de f (x) = sen(x) e de Soma Parcial com maior aproximação
Exemplo 2.13. Vamos obter a série de Maclaurin da função f (x) = cos(x), utilizando
o resultado do Exemplo 2.12. Portanto
0
x3 x5 x7
0
(sen(x)) = x− + − + ...
3! 5! 7!
Logo,
∞
X x2n
Portanto, f (x) = cos(x) = (−1)n para todo x real.
n=0
(2n)!
73
2. Fórmula de Taylor
Vejamos graficamente na Figura 2.13 uma soma parcial dessa série observando sua
convergência.
Figura 2.13: Gráfico de f (x) = cos(x) e de uma Soma Parcial da sua série
∞
X xn
Exemplo 2.14. Mostramos no exemplo 1.15 que a série é convergente para
n=0
n!
x
todo x real e afirmamos que converge para função f (x) = e .
Construindo a série de Maclarin de f (x) = ex , temos que esta função é infinitamente
derivável e todas as derivadas são iguais, ou seja, f (n) (x) = ex com n natural. Em
particular, para x0 = 0 temos f (n) (0) = e0 = 1. Portanto, substituindo em
temos
Dessa forma ∞
x
X xn
e =
n=0
n!
Vamos mostrar que essa convergência é válida para todo x real para função ex ,
utilizando o Teorema 2.8. Assim podemos observar mais uma maneira de verificar esta
afirmação.
Demonstração
O erro que cometemos ao utilizar o polinômio de Taylor de ordem n é dado por
74
2. Fórmula de Taylor
ex̄ ex
0< xn+1 < xn+1
(n + 1)! (n + 1)!
∞
xn+1 X xn+1
Podemos perceber que lim = 0, pois a série é convergente pelo
n→∞ (n + 1)! (n + 1)!
n=0
ex
teste da razão e portanto o limite do seu termo geral é zero, logo lim xn+1 = 0.
n→∞ (n + 1)!
Concluı́mos então pelo Teorema do Confronto que
lim En (x) = 0.
n→∞
Se x < 0, temos que x < x̄ < 0 e 0 < ex̄ < 1. Portanto, se xn+1 > 0 temos
ex̄ xn+1
0< xn+1 <
(n + 1)! (n + 1)!
∞
x
X xn
e =
n=0
n!
Podemos visualizar algumas somas parciais da série da função f (x) = ex nas Figuras
2.14 e 2.15.
75
2. Fórmula de Taylor
Figura 2.15: Gráfico de f (x) = ex e de Soma Parcial da sua série com maior precisão
76
Capı́tulo 3
Neste capı́tulo vamos utilizar o Polinômio e Série de Taylor, para provar alguns
resultados matemáticos como a irracionalidade do número de Euler, desenvolver uma
fórmula para obter o valor de π e calcular integrais definidas, utilizando o polinômio
aproximador de Taylor de uma determinada função, para obter uma estimativa da área
abaixo do gráfico dessa função.
f 00 (x¯1 )
f (x) = f (x0 ) + f 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2
2
g 00 (x¯2 )
g(x) = g(x0 ) + g 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2
2
Se lim f (x) = 0 e lim g(x) = 0, temos pela continuidade de f e g que
x→x0 x→x0
77
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
logo
00
f 0 (x0 )(x − x0 ) + f (x¯1 ) (x − x0 )2
f (x) 2
lim = lim 00
x→x0 g(x) x→x0 g (x¯2 )
g 0 (x0 )(x − x0 ) + (x − x0 )2
2
como (x − x0 ) 6= 0 temos que
00
f 0 (x0 ) + f (x¯1 ) (x − x0 )
f (x) 2 f 0 (x0 )
lim = lim = 0
x→x0 g(x) x→x0 g 00 (x¯2 ) g (x0 )
g 0 (x0 ) + (x − x0 )
2
finalmente como lim f 0 (x) = f 0 (x0 ) e lim g 0 (x) = g 0 (x0 ) concluı́mos que
x→x0 x→x0
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0
x→x0 g(x) x→x0 g (x)
x2 x3 xn
Pn (x) = 1 + x + + + ··· + .
2! 3! n!
1 1 1
e≈1+1+ + + ··· + .
2! 3! n!
3
Com um erro inferior a .
(n + 1)!
a
Suponhamos que o número e seja racional da forma e = , com a e b inteiros
b
positivos e primos entre si, temos então que
1 1 1 3
0 < e − 1 + 1 + + + ... + <
2! 3! n! (n + 1)!
78
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
e
a 1 1 1 3
0 < − 1 + 1 + + + ... + <
b 2! 3! n! (n + 1)!
Tomando n > b e n ≥ 3, segue que
an! 1 1 1 3
0< − n! 1 + 1 + + + ... + < n!
b 2! 3! n! (n + 1)!
an! n! n! n! 3 3
0< − n! + n! + + + ... + < ≤
b 2! 3! n! n+1 4
an! n! n! n!
