Fundamentos de Teoria Da Relatividade e Física Quântica
Fundamentos de Teoria Da Relatividade e Física Quântica
Fundamentos de Teoria Da Relatividade e Física Quântica
da Relatividade e Física
Quântica
Prof. Sandro Elias Braun
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Sandro Elias Braun
B825f
ISBN 978-85-515-0449-9
CDD 530
Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico! Neste Livro Didático, desenvolveremos e explora-
remos as relevantes conquistas dos séculos XIX e XX conforme os elementos
da física moderna sob a perspectiva da teoria da relatividade e da mecânica
quântica, enfatizando conceitos e aplicações. Acreditamos que ao final do
livro você entenderá os fundamentos que constituem a física moderna que,
apesar de invisíveis, estão na nossa vida cotidiana.
Bons estudos!
Prof. Sandro Elias Braun
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
UNI
IV
V
LEMBRETE
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
VI
Sumário
UNIDADE 1 – MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS..................................................1
VIII
2.2 QUANTIZAÇÃO DO MOMENTO ANGULAR........................................................................279
2.3 QUANTIZAÇÃO DA ENERGIA.................................................................................................283
2.4 RESUMO DOS NÚMEROS QUÂNTICOS..................................................................................286
2.5 AS FUNÇÕES DE ONDA DO ÁTOMO DE HIDROGÊNIO....................................................287
2.6 O ESTADO FUNDAMENTAL......................................................................................................288
2.7 ESTADOS EXCITADOS.................................................................................................................292
3 O SPIN DO ELÉTRON......................................................................................................................295
3.1 MOMENTO MAGNÉTICO...........................................................................................................296
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................303
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................305
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................306
IX
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
1
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer de cada tópico
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
A propriedade relativística das leis da física começou a ser observada muito
cedo na história da física clássica. Nicolau Copérnico já havia apresentado que o cál-
culo dos movimentos dos planetas se voltaria muito mais claro e preciso se o antigo
modelo aristotélico, entendido na ideia de que a Terra era o centro do universo, ficas-
se alterado por um padrão no qual os planetas se voltassem em tomo do Sol e não da
Terra. Copérnico se tornou largamente conhecido graças a sua correspondência com
os contemporâneos. Além disso, ajudou a preparar o caminho para a aceitação geral,
um século mais tarde, da teoria heliocêntrica do movimento dos planetas. Embora a
teoria de Copérnico tenha gerado uma verdadeira revolução do pensamento huma-
no, o aspecto que nos interessa é que a teoria não considerava a localização da Terra
como especial ou privilegiada. Logo, as mesmas equações ficariam obtidas, com in-
dependência da origem do sistema de coordenadas. Essa invariância das equações
que apresentam as leis da física é vista como princípio da relatividade.
3
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
E
IMPORTANT
reza só podem formular-se com especial singeleza e naturalidade se, dentre todos
os sistemas de coordenadas de Galileu, elegêssemos como corpo de referência um
(K0) que tivesse um estado de movimento determinado. A este o qualificaríamos,
e com razão (por suas vantagens para a descrição da natureza), de absolutamente
em repouso, enquanto dos demais sistemas galileanos K diríamos que são mó-
veis. Se a via fosse o sistema K0, então nosso vagão de transporte ferroviário seria
um sistema K em relação ao qual regeriam leis menos singelas do que com res-
peito a K0. Esta menor simplicidade teria que atribuir que o vagão K se move com
relação a K0 (isto é, realmente).
Seria de esperar, por exemplo, que o tom de um tubo de órgão fosse di-
ferente quando seu eixo fosse paralelo à direção de marcha do que quando esti-
vesse perpendicular. Agora, a Terra, devido ao seu movimento orbital ao redor
do Sol, é equiparável a um vagão que viaja a uns 30 km por segundo. Portanto,
no caso de não ser válido o Princípio de Relatividade, seria de esperar que a di-
reção instantânea do movimento terrestre interviesse nas leis da natureza e que,
portanto, o comportamento dos sistemas físicos dependesse de sua orientação es-
pacial com respeito à Terra; porque, como a velocidade do movimento de rotação
terrestre varia de direção em decorrência do ano, a Terra não pode estar durante
o intervalo de um ano inteiro em repouso com respeito ao hipotético sistema K0.
2 O PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE
Você já estudou que, como consequência das equações de Maxwell, as
ondas eletromagnéticas se propagam no vácuo com velocidade c = 1/ ε 0 µ0 que
é uma constante universal. Entretanto, é importante discutirmos uma questão
básica: a que referencial se refere essa velocidade?
5
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
(S) O'
z y'
Vt
x'
y
O
x
FONTE: Nussenzveig (2014, p. 175)
X ′ = x - vt
(1.1)
t' = t
v'' − v − V (1.2)
dv dv' (1.3)
= a = a′ = '
dt dt
Como a transformação de Galileu não afeta as distâncias entre partículas
nem a massa, também não afeta uma força F que só depende dessas distâncias
(como a gravitação), de modo que:
6
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
ATENCAO
Vimos também na Mecânica que esse princípio deixa de valer para refe-
renciais não inerciais, ou seja, aparecem efeitos detectáveis sobre as leis da mecâ-
nica, através das forças de inércia (força centrífuga, força de Coriolis etc.).
c' = c − V (1.5)
7
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
E
IMPORTANT
(iii) O princípio de relatividade aplica-se a todas as leis físicas, e as equações de Maxwell são
corretas. Nesse caso, a mecânica newtoniana e a transformação de Galileu não podem ser
corretas: deve ser possível observar desvios das leis da mecânica newtoniana.
3 O EXPERIMENTO DE MICHELSON-MORLEY
No século XIX, os cientistas acreditavam que todas as ondas conhecidas
necessitavam de um meio para se propagarem. As ondas do mar obviamente não
existem no vácuo. O mesmo se pode dizer das vibrações de uma corda de violão,
das ondulações da superfície de um tambor, das oscilações que atravessam a Terra
durante um terremoto e, de forma geral, das ondas que atravessam qualquer
8
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
9
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
O aparelho que ele projetou para executar esse tipo de medida recebeu o
nome de interferômetro de Michelson. O objetivo do experimento de Michelson-
Morley era medir a velocidade da luz em relação ao interferômetro, ou seja, em
relação à Terra, o que equivaleria a demonstrar que a Terra estava em movimento
em relação ao éter, representando, portanto, uma prova da existência do último.
Antes de discutirmos o funcionamento do interferômetro, vamos descrever uma
situação análoga em um contexto familiar.
10
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
Espelhos
Fonte luminosa Ajustáveis Placa
de vidro
Espelhos Espelho
Semitransparente Espelhos Espelhos
Telescópio
• Figura 5b: a imagem vista pelo observador consistia em uma série de faixas
claras e escuras denominadas franjas de interferência (Figura 5b). Os dois raios
luminosos presentes no interferômetro são análogos aos dois barcos a remo,
era de se esperar que o movimento da Terra em relação ao éter introduzisse
uma diferença de tempo e de fase dada pela Equação:
2L v 2 2L 1v 2 Lv 2
Dt = t2 − t1 ≈ 1+ − − (1 + ) ≈
c c2 c 2c 2 c3
Uma rotação de 90° do interferômetro multiplicaria por dois a diferença
de tempo e mudaria a fase fazendo com que a figura de interferência se deslocas-
se de uma distância AN. Para fazer girar o aparelho, foi usado um sistema espe-
cial no qual o bloco de pedra em que estava montado o interferômetro flutuava
12
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
E
IMPORTANT
ATENCAO
13
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
NOTA
4 O POSTULADO DE EINSTEIN
Em 1905, com 26 anos, Albert Einstein publicou vários artigos, entre os quais
um sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento. Neste, Einstein propôs um
princípio de relatividade mais abrangente, que se aplicava tanto às leis da mecânica
quanto às leis da eletrodinâmica. Uma das consequências desse princípio é que
não existe nenhum experimento capaz de detectar o movimento absoluto. Sendo
esse o caso, nada nos impede de supor que a Terra e o interferômetro de Michelson
estão em repouso, caso em que nenhum deslocamento das franjas é esperado quan-
do o interferômetro gira 90° já que todas as direções são equivalentes. O resultado
nulo do experimento de Michelson-Morley se torna, portanto, uma consequência
natural do princípio da relatividade de Einstein. É preciso ressaltar que Einstein
não formulou essa teoria com o intuito de explicar o experimento de Michelson-
-Morley, mas foi levado a ela por considerações a respeito da teoria da eletricida-
de e do magnetismo e das propriedades incomuns das ondas eletromagnéticas no
espaço livre. O primeiro artigo contém a teoria completa da relatividade restrita.
Einstein se refere, apenas de passagem, às tentativas experimentais de detectar o
movimento da Terra em relação ao éter. Mais tarde, afirmou não lembrar se estava
a par dos detalhes do experimento de Michelson-Morley quando propôs a teoria.
14
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
NOTA
15
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
ATENCAO
16
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
NOTA
Este resultado está em desacordo com nossa intuição. O que acontece é que
ideias intuitivas a respeito de velocidades relativas são válidas, para todos os efeitos práticos,
quando as velocidades são pequenas em comparação com a velocidade da luz. Mesmo
em um avião que esteja se movendo com a velocidade do som não é possível medir a
velocidade da luz com precisão suficiente para observar a diferença entre as velocidades c
+ v na qual v é a velocidade do avião. Para perceber essa diferença, devemos examinar um
corpo que esteja se movendo com grande velocidade (muito maior do que a velocidade
do som) ou realizar medidas extremamente precisas, como no experimento de Michelson-
-Morley. Quando fazemos isso, descobrimos como Einstein comentou no primeiro artigo
a respeito da relatividade, que as contradições são “apenas aparentemente irreconciliáveis”.
5 ESPAÇO-TEMPO
A descoberta da física relativística de que os intervalos de tempo entre even-
tos não são iguais para observadores em diferentes referenciais inerciais ressalta o
caráter quadridimensional do espaço-tempo. Com os diagramas que usamos até
agora, é difícil representar em duas dimensões eventos que ocorrem em instantes
diferentes, já que cada diagrama equivale a uma “fotografia” do espaço-tempo em
um determinado instante. Para mostrar eventos que variam com o tempo, torna-se
necessário recorrer a uma série de diagramas, como os que aparecerão nas Figuras
10, 11 e 12. Mesmo assim, a atenção do leitor tende a ser atraída para os sistemas de
coordenadas espaciais e não para os eventos, que são o que realmente importam.
Esse problema é resolvido na relatividade restrita com o uso de um tipo especial de
representação denominado diagrama espaço-tempo. Nos diagramas espaço-tem-
po, podemos representar as coordenadas especiais e temporais de muitos eventos
em um ou mais referenciais inerciais, embora com uma limitação. Como é possível
representar apenas duas dimensões no papel, temos que ignorar duas dimensões
espaciais, normalmente as dimensões v e c. Na verdade, da forma como será defini-
do o movimento relativo entre S e S' (Figura 9), y' = y e z'=z, de modo que todas as
mudanças importantes ocorrem ao longo do eixo dos x (esta é uma das razões para
nossa escolha, a outra é a simplicidade matemática). Isso significa que, no momen-
to, vamos limitar nossa atenção ao tempo e a uma das coordenadas espaciais, ou
seja, os eventos que ocorrem em apenas uma dimensão do espaço. Caso seja neces-
sário considerar as outras duas dimensões, como acontece na transformação relati-
vística de velocidades, podemos recorrer às equações da transformação de Lorentz.
18
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
ATENCAO
6 A TRANSFORMAÇÃO DE LORENTZ
Vamos agora discutir uma importante consequência dos postulados de
Einstein: a relação geral entre as coordenadas do espaço-tempo t, y, z e t de um
evento em um referencial S e as coordenadas x', y', z' e t' do mesmo evento em
um referencial S' que esteja se movendo com velocidade uniforme cm relação a S.
20
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
A essa altura, deve ser evidente para você, acadêmico, que a transforma-
ção clássica de velocidades não é compatível com os postulados de Einstein da
relatividade restrita. Se a luz se propaga ao longo do eixo x com velocidade c no
referencial S, a velocidade no referencial S' de acordo com a Equação u'x = ux - v,
u'y = uy, u'z = uz deveria ser u'k= c - v, e não u'k = c.
E
IMPORTANT
21
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
FIGURA 9 – DOIS REFERENCIAIS INICIAIS. S E S' COM O SEGUNDO SE MOVENDO COM UMA
VELOCIDADE V NO SENTIDO POSITIVO DO EIXO X DO SISTEMA S
y y'
S S'
v
(xb' tb )
(xa' ta )
x x'
O O'
z z'
FONTE: Tipler; Llewellyn (2006, p. 13)
t' = g t +
(
1- g 2 x
)
(1.10)
g2 v
x2 + y2 + z2 = c2 t2 (1.11)
22
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
NOTA
1 1
g= =
v2 1- b 2 (1.13)
1-
c2
Na qual b = v/c. Note que g = 1 para v = 0 e g → ∞ para v = c.
ATENCAO
7 SIMULTANEIDADE
Os postulados de Einstein levam a algumas previsões a respeito dos re-
sultados de medidas feitas por observadores situados em diferentes referenciais
inerciais que, a princípio, parecem estranhas ou mesmo absurdas, mas foram com-
provadas experimentalmente. Na verdade, quase todos os supostos paradoxos po-
dem ser explicados se reconhecermos que os postulados da relatividade restrita são
compatíveis com a relatividade da simultaneidade, segundo a qual dois eventos
que são simultâneos em um referencial não são simultâneos em outro referencial
inercial que esteja se movendo em relação ao primeiro.
E
IMPORTANT
23
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
Podemos perguntar: o que são eventos simultâneos? Suponha que dois ob-
servadores, ambos situados no referencial S, um no ponto A e outro no ponto B,
tenham combinado fazer explodir bomba no instante t (lembre-se de que os relógios
de S estão sincronizados). O relógio que se encontra no ponto C, equidistante de A e
de B, registrará a chegada da luz proveniente das duas explosões no mesmo instante.
Outros relógios de S registrarão primeiro a chegada da luz emitida pela bomba que
explodiu em A ou em B, dependendo da localização, mas depois de corrigidos para
levar em conta o tempo de percurso da luz os dados registrados por todos os relógios
indicarão que as duas explosões foram simultâneas. Vamos, portanto definir dois
eventos como simultâneos em um referencial inercial se os sinais luminosos associa-
dos a eles forem vistos simultaneamente por um observador, situado em um ponto
equidistante dos dois eventos de acordo com a indicação de um relógio situado na
posição desse observador, que recebe o nome de relógio local.
Para mostrar que dois eventos simultâneos no referencial S não são simul-
tâneos em um referencial S' que esteja se movendo em relação a S, vamos usar um
exemplo proposto por Einstein. Um trem está passando pela plataforma de uma
estação, com velocidade v. Três observadores A' B' e C' estão situados no primeiro
vagão, no vagão central e no último vagão do trem. Vamos associar o referencial S'
ao trem e o referencial S a plataforma da estação. Suponhamos que o trem e a plata-
forma sejam atingidos por dois relâmpagos, um no primeiro vagão e outro no último,
e que os relâmpagos sejam simultâneos no referencial da plataforma S (Figura 10a).
Em outras palavras, um observador situado em C, um meio caminho entre A e B,
observa os dois raios simultaneamente. É conveniente supor que o raio deixa o trem
e a plataforma chamuscados, pois, nesse caso, os eventos podem ser localizados com
facilidade nos dois referenciais. Como o observador C está no centro do trem a meio
caminho entre os pontos que foram chamuscados pelo raio, os dois eventos seriam
simultâneos em S apenas se fossem observados ao mesmo tempo por C'. Entretanto,
C observa o raio que atingiu o primeiro vagão antes de observar o raio que atingiu o
último. No referencial S, quando a luz proveniente do raio que atingiu os pontos A
e A' chega ao ponto C' o trem se deslocou de uma certa distância em direção a A e
por isso, a luz proveniente do raio que atingiu os pontos B e B' ainda não chegou a C'
como mostra a Figura 10b. O observador em C chega, portanto, a conclusão de que
os eventos não foram simultâneos, mas o raio que atingiu a parte da frente do trem
aconteceu primeiro.
24
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
• Figura 11a: duas lâmpadas são acesas simultaneamente nos pontos A e B onde
existem relógios sincronizados em S.
25
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
• Figura 11b: o observador situado em C' a meio caminho entre A' e B', no trem
em movimento, registra a chegada do raio luminoso proveniente de A antes
da chegada do raio proveniente de B, mostrada em (d). Como o observador
em S anunciou que as lâmpadas seriam acesas no instante t0 de acordo com os
relógios locais, o observador em C conclui que os relógios locais A e B não in-
dicaram simultaneamente o instante t0, isto é, que não estavam sincronizados.
• Figura 11c: os dois raios são vistos simultaneamente por um observador situa-
do em C.
Um observador que esteja em C' a meio caminho entre A' e B' verá a luz
produzida pela lâmpada que foi acesa em A (Figura 11) antes de ver a luz produ-
zida pela lâmpada que foi acesa em B (Figura 11d).
26
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
E
IMPORTANT
27
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
• Figura 12a: os relógios da Terra registram a chegada simultânea dos raios lumi-
nosos, o que significa que os relógios estão sincronizados.
• Figura 12b: os relógios situados nas extremidades da espaçonave também regis-
tram a chegada simultânea dos raios luminosos segundo postulado de Einstein,
o que significa que os relógios da espaçonave também estão sincronizados.
• Figura 12c: entretanto, o observador da Terra vê a luz chegar ao relógio que está
em B' antes de chegar ao relógio que está em A'. Como os relógios da espaçona-
ve mostram a mesma hora no instante em que é atingido pelos raios luminosos,
o observador da Terra conclui que os relógios da espaçonave A' e B' não estão
sincronizados.
