1842 Fisioterapia Na Saude Do Idoso
1842 Fisioterapia Na Saude Do Idoso
1842 Fisioterapia Na Saude Do Idoso
Saúde do Idoso
João Paulo Manfré dos Santos
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
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Editorial
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ISBN 978-85-522-1394-9
2019
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Sumário
Unidade 1
Fisioterapia na saúde do idoso����������������������������������������������������������������� 7
Seção 1.1
Princípios da saúde do idoso......................................................... 9
Seção 1.2
O envelhecimento do idoso e suas doenças����������������������������� 22
Seção 1.3
O Idoso e as questões sociais����������������������������������������������������� 35
Unidade 2
Promoção da saúde do idoso: institucionalizado,
em grupo de idosos, em ambulatório e em domicílio����������������������� 51
Seção 2.1
Institutos de longa permanência para idosos�������������������������� 53
Seção 2.2
Domicílio do idoso���������������������������������������������������������������������� 64
Seção 2.3
Fisioterapia preventiva no idoso������������������������������������������������ 75
Unidade 3
Avaliação em fisioterapia na saúde do idoso�������������������������������������� 91
Seção 3.1
Avaliação funcional do idoso����������������������������������������������������� 93
Seção 3.2
Avaliação da qualidade de vida no idoso�������������������������������106
Seção 3.3
Avaliação fisioterapêutica no idoso�����������������������������������������118
Unidade 4
Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idosos����������������������133
Seção 4.1
Quedas entre idosos������������������������������������������������������������������135
Seção 4.2
Fisioterapia nas principais disfunções do idoso I�����������������148
Seção 4.3
Fisioterapia nas principais disfunções do idoso II����������������160
Palavras do autor
O
lá, prezado aluno! Vamos iniciar nossos estudos sobre a Fisioterapia
na Saúde do Idoso. Recentemente, fomos mais uma vez infor-
mados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características
dos Moradores e Domicílios de 2017) que, em breve, teremos a maior parcela
da população formada por idosos. Essa modificação representa um desafio
grandioso em todos os setores da sociedade, especialmente na área da saúde.
Como a fisioterapia atua diretamente com funcionalidade, independência e
qualidade de vida, teremos papel de destaque nesse contexto, por isso, é funda-
mental que você se dedique muito para adquirir as competências e habilidades
esperadas pelo mercado de trabalho que atua com a saúde do idoso.
Você, certamente, deve estar se perguntando: mas que competências
são essas? Fique tranquilo, pois tudo será abordado de maneira dinâmica,
moderna e integrada com a nossa realidade. Ao final da disciplina, esperamos
que você tenha adquirido os conhecimentos relacionados aos princípios do
envelhecimento, às doenças e às questões sociais que interferem nos indica-
dores de saúde e mostram o verdadeiro cenário a ser encontrado. Esperamos,
também, que você compreenda a relação da promoção da saúde de idosos
institucionalizados em grupos e em ambulatórios, tanto do setor público
quanto do privado. Além disso, veremos e praticaremos os métodos e técnicas
de avaliação utilizados atualmente pela Fisioterapia na Saúde do Idoso, utili-
zando evidências atuais e alinhadas com o meio científico. Por fim, conhe-
ceremos e praticaremos as intervenções da Fisioterapia na Saúde do Idoso,
também com evidências atuais e alinhadas com as práticas mais modernas.
Para atingirmos esses objetivos, na primeira unidade, passaremos pelo
processo de envelhecimento e discutiremos os princípios de saúde do
idoso; o envelhecimento e suas doenças; o idoso e as questões sociais. Na
segunda unidade, trabalharemos os conteúdos que abordam a promoção
da saúde do idoso institucionalizado em grupos, em ambulatório e em
domicílio. Para isso, abordaremos as instituições de longa permanência,
o domicílio do idoso, além de refletir sobre como a fisioterapia pode atuar
preventivamente. Na terceira unidade, iremos perpassar pela avaliação em
fisioterapia na saúde do idoso, trabalhando conteúdos focados na avaliação
funcional do idoso, avaliação da qualidade de vida e avaliação fisioterapêu-
tica na saúde do idoso. Ao final, na quarta unidade, debateremos sobre a
atuação da fisioterapia nas enfermidades em idosos, trataremos das evidên-
cias sobre as quedas entre os idosos e como a fisioterapia pode atuar nas
principais disfunções desses indivíduos.
Como você pôde perceber, temos muitos assuntos interessantes pela
frente. O conteúdo foi organizado para que você tenha uma formação de
destaque e alinhada com o mercado de trabalho, portanto, mantenha o foco
e bons estudos! Lembre-se de que o estudo e, consequentemente, o aprendi-
zado, requerem planejamento e dedicação, por isso, inicie o quanto antes e
não se esqueça de estudar previamente as aulas e conteúdos abordados.
Bons estudos e sucesso!
Unidade 1
Convite ao estudo
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
somos, atualmente, mais de 200 milhões de brasileiros, destes, 8,77% são
idosos e estima-se que em 2030 este índice esteja em 13,44% (Estimativa
IBGE, 2017).
Muito destaque tem sido dado ao fato de doenças e agravos relacionados
ao envelhecimento estarem em ampla ascensão, apresentando-se como um
problema de saúde pública, devido à alta demanda pelos serviços de saúde.
Um Hospital Regional determinou a abertura de vagas para fisioterapeutas
atuarem no setor de geriatria devido ao aumento crescente da demanda desta
população em relação aos serviços prestados pelo hospital. O processo de
contratação aconteceria da seguinte maneira: primeiramente, os interessados
passariam por um processo seletivo composto por uma prova. Em seguida,
os aprovados seriam entrevistados pelo setor de Recursos Humanos (RH)
e, por último, haveria uma entrevista com o fisioterapeuta gerente do setor.
Ana Carolina, fisioterapeuta, inscreveu-se no processo seletivo e conse-
guiu aprovação tanto na prova teórica quanto na entrevista com o setor de
RH, agora falta apenas a entrevista com o fisioterapeuta gerente do hospital.
Ela se preparou para esta etapa com a ajuda de seus livros e de periódicos
eletrônicos que tratavam sobre as questões acerca da saúde do idoso.
Como nesta unidade buscaremos conhecer os princípios relacionados ao
envelhecimento, as doenças a ele associadas e as questões sociais, precisa-
remos nos aprofundar na concepção fisiológica do envelhecimento. Assim,
você será o orientador profissional de Ana Carolina e a auxiliará neste
processo seletivo, atuando na preparação concernente às seguintes reflexões:
- Estamos, enquanto sociedade, preparados para o processo de envelheci-
mento pelo qual passamos em nosso país?
- A estrutura do setor de saúde está preparada e acessível para atender ao
aumento de demanda provocado pelo envelhecimento?
- Enquanto futuros fisioterapeutas, como poderemos atuar para garantir
qualidade na assistência e, principalmente, para produzirmos ações efetivas
e capazes de modificar a realidade?
Para auxiliá-lo na resolução das questões levantadas e da situação
geradora de aprendizagem, passaremos pelo estudo fisiológico do envelhe-
cimento, pela relação com os aspectos nutricionais, pela sarcopenia e suas
consequências. Posteriormente, abordaremos a temática voltada para os
indicadores epidemiológicos associados à morbimortalidade dos idosos,
além de debatermos sobre as questões mentais, aspectos comportamentais
e emocionais, equilíbrio, postura e marcha. Falaremos, também, sobre os
problemas relacionados à imobilidade para, no fim, abordarmos as relações
sociais e familiares dos idosos, as políticas públicas, as instituições de longa
permanência e os idosos nativos.
Seção 1.1
Diálogo aberto
Vimos há pouco o processo de envelhecimento populacional pelo qual
o Brasil atravessa e as perspectivas de crescimento populacional desta faixa
etária, o que acarretará uma série de desafios para todo o setor de saúde.
Como um Hospital Regional determinou a abertura de vagas para fisio-
terapeutas atuarem no setor de geriatria/gerontologia, devido ao aumento
crescente da demanda desta população pelos serviços prestados no hospital,
Ana Carolina, fisioterapeuta, candidatou-se e, ao chegar para a entrevista
com o fisioterapeuta gestor, procurou se acalmar e refletir sobre a sua traje-
tória acadêmica e profissional que a capacitavam para assumir o cargo de
naquele estabelecimento de saúde.
Ana Carolina buscou em seus conhecimentos técnicos e científicos as
melhores respostas para demonstrar conhecimento e segurança. Você, como
o orientador profissional da Ana, trabalhou questionamentos semelhantes ao
do recrutador sobre quais são as principais teorias do envelhecimento e a suas
relações com a fisioterapia? O processo de envelhecimento acarreta mudanças
no setor de saúde em decorrência da sua fisiologia? O cenário atual e o futuro
do envelhecimento e da morbimortalidade desta população são desafiadores?
Como se deu essa preparação?
Taxa de mortalidade
101
102
50%
103
104
0%
0% 25% 50% 75% 100% 25% 50% 75% 100%
Percentual de expectativa Percentual de expectativa
máxima de vida (tempo) máxima de vida (tempo)
Reflita
Estimado aluno, reflita sobre dois pontos importantes acerca da saúde
do idoso:
1. Todas as alterações encontradas no idoso devem ser atribuídas ao
envelhecimento natural?
2. Sinais e sintomas naturais do processo de envelhecimento podem
ser atribuídos a doenças e gerar a utilização de recursos humanos e
materiais necessários para diagnosticá-las?
Exemplificando
No processo de envelhecimento, a insegurança alimentar torna-se muito
presente, em função de fatores que alteram o consumo de alimentos,
tais como alterações fisiológicas e da cavidade bucal, fatores econô-
micos e psicossociais, restrição da mobilidade e institucionalização. A
mudança alimentar traz preocupações importantes, principalmente, ao
considerar a alta prevalência das doenças crônicas não transmissíveis.
A fisioterapia deverá ter especial atenção a essas variáveis para alcançar
um atendimento de melhor qualidade, focando a prevenção de doenças
e agravos e buscando sempre melhorar a qualidade de vida dos idosos.
Fonte:<https://unasus.ufsc.br/atencaobasica/files/2017/10/Epidemiologia-ilovepdf-compressed.pdf>.
Acesso em: 27 ago. 2018.
Fonte:<https://unasus.ufsc.br/atencaobasica/files/2017/10/Epidemiologia-ilovepdf-compressed.pdf>.
Acesso em: 27 ago. 2018.
Descrição da situação-problema
Um grupo de fisioterapeutas busca alternativas para empreender na área
da Fisioterapia na Saúde do idoso. Para isso, contrataram uma consultoria
especializada em serviços de saúde que buscou compreender os objetivos
do grupo e quais serviços iriam disponibilizar e você foi designado como o
consultor responsável pela análise.
Para a realização do diagnóstico inicial, você partiu de questionamentos
centrais sobre como estavam os investimentos em fisioterapia para atenção
à população idosa? Como estavam as taxas de cobertura da população idosa
em relação à fisioterapia no Sistema Único de Saúde? Como estavam as taxas
de cobertura da população em relação à Fisioterapia no sistema suplementar
para atenção à população idosa?
Resolução da situação-problema
Segundo a consultoria, os maiores investimentos em fisioterapia para
atendimento da população idosa se deram em algumas regiões (Sul e Sudeste)
e as regiões que possuem maior cobertura dos serviços de fisioterapia são as
regiões Sudeste e Nordeste, entretanto, na última nota-se menor cobertura
das cidades.
Dessa forma, a consultoria explicou que há maior demanda pelos
serviços, baseando-se na área de cobertura e proporção de profissionais, na
região Nordeste em cidades de pequeno e médio porte, todavia, nos valores
dispensados à fisioterapia, a região Sul destaca-se.
Assim, a consultoria concluiu que as demandas provocadas pelo aumento
da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis e da elevação do
número de idosos gerou maior necessidade por serviços de fisioterapia.
