A Abolição

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COLÉGIO ESTADUAL OSÓRIO RODRIGUES CAMARGO.

Data:
Bimestre: III Série: 8 º

Professora: Ana Paula Gomes

Disciplina: História

A ABOLIÇÃO

        A pressão inglesa pelo fim do tráfico e a Lei


Eusébio de Queirós (1850), que proibiu a entrada de
escravos no Brasil, representaram um duro golpe
contra a escravidão. Mas o processo que levou ao fim
da escravidão no Império se iniciou antes dessa lei e se
prolongou por quase todo o século XIX. Entre os
fatores que contribuíram para a Abolição, cabe citar: a
resistência dos próprios escravizados e o movimento
abolicionista.

A RESISTÊNCIA DOS ESCRAVIZADOS

Enquanto durou a escravidão, houve resistência.


Os escravizados resistiam por meio da desobediência, da fuga e formação de quilombos, dos levantes
urbanos e da busca por liberdade para praticar suas culturas e religiões. Um exemplo expressivo da
resistência dos escravizados no século XIX foi o ciclo de revoltas lideradas por eles na Bahia entre 1807
e 1835. Segundo o historiador João José Reis, naqueles anos a Bahia foi palco de mais de 20 revoltas e
conspirações promovidas pelos africanos e seus descendentes. As lutas levadas adiante pelos próprios
escravizados contribuíram decisivamente para o fim da escravidão. Uma dessas lutas foi a liderada por
Manuel Congo.

REVOLTA DE MANUEL CONGO 


Considerada [...] uma das mais importantes
rebeliões escravas ocorridas no Brasil monárquico, o
levante liderado por Manuel Congo estourou na
região de Pati do Alferes, [...] Vassouras, em
novembro de 1838. Revoltaram-se os escravos em
importantíssima região da expansão cafeeira no vale
do Paraíba fluminense [...].
[...] Não chegou propriamente a ser erigido um
quilombo organizado sob a chefia de Manuel Congo
nas matas de Pati do Alferes,
mas uma luta de resistência de escravos que
haviam fugido de várias fazendas da região entre 6 e
10 de novembro de 1838. [...] A repressão não tardou,
enviando-se a Guarda Nacional no encalço dos
fugitivos, que se concentravam nas matas com
víveres, armas e ferramentas de todo tipo saqueados
nas fazendas de origem. Travou-se combate logo no
dia 11 de novembro, no qual morreram sete cativos, 23 ficaram feridos e os demais fugiram, sendo boa
parte deles recapturada depois. [...] Dos rebeldes recapturados, 16 foram julgados, em [...] 1839, todos
acusados do crime de insurreição [...]. Deles, Justino Benguela, Antônio Magro, Pedro Dias, Belarmino
Congo, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique e Afonso Angola foram incursos no artigo 60 do Código
Criminal e condenados a 650 açoites, 50 por dia, e a andarem por três anos com gonzos de ferro ao
pescoço [...]. Manuel Congo foi condenado à forca como cabeça da insurreição [...], sentença executada
em 6 de novembro de 1839.
O ESCRAVISMO NO BRASIL DO SÉCULO XIX

