Método Ramain Thiers

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MÉTODO RAMAIN THIERS

Prof.ª: Sandra de Fátima Barboza Ferreira


sandrabarboza@gmail.com
Simone Ramain
Método Ramain-Thiers
 A Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers é uma técnica
psicoterapêutica grupal que utiliza a psicomotricidade como
instrumento para a mobilização psíquica e afetiva do sujeito e do
grupo em terapia;

 Promove o desencadeamento e a emergência de conteúdos


psíquicos inconscientes, cuja leitura e compreensão é feita pelo
socioterapeuta à luz da psicanálise;

 Além da teoria psicanalítica, fazem parte da estrutura teórica do


Método, a psicologia social, a sociologia e a antropologia, no que
diz respeito à compreensão dos fenômenos grupais;

 A teoria que fundamenta o Método estende-se ao estudo do


movimento e percepção corporal, entendidos como parte integrante
do psiquismo, ou seja, como uma extensão concreta dos conteúdos
psíquicos simbólicos. Dentro desta visão, o movimento se
transforma em um ato psicomotor que pode ser lido, pontuado e
interpretado, pois tal qual a palavra, contém em si representações
psíquicas inconscientes.
Visão de homem
 A dinâmica terapêutica grupal Ramain-Thiers
estrutura-se a partir da compreensão do ser
humano como um todo complexo, composto pelo
psiquismo, pela ação e pelas relações sociais
que estabelece;

 O objetivo da Sociopsicomotricidade, segundo


Thiers, é promover a capacidade de atenção
interiorizada, desenvolver o potencial criativo e
propiciar a busca de autonomia, como elementos
básicos para alcançar uma mudança de atitude.

 Dentro da esfera psicoterapêutica, a


Sociopsicomotricidade visa atender grupos
formados por crianças, adolescentes ou adultos.
Aplicação
 Em Ramain-Thiers trabalha-se com grupos
heterogêneos quanto ao tipo de comprometimento
apresentado pelos componentes do grupo terapêutico.

 O atendimento psicoterapêutico grupal Ramain-Thiers


tem se mostrado eficaz no trabalho com deficiências na
área da aprendizagem, patologias da fala, distúrbios de
comportamento ou desequilíbrios emocionais.

 Deste modo, especificamente dentro da área da


educação, a Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers
pode ser utilizada como um instrumento facilitador para
a compreensão dos diferentes comprometimentos
apresentados por estudantes nas salas de aula ou no
processo de um atendimento clínico psicopedagógico,
bem como no desenvolvimento de propostas de
dinâmica de grupo que visem a integração e
sensibilização de grupos de pais ou professores.
Organização da Sessão
 A sessão psicoterapêutica Ramain-Thiers
estrutura-se no entrelaçamento de três tipos de
atividades:

1) a de Trabalho Corporal;

2) a de atividades de expressão motora fina,


denominada Psicomotricidade Diferenciada

3) a de Verbalização.
O trabalho Corporal
 O principal objetivo do Trabalho Corporal é desenvolver a
capacidade de atenção interiorizada (expressão utilizada por
Simone Ramain).

 As atividades corporais propostas favorecem a formação do


esquema e imagem corporal, facilitam a inter-relação do
sujeito no grupo, liberam recalques corporais, despertam e
refinam a sensibilidade, fortalecendo a estrutura egóica do
sujeito através da ação consciente - o ato psicomotor – que
realiza.

 Materiais como bolas de diferentes tipos, cores e tamanhos,


sacos de areia, tecidos e fitas, bambolês, elásticos e cordas,
esponjas e bastões de madeiras são utilizados como
instrumentos mediadores entre o sujeito e seu corpo ou,
entre um sujeito e outro.

 O manuseio destes diferentes tipos de materiais possibilita a


percepção de diferentes níveis de tônus muscular, de
diferentes sensações de peso em diferentes partes do
corpo, de apoio ao solo, de equilíbrio e a mobilização
dissociada de segmentos corporais, promovendo maior
consciência do eu-corporal no espaço.
Significado
 Em Ramain-Thiers os aspectos emocionais são
considerados fatores determinantes da qualidade das
relações estabelecidas entre o corpo e o ato
psicomotor, sendo consideradas, portanto,
determinantes do significado da ação.

 De modo geral, no Trabalho Corporal Ramain-Thiers


busca-se reeditar situações primitivas
experimentadas no contato corpo-a-corpo com a
mãe, em um estágio do desenvolvimento psicomotor
anterior ao verbal.

 As propostas de Trabalho Corporal são consideradas


experiências facilitadoras para a recomposição de
lacunas psíquicas promovidas por falhas ambientais,
decorrentes de faltas vivenciadas na relação entre
mãe-bebê.
Diferenciada
 As atividades de Psicomotricidade Diferenciada
encontram-se detalhadas no material denominado
Orientador Terapêutico Thiers.

 Há um Orientador Terapêutico Thiers para cada tipo


de grupo aos quais o trabalho alcança: para crianças
(OR.CR.), para adolescentes (OR.AD.) e para adultos
(OR.E.).

 Cada Orientador Terapêutico Thiers é composto por


uma série de conjuntos - agrupamentos de tipos de
propostas de atividades a serem executadas.

