Gestao de Compras e Estoques 2021
Gestao de Compras e Estoques 2021
Gestao de Compras e Estoques 2021
ISBN 000-00-000-0000-0
Marcio A. H. Fedichina
IESDE BRASIL
2021
© 2021 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A.
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Fedichina, Marcio A. H.
Gestão de compras e estoques / Marcio A. H. Fedichina. - 1. ed. -
Curitiba [PR] : Iesde, 2021.
168 p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-65-5821-046-7
2 Gestão de compras 36
2.1 Gestão de compras: fundamentos e importância 37
2.2 Sistemas de compras 43
2.3 Aplicações em compras (LEC) 47
2.4 Algumas decisões financeiras em compras 60
4 Gestão de estoques 97
4.1 Estoques: conceito e importância 97
4.1 Estoques: conceito e importância 97
4.2 Sistemas MRP e Just in Time 102
4.3 Sistemas de controle de estoque 116
4.4 Avaliação de estoques 133
Fundamentos de compras 9
Portanto, o setor de compras é responsável por fazer com que a em-
presa não pare por falta de materiais necessários às suas atividades –
Livro de comércio/varejo, manufatura/fabricação, atividades agroindustriais
ou de prestação de serviços.
tock
ers
utt
Sh
d/
bs
Compras
Quantidade, qualidade,
custos e relacionamento
com fornecedores
Fornecedores Empresa
Viktoria Kurpas/Shutterstock
is1003/Shutterstock
A partir de 1980
• Compras
estratégicas
1930 a 1980 • Compras como
• Integração da elemento
função de compras direcionador de
a outras áreas da competitividade
organização
Até os anos 1930 • A importância de
• Compras compras passa a ser
tradicionais, considerada
operacionais e
burocráticas
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Martins; Alt, 2000, p. 64.
Fundamentos de compras 11
pacidade competitiva da empresa ao promover reduções de custo no
processo, tanto de aquisição quanto das suas atividades e operações.
Consequentemente, a área de compras está ligada diretamente à área
da logística e da gestão da cadeia de suprimentos, sendo uma importan-
te aliada à melhoria contínua de suas operações.
1
informações, como os sistemas ERP (Enterprise Resource Planning, ou Planejamento dos
Recursos do Empreendimento), o EDI (Electronic Data Interchange, ou Troca Eletrônica
de Dados), as atividades de BI (Business Inteligence, ou Inteligência de Negócios), do
CRM (Consumer Relationship Management, ou Gestão do Relacionamento com o
Consumidor) etc., tem proporcionado aumentos significativos nas trocas de dados e
informações entre as empresas, gerando maior agilidade e assertividade nas decisões.
Recursos limitados: geram a necessidade de maior planejamento de uso, quer seja por
questões econômicas, quer seja por questões de consciência ambiental. 2
4
Aumento da competitividade: busca das organizações por mercados, o que gera a
necessidade de eficiência nas operações e atividades.
Produção e
operações
Pesquisa e
Vendas e marketing
desenvolvimento
Compras
Almoxarifado e
Finanças
estoques
Fundamentos de compras 13
1.2.1 Estrutura de compras
Estruturalmente, a função de compras está posicionada na orga-
nização de maneira que permita a integração de suas atividades em
diversas outras áreas, pois as suas decisões estão intimamente ligadas
entre si. Certamente, você conhece as principais configurações estrutu-
rais das organizações. Uma estrutura funcional, por exemplo, é aquela
em que a empresa é modelada de acordo com as principais áreas fun-
cionais, ou seja, os vários departamentos são distribuídos em posições
específicas e determinadas. Veja a seguir as compras dentro de um mo-
delo de estrutura funcional.
Figura 4
Compras em uma estrutura funcional
Conselho de
administração
Presidência
Produção e
Finanças Marketing RH Administrativo
operações
Conselho de
administração
Presidência
Diretoria Diretoria
regional A regional D
Fundamentos de compras 15
ficidades locais, tanto de fornecimento quanto de oferta ao cliente no
que se refere ao transporte de mercadorias, à velocidade de respos-
ta às demandas emergenciais, por exemplo, e ao estabelecimento de
melhor relacionamento com os parceiros de negócio (fornecedores e
clientes). Podemos citar entre as principais desvantagens a maior difi-
culdade de troca de informações entre os diversos departamentos de
compras, como a dificuldade de comunicação linguística e de horários
compatíveis, e a menor integração entre áreas, a qual impede as trocas
de boas práticas que poderiam ser compartilhadas na gestão.
Compras
centralizadas
Compras
centralizadas
Fundamentos de compras 17
dos e distribuídos em uma sequência de ações que visam garantir
o abastecimento de produtos e serviços para a empresa.
Quantidade e
qualificação das
pessoas
Nível de integração
Departamento de Bens e serviços
de compras às
compras comprados
outras áreas
Estilo de gestão
Comprador-chefe
Secretária
Controller de
Comprador 1 Comprador 2 Comprador 3
materiais
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Baily et al., 2000, p. 80.
Fundamentos de compras 19
Figura 10
Ciclo de compras
Fornecedores
Requisição Cotação
Compras Cotação A
Controle de Cotação B
estoques
Seleção de Cotação C
fornecedores
Armazenagem
Cotação n
Fornecedor
Recebimento
NF Pedido de
compra
Decisão
Bem ou
serviço Empresa
Follow-up
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Francischini; Gurgel, 2002, p. 21.
Resultado da avaliação
Cadastrar sem restri-
Não cadastrar Recomendar medidas para nova avaliação
ções
Observações
Preparado por
Aprovado por
Fundamentos de compras 21
Cotação: consiste na realização de pedidos – solicitação – de cotação
dos produtos e/ou serviços aos fornecedores habilitados. A cotação
serve para que a empresa busque o fornecimento e o fornecedor
mais adequados, que atendam aos principais requisitos esperados
na compra. O Quadro 2 elucida um modelo de cotação de compras.
Quadro 2
Modelo de cotação de compras
Fundamentos de compras 23
Desse modo, o correto entendimento, a aplicação da estrutura e
da organização de compras na empresa consiste em uma atividade
fundamental, que proporciona o funcionamento dos processos e ga-
rante que as ações de compra sejam realizadas de maneira eficiente,
assegurando as melhores condições de compra para a empresa.
Compras estratégicas
Planejamento
Compras táticas
Funcionais e por área
Operações em compras
Ações e atividades
Fundamentos de compras 25
Listamos a seguir alguns dos principais fatores determinantes para
o maior envolvimento de compras no processo de tomada de decisões
estratégicas pelas empresas.
• Avanço tecnológico e consolidação de sistemas de informa-
ção integrados, como os sistemas MRP/MRPII/ERP (Material
Requirements Planning/Manufacturing Resource Planning/Enterprise
Resource Planning; em português, Planejamento dos Recursos de
Manufatura) e o EDI.
