Ultra Precisa o
Ultra Precisa o
Ultra Precisa o
MESTRE EM ENGENHARIA
____________________________________ ___________________________________
Prof. Fernando A. Forcellini, Dr. Eng. Prof. Walter L. Weingaertner, Dr. -Ing.
Orientador Co-orientador
___________________________________________________
Prof. Júlio Passos, PhD.
Coordenador da Pós-Graduação
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Carlos Alberto Martin, Dr. -Ing.
___________________________________________________
Prof. Eduardo Alberto. Fancello, D.Sc.
___________________________________________________
Prof. André Ogliari, Dr. Eng.
___________________________________________________
Eng. Rodrigo Lima Stoeterau, Dr. Eng.
iii
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
1 Capítulo 1 ................................................................................................................................2
1.1 Usinagem de ultraprecisão...................................................................................................3
1.2 Componentes de um torno, tipos de tornos e tipos de ferramentas para usinagem de
ultraprecisão.................................................................................................................................7
1.2.1 Constituintes de um torno de ultraprecisão .................................................................7
1.2.2 Tipos de tornos ............................................................................................................9
1.2.3 Ferramenta de Corte ..................................................................................................11
1.3 Ajustagem..........................................................................................................................12
1.4 Objetivo da dissertação......................................................................................................15
1.5 Estrutura do trabalho .........................................................................................................16
2 Capítulo 2 ..............................................................................................................................18
2.1 Definição da tarefa.............................................................................................................19
2.1.1 Necessidades dos clientes..........................................................................................19
2.1.2 Desdobramento da função qualidade.........................................................................23
2.1.3 Especificações de projeto ..........................................................................................25
2.2 Projeto conceitual ..............................................................................................................26
2.2.1 Função global ............................................................................................................26
2.2.2 Obtenção de soluções para cada sub-sistema. ...........................................................28
2.2.3 Concepções................................................................................................................36
2.2.4 Seleção das melhores concepções e suas variantes ...................................................41
3 Capítulo 3 ..............................................................................................................................42
3.1 Sub-sistema ajuste da ferramenta ......................................................................................42
3.1.1 Características de posicionamento.............................................................................42
3.1.2 Sistema de posicionamento através de guias lineares abertas ou fechadas ...............43
3.1.3 Determinação e superdeterminação (exact constrain)...............................................44
3.1.4 Análise das concepções .............................................................................................47
3.2 Sub-sistema fixação do porta ferramenta ..........................................................................51
3.2.1 Acoplamento estaticamente determinados (kinematic coupling) ..............................52
3.2.2 Aplicações no acoplamento do porta-ferramenta e os diferentes tipos de bases.......55
3.3 Sub-sistema fixação da ferramenta....................................................................................56
3.4 Microposicionamento da ferramenta. ................................................................................60
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.2 – Expansão da cerâmica piezelétrica em função de uma tensão elétrica (+ -) aplicada
...............................................................................................................................................81
Figura 4.3 – Creep específico do modelo PU 100NV...................................................................82
Figura 4.4 – Variação do efeito piezelétrico em função da temperatura.......................................83
Figura 4.5 – Relação entre força gerada e deslocamento ..............................................................84
Figura 4.6 – Atuador piezelétrico sob a ação de uma força constante ..........................................85
Figura 4.7 – Atuador piezelétrico sob a ação de uma força variável.............................................86
Figura 4.8 – Parafusos micrométricos ...........................................................................................87
Figura 4.9 – Parafusos diferenciais................................................................................................88
