DIAS Os Donos Da Voz
DIAS Os Donos Da Voz
DIAS Os Donos Da Voz
- os oligopólios da música não são estabelecidos pelo controle dos meios de produção, mas
pelos meios de difusão (distribuição e acesso à mídia). A autora considera possível caracterizar
a posição do artista através de dois conceitos de Michel De Certeau: estratégia e tática.
Estratégia é o “cálculo das relações de força que se torna possível a partir de um ‘sujeito’ ...
que se situa num espaço específico” (13). Está vinculada a uma espacialidade de onde parte a
ação. Na tática, o cálculo não está vinculado a um espaço específico, uma espécie de
“artimanha para reverter o poder das instituições, mas situando-se sempre no seu raio de
ação” (14). Para a autora, o artista opera pela tática e a indústria pela estratégia. “Resta ao
artista jogar dentro do ‘lugar do outro’ procurando, na medida do possível, subvertê-lo a seu
favor; sua perspectiva de ação é porém parcial e individualizada pois ele deve se conformar à
posição que de antemão lhe foi atribuída neste jogo de forças desiguais” (14).
Introdução:
- “... instaura-se um debate dos mais profícuos para a reflexão sobre a produção cultural nos
dias atuais, uma vez que a ‘mão branca da tecnologia’ parece intervir colocando a hipótese de
um real aumento de oportunidades, de melhoria da qualidade do produto e de diminuição do
poder, até então inquestionável, da grande transnacional do entretenimento” (21).
- Caso a música não tivesse sido racionalizada em seu processo, seu alcance seria bem menor,
sua capacidade de circular seria bem limitada.
- A administração iguala os setores da vida humana, inclusive o da cultura.
- Mesmo os produtos marginais são incorporados ao mercado, já que tudo interessa a ele. E
essa absorção é feita com a justificativa da qualidade, sendo instrumento de legitimação.
- O estudo das mercadorias culturais não pode ser feito sem o conceito de técnica e de
sociedade administrada.
- A autora não compartilha da idéia de que a teoria adorniana sobre a cultura seja pessimista e
elitista.
- A repetição de padrões musicais que se tornam Standards, fazem com que o consumidor ao
ouvir uma música no rádio pela primeira vez a “sinta” como um sucesso, e não cause
estranheza, formando hábitos de audição. “O reconhecimento perde sua posição de meio para
o conhecimento, para tornar-se um fim” (52). O sujeito reconhece o produto e reconhece a si
mesmo, pois o processo de reconhecimento é coletivo. “A diversidade, a segmentação, a
variedade, a pluralidade enunciadas pela era da mundialização, por mais que tomem uma
configuração específica neste fim de século, são características fundantes da indústria cultural
e do capitalismo global”. A diferença reside na “sofisticação da pseudo-individuação e da
estandardização, que criam micro-espaços autônomos e contudos subservientes à norma geral
(53).
- O LP para Paiano torna “o artista mais importante que o disco” (61) e institui o artista como
criador singular, é o tempo do autor.
- A questão dos ciclos: para Peterson e Berger os ciclos se alterariam entre concentração e
diversificação, para Paul Lopes a concentração não deixa de existir, o modelo de produção que
é substituído, como o sistema aberto que se inicia nos anos 80, no qual a indústria incorpora as
inovações para a manutenção do controle do mercado, “garantindo a concentração nas áreas
de fabricação e distribuição-difusão” (130).
- Para Lopes, a ligação entre indies e majors podem agravar a padronização dos produtos
oferecidos, e não oferecer produtos mais diversificados.
- Independente como opção de mercado, mas não traz nenhuma inovação estética (o que é
independente?).
Aspectos da difusão:
- Distribuição diz respeito a duas etapas anteriores à venda do produto: “a distribuição física
aos postos de venda e sua veiculação pelos vários meios de comunicação” (nota de rodapé p.
161), as rádios, TVs... A autora se concentra na segunda, por isso, utiliza o termo difusão, que é
o “espaço de mercado que antecipa, complementa e direciona o consumo” (161).
- Plugging para Adorno: em um sentido geral, a repetição incessante de um hit para fazê-lo
estourar, para ele trata-se de “uma continuação do processo inerente à composição e ao
arranjo do material musical. A promoção pelo plugging (...) almeja quebrar a resistência ao
musicalmente sempre-igual ou idêntico (...). Isso leva o ouvinte a extasiar-se com o o inevitável
e leva, assim, à institucionalização e à estandardização dos próprios hábitos de audição.” (nota
de rodapé p. 165 e 166, em “Sobre a música popular”).
- A autora coloca que naquele momento havia um boom nas vendas, tanto de álbuns de
grupos como trilhas de novela, mas que essa multiplicidade de estilos, agentes não mostravam
nenhuma diversidade, todos entoavam a mesma canção.
Considerações finais:
Post-scriptum:
“Resta saber a real extensão dessas mudanças (internet e gravações digitais) e avaliar as
possibilidades de acesso ao grande mercado sem o crivo conceitual e estratégico das grandes
companhias. De qualquer forma, as grande companhias estão sem controle dessa situação e
procuram se armar contra iniciativas como a do MP3, tentando desenvolver um sistema
similar concebido de forma a proteger as obras, garantindo os seus direitos e os do autor”
(181).