• Figura 12d: um observador a bordo da espaçonave conclui que os relógios da
Terra, A e H não estão sincronizados.
8 TRANSFORMAÇÃO DE VELOCIDADES
A transformação de velocidades na relatividade restrita pode ser obtida
derivando a transformação de Lorentz. Em física, as transformações de Lorentz,
em homenagem ao físico neerlandês Hendrik Lorentz, descrevem como, de acordo
com a relatividade especial, as medidas de espaço e tempo de dois observadores
se alteram em cada sistema de referência. Elas refletem o fato de que observadores
se movendo com velocidades diferentes medem diferentes valores de distância,
tempo e, em alguns casos, ordenação de eventos. Suponha que uma partícula
esteja se movendo em S com uma velocidade u de componentes:
28
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
Ou:
ux - v
u'x =
vu (1.16)
1- 2x
c
uy uz
u'y = u'z =
vu vu (1.17)
g 1- 2y g 1- 2z
c c
vu' vu' y
u x = u' x + v / 1+ 2 x u y = u' y + v / g 1+ 2
c c
(1.18)
vu'
u z = u' z + v / g 1+ 2 z
c
29
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
vazio, essa distinção não existe. Isso significa que a expressão clássica usada para
calcular o efeito Doppler não pode estar correta no caso da luz. Vamos agora
determinar a expressão correta do efeito Doppler para a luz.
(a) C V C
B A
(b)
Ct
Ct’
Linha do Linha do
C∆t C∆t’
universo da universo da
luz que se luz que se
propaga em propaga em
direção a B direção a A
S S’
0 (medido ω V
em S)
Raios
x Fonte x’
gama
Receptor
FONTE: Tipler; Llewellyn (2006, p. 26)
30
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
χ χΝ 1 Ν
f
= = = (1.20)
l ( χ - v)Dτ 1- bDτ
31
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
1 f 0 Dt ' f0 1
=f = (1.21)
1- b Dt 1- b g
ou
1- b 2 1+ b
f = f0 = f0 (1.22)
1- b 1- b
1- b 2 1- b
f = f0 = f0 (1.23)
1+ b 1+ b
E
IMPORTANT
32
TÓPICO 1 | A TEORIA DA RELATIVIDADE RESTRITA
1
f = f 0 (1 + b ) 2 (1 - b )-1/2 (1.24)
1 1 1 3
=f f 0 1 + b - b 2 +… 1 + b + b 2 +… (1.25)
2 8 2 8
f
≈ 1+ b (1.26)
fo
f
≈ 1+ b (1.27)
fo
DICAS
NOTA
33
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
TUROS
ESTUDOS FU
34
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
35
• A velocidade da luz no vácuo é a mesma para todos os observadores em refe-
renciais inerciais e não depende da velocidade da fonte que está emitindo a luz,
tampouco do observador que a está medindo.
• A luz não requer qualquer meio (como o éter) para se propagar. De fato, a exis-
tência do éter é mesmo contraditória com o conjunto dos fatos e com as leis da
mecânica.
36
• A transformação inversa (de velocidade) é facilmente obtida: basta mudar ν
por -ν e trocar os índices (linha por sem-linha). Um objeto cuja velocidade me-
dida no referencial S é:
→
u = (u x , u y , u z ) (1.28)
Terá a velocidade:
→
u' = (u 'x , u ' y , u 'z ) (1.29)
ux − v uy 1 u 1
=u'x = ; u' y = ; u'z
uv uv uv
1 x2 g 1 − x2 g
(1.30)
1 − x2
c c c
37
AUTOATIVIDADE
38
2 Mostre que a dilatação do tempo continua válida com a introdução da
constante de proporcionalidade (equação 1.31)
1
g=
v2 (1.31)
1−
c2
3 Uma nave espacial está viajando e passa pela Terra com velocidade relativa
V=0,8c. O rádio da nave sofreu uma pane e eles ficaram tentando estabelecer
a comunicação e ela foi retornada depois dos pilotos concertarem o rádio,
tarefa que demorou 2,5h. Qual foi o tempo esperado pela central de controle
na Terra?
39
1 1
=g =
v2 1− b 2
1− 2
c
Se transforme na Equação:
x 2 +y 2 +z 2 =c 2t 2
40
ao ponto B e volta ao ponto A. enquanto o barco 2 vai do ponto A ao ponto
C e volta ao ponto A. (b) Ao se dirigir do ponto A ao ponto B, o barco 1
deve navegar rio acima para que a soma dos vetores velocidade c + v seja
perpendicular às margens do rio. A velocidade do barco em relação às
margens, ou seja. em relação aos pontos A e B c 2 -v 2 O mesmo acontece na
viagem de volta.
41
A Figura a mostra que dois prótons se aproximam da Terra vindo de direções
opostas com velocidades v1 e v2 em relação à Terra. (b) Associando referen-
ciais inerciais à Terra e as duas partículas, podemos visualizar as velocidades
relativas envolvidas e aplicar corretamente a transformação de velocidades.
12 Os píons são partículas radioativas que podem ser produzidas num laboratório
de pesquisa. O tempo de meia-vida de um píon em repouso é T0 = 1,8 x 10-8
s. Isso significa que, em média, a metade dos píons existentes em um dado
instante se desintegra decorridos 1,8 × 10-8 s. Em uma dada experiência, os
píons são produzidos com alta velocidade e se verifica que, a uma distância
L = 39 m do local da produção, a população de píons caiu à metade. Qual a
velocidade dos píons?
13 Um grupo de astronautas realiza uma jornada da Terra até Sírius, uma estrela
muito brilhante localizada a 8,5 anos-luz de distância da Terra, de acordo com
medidas feitas na Terra. A velocidade escalar da astronave é ν = 0,95c. Ache a
distância entre a Terra e Sírius, de acordo com medidas feitas pelos astronautas.
14 Uma nave espacial S é alcançada por uma nave espacial S', que ultrapassa
S com uma velocidade relativa ν = c/2. O capitão de S saúda o capitão de S'
piscando as luzes da proa e da popa simultaneamente do ponto de vista de S.
Quando medida por S, a distância entre as luzes é de 100 m. Qual a diferença
entre os instantes de emissão dos sinais de luz, quando medidos por S'?
42
15 Um homem, carregando uma vara de comprimento próprio L0V = 20 m,
passa correndo por baixo de uma área coberta de telhas de comprimento
próprio L0T = 11 m. A situação é esquematizada na figura a seguir. A veloci-
dade ν do homem com relação ao telhado é tal que γ = 2. Responda:
17 Suponha que um corpo se move em S' com velocidade v'= 0,9c e S' move-se
em relação a S com velocidade u=0,9c. Qual é a velocidade do corpo medida
por S?
18 Uma fonte de luz em repouso na origem O' de S' emite um raio de luz no
plano x'y' formando em ângulo ϑ' com o eixo x'. Qual é a sua direção vista
em S?
43
44
UNIDADE 1
TÓPICO 2
DINÂMICA RELATIVÍSTICA
1 INTRODUÇÃO
Anteriormente, discutimos a observação clássica de que, se a segunda lei
de Newton F = m.a é válida em um referencial, também é válida em qualquer
outro referencial que esteja se movendo com velocidade constante em relação
ao primeiro, isto é, em qualquer referencial inercial. A transformação de Galileu
leva a mesma aceleração a'x = ax nos dois referenciais; forças como as produzidas
por molas distendidas também são as mesmas nos dois referenciais. Entretanto,
de acordo com a transformação de Lorentz, as acelerações não são iguais em dois
desses referenciais. Se uma partícula tem urna aceleração a, e uma velocidade u,
no referencial S a aceleração da partícula em S' obtida calculando o valor de du'/
dt', na qual u' é dado pela Equação:
ux - v
u'x =
vu
1- 2x
c
é
ax
a'x =
vu (1.44)
ã3 (1- 2x )3
c
E
IMPORTANT
Para que a segunda lei de Newton F = m.a seja válida no segundo referencial,
o valor de F/m também não pode ser o mesmo nos dois referenciais e, portanto, a força F
não é invariante em relação à transformação de Lorentz.
45
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
NOTA
Nesse caso, precisamos de uma nova lei de movimento, mas uma lei que seja
v
equivalente a versão clássica de Newton para b= c → 0 já que, quando b « 1, a lei F = m.a
está de acordo com as observações experimentais.
2 MOMENTO RELATIVÍSTICO
Entre os princípios mais importantes da física clássica estão as leis de conser-
vação do momento e de conservação da energia total. Essas leis fundamentais estão
ligadas a certas simetrias que existem nas leis da física. Assim, por exemplo, a conser-
vação da energia total na física clássica é uma consequência da simetria ou invariân-
cia das leis da física com relação as translações no tempo. Isso faz com que as leis de
Newton se apliquem hoje em dia exatamente do mesmo modo como se aplicavam na
época em que foram formuladas. A conservação do momento resulta da invariância
das leis da física em relação a translações no espaço. Na verdade, o primeiro postula-
do de Lorentz e a transformação de Lorentz resultante (Equações a seguir):
E
IMPORTANT
E
IMPORTANT
p = Σmu
Vamos ver que na mecânica relativística a conservação da grandeza Σmu é uma aproxi-
mação válida apenas em baixas velocidades.
v2
u xB =
u'YB /Y =
−u0 1 − (1.45)
c2
48
TÓPICO 2 | DINÂMICA RELATIVÍSTICA
Vamos aplicar a primeira dessas condições à colisão de duas bolas que aca-
bamos de discutir, observando dois pontos importantes. Em primeiro lugar, para
cada um dos dois observadores da Figura 14, a velocidade das bolas com valor ab-
soluto não é alterada pela colisão elástica: tanto antes como depois da colisão é u0,
para a bola lançada pelo observador u = (u2y + v2)2 para a outra bola. Em segundo
lugar, a falta de conservação do momento que descrevemos não se deve às veloci-
dades, porque usamos a transformação de Lorentz para calcular as componentes v.
Nesse caso, deve ter algo a ver com a rnassa! Vamos escrever a lei de conservação
da componente v do momento do ponto de vista do observador em S, chamando a
massa da bola arremessada pelo observador S de m(u0) e a massa da bola arremes-
sada pelo observador S' de m(u):
m(u ) u
= − 0 (1.47)
m(u0 ) uy B
m(u = v) u 1
= − 0
m(u0 = 0) u0 v2 (1.48)
1−
c2
ou
m
m(u ) =
u1 (1.49)
1−
c2
B que se move em relação a ele com velocidade u, como igual a 1 / 1 − u 2 vezes a
2
c
49
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
50
TÓPICO 2 | DINÂMICA RELATIVÍSTICA
E
IMPORTANT
v2 1/2
Não é aconselhável introduzir o conceito de uma massa=M m / (1 − 2 ) para a qual
c
não se pode oferecer nenhuma definição clara. É melhor não introduzir nenhuma massa
além da “massa de repouso" m. Em vez de introduzir M, é melhor mencionar as expressões
para o momento e energia de um corpo em movimento.
3 ENERGIA RELATIVÍSTICA
O caráter fundamental do princípio de conservação da energia total nos
leva a procurar uma definição de energia total na teoria da relatividade que
preserve a invariância dessa lei de conservação nas transformações entre sistemas
inerciais. Como no caso da definição de momento relativístico.
ATENCAO
A Equação 1.50 vai exigir que a energia relativística total E apresente duas
propriedades:
u2 1 u2
g = 1- 2
c
-1/2=1+
2 c2
+… (1.60)
51
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
1 u2
Ek = mc 2 1+ 2
+…- 1 » 1 / 2mu 2 (1.61)
2c
52
TÓPICO 2 | DINÂMICA RELATIVÍSTICA
ATENCAO
mc 2
E = Ek + mc 2 = g mc 2 = (1.62)
1- u 2 / c 2
Assim, o trabalho realizado por uma força aumenta a energia do sistema da energia de
repouso mc2 para ymc2 ou aumenta a massa de m para ym. Para uma partícula em repouso
em relação a um observador Ek = 0 e a equação 1.62 se toma a que é, provavelmente, a
mais famosa de todas as equações da física E = mc2.
1
E≈ mu 2 +mc 2 (1.63)
2
53
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
DICAS
DICAS
Você não precisa de uma nave espacial com velocidade próxima à da luz para
sentir os efeitos da relatividade — eles podem emergir mesmo nas lentas velocidades de
um automóvel. Leia: A bateria do seu carro só funciona graças à relatividade. Disponível
em: http://bit.ly/2ul6d2m.
TUROS
ESTUDOS FU
54
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A relação entre energia e momentum para uma partícula sem massa aparece
naturalmente das novas definições.
1
p = m(u)u, onde m(u)= g (u)m, g (u)=
u2
1−
c2
E=m(u)x 2 =g (u)m0 c 2
55
• É fácil verificar que a energia e o momento linear relativísticos estão relaciona-
dos pela equação:
E 2 -p 2 c 2 =(m0 c 2 )2
E0 =m0 c 2
• A equação E0 = m0 c2 tem um significado muito profundo: ela nos diz que massa
e energia são basicamente equivalentes. Uma das mais importantes implica-
ções dessa equação é a noção de que podemos, em princípio, transformar mas-
sa em energia e vice-versa.
56
AUTOATIVIDADE
5 Uma nave tem uma massa de repouso igual a 1 tonelada, desloca com relação
a um sistema inercial O. Qual deveria ser a velocidade v da nave para que a
mesma sofresse um aumento na massa inercial de 1 g?
57
10 Determine o equivalente energético de uma unidade atômica 1u = 1, 6605
x10-27kg.
58
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
A teoria inicial da relatividade é "especial" no sentido de que trata com sis-
temas de referência em movimento uniforme, isso é, em sistemas de referência que
não são acelerados. A teoria geral incorpora sistemas de referência aceleradas. A
ideia subjacente é que os efeitos da gravitação e da aceleração não podem ser distin-
guidos um do outro. Com isso, Einstein formulou uma nova teoria da gravitação.
2 GEOMETRIA DIFERENCIAL
• Tensores
59
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
a) Tensores Covariantes:
∂x b
x 'a = (1.66)
∂x 'a
b) Tensores Contravariantes:
∂x 'a b
X 'a = X (1,67)
∂x b
c) Derivação covariante:
∂ ∂x e
∂ c X'a = Xe (1.68)
∂x' c ∂x' a
Sendo:
∂ ∂x d ∂
∂'c º = (1.69)
∂x' c ∂x' c ∂x d
Temos então:
∂x e ∂x d ∂ ∂ 2 xe
∂'c X'a = Xe + c a Xe (1.70)
∂x' a ∂x' c ∂x d ∂x' ∂x'
60
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
Vemos então que esta operação não é tensorial, pois não se comporta como
(1.66) frente a uma transformação de coordenadas devido ao segundo termo do
lado direito. Mas podemos definir uma derivação de caráter tensorial reescreven-
do (1.70) da seguinte maneira:
∂ 2 x e ∂x' b ∂ e xd (1.71)
∂'c X'a = X'b + a c ∂ d X e
∂x' c ∂x' a ∂x e ∂x' ∂x'
com isso, definimos a seguinte operação:
∂ c X a - Γ ac
∇c X a = b
Xb (1.72)
b
Esta é a derivada covariante de um vetor Xa. O fator Γ ac é denominado
conexão. É esta conexão que faz com que a derivação covariante tenha caráter
tensorial.
∇cϕ =∂ cϕ (1.73)
A partir desse fato, podemos obter uma relação para a derivação cova-
riante de tensores contravariantes, definindo um produto escalar entre dois ten-
sores como:
X aYa =ϕ (1.74)
∇ cϕ = ∂ cϕ = Yb ∂ c X a + X a ∂ cYb (1.75)
61
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
Ya ∇c X a + X a (∂ cYa − Γ ac
b
Yb )= Ya ∂ c X a + X a (1.77)
∇c X a = ∂ c X a + Γ ab X b (1.78)
Que é a derivada covariante para um tensor contravariante. Agora
podemos generalizar a derivação covariante para o caso de um vetor misto
a
arbitrário Tb .
∂x f ∂x 'a
∂ 'c X 'a +=
Γ 'abc X 'b (∂ f X d + Γdef X e ) (1.80)
∂x ' ∂x
c d
∂x f ∂x 'a ∂ 2 x 'a ∂x f d
∂ '=
c X'
a
∂ f X d
+ X (1.81)
∂x 'c ∂x d ∂x d ∂x f ∂x 'c
∂x f ∂x 'a d e ∂ 2 x 'a ∂x f d
Γ' =
X'
a
bc
b
Γef X − d f X (1.82)
∂x 'c ∂x d ∂x ∂x ∂x 'c
62
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
∂x f ∂x 'a ∂x e d ∂ 2 x 'a ∂x f ∂x d
=Γ' a
bc Γef − d f (1.83)
∂x 'c ∂x d ∂x 'b ∂x ∂x ∂x 'c ∂x 'b
Assim, fica evidente que a conexão não é um tensor. Mas podemos formar
um tensor a partir da diferença entre duas conexões —pois aí o segundo termo
de (1.84) irá se anular, neste caso o tensor resultante será diferente de zero apenas
para conexões antissimétricas — nas quais os índices covariantes da conexão não
comutam. O tensor assim definido é denominado torção.