Alguns centros já possuem a oferta bem estabelecida e focada nas necessi-
dades da população, entretanto, outras estão abertas. Caberá ao grupo definir
em qual nicho atuarão e estabelecer ações de promoção da saúde, prevenção
e tratamento de doenças e agravos relacionados ao envelhecimento, princi-
palmente, em relação a doenças do sistema cardiovascular e às doenças
neoplásicas. Será necessário, também, atuar nas causas externas.
a) Em 2050, a maior parte da população será composta por bebês e crianças, o que
indica aumento na prevalência de doenças infectocontagiosas.
b) Em 2050, a maior parte da população será composta por adultos, o que indica
aumento na prevalência de doenças infectocontagiosas.
c) Em 2050, a maior parte da população será composta por idosos, o que indica
aumento na prevalência de doenças infectocontagiosas.
d) Em 2050, a maior parte da população será composta por bebês e crianças, o que
indica aumento na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis.
e) Em 2050, a maior parte da população será composta por idosos, o que indica
aumento na prevalência de doenças crônicas não transmissíveis.
Diálogo aberto
Em todos os meios de comunicação, há informações sobre como o
processo de envelhecimento trará uma série de desafios para o setor de saúde,
tendo em vista o aumento da prevalência de doenças crônicas não transmis-
síveis em decorrência deste processo. Por isso, é comum observamos cada
vez mais idosos serem hospitalizados por conta de doenças como a depressão
e a demência, além de apresentarem grandes períodos de imobilidade que
podem gerar comorbidades, como a síndrome da fragilidade. Muitos estudos
mostram que os idosos possuem maior propensão a quedas, o que está
diretamente relacionado ao equilíbrio e à postura do idoso.
Nesse sentido, após passar o primeiro momento da entrevista para a vaga
de fisioterapeuta do setor de geriatria do Hospital Regional, Ana Carolina
sentiu-se mais calma e confiante ao perceber que tinha desenvolvido bem a
discussão com o gestor da área.
Neste momento, o fisioterapeuta responsável pela entrevista do processo
seletivo passou a questionar sobre a visão da Ana Carolina acerca do envelhe-
cimento e das doenças crônicas. Em seguida, aprofundou o debate sobre a
relação do idoso com a depressão, demência, motivação e suas consequências
para a sociedade. Por fim, levantou questões sobre como o envelhecimento
afeta o equilíbrio e a independência funcional e quais seriam os impactos
provocados pela imobilidade.
Para responder a esses questionamentos e produzir uma conversa interes-
sante, Ana Carolina baseou-se em estudos realizados em livros e periódicos
e nas sessões de orientação profissional que teve com você. Baseando-se
nestas sessões, como foram trabalhados estes conceitos teóricos? O que um
fisioterapeuta que trabalhará com saúde do idoso precisa conhecer sobre as
doenças crônicas? Como a depressão, demência e motivação são abordadas
na fisioterapia? Quais os impactos das alterações do equilíbrio e das quedas
em idosos? Por que a fisioterapia trabalha para evitar a imobilidade?
Assimile
Três doenças são muito comuns em idosos: a diabetes mellitus, hiper-
tensão arterial e dislipidemias. Elas possuem pontos em comum que serão
importantes para seu raciocínio clínico, como a alimentação rica em sódio
e baixa em potássio, gasto calórico baixo e sedentarismo, ou seja, a grande
parcela dos fatores de risco de doenças crônicas estão nos hábitos adqui-
ridos durante a vida, por isso, é importante focar esforços em todos os
âmbitos da assistência fisioterapêutica, perpassando pela promoção da
saúde, prevenção de doenças e o tratamento propriamente dito.
Exemplificando
Os principais critérios clínicos para diagnóstico de demência perpassam
por sintomas cognitivos que:
• Interferem na capacidade de trabalho ou de desempenhar atividades
usuais;
• Representam declínio de desempenho com relação a níveis prévios de
funcionamento;
• Não são explicados por delirium ou doença de cunho psiquiátrico
importante;
• Comprometimentos cognitivos ou comportamentais que afetam, no
mínimo, dois domínios (memória, função cognitiva, capacidade visuo-
espacial, linguagem, personalidade e comportamento).
Exemplificando
É comum que o idoso com depressão apresente uma piora do seu estado
geral com queixas sintomáticas que podem confundir o diagnóstico e
levar à redução significativa da qualidade de vida. Por exemplo, idosos
com depressão podem ter sintomas semelhantes aos de idosos com
hipotireoidismo, cujos sintomas são fadiga, falta de concentração e
baixa no humor.
Para que o idoso seja diagnosticado com depressão, ele deverá apresentar
humor deprimido e/ou perda de interesse ou prazer por, no mínimo, 2
semanas, acompanhado por sintomas como alteração do apetite, do sono,
fadiga e perda de energia, agitação ou retardo psicomotor, sentimento de
inutilidade ou culpa, concentração reduzida, diminuição da libido e ideação
suicida ou desejo de morte.
Assim, o idoso poderá, também, apresentar modificações no que se refere
à motivação, que perpassa pelas necessidades psicológicas básicas que são:
autonomia, competência e pertencimento. Nesse contexto, a saúde e a indepen-
dência funcional são importantes fontes para motivação de idosos, entretanto
fatores pessoais e fatores ambientais podem desempenhar papel decisivo.
No tocante à independência funcional, outro ponto importante a se
observar em idosos é o equilíbrio e seus efeitos na mobilidade e no risco
de quedas, oriundos das modificações no aparelho locomotor, componente
fisiológico efetor da mobilidade, que pode estar prejudicado pela fraqueza
muscular progressiva do envelhecimento. O idoso tende a adotar posturas
viciosas e irregulares, o que modifica a biomecânica da marcha e acarreta
perda do equilíbrio. Todas essas modificações impactam diretamente na
independência funcional e é importante destacar o efeito de medicamentos
como benzodiazepínicos e/ou psicoativos (que podem provocar sedação,
hipotensão postural, tremores, relaxamento muscular e fraqueza) e diuréticos
(que podem gerar fadiga, distúrbio hidroeletrolítico, poliúria e nictúria). O
processo de envelhecimento, em si, compromete a habilidade do sistema
nervoso central em processos que utilizam sinais proprioceptivos, visuais
e vestibulares, além de reduzir a capacidade de modificação dos reflexos
adaptativos, os quais culminam em ocorrência de desequilíbrio (presbia-
taxia), de vertigem e/ou tontura (presbivertigem) e mudanças no processo de
estabelecimento da resposta postural, nas “respostas posturais automáticas”
que, neste caso, estão ineficientes.
Reflita
Nem todas as alterações posturais podem ser classificadas como defeituosas
ou anormais, algumas podem ser compensatórias. Levando em consideração
essa compensação, como a fisioterapia pode atuar para reduzir o impacto das
modificações posturais associadas ao processo de envelhecimento?
Pesquise mais
Recomendamos a leitura do artigo intitulado Síndrome da fragilidade e
fatores associados em idosos residentes em instituições de longa perma-
nência, de Elisa Moura de Albuquerque Melo e colaboradores, publi-
cado na revista Saúde em Debate em 2018. Esse conteúdo permitirá
um aprofundamento sobre a prevalência de fragilidade e de fatores
associados em idosos institucionalizados.
Disponível em: <https://www.scielosp.org/article/sdeb/2018.v42n117/468-
480/>. Acesso em: 14 set. 2018.
Descrição da situação-problema
Três fisioterapeutas foram aprovados em um concurso público para
atuar com a fisioterapia na assistência domiciliar na atenção básica de
um município. Como o programa já existia e estava bem estruturado, ao
iniciarem as atividades, foram deslocados à área de avaliação e triagem de
novos casos.
Inicialmente, os três fisioterapeutas participaram de uma integração com
os demais profissionais do setor de atendimento domiciliar e, durante estas
atividades, realizaram a triagem de um paciente que apresentava síndrome da
fragilidade. Ao se depararem com o caso, quais condições os fisioterapeutas
deveriam ter verificado para determinar se o paciente estava apto a receber
atendimento domiciliar? Os casos de síndrome de fragilidade eram comuns
na área urbana em que estavam alocados? Quais os fatores que estavam
associados a esta síndrome e que poderiam virar ações de prevenção?
Resolução da situação-problema
A síndrome da fragilidade promove a desregulação de múltiplos sistemas
e diminui as reservas fisiológicas sustentadas por uma tríade de alterações
relacionadas ao processo de envelhecimento:
1. Sarcopenia.
2. Desregulação neuroendócrina.
3. Disfunção do sistema imunológico.
Esta tríade gera um fenótipo de fragilidade caracterizado por perda de
peso não intencional, fadiga, redução da força muscular, diminuição da
velocidade da marcha e redução do nível de atividade física. A síndrome da
fragilidade é considerada preditora de comorbidades, quedas, institucionali-
zação, incapacidade, piora da qualidade de vida e mortalidade.
Dessa maneira, a síndrome da fragilidade deve ser alvo de ações de inves-
tigação e intervenção, considerando as especificidades locorregionais. Assim,
indivíduos que apresentam incapacidades funcionais severas e dificuldades
de mobilidade devem ser considerados a receber atenção domiciliar da equipe
Com base no exposto, assinale a alternativa que apresenta a condição correta que gera
todas as disfunções citadas.
a) Tendinite do manguito rotador provocada por disfunções osteomioarticulares.
b) Osteoartrite cervical provocada por má postura.
c) Hipertensão arterial provocada por alteração no volume vasomotor.
d) Imobilidade por repouso prolongado no leito para tratamento de doenças.
e) Diabetes mellitus por desequilíbrio no metabolismo da glicose.
Doenças do aparelho circulatório 11,5 28,6 27,4 29,7 29,6 11,6 30,1 28,0 31,5 31,8
Doenças do aparelho respiratório 11,5 20,4 17,7 21,3 24,9 10,2 18,7 17,0 18,9 21,5
Doenças do aparelho digestivo 15,3 11,0 12,8 10,2 8,1 11,6 9,7 11,2 9,2 7,8
Doenças infecciosas e parasitarias 8,1 5,5 5,2 5,3 6,6 5,8 6,6 6,4 6,4 7,1
Doenças do aparelho geniturinário 5.8 7,2 7,2 7,5 6,6 17,0 5,3 6,8 4,8 3,5
Causas externas 15,3 4,1 4,7 3,5 4,1 3,9 4,6 4,0 4,5 6,2
Doenças endócrinas, nutricionais 2,8 4,5 4,2 4,4 5,1 2,9 6,4 6,3 6,4 6,5
e metabólicas
Doenças do sistema nervoso 2,7 3,1 3,0 3,1 3,1 1,7 2,9 2,6 2,9 3,5
Transtornos mentais e 11,7 1,7 2,8 1,0 0,6 4,9 1,4 2,1 0,9 0,7
comportamentais
Neoplasias 3,2 5,4 6,2 5,5 3,6 7,3 4,9 6,0 4,7 3,0
Doenças do sistema osteomuscular 4,5 2,0 2,4 1,8 1,5 2,8 2,6 2,9 2,6 2,1
e tecido conjuntivo
Gravidez, puerpério 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 13,7 0,0 0,1 0,0 0,0
Outras 7,6 6,5 6,5 6,7 6,3 6,8 6,7 6,7 7,1 6,2
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Loyola Filho et al. (2004).
Diálogo aberto
Caro aluno,
Em 2016 uma reportagem da TV Rio Sul com a fotógrafa Vívian Novas
abordou as visitas realizadas por ela às instituições de longa permanência
e a forma como retratou a beleza da terceira idade. O tom do seu trabalho
mostrou uma mistura de encantamento e fragilidade, provocada por fatores
como as relações sociais e familiares, os comportamentos e as emoções a eles
associadas, a inatividade e as políticas públicas para a saúde do idoso. Esses
temas perpassam cotidianamente por mesas de debates, comitês de saúde
e gabinetes de políticos e autoridades, todavia, nem sempre conseguimos
observar mudanças de rumos ou soluções que possam contribuir para
melhorar a qualidade de vida da população idosa.