• Desenvolvimento das cadeias de suprimentos e administração
dos fluxos de produtos e serviços ao longo da cadeia (pipeline).
• Relacionamento comakership – uso de métodos e técnicas que
proporcionam um relacionamento mais estreito entre fornece-
dor e empresa.
• Compras como área que agrega valor ao negócio.
• Elevados custos de materiais e insumos na operação da empresa.
• Necessidade crescente de inovação e benchmarking – atividades
similares em outros negócios que podem ser adotadas pela em-
presa, como o sistema de atendimento ao cliente em hotéis tam-
bém utilizado por hospitais.
Fundamentos de compras 27
Ollie The Designer/Shutterstock
Aplicação
prática
Fabricar ou comprar
Fabricar
Comprar
Processo A Processo B
Produção (unid./ano) 5.000 5.000 5.000
Pergunta-se:
a. A Comprex S/A deve utilizar o processo A, B ou
comprar?
b. Quais quantidades devem orientar a decisão
estratégica de compra ou de fabricação?
Solução:
• Processo B x Comprar
• 180.000 + 5 · Q = 20 · Q → Q1 = 12.000 unid./ano
(Continua)
28 Gestão de compras e estoques
• Processo A x Processo B
60.000 + 10 · Q = 180.000 + 5 · Q → Q2 = 24.000 unid./ano
• Processo A x Comprar
60.000 + 10 · Q = 20 · Q → Q3 = 6.000 unid./ano
Para facilitar a construção gráfica do modelo, agora vamos en-
contrar o CT de cada um, supondo uma quantidade para todos os
três de 40.000 unid./ano
• Processo A: 60.000 + 10 · 40.000 → CT = R$ 460.000
• Processo B: 180.000 + 5 · 40.000 → CT = R$ 380.000
• Comprar: 20 · 40.000 → CT = R$ 800.000
Em seguida, basta plotar os dados obtidos em um gráfico, como
mostrado a seguir.
Dados obtidos
R$ 900.000
R$ 800.000 R$ 800.000
R$ 700.000
R$ 600.000
R$ 500.000
R$ 460.000
R$ 400.000
R$ 380.000
R$ 300.000
R$ 200.000
R$ 180.000
R$ 100.000
R$ 60.000
R$ R$
0 40.000
Comprar Proc A Proc B
Fundamentos de compras 29
A função de compras, portanto, apresenta uma posição estratégi-
ca no auxílio à gestão de organizações, uma vez que ela está presen-
te em seus vários níveis de decisão e contribui decisivamente para o
sistema de abastecimento ocorrer de maneira adequada e eficiente.
Pesquisar
Acompanhar
Avaliar e selecionar
e observar
Fundamentos de compras 31
Além disso, outros fatores específicos do fornecedor também de-
vem ser considerados, como a sua habilidade técnica, a capacidade de
produção, a confiabilidade, o serviço de pós-venda e sua localização
geográfica – proximidade (ARNOLD, 1999).
IQ – Indicador de Qualidade
Entrega Pontuação
Lote sem problema de qualidade 100
Lote com problema de qualidade tolerável 50
Lote devolvido 0
IP – Indicador de Prazo
Entrega Pontuação
Lote entregue sem atraso 100
Lote entregue com atraso de até 3 dias 70
Fonte: Elaborada pelo autor com base em Francischini; Gurgel, 2002, p. 63.
Prazo de entrega 10 8 6 9
Manutenção 7 8 4 7
Assistência técnica 5 7 8 8
Especificações 8 9 5 7
Facilidade de uso 10 6 8 9
Pós-venda 8 6 7 7
Fundamentos de compras 33
A tabela mostra uma avaliação de potenciais fornecedores por meio
da ponderação de critérios estabelecidos de análise. Para a construção
desse modelo, primeiro é preciso definir os principais critérios a serem
avaliados e que sejam relevantes para as operações de abastecimento.
Em seguida, são definidas as prioridades e importâncias de cada crité-
rio (pesos). Posteriormente, os fornecedores são avaliados pelos crité-
rios por meio da atribuição de notas – avaliação subjetiva, quantitativa
Vídeo ou híbrida. Por fim, as notas atribuídas são multiplicadas pelos pesos
O vídeo A importância da de cada critério e são somadas para atingir um resultado. O maior valor
seleção de fornecedores,
publicado no canal Efcaz final consiste na escolha do fornecedor, pois foi aquele que atingiu a
Gestão da Cadeia de
Fornecimento, trata da
melhor performance em comparação aos outros fornecedores.
importância da seleção
de fornecedores. Nele, o É importante destacarmos que, em muitos casos, a empresa não
autor comenta os princi- escolhe apenas um fornecedor. Ela pode ranquear os fornecedores por
pais elementos a serem
considerados no proces- meio dessa avaliação e, posteriormente, determinar um processo de
so de relacionamento
com os fornecedores. decisão que envolva a compra em todos eles; por exemplo, comprar
Disponível em: https:// 70% do primeiro colocado, 20% do segundo e 10% do terceiro. Essa
www.youtube.com/ decisão permite à empresa não ficar refém de apenas um fornecedor
watch?v=Sr53Y0xvhE0. Acesso em:
29 jun. 2021. e, quando ocorrer algum imprevisto no abastecimento, pode buscar
outros fornecedores com quem mantém contato.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compras é uma função muito importante para as empresas compe-
titivas. Desenvolver compras nas organizações consiste em integrá-las
com os diversos departamentos e setores da empresa, uma vez que o
seu relacionamento interdepartamental gera melhora significativa das
operações e das trocas de informações, ajudando a alcançar os obje-
tivos empresariais.
Dessa maneira, a área de compras apresenta uma função estraté-
gica para as organizações (está presente em todos os seus três níveis),
isso porque é a responsável pelo abastecimento de mercadorias e ser-
viços que irão compor os processos e o funcionamento da empresa
como um todo. Conhecer, avaliar e selecionar fornecedores, portanto,
consiste em uma tarefa fundamental para as organizações. Essa ativi-
dade permite às empresas poderem se relacionar com um sistema de
abastecimento eficaz e que atenda às suas principais necessidades de
recebimento de materiais e de serviços.
ATIVIDADES
1. Descreva as principais responsabilidades da área de compras.
Vídeo
2. Explique o modelo híbrido de compras e sua importância para a
organização.
REFERÊNCIAS
ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.
BAILY, P. et al. Compras: princípios e administração. São Paulo: Atlas, 2000.
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e
operações. 4 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
FRANCISCHINI, G. P.; GURGEL, F. A. Administração de materiais e patrimônio. São Paulo:
Pioneira Thomson, 2002.
MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo:
Saraiva, 2000.
VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2013.
Fundamentos de compras 35
2
Gestão de compras
Objetivos de aprendizagem
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• reconhecer os principais elementos que constituem a ges-
tão de compras;
• entender as principais características e aplicações da gestão
de compras nas organizações.
Figura 1
Etapas da gestão de compras
4 Acompanhamento do processo
Gestão de compras 37
ou eletrônica) a requisição do material ou serviço necessário. Al-
guns aspectos importantes devem ser analisados nesse momen-
to, como a identificação da solicitação – tipo de produto ou serviço
demandado, tecnologia envolvida, dimensão, peso, tipo de trans-
porte, entre outros.
Etapa 2 – Consulta, seleção e escolha dos fornecedores: após a
identificação do produto ou serviço, o banco de dados de forne-
cedores contendo os registros é acionado e são consultados
aqueles que estão aptos a fornecer adequadamente o que foi
solicitado (sempre de acordo com as especificações identificadas
na etapa 1). Para selecionar e escolher fornecedores, são utiliza-
dos critérios que habilitam essas empresas de fornecimento a
realizar o abastecimento de maneira adequada (como o relacio-
namento com a empresa, a qualidade da entrega, a capacidade
de fornecimento e o desempenho esperado no processo de
abastecimento).
Etapa 3 – Cotação, negociação e decisão: essa etapa envolve a ela-
boração das especificações sobre o produto ou serviço e o poste-
rior encaminhamento aos fornecedores selecionados para que
eles enviem as suas propostas de venda. Ao mesmo tempo, ocor-
rem as negociações com os fornecedores, segundo critérios rela-
cionados a preços, potenciais parcerias, condições de pagamento
e prazo de entrega. A decisão final sobre o fornecedor – ou forne-
cedores escolhidos – precede a elaboração do pedido de compra
(ou contrato de compra) estabelecido entre a empresa e o forne-
cedor, contendo as condições negociadas no processo de
aquisição.
Etapa 4 – Acompanhamento do processo: envolve as ações da área
de compras no controle do processo do pedido após a decisão de
compra ter sido realizada. Essas ações envolvem, por exemplo, a
confiabilidade do contato com os fornecedores, visando identifi-
car possíveis ocorrências que possam ocasionar problemas no
abastecimento planejado, como quebra de uma máquina, aci-
dente durante o transporte, greve dos funcionários, falta de ma-
téria-prima, entre outros. Essas são causas que podem afetar
negativamente o processo de fornecimento, e, quando identifica-
das antecipadamente, pode-se evitar que a empresa pare por fal-
ta de mercadorias ou serviços.
Gestão de compras 39
Desenvolver compras na organização é fator determinante para que
a empresa consiga otimizar os seus processos de aquisição de bens e
serviços e, consequentemente, tornar eficiente as atividades de manu-
seio das mercadorias e de redução dos custos operacionais.
2.1.2.1 Coopetição
A busca por otimização de operações de compras tem levado as
organizações ao desenvolvimento de parcerias estratégicas de forne-
cimento, nas quais até o estabelecimento de acordos entre concorren-
tes de um mesmo setor são permitidos e desenvolvidos. Essa ação é
chamada de coopetição, termo que agrega as palavras cooperação e
competição. Essa ação procura estabelecer parcerias em operações
de compras, entre empresas do mesmo setor, de produtos e serviços
que não são necessariamente aqueles relacionados aos critérios com-
petitivos. De outro modo, as características de compra não essenciais
dos produtos fabricados podem ser adquiridas em conjunto, visando
à melhoria de eficiência e à redução dos custos de aquisição (CORRÊA,
2010). A figura a seguir ilustra o conceito de coopetição.
Figura 2
Coopetição
Cooperação Competição
COOPETIÇÃO
(cooperar e
competir)
Figura 3
Covisint
Figura 4
Clube de compras
Empresa 1
Clube de
Empresa n Empresa 2
compras
Empresa 3
Quadro 1
Tipos de terceirização
Gestão de compras 43
tecnologias de informação (sistemas computadorizados) que permitem
a agilização do processo, tornando-o mais efetivo. A figura a seguir ilus-
tra essa definição.
Figura 5
Sistema de compras
Análise e planejamento
de compras
Sistema de
compras
Uso de tecnologia de
informação
Veremos a seguir cada uma das partes do sistema de comprar com mais
detalhes, além de explorarmos um pouco o tema da ética em compras.
COLABORAÇÃO EM PROJETO
2
AQUISIÇÃO
Consiste em softwares que auxiliam na seleção, qualificação e escolha do fornecedor.
Os fornecedores são avaliados por meio de diversos critérios técnicos (quantitativos
e qualitativos).
3
NEGOCIAÇÃO
Permite a realização de cotações diretas ou por meio de leilões de compra. Nesse
processo são incluídas as especificações de preço e entrega de acordo com as
necessidades da empresa.
4
COMPRA
Consiste no software que realiza compras, automatizando o processo e diminuindo o
custo e o tempo de processamento.
5
COLABORAÇÃO EM FORNECIMENTO
Visa integrar informações entre o comprador e o fornecedor, auxiliando os
processos de previsão de demanda, dos planos de produção, dos níveis de
estoque e dos procedimentos de entrega (prazos e tempos).
Gestão de compras 45
2.2.3 Ética em compras
A função de compras consiste em uma das atividades que mais ex-
põem a empresa ao seu ambiente externo (fornecedores), sendo a res-
ponsável pelo relacionamento com outras organizações que fornecem
mercadorias e serviços à empresa e contribuindo para o adequado fun-
cionamento das operações.
Figura 6
Componentes do Custo Total
Gestão de compras 47
Podemos observar que os Custos Totais constituem o resultado
de uma somatória de elementos compostos pelo valor da compra
em si, dos Custos de Armazenagem em relação ao volume a ser ad-
quirido, e dos Custos de Pedido (custo individual vezes o número de
pedidos necessários).
Figura 7
Custo de Armazenagem
Espaço físico
Custo de
Armazenagem
Tempo de
Custo
estocagem
Espaço físico:
Tempo de estocagem:
Custo:
Formulação:
Q
CA I x P x
2
Em que:
Solução:
Gestão de compras 49
2.3.2 Custo de Pedido
Os Custos de Pedido referem-se aos valores dispendidos pela
empresa durante o processo de realização de pedidos de compra.
Basicamente, esses valores incluem as atividades relacionadas ao de-
partamento de compras, cujos custos são identificados e calculados.
Figura 8
Custo de Pedido
Mão de obra
Custo de
Pedido
C
CP B x
Q
Em que:
Solução:
Calculando CP = 1.000 x 50.000/10.000 = $ 5.000.
Formulação:
C Q
CT = (P x C) + B x I x P x
Q 2
Em que:
Gestão de compras 51
Q = quantidade do lote de compras, em unidades.
