SCHNEIDER Elem - Ciência Do Poder

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CIÊNCIA DO PODER

EPISTEMOLOGIA E MÉTODO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS


PROFA. ÉLEN CRISTIANE SCHNEIDER
26/05/2017
CIÊNCIA DO PODER

Há uma relação intrínseca [e invisível] entre :

saber e poder
Ciências-objetos
CIÊNCIA DO PODER

A teoria precisa ser uma luta [local] contra o


poder.
A postura da/o intelectual é de luta contra o poder.
QUEM É MICHEL FOUCAULT?
 1926-1984 PARIS
 HISTORIADOR DAS IDEIAS E TEÓRICO
SOCIAL.
 PODER E CONHECIMENTO E COMO
ELES SÃO UTILIZADOS COMO
CONTROLE SOCIAL

 Escola Normal Superior de Paris.


 Inicialmente se envolver com o
estruturalismo – afastando-se depois.
“Pós-estruturalista”.
 Crítico as instituições sociais
(psiquiatria, medicina, prisões,
sexualidade);
 Estudou a relação entre poder e
conhecimento.
 Dedica-se ao estudo da VIDA e DOS PROCESSOS DE
SUBJETIVAÇÃO desta. Mais do que às IDENTIDADES
(estáticas e objetivas).
 A história nos cerca e nos limita – não diz o que somos. Ela
nos separa de nós mesmos.
 Problemas concretos e contextos históricos e geográficos
determinados;

ESTRUTURALISMO : realidade social como um


conjunto formal de relações – relativas.
QUEM É MICHEL FOUCAULT?

 No século XVIII ele identifica a emergência de uma subjetividade


constituída pelo poder: O QUE SE OBSERVA NAS MARGENS SE CONSTRÓI
NO CENTRO.
 Se interessou pelo Exercício do poder [a vida] – BIOPODER. Mecanismos de poder se tornam
essenciais para toda a vida.
 Na política: MICROPODER – aqueles aparelhos que inventam silenciosamente as formas de
dominação.
 Analisa o poder através do indutivo (e não do dedutivo – e da própria noção de aparatos de
poder, por exemplo). LOCAIS ONDE A LEI É EFETIVADA. [PRISÕES – MANICÔMIOS, ETC.]
 A LEI é uma necessidade construída de acordo com as necessidades de poder. O PODER
PRECISA DE DISCURSOS VERDADEIROS – oficialização da verdade.
 SOCIEDADE DE CONTROLE (DELEUZE)
 Influenciou estudos de Gênero BUTLER – Renovação da Economia Política AGAMBEN.

 HISTÓRIA DA LOUCURA NA IDADE CLÁSSICA 1961 ; AS PALAVRAS E AS COISAS 1966;


ARQUEOLOGIA DO SABER 1969 ; VIGIAR E PUNIR 1975 ; HISTÓRIA DA SEXUALIDADE 1976;
MICROFÍSICA DO PODER 1979;
Para Foucault, o poder não é ruim por si só, ele
circula, produz, suscita. Em vez de simplesmente
denunciar o poder, interessa compreender “as relações de
poder como jogo estratégico, entre as diversas liberdades
e os estados de dominação (que em geral são chamados
de poder)”.
ARQUEOLOGIA E GENEALOGIA

Foucault explicava que, entre as três formas de


poder (soberana arcaica, disciplinar moderna,
segurança contemporânea), não há uma sucessão por
substituição, mas por sobreposição, em “edifícios
complexos”

Na década de 1970, Foucault passou a pesquisar a genealogia


do poder “cuja irrupção, força, absurdidade apareceram
concretamente nos últimos quarenta anos, ao mesmo tempo na linha
de desmoronamento do nazismo e sobre aquela de recuo do
stalinismo”
Se, numa primeira fase, ele tinha se concentrado na construção
de uma arqueologia do saber, nos anos 1970 ele elaborou uma
analítica do poder para destrinchar os meandros das “artes de
governar”
Foucault apreende e antecipa o deslocamento
histórico de um paradigma:
Na passagem do Estado (arcaico), organizado sobre o poder
soberano “de vida e de morte”, de um “fazer morrer e deixar
viver”, ------- Para o período da grande indústria (do
americanismo fordista, mas também do fascismo e do
stalinismo), com novas tecnologias de poder agora baseadas
num “fazer viver e deixar morrer”.