Muitos dos idosos hospitalizados são provenientes de instituições
de longa permanência. Na situação-problema desta unidade, estamos
acompanhando o caso de Ana Carolina, que participava de um processo
seletivo para ingressar como fisioterapeuta do setor de geriatria e estava
no final da entrevista. O fisioterapeuta entrevistador mostrava-se bem
animado com as respostas desenvolvidas pela candidata e conduziu a
entrevista para o campo das questões sociais, abordando como ela atuaria
frente aos aspectos comportamentais e afetivos dos idosos, as relações
familiares e sociais, bem como a forma como ela atuaria com idosos
provenientes de instituições de longa permanência e com idosos inativos.
Ele fechou a entrevista tratando da compreensão de Ana Carolina sobre
as políticas públicas de saúde para idosos.
Ana sentiu-se muito feliz ao final da entrevista e estava certa de que
havia desenvolvido bem esta etapa da seleção, o que a deixou entusiasmada
com a grande possibilidade de ser contratada. O resultado seria fruto da sua
parceria na função de orientador profissional da candidata.
Baseado no trabalho de orientação profissional que você desenvolveu com
a Ana, como foram abordados esses temas tão importantes e complexos para
a Fisioterapia? Como o fisioterapeuta atua e tem seu trabalho influenciado
por aspectos comportamentais, afetivos e pelas relações sociais e familiares?
Quais os direitos adquiridos pelas políticas públicas de saúde dos idosos?
A compressão dos aspectos emocionais e comportamentais relacio-
nados ao envelhecimento, das relações sociais e familiares, a inatividade de
Exemplificando
Famílias que possuem idosos funcionalmente dependentes possuem
maior disfunção familiar, isso acontece em decorrência do estresse e
da intensidade das situações vivenciadas, aumentando as chances dos
idosos de desenvolverem depressão e ansiedade, além de afetar negati-
vamente a percepção do suporte social e do funcionamento familiar.
Nesse contexto, a família fica exposta a muitos desafios com forte poten-
cial para originar conflitos. Todavia, quando o idoso é percebido como
Assimile
A inatividade física de idosos associada à vida sedentária contribui para
a redução de independência funcional e para o início de muitas doenças
crônicas, pois o estilo de vida ajuda a determinar o declínio motor. Dessa
maneira, uma forma muito efetiva de se evitar que o idoso se torne
inativo é trabalhar, desde a idade adulta, com um estilo de vida fisica-
mente ativo, pois está bem evidenciado que idosos ativos apresentam
melhor desempenho psicomotor e qualidade de vida.
Envelhecimento
Reflita
As políticas públicas para idosos no Brasil seguem em consonância com a
realidade nacional e busca o bem-estar físico, social e mental de idosos?
O Estado e a Sociedade participam conjuntamente para que os idosos
possam viver a vida plenamente?
Descrição da situação-problema
Joaquim foi contratado para atuar como fisioterapeuta geriátrico em uma
instituição de longa permanência de uma cidade do interior do Brasil. Após
algumas semanas, recebeu a notícia de que Thiago seria contratado para
compor conjuntamente com ele a equipe de Fisioterapia. Joaquim animou-se
com o crescimento da equipe e chamou Thiago para conversar sobre as
funções que eles deveriam desenvolver em conjunto que eram: conhecer a
realidade e o cotidiano da instituição e dos seus residentes; realizar anamnese
e exame físico dos residentes; promover lazer e socialização dos residentes
de maneira individual ou em grupo; realizar atividades que promovam a
melhoria do bem-estar e da autoestima dos residentes.
Mas ao refletirem sobre as atividades desenvolvidas, questionaram se
as ações da Fisioterapia desta instituição de longa permanência auxiliariam
no restabelecimento e quais variáreis estariam envolvidas? Seria possível
modificar a vida dos residentes através da Fisioterapia?
Resolução da situação-problema
Sabe-se bem que as instituições de longa permanência têm como função
essencial ofertar cuidado e suporte às necessidades básicas, com vistas a melhorar
a qualidade de vida dos residentes. A Fisioterapia atua diretamente na promoção
de maior independência dos idosos para a realização das atividades da vida diária
e minimizar as consequências das alterações decorrentes do envelhecimento,
desempenhando papel central na melhoria da qualidade de vida.
Todavia, a execução das atividades relacionadas à anamnese e ao exame
físico, que promovam lazer, socialização e, consequentemente, bem-estar e
autoestima, encontram obstáculos significativos, tais como idosos com déficit
cognitivo ou com quadros demenciais e significativo grau de dependência.
Dessa maneira, o fisioterapeuta deve trabalhar, preferencialmente,
com atividades de promoção da saúde, prevenção de doenças ou de reabi-
litação. Para isso, recomenda-se a realização de atividades práticas que
promovam interação entre os membros para a melhoria da qualidade de
vida dos residentes.
Com base nas atividades citadas, quais são focadas na promoção da saúde de idosos?
a) Somente as sentenças I e II estão corretas.
b) Somente as sentenças I e III estão corretas.
c) Somente as sentenças II e III estão corretas.
d) Somente as sentenças I, II e III estão corretas.
e) Somente a sentença III está correta.
2. Quando uma família passa a ter um idoso acamado em sua residência, toda a
rotina dos membros da casa se altera e muitos desafios são impostos tanto ao idoso
quanto aos seus familiares. Um aspecto que merece especial atenção está na questão
comportamental e emocional do idoso e de sua família que podem estar alterados.
Diante desse cenário, analise as asserções a seguir:
POR QUE
II – A dependência é capaz de provocar sensação de inutilidade por parte do idoso
e a sensação de sobrecarga por parte dos familiares que têm sua rotina modificada.
Quais das ações elencadas podem ser realizadas pela Fisioterapia por meio de
políticas públicas que visem garantir saúde e bem-estar de idosos?
a) Somente as sentenças I e II estão corretas.
b) Somente as sentenças III e IV estão corretas.
c) Somente as sentenças I, II e III estão corretas.
d) Somente as sentenças II, III e IV estão corretas.
e) Somente as sentenças I, II e IV estão corretas.
Convite ao estudo
Uma reportagem da Folha de São Paulo, publicada em maio de 2018,
destaca o que hospitais, instituições de longa permanência e planos de saúde
oferecem à 3ª idade (LEWER, 2018). Na reportagem, observa-se o luxo e
glamour que alguns institutos oferecem aos usuários, com serviços que
vão desde restaurante com cinco refeições diárias e teatro até fisioterapia,
cujos valores praticados são exorbitantes e excludentes à grande parcela da
população. Todavia, as políticas públicas têm avançado de maneira lenta
no tocante à oferta de serviços como a fisioterapia domiciliar, fisioterapia
preventiva e até institutos de longa permanência com subsídios governa-
mentais, para tornar acessível à população mais carente e dependente dos
serviços públicos de saúde esse tipo de tratamento.
Por isso, a compreensão dos institutos de longa permanência com suas
equipes multiprofissionais é importante para que o Fisioterapeuta entenda
seu papel, suas principais atividades dentro das características sociais,
econômicas e de saúde dos idosos que ali residem. Além disso, é importante
entender as características e a estrutura básica que é prevista na realização de
atendimento domiciliar, o papel das equipes de saúde e dos familiares neste
processo, bem como o papel da fisioterapia e suas principais atividades dentro
do perfil de saúde dos idosos nas residências, considerando o perfil social e
econômico. Por fim, assimilar a importância da fisioterapia preventiva no
planejamento de um ambiente seguro e funcional para pessoas idosas, na
realização de uma comunicação eficaz e de programas de exercícios terapêu-
ticos individuais e em grupo. Todos estes conhecimentos auxiliarão na
compreensão da relação existente entre a promoção da saúde de idosos insti-
tucionalizados, em grupos, em ambulatórios e em domicílio e a aplicação de
exercícios para a promoção da qualidade de vida da pessoa idosa.
Neste contexto, o site Diário do Comércio, com dados de 2015, traz:
Diálogo aberto
Segundo a Organização Mundial de Saúde (ONU/BR, 2014), em 2050 o
mundo terá 2 bilhões de idosos e o Brasil passará por este processo de envelhe-
cimento apresentando gargalos importantes na sua estrutura de saúde pública,
assim, crescem serviços do setor privado que visam atender às necessidades desta
população, como por exemplo, as instituições de longa permanência.
A frente de trabalho da fisioterapia nas instituições de longa permanência
já é consolidada e está em amplo processo de expansão, tendo em vista o
envelhecimento populacional e a transição epidemiológica presente.
Fabiano, no seu primeiro dia de trabalho, precisou planejar as ações que
seriam realizadas com os residentes daquela instituição de longa perma-
nência, mas para que isto fosse realmente efetivo e seu planejamento tivesse
o êxito esperado, ele destacou pontos de atenção, como por exemplo, a estru-
tura da instituição, o papel da equipe multiprofissional e como a fisioterapia
se insere neste contexto, atividades a serem realizadas, além de traçar o perfil
dos idosos.
Para conseguir aprofundar no seu planejamento, ao final do período a equipe
de saúde da instituição se reuniu para discutir sobre os pontos levantados por
Fabiano. Como você faz parte da equipe de integração, de que maneira poderia
auxiliar o Fabiano a se preparar para os desafios que se apresentam?
Assimile
O indivíduo, ao envelhecer, traz consigo múltiplas mudanças fisiológicas
que acarretam prejuízos na funcionalidade física e cognitiva. O contexto
social e as relações familiares desempenham um papel fundamental na
manutenção da qualidade de vida e, quando ausentes, geram a necessi-
dade de institucionalização deste idoso, embora a legislação brasileira
estabeleça que o cuidado seja responsabilidade das famílias. Entretanto,
as ILPs, em vez de promoverem melhorias significativas, causam a acele-
ração do declínio funcional (físico e cognitivo) e da mortalidade.
Fonoaudiólogo 30,2%
11,7%
Nutricionista 86,5%
50,0%
Terapeuta Ocupacional 78,1%
25,0%
5,2%
Educador físico 3,3%
Musicoterapeuta 8,3%
1,7%
5,2%
Assistente Social 51,7%
25,0%
Psicológo 55,0%
Fisioterapeuta 89,6%
66,7%
Médica 81,3%
56,7%
Fonte: Lacerda et al. (2017, p. 748).
Reflita
O trabalho multidisciplinar em ILPs possibilita a atenção centrada no
usuário de forma plural e complexa? Ou requer atenção que se centra
em um eixo recortado e reduzido à área de atuação?
Exemplificando
Diversos são os métodos existentes para avaliar a independência em relação
à execução de atividades de vida diária, dentre os quais temos como exemplo
o índice de Barthel, que permite a análise do funcionamento do intestino e da
bexiga, da realização de cuidados pessoais, do uso do banheiro, da capacidade
de alimentar-se, da capacidade de transferência, da mobilidade, da capaci-
dade de vestir-se, de subir e descer escadas e tomar banho. Também há o
Timed Up and Go (TUG) que permite analisar a mobilidade funcional.
Exemplificando
O programa de tratamento fisioterapêutico deve enfatizar atividades
funcionais específicas que o idoso realiza ou necessita realizar no
contexto domiciliar, como transferências e deambulação.
Vamos supor o caso de um idoso institucionalizado que apresenta um
quadro pós-cirúrgico de fratura do colo do fêmur. O fisioterapeuta da
ILP deverá, primeiramente, realizar sua avaliação cinético funcional
com a finalidade de estabelecer os objetivos e as estratégias que serão
traçadas para melhorar e recuperar as funções prejudicadas em decor-
rência da fratura sofrida.
Desta forma, a fisioterapia nas ILPs tem como objetivos centrais, basica-
mente, promover ou manter a independência do idoso para a realização de
tarefas básicas de atividades de vida diária, no anseio de minimizar as conse-
quências das alterações fisiológicas e patológicas do envelhecimento, garan-
tindo melhoria da mobilidade e favorecendo qualidade de vida satisfatória,
por meio de ações simples e complexas.
Em resumo, a fisioterapia nas ILPs requer dos profissionais que sejam
criativos e persistentes, para promover melhora da autoestima dos residentes,
alívio da dor, evolução na realização de atividades funcionais, melhora no
equilíbrio, força muscular, amplitude de movimento, diminuição de quedas e
melhora nas atividades de vida diária. Por fim, destaca-se que a atuação fisio-
terapêutica é essencial para a reabilitação funcional e melhora na qualidade
de vida de idosos institucionalizados.