Figura 9
Curva do Custo Total
Custos - R$
Custo de Pedido
Quantidade do lote
Fonte: Elaborada pelo autor.
Figura 10
LEC e Custo Total
Custos - R$
Custo Total - R$
minimizado
Custo de Pedido
LEC
Quantidade do lote
Fonte: Elaborada pelo autor.
Formulação:
2xBxC
LEC =
IxP
Em que:
Gestão de compras 53
Observação
HaseHoch2/Shutterstock
Quando a taxa de armazenagem (I) for em valor
importante
monetário (R$ 2,00, por exemplo) e não em percentual
(como 20%), exclui-se a variável P (preço) da fórmula.
Isso vale também para a fórmula do cálculo do Custo
Total (CT). Assim, quando a taxa de armazenagem for um valor monetário, as
fórmulas padrão do LEC e do CT ficarão assim:
2xBxC
LEC
IxP
C Q
CT (P x Q) + B x I x P x
Q 2
* Caso o valor do I seja monetário, não há o xP.
Caso ele seja em percentual, o xP permanece.
Solução:
2 x 500 x 10000
LEC=
0,1 x 100
CT = R$ 1.010.000
Prova:
CT = R$ 1.010.055,56
10000 1100
CT = (100 x 10000) + 500 x 0,1 x 100 x
1100 2
CT = R$ 1.010.045,46
Gestão de compras 55
Formulação:
a. Encontrar o multiplicador de Lagrange (λ).
2xB
a) 0,5 x
I+
x CxP X=0
Em que:
2xB Ci
b) Qi = x
I+λ Pi
Qi x Pi
c) xi =
2
Em que:
Solução:
(Continua)
Σ = 4.000
2 x 1000
0, 5 x x 4000 - 40000 = 0
0,1 +
2000
0,5 x = 10
0,1 +
2
2000
= (20)2
0, 1
2000 = 400 (0,1 + λ)
λ = 4,90
2 x 1000 80000
QA = x
0,1 + 4,90 50
2 x 1000 75000
QB = x
0,1 + 4,90 30
2 x 1000 12500
QC = x
0,1 + 4,90 20
800 x 50
xA = xA = R$20.000,00
2
1000 x 30
xB = xB = R$15.000,00
2
500 x 20
xC = xC = R$5.000,00
2
Para finalizar, soma-se xA+xB+xC = R$ 40.000,00 (restrição do investimento).
Gestão de compras 57
2.3.4.3 Decisão do LEC sob desconto
Existem situações em que, após a determinação do LEC, a empresa
verifica a possibilidade de obter um desconto adicional caso ela opte
por uma quantidade maior do que a determinada pelo lote econômico.
Nesse caso, a empresa precisa decidir se ela realiza a compra pelo LEC
determinado sem o desconto ou aproveita o desconto comprando uma
quantidade maior.
Formulação:
2xCxP
F=
IxB
2 + D x F + (2 D x F)2 4 x (1 D)
K
2 x (1 D)
Em que:
Aplicação
Solução:
2 x 200 x 1500
LEC LEC 774 , 60 unidades
0, 2 x 5
(Continua)
2,97 + 8, 82 3,2
K
1, 60
2,97 + 2,37
K K 3, 34
1, 60
É possível provar essa resposta? Sim. Para isso, vamos calcular o CT para
a quantidade do LEC sem desconto e para a quantidade de 1.000 com
desconto. Vamos lá!
Gestão de compras 59
• Os Custos Totais mínimos, calculados pelo LEC, muitas vezes não le-
vam em consideração as disponibilidades financeiras da empresa.
• Questões como a valorização ou desvalorização do estoque no
tempo não são consideradas.
• Muitas vezes, o espaço físico disponível para a armazenagem não
é refletido nos cálculos.
• Sempre haverá necessidade de recálculo das quantidades quan-
do houver variação de preços.
• O consumo é considerado constante ao longo do período.
• A apuração correta dos custos pela empresa influencia direta-
mente a confiabilidade dos cálculos.
Artigo
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/7574/2/AplicacaoModeloLote.pdf
Figura 11
Decisão financeira em compras
Desconto
Decisão
financeira
Valor em compras
Bonificação
presente
Gestão de compras 61
A análise do desconto comercial leva em consideração o conhe-
cimento sobre juros simples e compostos, pois eles são aqueles
normalmente aplicados em operações desse tipo. Vamos estudar
alguns exemplos.
Aplicação
Solução:
a) 10% de desconto
Preço final negociado: R$ 150 — 100%
(–) Desconto aplicado: (R$ 15) — 10%
(=) Custo final: R$ 135 — 90%
b) 5% + 5% de desconto
Preço final negociado: R$ 150 — 100%
(–) Desconto aplicado: (R$ 7,50) — 5%
(=) Custo final: R$ 142,50 — 95%
(–) Desconto aplicado: (R$ 7,13) — 5%
(=) Custo final: R$ 135,38 — 90,25%
Solução:
a) 20% de bonificação
Aplicação
Ollie The Designer/Shutterstock
prática I
O que é melhor: 10% de desconto ou 10% em bonificação de
mercadorias (não admitindo impostos)?
Gestão de compras 63
Aplicação
1
A comparação (com a aplicação de impostos) permite observar que
CRD: Coeficiente de Rateio 10% de bonificação é melhor que 10% de desconto, pois o Custo do
de Despesas Produto ficou menor (R$ 72,91 sobre R$ 73,80).
Em que:
P = parcela(s)/prestação(ões) futura(s).
Aplicação
Solução:
4250 4250
AVP(A) = 4250 + AVP(A) = R$12.501,63
(1, 02)1 (1, 02)2
6400 6400
AVP(B) = AVP(B) = R$12.425,99
(1, 02)1 (1, 02)2
Gestão de compras 65
Artigo
https://blog.contaazul.com/gest%C3%A3o-de-compras-4-dicas-infal%C3%ADveis-para-dominar-essa-atividade
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Gerenciar compras é uma atividade fundamental para a organização.
A empresa necessita do fornecimento adequado de produtos e serviços
para funcionar de maneira eficiente e competitiva. Dessa maneira, a ges-
tão de compras trata do desenvolvimento de ações e atividades organi-
zacionais de fornecimento que procuram estabelecer um processo de
relacionamento e aquisição junto aos fornecedores, visando à obtenção
de produtos e serviços que auxiliam na eficiência das suas operações.
Pensar em compras é considerar uma gama de fatores que as envol-
vem, como a seleção, o relacionamento e a avaliação de fornecedores, o
tempo envolvido no processo, os prazos de entrega e as especificações
(custos e preços dos produtos e serviços). Questões éticas também de-
vem ser consideradas no processo de compras. O processo de aquisição
exige que as relações entre compradores e vendedores sejam basicamen-
te pautadas por regras e procedimentos que determinam o modo como
as operações de compra serão desenvolvidas.