3 O PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA
Como vimos, é devido a igualdade entre massa inercial m, e massa
gravitacional m que o campo gravitacional numa pequena região próximo à
superfície da Terra produz a mesma aceleração (-g) de queda livre em qualquer
corpo material (“experiência” de Galileu da Torre de Pisa). Com efeito, a segunda
lei de Newton dá:
m1 X=-m gg (1.85)
X=-g (1.86)
63
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
- mg+F
mX= (1.87)
1
− A
X'=X (1.88)
De modo que a (1.87) fica:
m(X'+A)= - mg+F1 (1.89)
E, em particular, se A = - g:
F
mX'= (1.90)
1
64
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
E
IMPORTANT
g=
ab ηab + hab (1.91)
66
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
d 2 xe e dx
b
dx c
+ Γ ab =0
dτ 2 dτ dτ
2
d 2 xa 2 e dx
b
dt
+ c Γ 00 = 0 (1.92)
dτ 2
dτ dτ
dx 0 dt dx a
=c >> (1.93)
dτ dτ dτ
1 fc
Γ abf
= g (∂ agbc + ∂ bgca − ∂ cgbc )
2
a 1 ab 1
Γ 00 = g (∂ 0gb0 + ∂ bg0b − ∂ bg00 ) = − gab ∂ bg00 (1.94)
2 2
Temos:
ab
g= η ab − h ab (1.95)
E a conexão fica:
1 ab
= a
Γ 00 η ∂ b h00 (1.96)
2
67
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
1 1
a
Γ 00 =Γα00 = d αb ∂ b h00 = ∂α h00 (1.97)
2 2
E (1.92) fica:
2
d 2 xα 1 2 dt
=− ∂ α h00 c (1.98)
dτ 2 2 dτ
2
dt
Dividindo ambos os lados por obtemos então:
dτ
d 2 xα c2
− ∂α h00
= (1.99)
dτ 2 2
Comparando com a segunda lei de Newton para uma força gravitacional
descrita por um potencial, temos:
2ϕ
h00 = (1.100)
c2
Ou, através de (1.91):
2ϕ
g00 = 1+ (1.101)
c2
Ou seja: podemos considerar a métrica do espaço-tempo como sendo o
análogo do potencial da gravitação newtoniana.
∇ 2ϕ=4p Gp (1.102)
68
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
5 A SOLUÇÃO DE SCHWARZSCHILD
O problema mais simples seria o do campo gravitacional central de uma
partícula de massa M em repouso (no movimento planetário, seria o Sol). É natu-
ral, neste caso, tomar origem na partícula e adotar coordenadas esféricas (r, θ, ϕ).
(ds)∞2 =(dr)∞2 +(rdθ )∞2 +(r senθ d Φ )∞2 -(c d t)∞2 (1,103)
ö(x)
(dt)2 ≈ (dt∞ )2 1+2 2
c
O caráter estático da métrica implica que a sincronização dos relógios em
posições diferentes (através de sinais luminosos) não deve variar com o tempo.
Entretanto, pela:
GM ϕ (x)
Dt(r)=Dt∞ 1- 2 =Dt∞ 1+ c 2
rc
69
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
O que daria:
(1.105)
(1.106)
Em que:
(1.107)
70
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
O cálculo mostra que a órbita não é mais a elipse newtoniana. Ela não é
fechada: é em geral uma rosácea (Figura 19), correspondendo a uma precessão
do periélio.
71
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
Para medir essa deflexão, é preciso comparar a posição aparente de uma es-
trela no céu noturno com sua posição quando vista no céu próxima do Sol, o que só
pode ser feito durante um eclipse solar. O valor médio observado é de 1,89", mas os
erros de observação são grandes.
Por outro lado, o quasar 3C279, fonte intensa de ondas de rádio, é ocultado
pelo Sol uma vez por ano, permitindo que se meça a deflexão gravitacional com pre-
cisão bem maior. O resultado é 1,73" ± 0,05", em excelente acordo com a predição da
relatividade geral.
DICAS
Albert Einstein (1879 -- 1955) foi um físico e humanista alemão, autor da teoria
da relatividade e de importantes estudos em ondulatória. O documentário Albert Einstein
está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tQz0KM6JEB4.
72
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
DICAS
TUROS
ESTUDOS FU
73
UNIDADE 1 | MOVIMENTO PLANO DOS CORPOS RÍGIDOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Inovação Tecnológica
Dimensões adicionais
Universo Holográfico
Foi isto que agora foi feito por Jennifer e seus colegas das universidades
de Chicago e de Tóquio, que encontraram uma forma de mostrar que o entrelaça-
mento quântico é a chave para resolver esta questão.
74
TÓPICO 3 | INTRODUÇÃO À RELATIVIDADE GERAL
Densidade de energia
Usando uma teoria quântica (que não inclui a gravidade), Jennifer mostrou
como calcular a densidade de energia, que é uma fonte de interações gravitacionais
em três dimensões, usando apenas dados do entrelaçamento quântico na superfície
do holograma cósmico.
"Nosso artigo lança uma nova luz sobre a relação entre o entrelaçamento
quântico e a estrutura microscópica do espaço-tempo através de cálculos explícitos.
A interface entre a gravidade quântica [o trabalho dos físicos] e a ciência da infor-
mação [o trabalho dos matemáticos] está-se tornando cada vez mais importante
para ambos os campos”, disse o professor Hirosi Ooguri, orientador do trabalho.
CHAMADA
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compreensão. Acesse o AVA e veja as novidades que preparamos para teu estudo.
75
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você aprendeu que:
• Além de que o cálculo ocorresse suficiente para a conhecimento e o uso das leis
de Newton, não ficou para a teoria da relatividade que nasceu sobre as bases
do conhecimento composto pela geometria diferencial.
76
• A solução de Schwarzschild, incluído a teoria de Einstein da relatividade geral,
explica o campo gravitacional externo a um corpo esférico, porém, ignorando
qualquer rotação de massa. Então pode-se tomar uma previsão para o caso de
uma estrela, um planeta ou um buraco negro. Trata-se de uma ideal avaliação
para campos gravitacionais de corpos de fraca rotação como a Terra ou Sol.
CHAMADA
77
AUTOATIVIDADE
7 Qual é a velocidade de uma partícula que possui energia total igual ao dobro
de sua energia de repouso?
78
UNIDADE 2
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• Identificar operadores;
79
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
80
UNIDADE 2
TÓPICO 1
ORIGENS DA TEORIA
QUÂNTICA E OS FÓTONS
1 INTRODUÇÃO
Nesta unidade, será apresentado uma introdução ao estudo da mecânica
quântica com seus fundamentos essenciais. Assim como os conceitos essenciais
da mudança mais profunda pela qual a física passou desde a fase de Newton até a
física quântica. A Física Quântica indicou uma transformação muito mais primor-
dial das ideias relevantes da física do que da relatividade, que manifestou, num
certo sentido, o auge do que denominamos atualmente na física clássica.
de sua hipótese quântica foi o fato dessa hipótese levar a uma formulação mais
exata da terceira lei da termodinâmica e do conceito estatístico de entropia.
Foi no decorrer desse tempo de dúvida que Planck foi o editor do jornal
alemão de pesquisa Annalen der Phytík. Em 1905, ele obteve o primeiro artigo de
Einstein sobre a relatividade, e defendeu fortemente esse trabalho. Depois disso,
tornou-se um dos patronos do jovem Einstein em círculos científicos, mas resistiu
durante algum tempo as ideias emitidas por Einstein sobre a teoria quântica da
radiação e que mais tarde confirmaram e estenderam o próprio trabalho de Plan-
ck. Einstein, cuja profunda visão do eletromagnetismo e da mecânica estatística
talvez fosse inigualável nessa época, viu como resultado do trabalho de Planck
a necessidade de uma reformulação completa na estatística e eletromagnetismo
clássicos. Ele formulou previsões e interpretações de muitos fenômenos físicos
que foram mais tarde notavelmente confirmados pelas experiências. Nesta uni-
dade vamos canalizar a um destes fenômenos e continuar um outro destino em
direção à mecânica quântica. Dando sucessão ao estudo, em seguida você pode
equiparar no texto acerca da hipótese de Plank.
82
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
ATENCAO
Todo ente físico com um grau de liberdade cuja "coordenada" é uma função
senoidal do tempo (isto é, opera oscilações harmônicas simples) é capaz de deter somente
energias integrais e que solvam à relação:
& = 5hv
& = 4hv
& = 3hv
& = 2hv
& = hv
&=0 &=0
Clássico Planck
FONTE: Eisberg; Resnick (1994, p. 41)
83
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
DICAS
NOTA
de quantum (daí o termo física quântica). Mais tarde, essas unidades discretas de
energia foram chamadas de fótons. Foi por meio dessas ideias que Einstein pôde
explicar o efeito fotoelétrico, cujas aplicações são vastas na indústria moderna.
Entre 1886 e 1887 Heinrich Hertz fez as experimentações que pela primei-
ra vez sustentaram a presença de ondas eletromagnéticas e a teoria de Maxwell
acerca da propagação da luz. E essa é uma das circunstâncias antagônicos e admi-
ráveis na história da ciência que fez com que Hertz tenha percebido, no suceder
de seus ensaios, o efeito que Einstein tardiamente usou para argumentar outros
elementos da teoria eletromagnética clássica. Hertz descobriu que uma descarga
elétrica entre dois eletrodos ocorre mais facilmente quando se faz incidir sobre
um deles luz ultravioleta Lenard. Seguindo alguns experimentos de Hallwachs,
Hertz mostrou logo em seguida que a luz ultravioleta facilita a descarga ao fazer
com que elétrons sejam emitidos da superfície do cátodo. Logo, a emissão de
elétrons de uma superfície, correspondente à aplicação de luz mediante essa su-
perfície, chamada efeito fotoelétrico (EISBERG; RESNICK, 1994).
85
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
uma janela de quartzo, cai conforme a placa de metal A e libera elétrons, deno-
minados fotoelétrons.
E
IMPORTANT
87
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
88
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
E=hv (2.3)
E=hv-w (2.4)
89
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
hv0= w0 (2.6)
(2.7)
=
E
IMPORTANT
(2.8)
Podemos determinar h multiplicando esta razão pela carga eletrônica e. Portanto h = 3,9 x
10-15 V-s x 1,6 x 10-19 C = 6,2 x 10-34 j-s (EISBERG; RESNICK, 1994).
90
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
j.s (2.9)
91
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
92
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
Veja que os fótons são arrebatados no modo fotoelétrico. Isto requer que os
elétrons estejam ligados a átomos, ou sólidos, pois um elétron completamente livre
não pode absorver um fóton e conservar simultaneamente a energia e os momentos
relativísticos totais. Temos de ter um elétron associado para que as forças de ligação
comuniquem momento para o átomo ou sólido (EISBERG; RESNICK, 1994).
E
IMPORTANT
93
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
94
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
95
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
E=hv (2.10)
96
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
E 2 =c 2 p +(m0 c 2 )2 (2.12)
p=E/c=hv/c (2.13)
Ou:
p=h/ l (2.14)
97
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
E:
=p0 p, senθ + psenϕ (2.16)
E:
98
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
Adicionando, recebemos:
Logo:
E0 -E1+K (2.21)
K 2 +2Km0c 2 =c 2 p 2 (2.24)
Ou:
K 2 /c 2 +Km0 =p 2 (2.25)
(p0 -p1 )2 +2m0 c(p0 -p1 )=p02 +p12 -2p0 p1 cosθ (2.26)
O que se simplifica a:
99
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
Ou:
1 1 1
- = (1-cosθ ) (2.28)
p1 p0 m0 c
Em que:
ATENCAO
Dl=(h/m0 c)(1-cosθ ).
100
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
101
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
E
IMPORTANT
Em súmula, poucos fótons são espalhados por elétrons que são dispensados
pela colisão; esses fótons têm seu comprimento de onda mudado. Outros fótons são
espalhados por elétrons que permanecem ligados após a colisão; esses fótons não têm
seu comprimento de onda modificado.
102
TÓPICO 1 | ORIGENS DA TEORIA
DICAS
103
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
DICAS
NOTA
Se a energia do fóton (hf) não é maior que a função trabalho, nenhum elétron
será emitido. A função trabalho é ocasionalmente designada por W. Em física do estado sólido
costuma-se usar a energia de Fermi e não a energia de nível de vácuo como referencial nesta
equação, o que faz com que a mesma adquira uma forma um pouco diferente.
Note-se ainda que ao aumentar a intensidade da radiação incidente não vai causar uma
maior energia cinética dos elétrons (ou elétron) ejetados, mas sim um maior número de
partículas deste tipo removidas por unidade de tempo.
104
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• a introdução do termo corpo negro foi feita por Gustav Kirchhoff no Inverno
de 1859-1860,
• a hipótese quântica de Max Planck, em 1900, dizia que qualquer sistema de ra-
diação de energia atômica poderia teoricamente ser dividido num número de
elementos de energia discretos, tal que cada um destes elementos de energia
seja proporcional à frequência, com as que cada um poderia de maneira indivi-
dual irradiar energia.
• A expressão "mecânica quântica" foi usada pela primeira vez num artigo de
Max Born chamado Zur Quantenmechanik (A Mecânica Quântica). Nos anos
que se seguiram, esta base teórica lentamente começou a ser aplicada a estru-
turas, reações e ligações químicas.
105
AUTOATIVIDADE
106
UNIDADE 2 TÓPICO 2
MODELOS ATÔMICOS
1 INTRODUÇÃO
Perante a física, modelo atômico é todo modelo científico que se utiliza
para elucidar os átomos e seus comportamentos. Ainda que os modelos atômicos
admitidos hoje em dia sejam excepcionalmente importantes, o modelo de Ruther-
ford é muito utilizado por ser visualmente simples e funcional ao esclarecer algu-
mas manifestações da natureza. Atualmente, é o modelo da mecânica quântica ou
da mecânica ondulatória ou modelo orbital ou da nuvem eletrônica aceito para
definir a estrutura atômica.
2 ESPECTROS ATÔMICOS
Neste subtópico vamos estudar sobre modelos atômicos. Mas, afinal, qual
a relação existente entre modelos atômicos com espectros atômicos? O espectro
atômico é característico dos átomos envolvidos. Dessa forma, é razoável suspeitar
que o espectro atômico depende da distribuição eletrônica do átomo. Cientistas
buscavam encontrar um padrão nos comprimentos de onda (ou frequências) das
linhas atômicas no espectro do hidrogênio. Quando um átomo emite um fóton da
energia h·ν, ele perde esta energia. Como a energia que o átomo pode perder só
pode ter certos valores discretos, faz sentido supor que o próprio átomo só pode
ter certos valores de energia, e que as energias dos fótons emitidos representam
as diferenças entre estes valores, dessa forma a energia do átomo de hidrogênio
(e de outros átomos) é quantizada. Com isso surgiram vários modelos atômicos
que são os aspectos estruturais dos átomos que foram apresentados por cientistas
na tentativa de compreender melhor o átomo e a sua composição.
107
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
A fonte abrange de uma descarga elétrica que passa por meio de uma região
compreendendo um gás monoatômico. Similarmente a choques com os elétrons e
entre si, uns dos átomos da descarga acham-se em um processo no qual sua ener-
gia total é superior do que no átomo regular. Ao reiniciar ao seu estado de energia
normal, os átomos soltam sua demasia de energia exprimindo radiação eletromag-
nética. A radiação é colimada pela fenda, e logo passa um prisma (ou, para superior
resolução, uma rede de difração) decomposta em seu espectro de comprimentos de
onda que é estampado na folha fotográfica (EISBERG; RESNICK, 1994.).
FIGURA 11 – ESPECTRO
109
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
onda das linhas. Tal fórmula foi descoberta em 1885 por Balmer. Ele encontrou a
equação simples:
n2
l=3646 2 (2.31)
n -4
Em que n=3 para H a , n = 4 para H b , n = 5 para H g etc., suficiente de ana-
lisar o comprimento de ondas nove primeiras linhas da série, que constituíam
todas conhecidas na época com uma precisão melhor a uma parte em mil. Esta
descoberta iniciou uma busca de fórmulas empíricas similares que se aplicariam
a séries de linhas que pudessem ser identificadas na distribuição complicada de
linhas que constituem os espectros de outros elementos. A maior parte desse tra-
balho foi realizada em 1890 por Rydberg que deliberou oportuno lidar com o
recíproco do comprimento das linhas em vez do seu comprimento de onda (EIS-
BERG; RESNICK, 1994).
E
IMPORTANT
= l RH (1/m 2 -1/n 2 )
K 1/= n=3, 4, 5, ... (2.32)
RH =10967757,6 ± 1,2m-1
Isto indica a precisão possível em medidas espectroscópicas.
Equações desse modo foram obtidas para muitas séries. Por exemplo,
sabemos agora da existência de cinco séries de linhas no espectro do hidrogênio,
como é expresso no esquema da Figura 12. Com os átomos de elementos alcalinos
(Li, Na, K, ...), as equações das séries têm o mesmo arranjo geral isto é:
1 1 1
k= =R - (2.33)
ë (m-a)
2
(n-b)2
110
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
111
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
3 O MODELO DE RUTHERFORD
No subtópico anterior foram analisados os espectros atômicos. Você, aca-
dêmico deve se perguntar: “afinal, qual a relação entre espectros atômicos com
o modelo de Rutherford?” Niels Bohr relacionou os espectros de linhas dos ele-
mentos, principalmente o do hidrogênio, com a constituição do átomo. Assim,
em 1913, ele propôs alguns postulados que alteraram a visão do modelo atômico
de Rutherford. Basicamente ele mostrou que os elétrons se movem ao redor do
núcleo atômico em órbitas circulares que possuem uma energia bem definida e
característica, sendo, portanto, um nível de energia ou camada eletrônica. Para
cada elétron são permitidas somente certas quantidades de energia, com valores
múltiplos inteiros do fóton (quantum de energia). O modelo atômico de Ruther-
ford-Bohr explica os fatos de que, por exemplo, cada elemento possui um espec-
tro descontínuo porque os níveis de energia são quantizados, ou seja, possuem
quantidades de energia definidas. Cada energia corresponde a um comprimento
de onda. Em 1859, Kirchhoff e Bunsen deduziram a partir de suas experiências
que cada elemento, em determinadas condições emite um espectro característico.