Pesquise mais
Para maiores informações sobre o idoso, a institucionalização e a fisio-
terapia, acesse o link que segue, que apresenta uma entrevista com a
fisioterapeuta Cristina Ribeiro.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Camila, Fernanda e você fazem parte da equipe de fisioterapia de uma
instituição de longa permanência. Ao final do semestre, vocês tiveram que
apresentar aos gestores desta instituição os indicadores de independência
funcional dos idosos que estavam sob atenção da fisioterapia, uma vez que no
semestre anterior vocês haviam demonstrado preocupações com a qualidade
de execução das atividades de vida diária e com a mobilidade funcional dos
idosos que ali residiam.
Logo, vocês buscaram, no início do semestre, métodos confiáveis para
verificar a qualidade destas ações e determinar os possíveis riscos. Quais
foram os achados e como eles indicaram os níveis de funcionalidade dos
idosos residentes?
Resolução da situação-problema
Camila e Fernanda, para verificar as atividades de vida diária, utilizaram o
índice de Barthel, que permitiu a elas a compreensão geral sobre o funciona-
mento do intestino e da bexiga, cuidados pessoais, uso do banheiro, capaci-
dade de alimentar-se, capacidade de transferência, mobilidade, capacidade
Com base no exposto, assinale a alternativa que apresente a análise correta sobre as
ações da equipe multiprofissional.
a) Somente as sentenças I e II estão corretas.
b) Somente as sentenças I e III estão corretas.
c) Somente as sentenças II e III estão corretas.
d) Todas as sentenças estão corretas.
e) Nenhuma das sentenças está correta.
Domicílio do idoso
Diálogo aberto
Isabela Palhares, em 17 de abril de 2018, publicou uma reportagem no
Jornal O Estado de S. Paulo na qual destaca o aumento do número de estabe-
lecimentos que prestam serviço de atendimento domiciliar na área da saúde,
setor que em 2017 cresceu 35% em comparação a 2016 em decorrência do
envelhecimento populacional e da percepção dos convênios sobre a humani-
zação e a redução dos custos em comparação à hospitalização.
Fabiano foi contratado por uma empresa especializada em atendimento
domiciliar. Sua jornada de trabalho seria distribuída em dois períodos, um
prestando atendimento em instituições de longa permanência e a outra, em
atendimento domiciliar para idosos. Passou por treinamento para adequação
à cultura da empresa e dos processos relacionados à função.
Em um dia de muitas experiências novas, Fabiano foi para o escritório
da empresa para realizar o planejamento das ações do seu atendimento fisio-
terapêutico domiciliar. Assim como fôra realizado na instituição de longa
permanência, ele levantou alguns pontos de atenção e conjuntamente com
outros colegas da equipe discutiu os pontos levantados para se preparar
para suas atividades profissionais: como são das características estruturais
dos domicílios atendidos? Como se dá a relação com a equipe de saúde da
família? Qual seria o seu papel como fisioterapeuta? Quais atividades seriam
desenvolvidas com base no perfil de saúde dos idosos?
Você, como fisioterapeuta já integrante desta equipe, participou deste
debate e auxiliou Fabiano, baseado em suas experiências.
Domicílio Nuclear
(casal com filhos) Filho cuida do casal de idosos.
Pesquise mais
Caro aluno, sugerimos a leitura do artigo de Ihana Thaís Guerra de
Oliveira Godin e colaboradores, que aborda aplicação de exercícios
terapêuticos no atendimento domiciliar na Doença de Parkinson. Neste
artigo você poderá verificar a forma de se aplicar os conceitos relacio-
nados ao atendimento domiciliar conjuntamente com a cinesioterapia à
uma doença específica.
GONDIM, I. T. G. O.; LINS, C. C. S. A.; CORIOLANO, M. G. W. S. Exercí-
cios terapêuticos domiciliares na doença de Parkinson: uma revisão
integrativa. Rev. bras. geriatr. gerontol., Rio de Janeiro, v. 19, n. 2, mar./
abr. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1809-98232016000200349&lng=en&nrm=iso>. Acesso
em: 13 out. 2018.
Exemplificando
O fisioterapeuta poderá trabalhar na assistência domiciliar diretamente
com os idosos melhorando a força muscular, o equilíbrio e a marcha,
alertando os familiares e cuidadores quanto aos riscos e à necessidade
de adaptação ambiental, como a maneira correta de caminhar com o
idoso, para que este não caia durante a marcha, e quanto ao estímulo à
movimentação, a fim de evitar perda muscular.
Assimile
A proximidade do fisioterapeuta ao ambiente familiar/domiciliar do
idoso possibilita a realização de cuidados diretos no tratamento de
possíveis doenças ou alterações musculoesqueléticas. Também propor-
ciona conhecimento profundo das barreiras ambientais e relacionais
na prevenção de agravos à saúde do idoso e da família, no treino de
atividades de vida diárias, além de instruções na adaptação à realidade
experimentada pelo idoso.
Reflita
As atividades que podem ser desenvolvidas pela fisioterapia e pela equipe
multiprofissional no atendimento domiciliar de idosos estão presentes em
um amplo conjunto de recursos terapêuticos que possibilitam trabalhar com
promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos e reabilitação. Justa-
mente por apresentar uma gama ampla e variada de possibilidades, quais
fatores são determinantes para se escolher adequadamente as melhores
atividades terapêuticas a serem desenvolvidas?
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Ingrid, fisioterapeuta da rede pública de saúde, fazia parte do setor de atendi-
mento domiciliar em cuidados paliativos. Durante a Conferência Municipal de
Saúde, foi convidada pelo Secretário de Saúde para explanar sobre as atribuições
Resolução da situação-problema
Ingrid começa explicando que a atuação fisioterapêutica domiciliar nos
cuidados paliativos remete sempre à reflexão bioética vivenciada no cotidiano
de trabalho, seja na aproximação ou no distanciamento, na humanização e na
dignidade humana.
O profissional expõe-se à angústia e ao sofrimento existencial experi-
mentado pelo paciente terminal e pela família; por isso terá que estar prepa-
rado para enfrentar altos índices de estresse, a fim de evitar decréscimo da
efetividade das suas ações e seu adoecimento crônico.
As ações profissionais pautadas na bioética seguirão uma tríade carac-
terizada por autonomia, dignidade e direitos humanos. E para que as ações
sigam sempre estes princípios e estejam aliadas às melhores práticas, a
educação permanente dos profissionais auxilia na elaboração de cuidados
domiciliares e na utilização de equipamentos de saúde. Além disto, ao traba-
lhar diretamente com a questão da morte e do morrer, há necessidade de
apoio psicológico sempre que for necessário.
Portanto, os desafios do atendimento domiciliar em pacientes terminais
seguem os que são apresentados à fisioterapia domiciliar tradicional, com
a adição destes pontos que foram levantados e influenciam diretamente os
resultados dos objetivos propostos pela equipe de saúde.
Diálogo aberto
Caro aluno, você já viu ao longo do curso os diversos benefícios de se
trabalhar com a promoção da saúde e a prevenção de doenças, principal-
mente, com a população idosa. Como o envelhecimento provoca uma série
de modificações fisiológicas, passa a ser objetivo das estratégias de saúde a
busca pelo bem-estar e qualidade de vida de idosos.
Fabiano, atuando neste mercado de saúde voltado para o atendimento
domiciliar e entusiasmado pelos desafios que se apresentavam, observou
em seus atendimentos, após passar o período de adaptação na empresa em
que foi contratado, a necessidade em se trabalhar com fisioterapia preven-
tiva tanto na instituição de longa permanência quanto nos domicílios dos
idosos, e por isso planejou uma ação de educação continuada para com os
seus clientes. Então elegeu os tópicos que seriam abordados:
99 Qual o papel da fisioterapia na prevenção de doenças e agravos?
99 Como planejar um ambiente seguro e funcional para pessoas idosas?
99 O idoso compreendeu os comandos que foram dados? Qual a melhor
forma de comunicação?
99 Quais exercícios terapêuticos podem ser realizados individualmente
e em grupos?
Para realização desta ação, Fabiano recorreu aos livros de sua biblioteca e
artigos científicos disponíveis em base de dados eletrônicas a fim de fornecer
aos idosos a melhor evidência disponível. Vamos ajudá-lo a desenvolver esta
ação com os idosos atendidos por essa empresa?
Logo você utilizará estes conceitos na sua prática clínica, por isso, aproveite
ao máximo o material e extrapole para as suas experiências acadêmicas.
Assimile
O fisioterapeuta que trabalha com a saúde do idoso deve estar prepa-
rado para lidar com o processo de envelhecimento e com a subjetividade
da pessoa idosa, com o objetivo de romper a fragmentação do processo
de trabalho e promover a interação multiprofissional, para que sejam
criadas condições para a melhora da qualidade de vida.
Reflita
Como é a realidade do ambiente da sua moradia? Ela está preparada ser
um ambiente seguro e funcional para a pessoa idosa?
E como é o ambiente da área residencial em que você vive? Existem mais
facilitadores ou mais barreiras?
Alterações Estratégias
Alterações auditivas Chegar próximo ao ouvinte, para que ele possa ver e ouvir o in-
terlocutor.
Colocar-se à frente do ouvinte, com atenção para que a luz do
ambiente não ofusque a sua face.
Tocar o paciente ou sinalizar para chamar a atenção do ouvinte
antes de iniciar a fala.
Diminuir ruído e fundo de música.
Falar em volume normal, em ritmo normal, pronunciando clara-
mente as palavras.
Observar o movimento de cabeça do ouvinte para identificar o
lado de maior facilidade de captação e percepção de som.
Ser objetivo na fala.
Exemplificando
Um protocolo de cinesioterapia em grupo para promoção da qualidade
de vida de idosos pode utilizar: caminhada (cinco minutos), exercícios de
fortalecimento com caneleiras, exercícios funcionais, circuito integrado
de marcha com obstáculos, exercícios de resistência muscular, treino de
equilíbrio, alongamento e relaxamento.
Pesquise mais
Recomenda-se a leitura da dissertação de mestrado de Angélica de
Conti, sob título A importância da cinesioterapia na melhora da quali-
dade de vida nos Idosos. Sugerimos a leitura da seção 2.4, Cinesioterapia,
que se inicia na página 27 e finaliza na página 33.
DE CONTI, A. A Importância Da Cinesioterapia Na Melhora Da Quali-
dade De Vida Dos Idosos. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universi-
dade Católica do Rio Grande do Sul. Instituto de Geriatria e Gerontologia.
Mestrado em Gerontologia Biomédica, 2011. Disponível em: <http://
repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/3574/1/000434302-Tex-
to%2bCompleto-0.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2018.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Você estava em sua clínica quando recebeu o Sr. Roger, 82 anos de idade,
sem doença de base mas com queixa principal de dificuldade em realizar
atividades funcionais que fazem parte do seu dia a dia.
Durante a avaliação cinética funcional, verificou-se que havia um déficit
na força muscular e na flexibilidade dos membros inferiores, além da dificul-
dade em subir e descer escadas e maior risco de quedas.
Frente ao que fora encontrado, como a fisioterapia preventiva poderá
auxiliar na melhora da qualidade de vida do Sr. Roger?
Resolução da situação-problema
O envelhecimento provoca muitas modificações fisiológicas, sendo
comum observar redução da força muscular e da flexibilidade. No caso do
Sr. Roger, a diminuição da força muscular e da flexibilidade de membros
inferiores culminaram em maior dificuldade de realizar atividades funcionais
como subir e descer escadas, além de alterar o equilíbrio durante a marcha.
Neste cenário, a fisioterapia preventiva pode fazer uso da cinesioterapia com
vistas a melhorar os déficit encontrados e aumentar a qualidade de vida do Sr.
Roger. E para alcançar o aumento da independência funcional, a cinesioterapia
2. As quedas são muito comuns em idosos, por isso são consideradas como um
problema de saúde pública. A fisioterapia preventiva executa um papel essencial na
prevenção de quedas em idosos, como ações relacionadas à cinesioterapia e no que se
refere às ações que podem ser realizadas.