Figura 4.10 – Parafusos micrométricos associados à motores elétricos – a) com motor de passo,
b) motor cc com encoder .......................................................................................................90
Figura 4.11 – Parafusos micrométricos associados a atuadores piezelétricos...............................91
Figura 4.12 – Atuadores micrométricos conectados a atuadores hidráulicos................................91
Figura 4.13 – Esquema de redução por molas...............................................................................92
Figura 4.14 – Sistema integrado de posicionamento com amplificador de movimento................93
Figura 4.15 – Configurações de um sistema por alavanca ............................................................94
Figura 4.16 – Forças representadas ortogonalmente aos braços da alavanca................................95
Figura 4.17 – Modelo simplificado de um sistema de ampliação de movimento .........................96
Figura 4.18 – Fração do movimento que é perdida como função da relação da rigidez do pivô e
da base móvel ........................................................................................................................97
Figura 4.19 - Mecanismos de ampliação de movimento ...............................................................98
Figura 4.20 – Esquema de um sistema de ampliação de duas barras ............................................99
Figura 4.21 – Mecanismo de ampliação de duas ou mais barras ................................................100
Figura 4.22 – Sistemas de posicionamentos construídos a partir das concepções da Fig. 4.2 ....101
Figura 4.23 – Flexão de uma viga bi-apoiada. ............................................................................103
Figura 4.24 – Mecanismo amplificador.......................................................................................104
Figura 4.25 – Microposicionador de curso longo (1500mm).......................................................107
Figura 4.26 – Exemplo de porta-ferramentas comerciais............................................................108
Figura 5.1 – a) Concepção original, b) Concepção com alavancas.............................................111
Figura 5.2 – Diagrama de corpo livre do microatuador ..............................................................111
Figura 5.3 – Relações trigonométricas para ângulos muito pequenos ........................................113
Figura 5.4 – Concepção escolhida para acomodar atuador e sistema de ampliação ...................120
Figura 5.5 – Tensões no pivô da mesa (a) e no pivô 2 da alavanca (b).......................................122
x
SIMBOLOGIA
GLOSSÁRIO
Muitos termos diferentes são empregados para descrever os artefatos nas medições Este
vocabulário define somente uma pequena seleção dos termos mais utilizados na dissertação.
Apesar dessa listagem ter sido tirada originalmente de uma publicação do Instituto Nacional de
Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO, e direcionada para instrumentos
de medição, a mesma nomenclatura será utilizada ou adaptada no decorrer da dissertação para
caracterizar atuadores e sistemas de posicionamento.
RESUMO
ABSTRACT
In ultraprecision machining, especially by turning using single point diamond tools, the correct
tool set-up is needed for minimizing geometric and surface errors on the work piece. In this way
it is important that each adjustment of the tool has to be executed inside the required tolerances.
Usually, the main set-ups are realized through the toolholder, which demands the necessity of a
tool hold and a tool set system that considers each lathe, tool and work piece particularities. So,
the correct tool set-up can be done. The different toolholders ideas, which are presented in this
dissertation, are taking these points in account and are studied and shown in details. The main
contribution to the toolholder project is the tool microposition system using flexures.
1 Capítulo 1
Introdução
A usinagem de ultraprecisão pode ser definida como uma técnica de usinagem que
possibilita a fabricação de componentes mecânicos, ópticos e eletrônicos com alta definição
dimensional, geométrica e com ou sem a necessidade de elevada qualidade superficial.
Historicamente, a usinagem de ultraprecisão existe desde o século XIX, no entanto,
utilizando processos que demandavam um longo tempo de fabricação, como retificação,
brunimento, lapidação, polimento. Apesar dos bons resultados, o que faz esses processos de
fabricação serem usados até hoje, a relação custo de fabricação/tempo é alta, o que motivou o
estudo e utilização de processos diferentes dos utilizados até então, como por exemplo o uso de
ferramentas com geometria definida.
A usinagem de ultraprecisão com ferramenta de geometria definida, da forma que é
conhecida hoje, teve sua origem nos anos 60, impulsionada principalmente por áreas ligadas à
defesa, energia, computação e eletrônica. Nos anos 70, trabalhos experimentais foram realizados
envolvendo a fabricação de componentes ópticos de formas simples. Já nos anos 80 a
necessidade de se obterem resultados ainda melhores (em termos de exatidão geométrica,
dimensional e qualidade superficial) promoveu o desenvolvimento de avançadas máquinas-
ferramentas com sofisticados sistemas de controle e posicionamento.
Da mesma maneira, aconteceu paralelamente o repasse dessas novas tecnologias para os
meios não militares, impulsionando assim a indústria de bens de consumo. Hoje há a usinagem
de ultraprecisão como forma de se produzir diversos componentes de uso comum ou industrial,
tais como substratos para fotocopiadoras e discos rígidos, sistemas ópticos (lentes e espelhos),
mancais aerostáticos, cabeçotes de vídeo, etc.