No século XIX a economia brasileira tinha como seu principal produto o café, o sistema de plantação
era o Plantation, que tinha como base: latifúndio, mão de obra escrava e monocultura. Esse modelo
econômico fortaleceu as elites agrárias que monopolizavam o poder, e pressionava uma monarquia já
desgastada. Os escravos sempre lutaram por sua liberdade, porém as pressões internacionais, como da
Inglaterra que precisava de mercado para os produtos de suas indústrias, e os movimentos abolicionistas,
liderados por intelectuais brancos, foram de fundamental importância. 
As jornadas de trabalho eram exaustivas, chegando a até 20 horas por dia e, além disso, eram
marcadas pela violência vinda dos senhores de engenho. O trabalho feito pelos escravos africanos era
considerado muito mais pesado do que trabalhar nas plantações. O tratamento recebido pelos escravos
era desumano. A alimentação, muitas vezes, era insuficiente e os escravos precisavam complementá-la
com os alimentos obtidos de uma pequena lavoura que cultivavam aos domingos. Além disso, eles
dormiam no chão da senzala e eram monitorados constantemente para evitar que fugissem. 
Os escravos que trabalhavam na
casa-grande – residência dos donos dos
escravos – recebiam um tratamento
melhor. Eram alimentados e bem
vestidos. Além disso, havia escravos que
trabalhavam nas cidades em ofícios dos
mais variados tipos. Se os escravos
cometessem qualquer tipo de erro ou
desobedecessem, eles recebiam castigos
físicos muito dolorosos. Entre as
punições mais comuns estão os
açoitamentos. Além dos maus-tratos e as
péssimas condições em que viviam, as
mulheres negras também muitas vezes
eram exploradas sexualmente. A escravização dos africanos não era aceita de maneira passiva e esse
processo é marcado pela resistência e luta dos escravos que, muitas vezes, fugiam e formavam
quilombos. Um exemplo da luta dos escravos é a Revolta dos Malês. 
Com a consolidação do Segundo Reinado, uma série de leis foram sendo sancionadas para se pôr
fim ao trabalho escravo de maneira lenta, são elas:

• Lei Eusébio de Queirós (1850), proibia o tráfico negreiro da África para o Brasil; 
• Lei do Ventre Livre (1871), estabeleceu a liberdade para os filhos de escravos que nasciam após essa
data;
• Lei do Sexagenários (1885), beneficiava os negros maiores de 60 anos. 
• Lei Áurea (1888);

Em 13 de maio de 1888. Princesa Isabel assina a Lei Áurea libertando todos os escravos. O processo
de libertação dos escravos não foi simples, pois os grandes proprietários de escravos e latifundiários
queriam ser indenizados. Por sua parte, os próprios cativos se organizavam e economizavam para pagar
sua alforria, por exemplo. Igualmente eram comuns as fugas, motins e rebeliões. Essas leis também
deram ao escravo a possibilidade de solicitar na Justiça a sua liberdade, caso seu senhor o transferisse de
maneira indevida ou se ele provasse que tinha chegado ao país após 1831. 
Os fazendeiros também preferiram usar a mão-de-obra que chegava cada vez mais da Europa numa
clara postura racista. Desde então, os afrodescendentes sofrem com o problema da exclusão social no
país. A Princesa Isabel (1846-1921), filha de D. Pedro II, foi a primeira mulher a administrar o país,
sendo, portanto, uma figura importante não somente na busca pela libertação dos escravos, mas também
pelos direitos das mulheres. A princesa já havia assinado a Lei do Ventre Livre, quando exerceu pela
primeira vez a regência no Brasil. Também era uma conhecida admiradora da causa abolicionista. 
Os escravos também tiveram papel essencial na desestabilização da escravidão no Brasil e
resistiram realizando fugas em massa, organizando revoltas contra seus senhores (algumas das quais
levaram à morte dos senhores de escravos), formando os quilombos (sobretudo nos arredores do Rio de
Janeiro e de Santos) etc. A força da pressão popular, por meio do movimento abolicionista, e as
constantes revoltas dos escravos criaram o clima que obrigou o Império a abolir o trabalho escravo em
13 de maio de 1888, com a citada Lei Áurea. A abolição do trabalho escravo foi recebida com festa
pela população brasileira.
Os escravos libertos, porém, continuaram a sofrer com o preconceito e com a falta de
oportunidades. O Brasil acabou sendo o último país das Américas a abolir a escravidão. No entanto, o
fim da escravidão no país não foi um ato de benevolência da monarquia, mas sim resultado da pressão e
do engajamento da população brasileira. A Lei Áurea resolveu o problema da escravidão, mas não o da
inclusão social dos negros à sociedade.

A HISTÓRIA DOS QUILOMBOS 

Os escravos também tiveram papel


essencial na desestabilização da escravidão
no Brasil e resistiram realizando fugas em
massa, organizando revoltas contra seus
senhores, formando os quilombos. No nosso
Estado de Goiás existe um quilombo
remanescente chamado de Kalunga. Vamos
conhecer um pouco como vivem a população
neste quilombo. Para isso leia o fragmento da
notícia do G1 GO.