Notamos que e n! + n! + + + ... + são números inteiros, logo sua
b 2! 3! n!
diferença deve ser um número inteiro. Assim, temos uma contradição pois um número
3
inteiro não pode estar compreendido entre 0 e . Portanto, e é um número irracional.
4
Uma forma alternativa de mostrar irracionalidade do número e, é proceder da se-
∞
X 1
guinte forma: sabemos que para x = 1, e = . Suponhamos que o número e seja
n=0
n!
p
racional, isto é, da forma e = , com p e q inteiros positivos e primos entre si. Então,
q
∞ q ∞
p X 1 X 1 X 1
e= = = + .
q n=0
n! n=0
n! n=q+1
n!
Como
1 1 1 1
+ + ... < + + ...
q + 1 (q + 2)(q + 1) q + 1 (q + 1)(q + 1)
1 1 1
e + + ... é uma série geométrica e converge para , temos
q + 1 (q + 1)(q + 1) q
então que
q
p X 1 1 1
0< − < ·
q n=0 n! q! q
79
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
q
X 1
Como 0 < p · (q − 1)! e q! · são inteiros, temos que sua diferença é um número
n=0
n!
1
inteiro. Logo, temos um número inteiro entre 0 e , absurdo.
q
∞
x3 x5 x 7 X x2n+1
arctg(x) = x − + − + ... = (−1)n
3 5 7 n=0
2n + 1
4 4 4 4
π =4− + − + . . . + (−1)n ...
3 5 7 2n + 1
∞
X 4
Figura 3.1: Convergência das somas parciais da série (−1)n para π
n=0
2n + 1
Nesse caso a convergência para π ocorre lentamente. Podemos obter uma con-
vergência mais rápida por meio do próximo resultado.
80
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
1 1 5
tg(α) + tg(β) +
2 3 = 6 = 1 = tg π
tg(α + β) = =
1 − tg(α)tg(β) 1 1 5 4
1− ·
2 3 6
logo
π 1 1 π
α+β = =⇒ arctg + arctg =
4 2 3 4
∞
X x2n+1
Agora, utilizando a série de Taylor arctg(x) = (−1)n para −1 ≤ x ≤ 1,
n=0
2n + 1
temos que
∞
( 1 )2n+1
X
1
arctg = (−1)n 2
2 n=0
2n + 1
e ∞
( 1 )2n+1
X
1
arctg = (−1)n 3
3 n=0
2n + 1
Logo,
∞ ∞
!
1 2n+1 1 2n+1
n (2) n (3)
X X
π=4 (−1) + (−1)
n=0
2n + 1 n=0 2n + 1
∞ 1 2n+1 3 5 7 9
n (3) 1 1 1 1 1 1 1 1 1
X
(−1) = − + − + ≈ 0, 321741023
n=0
2n + 1 3 3 3 5 3 7 3 9 3
Assim,
π ≈ 4 · (0, 46368427 + 0, 321741023) ≈ 3, 1417
Obtemos π com as três primeiras casas decimais corretas. Na figura 3.2, podemos
observar essa convergência para π.
81
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
onde f é contı́nua num intervalo e a e b são números reais que pertencem a esse
intervalo.
Essa conclusão terá grande utilidade principalmente quando não for possı́vel obter
uma primitiva da função por intermédio das técnicas de integração conhecidas. Para os
Z b
Z b
Exemplos 3.1 e 3.2, utilizaremos a seguinte desigualdade: | f (x)dx| ≤ |f (x)|dx.
a a
(Veja demonstração em [12] p.174).
82
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
Z 1
2
e−x dx
0
−4
com erro inferior a 10 .
O que desejamos obter, é uma aproximação da área abaixo da curva da função
2
f (x) = e−x e verificar a precisão desse resultado.
Z 1 Inicialmente utilizando recurso
2
computacional temos com 5 casas decimais que a e−x dx = 0, 74682 (Figura 3.3).
0
Z 1
2
−x2
Figura 3.3: Gráfico da função f (x) = e dx com representação da e−x dx
0
1 1 Z 1
x4 x6 (−1)n x2n (−1)n+1 e(x̄) (2n+2)
Z Z
−x2 2
e dx = 1 − x + − + ... + dx + x dx
0 0 2! 3! n! 0 (n + 1)!
Z 1 n+1 (x̄)
(−1) e
dx < 10−4 .
−4 (2n+2)
Desejamos que o erro seja inferior a 10 , isto é x
0 (n + 1)!
Observe que
83
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
1
Z 1 Z 1
(−1)n+1 e(x̄) (2n+2) (−1)n+1 e(x̄) (2n+2) |e(x̄) | (2n+2)
Z
x dx ≤ x dx = x dx.
0 (n + 1)! 0
(n + 1)!