Além disso, a utilização de métodos que têm como objetivo a redu-
ção de custos em compras ou mesmo o uso de técnicas financeiras que
analisam os menores Custos de Aquisição são práticas fundamentais
para uma organização que busca melhorar os resultados (lucratividade)
e tornar-se mais competitiva. Compras, portanto, além de ser uma ati-
vidade fundamental para as organizações – quanto aos resultados e ao
adequado funcionamento –, é ainda responsável pela integração e por
um maior relacionamento da empresa junto ao seu mercado consumidor
e fornecedor.
REFERÊNCIAS
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e
operações. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
CORRÊA, H. L. Gestão de redes de suprimento: integrando cadeias de suprimento no mundo
globalizado. São Paulo: Atlas, 2010.
COVISINT. Covisint Support Portal. 2021. Disponível em: https://portal.covisint.com/pt/
web/supportauto/contactus/autosupplier. Acesso em: 29 jun. 2021.
DIAS, M. A. P. Administração de materiais: princípios, conceitos e gestão. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2009.
Gestão de compras 67
3
Gestão e previsão da demanda
Objetivos de aprendizagem
Com o estudo deste capítulo, você será capaz de:
• conhecer os comportamentos da demanda;
• compreender as principais técnicas de previsão.
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DEMANDAS INDEPENDENTES
Caracterizam aqueles produtos cujas demandas não dependem de outros produtos para serem
produzidos ou comprados. Exemplos de produtos de demanda independente são normalmente
associados àqueles denominados como produtos acabados (mesa de escritório, automóvel,
televisão, smartphone, entre outros). Podemos notar que esses produtos não dependem de
outros para que sua comercialização ou fabricação seja realizada. Por serem itens de demanda
independente, precisam ser planejados, muitas vezes, por meio de cálculos de previsão de
demanda.
DEMANDAS DEPENDENTES
São produtos que dependem diretamente da demanda de outros para que possam ser
fabricados ou comprados. São exemplos: rebites e madeira, que são necessários para a
fabricação de uma mesa, pois a quantidade de mesas a serem fabricadas irá determinar a quantia
de rebites e a metragem da madeira necessárias; pneus de automóvel, cinco para cada carro
montado; botões de uma camisa; a quantidade de metal e plástico em um smartphone etc. Os
itens de demanda dependente têm a sua quantidade calculada com base no planejamento de
fabricação de outros itens dos quais eles dependem. Alguns sistemas informatizados realizam
os cálculos de necessidades de itens de demanda dependente, por exemplo, os sistemas MRP
(Material Requirements Planning, ou planejamento das necessidades de materiais).
10
B
8
6
4
2
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Consumo Média
12
10
8
6
4 C
2
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Lim. inferior Consumo Lim. superior
Fonte: Elaborada pelo autor.
Bluehousestudio/Shutterstock
DEMANDA ELÁSTICA
Ocorre quando elevações ou quedas de preços provocam variações na demanda
(muito elástica). Por exemplo, produtos com demanda elástica são aqueles
considerados pouco essenciais, como um smartphone que, caso tenha aumentado
seu preço em 10%, pode ter a sua demanda reduzida.
DEMANDA INELÁSTICA
Ocorre quando significativas alterações no preço do produto ou serviço não
provocam mudanças no comportamento de consumo. Por exemplo, produtos
considerados essenciais como o feijão, apesar de ter o seu preço elevado em 10%,
por ser um produto de consumo constante, poderá não apresentar alterações em
sua demanda.
Disponibilidade
do produto/
serviço
Tecnologia
Previsão de
Planos e demanda
ações sobre a
demanda
Gestão de
preços e
receitas
Gestão de demanda
Fonte: Elaborada pelo autor.
Vamos entender um pouco mais sobre esses três aspectos que são
apresentados por Corrêa (2010).
Gestão de Planos e
demanda ações sobre a
demanda
Figura 4
Comportamentos de demanda
Demanda Demanda
Grande variação
Pequena variação
Tempo Tempo
Pequena variação
Grande variação
Ociosidade
Ociosidade
Tempo
Tempo
Demanda Demanda
Produção Produção
Capital Capital
Fonte: Adaptada de Corrêa, 2010, p. 229-230.
Demanda Demanda
Tempo
Tempo
Produto A
Demanda nivelada Produto B
Demanda original Demanda total
Gestão de Previsão de
demanda demanda
Figura 6
Ações estratégicas
Estratégias de
ação
Demanda
Períodos
Figura 7
Gráfico do efeito chicote
Efeito chicote
Produção
1 2 3 4 5 6
Período
Bluehousestudio/Shutterstock
INFORMAÇÕES QUANTITATIVAS
São aquelas relacionadas ao levantamento e análise de dados históricos e
à consequente realização de cálculos matemático-estatísticos. Essa análise
considera que as ocorrências do passado são evidências que irão nortear os
acontecimentos futuros.
INFORMAÇÕES QUALITATIVAS
São aquelas extraídas da opinião, experiência e vivência dos membros da
organização sobre a economia, o mercado, os clientes, os concorrentes etc.
1
HORIZONTE DE PREVISÃO
Compreender que quanto maior o horizonte de previsão (longo prazo, por exemplo),
maiores são os riscos relacionados à imprecisão dos resultados.
PREVISÃO x META
Entender a diferença entre previsão e meta. Previsão é uma estimativa do acontecimento
futuro. Já metas são objetivos de curto prazo a serem alcançados pelas operações.
2
3 PREVISÃO E RESULTADO
Considerar a previsão como solução para todas as ações, lembrando que ela possui
limitações que devem ser consideradas, e dar extremo valor ao resultado apurado
pela previsão (desconsiderando a incerteza).
4
PREVISÕES
Realizar previsões sem que análises detalhadas de seus resultados sejam levantadas e
discutidas internamente na organização.
Figura 8
Processo de previsão de demanda
Processo
Informações
que expliquem
Informações da comportamento atípico
conjuntura econômica
Informações de
clientes
Reunião de previsão
Informações de Comprometimento das áreas envolvidas
concorrentes
Tratamento das informações
disponíveis
Previsão de vendas
MÉTODO DELPHI
1
Consiste no desenvolvimento de reuniões (rodadas) nais quais um grupo de pessoas
deverá chegar em um relativo consenso sobre determinado consumo. O objetivo
desse método é desconsiderar opiniões isoladas e promover decisões comuns que
possam ser referendadas pela maioria dos presentes.
2
JÚRI DE EXECUTIVOS
Refere-se ao processo de consulta a executivos de nível alto sobre determinadas
variáveis consideradas estratégicas para a empresa.