Casas do território kalunga, no nordeste de Goiás, são


de barro e telhado de palha — Foto: Fábio Tito/G1
https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/02/11/quilombo-kalunga-e-reconhecido-pela-onu-como-primeiro-territorio-no-brasil-conservado-pela-
comunidade.ghtml

Quilombo Kalunga é reconhecido pela ONU como primeiro território no Brasil conservado
pela comunidade. Com cerca de 300 anos de ocupação, área segue preservada. Presidente de
associação diz que título internacional é motivo de orgulho.
Por Lis Lopes, G1 GO
11/02/2021 12h18 Atualizado há 5 meses

TERRITÓRIO QUILOMBO KALUNGA RECEBE PRÊMIO DA ONU POR CONSERVAÇÃO 

O território Quilombo Kalunga foi


reconhecido por um programa
ambiental da ONU como o primeiro
Território e Área Conservada por
Comunidades Indígenas e Locais
(Ticca) do Brasil. O título internacional
é concedido a regiões que mantêm a
conservação da natureza e asseguram o
bem-estar de seu povo.
Ao G1, o presidente da Associação
Quilombo Kalunga (AQK), Jorge
Moreira de Oliveira, de 53 anos, diz que
o reconhecimento é motivo de orgulho
para a comunidade.
“Sentimos orgulho de mostrar para o
mundo que vivemos há 300 anos nesse território e continua preservado. Eu me sinto honrado de viver
nesse território preservado. É um orgulho muito grande”, afirma.
Kalunga, maior território quilombola do país, abrange três municípios goianos: Cavalcante, Monte
Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros. Para obter o Ticca, é
necessário que o território seja
uma área preservada,
respeitando os costumes da
população, o cultivo da terra e o
trabalho exercido, garantindo
uma conexão entre o povo e a
conservação da natureza.
O título global, formalizado
no último dia 3 de fevereiro, já
consta no site do programa
ambiental Protected Planet.
De acordo com o presidente da
associação, o processo para obter o Ticca durou cerca de um ano.
“Realizamos 17 reuniões para formalizar o regimento interno do território. Conversamos com a
comunidade sobre o fato de o território ser coletivo e ser preservado pelo cuidado e trabalho de todos. É
um bem de todos os kalungas”, diz.

REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA 

Para Jorge Moreira, que vive


no Quilombo Kalunga desde seu
nascimento, o reconhecimento
poderá ajudar a comunidade a
conseguir a regularização
fundiária do restante da terra.
“O Quilombo Kalunga tem
262 mil hectares, só que, dessa
área, apenas de 48% a 49% do
território está regularizado. É
imenso, mas o território
aproveitável para agricultura,
plantação e colheita é pouco.
Algumas das áreas também têm
suas dificuldades, a região de
Monte Alegre, por exemplo, é
muito carente de água”, afirma. “A gente espera que o Ticca nos ajude a conseguir a regularização do
restante do território, que é a maior dificuldade que a associação tem”, conclui o presidente da
associação.
Em nota, o Incra informou, às 15h09 desta quinta-feira (11), que, dos 261.999 hectares do território
Kalunga, aproximadamente 75,2 mil hectares estão sob gestão, para fins de regularização fundiária, do
governo do Estado de Goiás, por se tratar de áreas públicas estaduais. Informou, ainda, que já foram
titulados pelo Incra, aproximadamente 9% do território, o que corresponde a 22,5 mil hectares em
imóveis rurais desapropriados. Considerando a extensão do território e o quantitativo de imóveis rurais
inseridos, bem como a disponibilidade orçamentária necessária para indenizar todos estes imóveis, não
possível é estabelecer prazo para concluir o processo de regularização fundiária do território quilombola
Kalunga", disse o Incra.
Por sua vez, a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) informou, às
18h12 de quinta-feira, que atua, por meio da Gerência de Política de Regularização Fundiária, "no
sentido de garantir a proteção das terras devolutas, por consequente, de seu domínio. A medida visa
assegurar direitos e também a melhor composição com o governo federal quanto à regulação das terras
devolutas estaduais estipuladas no decreto"

Roça feita pela comunidade Kalunga em Monte Alegre, Goiás — Foto: Elder Miranda Jr/AQK/Divulgação

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