Uma vez que a usinagem de ultraprecisão está disponível para as indústrias de bens de
consumo, é interessante demonstrar no que ela se difere da usinagem convencional.
A Tabela 1.1 fornece uma visão geral dos processos de usinagem que representam um
ponto de partida para um correto entendimento sobre a usinagem de ultraprecisão e os pontos a
serem abordados na dissertação.
Taniguchi (1983, 1996) apresenta a evolução da exatidão no processo de usinagem (Figura
1.1) para dividir e classificar os diversos tipos de processos de remoção de material quanto à
exatidão atingível.
4
Como essa divisão é função dos avanços tecnológicos disponíveis para a construção de
máquinas-ferramenta, as fronteiras têm sido constantemente derrubadas, como se pode observar
na Tabela 1.2, gerada a partir das projeções de Taniguchi apresentadas na Figura 1.1.
Normal 5 mm 1 mm
De Precisão 0,5 mm 0,1 mm
De Ultraprecisão 0,005 mm 0,001 mm
No entanto, o que já se observa é uma evolução ainda maior na exatidão atingível, sendo
que, comercialmente, já existe centro de usinagem com uma resolução de 1nm (1x10-9m) para os
eixos de acionamento1. Isso, juntamente com o desenvolvido sistema de controle metrológico da
máquina, permite utilizar o processo de usinagem convencional em áreas até poucos anos atrás
exclusivas da usinagem não convencional.
Com base na definição de exatidão atingível de usinagem (Tabela 1.2) e da classificação
dos tipos de usinagem (Tabela 1.1), se o objetivo é usinar componentes de ultraprecisão, muitos
são os processos disponíveis. A escolha do melhor processo baseia-se nos critérios mais
adequados, como volume de produção, capacidade de expansão da produção, custo das
máquinas, flexibilidade produção, etc.. Em resumo, ela se baseia em tudo aquilo que contribui
para melhorar a fabricação de um determinado componente, com um custo coerente.
No caso do presente trabalho, o processo de fabricação escolhido é o de usinagem
convencional por torneamento, usando ferramenta de geometria definida, com diamante
monocristalino. Esse processo possui vantagens e desvantagens em relação aos outros
processos, além de características bem particulares. Para exemplificar, pode-se utilizar como
exemplo a fabricação de elementos ópticos transmissivos (lentes), utilizando-se o método
convencional e por torneamento de ultraprecisão com ferramenta de diamante monocristalino
(Tabela 1.3).
O método tradicional para a produção de lentes está sendo, em alguns casos,
gradativamente substituído por torneamento, o que cria uma demanda por tornos de ultraprecisão
e, conseqüentemente, por um bom porta-ferramenta.
Entre as vantagens que o torneamento de ultraprecisão possui frente ao processo
tradicional de fabricação de lentes e espelhos, destacam-se:
1
Centro de usinagem Fanuc Robonano Ui., primeira unidade entregue em março de 2000
6
· Maior capacidade de geração de formas complexas (ex. anesferas e formas pouco comum
usando ferramenta ativa)2.
· Menor agressão ao meio ambiente, por utilizar pouco fluído de corte e normalmente
materiais menos poluentes que , por exemplo, as pastas usadas para polimento.
Melhor processo produtivo, devido à redução do número de etapas, flexibilidade de produção,
etc., como mostrado qualitativamente na Tabela 1.4.
Tabela 1.3 – Comparação da fabricação de lentes de contato pelo processo tradicional e por
torneamento de ultraprecisão
Seq. Tradicional Máquina Torneamento Máquina
1 Corte Serra Corte Serra
2 Usinagem de pré-forma
3 Pré-lapidação
Usinagem de pré-forma
4 Lapidação grosseira
Lapidadoras
5 Pré lapidação fina
6 Lapidação fina
Torno
7 Pré polimento Ultraprecisão
Usinagem de correção
8 Polimento
9 Polimento fino Polidoras
10 Polimento de contato
Usinagem de ultraprecisão
11 Polimento de correção Manual
2
Conhecido também como fast tool, que pode ser aproximado como o ato de esculpir uma peça por torneamento.