Tal espectro é exclusivo de cada elemento. Com isso foi possível desenvolver um
novo método de análise, baseado nestas emissões. A parte da ciência que estuda
estas emissões é chamada de Espectroscopia e foi de fundamental importância
no estudo dos astros, uma vez que praticamente tudo o que se sabe a respeito da
composição química deles vem de estudos das suas emissões espectrais.
112
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
assem como cargas pontuais, pelo menos no que se menciona à força coulombiana.
Avaliaremos mais tarde que essas casualidades são válidas, menos para o espa-
lhamento de partículas a por núcleos mais leves, da qual obrigamo-nos elaborar a
correção para a massa finita do núcleo. O cálculo, até que enfim, usa a mecânica não
relativística, já que v/c ≅ 1/20 (EISBERG; RESNICK, 1994).
113
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
paralelo à linha da trajetória inicial. A separação normal desse eixo à linha do mo-
vimento inicial é indicada no parâmetro de impacto b. O ângulo de espalhamento
d é o ângulo entre o eixo e uma linha circulando pela origem e simétrica à linha do
movimento final; a distância normal entre essas duas linhas é b'.
114
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
ATENCAO
Vemos que embora o fator angular decresça rapidamente quando o ângulo cresce em
ambos, o decréscimo é muito menos rápido na previsão de Rutherford.
1 zZe 2
R180º= D= (2.35)
4p ∈0 Mu 2 / 2
115
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
O raio do núcleo não obriga ser maior do que D, porque os frutos estão in-
teligentes na teoria de que a força que age mediante a partícula α é, todavia, uma
força especificamente coulombiana entre duas cargas pontuais. Esta hipótese não
seria válida se ao atingir a distância de maior aproximação a partícula penetrasse
na região nuclear. A equação anterior mostra que R180o diminui quando Z dimi-
nui. Surge a questão: até quanto pode R180o diminui antes de ficar menor que o
raio nuclear? Divergências em relação às previsões do espalhamento Rutherford
foram na realidade observados para núcleos muito leves (com Z pequeno). Parte
disto era devido a uma violação, que ocorre para núcleos muito leves, da su-
posição de que a massa nuclear é grande comparada à massa da partícula a; no
entanto, as divergências continuaram mesmo depois de ter sido levada em conta
na teoria a massa nuclear finita. Assim mesmo indica que ocorre penetrabilidade
do núcleo, neste caso, desorganizando o espalhamento pressuposto. Logo, o raio
nuclear pode ser preciso como a extensão de R no ângulo de espalhamento limite,
ou na energia incidente, limite para o qual apresentam os desvios do espalha-
mento Rutherford (EISBERG; RESNICK, 1994).
Na Figura 15, por exemplo, são exibidos elementos adquiridos pelo grupo
de Rutherford para o espalhamento de partículas α , de muitas energias, a um
ângulo fixo grande, por uma folha de Al. A ordenada é a razão entre o número
analisado de partículas espalhadas e o número pressuposto pelo raciocínio de
116
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
dσ
dN
= Ind Ω (2.36)
dΩ
N =σ / n
117
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
Ela está vista na Figura 16. O ângulo sólido dΩ, que é sobretudo uma re-
gião angular bidimensional, é avaliado numericamente pela área que a região an-
gular subtende sobre uma esfera de raio unitário equidistante no ambiente onde
sucede o espalhamento. Para o espalhamento Rutherford, que é bem-proporcio-
nado em analogia ao eixo do feixe incidente, achamo-nos devotados no ângulo
sólido dΩ condizente a todos os fatos nos quais o ângulo de espalhamento está
na região dϴ em ϴ. Conforme:
2 2
1 zZe 2 1
dN 2
In d Ω (2.38)
4p ∈0 2 Mu sen (θ / 2 )
4
(2.39)
NOTA
118
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
seu aluno e colega de trabalho Niels Bohr, que dizia que considerava a ideia de
um modelo atômico planetário bonita demais para estar errada. Tenha em segui-
da o conhecimento com relação ao modelo de Bohr. Boa leitura!
4 O MODELO DE BOHR
No subtópico anterior foi discutido sobre o modelo de Rutherford. Mas,
afinal, qual a relação entre o modelo de Rutherford com o modelo de Bohr? O
modelo atômico de Rutherford foi complementado com um novo conceito intro-
duzido pelo físico dinamarquês Niels Bohr: “O elétron descreve uma órbita circu-
lar ao redor do núcleo sem ganhar ou perder energia”. Cada órbita descrita pelo
elétron é denominada nível de energia ou camada de energia. Em 1911, Ruther-
ford apresentou a sua teoria para o seu modelo atômico, afirmou que o modelo
vigente até então, também conhecido como "pudim de passas", que foi feito por
J. J. Thomson, estava incorreto. Rutherford afirmou com seu experimento, que
o átomo não era apenas uma esfera maciça de carga elétrica positiva incrustada
com elétrons como dizia J. J. Thomson. Segundo Rutherford, o átomo teria na ver-
dade um núcleo de carga elétrica positiva de tamanho muito pequeno em relação
ao seu tamanho total, sendo que este núcleo, que conteria praticamente toda a
massa do átomo, estaria sendo rodeado por elétrons de carga elétrica negativa, os
quais descreveriam órbitas helicoidais em altas velocidades.
1 Ze 2 v2
=m (2.40)
4p ∈0 r 2 r
119
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
=L nh
= n 1, 2, 3,...
a L, dispomos:
=mur nh
= n 1, 2, 3,... (2.41)
2
nh n2h2
4p ∈0 mu 2 r =
Ze 2 = 4p ∈0 mr 4p ∈0
= (2.42)
mr mr
De modo que:
n2 h2
r=4p ∈0 n=1, 2, 3,... (2.43)
mZe 2
E:
nh 1 Ze 2
u= = n=1, 2, 3,... (2.44)
mr 4p ∈0 nh
1 2 Ze 2
K= mu = (2.46)
2 4p ∈0 2r
Ze 2
E=K+V=- =-K (2.47)
4p e0 2r
mZ 2 e4 1
E= n=1, 2, 3,... (2.48)
( 4p e0 )
2 2
2h 2 n
E
IMPORTANT
121
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
E1 -E
v= ∫
h
E:
mZ 2 e4 1
E= n=1, 2, 3,...
( 4p e0 )
2 2
2h 2 n
Obtemos:
E1 -E 2
∫ = 1 mZ 2e 4 1 1
v= + − 2 (2.49)
4p ∈0 4p h n∫ n
3 2
h
∫
(2.50)
Ou:
(2.51)
em que
122
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
ATENCAO
1. O estado normal do átomo será o estado no qual o elétron tem a menor energia, isto é,
o estado n = 1. Este é o chamado estado fundamental.
2. Em uma descarga elétrica, ou em algum outro processo, o átomo recebe energia devi-
do a colisões etc. Isto significa que o elétron deve sofrer uma transição para um estado
de maior energia, ou estado excitado, no qual n > 1.
3. Obedecendo à tendência natural de todos os sistemas físicos, o átomo vai emitir o ex-
cesso de energia e voltar ao estado fundamental. Isto ocorre por meio de uma série de
transições nas quais o elétron cai para estados excitados de energias sucessivamente
mais baixas, até atingir o estado fundamental. Em cada transição, é emitida radiação
eletromagnética com um comprimento de onda que depende da energia perdida pelo
elétron, isto é, dos números quânticos inicial e final. Em um caso típico, o elétron pode
ser excitado até um estado n = 7 e decair sucessivamente passando pelos estados n =
4 e n = 2 até o estado fundamental n = 1. São emitidas três linhas do espectro atômico
com número de onda dado por (2.51) para ni = 7 e nf = 4, nf=2 e ni=2, e nf= 1.
4. Em um grande número de processos de excitação e desexitação que acontecem durante
uma medida de um espectro atômico, todas as possíveis transições ocorrem e é emitido
o espectro completo. Os números de onda, ou os comprimentos de onda, do conjunto
de linhas que constituem o espectro são dados por (2.51), nos quais fazemos com que ni
e nf tomem todos os valores inteiros possíveis, sujeitos apenas à restrição de que ni > nf.
K R∞ (1/n 2 f )
= n f 2en1 > n f
= (2.52)
Ou:
123
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
2
1 me4
R∞ = (2.54)
4p ∈0 4p c
3
De consenso com o modelo de Bohr, qualquer uma das cinco séries consi-
deradas do espectro do hidrogênio emerge de um subconjunto de mudanças nas
quais o elétron vai a um determinado estado final nf. Para a série de Lyman, nf = 1;
para a de Balmer, nf = 2; para a de Paschen, nf = 3; para a de Brackett, nf= 4; e para
a de Pfund, nf = 5 (EISBERG; RESNICK, 1994).
124
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
125
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
126
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
DICAS
TUROS
ESTUDOS FU
127
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
LEITURA COMPLEMENTAR
Para sistematizar este estudo, o artigo foi dividido em dois períodos: o pri-
meiro corresponde ao período anterior à construção do laboratório de Cavendish,
localizado na Universidade de Cambrigde na Inglaterra e inaugurado em 1874,
com a publicação de um artigo. O segundo, corresponde ao período posterior a
sua construção. Esta divisão é enfatizada em função da fama mundial atingida
por Thomson (LOPES, 2009), a qual fez deste um centro de referência mundial no
desenvolvimento de estudos acerca da constituição da matéria.
129
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
época, de acordo com os relatos apresentados por Viana (2007) e Lobato (2007).
Lembrando que a construção do seu modelo começa em 1802 com a publicação da
1ª lei das misturas gasosas e termina em 1810, com a publicação das mudanças teó-
ricas ocorridas a partir de 1804, quando Dalton tem um encontro com T. Thomson
e W. Henry, os quais discutem as bases da sua teoria atômica. De acordo com Viana
(2007), o próprio Dalton em seu trabalho de 1810, reconhece o ano de 1804 como
definidor de sua teoria atômica.
Com base nesta compreensão pode-se afirmar que a teoria atômica de John
Dalton, como publicada em sua forma final em 1810, passa por dois momentos
distintos de construção: Em um primeiro momento, Dalton, baseia sua proposta
em uma teoria ligada a seus estudos acerca da física proposta por Isaac Newton
(na leitura do Principia e do Óptica), ancorada no corpuscularismo newtoniano.
E um segundo momento, através de seus estudos sobre misturas gasosas (1802 e
1805), com todas as discussões e críticas feitas pelos seus contemporâneos que o
fizeram analisar e conceber uma união entre a proposta Newtoniana de partícula
com as propostas de afinidade química, ambas apresentadas em sua época. Para sa-
nar equívocos e más interpretações do calórico, Dalton, publicou o artigo “on heat”
em 23 de maio de 1806, quando descreveu a sua proposta para o calórico e como
este seria intimamente ligado a sua proposta atômica. Formulando as bases de seu
átomo e o descrevendo como um corpúsculo esférico de tamanho variável que seria
envolvido por uma “atmosfera”4, denominada de calórico (heat), responsável pela
atração e repulsão entre os elementos, sendo medido e variável entre diferentes
elementos químicos e quantificado através do valor de calor específico.
Nesse sentido, Lopes (2009) apresenta uma relação dos autores divididos
em áreas: na radioatividade com os trabalhos de E. Rutherford, F. Soddy, P. Curie,
130
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
132
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
Porém, ao que parece, este modelo era basicamente teórico, validado pelos
dados da espectroscopia e que não ganhou muito destaque, pois três anos depois
Thomson desenvolvera sua proposta atômica que daria conta desses problemas.
O que pode ser observado dessa sua participação da história da Teoria Atômica,
é que Jeans trabalhava sob orientação de Thomson, o que o levou a definir sua
proposta de átomo ideal seguindo a linha de raciocínio deste.
Este modelo foi fortemente combatido por Schott, que enviou cartas a
Nagaoka apresentando as fragilidades da sua proposta, estabelecendo assim
um debate teórico entre os dois pesquisadores. Schott discordava dos cálculos
de Nagaoka e também dos valores de carga central e de velocidade angular dos
corpúsculos ao redor no anel, travando um longo debate sobre a validade do mo-
delo saturniano. Posteriormente, Nagaoka desistiu de sua proposta e se dedicou
a outras áreas de pesquisa. Posteriormente, em carta10 mandada a Neils Bohr,
Nagaoka demonstra sua felicidade e satisfação ao reparar a grande similaridade
entre a sua proposta e a proposta do modelo atômico de camadas proposto por
Bohr a partir da proposta de Rutherford.
134
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
Físico que dedicou sua vida ao estudo dos fenômenos radioativos e da física
nuclear, foi um dos precursores do átomo nuclear, junto com Nagaoka. Ingressou
no ano de 1889 com uma bolsa de estudos no Canterbury College em Christchurch.
Ganhou uma bolsa de estudos para estudar na Inglaterra, onde veio a trabalhar
com J. J. Thomson no laboratório de Cavendish e após se destacar em sua pesqui-
sa, foi convidado pelo próprio Thomson a estudar Raios X e eletricidade, vindo a
publicar com Thomson na Phil. Magazine. Após este tempo de estudo foi para o
Canadá, por indicação de Thomson, estudar com F. Soddy, onde ganhou um No-
bel pelos estudos sobre radioatividade. Após alguns anos de estudos, Rutherford
retorna para Manchester e começa a influenciar toda uma geração de jovens físicos
como Marsden, Darwin, Geiger, Bohr, Chadwick, dentre outros (LOPES, 2009).
135
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
1. Coronium: átomo com um anel com dois elétrons girando ao redor de um nú-
cleo positivo.
2. Hidrogênio245: átomo com um centro e um anel com três elétrons girando ao
seu redor.
3. Nebulium: átomo contendo um único anel com quatro elétrons girando ao re-
dor de um núcleo positivo.
4. Protofluorine: átomo com um único anel com cinco elétrons girando ao redor
de um núcleo positivo.
136
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
No ano de 1913, de acordo com Lopes (2009), Bohr publica “sobre a consti-
tuição de átomos e moléculas”, em que apresenta em três artigos as bases de sua te-
oria atômica, inspirada nos trabalhos anteriores de Rutherford. No primeiro artigo
Bohr traz os modelos de Thomson e Rutherford fazendo várias ponderações sobre
o cálculo, analisando como seu modelo era instável frente à dinâmica clássica.
Com esta trilogia de artigos, Bohr faz alusão a uma nova possibilidade,
na qual a física clássica não daria conta de explicar certos fenômenos, necessi-
tando de uma nova física. De acordo com BOHR (1963), quem sugere que Niels
Bohr publique uma trilogia é Rutherford, depois de ler uma carta com uma cópia
do artigo original, sugerindo uma simplificação de cálculos, ideias e conclusões,
para se adequar a forma britânica de publicação. Em julho de 1913, época que
ocorre a publicação de sua trilogia, Bohr se encontrava em Copenhague e tinha
uma estreita relação de amizade e comunicação com Rutherford, que lia todos os
seus estratos de trabalhos com o átomo, emitindo suas opiniões.
Segundo Lopes (2009), Bohr também tem contato com os trabalhos de Ni-
cholson que o ajudam a compreender a empregabilidade de cálculos que foram
à base de seu modelo atômico, mesmo seguindo um caminho completamente
diferente do de Nicholson no uso da Constante de Planck (h). Com base no mo-
delo proposto por Bohr o átomo tem, como defendido por Rutherford, um núcleo
central pequeno que concentra toda a massa do átomo, este núcleo é positivo. E
ao seu redor há um número de elétrons fazendo movimento circulares. Na Parte
II de seu artigo, nos pressupostos gerais, Bohr deixa claro essa decisão tomada de
partir do modelo de Rutherford para propor seu modelo:
137
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
Estas cinco hipóteses seriam com base, de acordo com Bohr (1963), no
movimento e organização dos elétrons ao redor do núcleo. E de como ocorreriam
a absorção e a liberação de energia para gerar espectros luminosos dos elementos
químicos. De acordo com as cartas de Bohr presentes no compendio de 1963, a
repercussão de sua teoria foi muito grande gerando questionamentos vindos de
pesquisadores de todas as partes do mundo, dentre estes destaco A. Sommerfeld
que se mostrou mais participativo em debates teóricos, propondo cálculos para o
modelo atômico de Bohr, bem como propondo que Bohr o usasse para problemas
físicos já conhecidos como o do efeito Zeeman, dentre outros:
Assim, pode-se entender como Bohr, com sua trilogia de artigos, condu-
ziu a uma significativa mudança na forma de pensar sobre a estrutura atômica,
abrindo caminho a uma nova física que viria se instaurar anos mais tarde.
Considerações Finais
138
TÓPICO 2 | MODELOS ATÔMICOS
139
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Um dos espectros atômicos mais apreciados, entre outros, dada a sua magni-
tude em ramos como mecânica quântica, física de plasmas, astrofísica, astrono-
mia e cosmologia, é o espectro do hidrogênio.
140
AUTOATIVIDADE
1 1 p D p
= sen -θ + 2 cos 2 -θ -1
R b 2 2b
FONTE: EISBERG, R.; RESNICK, R. Física quântica. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994. p.
129-130. Disponível em: https://www.academia.edu/11688163/Fisica_Quantica_-_Eisberg_and_
Resnick. Acesso em: 10 set. 2019
mZ 2 e4 1
E=- n = 1, 2, 3,...
(4p ∈ ) 2h n 2
2 2
FONTE: EISBERG, R.; RESNICK, R. Física quântica. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994. p.
141-142. Disponível em: https://www.academia.edu/11688163/Fisica_Quantica_-_Eisberg_and_
Resnick. Acesso em: 10 set. 2019
FONTE: EISBERG, R.; RESNICK, R. Física quântica. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994. p. 145.
Disponível em: https://www.academia.edu/11688163/Fisica_Quantica_-_Eisberg_and_Resnick.
