O documento descreve a escravidão na África pré-colonial e como ela foi transformada com a chegada dos europeus e árabes ao continente. A escravidão na África era principalmente doméstica e de pequena escala, mas os árabes desenvolveram o tráfico de escravos em larga escala através do deserto do Saara. Os portugueses iniciaram o comércio transatlântico de escravos no século 15, transportando os primeiros cativos da África para a Europa.
O documento descreve a escravidão na África pré-colonial e como ela foi transformada com a chegada dos europeus e árabes ao continente. A escravidão na África era principalmente doméstica e de pequena escala, mas os árabes desenvolveram o tráfico de escravos em larga escala através do deserto do Saara. Os portugueses iniciaram o comércio transatlântico de escravos no século 15, transportando os primeiros cativos da África para a Europa.
O documento descreve a escravidão na África pré-colonial e como ela foi transformada com a chegada dos europeus e árabes ao continente. A escravidão na África era principalmente doméstica e de pequena escala, mas os árabes desenvolveram o tráfico de escravos em larga escala através do deserto do Saara. Os portugueses iniciaram o comércio transatlântico de escravos no século 15, transportando os primeiros cativos da África para a Europa.
O documento descreve a escravidão na África pré-colonial e como ela foi transformada com a chegada dos europeus e árabes ao continente. A escravidão na África era principalmente doméstica e de pequena escala, mas os árabes desenvolveram o tráfico de escravos em larga escala através do deserto do Saara. Os portugueses iniciaram o comércio transatlântico de escravos no século 15, transportando os primeiros cativos da África para a Europa.
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ÁFRICA ANTES DA PARTILHA Apostila 2
• A escravidão foi um fenômeno de exploração do
ser humano que esteve presente em diversos lugares do mundo desde a antiguidade clássica até o século XX, tendo como característica principal a relação de domínio de um indivíduo sobre o outro. • Nesta relação, o dominado – o escravo – era visto como uma propriedade, devendo ter sua força de trabalho, bem como seu corpo, a disposição dos seus senhores. Estes, por sua vez, podiam usar da coerção para obterem a devida obediência (LOVEJOY, 1983: 29). Escravidão Doméstica • É importante fazer um adendo ao que se refere as terminologias escravo e escravatura. • Ambos os termos são conceitos ocidentais derivados da palavra “eslavo”, que designa o povo nascido no leste europeu, submetido a escravidão na Europa na Idade Média e substituído aos poucos pelos africanos a partir do século XV. Nenhuma língua africana conhecia, antes da chegada dos europeus, a palavra escravo e menos ainda escravatura. HENRIQUES, 2006: 62 e 67). • Dentro da África, a expansão de impérios, as disputas por rotas comerciais e por acesso aos rios eram alguns fatores desencadeadores de grandes conflitos entre as diversas etnias africanas, que acaba por provocar a “escravidão”. • Organizadas principalmente através das relações de parentesco, pelas quais os indivíduos estabeleciam suas identidades, as etnias derrotadas nestas batalhas eram submetidas ao domínio das etnias vencedoras. • Na áfrica, o parentesco determinava o lugar do indivíduo na sociedade, desta maneira, a hereditariedade também o condicionava a escravidão ou a liberdade, a depender da regra de parentesco existente em cada sociedade. • Além da guerra e da hereditariedade, existiam outras maneiras pelas quais o indivíduo poderia tornar-se escravo. • O cativeiro era uma forma de punir pessoas condenadas principalmente por assassinato, roubo, adultério e feitiçaria. •A compra, venda ou troca eram outras maneiras de escravizar o indivíduo. Pessoas endividadas penhoravam parentes como garantia de pagamento da dívida, sendo elas libertadas com sua quitação. • Os escravos deste sistema tinham sua força de trabalho utilizada principalmente na agricultura de pequena escala, podendo desempenhar outras funções dentro da sociedade, como o artesanato e o comércio, por exemplo, funções desempenhadas também por homens livres. • Os escravos eram poucos por unidade familiar, mas a posse deles assegurava poder e prestígio para seus senhores, já que representavam a capacidade de auto- sustentação da linhagem. • Não por acaso, nesse tipo de cativeiro se preferia mulheres e crianças. A fertilidade das mulheres garantia a ampliação do grupo. Daí que era legítimo as escravas se tornarem concubinas e terem filhos com os seus senhores. • Seguindo a mesma lógica, a incorporação dos escravos na família se dava de modo gradativo: os filhos de cativos, quando nascidos