Analise as asserções a seguir:
I – Realiza exercícios de fortalecimento e treinamento de equilíbrio, como exercícios
isométricos e proprioceptivos, respectivamente.
PORQUE
II – A fraqueza muscular está associada com a incapacidade funcional e o menor
equilíbrio, o que torna o idoso mais suscetível a quedas, tendo em vistas as mudanças
biomecânicas e funcionais que ocorrem ao longo deste processo.
Convite ao estudo
Caríssimo aluno, nesta unidade veremos os aspectos relacionados à
avaliação fisioterapêutica da pessoa idosa, pois, como você pode ter notado, o
Brasil atravessa um processo de envelhecimento acelerado que acarreta uma
série de demandas na área da saúde. Nesse contexto, a saúde pública, por
meio da atenção primária, tem um papel fundamental de estabelecer práticas
voltadas para a promoção da saúde, prevenção de doenças, reabilitação e
melhora da qualidade de vida.
Para isso, utilizaremos, neste material, instrumentos para que você
conheça e possa praticar métodos e técnicas de avaliação que são empregadas
na área da Fisioterapia aplicada à saúde da pessoa idosa.
Estima-se que em um futuro breve o Brasil tenha uma grande parcela
da sua população composta por idosos. Espera-se que em 2025 o Brasil
seja o sexto país com mais idosos no mundo (OMS, 2005), por isso, muitas
empresas já atuam voltadas para esse mercado promissor cujos negócios
concentram-se em saúde, segurança e bem-estar.
Atualmente observamos várias possibilidades de atuação nos mais
diversos ambientes, tais como, academias especializadas, clínicas especiali-
zadas, spas, serviços de saúde home care, atenção primária, entre outras. Em
todas, a Fisioterapia destaca-se pela atuação frente às necessidades funcio-
nais dos idosos.
Diante desse cenário, um grupo de Fisioterapeutas do Núcleo de Apoio
à Saúde da Família (NASF), em uma reunião de rotina, observou a necessi-
dade de um treinamento para adequar e padronizar os processos avaliativos
empregados em suas práticas fisioterapêuticas, principalmente para classi-
ficar os usuários frente às necessidades mais evidentes.
Para isso, esse grupo convidou profissionais de destaque para a realização
do treinamento com base em três grandes pilares:
Avaliação funcional do idoso.
Avaliação da qualidade de vida no idoso.
Avaliação fisioterapêutica no idoso.
E para adentrarmos nessa temática, deixaremos alguns questionamentos
que poderão lhes auxiliar no entendimento dos conteúdos que serão traba-
lhados: como saber quão comprometidos, funcionalmente, estão ou não os
idosos atendidos pela Fisioterapia? Os instrumentos existentes são confi-
áveis, fidedignos e reprodutíveis? É possível mensurar e estabelecer uma
métrica para a qualidade de vida? Como a Fisioterapia avalia integralmente
a pessoa idosa e como utiliza esse recurso para entender os níveis de saúde e
as necessidades dessa população?
Para que você possa responder a esses e outros questionamentos que
possam surgir nesta temática, passaremos pelos seguintes conteúdos: a funcio-
nalidade e suas alterações no envelhecimento, os aspectos de saúde geral a
serem avaliados na pessoa idosa, os princípios da avaliação física e funcional
e os testes funcionais: avaliação do nível de atividade física, avaliação da
prática de atividade física, avaliação cognitiva, avaliação da qualidade de vida
e avaliação dos aspectos sociofamiliares. Passaremos também pela avaliação
física e funcional nas enfermidades metabólicas, traumáticas, neurológicas,
cardiovasculares e reumatológicas.
Seção 3.1
Diálogo aberto
O envelhecimento populacional é um fenômeno global que ocorre como
consequência do acentuado declínio na taxa de fecundidade e do aumento
da expectativa de vida, fato que trouxeram os processos de transição
demográfica e epidemiológica. No Brasil, essas transições trouxeram uma
tripla carga de doenças: contínua incidência de infecções, forte crescimento
de causas externas e elevação da prevalência de doenças crônicas; além de
desafios importantes para a saúde pública e a atenção à saúde da pessoa idosa
(MIRANDA; MENDES; SILVA, 2016).
Um grupo de Fisioterapeutas do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF), do qual você faz parte, realizou uma reunião de rotina e observou
a necessidade de um treinamento para adequar e padronizar os processos
avaliativos empregados em suas práticas fisioterapêuticas, principalmente
para classificar os usuários frente às necessidades mais evidentes.
Você e os demais fisioterapeutas do Núcleo da Apoio à Saúde da Família
(NASF) estavam animados e entusiasmados com o início do treinamento
cujo foco central era a avaliação funcional do idoso.
Vocês destacavam a importância de se padronizar a funcionalidade do
idoso com instrumentos utilizados no meio científico, uma vez que essa
variável é um bom indicador do estado de saúde dos usuários, que possibili-
taria a gestão de recursos de acordo com a atividade realizada e um direcio-
namento eficiente dos cuidados de saúde.
Ao iniciar o treinamento, o Fisioterapeuta passou a agenda para o time
do NASF e destacou os pontos que seriam abordados, perpassando desde a
funcionalidade até a utilização de testes específicos.
Ao final, vocês consolidaram um manual com os conteúdos trabalhados
pelo palestrante para auxiliar na busca por informações sobre a avaliação
funcional do idoso. Quais informações foram inseridas nesse manual?
1 – no comando o idoso se levanta da cadeira; 2 – o idoso anda por 3 metros; 3 – o idoso gira em torno da
marcação de 3 metros; 4 – o idoso caminha de volta para cadeira; 5 – o idoso se senta novamente na cadeira.
Exemplificando
Você, ao receber um idoso no seu consultório, observou que uma de
suas principais queixas estava relacionada à dificuldade em manter
o equilíbrio ao executar tarefas relacionadas ao seu cotidiano.
Após a anamnese e a realização de alguns procedimentos relacio-
nados à avaliação cinética funcional, você buscou entre os testes
funcionais aqueles que analisassem o equilíbrio estático, para isso,
Reflita
Você, ao ler sobre os testes funcionais, viu sobre como interpretar os
testes e o que eles indicam. Dessa forma, quero lançar uma reflexão:
quais testes funcionais você utilizaria para analisar o risco de quedas na
população idosa?
Pesquise mais
Recomendo que você assista a um vídeo sobre avaliações qualitativas
de equilíbrio estático e dinâmico realizadas em uma idosa de 64 anos.
FERNANDA FERNANDES. Avaliações Qualitativas de Equilíbrio Estático
e Dinâmico – Avaliada: Dalma Bastos, 64 anos. 19 jun. 2012.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Durante o processo de envelhecimento, diversas funções fisiológicas
passam por comprometimentos e declínios, umas mais evidentes do que
outras, mas todas muito importantes para a manutenção da funcionalidade
e qualidade de vida da pessoa idosa. O equilíbrio é uma das funções mais
prejudicadas conforme o indivíduo envelhece, por isso, a demanda por
auxílio nas clínicas e nos consultórios de Fisioterapia quanto aos déficits de
equilíbrio está cada vez maior.
Você possui uma clínica, que tem como especialidade a utilização de
Figura | Distribuição dos idosos estudados de acordo com a associação entre capaci-
dade funcional e sexo (%). Campina Grande – PB, Brasil
De acordo com os dados apresentados por Silva e Menezes, pode-se concluir que:
Diálogo aberto
Diversas reportagens mostram que a expectativa e a qualidade de vida
dos indivíduos com mais de 60 anos melhorou significativamente nas últimas
décadas. Muito dessa mudança de cenário tem como resultados a maior
consciência sobre o estado de saúde e o bem-estar. Muitos idosos relatam que
a independência funcional associada à prática de atividade física melhora a
autoestima, o humor e a felicidade. A seguir, listamos alguns exemplos de
reportagens para que você possa ler mais sobre o tema:
• GILLY, L. Com dores, idosa começa atividade física e afirma: ‘não
fiz cirurgia e os problemas acabaram’. G1 Sul do Rio e Costa Verde,
[S.l.], 1 out. 2018, 16h06.
• 5 OPÇÕES de atividades físicas para idosos. Saúde Brasil, [S.l.], 28
set. 2018.
• MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.
Atividade física. Belo Horizonte, MG: Secretaria de Estado de Saúde
de Minas Gerais, [s.d.].
Sigamos em nosso eixo-temático proposto no Convite ao estudo, em
que os fisioterapeutas do Núcleo de Apoio à Saúde da Família estabele-
ceram a necessidade de passarem por um treinamento visando à adequação
e à padronização dos processos avaliativos empregados em suas práticas
fisioterapêuticas.
No segundo dia de treinamento, você e os demais fisioterapeutas do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família destacaram as evoluções observadas
após o primeiro encontro e a produção do manual e mantiveram a proposta
para esse segundo encontro.
Nesse encontro, o treinamento seria sobre a avaliação da qualidade de
vida no idoso, de modo a compreender o idoso em toda a sua essência e não
apenas no aspecto físico-funcional, considerando questões sociais, culturais,
familiares, laborais, religiosas, entre outras.
O fisioterapeuta que é responsável pelo treinamento explicou os instru-
mentos de avaliação da qualidade de vida, suas aplicabilidades, modo de
operação e interpretação dos resultados. Novamente, vocês se mobilizaram
a fim de consolidar um manual com os conteúdos trabalhados pelo pales-
trante. Quais instrumentos e conceitos fizeram parte dessa construção? Esses
Pesquise mais
Acesse o artigo indicado a seguir para conhecer o instrumento Questio-
nário de Baecke validado para a língua portuguesa, apresentado na
página 31.
Exemplificando
O IPAQ pode ser aplicado em idosos para que se verifique como o déficit
de equilíbrio e de mobilidade funcional impactam os níveis de atividade
física. O questionário também pode ser utilizado como instrumento de
análise da progressão de idosos que estejam submetidos à assistência
da fisioterapia.
Pesquise mais
Para conhecer o questionário IPAQ, validado para a língua portuguesa,
acesse a página 14 do artigo a seguir:
Pesquise mais
Recomendamos a leitura do artigo de Nelyse de Araújo Alencar e
colaboradores (2010), que traz uma análise dos níveis de atividade física,
autonomia funcional e qualidade de vida em idosas ativas e sedentárias.
Reflita
A avaliação do nível de atividade física, do estado mental, da qualidade de
vida e dos aspectos sociofamiliares requer um recordatório e confiança
do idoso no profissional que realiza a avaliação. O que você faria para
criar um ambiente de respeito e confiança de modo que o idoso forneça
as informações necessárias para seu planejamento terapêutico?
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Com o avanço do envelhecimento populacional, as demandas pelos
serviços de saúde aumentam vertiginosamente. Nesse contexto, a prefeitura
PORQUE
Diálogo aberto
Como já vimos em outros momentos desta disciplina, a população
idosa passa por um processo de crescimento no Brasil. Com isso, abre-se
um importante nicho de mercado voltado para garantir a essa população
a devida qualidade de vida. No caso da fisioterapia, realiza-se um trabalho
direcionado ao movimento e funcionalidade, seja em idosos sem doença de
base, seja em idosos com as mais diversas enfermidades. Todavia, a atuação
da fisioterapia na saúde do idoso é tão complexa que requer uma formação
ampla e voltada tanto para o diagnóstico cinético funcional acurado quanto
para a elaboração de programas de tratamento.
No início da unidade trabalhamos com uma necessidade de treinamento
de um grupo de fisioterapeutas do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF), que gostariam de adequar e padronizar os processos avaliativos
empregados em suas práticas fisioterapêuticas, principalmente para classifi-
carem os usuários em relação às necessidades mais evidentes. Inicialmente, a
solução encontrada foi trazer profissionais de destaque para a realização do
treinamento com base em três grandes pilares: avaliação funcional do idoso,
avaliação da qualidade de vida no idoso e avaliação fisioterapêutica no idoso.