O poder se faz “em defesa da


sociedade”, deslocando-se e difundindo-se como nunca,
do Estado à sociedade, da disciplina à
segurança(ou controle), da massa dos
indivíduos ao conjunto da população, do
espaço vazio aos territórios.
Na transição fordista (ou seja, na era da grande indústria), o
espaço era enxergado como um vazio a ser preenchido pelas
instrumentalidades funcionais dos grandes dispositivos
disciplinares; agora, porém, o território coincide com a própria
população que é preciso “securitizar”, por meio da modulação de
suas condutas: um controle no contínuo, no aberto, nos fluxos, que
se espalha como um gás.

Disciplina hierarquizava o espaço passando por cima dos


obstáculos que não cabiam nesse “vazio”: índios, pobres,
populações tradicionais, rios, morros, florestas precisavam se
dobrar a uma racionalidade instrumental que alimentou processos
de estatização vinculados a tentativas de garantir o funcionamento
do “mercado”.
O paradigma da segurança, ao contrário, se apoia sobre “um
espaço pleno de fenômenos e eventos, visando minimizar os
elementos negativos e maximizar os positivos,.
Segurança se organiza dentro de um meio ambiente composto
por dados naturais (rios, lagoas, morros) e um conjunto de dados
artificiais (aglomerações de indivíduos, casas, ruas), e, portanto, leva
em conta a circulação das causas e dos efeitos.

As tecnologias de segurança não se preocupam então com os


população entendida como
indivíduos, mas com a
meio ambiente natural (espécie) e artificial
(conjunto de relações sociais e políticas).
Em vez de um governo que discipline os indivíduos (como
o caso é
sujeitos de direito) para que produzam riqueza,
construir para uma população um meio ambiente
de vida, existência e trabalho, ou seja, uma
governamentalidade.
A disciplina decide entre o que é permitido e
o que é proibido, e sua ordem será o que resta, uma
vez que tenhamos impedido o proibido.

Já o dispositivo de segurança age dentro

apreender o ponto em que as


dos elementos:
coisas se produzem (quer sejam ou não desejáveis) e
trabalhar assim as curvas de tolerabilidade social de um
determinado fenômeno.

É uma inversão: a disciplina normaliza, ou seja,


separa o normal do anormal; a segurança
afirma a norma como jogo de normalidades
diferenciais (faz viver, mas deixa morrer)
O/A INTELECTUAL

 O intelectual dizia o verdadeiro a quem ainda não via e em nome daqueles


que não podiam dizer.

 Os intelectuais acabaram percebendo é que sobre o que eles descobriram -


as massas não tem necessidade deles para saber. SABEM CLARAMENTE,
PERFEITAMENTE e muito melhor que eles.

 MAS existe um SISTEMA DE PODER que obstaculiza,


proíbe e invalida os seus discursos e os seus saberes.

UM CIENTISTA NÃO É UM DISCIPLINADOR =


ELE RESPEITA AS MULTIPLICIDADES.
A/O INTELECTUAL
 Esses mesmos intelectuais formam parte do sistema de
poder - a ideia de que são agentes da consciência e do
discurso pertence a este sistema.

 PARA FOUCAULT o papel do intelectual não é o de situar-se


um pouco adiante ou um pouco à margem – PARA DIZER A
MUDA VERDADE a todos.

O papel do intelectual é, antes de tudo, o de lutar


contra as formas de poder – desde onde estiver,
desde sua condição de OBJETO E INSTRUMENTO
deste sistema. Na ordem do “saber” da “verdade” da
“consciência” e do “discurso”.
A/O INTELECTUAL

“fazer jogar poderes locais, descontínuos,


desqualificados, não legitimados, contra a
instância teórica unitária”

“insurreição dos saberes”, uma luta que não é


contra a ciência e as técnicas em si mesmas,
mas contra os efeitos de poder
centralizadores que estão ligados à
instituição e ao funcionamento de um
discurso científico organizado dentro de uma
sociedade.
A/O INTELECTUAL E A TEORIA
 A TEORIA não expressa, não traduz, não aplica uma prática,
ela é uma prática: LOCAL E REGIONAL e não
totalizadora.