3
ESTIMATIVA DA FORÇA DE VENDAS
Consiste na coleta de opiniões e experiências do pessoal de vendas de maneira
individual. Posteriormente, as informações isoladas são analisadas e forma-se uma
estimativa conjunta das informações.
4
PESQUISA DE MERCADO
Refere-se à aplicação de pesquisas junto a clientes para determinar o potencial de
compras futuras.
5
ANALOGIA HISTÓRICA
Consiste na metodologia que analisa o comportamento histórico de determinado
produto e o utiliza para prever comportamentos de novos produtos, no futuro.
Figura 10
Métodos de análise quantitativa
Suavização exponencial
Fórmula:
n
MMS
i1
D
N
Em que:
D = demanda real dos períodos anteriores.
N = número de ocorrências.
Solução:
100 110 105 98 102 106
MMS
6
A previsão pelo método da média móvel simples para o sétimo mês será
de 103,5 unidades.
1 100 4 98
2 110 5 102
3 105 6 106
Execute:
e . Resultado ⇒ 103,5 unidades.
Fórmula:
n
MMP
DxP
i1
n
NP i1
Em que:
NP = pesos somados.
Solução:
520 x1 510 x2 525 x3 530 x4 528 x5 532 x6
MMP
1 2 3 4 5 6
MMP = 527 unidades.
Aplicação
meses e chegou aos seguintes resultados: 520, 510, 525, 530, 528 e 532
prática II
unidades. Os pesos atribuídos foram respectivamente: 5%, 10%, 15%,
15%, 25% e 30%. Calcule a previsão pela média móvel ponderada para o
sétimo mês.
Solução:
520 x5 510 x10 525 x15 530 x15 528 x25 532 x30
MMP
5 10 15 15 25 30
MMP = 526, 85 unidades.
1 4
1 4
520 530
2 5
2 5
510 528
3 6
3 6
525 532
Execute:
Observação
HaseHoch2/Shutterstock
importante O α (alfa) é um valor subjetivo atribuído pelos previsores
da empresa, que varia entre 0 e 1. Quanto maior o valor
do α, maior é o peso da demanda real sobre a próxima
previsão. Quanto menor for o valor do α, maiores são as ocorrências aleatórias que
influenciaram a diferença entre a demanda real e a prevista. Por exemplo, α = 0,10
significa que a diferença entre a demanda real e a prevista é atribuída a questões
aleatórias, permanecendo a nova PSE próxima à previsão anterior. Caso seja α = 0,90,
ocorrerá um maior ajuste da nova PSE para próximo da demanda real.
Fórmula:
PSE = {[(DA x α)] + [PA x (1 – α)]}
Em que:
DA = demanda real do período anterior.
PA = previsão do período anterior.
α = fator de suavização.
90 Gestão de compras e estoques
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Aplicação
prática A empresa Gama apurou o consumo de 750 unidades do produto Z na
última semana, sendo que originalmente havia sido prevista, pela PSE,
uma demanda de 780 unidades. Como foi observado que a diferença
entre a demanda real e a prevista ocorreu apenas por questões
aleatórias, foi atribuído um fator de suavização (α) de 0,10. Calcule a
previsão, pela PSE, para a próxima semana.
Solução:
Figura 11
Previsão pelos mínimos quadrados
Demanda (qtd)
Demanda
efetiva Previsão PMQ
(Tendência)
Período
Fonte: Elaborada pelo autor.
1) ∑Y = N x a + b x ∑X
2) ∑XY = a x ∑X + b x ∑X2
Gestão e previsão da demanda 91
Fórmula da PMQ:
PMQ = a + b x X
1 1
Em que:
X: representa a sequência
das ocorrências no mo-
N = número de dados históricos considerados.
mento em que ocorreram.
Solução:
X Y XY X2
1 1.250 1.250 1
2 1.340 2.680 4
3 1.400 4.200 9
4 1.420 5.680 16
5 1.450 7.250 25
∑ = 15 ∑ = 6.860 ∑ = 21.060 ∑ = 55
1) ∑Y = N x a + b x ∑X
2) ∑XY = a x ∑X + b x ∑X2
1) 6.860 = 5 x a + b x 15 (x – 3)
2) 21.060 = a x 15 + b x 55
1) -20.580 = -15 x a – b x 45
2) 21.060 = a x 15 + b x 55
480 = 10 x b
b = 48
1) 6.860 = 5 x a + 48 x 15
a = 1.228
PMQ = a + b x X
Previsão para o sexto mês (X = 6)
PMQ = 1.228 + 48 x 6
PMQ = 1.516 unidades
Previsão para o sétimo mês (X = 7)
PMQ = 1.228 + 48 x 7
PMQ = 1.564 unidades
A PMQ para os próximos dois meses será de 1.516 e 1.564 unidades.
1 4
1 4
1250 1420
2 5
2 5
1340 1450
3
3
1400
Execute:
Tabela 3
Sistema de rastreamento
Janeiro 154
Fevereiro 114
Março 165
(Continua)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Identificar, compreender e analisar o comportamento de demanda
consiste em uma tarefa muito importante para que as organizações consi-
gam planejar o uso e a aplicação de seus recursos (materiais, patrimoniais,
estoques, pessoas, mercado, logística, entre outros) de maneira adequada.
Ao mesmo tempo, desenvolver ações que influenciam a demanda passa a
ser uma atividade fundamental para que as empresas consigam otimizar
os seus recursos, de acordo com os fluxos de consumo esperados.
Assim, fazer a gestão de demanda permite que o fluxo de produtos e
serviços prestados (entre a empresa e o cliente) seja realizado de maneira
que o atendimento aconteça com eficiência em suas operações, adequan-
do a sua infraestrutura dentro das expectativas e objetivos da organização.
Por sua vez, as previsões de demanda são igualmente importantes,
pois são as responsáveis pela determinação de caminhos (ainda que de
maneira limitada) a serem percorridos pela empresa, como também pelo
planejamento de seus recursos e suas atividades, que visam otimizar o
atendimento futuro do mercado.
ATIVIDADES
1. Descreva o seu entendimento sobre o comportamento de demanda.
Vídeo
2. Discorra sobre a importância do desenvolvimento de planos e ações
para influenciar a demanda.
REFERÊNCIAS
ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2011.
CORRÊA, H. L. Gestão de redes de suprimento: integrando cadeias de suprimento no mundo
globalizado. São Paulo: Atlas, 2010.
CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração de produção e operações – manufatura e serviços:
uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2004.
VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2013.
Gestão de estoques 97
Podemos definir os estoques, de acordo com Moreira (2008, p. 477),
como “quaisquer quantidades de bens físicos que sejam conservados,
de forma improdutiva, por algum intervalo de tempo; constituem es-
toques tanto os produtos acabados que aguardam venda ou despa-
cho, como matérias-primas e componentes que aguardam utilização
na produção”.