No primeiro dia de treinamento, o fisioterapeuta convidado destacou os
pontos que seriam abordados, perpassando desde a funcionalidade até a utilização
de testes específicos e, ao final, você e a equipe de fisioterapeutas consolidaram um
manual com os conteúdos trabalhados. No segundo encontro do treinamento,
vocês participaram do treinamento sobre os instrumentos de avaliação da quali-
dade de vida, suas aplicabilidades, modo de operação e interpretação dos resul-
tados, e continuaram a inserir essas informações no manual que desenvolviam.
No último encontro do treinamento, você e os demais fisioterapeutas do
Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) caminhavam para a padroni-
zação dos processos avaliativos, o que possibilitaria a geração de indicadores
de saúde fidedignos e passíveis de comparação.
Entretanto, para atingirem os objetivos iniciais de adequação e padroni-
zação dos processos avaliativos a fim de, principalmente, poderem classificar
os usuários em relação às necessidades mais evidentes, faltava passarem pela
avaliação fisioterapêutica nas diferentes áreas de abrangência da saúde do
idoso. Para isso, o fisioterapeuta responsável pelo treinamento utilizou um
modelo diferente de atuação: em um primeiro momento, pediu para que o
Fonte: adaptado de Ciolac e Guimarães (2002 apud CIOLAC; GUIMARÃES, 2004, p. 321).
Assimile
A avaliação física e funcional em idosos com enfermidades metabólicas
pode incluir métodos cotidianos da avaliação fisioterapêutica, como a
cirtometria, peso, altura e IMC, frequência cardíaca em repouso, além
da utilização de escalas de dor e de avaliação postural.
Reflita
Apesar de discutirmos como se elabora um racional avaliativo em idosos
com enfermidades traumáticas, a fisioterapia pode atuar no diagnós-
tico de comprometimentos e disfunções ainda não determinados? A
avaliação funcional poderia auxiliar na determinação de disfunções
ainda não diagnosticadas? A avaliação funcional permite determinar o
grau de dependência da pessoa idosa e os tipos de cuidados que serão
Exemplificando
Idosos com sequelas de acidente vascular encefálico seguem uma
rotina de intervenção e tratamento que varia conforme o tipo
e a causa do acidente vascular, mas que consiste, na medida do
possível, em restabelecer funções e/ou minimizar as sequelas. Para
que a intervenção fisioterapêutica seja eficiente, é fundamental a
avaliação do nível de capacidade funcional na realização de ativi-
dades de vida diária e atividades instrumentais de vida diária.
Pesquise mais
Recomendamos a leitura da tese de doutoramento da Iracema Ioco
Kikuchi Umeda, indicada a seguir, que analisou o teste de caminhada de
seis minutos como preditor de morbidade e mortalidade cardiovascular
em pacientes após infarto agudo do miocárdio. Sugerimos a leitura das
páginas de 7 a 12.
Descrição da situação-problema
Joaquim, 85 anos de idade, foi internado em um hospital com diagnós-
tico de síndrome de Guillain-Barré. Ele queixava-se de dormência e formiga-
mento nos dois pés e na extremidade inferior das pernas, que evoluíram para
as mãos há cinco dias. Relatava também fraqueza nos membros superiores.
Ao dar entrada no hospital e receber a assistência médica e da equipe
de enfermagem, foi encaminhado para o setor de fisioterapia do hospital.
Lá, realizou uma avaliação focada na sintomatologia e na capacidade físico
funcional. Com base nesse racional, responderemos ao questionamento
central do fisioterapeuta que ficou responsável pelo caso? A avaliação física e
funcional da fisioterapia objetiva estabelecer quais achados?
Resolução da situação-problema
Na avaliação física e funcional de Joaquim, com diagnóstico de síndrome
de Guillain-Barré, a fim de determinar metas para a elaboração do programa
de tratamento no hospital, foram realizadas:
➢ Avaliação da força muscular.
➢ Avaliação da funcionalidade de membros inferiores, nas atividades
de vida diárias básicas e instrumentais.
➢ Avaliação do equilíbrio estático e dinâmica, controle postural e estra-
tégias compensatórias.
➢ Avaliação da marcha.
➢ Avaliação da mobilidade passiva e ativa dos membros superiores,
inferiores e tronco.
➢ Avaliação da independência funcional.
1. Téo, 75 anos de idade, procurou uma clínica de fisioterapia por apresentar dificul-
dade em caminhar, sensação de instabilidade e dificuldade em controlar o esfíncter
urinário. Durante a avaliação fisioterapêutica foi observado:
• Redução dos reflexos posturais.
• Alteração na marcha, com giro em bloco, ou seja, falta de rotação ao andar e
olhar o entorno.
Com base nesses achados, quais as metas da fisioterapia?
I. Minimizar a independência funcional de Téo.
II. Melhorar a mobilidade funcional, focada na melhora da capacidade funcional.
III. Focar o repouso e evitar a marcha devido ao giro em bloco.
Qual avaliação a fisioterapia deveria fazer para analisar o impacto físico funcional da
lesão medular em João?
( ) Avaliação da mobilidade funcional presente.
( ) Avaliação do tônus muscular.
( ) Avaliação da marcha.
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Convite ao estudo
O Brasil atravessa no momento dois processos importantes para a elabo-
ração de políticas de saúde: o processo de envelhecimento populacional e o
processo de transição epidemiológica, ambos relacionados e que direcionam
o perfil dos profissionais da área da saúde, principalmente, da Fisioterapia.
Os brasileiros envelhecem de maneira nem sempre salutar, apresen-
tando inúmeros problemas de saúde decorrentes de hábitos de vida inade-
quados e que predispõem o surgimento de doenças e agravos à saúde. Neste
contexto, destacam-se doenças como diabetes, colesterol alto (hiperlipi-
demia) e hipertensão.
Por isto, precisamos conhecer e praticar as intervenções da Fisioterapia
na Saúde do Idoso. Por exemplo, a Fisioterapia atua com medidas preventivas
e reabilitadoras para idosos caidores ou com risco de quedas, a atuação da
Fisioterapia frente às enfermidades mais comuns, dentre as quais se destacam
as síndromes da imobilidade, geriátricas e metabólicas, doenças oncológicas,
traumatológicas, reumatológicas, neurológicas e cardiovasculares.
Uma clínica de fisioterapia de um grande centro urbano se especializou
nos serviços prestados à saúde do idoso e, com o aumento da demanda,
contratou uma empresa de consultoria empresarial para reestruturar a clínica
e auxiliar na melhoria da eficiência operacional.
Para realizar tal reestruturação, a empresa contratada, da qual você
faz parte, visitou a clínica, entrevistou os gestores e o corpo profissional e
acompanhou por um período prolongado como se executavam as atividades.
Para finalização do projeto, foram convidados fisioterapeutas externos, inclu-
sive você, para que pudessem colaborar com a finalização da reestruturação,
uma vez que a compreensão das demandas e como as atividades são execu-
tadas são fundamentais para que os processos funcionem com excelência e
os idosos tenham o acompanhamento adequado e focado na resolução das
suas demandas pela equipe profissional. Para isto, o corpo de fisioterapeutas
precisa conhecer a fundo as principais maneiras de atuação da fisioterapia
frente às doenças e agravos que mais acometem os idosos.
Entre as demandas e necessidades da clínica, você observou a necessidade
de se entender como os Fisioterapeutas atuam frente aos idosos caidores?
Como eles atuavam frente às principais disfunções decorrentes das enfermi-
dades mais frequentes?
Para isto, passaremos pelos conteúdos referentes às quedas em idosos,
desde medidas preventivas até o papel da fisioterapia neste problema,
além de abordarmos a atuação da fisioterapia frente às principais disfun-
ções da pessoa idosa, como, por exemplo, na imobilidade, oncologia,
neurologia e reumatologia.
Seção 4.1
Diálogo aberto
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (BUKSMAN
et al., 2008), as quedas e suas consequentes lesões constituem um grande
problema de saúde pública e consequentemente de grande impacto social,
enfrentado por todos os países que passaram ou passam por um processo de
envelhecimento populacional.
Seguindo o caso apresentado no contexto de aprendizagem, de uma
clínica de um grande centro urbano que optou por passar por um processo de
reestruturação operacional da clínica de Fisioterapia especializada no atendi-
mento de idosos, a qual passou por um longo processo de estudo, reuniões e
debates, focados nas demandas e nas atividades realizadas em cada uma das
ações com a finalidade de encontrar um modelo eficiente e satisfatório.
Um dos fatos observados pela equipe estava na prevalência de idosos que
buscavam o serviço em decorrência de quedas. A equipe da clínica entendia
muito bem esse processo, alertando que as demandas possuem tendência de
crescimento, podendo ser considerado um problema de saúde pública. As
causas e consequências podem ser diversas, por isso, a atuação da equipe se
dá muitas vezes com medidas preventivas.
Durante este processo você, como especialista da área e colaborador da
consultoria, se reuniu com os Fisioterapeutas da clínica para entender quais
eram as demandas dos idosos que apresentavam histórico de quedas? Como
a Fisioterapia pode atuar em idosos caidores? Como a Fisioterapia atua com
medidas preventivas para quedas em idosos?
Para isto veremos por que as quedas em idosos são consideradas um
problema de saúde pública, os seus indicadores epidemiológicos, suas causas
e consequências, medidas preventivas e como a fisioterapia atua frente a
este problema. Lembre-se de que o sucesso é a soma de pequenos esforços
repetidos dia após dia!
136 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
ou em um nível inferior. Desta maneira, não pode ser considerada uma
doença, mas uma síndrome cujos sinais e sintomas estão relacionados à
função prejudicada e ambiente desfavorável.
Assimile
As quedas em idosos têm se mostrado como um problema de saúde
pública em consequência das graves consequências que acarreta,
apontadas como um marcador de perda da capacidade funcional,
principal causa de hospitalização, de mortes e acidentes entre idosos.
Além disto, apresenta alta prevalência, onerando o sistema público e
suplementar de saúde.
138 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
As taxas de mortalidade são maiores no gênero masculino, associadas
ao fato do maior envolvimento do homem em atividades físicas intensas e
perigosas, ignorando os limites da sua capacidade física, evidenciada pela
maior gravidade de traumatismos observados em homens e a maior presença
de comorbidade (ABREU et al., 2018).
Reflita
A alta prevalência e a incidência de quedas em idosos fornecem dados
importantes para a tomada de decisão referente a programas preventivos
e reabilitadores? Como a Fisioterapia pode atuar nestes dois cenários?
Exemplificando
As quedas são frequentes em idosos e, pelo fato deles permanecerem
a maior parte do tempo em domicílio, estão expostos a muitos riscos.
Desta maneira, o Fisioterapeuta pode atuar identificando as causas e as
140 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
consequências das quedas de idosos em domicílio para que seja possível
estabelecer estratégias preventivas eficazes para reduzir o risco de
quedas de idosos em seus domicílios e no seu entorno.
142 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
atividades rotineiras ao cotidiano da pessoa idosa.
O fisioterapeuta deve ser capaz de lidar de maneira adequada com a
situação cujo repertório central perpassa por equilíbrio, força muscular,
propriocepção articular, tempo de resposta muscular, orientar quanto ao uso
de medicamentos e ergonomia. Em resumo, a intervenção clínica foca no
desenvolvimento da marcha, força, equilíbrio e propriocepção, por meio de:
Treino de marcha com ou sem acessórios (bengalas, muletas,
andadores) e em diferentes superfícies.
Treino da melhora cardiorrespiratória, utilizando, por exemplo,
esteira ergométrica.
Treino de força muscular.
Treino de equilíbrio em superfícies estável e instável, com e sem
pistas visuais, estático e dinâmico, variando conforme a necessidade
e a condição da pessoa idosa.
Treino de propriocepção, utilizando recursos de mecanoterapia,
por exemplo, como o balancim, bola bobath murcha, cama elástica,
entre outros.
Treino funcional.
Pesquise mais
Recomendamos a visualização do vídeo a seguir, que mostra uma entre-
vista com uma fisioterapeuta que fala sobre os dispositivos auxiliares
que são utilizados na prevenção de quedas em idosos, além de outros
aparatos como o tapete de borracha.
VIDA MELHOR. A prevenção de quedas para os idosos! 31 mar. 2017.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5ol5shwnjJ8&t=6s.
Acesso em: 4 dez. 2018.