Acesso em: 10 set. 2019
141
142
UNIDADE 2
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
No Tópico 2 foi discutido sobre a física atômica. Ao longo de sua carreira,
Einstein realizou inúmeras contribuições para a física atômica, mas seu trabalho
combinado com outro físico, N. Bose, foi de extrema relevância para criar novas
perspectivas para a física atômica. A chamada condensação de Bose-Einstein, re-
levante para vários campos das ciências. A condensação de Bose-Einstein, ainda
é muito nova do ponto de vista experimental para que possamos saber que novas
superpropriedades ela deverá nos revelar. Por essa razão, este tópico é um dos
mais importantes para os próximos anos e, sem dúvida, constituiu-se numa das
maiores perspectivas de avanços para o campo da física atômica. Outro campo de
grande perspectiva é o de entender como esses átomos, nesse regime quântico,
interagem formando moléculas.
NOTA
Nas palavras do próprio Broglie (1924 apud TIPLER; LLEWELLYN, 2006, p. 128):
143
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
2 A HIPÓTESE DE BROGLIE
Neste tópico vamos discutir sobre as propriedades ondulatórias das partí-
culas. Enfim, você, acadêmico, deve se perguntar o que a hipótese de Broglie tem
a ver com isso? Em mecânica quântica, uma onda de matéria, ou onda de Broglie,
é a onda (dualidade onda-partícula) de matéria. As relações de Broglie mostram
que o comprimento de onda é inversamente proporcional ao momento linear da
partícula, e que a frequência é diretamente proporcional à energia cinética da par-
tícula. Um aspecto que chamou a atenção de Broglie, foi o fato de que as regras de
quantização envolviam números inteiros.
Ora, sabia-se, desde muito tempo, que os números inteiros eram fun-
damentais em todos os ramos da física onde fenômenos ondulatórios
estavam presentes: elasticidade, acústica e ótica. Eles são necessários
para explicar a existência de ondas estacionárias, de interferência e
de ressonância. Seria, portanto, permitido pensar que a interpretação
das condições de quantização conduziria à introdução de um aspecto
ondulatório no comportamento dos elétrons atômicos. Dever-se-ia fa-
zer um esforço para atribuir ao elétron, e mais geralmente a todos os
corpúsculos, uma natureza dualística análoga àquela do fóton, para
dotá-los de um aspecto ondulatório e de um aspecto corpuscular in-
terligados pelo quantum de ação (a constante de Planck) (CHAVES,
2010, p. 61-62).
144
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
material (por exemplo, um elétron) tem congruente a ela uma onda de matéria
que comanda seu movimento. Como o universo é inteiramente composto por ma-
téria e radiação, a sugestão de Broglie é essencialmente uma afirmação a respei-
to de uma grande simetria na natureza (EISBERG; RESNICK, 1994). De fato, ele
sugeriu que as condições ondulatórias da matéria fossem pertinentes com seus
aspectos corpusculares justamente da mesma forma quantitativa com que essas
condições são pautadas para a radiação. De acordo com de Broglie, tanto para a
matéria como para a radiação, a energia total E está concernente à frequência v da
onda concatenada ao seu movimento pela equação:
E=hv (2.56)
p=h/ l (2.57)
E
IMPORTANT
l = h/p (2.58)
pomos no poder da ótica física. Neste caso, quando λ/a >1, o ângulo de difração
θ = λ/a é suficientemente grande para que efeitos de difração sejam facilmente
observados e a natureza ondulatória da propagação da luz se evidencia. Para
observar aspectos ondulatórios no movimento da matéria, portanto, precisamos
de sistemas com aberturas ou obstáculos de dimensões convenientemente peque-
nas. Os dispositivos mais convenientes para este objetivo, aos quais os experi-
mentadores compreendiam ascensão na época de Broglie empregavam o espaça-
mento entre planos adjacentes de átomos em um sólido no qual a ≅ 1Â (EISBERG;
RESNICK, 1994).
146
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
148
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
me o raio inferior, então a parcela dos dois raios para a frente da onda espalhada
encontrar-se-á em fase, e um auge de difração será atingido para o ângulo φ (EIS-
BERG; RESNICK, 1994). Conforme:
Dispomos:
2l=2d sen ϕ,
nλ = 2 d sen ϕ.
nl = 2d sen ϕ (2.59)
o o
nl=2d sen ϕ=2x0,91 Å Å
A x sen 65º= 1,65 A (2.60)
o
l=h/p=6,6x10 A
-34 -24 (2.61)
j-s/a,0x10 kg-m/s=1,65 Å
149
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
150
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
151
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
E
IMPORTANT
152
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
3 A DUALIDADE PARTÍCULA-ONDA
No subtópico anterior foi estudado a hipótese de Broglie. Mas afinal qual
é a relação entre a hipótese de Broglie com a dualidade partícula onda?
153
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
154
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
x
Ψ(x,t)=A sen 2p -vt (2.63)
l
155
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
x
ε (x,t) =A sen 2p -vt (2.64)
l
156
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
O aluno pode conceder a lógica dessa fusão das concepções de onda e par-
tícula, mas mesmo assim, indagar se faz essencial uma compreensão estatística ou
probabilística. Foram Heisenberg e Bohr quem, em 1927, pela primeira vez revela-
ram quão relevantes era o conceito de probabilidade para a união das descrições
ondulatória e corpuscular da matéria e radiação (EISBERG; RESNICK, 1994).
NOTA
Broglie, a (2.65) demanda que a interpretação física de Ψ =(x) é como uma ampli-
2
157
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
158
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
Existirá dois tipos de elétrons nas observações: os de “tipo A”, cuja detec-
ção está correlacionada à respeito de um fóton espalhado com probabilidade P1
(x) para os que passam por 1 e P2(X) por 2, e os de “tipo B”, que foram detectados
sem espalhamento de luz associado, de forma que não podemos dizer se passa-
ram por 1 ou por 2 (NUSSENZVEIG, 1998).
159
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
NOTA
h 6,63x10 -34
l= = -2 2
m~1,3x10 -34 m (2.67)
mv 10 x5x10
De forma que as oscilações da imagem de interferência — se fosse aceitável
produzi-las — ocorreriam numa escala completamente inatingível à resolução de
todo detector imaginável, estando logo inobserváveis (NUSSENZVEIG, 1998).
160
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
DICAS
5 OPERADORES
No subtópico anterior estudamos a função probabilística da função de
onda. Qual a relação entre função probabilística da função de onda com os opera-
dores? A função de onda é um valor complexo, apenas a sua fase relativa e a sua
relativa magnitude podem ser medidas. Isso não diz nada diretamente sobre as
magnitudes ou as direções das observações mensuráveis, tem de se aplicar ope-
radores quânticos para a função de onda ψ e encontrar os seus próprios valores,
que correspondem a conjuntos de possíveis resultados de medição.
Por paradigma, examine o Espaço Euclidiano. Para cada vetor, nesse es-
paço, é exequível fazer uma rotação (de um certo ângulo) e descobrir outro vetor
161
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
no mesmo espaço. Como essa rotação é uma relação funcional entre os vetores de
um espaço, podemos definir um operador que realize essa transformação. Logo,
dois paradigmas bem reais de operadores são os de rotação e translação.
Veja agora uma análise sobre observáveis e valor esperado. Boa leitura!
162
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
Podemos então definir como Ejk a observação binária que responde à per-
gunta:
Para ver que se trata de uma observação binária, basta notar que só há
duas respostas possíveis: “sim”, se j = k, e “não” para j ≠ k, e só existe um estado,
I e j 〉 para o qual a resposta é “sim” (NUSSENZVEIG, 1998).
163
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
E
IMPORTANT
Em que:
d jk =1 ( j=k ) ,= () (j ≠ k).
〈 ek |e j 〉 =d k j (2.69)
• Exemplo:
164
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
• Valores médios:
E
IMPORTANT
2
〈 A〉 ≡ ∑ p j a j (2.71)
j=1
2
〈 A〉 H ≡ ∑ a j | 〈 e j | u 〉 2 (2.72)
j=1
Voltando à definição:
165
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
( )
b1
〈 a | b〉= a1* a*2
b2
O que equivale a:
(〈 a | b〉 )* 〈b | a〉 (2.74)
2
〈 A=
〉u ∑ a 〈u | e 〉
j=1
j j 〈 e j |u 〉 (2.75)
• Produto externo
(| a〉〈b |) | u 〉 ≡ 〈b | u 〉 | a〉 (2.76)
| a〉
= (=
)e | b > ( )
a1
a2
b1
b2 (2.78)
166
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
Voltando à (2.75), vemos então que ela pode ser reescrita como:
〈 A〉 u =〈u|Â|u 〉 (2.80)
2
 ≡ ∑aj Π j (2.81)
j=1
Com:
Π j ≡| e j 〉〈 e j | (j=1,2) (2.82)
167
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
〈 ei |e j 〉 =d ij (j=1,2) (2.83)
|c〉 c1 | e1 〉 + c2 | e2 〉
=
(2.84)
〈 e1 | c〉 ,c2 =
c1 = 〈 e2 | c〉
|c〉 = ( )
c1
c2 (2.85)
Em particular:
|e1 〉
= ( )=
1
0 ,| e 〉 ( )
2
0
1 (2.86)
|θ 〉 = ( ) cosθ
senθ
p
〈0 | θ 〉, c2 = θ
c1 =
2
1 1
| +〉
=
2
1
()
i ,| −〉
=
2
( )
1
−i
São ortogonais:
168
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
〈+ | −〉 = 0
| θ=
〉 ( =)
cosθ
senθ c1 | +〉 + c2 | −〉
Em que:
1 e-iθ
c1 = 〈+ | θ 〉 =
2
(1-i) ( )
cosθ
senθ =
2
1 eiθ
c2 = 〈− | θ 〉 =
2
(1 i) ( )=
cosθ
senθ
2
O que dá:
|θ〉 =
1
2
( )
e-iθ
eiθ
Que é a:
|θ〉 =
1
2
( )
e-iθ
e+iθ
A decomposição:
θ 〉 ( cos
senθ ) =c1 | +〉+c2 | -〉
θ
169
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
• Operador de projeção
A equação a seguir:
| c〉 c1 | e1 〉 + c2 | e2 〉
=
(2.87)
〈 e1 | c〉, c2 =
c1 = 〈 e2 | c〉
| c〉 = 〈 e1 | c〉 | e1 〉 + 〈 e2 | c〉 | e2 〉
(2.88)
=Π 1 | c〉+Π 2 | c〉
Π 1= | e1 〉〈 e1| , Π 2 | e2 〉〈 e2 | (2.89)
Temos:
| c〉 c j | e j 〉
Π1 = (j=1,2) (2.90)
Ou seja:
Π 1 | c〉 (2.91)
Π 1 | c〉 (2.92)
É a projeção de | c〉 sobre o estado | e j 〉 , e Π chama-se um operador de
projeção (NUSSENZVEIG, 1998) .
170
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
Π 1v=(v. ∈ 1) ∈ i (2.93)
É a componente de v na direção ∈ 1 obtida projetando v sobre essa direção,
o que justifica o nome de operador de projeção dado a Π j (NUSSENZVEIG, 1998).
2
Π1=
+ Π2 ∑
j=1
|=
e j 〉〈e j | Î (2.94)
171
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
• Matrizes
2 2
=Â ∑
i=1
| ei 〉〈 ei | Â ∑ | e j 〉〈 e j |
i=1
2 2
(2.98)
= ∑∑
i=1 i=1
| ei 〉 Aij 〈 e j |
Em que:
Aij ≡ ei | Â | e j (2.99)
| ei 〉 e | e j 〉 (2.100)
0 1
| e1 〉=
e2 | ()1
0 (=
0 1) (2.101)
0 0
A A12
=
 Aij 11
= (2.102)
A21 A22
172
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
2 2
| c'=
〉 ≡ Â | c〉 ∑ Aij e j=
j=1
| c | ei 〉 ∑Ac
i, j=1
ij j | ei 〉 (2.103)
O que equivale a:
2
| ci' = ∑ Aij ci (2.104)
j=1
2
Voltando agora a:
( A )u = u|Â|u (2.107)
Assim temos:
( A )u = u|Â|u (2.108)
173
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
(2.109)
O que implica:
(2.110)
E
IMPORTANT
(2.111)
Formam uma base ortonormal, e Π j são os operadores de projeção sobre
os vetores da base.
(2.112)
174
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
E
IMPORTANT
A demonstração é imediata:
(2.113)
Dá a:
(2.114)
175
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
Levando em conta a:
1 0
=
Π1 (=
) (1 0 )
1
0
0 0 1 0
Π1 + Π 2 =Î
0 0 0 1
=
Π2 ()
1 (
0
= 0 1)
0 1
2
 ≡ ∑ a jΠ
j =1
Equivale a:
(2.115)
Isso se aplica pelo menos as grandezas aditivas, cujo valor para um siste-
ma de partículas é a resultante dos valores associados a cada partícula. Exemplos
de tais grandezas são o momento linear, o momento angular e a energia de siste-
mas sem interações entre as partículas. A “posição de um sistema”, definida em
termos do seu centro de massa, é também uma “variável coletiva”, combinação
das posições das partículas (NUSSENZVEIG, 1998).
176
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
Vamos ver como esse efeito pode ser descrito em termos da teoria clássica.
A interação da luz com a matéria, classicamente, é descrita pela teoria da dispersão.
O campo elétrico da onda, de frequência angular W, coloca em oscilação forçada
os elétrons atômicos que são tratados classicamente como osciladores harmônicos
de massa m, frequência própria Wo e constante de amortecimento y associada a
absorção de energia da onda. Assim, tomando eixo z na direção de propagação
da onda, as equações de movimento para um elétron atômico são:
(2.116)
(2.117)
(2.118)
As (2.116) dão:
(2.119)
(2.120)
Vem, com:
177
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
(2.121)
(2.122)
O que dá:
(2.123)
A Figura 26 ilustra o resultado para luz esquerda W < Wo (d > 0): o elétron
descreve um movimento circular uniforme forçado, acompanhando o campo com
uma defasagem cinco: o campo tem uma componente Eᶿ≠ 0 tangencial à trajetória
do elétron, que produz um torque, realizando trabalho sobre ele e transferindo-
-lhe momento angular (NUSSENZVEIG, 1998).
178
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
(2.124)
Em que:
(2.125)
Mas:
(2.126)
(2.127)
(2.129)
179
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
E
IMPORTANT
dJ dN
= ±Jz
dt dt (2.130)
Temos:
(2.132)
180
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
9 O PRINCÍPIO DA INCERTEZA
No subtópico anterior estudamos sobre o momento angular do fóton.
Você pode se perguntar qual é a relação entre momento angular do fóton com
o princípio da incerteza, assunto deste subtópico? No final da década de 1920,
Heisenberg formulou o chamado princípio da incerteza, e, de acordo com esse
princípio, não podemos determinar com precisão e simultaneamente a posição e
o momento de uma partícula.
181
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
ATENCAO
182
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
ATENCAO
183
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
Para ver o elétron precisamos iluminá-lo, pois é na verdade o fóton de luz es-
palhado pelo elétron que é visto pelo observador. Já aqui, mesmo antes de qualquer
cálculo, surge o princípio da incerteza. Só o ato de observarmos o elétron o perturba.
184
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
(2.136)
(2.138)
185
UNIDADE 2 | INTRODUÇÃO À TEORIA QUÂNTICA E A SEUS PRINCÍPIOS BÁSICOS
DE Dt =Dpx Dx
Mas:
Dpx Dx> /2
Portanto:
DE Dt> /2 (2.139)
186
TÓPICO 3 | PROPRIEDADES ONDULATÓRIAS DAS PARTÍCULAS
DICAS
Discovery Channel - Mecânica Quântica - Tudo Sobre Incerteza: neste ótimo do-
cumentário, o Discovery Channel explica com uma linguagem simples (não técnica) sobre o que
vem a ser a Mecânica Quântica, conhecida como a mais 'Dura' de todas as ciências, pois não
existe nada mais complexo ou difícil (matematicamente falando) em todo o mundo da ciência
do que o “Mundo Quântico” e suas leis misteriosas. Assista este documentário em: https://www.
youtube.com/watch?v=UHx0MjsFiOk. Acesso em: 13 set. 2019.
Quem somos nós: documentário lançado em 23 de abril de 2004 e mostra como a Mecânica
Quântica explica a realidade do universo no qual estamos inseridos e como isso afeta a nossa vida
diariamente sem nos darmos conta disso. Assista ao documentário em: https://www.youtube.
com/watch?v=93b3UwHCxGM. Acesso em: 13 set. 2019.
NOTA
TUROS
ESTUDOS FU
187
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Broglie se perguntou se tal não poderia se dar de maneira inversa, ou seja, que
uma partícula material (um corpúsculo) pudesse mostrar o mesmo comporta-
mento que uma onda.
188
• Na mecânica clássica, é usual descrever o movimento de uma partícula com
uma função escalar do tempo.
• Em Mecânica Quântica trabalhamos com valores esperados (ou valores médios) das
grandezas dinâmicas. O valor esperado de uma grandeza é definido como a média
dos valores possíveis, ponderados pelas respectivas probabilidades de ocorrência.
• Diferente da maioria das partículas, fótons não tem uma massa intrínseca de-
tectável, ou "massa restante" (que se opõem a massa relativística).
• Fótons são desviados por um campo gravitacional duas vezes mais que as pre-
dições da mecânica Newtoniana predisse para uma massa viajando a velocida-
de da luz com o mesmo momento de um fóton.
189
• O princípio da incerteza princípio indica um limite na precisão com que alguns
pares de propriedades de uma certa partícula física, conhecidas como variáveis
integrantes (tais como posição e momento linear), podem ser conhecidos.