Um caso prático seria esculpir um rosto em uma peça instalada em um torno, através do sincronismo entre a
ferramenta e a rotação da peça de trabalho.
7
preço desse alto volume de produção é a baixa flexibilidade de produção e, em alguns casos, a
impossibilidade de se fabricarem lentes com determinadas características, pois as máquinas são
demasiadamente dedicadas.
Tabela 1.4 – Comparação entre o processo tradicional e por usinagem de ultraprecisão de lentes
em relação ao tamanho de lote (Å - lotes grandes, Ä - lotes pequenos)
Usinagem
Tradicional
Características Ultraprecisão
Alta Média Baixa Alta Média Baixa
Produtividade Å Ä ÅÄ
Investimento em tecnologia Ä Å ÅÄ
Custo dos equipamentos Ä Å ÅÄ
Número de etapas (1 etapa = 1 máquina) ÅÄ ÅÄ
Tempo de set-up Ä Å ÅÄ
Relação entre operador e máquina ÅÄ ÅÄ
Taxa de remoção de material Å Ä ÅÄ
Tempo secundário de fabricação (transporte/.....) Ä Å ÅÄ
Flexibilidade de fabricação ÅÄ ÅÄ
Custo/peças Ä Å ÅÄ
Visto que o porta-ferramenta é designado para operar em um torno, neste item são
definidos os principais componentes do torno, com o objetivo de apresentar e ilustrar a
nomenclatura adotada e facilitar, no decorrer dos capítulos, o entendimento do projeto do sistema
de fixação e ajustagem da ferramenta. Pelo mesmo motivo, também são apresentados os
diferentes tipos de tornos usados para usinagem de ultraprecisão e os tipos de ferramentas
utilizadas com o porta-ferramenta.
A função de um torno pode ser dividida com base em três sistemas principais. Um
sistema de fixação da ferramenta, um sistema de fixação da peça e, por fim, um sistema que
promove um movimento relativo entre a ferramenta e a peça.
Os diversos sistemas que compõem o torno estão descritos a seguir e estão representados
na Figura 1.2.
Ø Sistema de acionamento e fixação da peça – responsável pelo movimento e fixação da peça
em relação à ferramenta. Esse sistema é composto pela:
- Árvore (ou cabeçote) – fornece um movimento de rotação suave e preciso da peça de
trabalho. Em uma das extremidades da árvore, encontra-se o sistema de fixação da peça de
trabalho (placa de fixação).
- Acionamento do cabeçote – Responsável pela rotação responsável por girar o conjunto
árvore – fixação – peça.
Ø Sistema de posicionamento – responsável por executar uma trajetória pré determinada da
ferramenta em relação à peça, com base em um referencial. Fazem parte desse sistema:
- Guias da máquina – É a trajetória que a ferramenta ou a peça utilizará durante o seu
posicionamento ou usinagem.
- Acionamento das guias – Sistema responsável por movimentar as guias dentro de parâmetros
previamente definidos, como velocidade, trajetória, aceleração, etc.
- Sistema de controle / sistema metrológico da máquina – Responsável pelo posicionamento
preciso da ferramenta ou da peça de trabalho, através do controle dos acionamentos das guias
e monitorado pelo sistema metrológico da máquina.
Ø Sistema de fixação da ferramenta – mantém a ferramenta fixa e fornece uma plataforma para
que sejam executados os ajustes necessários para um correto set-up da máquina. Esse sistema
é composto pelo:
- Sistema de fixação e ajustagem da ferramenta – Representado pelo porta-ferramenta, que é o
responsável pelo correto posicionamento da ferramenta em relação à peça e ao torno,
evitando-se assim erros na superfície usinada que a comprometam. Ele também é um
componente crítico na usinagem por torneamento, por ser o elemento final da cadeia
estrutural entre a ferramenta e a peça que está sendo usinada. Infelizmente, sua importância é
normalmente ignorada no projeto de uma máquina ferramenta, devido ao seu pequeno
tamanho e robustez. Entretanto, robustez não significa necessariamente alta rigidez, sendo
que os requisitos e preocupação para um posicionamento conveniente e correto da ferramenta
9
normalmente predominam sobre a rigidez, abrindo caminho para que ruídos interfiram no
resultado final de uma usinagem (Franse, 1989).