na casa do senhor, não podiam ser vendidos e seus descendentes iam, de geração em geração, perdendo a condição servil e sendo assimilados à linhagem. • Assim o grupo podia crescer com o nascimento de escravos, fortalecendo as relações de parentesco e aumentando o número de subordinados ao senhor. • A integração dos cativos também explica a predileção pela escravização de crianças, visto que elas mais facilmente assimilavam regras e constituíam vínculos com a família do seu senhor. • Em algumas sociedades, a exemplo do povo Sena de Moçambique, a escravidão também era uma estratégia de sobrevivência quando a fome e a seca se faziam desastrosas. A venda ou troca de um indivíduo da comunidade podia garantir a sobrevivência do grupo, inclusive de quem era escravizado. A troca de alguém por comida era uma forma de evitar a extinção do grupo. ESCRAVIDÃO ISLÂMICA • Desde que os árabes ocuparam o Egito e o norte da África, entre o fim do século VII e metade do século VIII, a escravidão doméstica, de pequena escala, passou a conviver com o comércio mais intenso de escravos. • A escravidão africana foi transformada significativamente com a ofensiva dos muçulmanos. Os árabes organizaram e desenvolveram o tráfico de escravos como empreendimento comercial de grande escala na África. • Desde os fins do século VIII, os árabes, partindo da região do Golfo Pérsico e da Arábia, disseminaram o islamismo pela força da palavra, dos acordos comerciais e, principalmente, das armas. Eram as guerras santas, as jihad, destinadas a islamizar populações, converter líderes políticos e escravizar os “infiéis”, ou seja, quem se recusasse a professar a fé em Alá. • Um dos primeiros povos a se converter ao islamismo, na África do Norte, foi o povo berbere. As cáfilas, como ficaram conhecidas as grandes caravanas que percorriam o Saara, eram formadas principalmente por berberes islamizados. • As cáfilas rumavam do Norte da África para as savanas sudanesas carregadas de espadas, tecidos, cavalos, cobre, contas de vidro e pedra, conchas, perfumes e, principalmente, sal. • No retorno, depois de meses, traziam ouro, peles, marfim e, cada vez mais, escravos. Calcula-se que, entre 650 e 1800, esse tráfico transaariano de escravos vitimou cerca de 7 milhões de pessoas, sendo que 20 por cento delas morreram no deserto. Rotas comerciais através do deserto do Saara. • Nessa interação, o Islã dos mercadores ia encontrando ora uma maior receptividade, ora a firme resistência das populações sudanesas adeptas de crenças tradicionais. Em muitos lugares a fé em Alá e o culto aos ancestrais conviveram, noutros a conversão ficou restrita ao soberano e à aristocracia, enquanto as pessoas comuns continuavam a professar as crenças herdadas dos antepassados. • Mas também se viu a conversão de populações inteiras, fosse para escapar do risco do cativeiro, já que apenas os infiéis podiam ser escravizados, fosse por sincera convicção religiosa. • Respaldados pela religião, que permitia a escravização de “infiéis”, ou seja, de não muçulmanos, os árabes capturaram e escravizaram muitos africanos. Para os seguidores de Maomé, a escravização era uma oportunidade de conversão, podendo o escravizado ser libertado ap ser instruído nos preceitos islâmicos. • No entanto, eram primordialmente as razões comerciais, e não as altruístas, que definiam a condição do escravizado, uma vez que este era uma peça fundamental para o comércio dos mercadores muçulmanos. • No mundo árabe, as ocupações destinadas aos cativos eram diversas: agricultores, concubinas, artesãos, domésticas, tecelões, entre outras. • Mas era como soldados que os escravos se faziam indispensáveis. A crescente busca muçulmana por novos territórios demandava um número cada vez maior de escravos para lutarem nas guerras, o que acentuou a violência nas buscas por novos escravos dentro do continente africano. • Além de produto de troca, o escravo era o carregador nas exaustivas viagens. Estava a seu encargo o transporte das barras de sal, dos fardos de tecidos, dos cestos de tâmaras, das armas, dos objetos de cobre. • Todo o mundo árabe foi se revelando um bom mercado para os cativos trazidos não só da África, mas também da Índia, China, Sudeste da Ásia e Europa Ocidental. Mas foi a África negra quem mais abasteceu os mercados de escravos, principalmente depois da ocupação do Egito e do Norte da África pelos árabes. • Ainda no século IX, o califado de Bagdá chegou a contar com 45 mil escravos negros trazidos pelos comerciantes berberes. • Esse tráfico voraz de gente de cor preta explica a presença de negros nas populações árabes. Desta maneira, a escravidão doméstica foi aos poucos substituída pelo comércio escravo em larga escala. No século XV, com a chegada dos europeus na costa africana,o tráfico de escravos foi intensificado atingindo dimensões intercontinentais. À partir deste momento a África passou a desempenhar um papel cada vez mais importante para a economia mundial, na qual os escravos de lá exportados passaram a constituir a base do modelo econômico que emergia. África Branca e África Negra