 A TEORIA LUTA CONTRA O PODER – luta para fazê-lo


aparecer e golpeá-lo onde ele é mais invisível.

 Luta por uma – “TOMADA DE CONSCIÊNCIA” – de que há


tempo a consciência, como saber, já foi tomada
pelas massas - E QUE A CONSCIÊNCIA, COMO
SUJEITO, foi tomada pela burguesia.
E A TEORIA
PRESSUPOSTOS
A/O INTELECTUAL
 Esta LUTA SE DÁ AO LADO - e não retiradamente.
com aqueles que lutam pela tomada de consciência. (O intelectual não deve “dar
a luz” “iluminar”).

 UMA TEORIA é um sistema regional desta luta contra o sistema de poder.

Deleuze – Uma teoria é uma caixa de ferramentas – é preciso


que sirva, que funcione.
Uma teoria não pode ser um par de lentes dirigidas para o
exterior

A teoria deve servir para que outros tomem seu próprio


aparato – que é necessariamente um aparato de combate.
A TEORIA NÃO TOTALIZA e sim se multiplica e MULTIPLICA.
UTILIDADE DA TEORIA
 Foucault refletindo sobre seus estudos nas prisões:

“Y cuando los prisioneros se pusieron a hablar, tenían uma


teoría de la prisíon, de la penalidad, de la justicia. Esta
especie de discurso contra el poder, este constradiscurso
mantenido por los prisioneros o por aquellos a quienes se
llama delincuentes es em realidad lo importante, y no la
teoría sobre la delincuencia.”
O cinismo com que se exerce o poder;
Em formas arcaicas e infantis;
- Como reduzir alguém a pão e agua – a privações.
- Nas prisões o poder não se mascara. A tirania é levada até os ínfimos detalhes.
Poder cínico e ao mesmo tempo puro – inteiramente justificado.

O PODER ARCAICO aparece como dominação serena do bem e do mal – da ordem


sobre a desordem.
UTILIDADE -
ALEXANDRE MENDES, BRUNO CAVA E GIUSEPPE COCCO

Se, no liberalismo, o problema consiste na necessidade de impor


limites ao Estado para que a esfera da liberdade econômica possa prosperar,
no neoliberalismo o problema passa a ser como a liberdade econômica dos
mercados pode determinar o Estado enquanto princípio imanente de sua
eficiência e concorrência.
Em vez do mercado local sob a vigilância do Estado-nação, trata-se
agora do Estado nacional sob a vigilância do mercado mundial.
Isso significa que, mais do que fazer teoria do Estado, é preciso
redimensionar a questão para compreender como o próprio conceito de
Estado muda com a virada neoliberal.
Daí >> Foucault falará não em Estado, com maiúscula, mas em
estatização.
O Estado não tem essência, não é fonte autônoma de poder. Melhor
pergunta é: quais são as técnicas, os modos de fazer, as fontes de
financiamento, as modalidades de investimento e as nucleações de decisão
a partir dos quais um governo funciona?
A estatização, agora, passa pela diversificação e multiplicação dos
processos de controle.
Foucault se recusa a fazer uma teoria do Estado. A fobia do
Estado, por si só, localiza-o como estrutura, forma ou sistema
totalizante.
No curso sobre “O nascimento da biopolítica”, ele
demonstra como, em todos os casos, a fobia do Estado, em
muito nutrida pelo horror às experiências nazista e stalinista, foi
apropriada ideologicamente para inverter a lógica liberal
clássica .

 O poder não está somente nas instâncias superiores da


censura, mas muito mais profundamente, mais sutilmente em
todas as dimensões da sociedade.
 OS DISCURSOS são habitados de poder e OS DISCURSOS
habitam corpos como o próprio sangue.
BIOPODER - BIOPOLÍTICA

é um poder sobre a vida (biopoder)


que se articula ao mesmo tempo com a potência da

vida (biopolítica): o biopoder coexiste com a biopolítica


Os muros das grandes instituições da
sociedade disciplinar, dos manicômios às fábricas
fordistas, desmoronaram sob os golpes de lutas
sociais de tipo novo, mas também de um novo
tipo de arte de governar, que Deleuze descreveu
como “sociedades de controle”.
Bio significa "vida", um termo de origem grega utilizado em palavras que tenham alguma
relação com o ser vivo.
Poder difuso, habitante dos corpos.
O poder está agora situado e exercido ao nível da vida