CHAMADA
190
AUTOATIVIDADE
191
192
UNIDADE 3
A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E
ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
193
194
UNIDADE 3
TÓPICO 1
A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
1 INTRODUÇÃO
Na unidade anterior, disponibilizamos uma introdução à teoria quântica
e seus princípios. A mecânica quântica é o ramo da física que estuda os objetos
em escala muito pequenas e a física moderna é dominada pelos seus conceitos.
Durante o século passado, o mundo físico era explicado de acordo com os prin-
cípios da mecânica clássica ou newtoniana. A partir da Unidade 3 estudaremos a
equação de Schrödinger.
NOTA
A gênese da teoria correta é descrita por Felix Bloch, que estava presente na
ocasião. Em uma das palestras, Schroedinger apresentou uma explicação muito clara do
modo como de Broglie associava uma onda a uma partícula e a forma como ele, de Bro-
glie, podia chegar às regras de quantização, impondo que uma órbita estacionária conti-
vesse um número inteiro de ondas. Quanto terminou, Debye comentou que achava aquela
maneira de trabalhar quase infantil, que para lidar com ondas de forma adequada, era pre-
ciso dispor de uma função de onda.
195
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
196
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
(3.1)
∞ 2
∑
n = −∞
cn =1 (3.3)
lim | cn |2
d →0 (3.4)
d
É igual a densidade de probabilidade de encontrar a partícula em x, cen-
tro do intervalo :
197
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
(3.5)
Em que:
(3.6)
(3.7)
(3.8)
(3.9)
(3.10)
(3.11)
(3.12)
O que daria:
(3.13)
Mas, pela:
(3.13)
E
IMPORTANT
(3.15)
(3.16)
199
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
Em que:
(3.17)
Com o operador:
(3.18)
DICAS
200
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
∞ ∞ •
∫ x | Ψ | ( x,t ) | d x=∫ Ψ ( x,t ) x Ψ ( x,t ) = (3.19)
2
( x )Ψ
∞ ∞
Em que:
x Ψ ( x,t ) =
xΨ ( x,t )
Ou seja, o observável x = “posição da partícula” é um operador equivalen-
te à multiplicação por x.
Para definir a observável velocidade v da partícula, ou, equivalentemen-
te, seu momento m v, vamos usar o princípio de correspondência, pelo qual de-
vemos ter (NUSSENZVEIG, 1998):
d
x = v (3.21)
dt Ψ Ψ
d 1
Num estado descrito por Ψ( x,t ) A dt
A
Ψ
= A ,H
ih Ψ dá:
d 1
x = x ,H (3.22)
dt Ψ
ih Ψ
201
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
h2 ∂ 2
x,H
= x, + V ( x )
x,I
2m ∂x 2
=0
(3.23)
h ∂ 2 2
.⋅. x,H =
− x,
2m ∂x 2
Para calcular o comutador entre esses dois operadores, basta aplicá-lo a
uma função de onda qualquer Ψ :
(3.24)
(3.25)
(3.26)
(3.27)
i ∂
v=- (3.28)
m ∂x
E:
(3.29)
Operador momento
202
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
(3.30)
d
〈 H 〉 Ψ =0
dt
∂ ∂Ψ ∂
x
∂x Ψ = x − ( xΨ ) = −Ψ, ∀Ψ (3.31)
∂x ∂x
Ou seja:
(3.32)
(3.33)
(3.34)
203
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
4 AUTOFUNÇÕES DO MOMENTO
No subtópico anterior estudamos sobre operadores de posição e de mo-
mento, ou seja, devemos associar um operador quântico a cada grandeza física.
Observamos também que o conhecimento da função de onda nos permite calcu-
lar o valor esperado (ou valor médio) de um conjunto muito grande de medidas
dessa grandeza física. A partir deste subtópico vamos entender sobre autofun-
ções do momento (NUSSENZVEIG, 1998).
∂Ψ P
pΨ P ( x ) ≡ −i = PΨ P ( x )
∂x (3.35)
(3.36)
(3.37)
Ψ P ( x ) |2 =
| C |2 = constante (3.38)
tável, porque não pode ser normalizada: a integral de normalização ∫ | ϕ ( x)| d x=1
2
Entendemos de fato que uma onda plana é uma construção, um caso li-
mite. Do ponto de vista do princípio de incerteza (3.34), corresponderia a p = 0
204
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
NOTA
∞
Ψ ( x )=∫ c( k )ei k x d k (3.39)
∞
Na qual a soma sobre todos os autovalores corresponde aqui a uma integral sobre toda a
reta (NUSSENZVEIG, 1998, p. 345).
205
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
∞
d
∫
dt ∞
| Ψ ( x,t ) |2 dx=0 (3.40)
(3.41)
(3.42)
Isso dá:
206
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Ou finalmente:
(3.43)
Na qual:
(3.44)
(3.45)
ATENCAO
(3.46)
207
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
6 RELAÇÕES DE INCERTEZA
No subtópico anterior estudamos sobre a densidade de corrente de probabi-
lidade. E, qual a relação entre fluxo de probabilidade com o princípio da incerteza?
Implicam:
(3.48)
a) Diafragma
208
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Dx d (3.49)
Com efeito, difração por uma fenda, a abertura angular do feixe difratado
é~ , na qual:
o
(3.50)
h
DPx p senθ 0 (3.51)
d
O que leva a uma incerteza em Px da ordem de:
209
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
E
IMPORTANT
D x DPr ~ h (3.52)
b) O “microscópio” de Heisenberg
h
Dx ~ (3.53)
scnθ
Em que X é o comprimento de onda da luz empregada e é a abertura
angular da objetiva (Figura 3).
210
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
2p
D px ~ p sen θ =
k sen θ sen θ (3.54)
l
E
IMPORTANT
7 ESTADOS ESTACIONÁRIOS
Poderíamos nos perguntar qual é a relação existente entre o princípio da in-
certeza com estados estacionários? Diríamos que uma partícula nunca tem energia
igual à zero, pois assim ela teria uma velocidade e posição definida, contrariando o
princípio da incerteza de Heisenberg. Mas muito pelo contrário, ela pode ter uma
quantidade mínima de energia, chamado estado fundamental, ou seja, ela teria de-
nominadas flutuações de energia.
211
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
ϕ E ( x )e-iE1/h
Ψ E ( x,t ) = (3.56)
Na qual:
H ϕ E ( x ) = Eϕ E ( x ) (3.57)
d 2ϕ 2
− + v( x )ϕ =Eϕ ≡ k0 ϕ (3.58)
2m dx 2
2m
d 2ϕ
2
+ n 2 ( x ) k02ϕ =
0 (3.59)
dx
Na qual:
V(x)
n2 ( x) = 1 (3.60)
E
1 2
E-V ( x ) = p ( x) (3.61)
2m
É a energia cinética da partícula na posição x, contanto que seja E > V(x), caso
em que a posição x é acessível ao movimento da partícula (região classicamente per-
mitida).
212
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Para uma energia E1 > V(x) para , a reta toda é permitida e o movimento
é ilimitado.
Já para E = E2 (fig. 3.4), há um ponto xo, em que:
(3.62)
(3.63)
(3.64)
213
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
DICAS
• Biografia dos cientistas Erwin Schrödinger e Werner Heisenberg contada por Antônio Toledo
Piza. Este vídeo faz parte da Coleção Imortais da Ciência, órgão de divulgação científica da
Universidade Federal do Ceará. Aprenda mais sobre a Física Quântica, assistindo ao vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=zJJq388H_fQ. Acesso em: 17 de outubro de 2019.
• O gato de Schrödinger foi um experimento mental proposto pelo físico Erwin Schrödinger
mais ou menos no surgimento da física quântica. A ideia é bem simples, mas muitas vezes
a discussão interessante proposta por Schrödinger é deixada de lado. Aprenda mais sobre
a Física Quântica com o gato de Schrödinger, assistindo ao vídeo: https://www.youtube.
com/watch?v=pKEq8d_1pn4. Acesso em: 17 de outubro de 2019.
• Trecho reeditado de vídeo do canal Discovery Channel sobre o documentário Tudo
Sobre Incerteza com abordagens sobre a física quântica. Aprenda mais sobre Colapso da
função de onda na mecânica quântica, assistindo ao vídeo: https://www.youtube.com/
watch?v=4UUPJSPBMBY. Acesso em: 17 de outubro de 2019.
TUROS
ESTUDOS FU
214
TÓPICO 1 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
DICAS
215
RESUMO DO TÓPICO 1
• A teoria das Relações de Incerteza mostra que não podemos ter simultanea-
mente ambos arbitrariamente pequenos.
216
• Δx e Δp podem ser encarados como incertezas na determinação da posição e do
momento, respectivamente.
217
AUTOATIVIDADE
218
UNIDADE 3
TÓPICO 2
A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
INDEPENDENTE DO TEMPO
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior estudamos sobre a equação de Schrödinger e alguns siste-
mas quânticos. Na mecânica quântica, a equação de Schrödinger é uma equação di-
ferencial parcial que descreve como o estado quântico de um sistema físico muda
com o tempo. Foi formulada no final de 1925 e publicado em 1926 pelo físico austría-
co Erwin Schrödinger. A partir desse tópico aprofundaremos nossos estudos sobre a
equação de Schrödinger independente do tempo.
Iniciaremos tratando a forma mais clara possível para o potencial V (x) = 0. En-
tão passo a passo anexaremos complexidade a ele. Com cada novo potencial tratado, o
estudante obterá uma nova compreensão da mecânica quântica e do comportamento de
sistemas microscópicos. Nesta metodologia ele deve abrir a apresentar uma ideia para
com a mecânica quântica, da similar forma que explanou uma impressão para com a
mecânica clássica por meio do uso replicado dessa teoria (EISBERG; RESNICK, 1994).
2 O POTENCIAL NULO
Neste tópico vamos estudar a equação de Schrödinger independente do tem-
po. Mas o que o potencial nulo tem em relação com a equação de Schrödinger inde-
pendente do tempo? A equação de Schrödinger pode ser resolvida considerando uma
partícula dentro de uma caixa.
V ( x) = 0 (3.69)
220
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
E
IMPORTANT
h 2 d 2ψ ( x)
− 2
+ V ( x)ψ ( x) =
Eψ ( x)
m dx 2
Fazendo V(x) =0. Com esta forma para o potencial, a equação fica:
h 2 d 2ψ ( x)
− Eψ ( x)
= (3.70)
2 m dx 2
ψ ( x , t ) = ψ ( x)e − iEt / h
São:
ψ ( x , t=
) cos( kx − ωt ) + i sen( kx − ωt )
É:
ψ ( x , t=
) cos( kx − ωt ) + i sen( kx − ωt ) (3.72)
ψ ( x , t ) = e i ( kx − wt ) (3.73)
221
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
p 2 mE
k= = (3.74)
h h
E:
E
ω= (3.75)
h
ikx − iωt
ψ=
( x , t ) e= e e ikx e − Et / h (3.76)
ψ ( x , t ) = ψ ( x)e − Et / h (3.77)
ψ ( x) = e ikx (3.78)
Em que:
2mE
k= (3.79)
h
ψ ( x , t ) = e i ( kx −ωt )t (3.80)
Representa uma onda que se propaga. Isto pode ser visto, por exemplo, a
partir do fato de que os nós da parte real da função de onda estão localizados nas
posições em que:
kx − ωt =(n + 1 / 2)p
Com n = 0, ± 1, ±2, ... Isto ocorre porque a parte real de P(x, t), que é cos
(kx - wt), tem valor zero sempre que kx - wt = (n + 1/2) p . Portanto, os nós ocorrem
sempre que x = (n + 1/2) p k + wt/k, e, como estes valores de x aumentam à medida
que t aumenta, os nós se movem no sentido de x crescente. A conclusão está ilus-
trada na parte superior da Figura 5, que mostra gráficos da parte real de Ψ (x, t)
em instantes de tempo sucessivos (EISBERG; RESNICK, 1994).
222
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
A Figura 5 apresenta ao alto: a parte real, cos (kx - wt) de uma função
de onda exponencial complexa se propagando, ψ = e i ( kx − wt ) para uma partícu-
la livre. Quando o tempo cresce, os nós se movem no sentido de x crescente.
Embaixo: Para esta função de onda, um gráfico da densidade de probabilidade,
=ψ * ψ e= − i ( kx − wt ) i ( kx − wt )
e 1 não transmite nenhuma ideia de movimento, já que ela
é constante para todos os t (e para todos os x). Evidentemente, não podemos de-
senhar a própria Ψ , pois ela é complexa (EISBERG; RESNICK, 1994).
A intuição nos sugere que, para o mesmo valor de E, deveria existir tam-
bém uma função de onda que representasse uma onda se propagando no sentido
de x decrescente (EISBERG; RESNICK, 1994). O argumento precedente indica
que essa função de onda seria escrita com o sinal de kx trocado, isto é:
223
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
ψ ( x , t ) = e i ( − kx −ωt ) (3.81)
ψ ( x) = e − ikx (3.82)
Em que:
2mE
k= (3.83)
h
ψ=
( x) Ae ikx + Be − ikx (3.84)
Em que:
2mE
k= (3.85)
h
d 2ψ ( x) 2 2 ikx 2 2* − ikx 2 mE
2
=i k Ae + i k Be = − k 2ψ ( x) =
− 2 ψ ( x) (3.86)
dx h
h 2 2 mE
− − ψ ( x) =
Eψ ( x) (3.87)
2 m h 2
224
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
ψ ( x) = Ae ikx (3.88)
ψ ( x , t ) = Ae i ( kx −ωt ) (3.89)
Uma suposição óbvia seria que a partícula cujo movimento é descrito por
essas funções também está se movendo no sentido de x crescente. Para verificar
isto, vamos calcular o valor esperado do momento, P, da partícula. Segundo a
fórmula geral para o valor esperado:
∞ ∞
∂
= ∫
f ( x , p , t ) −∞
ψ=
( x ,) fop x , −ih , t ψ ( x , t )dx , p =
∂x ∫ ψ * popψ dx (3.90)
−∞
∂
pop = −ih (3.91)
∂x
∂
popψ =
−ih Ae i ( kx −ωt ) =
−ih(ik ) Ae i ( kx −ωt ) =
+ hkψ =
+ 2 mEψ (3.92)
∂x
De forma que:
∞ ∞
+ ∫ ψ * 2 mEψ dx =
p= + 2 mE ∫ ψ *ψ dx (3.93)
−∞ −∞
225
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
p = + 2 mE (3.94)
ψ ( x) = Be − ikx (3.95)
E:
ψ ( x , t ) = Be i ( − kx −ωt ) (3.96)
p = − 2 mE (3.97)
= * e − i ( kx −ωt ) Ae i ( kx −ωt ) A * A
ψ * ψ A= (3.98)
226
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
ψ = Ae i ( kx −ωt ) (3.100)
∞ ∞ ∞
∫=
ψ *ψ dx
−∞
∫= * A ∫ dx 1
A * Adx A=
−∞ −∞
(3.101)
227
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
Qualquer que seja a forma de fazê-lo obtém uma descrição mais realística da
situação física real, e também podemos normalizar a função de onda com amplitude
não nula A. Esse processo é chamado normalização de caixa. Apesar do valor de A
obtido depender do comprimento L da caixa, sempre acontece que o resultado final
do cálculo de uma grandeza mensurável é independente do valor real de L usado.
Além disso, vemos que normalmente não é necessário fazer a normalização da caixa
em detalhes, porque as grandezas de interesse físico podem ser expressas como ra-
zão as quais o valor de A se cancela (EISBERG; RESNICK, 1994).
É possível obter uma ideia muito mais realística de movimento do que a vista
em qualquer das partes da Figura 5 se usarmos um grande número de funções de
onda da forma de (3.88 e 3.89) para gerar um grupo de ondas. A Figura 6 mostra a
densidade de probabilidade para um grupo particularmente simples, indican-
do seu movimento no sentido de x crescente, e a largura sempre crescente do grupo
(EISBERG; RESNICK, 1994).
228
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
229
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
d dx d V ( x)
= − (3.102)
dt dt dt m
Ou:
dV ( x)
−
d2 x dx F ( x) (3.103)
= =
dt 2 m m
3 O POTENCIAL DEGRAU
230
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
{
V0 V0 x>0 x>0
V ( x) =V ( x) = (3.104)
0 0 x<0 x<0
231
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
232
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Como a energia total E é uma constante, a mecânica clássica diz que a par-
tícula não pode passar para a região x > 0. A razão é que nessa região:
p2
E = + V ( x) < V ( x) (3.105)
2m
Ou:
p2
<0 (3.106)
2m
Logo, a energia cinética p2/2m seria negativa na região x > 0, o que impli-
caria em um valor imaginário para o momento p nesta região. Isto, além de não
ser possível, não tem sentido físico na mecânica clássica. Segundo a mecânica
clássica, a força impulsiva vai mudar o momento da partícula de uma forma tal
que seu movimento ficará exatamente invertido, afastando-se no sentido de x
decrescente, com momento em sentido oposto ao sentido de seu momento inicial.
O módulo do momento p será o mesmo antes e depois da inversão, pois a energia
total E= p2/2m permanece constante (EISBERG; RESNICK, 1994).