Taxa de demanda do
processo de saída
• Em trânsito
• Escassez
• Estoques de
• Oportunidade
distribuição
Gestão de estoques 99
modelo de previsão adotado. Ao mesmo tempo, a incerteza quan-
to ao processo de fornecimento também é um agente causador
de estoques, pois, em muitos casos, as empresas não conseguem
estabelecer adequadamente os prazos de recebimento de merca-
dorias dos seus fornecedores, o que acaba gerando problemas no
uso e no fluxo interno dos materiais.
Recebimento
Finalização
do material
Processamento
(fabricação)
Fonte: Elaborada pelo autor.
Estoque de matérias-primas
Programa-mestre de
Carteira de pedidos Previsão de vendas
produção
Planejamento das
Lista de materiais necessidades de Registros de estoque
materiais
Lapiseira
P207
4x
Capa da Miolo interno
Borracha Grafite 0.7 mm
borracha 207
2 cm 2g 3x
7g .05 g
Plástico Corante
ABS preto
Caneta NIC
1 1 1
10 g 1g
Corpo N (1)
Plástico X (10 g)
Tampa N (1)
16 17 18 19 20
OC Plástico X OC Aditivo OP Corpo N OP NIC Pedido (100)
(1.000 g) (100 g) (100) (100) (Canetas NIC)
Tampa N 100 40 60
ERP
Finanças
MRP II
Produção
MRP
B C
2x 2x
D E F
LEAD-TIME QUANTIDADE
PEÇA
(SEMANAS) EM ESTOQUE
B 3 200
C 5 300
D 2 500
E 4 500
F 6 600
Considere que todos os pedidos para uma mesma peça devem ser
feitos na mesma semana e que o tempo de montagem do produto A é
de uma semana. Faça um relatório para todos os produtos ilustrando o
cronograma de ordens de compra e de fabricação.
Estoques
Desperdícios
KP - Produção KT - Transporte
Estoque
1
Máximo Estoque 6
5 Médio Quantidade
do lote de
compra
(tamanho do
2 Ponto de lote)
pedido
Estoque
3
Mínimo
TEMPO
Tempo de
4 entrega
Ponto de Pedido (PP) refere-se à quantidade em estoque que dispara o pedido de compra
ao fornecedor. Quando essa quantidade é atingida, um novo pedido ao fornecedor deve
ser realizado. Ele é calculado por meio do estoque mínimo (EMn), somado ao consumo
(C) durante o tempo de ressuprimento (TR). A fórmula do PP é a seguinte:
2
PP = EMn + (C x TR)
3
que exista certa quantidade de estoque para que se possa atender à demanda caso
ocorra algum problema no fornecimento ou mesmo no aumento do consumo. Por
ser considerado um item relevante para o controle dos estoques, já que ele pode
representar um estoque fixo e parado na empresa, existem maneiras de calculá-lo
adequadamente. Veremos na Seção 4.3.1.1 algumas delas.
Tempo de entrega (TR) consiste no tempo em que o fornecedor leva desde o momento
do recebimento do pedido até a sua disponibilização ao cliente. Ele é obtido por meio
da negociação entre o cliente e o fornecedor (com relação à frequência, aos prazos, aos
tempos e aos custos envolvidos).
4
5
período de tempo. Ele é utilizado para que empresas do mesmo setor possam
comparar os níveis de estoque praticados no mercado. Para calculá-lo, basta somar os
estoques mínimos e máximos e dividir por 2. A fórmula é a seguinte:
EMn+EMx
EMe=
2
Solução:
C = 600 unid./mês
TR = 30 dias = 1 mês
a) PP = EMn + (C x TR)
PP = 100 + (600 x 1)
PP = 700 unidades
b) EMx = EMn + Q
EMn+Emx
EMe=
2
100+1900
EMe=
2
EMe = 1.000 unidades
(Continua)
Em que:
CMx = consumo máximo apurado no período considerado.
CMe = consumo médio ponderado dos consumos e dias apura-
dos no período.
TR = tempo de reposição.
A - Consumo B - Número 1
AxB AxB Acum % Acum
1
diário de dias
Acum = Acumulação da
120 2 240 240 3% multiplicação das colunas
A e B, ou da coluna A x B.
110 4 440 680 9%
90 7.835
A - Consumo B - Número
AxB AxB Acum % Acum
diário de dias
120 2 240 240 3%
90 7.835
EMn = σ x K
2 2
(d1 dméd)2 d2 dméd d3 dméd ... (dn dméd)2
n1
Observação
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Aplicação
prática
A empresa Beta S/A apurou os últimos seis consumos mensais do
produto AA-20 e chegou aos seguintes resultados, respectivamen-
te: 820, 850, 800, 810, 830 e 825 unidades. Calcule:
a) o Estoque Mínimo para um grau de atendimento de 95%;
b) o Estoque Mínimo para um grau de atendimento de 85%;
c) compare os dois resultados.
(Continua)
Média
Variação Variação ao
Consumo aritmética
Mês quadrado
(C) do consumo (V = C – M) (V2)
(M)
1 820 820 0 0
2 850 820 30 900
3 800 820 -20 400
4 810 820 -10 100
5 830 820 10 100
6 825 820 -10 100
Somatória
1.600
→
1600
6 1
σ = 17,89
Compartimento
Compartimento B
A Estoque do período
Estoque de de recebimento
consumo + Estoque de
segurança
Nível de estoques
Lotes (Q) de
ressuprimento (variáveis)
Estoque
máximo
L1
L2
L4
L3
LT
P P P
Tempo
R1 R2 R3 R4
P
Períodos de revisão
(fixos)
Fonte: Adaptada de Corrêa; Corrêa, 2004, p. 538.
Q = M – (E + QP)
Em que:
Q = quantidade a pedir.
M = nível máximo do estoque.
E = estoque presente (atual).
QP = quantidade pendente (já pedida).
O M é calculado pela fórmula (B) a seguir:
M = D x (P + LT) + ES
Q = D x (P + LT) + ES – (E + QP)
Aplicação
A empresa Gasolé, uma rede de postos de combustíveis, gerencia seus
prática
estoques usando o sistema de revisão periódica. A taxa de consumo de
combustível nos postos da rede é de 5.000 litros por dia (sete dias por
semana), sendo relativamente constante. A empresa realiza a revisão do
nível de combustível no reservatório semanalmente (a cada sete dias) e,
então, escolhe o fornecedor para encomendar a reposição. O lead-time
para o ressuprimento é de um dia (o tempo que leva para o caminhão
do fornecedor chegar aos postos) e o estoque de segurança é definido
em 500 litros.
a) Qual é o nível máximo (M) de estoques?