Mesquita de Abuja, na Nigéria
ESCRAVIDÃO CRISTÃ • Iniciado no século XV com a expansão europeia, o comércio Atlântico de escravos representou uma das maiores formas de violência contra o ser humano de que se tem notícia na História. • Considerado um dos empreendimentos mais complexos do mundo pré-industrial, o comércio atlântico de escravos transportou pessoas e bens entre a África, a Europa e as Américas, movimentando uma quantidade enorme de capital. • E foi grande o assombro dos africanos que viviam em Arguim, região do atual Senegal ao sul do Cabo Branco, ao notarem que barcos enormes e estranhos se aproximavam da costa. • Embora já estivessem acostumados com a presença estrangeira dos árabes, a visão dos europeus e de embarcação tão grande deve ter- lhes causado estranheza. • Após conquistarem Ceuta (1415), importante centro comercial localizado no extremo norte da África, os lusitanos tomaram direção rumo ao sul da costa ocidental. • No século XV, a presença portuguesa se restringiu a costa da África Ocidental, mais especificamente a região da Senegâmbia, a qual engloba, em seu contexto histórico, além do Senegal e da Gâmbia, Guine-Bissau e toda a área que circunda Serra Leoa. • Os primeiros escravos foram capturados ao sul do cabo Bojador (Saara Ocidental) e levados para Portugal em 1441. Respaldados pela Igreja, que via na escravidão uma forma de cristianizar os hereges. • Novas expedições de exploração na África chegaram a ilha Arguim (atual Mauritânia) em 1443. • Os escravos capturados neste período eram destinados principalmente a Europa, onde desempenhavam basicamente funções domésticas e agrícolas substituindo a defasagem de homens empenhados nas expedições marítimas. • Neste período, o ouro ainda era o produto mais desejado pelos portugueses, que seguiam suas explorações cada vez mais ao sul da costa oeste africana, mas a dificuldade em se chegar as fontes produtoras de ouro fez com que a presença lusitana se limitasse ao litoral. • A construção do forte São Jorge da Mina na Costa do Ouro (Gana), no ano de 1482, permitiu o estabelecimento de relações comerciais nas quais os portugueses trocavam escravos, vindos principalmente do Benim, por ouro em pó. • Pierre Verger (1987) classifica a fase do comércio escravo para o Brasil durante a segunda metade do século XVI, como o ciclo da Guine, designando “Guine” como a costa oeste ao norte do Equador. • A fim de suprir a demanda por escravos para as colônias hispânicas e portuguesas nas Américas, o predomínio lusitano se intensificou no litoral oeste africano tornando a região compreendida entre os atuais Senegal e Camarões o principal pólo exportador de escravos no século XVI. • Neste mesmo período a região congo-angolana (também conhecida como África Centro- Ocidental) já despontava como o segundo maior fornecedor de mão de obra escrava do continente. • Em fins do século XVI iniciou-se o segundo ciclo do comércio de escravos para o Brasil, no qual a maioria dos cativos importados foi tirada da região congo-angolana. • Com a decadência do Reino do Congo, os portugueses se voltaram para Angola, que além de ter uma população mais densa que o Congo, estava em melhor posição para atender ao aumento da procura portuguesa. • Desta maneira, Portugal intensificou sua participação no comércio de escravos em Angola, o que deu novo impulso a atividade em Luanda e (a partir de 1617) em Benguela. • Embora a maior parte dos escravos tenha sido dirigida as possessões espanholas no Novo Mundo, foram os portugueses quem forneceram os cativos aos espanhóis. • Desta forma, durante todo o século, os lusitanos foram os protagonistas do comércio Atlântico de escravos para a América espanhola. • Angola e a Costa dos Escravos (que se estendia do rio Volta ao rio Benim) tornaram- se as principais fomentadoras de cativos para as Américas, ultrapassando a Alta Guine e a Senegâmbia. • A crescente demanda por escravos no Brasil fez com que Luanda se tornasse desde o início do século XVII o mais importante porto atlântico de embarque de escravos. • Neste mesmo período, a procura por escravos na África Centro-Ocidental (Cabinda, Malembo, Sonio e Loango) se intensificou. • O ouro e os diamantes descobertos em meados da década de 1690 e a demanda por escravos para trabalhar nas minas da capitania do interior do Rio de Janeiro ocasionaram o aquecimento