233
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
h 2 d 2ψ ( x)
− Eψ ( x)
= (3.107)
2 m dx 2
h 2 d 2ψ ( x)
− + V0ψ ( x) =
Eψ ( x) (3.108)
2 m dx 2
ATENCAO
ψ=
( x) Ae ik ,x + Be − ik ,x (3.109)
Em que:
2 mE
=k1 x<0 (3.110)
h
234
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Consideremos agora a equação diferencial válida na região na qual V(x) = V0, (3.108). Não
esperamos que uma função oscilatória, como em (3.109 e 3.110), seja uma solução, pois
a energia total E é menor do que a energia potencial V0 na região considerada. Na ver-
dade, estas considerações nos dizem que a solução será uma função que “se aproxima
gradualmente do eixo x”. A função mais simples com esta propriedade é a exponencial real
decrescente, que pode ser escrita como:
=ψ ( x) e − k , x x<0 (3.111)
Vamos determinar se esta é uma solução e se for obter também o valor exigido para k2
substituindo-a em (3.108), que é a equação à qual ela deve satisfazer. Primeiro calculamos:
d 2ψ ( x)
2
= k22ψ ( x)
( − k2 )2 e − k , x = (3.112)
dx
A substituição dá que:
h2 2
− k ψ ( x) + V0ψ ( x) =
Eψ ( x) (3.113)
2m 2
A equação é satisfeita, e portanto a solução está verificada, desde que:
2 m(V0 − E)
=k2 E < V0 (3.114)
h
ψ ( x) = e + k x
2
(3.115)
Em que:
2 m(V0 − E)
=k2 x>0 (3.116)
h
235
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
( x) Ce k x + De − k x
ψ= 2 2
(3.117)
Em que:
2 m(V0 − E)
k2 x>0 (3.118)
h
d 2ψ ( x) 2 m(V0 − E)
= Ck22 e k2 x + D( − k2 )2 e −=
k1 x
k22ψ (=
x) ψ ( x) (3.119)
dx 2
h
h2 2m
− (V − E)ψ ( x) + V0ψ ( x) =
Eψ ( x) (3.120)
2m h2 0
C=0 (3.121)
− k2 x ik1 x − ik , x
=
D=
(e )
x 0=
A( e x 0=
)x 0
+ B( e ) (3.122)
236
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
D=A+B (3.123)
dψ ( x)
= − k2 De − k2 x (3.124)
dx
E:
dψ ( x)
= ik1 Ae ik2 x − ik1 Be − ik1x (3.125)
dx
− k2 x ik1 x − ik1 x
2
=
− k D( e
x 0 =
1
) = (ik A( e
x 0=
1 x 0
) − ik B( e ) (3.126)
O que dá:
ik2
D= A − B (3.127)
k1
D ik2
A
= 1+ (3.128)
2 k1
Subtraindo-as, temos:
D ik2
=B 1+ (3.129)
2 k1
D D
(1 + ik2 / k1 )e ik1x + (1 − ik2 / k1 )e − ik1x x<0
2 2
(3.130)
ψ ( x) =
De − k2 x x>0
237
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
{
Ae ik2 x eAe
− iEtik
/ h2 x − iEt /−hik 1 x − iEt
+e Be + eBe − ik/ h1x= iEt / hi ( k1 x − Et / hi ()k1 x − Et / hi ()− k1 x − Eti/(h−)k1 x − Et / h )
e −Ae =Ae + Be + Be x<0 x<0
ψ ( x) =ψ ( x) = (3.131)
De − k2 x eDe
− iEt−/kh2 x − iEt / h
e x>0 x>0
B* B
R= (3.132)
A* A
B * B (1 − ik2 / k1 ) * (1 − ik2 / k1 )
=R = (3.133)
A * A (1 + ik2 / k1 ) * (1 + ik2 / k1 )
238
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Ou:
O fato de que esta razão seja igual a um significa que uma partícula inci-
dente sobre o degrau de potencial, com energia total menor do que a altura do
degrau tem probabilidade um de ser sempre refletida. Isto está de acordo com as
previsões da mecânica clássica (EISBERG; RESNICK, 1994).
{
D cos k1 x − D 2 sen k1 xk2 x<0
D coskk1 1 x − D sen k1 x x<0
k1
ψ ( x) = (3.136)
ψ ( x) =
De − k2 x x>0
De − k2 x x>0
239
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
= * e − k2 xe + iEt / h De − k2 xe −iEt / h D * De −2 k2 x
ψ * ψ D= (3.137)
Na Figura 11, ao alto: A autofunção Ѱ (x) para uma partícula incidente so-
bre um degrau de potencial em x = 0, com energia total menor do que a altura do
degrau. Observe a penetração da autofunção na região classicamente proibida,
x > 0. Embaixo: A densidade de probabilidade Ѱ*Ѱ = Ѱ*Ѱ =Ѱ2 correspondente a
esta autofunção. O espaçamento entre os picos de Ѱ2 é duas vezes menor do que
o espaçamento entre os picos de Ѱ (EISBERG; RESNICK, 1994).
240
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
h
Dx = (3.138)
2 m(V0 − E)
241
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
Foi estudado sobre o potencial degrau com energia menor do que altura
do degrau. Foi aplicado o formalismo quântico ao caso de uma partícula quântica
que incide sobre um potencial V(x) que tem a forma de um degrau, ou seja, tem
um valor 0 para x < 0 e um valor V0 > 0 para x > 0. Foi considerado inicialmente o
caso em que a energia da partícula é menor que a altura do degrau. A partir deste
subtópico aprofundaremos nosso estudo sobre o potencial degrau com energia
maior do que altura do degrau (EISBERG; RESNICK, 1994).
242
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Veremos que as previsões feitas pela mecânica quântica não são tão sim-
ples assim. Se E não for muito maior do que V0, a teoria prevê que a partícula tem
uma possibilidade apreciável de ser refletida pelo degrau de volta para a região x
< 0, mesmo tendo energia suficiente para ultrapassar o degrau e ir para a região x
> 0 (EISBERG; RESNICK, 1994).
h 2 d 2ψ ( x)
−= Eψ ( x) x<0 (3.140)
2 m dx 2
E:
h 2 d 2ψ ( x)
− ( E − V0 )ψ ( x)
= x<0 (3.141)
2 m dx 2
243
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
E
IMPORTANT
Ae ik x + Be − ik x
ψ ( x) = 1 1
x<0 (3.142)
Em que:
2 mE p
=k1 = 1 (3.143)
h h
A equação (3.141) descreve o movimento de uma partícula livre de momento p2. Sua
solução geral é:
Ce ik x + De − ik x
ψ ( x) = 2 2
x>0 (3.144)
Em que:
2 m( E − V0 ) p2
=k2 = (3.145)
h h
D=0 (3.146)
As constantes arbitrárias A, B e C devem ser escolhidas de forma a fazer
Ѱ (x) e dѰ(x) /dx contínuas em x = 0. A primeira exigência, de que os valores de Ѱ
(x), expressos por (3.142) e (3.144), sejam os mesmos em x = 0, é satisfeita se:
Ou:
A+B=C (3.148)
Ou:
k1 ( A − B) =
k 2C (3.150)
k1 − k2 (3.151)
B= A
k1 + k2
E:
2 k1
C= A (3.152)
k1 + k2
Portanto, a autofunção é:
k1 − k2 − ik1x
Ae ik1x + A e x<0
k1 + k2
ψ ( x) = (3.153)
2 k1 ik2 x
A e x>0
k1 + k2
Como antes, não será necessário calcular a constante arbitrária A que de-
termina a amplitude da autofunção.
245
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
246
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
2
B * B k − k k − k2 k1 − k2
=R = 1 2 * 1 = (3.154)
A * A k1 + k2 k1 + k2 k1 + k2
Vemos deste resultado que R < 1 quando E> V0, isto é, quando a energia total
da partícula é maior do que a altura do degrau de potencial. Isto está em contraste
com o valor R = 1 quando E < V0. Evidentemente, o que é surpreendente nesse resulta-
do não é que R < 1, e sim que R > 0. Ele é surpreendente porque uma partícula clássica
jamais seria refletida caso tivesse energia suficiente para passar a descontinuidade
do potencial. Por outro lado, em uma descontinuidade correspondente, uma onda
clássica seria refletida, como discutiremos em breve (EISBERG; RESNICK, 1994).
v1 B * B B * B
=R = (3.155)
v1 A * A A * A
2
v2C * C v2 2 k1 (3.156)
=T =
v1 A * A v1 k1 + k2
247
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
p1 hk1
v= = (3.157)
1
m m
E:
p2 hk2
v=
2
= (3.158)
m m
k2 (2 k1 )2 4 k1 k2
=T = E > V0 (3.159)
k1 ( k1 + k2 ) 2
( k1 + k2 )2
R+T=1 (3.159)
Esta relação útil é a motivação que temos para definir os coeficientes de refle-
xão e transmissão em termos de fluxos de probabilidade (EISBERG; RESNICK, 1994).
248
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
2
1− 1− V / E E
R =1 − T = 0
>1 (3.161)
1+ 1− V / E V0
0
E
R =1 − T =1 <1 (3.162)
V0
Obtido em (3.134) da seção precedente para um potencial degrau com E/V0 <1.
249
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
DICAS
250
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
4 A BARREIRA DE POTENCIAL
No subtópico anterior estudamos sobre o potencial degrau. Afinal qual a
relação entre o potencial degrau e a barreira de potencial? Para a barreira de poten-
cial será aplicado o formalismo quântico ao caso de uma partícula que incide sobre
uma barreira de potencial, em que a energia potencial tem um valor 0 para x < 0 e
para x > a, e um valor V0 > 0 para 0 < x < a. Já para o potencial degrau, foi aplicado
o formalismo quântico ao caso de uma partícula quântica que incide sobre um po-
tencial V (x) que tem a forma de um degrau, ou seja, tem um valor 0 para x < 0 e um
valor V0 > 0 para x > 0. Foi considerado inicialmente o caso em que a energia da par-
tícula é menor que a altura do degrau. A partir deste subtópico vamos aprofundar
nosso estudo sobre a barreira de potencial. (EISBERG; RESNICK, 1994).
251
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
mecânica quântica. Se E não for muito maior do que V0, a teoria prevê que vai haver
alguma reflexão, exceto para certos valores de E. Se E não for muito menor do que
V0, a mecânica quântica prevê que há uma certa probabilidade de que a partícula seja
transmitida através da barreira para a região x>a (EISBERG; RESNICK, 1994).
No momento em que atravessa uma barreira cuja altura excede sua energia
total, uma partícula material está se comportando exclusivamente como uma onda.
Mas na região após a barreira, ela pode ser detectada como uma partícula localizada,
sem que seja introduzida uma incerteza significativa no conhecimento de sua ener-
gia. Assim, a Penetração em uma região classicamente proibida de largura limitada
pode ser observada, no sentido que a partícula pode ser observada, tanto antes como
depois de atravessar a barreira, de energia total menor do que a energia potencial na
região proibida (EISBERG; RESNICK, 1994).
Ae ik x + Be − ik x
ψ ( x) = 1 1
x<0
(3.164)
Ce ik x + De − ik x
ψ ( x) = 1 1
x>a
Em que:
2mE
k1 = (3.165)
h
x) Fe − k x + Ge k
ψ (= 11 11 x
0<x<a (3.166)
Em que:
2 m(V0 − E)
k11 = (3.167)
h
x) Fe k
ψ (= 111 x
+ Ge − k111x 0<x<a (3.168)
252
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Em que:
2 m( E − V0
k111 = (3.169)
h
D=0 (3.170)
E<V0 (3.171)
253
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
254
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
−1 −1
2
v1C * C ( e k 11a − e − k 11a )2 1 + senh k11a
T= = 1+ = (3.172)
v1 A * A E E E E
16 1 − 4 1−
V0 V0 V0 V0
Em que:
2 mV0 a 2 E
=k11a 1 − (3.173)
h 2 V0
E E -2k22a
T 16 1 − e k11a 1 (3.174)
V0 V0
Como pode ser facilmente verificado. Quando (3.174) é uma boa aproxima-
ção, T é extremamente pequeno (EISBERG; RESNICK, 1994).
Estas equações fazem uma previsão que, do ponto de vista da mecânica clás-
sica, é bem notável. Elas dizem que uma partícula de massa m e energia total Ey
incidente sobre uma barreira de potencial de altura V0 > E largura finita a tem na re-
alidade uma certa probabilidade T de penetrar na barreira e aparecer do outro lado.
Este fenômeno é chamado penetração de barreira ou efeito túnel. Evidentemente, T
é praticamente nulo no limite clássico, porque nesse limite a grandeza 2mV0a2/h2, que
é uma medida da opacidade da barreira, é extremamente grande (EISBERG; RESNI-
CK, 1994).
255
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
E
IMPORTANT
E>V0 (3.175)
Neste caso, a autofunção é oscilatória nas três regiões, mas com comprimento de onda
maior na região da barreira, 0 < x < a. O cálculo das constantes B, C, F e G, por meio da
aplicação das condições de continuidade em x = 0 e x = a, leva à seguinte fórmula para o
coeficiente de transmissão:
−1 −1
v1C * C ( e k 111a − e − k 111a )2 sen2 k111a
T= = 1+ = 1+ (3.176)
v1 A * A E E E E
16 − 1 4 − 1
V0 V0 V0 V0
Em que:
2 mV0 a 2 E
=k111a − 1 (3.177)
V0
2
h
Podemos juntar os resultados das três últimas seções comparando o gráfico da depen-
dência em energia do coeficiente de reflexão R por uma barreira de potencial, na Figura
18, com o mesmo gráfico para um degrau de potencial, na Figura 14.
256
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
257
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
2
d 2ψ ( x) 2p v
+ µ ψ ( x) =
0 (3.178)
dx 2 c
d 2ψ ( x) 2 m
+ 2 {E − V ( x)}ψ ( x) =
0 (3.179)
dx 2 h
Podemos ver que elas são idênticas se o índice de refração da primeira for
relacionado à função potencial da última por meio da relação:
c 2m
µ ( x)
= E − V ( x) (3.180)
2p v h 2
258
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
{
D cos k1 x − D 2 sen kk1 x2 x<0
D cos kk11x − D sen k1 x x<0
k1
ψ ( x) =
ψ ( x) =
De − k2 x x>0
De − k2 x x>0
259
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
funda; a reflexão ocorre porque a velocidade das ondas na água depende da profun-
didade da água. Observe que a intensidade das ondas cai rapidamente quando elas
tentam penetrar na região de água mais profunda, mas que existe alguma penetração
nessa região (EISBERG; RESNICK, 1994).
DICAS
O texto deste subtópico contém trechos extraídos do livro: EISBERG, R.; RES-
NICK, R. Física quântica. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994. P. 258-266. Como dica
para aprofundar seu conhecimento, leia o material na íntegra.
Disponível em: http://bit.ly/2U66b9j. Acesso em: 10 set. 2019.
261
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
262
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
Se uma partícula tem energia total E < V0, então segundo a mecânica clás-
sica ela pode estar somente na região -a/2 < x <+a/2 (dentro do poço). A partícula
está limitada a esta região e oscila entre os extremos da região com momento de
módulo constante, mas com sentidos alternados. Além disso, qualquer valor E
para a energia total é possível. No entanto, segundo a mecânica quântica apenas
certos valores da energia total separados discretamente são possíveis (EISBERG;
RESNICK, 1994).
263
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
ATENCAO
2 mE
( x) Ae ik x + Be − ik x
ψ= 1 1
onde k1 − a / 2 < x < +a / 2 (3.182)
h
264
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
ψ
= ( x) B( e ik x + e − ik x )
1 1
(3.183)
e ik1x + e − ik1x
ψ ( x) = B ' (3.184)
2
2 mE
=ψ ( x) B=
' cos k1 x onde k1 (3.185)
h
ψ ( x) A( e − ik1x − e − ik1x )
= (3.186)
e ik1x − e − ik1x
ψ ( x) = A ' (3.187)
2i
Na qual A‘ é uma nova constante arbitrária, definida por A' = 2iA. Mas
isto é exatamente:
2 mE (3.188)
=ψ ( x) A=
' sen k1 x onde k1
h
2 mE
ψ ( x) A ' sen k1 x + B ' cos k1 x
= onde
= k1 − a / 2 < x < + a / 2 (3.189)
h
265
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
Também é uma solução, como pode ser verificado por substituição direta.
Na verdade, esta é uma solução geral da equação diferencial para a região den-
tro do poço porque ela contém duas constantes arbitrárias - é tão geral quanto
à solução (3.182). Matematicamente, as duas são completamente equivalentes.
No entanto, é mais conveniente utilizar (3.189) em problemas que en volvem o
movimento de partículas ligadas. Fisicamente podemos pensar em (3.189) como
descrevendo uma situação na qual uma partícula se move de forma tal que se
conhece precisamente módulo de seu momento:
p hk
= =1
2 mE (3.190)
ATENCAO
ψ
= ( x) Ce k 11x + De − k 11x (3.191)
Em que:
2 m(V0 − E)
=k11 x < −a / 2 (3.192)
h
E:
ψ
= ( x) Fe k 11x + Ge − k 11x (3.193)
Em que:
2 m(V0 − E)
=k11 x > +a / 2 (3.194)
h
As duas formas de Ѱ(x) descrevem ondas estacionárias na região fora do poço, já que na
função de onda associada ψ ( x , t ) = ψ ( x)e
− iEt / h
as dependências em x e t ocorrem como
fatores separados. Estas ondas estacionárias não têm nós, mas elas serão ajustadas às
ondas estacionárias dentro do poço, que têm nós (EISBERG; RESNICK, 1994).
266
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
267
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
268
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
269
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
muito grande à medida que V0 fica muito grande, e a autofunção tenderá rapidamen-
te a ir a zero fora do poço. No limite, Ѱ1(x) deve ser zero para todos x < - a/2 e para
todos x > +a/2. É evidente que este argumento é válido para todas as autofunções de
um potencial deste tipo. Isto é, para todos os valores de n, em um poço de potencial
quadrado infinito:
ψ n ( x) 0
= x < −a / 2 (3.195)
Ou:
x > +a / 2 (3.196)
NOTA
Esta condição para as autofunções do poço quadrado infinito só pode ser satis-
feita se for violada, em x = ±a/2, a exigência de que a derivada dѰn(x) /dx seja contínua em
todos os pontos; mas se o estudante for verificar o argumento que foi apresentado para justi-
ficar a exigência, verá que a derivada deve ser contínua apenas quando o potencial for finito.