M = D x (P + LT) + ES
M = 5.000 x (7 + 1) + 500
M = 40.500 litros
A quantidade a se pedir pode ser dada por (assumindo que não haja
pedidos pendentes):
Q = M – (E + QP)
Q = 40.500 – (10.500 + 0)
Q = 30.000 litros
algumas épocas do ano (momentos mais frios), a indústria farmacêutica Disponível em https://www.
planeja a sua produção para suprir o aumento de demanda esperado. logweb.com.br/vmi-como-forma-
eficiente-de-reducao-do-estoque/.
Acesso em: 29 jun. 2021.
4.3.4 Classificação ABC
A classificação ABC, ou Teorema de Pareto (nome dado pelo seu
criador, o italiano Vilfredo Pareto – 1848-1923), consiste em um siste-
ma que não atua diretamente no controle de estoque, mas que possui
importante ação de apoio em seu gerenciamento.
A curva ABC basicamente separa os produtos em três classes: A, B Disponível em: https://youtu.
be/topWp-sXuvg. Acesso em: 29
e C. A classe A é considerada a mais importante e aquela que possui
jun. 2021.
maior representatividade, segundo o critério de elaboração escolhido
SKU de SKU de
Análise
maior importância pouca importância
Número de SKU Pouco Muito
Valor financeiro
Grande Pequeno
envolvido
Detalhe na análise Maior Menor
Margem de erro Menor Maior
Controle do estoque Maior Menor
Quantidade média
Custo unitário Custo total Or-
SKU em estoque
(B) (A) X (B) dem
(A)
Unidades R$/unid. R$
A 5 2.000,00 10.000,00 3º
C 1 800,00 800,00 9º
(Continua)
H 50 20,00 1.000,00 8º
TOTAL 144.730,00
Quantidade média
Custo unitário Custo total Custo total
Ordem SKU em estoque %
(B) (A) X (B) acumulado
(A)
Unidades R$/unid. R$ R$ %
(Continua)
TOTAL 144.730,00
Tabela 6
Cálculos acumulados II
TOTAL 144.730,00
Fonte: Elaborada pelo autor.
132 Gestão de compras e estoques
Passo 3: realiza-se a análise dos dados e a classificação ABC de
acordo com as tabelas a seguir.
Tabela 7
Análise e classificação ABC I
N.º
Classe % SKU Valor acumulado SKU em estoque
SKU
C 7 58,3% 100% K , L, H , C , B , G , I
%$
100
90
80
70
60
50
40
30
20 A B C
10
0 F J A E D K L H C B G I SKU
CR = P + %P
Em que:
CR = custo de reposição.
Observação
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Valor pago p/ ação aos acionistas: R$ 0,00 Valor pago p/ ação aos acionistas: R$ 0,00
(Continua)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na análise contábil do balanço patrimonial, por exemplo, os estoques
muitas vezes representam mais da metade dos ativos da organização,
pois eles estão presentes na maioria das operações e do funcionamento
da empresa.
Empresas competitivas usualmente gerenciam o seu estoque man-
tendo os registros de armazenagem, entrada e saída atualizados. Além
disso, utilizam sistemas de informação computadorizados que procuram
prever a demanda, registrar e atualizar os estoques, controlar o fluxo de
materiais, emitir pedidos de compra e elaborar relatórios gerenciais para
a tomada de decisão.
O papel da gestão dos estoques na organização, portanto, é funda-
mental para que a empresa atenda ao seu consumidor de maneira ade-
quada. Processos como o recebimento dos materiais, a armazenagem
ATIVIDADES
1. Descreva o conceito de estoque e a sua importância para as
Vídeo
organizações.
REFERÊNCIAS
ARNOLD, J. R. T. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.
CORRÊA, H. L.; CORRÊA, C. A. Administração da produção e operações: manufatura e
serviços – uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2004.
CORRÊA, H. L. Gestão de redes de suprimentos: integrando cadeias de suprimento no
mundo globalizado. São Paulo: Atlas, 2010.
DIAS, M. A. P. Administração de matérias: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2009.
MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. São Paulo: Cengage Learning,
2008.
SLACK, N. et al. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2009.
Artigo
http://sistema.semead.com.br/9semead/resultado_semead/trabalhosPDF/422.pdf
Políticas
Objetivos
Metas e
indicadores
Políticas/Objetivos/Metas
Compras Estoques
Análise e
avaliação de
desempenho
Tempo de
entrega
Custo médio
Fornecedores KPI de compras
do pedido
Pedidos
Prazo médio
precisos
Estoque Rotação de
adequado estoque
5.2.2.2 Devolução
O KPI relacionado à devolução consiste em indicadores que medem
as taxas de retorno dos produtos após a sua venda. Esse processo
pode ser muito custoso para a empresa, pois dependendo do produto,
existem custos adicionais de retorno que devem ser contabilizados.
Por exemplo, uma empresa que vendeu uma camiseta não terá
muita dificuldade para recebê-la em devolução. No entanto, uma em-
presa que vendeu dois metros cúbicos de areia terá custos adicionais
para voltar ao local em que foi entregue o produto, remover a areia,
colocá-la novamente no caminhão e retorná-la ao seu depósito.
5.2.2.5 Perdas
Indicadores de perdas mostram a taxa de inutilização do produto, o
qual a empresa não consegue comercializar devido a problemas com
a mercadoria.
Custo de operação
Atendimento ao Gestão de
consumidor compras e Ativos estocáveis
estoques
Eficiência nos
processos
Fonte: Elaborada pelo autor.
EVOLUÇÃO EM COMPRAS
Inteligência artificial
Digitalização
Riscos
Fornecedores
Tecnologia da
informação
Instalações Previsões
Evolução em
estoques
Leitura
Leia o texto Qual a relação
entre um processo de
Inteligência artificial Múltiplos canais
compras estruturado e o
controle de estoque?, que
apresenta as vantagens
de compras estrutura-
Fonte: Elaborada pelo autor.
das e explica como gerir
compras e estoques de
maneira eficiente. Vamos conhecer as particularidades de cada um.
ATIVIDADES
1. Por que o desenvolvimento de compras e estoques está ligado
Vídeo
diretamente ao entendimento e à gestão da cadeia de suprimentos
(SCM)?
REFERÊNCIAS
CHING, H. Y. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada: supply chain. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2010.
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gestão da cadeia de suprimentos: estratégia, planejamento e
operações. 4. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
CORRÊA, H. L. Gestão de redes de suprimento: integrando cadeias de suprimento no mundo
globalizado. São Paulo: Atlas, 2010.
MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning,
2008.
SLACK, N. et al. Administração da produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
2 Gestão de compras
1. Descreva a importância da gestão de compras nas organizações.
4 Gestão de Estoques
1. Descreva o conceito de estoque e a sua importância para as
organizações.