da economia desse porto atlântico e de suas plantações de cana de açúcar. • A expansão desses dois setores econômicos da colônia – a mineração e as plantações açucareiras – levou as casas comerciais do Rio de Janeiro a estabelecerem negócios com o porto de Luanda. • O aumento na procura por escravos para as Américas reforçou as atividades portuguesas em África, resultando na construção do Forte de São João Baptista de Ajuda, em Daome (1677-1680), e na instalação de uma feitoria em Bissau, em 1696. • Entretanto, a corrida por escravos não se restringiu a costa ocidental africana. O substantivo crescimento da produção de açúcar na América portuguesa - que fez com que as exportações da África Centro- Ocidental superassem as dos portos do norte - e a descoberta de minas de ouro em Minas Gerais em fins do século XVII provocaram uma intensa procura por escravos, os quais passaram a ser importados também da África Oriental, principalmente dos portos de Moçambique. • No século XVIII, o tráfico atlântico de escravos alcançou seu apogeu devido a expansão das plantation nas Américas. • A especialização na produção de algodão da porção sul das 13 Colônias britânicas na América do Norte, a extração de ouro e diamantes nas minas no Brasil e o desenvolvimento da indústria açucareira no Caribe e demais regiões das Américas fizeram com que as exportações de escravos para o Novo Mundo chegasse a 5,6 milhões, quase seis vezes mais do que no século anterior. • Do total de escravos exportados para as Américas no século XVIII, mais da metade foi destinada as colônias das ilhas caribenhas e aproximadamente um terço desembarcou no Brasil. • No início das explorações das minas no Brasil, houve uma preferência por escravos oriundos de regiões auríferas da África, uma vez que estes sabiam extrair o ouro dos rios e cavar os túneis nas minas. • A África Centro-Ocidental, o Golfo do Benim e o Golfo de Biafra, foram as principais regiões fornecedoras de mão de obra escrava para as Américas durante o século XVIII. • A maior parte dos escravos exportados neste período saiu da porção centro-ocidental da África: 30 a 45% do total de cativos comercializados. • O século do apogeu do comércio atlântico de escravos foi também marcado pelo início do declínio do sistema escravagista. • Foram as modificações surgidas na política econômica da Grã-Bretanha após a secessão das colônias americanas, que moveram a luta pela abolição do comércio de escravos. • A revolução industrial que acontecia na Inglaterra via na escravatura um obstáculo a expansão comercial, desta forma, o período do tráfico legal de escravos chega ao seu fim no século XIX. • Se no século XVIII o comércio de africanos escravizados foi a base sob a qual se estabeleceram a indústria e o comércio colonial dos Estados europeus, o fortalecimento econômico proporcionado pela acumulação de capital alcançado neste período implicou na necessidade de se ampliar o mercado consumidor dos produtos manufaturados. • Desta forma, a Grã-Bretanha iniciou uma luta pelo fim do comércio atlântico de escravos. • Entre 1803 e 1836, praticamente todos os países europeus abandonaram a prática Escravagista. • Brasil (independente do Império Português desde 1822) recebeu neste século o maior fluxo de escravos da história do comércio atlântico. • Os escravos desembarcados nos portos brasileiros neste período vinham de Moçambique e principalmente da África Centro-Ocidental, que exportou uma quantidade de cativos para o Brasil ainda maior que a do século anterior. • Foi somente no final do século XIX, com a lei Áurea de 1888, que a escravidão chegou ao fim no Brasil. • O século XIX e marcado, desta forma, pelo fim da exploração do comércio de cativos por parte dos europeus no Novo Mundo e pelo início de uma nova corrida imperialista dessas potências sobre o continente africano, especialmente com Conferência de Berlim em 1884-1885. • Hernandez,Leila Leite, África na Sala de Aula - Visita À História Comtemporânea - 2ª Ed. Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010. Download gratuito (somente na versão em português): Volume I: Metodologia e Pré-História da África (PDF, 8.8 Mb) ISBN: 978-85-7652-123-5 Volume II: África Antiga (PDF, 11.5 Mb) ISBN: 978-85-7652-124-2 Volume III: África do século VII ao XI (PDF, 9.6 Mb) ISBN: 978-85-7652-125-9 Volume IV: África do século XII ao XVI (PDF, 9.3 Mb) ISBN: 978-85-7652-126-6 Volume V: África do século XVI ao XVIII (PDF, 18.2 Mb) ISBN: 978-85-7652-127-3 Volume VI: África do século XIX à década de 1880 (PDF, 10.3 Mb) ISBN: 978-85-7652-128-0 Volume VII: África sob dominação colonial, 1880-1935 (9.6 Mb) ISBN: 978-85-7652-129-7 Volume VIII: África desde 1935 (9.9 Mb) ISBN: 978-85-7652-130-3