BIOPODER: um poder sobre a vida


“Direito de morte e poder sobre a vida”

Biopoder é uma tecnologia de poder, um modo de exercer várias


técnicas em uma única tecnologia. Ele permite o controle de populações
inteiras. Em uma era onde o poder deve ser justificado racionalmente, o
biopoder é utilizado pela ênfase na proteção de vida, na regulação do corpo,
na proteção de outras tecnologias.
Os biopoderes se ocuparão então da gestão da saúde, da higiene, da
alimentação, da sexualidade, da natalidade, dos costumes, etc, na medida em
que essas se tornaram preocupações políticas.
• Modos de subjetivação, através dos quais os
indivíduos são levados a atuar sobre si próprios,
sob certas formas de autoridade, em relação a
discursos de verdade, por meio de práticas do
self, em nome de sua própria vida ou saúde, de
sua família ou de alguma outra coletividade, ou
inclusive em nome da vida ou saúde da
população como um todo
BIOPOLÍTICA: com a potência da vida
Biopolítica é o termo utilizado por Foucault para designar a
forma na qual o
poder tende a se modificar no final do século XIX e início do século XX.
As práicas disciplinares utilizadas antes visavam governar o indivíduo.
A biopolítica tem como alvo o conjunto dos indivíduos, a população.
A biopolítica é a prática de biopoderes locais. No biopoder, a população
é tanto alvo como instrumento em uma relação de poder.
A biopolítica contrasta como modelos tradicionais de poder baseados na ameaça de
morte.

Ela representa uma “grande medicina social” que se aplica a população a fim
de controlar a vida: a vida faz parte do campo do poder. O pensamento
medicalizado utiliza meios de correção que não são meios de punição, mas meios de
transformação dos indivíduos, e toda uma tecnologia do comportamento do ser humano
está ligada a eles. Permite aplicar a sociedade uma distinção entre o normal e o patológico
e impor um sistema de normalização dos comportamentos e das existências, dos
trabalhos e dos afetos.
As disciplinas, a normalização por meio da medicalização social, a emergência de uma
série de biopoderes e a aparição de tecnologias do comportamento formam, portanto,
uma configuração do poder, que, segundo Foucault, é ainda a nossa.
SABER E PODER
 PARA FOUCAULT – A DIFICULDADE DE ENCONTRAR AS FORMAS DE LUTA
ADEQUADAS – CONSISTE EM QUE TALVEZ IGNORAMOS AINDA EM QUE
CONSISTE O PODER.

 Precisou-se chegar até o século XIX para saber – com Karl Marx - o que era
exploração. Mas, todavia não se sabe o que é poder.
 A teoria de Estado não esgota o entendimento dos aparatos de poder. A
teoria da psicanálise não resolve o enigma do poder. CONCEITOS COMO:
exploração, hierarquia de controle, aparatos de estado, de vigilância,
sujeição - devem ser revisitados.

 MAS se pergunta: QUEM exerce o poder? De onde exerce?


 Qual é o significado do poder, quais são seus significantes.

NOMEAR QUEM O EXERCE. NOMEAR O NÚCLEO DO PODER.


É PRECISO DENUNCIAR CERTOS TIPOS DE OPERAÇÕES.
DESTAPAR O SECRETO.
O nascimento de uma nova forma de poder coercitivo - o poder
disciplinar que surgiu no Ocidente no século XVIII;

Esta forma de poder nasce a partir de uma nova concepção da


sociedade, com a queda do chamado poder soberano
predominante nos regimes absolutistas da Europa;

A nova sociedade, filha das revoluções liberais, governada pela


ideologia burguesa, vê o poder disciplinar como a forma mais
cabível e eficaz de garantir a ordem;

Substitui os suplícios e espetáculos de execução pública;


 O poder não é fechado, ele estabelece relações múltiplas de poder, caracterizando e
constituindo o corpo social e, para que não desmorone, necessita de uma produção, uma
acumulação, uma circulação e um funcionamento de um discurso sólido e convincente;