0 (n + 1)!
Além disso, como 0 < (x̄) < 1 temos que e(x̄) < e < 3. Portanto
1 1 1
|e(x̄) | (2n+2) 3 · x(2n+2)
Z Z Z
e
x dx ≤ x(2n+2) dx ≤ dx.
0 (n + 1)! 0 (n + 1)! 0 (n + 1)!
−4
Desejamos que nossa área tenha um erro menor que 10 então
1
3 · x(2n+2)
Z
dx < 10−4 ,
0 (n + 1)!
logo
1
3 · x(2n+3) 3
< 10−4 .
=
(2n + 3)(n + 1)! 0 (2n + 3)(n + 1)!
1 1
x4 x6 x8 x10 x12 x3 x5 x7 x9 x11 x13
Z
2
1−x + − + − + dx = x− + − + − +
0 2! 3! 4! 5! 6! 3 5 · 2! 7 · 3! 9 · 4! 11 · 5! 13 · 6! 0
(1 − 1)! 0! 1
f (1) (x) = (−1)1−1 1
= (−1)0 =⇒ f 0 (x) =
(1 + x) (1 + x) 1+x
(n − 1)!
Supondo que f (n) (x) = (−1)n−1 , temos que f (n+1) (x) = (f (n) (x))0 , logo
(1 + x)n
0
(n) 0 n−1 (n − 1)!
(f (x)) = (−1)
(1 + x)n
84
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
Logo
[(n − 1)!]0 (1 + x)n − (n − 1)![(1 + x)n ]0
(f (n) (x))0 = (−1)n−1
(1 + x)2n
e daı́
(n − 1)!
Logo n-ésima derivada da função f (x) = ln(1 + x) é f (n) (x) = (−1)n−1
(1 + x)n
para todo n natural. Z 0,4
ln(1 + x)
Concluı́da esta etapa podemos estimar o valor de dx de acordo com
0,2 x
a aproximação desejada. Inicialmente vamos visualizar nas Figuras 3.4 e 3.5 o com-
portamento gráfico, a área desejada e o valor da integral que aproximadamente com 5
casas decimais vale 0, 17503.
ln(1 + x)
Figura 3.4: Gráfico de f (x) =
x
85
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
ln(1 + x)
Figura 3.5: Gráfico de f (x) = com representação da Integral
Z 0,4 x
ln(1 + x)
dx
0,2 x
(n − 1)!
f (n) (x) = (−1)n−1
(1 + x)n
.
Portanto obtemos então f (0) = 0, f 0 (0) = 1, f 00 (0) = −1, f 000 (0) = 2, f (4) (0) = −6,
f (5) (0) = 24. Logo
x2 x3 x4 x 5 n−1 x
n
ln(1 + x) = x − + − + + . . . + (−1) + En (x) (3.1)
2 3 4 5 n
ln(1 + x) x x2 x3 x4 xn−1 xn
=1− + − + + . . . + (−1)n−1 + (−1)n
x 2 3 4 5 n (n + 1)(1 + x̄)n+1
86
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
Z 0,4
ln(1 + x)
Portanto calculando dx, temos
0,2 x
0,4 Z 0,4
x x2 x3 x4 n−1
xn
Z
n−1 x n
1− + − + +. . .+(−1) dx+ (−1) dx
0,2 2 3 4 5 n 0,2 (n + 1)(1 + x̄)n+1
0,4
xn
Z
< 10−3 e daı́ temos que
n
Desejamos que (−1) n+1
dx
0,2 (n + 1)(1 + x̄)
0,4
Z 0,4
xn n
Z
n
n x
(−1) n+1
dx ≤ (−1)
n+1
dx
0,2 (n + 1)(1 + x̄) 0,2
(n + 1)(1 + x̄)
portanto
0,4 0,4
0,4
|x|n xn xn+1 (0, 4)n+1 − (0, 2)n+1
Z Z
dx ≤ dx = = < 10−3
0,2 (n + 1)(1 + x̄)n+1 0,2 n (n + 1)n 0,2 (n + 1)n
e daı́ temos:
(0, 4)2 (0, 4)3 (0, 4)4 (0, 2)2 (0, 2)3 (0, 2)4
0, 4 − + − − 0, 2 − + − ≈ 0, 17472.
2·2 3·3 4·4 2·2 3·3 4·4
87
3. Aplicações do Polinômio e Série de Taylor
88
Referências Bibliográficas
[8] J. Stewart, Cálculo, volume 2, Pioneira Thomsonn Learning, São Paulo, 2006.
[10] L. Leithold, Cálculo com Geometria Analı́tica, volume 1, Harper & Row, São
Paulo, 1977.
[11] L. Leithold, Cálculo com Geometria Analı́tica, volume 2, Harper & Row, São
Paulo, 1977.
89
Referências Bibliográficas
90