DICAS
O texto deste subtópico contém trechos extraídos do livro: EISBERG, R.; RES-
NICK, R. Física quântica. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994. p. 270-275. Como dica
para aprofundar seu conhecimento, leia o material na íntegra.
Disponível em: http://bit.ly/2U66b9j. Acesso em: 10 set. 2019.
270
TÓPICO 2 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER
DICAS
• HÁ UM GRANDE FALATÓRIO POR AÍ ... De fato, está havendo um grande falatório sobre
a Física Quântica, em que nós ouvimos quase tudo sobre este assunto, até coisas que
vão além do misticismo. Antes de qualquer comentário sobre isso, lembre-se de que
não foi o povo que iniciou esse falatório, mas os próprios físicos, pois foram eles que
primeiramente ficaram perplexos e espantados com os mistérios da Física Quântica.
Saiba mais, assistindo ao seguinte vídeo: http://bit.ly/2tt8Krb. Acesso em: 17 out. 2019.
• O Quantum é um verdadeiro fantasma. Individualmente ele existe somente quando
interage com uma consciência que lhe observa, para aparecer e imediatamente de-
saparecer, para reaparecer e desaparecer novamente, e assim sucessivamente. Isso
acontece dentro de tudo que existe: átomos, partículas, moléculas, minerais, vegetais
e animais, inclusive dentro do nosso próprio corpo. Aprenda mais sobre o Quantum,
assistindo ao seguinte vídeo: http://bit.ly/2SkvUs3. Acesso em: 17 out. 2019.
• Mistério por todos os lados. A realidade quântica é naturalmente misteriosa! Como
se isso não bastasse, essa realidade em que nós vivemos os nossos cotidianos, ela
própria também é misteriosa. Veja: mais de 70% do Universo é feito com uma energia
invisível, conhecida como Energia Escura, e 25% dele é feito com uma matéria também
invisível, conhecida como Matéria Escura, algo que os físicos ainda não sabem o que é.
Aprenda mais sobre Deus versus a física quântica, assistindo ao seguinte vídeo: http://
bit.ly/2OnQMxy Acesso em: 17 out. 2019.
TUROS
ESTUDOS FU
271
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
DICAS
272
RESUMO DO TÓPICO 2
• A energia total da partícula, sugere que o primeiro termo da esquerda corres-
ponde à energia cinética, e o segundo termo está relacionado à energia.
• Uma partícula livre é aquela que não sofre a influência de nenhuma força e,
portanto, tem associada uma energia potencial constante ou nula.
• Um degrau de potencial é definido por uma energia potencial nula para x > 0 é
igual a uma constante V0 para x > 0.
• Se uma partícula incide a partir da esquerda com energia menor que a altura
do degrau, essa partícula é refletida com 100% de probabilidade. Porém, con-
segue penetrar um pouco na região classicamente proibida.
• Se uma partícula incide sobre um degrau de potencial com energia maior que
a altura do degrau, ela pode ser refletida ou transmitida, com probabilidades
dadas pelos coeficientes de reflexão e transmissão, respectivamente. Esses coe-
ficientes são funções da razão entre a energia da partícula e a altura do degrau.
• Se uma partícula incide sobre uma barreira de potencial com energia menor ou
maior que a altura do degrau, ela pode ser refletida ou transmitida. A transmis-
são no caso de energia menor que a barreira (efeito túnel) e a reflexão no caso de
energia maior que a barreira são situações não previstas pela Mecânica Clássica.
As probabilidades de transmissão e reflexão em cada caso são obtidas pelas leis da
Mecânica Quântica.
• Uma partícula incidente em um poço de potencial com E > V0 pode ser transmi-
tida ou refletida, exatamente como no caso da barreira de potencial.
• Essas soluções podem ser pares ou ímpares, e quanto maior o número de no-
dos das funções de onda, maior o valor da energia da partícula.
273
AUTOATIVIDADE
274
UNIDADE 3
TÓPICO 3
ESTRUTURA ATÔMICA
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior estudamos sobre a equação de Schrödinger independente
do tempo, que é uma equação tão fundamental em Mecânica Quântica como a equa-
ção de Schrödinger dependente do tempo. E de acordo com isso, ficou estabelecido
que a função de onda pode ser escrita como: a distribuição de probabilidade é cons-
tante no tempo.
Neste tópico, vamos aplicar a teoria quântica a sistemas atômicos. Para todos
os átomos neutros, com exceção do hidrogênio, a equação de Schrödinger não pode
ser resolvida exatamente. Apesar disso, foi no reino da física atômica que a equação
de Schrödinger colheu seus maiores sucessos, já que os físicos sabem como descre-
ver matematicamente a interação eletromagnética dos elétrons com outros elétrons e
com o núcleo atômico. Com o uso de métodos aproximados e de computadores de
alta velocidade, vários aspectos do comportamento de átomos mais complexos que
o hidrogênio, como os comprimentos de onda e intensidades das linhas espectrais,
podem ser calculados, muitas vezes com uma precisão tão alta quanto se deseje.
275
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
2 O ÁTOMO DE HIDROGÊNIO
Neste tópico vamos estudar a estrutura atômica. Podemos perguntar qual
a relação existente entre o átomo de hidrogênio com a estrutura atômica? O áto-
mo de hidrogênio foi usado por Niels Bohr para explicar a estrutura do átomo.
2 1 ∂ 2 ∂ψ 2 1 ∂ ∂ψ 1 ∂ 2ψ
− r − sen θ + + V (r )ψ =
Eψ (3.197A)
2 µ r ∂r ∂r 2 µ r 2
2
sen θ ∂θ ∂θ sen2 θ ∂φ 2
ções diferenciais ordinárias uma para R(r), uma para f( ) e uma para g( ). Muitas
das soluções da equação (3.197A), naturalmente, não possuem esta forma; entre-
tanto, se um número suficiente de soluções com a forma da equação (3.197B) for
encontrado, todas as soluções da equação poderão ser expressas como combina-
ções lineares destas soluções. Acontece que as soluções com a forma da equação
(3.197B) são fisicamente as mais importantes, porque correspondem a valores de-
finidos (autovalores) da energia e do momento angular (TIPLER; LLEWELLYN,
2006). Substituindo a equação (3.197B) na Eq. (3.197A) e executando todas as
diferenciações indicadas, temos:
2 1 d dR 2 1 d df 2 Rf d 2 g
− fg 2 r 2 − Rg sen θ − + VRfg =
ERfg (3.198)
2 µ r dr dr 2 µ r 2
sen θ dθ dθ 2 µ r sen2 θ dφ 2
2
1 d 2 dR(r ) 2 µ r 2 1 d df (θ ) 1 d 2 g(φ )
r + 2 E − V (r ) = − sen θ + (3.199)
R(r ) dr dr f (θ )sen θ dθ dθ g(φ )sen θ dφ 2
2
Dois pontos importantes podem ser observados com relação à equação 3.199:
1 d 2 g(φ ) sen θ d df (θ )
=−l(l + 1)sen2θ − sen θ (3.200)
g(φ ) dφ 2
f (θ ) dθ dθ
277
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
gm (φ ) = e imφ (3.201)
Para que a função de onda total Ѱ seja unívoca, é preciso que g(φ + 2p ) =
g(φ )
, e, portanto, que o número m que aparece na equação 3.201 seja zero ou um nú-
mero inteiro positivo ou negativo (TIPLER; LLEWELLYN, 2006).
l + im
( sen θ )im d
fim (θ ) (cos 2 θ − 1)' (3.202)
2' l ! d(cos θ )
Em que:
l = 0,1, 2, 3,...
(3.203)
m = 0, ±1, ±2,...
278
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
L=rXp (3.205)
dr
Pr = µ (3.206)
dt
E:
dA
Pt = µ r (3.207)
dt
279
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
=L rp
= sen A rpt (3.208)
pr2 L2
+ + V (r ) =
E (3.210)
2µ 2µr 2
pr2
+ Vef (r ) =
E (3.211)
2µ
280
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
1 ∂ 2 ∂
( pr2 )op = − 2 r (3.212)
r 2 ∂r ∂r
1 ∂ ∂ 1 ∂2
( L2 )op =
− 2 sen θ + (3.213)
sen θ ∂θ ∂θ sen2 θ ∂φ 2
1 ∂ ∂ 1 ∂2
− 2 sen θ + Y (θ , φ ) =
2 im
l(l + 1) 2Yim (θ , φ ) (3.214)
sen θ ∂θ ∂θ sen 2
θ ∂φ
Ou:
( L2 )op Yim (θ , φ=
) l(l + 1) 2Yim (θ , φ ) (3.215)
281
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
E
IMPORTANT
|=
L| l(l + 1) (3.217)
Temos um resultado muito importante de que para qualquer potencial da forma V = V(r),
o momento angular é quantizado e seus módulos permitidos (autovalores) são dados por:
1 = 0, 1, 2, 3,... (3.218)
282
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
283
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
Zke 2
V (r ) = −
r
284
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
E
IMPORTANT
2
kZe 2 µ Z 2 El
En =
− 2
=
− (3.221)
2n n2
=El µ k 2 e 4 / 2 h 2 ≈ 13,6 e V
e o número quântico principal pode assumir os valores 1, 2, 3... com a
restrição adicional de que n deve ser maior que l. Estes valores de energia são idênticos aos
encontrados no modelo de Bohr (TIPLER; LLEWELLYN, 2006).
r
Rnl (r ) = a0 e − ria0 n r −1 nl
a0
1 r − r /2 a0
=z 2=l 0 =R20 1− e
2a 2
3 a0
0
1 r − r /2 a0
=l 0 =R20 1− e
2 a 2 a0
3
0
r − r /2 a0
1
=l 1=R21 e
a
2 6a 0 3
0
2 r 2r 2 − r /3 a0
=z 3 =l 0 R30
= 1 − + e
2
3 3a 3a0 27 a0
3
0
8 r r − r /3 a0
=l 1 =R31 1− e
27 6 a03 a0 6 a0
r 2 − r /3 a0
4
=l 2=R32 2
e
8 30 a a0 3
0
285
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
E
IMPORTANT
n = 1, 2, 3...
(3.223)
=l 0,1, 2...,(n − 1)
286
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
m 0 ou ± 1
D=
Dl =±1
O fato de que o número quântico um deve variar de ± 1 quando o átomo
emite ou absorve um fóton está relacionado à conservação do momento
angular, já que o fóton possui um momento angular intrínseco igual a
1ℏ. Por outro lado, não existem restrições quanto à variação do número
quântico principal, Dn (TIPLER.; LLEWELLYN, 2006, p. 191).
287
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
ATENCAO
Como vimos a variação com da função de onda (Eq. 3.201) é dada simples-
mente por A variação com (equação 3.202) é dada pelas funções de Legendre associa-
das flm ( ). A variação angular completa é dada pelos harmônicos esféricos Ylm ( , ), o
produto de flm ( )por gm ( ) (Eq, Yim (θ , φ ) = fim (θ ) gm (φ ) ); os valores dos harmônicos
esféricos para l= 0, 1 e 2 aparecem na Figura 27. As soluções da equação radial Rnl(r) são
da forma indicada na equação 3.222, os valores para n=1,2 e 3 aparecem na Figura 31.
De acordo com a equação 3.197B a função de onda completa do átomo de hidrogênio é
dada por:
Podemos ver pela forma da equação 3.225 que a função de onda completa
depende dos números quânticos n, l e m que por sua vez resultam das condições
de contorno impostas às funções R(r). ) e g( ). A energia, por outro lado de-
pende apenas do valor de n. De acordo com a equação 3.223, para cada valor de
n existem n valores possíveis
= de l(l 0,1, 2,..., n − 1) e para cada valor de l existem
2 l + 1 valores possíveis de m ( m =−l , −l + 1,..., +l) +l). Exceto no caso do estado
fundamental (para o qual n = 1 e, portanto l = m = 0), existem várias funções de
onda correspondentes à mesma energia. Como vimos no subtópico anterior, a
origem desta degeneração está na variação com 1/r2da força de atração do nú-
cleo e no fato de que não existem orientações privilegiadas no espaço (TIPLER;
LLEWELLYN, 2006).
ψ=
100
C100 e − Zr / a0 (3.226)
∞ p 2p
∫ψ * ψ dτ ∫=
∫ ∫ ψ * ψ r sen θ dφ dθ dr 1
2
= (3.227)
0 0 0
288
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
3/2 3/2
1 Z 1 1
C100
=100
= para Z 1
= (3.229)
p a0 p a0
289
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
290
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
P(r )dr ψ=
= * ψ 4pτ 2 dr 4pτ 2C100
2
e −2 Zr / a0 dr (3.230)
291
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
Zr
ψ 200 C200 2 − e − Zr /2 a0
= (3.231)
a0
Zr − Zr /2 a0
ψ 210 = C210 e cos θ
a0
(3.232)
Zr − Zr /2 a0
ψ 21±1 = C21±1 e sen θ e ± iφ
a0
A Figura 36 (a) mostra P (r) em função de r/a0 para essas funções de onda.
Para n=2, l = 1, o valor de P(r) é máximo quando a distância radial é igual ao raio
da segunda órbita de Bohr (TIPLER; LLEWELLYN, 2006).
rmáx = 2 2 a0 (3.233)
292
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
ATENCAO
293
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
DICAS
294
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
3 O SPIN DO ELÉTRON
Anteriormente estudamos sobre o átomo de hidrogênio. Você pode se
perguntar qual é a relação existente entre o átomo de hidrogênio com o spin do
elétron? O spin nasceu da tentativa de se entender e explicar o motivo pelo qual
o espectro do hidrogênio e o de outros átomos apresentavam linhas múltiplas,
como o efeito Zeeman. Antes da descoberta do spin do elétron, a órbita do átomo
analisado era feita através dos números quânticos.
295
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
E
IMPORTANT
|S|
= S(S + 1) (3.234)
Como este momento angular intrínseco é descrito por um número quântico s semelhante
ao número quântico l usado para descrever o momento angular orbital, esperamos que
existam 2s + 1 possíveis para a sua componente z assim como 2l + 1 valores possíveis para
a componente z do momento angular orbital (TIPLER; LLEWELLYN, 2006).
Para que m tenha apenas dois valores, como foi sugerido por Pauli, é
preciso que s seja igual a 1/2, caso em que m pode ter os valores +1/2 e
-1/2. Além de explicar a estrutura fina e a tabela periódica, a hipótese do
spin eletrônico também explicou o resultado inesperado de um interes-
sante experimento realizado por O. Stern e W. Gerlach em 1922. Para
compreendermos por que o spin do elétron produz o desdobramento
dos níveis de energia conhecido como estrutura fina, precisamos exami-
nar a relação entre o momento angular e o momento magnético de um
sistema de partículas carregadas (TIPLER; LLEWELLYN, 2006, p. 195).
296
TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
E
IMPORTANT
qv
i qf=
= (3.235)
2pτ
O momento magnético é, portanto dado por:
v 1 1 L
µ iA
= = q (pτ =
2
) qvr
= q
2 M
(3.236)
2pτ 2
297
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
q
µ= L (3.237)
2M
l(l + 1)
L= para l=
0,1, 2, 3,...
Temos:
e e
µ= L= l(l + 1) = l(l + 1)µ B (3.238)
2 me 2 me
e
µz =
− − mµ B
m= (3.239)
2 me
e
µB =
− 9, 27 × 10 −24 joule/tesla
=
2 me
5,79 × 10 −9 e V/gauss =
= 5,79 × 10 −5 e V/tesla
gL µB L
µ= − (3.240)
µ
= l(l + 1) g L µ B (3.240b)
µ z = −mg L µ B (3.241)
Na qual gL= 1.
299
UNIDADE 3 | A EQUAÇÃO DE SCHRÖDINGER E ALGUNS SISTEMAS QUÂNTICOS
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TÓPICO 3 | ESTRUTURA ATÔMICA
U =− µ ⋅B (3.243)
U = −µz B (3.244)
3 1
µ=s( s + 1)µ B =µ B e µ z =
ms µ B =
± µB (3.245)
4 2
NOTA
µ = −ms gs µ B (3.246)
Na qual gs = 2, 002319. Este resultado, é o fato de que s não é um número inteiro como o
número quântico de momento angular orbital l, sugere que o modelo clássico do elétron
como uma esfera carregada girando em tomo de si mesma não deve ser tomado literal-
mente. Embora não faça parte da mecânica ondulatória de Schroedinger, o fenômeno
do spin está incluído na mecânica ondulatória relativística formulada por Dirac (TIPLER;
LLEWELLYN, 2006, p. 196-197).
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DICAS
DICAS
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RESUMO DO TÓPICO 3
• O hidrogênio é o átomo mais simples que existe: seu núcleo tem apenas um pró-
ton e só há um elétron orbitando em torno desse núcleo. Para explicar a evidente
estabilidade do átomo de hidrogênio e, de quebra, a aparência das séries de linhas
espectrais desse elemento, Bohr propôs alguns "postulados".
• Com alguns metais não houve desvio do feixe, enquanto outros, como o sódio, so-
freram desvio. Era sabido que um feixe de partículas como elétrons ou íons, sofre
desvio ao passar por um campo magnético. Contudo, átomos não têm carga elétrica.
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• Para explicar esse fenômeno, foram atribuídos aos elétrons dois possíveis sentidos
de rotação, chamados spins.
CHAMADA
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AUTOATIVIDADE
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REFERÊNCIAS
CARDOSO, M. Modelo atômico de Broglie. InfoEscola, [s.l.], c2019. Disponível
em: http://bit.ly/372CkBI. Acesso em: 9 dez. 2019.
EINSTEIN, A.; INFELD, L. Evolução da física. Rio de Janeiro: Editora Guanabara, 1988.
EISBERG, R.; RESNICK, R. Física quântica. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1994.
Disponível em: http://bit.ly/2U66b9j. Acesso em: 10 set. 2019.
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