144 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
O setor de Fisioterapia de uma casa de repouso observou o aumento da
incidência das quedas dos idosos residentes e determinou a necessidade de se
avaliar os fatores causais e estabelecer métodos para se reduzir a incidência de
quedas. Você foi designado(a) a avaliar os idosos e observou que, de maneira
geral, os idosos que caíram tinham redução de força muscular, déficit de
equilíbrio, faziam uso de dispositivos auxiliares da marcha, tinham defici-
ência visual ou cognitiva, eram sedentários e apresentavam multimorbidades
com polifarmácia. Após a consolidação das avaliações, você apresentou aos
demais colegas os achados e os questionou sobre formas de se atuar preven-
tivamente a novas quedas.
Resolução da situação-problema
Após observação e análise dos resultados da avaliação, ficou evidenciada
a necessidade de se trabalhar com recursos cinesioterapêuticos, com vistas
a melhorar o equilíbrio, a força muscular, a resistência muscular, a agili-
dade e a diminuição no risco de quedas. Este programa deveria ser focado
em exercícios de resistência muscular, flexibilidade, equilíbrio e coorde-
nação motora. Um colega pontuou a necessidade de se utilizar recursos
modernos e diferenciados, fazendo uso de realidade virtual influenciando
o controle postural e os sinais sensoriais importantes na manutenção do
equilíbrio e da orientação.
Aproveite e reflita: você acrescentaria algum outro recurso?
146 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
3. As quedas em idosos se apresentam como um grave problema de saúde pública.
A tomada de decisão do Fisioterapeuta perpassa pelos achados da avaliação cinética
funcional realizada. Desta maneira, associe abaixo os achados de uma avaliação com
a escolha do método terapêutico:
Achados da avaliação:
I. Redução da amplitude de movimento da articulação do quadril nos movimentos
do plano sagital.
II. Dificuldade em realizar atividades funcionais simples, como subir escadas e
colocar objetos em prateleiras altas.
III. Fadiga muscular durante caminhada leve em um curto espaço de tempo.
Recursos fisioterapêuticos:
A. Treinamento funcional focado em atividades de vida diária e controle postural
dinâmico.
B. Cinesioterapia com exercícios de alongamento muscular, mobilização passiva
e mobilização ativa.
C. Treino de marcha e de resistência muscular.
a) IA – IIB – IIIC.
b) IA – IIC – IIIB.
c) IB – IIA – IIIC.
d) IB – IIC – IIIB.
e) IC – IIB – IIIA.
Diálogo aberto
Olá acadêmico(a), já caminhamos para conclusão da nossa disciplina
e agora iniciaremos o processo de aplicação dos principais conceitos que
discutimos e aprendemos juntos, neste momento é importante você deixar
a criatividade ser sua principal característica, expandido as evidências e
aplicando-as da melhor maneira nas enfermidades que debateremos a seguir,
considerando que as enfermidades que afetam a população idosa podem
incapacitar e afetar as relações sociais e familiares dos idosos, criando uma
necessidade complexa de atenção e atuação.
Vimos, no contexto de aprendizagem, uma clínica que passa por um
processo de auditoria com objetivo de melhorar as suas operações, você já
entrevistou os fisioterapeutas para entender como eles realizavam as avalia-
ções e discutiram sobre os métodos propostos. A consultoria, durante a
execução do projeto, observou que a clínica tinha também uma demanda
crescente nas mais diversas frentes de atenção na saúde do idoso.
A equipe de fisioterapeutas atuava de maneira bem-conceituada na saúde
do idoso, passando desde casos cujas doenças e problemas provocaram
imobilidade até às síndromes geriátricas mais comuns, como nas doenças
que afetavam o sistema geniturinário e oncologia. Durante o processo você
se reuniu com os Fisioterapeutas e procurou entender como eles atuavam
na imobilidade de idosos? E como eles atuavam nas síndromes geriátricas,
geniturinárias e oncológicas nos idosos atendidos na clínica?
O conhecimento acerca do racional empregado na escolha de métodos de
tratamento fisioterapêutico é essencial para garantir a eficiência e o sucesso
da atuação fisioterapêutica, desta maneira, esteja bem aberto a criticar e
pensar em formas diferentes para os exemplos propostos.
148 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
fisioterapêutica (SIQUEIRA; FACCHINI; HALLAL, 2005).
A Fisioterapia, na saúde do idoso, pode desempenhar um papel impor-
tantíssimo na promoção da saúde, prevenção de doenças, reabilitação
de disfunções e melhora na qualidade de vida, nas mais diversas áreas de
atuação que perpassam por clínicas, consultórios, unidades básicas de saúde,
hospitais, entre outros.
Todavia, proporcionar assistência fisioterapêutica à população idosa é
extremamente desafiador, pois o número de casos é muito variado (disfun-
ções musculoesqueléticas, neurológicas e cardiovasculares, que podem ser
encontrados em um único caso).
Assimile
Um fisioterapeuta que trabalha com pessoas idosas é considerado um
profissional de todos os ofícios, em virtude das habilidades que neces-
sita possuir para aplicar em seus pacientes uma visão holística à luz do
modelo biopsicossocial. Para isto, ele considera os declínios fisiológicos
dos sistemas corporais, da mobilidade e da independência funcional.
Reflita
As consequências da falta de mobilidade são importantíssimas na
população idosa, significativamente associadas com desfechos
negativos, como institucionalização, re-hospitalização e mortalidade.
Pensado nas inúmeras possibilidades de casos de pessoas idosas com
imobilidade, quais complementos terapêuticos você agregaria para
estas pessoas? E existem formas de se atenuar os resultados da imobili-
dade atuando preventivamente?
150 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
Déficit na marcha/treino de marcha com e sem obstáculos (vide
Figura 4.6).
Dor/recursos eletrotermofototerapêuticos específicos para cada fator
causal da dor.
Exemplificando
Estudos mostram que, até o momento, a única intervenção capaz de
afetar positivamente a mobilidade é o exercício físico, por exemplo,
a realização de exercícios terapêuticos estruturados a longo prazo
previnem a incapacidade de mobilidade em idosos com comprometi-
mento da função física (PAHOR et al., 2014; CESARI et al., 2016).
Recomenda-se, nestes casos, atuação multiprofissional, com o
adendo de orientação nutricional com vistas a atender as novas
demandas de energia e fornecer ingestão adequada de proteínas
para o crescimento e o fortalecimento muscular (PAES DA SILVA et
al., 2015, CESARI et al., 2016).
152 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
Outro método de tratamento utilizado é a estimulação elétrica, para
promover a contração dos músculos do assoalho pélvico e aumentar a pressão
de fechamento uretral. Todavia, ela deve ser utilizada de forma criteriosa e
com cautela pelos vários efeitos colaterais associados: irritação vaginal, dor,
sangramento, infecção vaginal e infecção do trato urinário.
Também podemos fazer uso dos cones vaginais para exercícios de resis-
tência progressiva dos músculos do assoalho pélvico e, assim como a estimu-
lação elétrica, devem ser utilizados com cautela pelos vários efeitos colaterais
associados: fadiga muscular, dor abdominal, vaginite e sangramento vaginal.
Os cones estão disponíveis em kits com tamanhos progressivos, sendo que
as mulheres começam com o cone mais pesado que conseguem manter
enquanto caminham ou ficam em pé, aumentando progressivamente o peso
do cone, conforme tolerado. Geralmente, são utilizados duas vezes por dia
durante 15 minutos.
Além disto, no espectro multidisciplinar, observamos também a utilização
de intervenções comportamentais, como o treinamento vesical, orientações
sobre mudança no estilo de vida, perda ponderal, administração de líquidos
e redução no consumo de cafeína, bem como intervenções farmacológicas.
Pesquise mais
Recomendamos a leitura do artigo de Jaqueline Ramos de Oliveira e
Rosamaria Rodrigues Garcia, publicado na Revista Brasileira de Geriatria
e Gerontologia, que aborda a cinesioterapia no tratamento da inconti-
nência urinária em mulheres idosas.
OLIVEIRA, J. R. de.; GARCIA, R. R. Cinesioterapia no tratamento da inconti-
nência urinária em mulheres idosas. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de
Janeiro, v. 14, n. 2, abr./jun. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
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iso . Acesso em: 12 dez. 2018.
154 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
Sem medo de errar
Você lembra da situação-problema descrita no início da seção? O processo
de auditoria caminhava para o entendimento sobre as condutas aplicadas
nos principais grupos de enfermidades que são atendidos pela clínica e você
conduziu as entrevistas e o diálogo com os profissionais que realizavam os
atendimentos, procurando entender como eles atuavam na imobilidade de
idosos? E como eles atuavam nas síndromes geriátricas, geniturinárias e
oncológicas nos idosos atendidos na clínica?
Nos idosos que apresentam algum tipo de imobilidade, o fisioterapeuta
deve estar ciente das consequências adversas relacionadas à imobilidade
prolongada e buscar a melhora dos níveis de incapacidade relacionados à
imobilidade, dependendo do caso, considerando o histórico de medica-
mentos, que podem ter impacto significativo na mobilidade. Geralmente,
são utilizados exercícios terapêuticos que promovam ou busquem promover
mobilidade nas articulações, baseados nas capacidades físicas e funcionais
da pessoa idosa, como: mobilização passiva, mobilização ativa, alongamento
muscular, exercícios de resistência muscular. As atividades executadas
prioritariamente são de intensidade moderada, para que os idosos ganhem
confiança em sua mobilidade e aumentem a motivação intrínseca em direção
a uma progressão mínima, focada na utilização de vários sistemas corpo-
rais para melhorar a mobilidade e o nível de independência funcional. E
existirão casos em que não será possível obtermos a melhora e nem mesmo
a manutenção da mobilidade funcional, nestes casos devemos auxiliar os
idosos a permanecerem confortáveis e sem dor.
O atendimento fisioterapêutico para as síndromes geriátricas (quedas, má
nutrição, perda da visão, perda auditiva e comprometimento cognitivo) visam
combater o declínio funcional acentuado de características multifatoriais. O
plano de tratamento é adequado às necessidades da pessoa idosa, utilizando
basicamente com cinesioterapia focada na melhora do controle postural e
em atividades funcionais, com cinesioterapia com exercícios ativos resistidos
nas suas diferentes formas de utilização, cinesioterapia com alongamentos e
mobilizações ativas, ativa-assistidas e passiva, cinesioterapia com exercícios
que foquem mais repetição e menos na carga, treino de marcha com e sem
obstáculos e recursos eletrotermofototerapêuticos específicos para cada fator
causal da dor.
Nas enfermidades geniturinárias, a Fisioterapia atua com a melhora da
função dos músculos do assoalho pélvico e estimulação elétrica. Os exercí-
cios para a musculatura do assoalho pélvico visam, também, ensinar os idosos
a contraírem seus músculos do assoalho pélvico em situações que provo-
quem perda de urina, principalmente em antes e após situações de maior
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Thiago, fisioterapeuta do Hospital do Câncer, tinha em seu plantão vários
idosos com os mais diversos casos de câncer. Ao analisar a demanda buscou
156 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
estratégias que garantissem maior eficiência operacional nos atendimentos
que tinha a realizar.
Desta maneira, Thiago buscou elencar os principais objetivos cinéticos e
funcionais que os idosos com câncer possuem? Além disto, buscou sumarizar
também os principais recursos terapêuticos que utilizaria para buscar os
objetivos. Tudo isto para otimizar o tempo e os instrumentos que teria que
levar para atender todos os seus objetivos.
Resolução da situação-problema
Dentre os casos existentes no Hospital do Câncer, Thiago observou que os
principais objetivos cinéticos e funcionais estavam relacionados à prevenção
de complicações relacionadas às doenças e ao fato dos idosos estarem hospi-
talizados, controle de sintomas sensório-motores, respiratórios, vasculares
e de dor, e manter ou melhorar as funções musculoesqueléticas visando
manter a capacidade funcional existente.
Para isto, ele considerou utilizar a cinesioterapia por meio de mobiliza-
ções passiva/ativa-assistida/ativa-resistida, eletroterapia com TENS, corrente
russa e interferencial, crioterapia, termoterapia, posicionamento no leito e
terapia manual.