 Segundo Foucault, o poder não emana unicamente do sujeito, mas de uma rede de relações
de poder que formam o sujeito, dentre outros elementos, tal como o discurso, a arquitetura
ou mesmo a própria arte;

 O poder é concebido como uma rede, não nasce por si só,


mas de relações sociais;

 A partir dos séculos XVII e XVIII o poder foi exercido através de dispositivos
disciplinares;
 O Estado ou mesmo a sociedade se utilizou do corpo, da vigilância e do
adestramento para garantir a obediência e disciplinar os indivíduos;
FOUCAULT - DISPOSITIVOS DE PODER
o O termo DISPOSITIVO se refere a operadores materiais do poder, isto
é, técnicas, estratégias e formas de “assujeitamento” utilizadas pelo
poder.
o Pode designar discursos, práticas, instituições ou mesmo campos de
saber. Medir, controlar e corrigir os anormais faz funcionar os
dispositivos disciplinares
o O leproso era encerrado na masmorra, e quanto antes morresse,
melhor. O pestilento interessava vigiar, e por isso se o analisava,
separava, hierarquizava.

Joel Felipe Lazzarine, 2007.


FOUCAULT - DISPOSITIVOS DE PODER
Podemos designar “dispositivos disciplinares, dispositivos
de saber e poder:
 dispositivo da prisão (ou do encarceramento),
 dispositivo de sexualidade,
 dispositivo da loucura, da doença mental, da neurose,
da aliança, da confissão, da escuta clínica,
 da seleção (entre os ‘normais’ e ‘anormais’),
 de segurança,
 de verdade,
 de guerra, de batalha
 da infantilidade
Joel Felipe Lazzarine, 2007.
Podemos afirmar, assim, que os dispositivos de poder conseguem se
estabelecer, ainda que se trate de exercício do poder em seu caráter
negativo porque se assentam em
(dominação),
verdades nas quais os indivíduos dominados
crêem.

Mas como se afirmam estas verdades?


Podemos encontrar a origem dessa construção metodológica no
ressurgimento do direito romano, na Idade Média.
Isso porque, a partir da queda do Império Romano, dá-se o
estabelecimento do poder régio, e o direito, conforme o conhecemos, foi
elaborado partindo-se de uma reestruturação do direito romano,
sistematizada para legitimar o poder régio (do rei). Uma construção
jurídica que serviu de instrumento constitutivo do poder absoluto; daí a
afirmação: “o direito no Ocidente é um direito de encomenda régia
(FOUCAULT, 2002, p. 30)”
Joel Felipe Lazzarine, 2007.
FOUCAULT - DISPOSITIVOS DE PODER

O poder apenas age;


Foucault enfatiza que o importartante é
determinar quais são os dispositivos de
poder (FOUCAULT, 2002, p. 19) e quais
são os seus efeitos, suas relações, sua
extensão e campos de atuação na
sociedade.
CORPOS DÓCEIS

produzir indivíduos dóceis e


 A disciplina sobre o corpo tem por finalidade
submissos a determinados sistemas;
 Ao mesmo tempo,estes devem oferecer uma mão-de-obra de qualidade que
ajude o desenvolvimento econômico da sociedade;

 A disciplina tem seu aspecto político ao produzir indivíduos


submissos ao poder do Estado, garantindo o “equilíbrio” e a
“ordem”;

O poder e a disciplina sobre o corpo possibilitam o


funcionamento de instituições e grupos sociais;

 Outro aspecto do poder disciplinar se relaciona também com o


espaço através das disposições e organizações do mesmo;
CONTROLE DO TEMPO

A nova sociedade regida pelo poder disciplinar utiliza-


se do tempo como um de seus mecanismos de
controle;

O controle de todas as horas do dia, enquanto


dispositivo do poder disciplinar, evitava qualquer tipo
de organização ou mesmo de um pensamento
rebelde;

O poder se estabelece a partir de diferentes


interesses. Portanto, sem um paradigma único. Mas
por por meio de mecanismos;
DIREITO E NORMA:
Trata-se da possibilidade de atuarem em conjunto, de o direito se transformar
em veículo dos mecanismos de normalização;

constituições “são formas que tornam


Leis, códigos,
aceitável um poder essencialmente normalizador”
(FOUCAULT, 1988, p. 136).