 Em sua grande maioria, os materiais que compõem


cada conjunto são elaborados manualmente pelo
socioterapeuta.
Orientadores terapêuticos
 As atividades apresentadas nos Orientadores Terapêuticos
Thiers são várias e envolvem dobraduras, cópias, trabalhos
com arame, quebra-cabeças, texturas e recortes, atividades
artísticas, representação de símbolos, entre outras.

 Ao mesmo tempo em que a execução da atividade


desencadeia a projeção dos conteúdos emocionais do
sujeito em seu próprio ato psicomotor, trabalha-se também
com a percepção visual e tátil, com a memória, a atenção, a
capacidade de discriminação de elementos e o controle
motor.

 Nas atividades que requerem o uso do lápis, a borracha


não é utilizada. Utilizam-se lápis de cores diferentes.
Quando um erro é notado, do lápis grafite preto inicialmente
utilizado, passa-se para o lápis vermelho, do vermelho
passa-se para o lápis azul e, do azul para o verde. O erro é
marcado para não ser esquecido, não ser dissimulado. É a
descoberta de que, trocando as cores dos lápis, pode-se
recomeçar e encontrar novos caminhos, novas saídas.
Orientadores Terapêuticos
 As instruções de orientação para execução das
propostas de atividades de Psicomotricidade
Diferenciada são, geralmente, pronunciadas
somente uma vez para o grupo. Quando há a
necessidade de se repetir a instrução, isto é feito
juntamente com o grupo, em uma tentativa de
resgate ou reconstrução da mesma através do
grupo. A instrução dada, em Ramain-Thiers, é a
Lei. Ela não deve ser transgredida e tampouco
dissimulada pois representa simbolicamente a
entrada do sujeito na cultura, na sociedade, como
um desdobramento da "proibição ao incesto",
apresentada pela psicanálise.
 As atividades propostas nos Orientadores Terapêuticos Thiers mobilizam
e correlacionam-se a determinados aspectos do desenvolvimento
emocional do ser humano. As correlações existentes entre o ato
psicomotor e os conteúdos psíquico-afetivos surgem a partir da
verbalização do sujeito em relação ao que vivenciou e produziu. É
através do modo como o sujeito realiza a atividade proposta que o
socioterapeuta pode analisar e perceber este tipo de correlação.
Observam-se alterações feitas durante a execução da atividade
proposta, como por exemplo inversões, ampliações ou diminuições
feitas a partir do desenho-modelo apresentado; uma execução parcial
ou fragmentada; se a atividade é feita e refeita várias vezes e,
principalmente, se houve a possibilidade de efetuar a troca das cores
dos lápis ou utilizar o durex como elemento reparador nas atividades
que envolvem o recorte. O modo como o sujeito manuseia o material
também é fundamental: se é com facilidade ou com rudeza; se o
transforma em algo completamente diferente daquilo que foi solicitado
ou não; qual o tipo de material que escolhe para trabalhar; se há recusa
em trabalhar com determinado tipo de material, ou ainda, se o material é
destruído.
Leitura do Grupo
 A leitura psicoterapêutica feita pelo socioterapeuta
com base nas verbalizações dos componentes do
grupo ou a partir da observação do modo de
execução da atividade, pode alcançar três formas:

 1) a vertical, feita a cada componente do grupo,


especificamente,

2) a horizontal, que parte da percepção do


movimento psíquico grupal,

3) a transversal, feita quando situações da


realidade atravessam as verbalizações feitas pelos
componentes do grupo terapêutico.
Os materiais que caracterizam o método

 1) o tipo de papel utilizado (quadriculado, pontilhado e


triangulado);
2) pranchas de madeira perfuradas, pranchas com
pregos eqüidistantes, pranchas de feltro, pranchas de
cartolina e isopor;
3) prancha vasada para tear manual;
4) os materiais elaborados a partir dos Orientadores
Terapêuticos Thiers
5) o lápis grafite preto, os lápis vermelho, azul e
verde.

 Além destes, vários tipos de materiais são utilizados


na execução das atividades de Psicomotricidade
Diferenciada. Utiliza-se muito material plástico: papéis
de diferentes tipos, cores e tamanhos (papel espelho,
laminado, camurça, celofane, crepon, cartolina, seda,
craft etc), tinta guache, tinta plástica, cola colorida,
cola simples, tesoura, pincéis, lápis de cor, giz de
cera, caneta hidrocor, argila, lantejoulas, tecidos.
Sucatas também são muito utilizadas.
Verbalização
 A Verbalização é o momento da sessão no qual o
grupo, através de cada um de seus componentes,
fala livremente a respeito do que vivenciou e
executou.

 A postura de continência por parte do


socioterapeuta, bem como a qualidade de sua
"escuta terapêutica" são fundamentais para o bom
desenvolvimento do grupo dentro do processo
psicoterapêutico.
Referências Bibliográficas
 GRUBITS,S. A Construção da Identidade Infantil - A
Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers e a ampliação do espaço
terapêutico. Ed. Casa do Psicólogo, São Paulo, 1996.

 LOBO, A.L. M. e MAZZOLINI, B. P. M. Programa de Avaliação


Ramain- Thiers. Ed. Casa do Psicólogo, São Paulo, 1997.

 THIERS, S e cols. A Sociopsicomotricidade Ramain-Thiers. Ed.


Casa do Psicólogo, São Paulo, 1995.

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