Com estes objetivos e recursos, Thiago acredita que terá êxito em melhorar
a capacidade funcional e a qualidade de vida dos idosos hospitalizados.
PORQUE
II. A adoção de cuidados paliativos é necessária para aqueles pacientes que não se
beneficiarão do tratamento antitumoral, garantindo qualidade de sobrevida e controle
dos sintomas.
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
158 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
Legenda: FPD: flexão plantar direita; FPE: flexão plantar esqueda; DD: dorsiflexão direita; DE:
dorsiflexão esquerda; Grupo C: grupo controle; Grupo DM: grupo diabetes mellitus; Grupo
DMF: grupo diabetes mellitus em tratamento fisioterapêutico.
Com base nos resultados de Ulhoa e colaboradores (2017), podemos determinar que:
Diálogo aberto
Olá acadêmico, chegamos à última seção da nossa disciplina e você já
deve ter notado a importância da Fisioterapia frente aos desafios do envelhe-
cimento e das principais enfermidades que acometem a população idosa,
pois com o processo de envelhecimento populacional, as demandas relacio-
nadas à saúde tendem a aumentar significativamente.
Neste contexto, vimos que uma clínica de um grande centro urbano
contratou uma empresa de consultoria para otimizar suas operações e focar
na melhora da sua eficiência, para isto ela precisará rever todos os seus
processos de atendimento e programas de tratamento.
Por fim, seguindo todo o racional já empregado, a equipe de consultoria
apresentou uma proposta baseada nos pontos faltantes no atendimento fisio-
terapêutico prestado aos idosos na clínica. Muitos casos estavam voltados
para as doenças metabólicas, traumáticas, neurológicas, cardiovasculares e
reumatológicas, cuja prevalência é alta em todos os setores da sociedade,
inclusive na população que procura atendimento particular em uma clínica
de fisioterapia especializada.
Você, fisioterapeuta especialista da equipe de consultoria, reuniu-se com
os fisioterapeutas da clínica e debateu com eles para entender: como atuam
frente às síndromes metabólicas? Como atendiam os idosos com enfermi-
dades traumáticas e reumatológicas? Como prestavam assistência aos idosos
com doenças neurológicas e cardiovasculares?
A partir destas reflexões você entenderá como a Fisioterapia pode
atuar nas enfermidades metabólicas, traumáticas, neurológicas, cardio-
vasculares e reumatológicas. O conhecimento destes processos de atuação
auxiliará na sua formação profissional e permitirá que esteja apto a atuar
nestas condições. E deixo uma frase do John Wooden: “a vida é melhor
para aqueles que fazem o possível para terem o melhor”. Vamos buscar
fazer o melhor?
Bons estudos!
160 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
Não pode faltar
A atuação fisioterapêutica nas enfermidades metabólicas perpassa por ações
que visem alterar o estilo de vida da pessoa idosa, incluindo a prática rotineira
de exercícios físicos e terapêuticos para combater o declínio físico, considerando
a teoria do estresse físico a fim de obter o nível adequado de ganhos positivos na
função tecidual e na homeostasia e evitar lesões teciduais e declínio fisiológico.
Assim como em outras condições, precisamos considerar o impacto
das alterações relacionadas ao envelhecimento e adequar o plano de trata-
mento, todavia não podemos subutilizar a reabilitação ativa. O planejamento
do tratamento deve ser pautado na avaliação cinética funcional minuciosa,
integrando os dados objetivos e subjetivos da avaliação do paciente, garan-
tindo prognóstico adequado.
Todo o planejamento fisioterapêutico deve começar pela prevenção, com
objetivo de melhorar a saúde e diminuir as limitações funcionais e os compro-
metimentos. A atuação fisioterapêutica na prevenção primária atende a:
Estímulo à prática rotineira de exercícios físicos.
Controle da pressão arterial.
Controle da obesidade.
Já a atuação na prevenção secundária atende a:
Controle da progressão da doença.
Melhora da força muscular por meio da cinesioterapia.
Evitar a perda da função.
Melhora da capacidade aeróbica.
Realização de treinamento funcional.
Minimizar ou eliminar a dor.
Enquanto a atuação na prevenção terciária atende a:
Mobilidade funcional.
Orientação sobre sinais e sintomas.
Prevenção de deterioração adicional.
Dentro do espectro da síndrome metabólica, temos como principal
exemplo a diabetes mellitus do tipo 2 cujo tratamento ideal consiste em
mudança no estilo de vida, realização de exercício terapêutico e manutenção
do peso corporal, além do tratamento medicamentoso.
162 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
Figura 4.7 | Exercícios de flexão da coluna
Reflita
Prezado(a) aluno(a), você já refletiu se a incidência das disfunções
ortopédicas, traumatológicas e reumatológicas possuem amparo nas
modalidades terapêuticas existentes para tratamento eficiente de
pacientes idosos?
164 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
hidroterapia, terapias manuais, pilates e termofototerapia.
Já a Fisioterapia aplicada aos idosos portadores de disfunções neuroló-
gicas pode ser compreendida com o tratamento fisioterapêutico relacionado
aos aspectos primários, considerando sempre as demandas do idoso com
enfermidades neurológicas:
Tratamento fisioterapêutico preventivo para quedas e suas
consequências.
Restaurar ou manter a funcionalidade.
Treinamento do controle postural, que pode incluir exercícios
aeróbios, de força muscular e equilíbrio. Por exemplo, utilizando
pranchas de equilíbrio ou espumas de diferentes densidades
associadas à restrição visual ou alteração visual.
Cinesioterapia para alongamento muscular.
Cinesioterapia para fortalecimento muscular.
Neste mesmo contexto, o tratamento fisioterapêutico relacionado aos
aspectos secundários, compreendendo as condições que caracterizam a
incapacidade do paciente e o porquê ele possui dificuldade para realizar as
habilidades funcionais:
Inibição da espasticidade e facilitação do movimento normal, com
vistas a enfatizar os componentes dos padrões de movimentos
comprometidos, para gerar uma imagem proprioceptiva normal
e maior habilidade no reaprendizado do movimento seletivo, pois
os idosos, geralmente, apresentam redução da força, associação da
espasticidade e dificuldade na realização de atividades funcionais
básicas de manipulação e locomoção. Veja na Figura 4.8.
Figura 4.8 | Inibição da espasticidade e facilitação do movimento normal.
Exemplificando
Idosos com Parkinson frequentemente apresentam déficit no equilí-
brio, portanto podemos utilizar tarefas de manutenção do equilíbrio em
superfície instável em três condições:
1. Com foco de atenção interno (para os pés).
166 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
2. Com foco de atenção externo (para a superfície).
3. Com controle (sem foco de atenção específico).
Pesquise mais
Recomendamos a leitura do trabalho de conclusão de curso sobre os
efeitos do treinamento aeróbico nos parâmetros cardiovasculares na
reabilitação de cardiopatas isquêmicos, mais especificamente o subitem
revisão de literatura que vai da página 12 a 19.
SILVA, R. I. S. da. Efeitos do treinamento aeróbio nos parâmetros
cardiovasculares na reabilitação cardíaca de cardiopatas isquêmicos:
um estudo de caso. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2015. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/133514/000983750.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
Acesso em: 21 jan. 2019.
168 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
métodos:
Orientar sobre a doença.
Cinesioterapia para manutenção ou aumento da amplitude de
movimento.
Cinesioterapia para promoção da estabilidade articular.
Cinesioterapia para redução da sobrecarga biomecânica sobre as
articulações.
Cinesioterapia para melhora do condicionamento cardiorrespiratório.
Treino de marcha, que pode ser feita através de dispositivos auxiliares.
Fisioterapia aquática.
Além destas, a osteoporose gera alta demanda aos serviços de
Fisioterapia. Nela, o fisioterapeuta procura prevenir complicações mais
sérias, como as fraturas, por meio de exercícios que visem aumentar a flexi-
bilidade, o equilíbrio e o fortalecimento para evitar as quedas. E também
é comum a procura de idosos com sarcopenia, cujo tratamento busca o
aumento de massa muscular, com cinesioterapia focada no fortalecimento
de alta intensidade (60 a 95% de 1 RM – Resistência Máxima), com frequ-
ência de 2 a 3 vezes por semana.
Observamos ao longo deste material as amplas possibilidades de atuação
fisioterapêutica, perpassando pelas condições mais prevalentes na prática
e clínica e trazendo reflexões que auxiliam na tomada de decisão clínica,
todavia, é importante ressaltar que cada caso terá as suas particularidades e
requererá um raciocínio clínico específico e voltado para as necessidades que
se apresentarem. Espero que este material tenha sido valioso na sua formação
e lhe auxilie na formação profissional.
170 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
habilidades funcionais e estímulos sensoriais externos, estratégias para
melhora do controle postural, treino de marcha e manipulação.
Enquanto que a atuação da Fisioterapia na reabilitação cardiovascular
aplicada à pessoa idosa passa por alcançar uma frequência cardíaca-alvo
(60% a 80% da FCmáx).
E temos também a atuação da Fisioterapia em idosos com doenças
reumáticas, como na osteoartrite, com orientações sobre o controle de peso
corporal e sua implicação na progressão das lesões articulares e sobre a
maneira de sentar e manipular e transportar objetos, utilização de órteses
de suporte e aparelhos imobilizadores, quando necessários, cinesioterapia
para combate à atrofia muscular, por meio de exercícios isométricos e isotô-
nicos, e para alongamento muscular. Na artrite reumatoide, o fisioterapeuta
orienta sobre a doença, utiliza cinesioterapia para manutenção ou aumento
da amplitude de movimento para promoção da estabilidade articular, para
redução da sobrecarga biomecânica sobre as articulações e para melhora do
condicionamento cardiorrespiratório e treino de marcha, que pode ser feita
através de dispositivos auxiliares e fisioterapia aquática. Já na osteoporose,
previne complicações mais sérias, como as fraturas, por meio de exercícios
que visem aumentar a flexibilidade, o equilíbrio e o fortalecimento para
evitar as quedas. E na sarcopenia, cujo tratamento busca o aumento de massa
muscular, com cinesioterapia focada no fortalecimento de alta intensidade.
Agora, após conhecimento adquirido nesta seção, você poderá concluir
o mapa conceitual com programa de tratamento para as principais enfermi-
dades dos idosos.
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Idosos com doença de Parkinson apresentam distúrbios motores que levam à
alteração no padrão da marcha, como a bradicinesia, hipocinesia, rigidez, tremor
em repouso e instabilidade postural. Considerando os aspectos cinéticos e cinemá-
ticos do movimento humano, como você elaborará um programa de tratamento
com exercícios terapêuticos voltados para melhora da marcha nestes indivíduos?
Resolução da situação-problema
I. A prescrição de atividade física faz parte dos programas de reabilitação nas fases
II e III, por contribuir para a redução dos fatores de risco apresentados.
II. Na fase de internação hospitalar, a fisioterapia é fundamental com ênfase na
prescrição de exercícios de membros superiores, atingindo alta intensidade (60
a 80% da FCmáx).
III. As condições patológicas e comportamentais apontadas demandam uma
atuação multiprofissional focada no repouso e na impossibilidade de se realizar
atividade física orientada.
a) Apenas na sentença I.
b) Apenas na sentença II.
c) Apenas na sentença III.
d) Apenas nas sentenças I e II.
e) Apenas nas sentenças I e III.
172 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
esquerda e dificuldade para tossir e deglutir. Durante inspeção do tórax, ele constata
a diminuição da expansibilidade do lado esquerdo, sem sinais de desconforto respira-
tório. A ausculta pulmonar revela murmúrio vesicular com roncos difusos, e, durante
a expectoração, observa-se a presença de secreção aquosa com restos de alimentos. A
idosa não apresenta febre e tem dificuldade na deglutição.
Considerando o exposto, avalie as afirmações abaixo.
a) Somente I e II.
b) Somente I e III.
c) Somente II e III.
d) Somente III.
e) Somente I, II e III.
a) Somente I e II.
b) Somente I e III.
174 U4
- / Atuação da fisioterapia nas enfermidades em idoso
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