A lei é uma verdade "construída" de acordo com as


necessidades do poder;
Em suma, do sistema econômico vigente - sistema, atualmente, preocupado
principalmente com a produção de mais-valia econômica e mais-valia cultural;

O poder em qualquer sociedade precisa de umdelimitação formal,


precisa ser justificado de forma abstrata o suficiente para que
seja introjetado psicologicamente, a nível macrossocial, como
uma verdade a priori, universal;
Assim, desenvolvem-se as regras do direito, surgindo, portanto, os elementos
necessários para a produção, transmissão e oficialização de "verdades“;
GERAM-SE “SOCIEDADES DE SEGURANÇA”

As sociedades modernas, em que as técnicas biopolíticas


estão inseridas nos cálculos do governo;

Fundamental para se compreender a sociedade de segurança


é o conceito de normas, que em Foucault está diretamente
conectado à noção de normalidade, significa dizer, sujeitar os
corpos a um padrão considerado normal;

Trata-se de uma sociedade normalizadora. Seu funcionamento


é baseado nos chamados dispositivos de segurança, como as
técnicas de intervenção biopolítica.
ARQUEOLOGIA DO SABER

“Lo que la arqueología trata de describir, no es la ciencia en


su estructura específica, sino el domínio, muy diferente, del
saber.
Además, si se ocupa del saber en su relación con las figuras
epistemológicas y las cienciais, puede igualmente interrogar
el saber en una direción diferente y describirlo em outro haz
de relaciones. La orientación hacia la episteme a sido la
única explorada hasta ahora” (p.330).

 Estranha unidade epistemológica das ciências; suas


rupturas.
 A arqueologia não descreve disciplinas [ou campos de poder].
Na descrição arqueológica há uma cronologia específica para situar
metodologicamente os acontecimentos do discurso.
1º) O limiar de positividade: descreve três instantes: quando uma prática discursiva
se individualiza, torna-se autônoma; quando se encontra um único e mesmo
sistema de formação de enunciados; e quando esse sistema se transforma.

2º) Limiar de epistemologização: momento em que um conjunto de enunciados, de


uma formação discursiva, se delineia e pretende fazer valer normas de
verificação e coerência e o fato de que ele exerce sobre o saber uma função
dominante de modelo, crítica ou verificação.

3º) Limiar de cientificidade: momento em que uma figura epistemológica obedece a


um certo número de critérios formais, quando seus enunciados respondem a
certas leis de construção das proposições.

4º) Limiar de formalização: momento em que um discurso científico pode definir os


axiomas que lhe são necessários, os elementos que usa, as estruturas
proposicionais que lhe são legítimas e as transformações que aceita,
desenvolvendo um edifício formal a partir de si mesmo
ARQUEOLOGIA DO SABER
 É preciso dirigir-se em diagonal aos estruturalismos.

 Em direção diagonal dos jogos agradáveis da gênese e do sistema, da


estrutura e da história.

 “SE A FILOSOFIA É MEMÓRIA OU RETORNO A ORIGEM - O QUE EU FAÇO


NÃO PODE SER CONSIDERADO COMO FILOSOFIA”.
 “E SE A HISTÓRIA DO PENSAMENTO CONSISTE EM DAR NOVA VIDA A
UMAS FIGURAS QUASE BORRADAS – O QUE EU FAÇO NÃO É TAMPOUCO
HISTÓRIA.”
ARQUEOLOGIA DO SABER

 AS POSITIVIDADES não devem ser compreendidas como um


conjunto de determinações que se impuseram desde o
exterior ao pensamento do indivíduo (ou o habitando no
interior ou como pressuposto).

 Elas constituem um conjunto das condições segundo as


quais se exerce uma prática, segundo as quais essa prática
da lugar a enunciados parciais ou totalmente novos segundo
as quais, por fim, pode ser modificada.
[toda forma de saber possui uma positividade]

 “o sujeito que daqui lhe falava, não estará mais aqui “.


ARQUEOLOGIA DO SABER

 AS POSITIVIDADES
positividade é a de um saber, não de uma ciência
. Os saberes são, em muitos momentos, independentes
das ciências, já que encontram suas regras de formação nos mais
variados campos discursivos; entretanto todas as ciências se
localizam em campos do saber

é possível efetuar uma distinção entre um limiar de cientificidade, que


apenas alguns discursos alcançaram, e um limiar de positividade,
indispensável para a própria existência e funcionamento de
qualquer discurso. E
Enquanto a epistemologia normativa estabelece a legitimidade (ou a
falta dela) de um determinado discurso, a arqueologia interroga as
condições de existência dos discursos, até mesmo dos
científicos.
ARQUEOLOGIA DO SABER

 É preciso liberar a história do pensamento de sua sujeição transcendental.

 A história pode ser analisada como descontínua.

 A arqueologia libera a história de sua perspectiva continuísta. Ela não é


uma investigação da origem, dos apriorismos formais ou dos atos
fundadores como uma fenomenologia histórica.

A arqueologia tenta liberar a história da empresa


fenomenológica. [fenomenologia: afirma a importância dos fenômenos da consciência, os
quais devem ser estudados em si mesmos ]

 Já faz dezenas de anos que não é objetivo da história demonstrar suas


continuidades. Entretanto, historiadores seguem insistindo em demonstrá-
las.
ARQUEOLOGIA DO SABER

A ARQUEOLOGIA de Foucault não pretende ser


uma ciência e nem sequer as bases para uma
ciência futura.
ARQUEOLOGIA Designa unicamente uma
linha de ataque. Não em direção da episteme,
mas em direção da ética.
DELEUZE

1925-1995
PARIS
Sourbone
DELEUZE – A/O INTELECTUAL
 Deleuze: Não somente os prisioneiros são tratados de maneira
infantil.
Se não: se trata as crianças como prisioneiras; As escolas são em certa
medida prisões;
As fábricas são prisões em maior grau.

Todas as formas de opressão atuais – que são múltiplas – se totalizam facilmente desde o ponto
de vista do PODER
da repressão racista contra os imigrantes,
Da repressão nas fábricas,
Da repressão na educação,
Da repressão contra os jovens em geral.

Todas as classes e categorias profissionais no capitalismo serão convidadas a exercer


funções policiais: professores, psiquiatras, educadores em geral....
EM CONTRAPARTIDA todos nós podemos instaurar conexões
laterais – TODO UM SISTEMA DE REDES – de base popular.
DELEUZE
• argumenta que passamos das “sociedades
disciplinares” às “sociedades de controle”

 “a interiorização do lado de fora” (Deleuze, 1991,


p.105).
 Deleuze utiliza-se das expressões “fora” e “dentro”,
bem como sua mútua articulação, para referir-se,
respectivamente, aos domínios do saber e da
subjetividade em Foucault.
 Nesse sentido, “o lado de fora não é um limite fixo,
mas uma matéria móvel, animada, de movimentos
peristálticos, de pregas e de dobras que constituem o
lado de dentro: nada além do lado de fora, mas
exatamente o lado de dentro do lado de fora”
DELEUZE
• o controle não estaria confinado a estas instituições,
mas seria imanente às redes flexíveis, fluidas e
flutuantes da própria existência.

Micro e macro / molar e o molecular


desta modalidade de biopoder:
1. de um lado as ênfases e relações sobre os modos de
pensar e agir ao nível dos grupos populacionais e
coletividades, variavelmente definidos;
[segmentariedade dura] – representações estáticas:
sexo -
2. e, do outro lado, a individualização de estratégias
biopolíticas. [segmentariedade flexível] – caráter
processual – fluxos.
DELEUZE
DELEUZE

MOLAR
DELEUZE

MOLECULAR
DELEUZE
Teoria do Rizoma

DEF: rizoma a um tipo de caule que cresce horizontalmente, geralmente


subterrâneo, mas podendo também ter porções aéreas.
O caule da espada-de-são-jorge, do lírio-da-paz e da bananeira são totalmente
subterrâneos.

brotos podem ramificar-se em qualquer ponto, assim como engrossar e


transformar-se em um tubérculo

a organização dos
Nessa epistemologia,

elementos não segue linhas de


subordinação hierárquica – com uma base ou raiz
dando origem a múltiplos ramos –, mas, pelo contrário, qualquer elemento
pode afetar ou incidir em qualquer outro.

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