- Estrutura da máquina – Estrutura básica no qual os sistemas da máquina são montados,
provendo uma estrutura rígida e isolando-a de vibrações externas através de suportes
especiais. No torno, o porta ferramenta é montado sobre a base (mesa), que também será
usada pelo sistema de posicionamento como referência (ponto zero).
Y
X Acionamento do cabeçote
Z
Porta-ferramenta
Guias da máquina
Estrutura da máquina
trabalho, eles indicam que espécie de ajuste se deve fazer na ferramenta para que a peça a ser
usinada saia dentro das especificações de projeto (sem erro de geometria).
Base q
árvore
a b c d
Figura 1.3 – Desenho esquemático dos tipos de tornos (Horizontal, T, Guias cruzadas, R-q)
Ø Torno para faceamento horizontal (Figura 1.3a) – Caracterizado por ter a árvore montada
horizontalmente, podendo gerar somente peças planas, com movimento controlado somente
no eixo X. Pode ser utilizado de duas maneiras:
¨ Para faceamento, no qual a peça é montada na árvore e a ferramenta se desloca sobre as
guias.
¨ Fly-cutting, onde a ferramenta é montada na árvore e a peça se desloca sobre a guia.
Ø Tornos com guias em T (Figura 1.3b) – Fisicamente caracterizado por ter uma base em
formato T. É uma máquina também com a árvore montada horizontalmente e com
capacidade de movimento controlado na direção Z. Por possuir o eixo X também controlado,
pode gerar, através da interpolação dos eixos, superfícies planas, esféricas, toroidais,
parabólicas, hiperbólicas, etc.
Ø Tornos com guias cruzadas (Figura 1.3c) – Semelhante ao tipo T, com a capacidade de gerar
os mesmos tipos de superfícies. Sua principal diferença é que a árvore é fixa, sendo o porta
ferramenta montado sobre um par de guias cruzadas. Ambos os eixos são controlados.
Ø Torno R-q (Figura 1.3d) – Tem seus eixos de deslocamentos nas direções R e q do sistema de
coordenadas polares. Pode gerar superfícies esféricas e anesféricas. É caracterizado por ter
uma mesa rotativa controlada (chamado também de eixo B) onde o porta-ferramenta é
montado. Possui o eixo Z móvel e adicionalmente uma guia instalada entre o porta-
ferramenta e a base q, que tem como função determina o raio a ser usinado na peça.
Como será posteriormente visto, em um torno R-q é necessário realizar mais operações
para realizar o correto set-up da ferramenta.
11
A forma da haste é escolhida à parte e pode ter diferentes tipos de seção (as mais comuns
são a circular e a retangular, como mostrado na Figura 1.5). Seu diâmetro ou altura, assim como
seu comprimento, também podem ser especificados pelo cliente ou podem seguir um
12
determinado padrão do fabricante das ferramentas. Um torno para ultraprecisão pode possuir um
grande número de diferentes ferramentas, que dependem diretamente da geometria da peça a ser
usinada e da configuração do torno utilizado
Como resultado prático, deve-se prever a correta fixação de hastes de diversas geometrias
e compensar as diversas alturas oriundas da montagem do gume de diamante na haste (montado
no topo ou no meio da haste).
1.3 Ajustagem
Ø Não coincidência de centros – Esse é um erro que não pode ser diretamente resolvido com
uma ajustagem pelo porta- ferramenta, mas sim através da correta ajustagem inicial da base.
Em um torno R-q é um erro causado pela base q estar antes ou depois da linha de centro
(LC), ou seja, a linha que passa exatamente no centro de rotação da árvore e X, que é o
centro de rotação da base q. Se a base estiver depois da linha de centro, a peça terá a forma
13
cônica. Se a base estiver antes da linha de centro, o formato será de uma cardioide. Os dois
casos (que acontecem tanto em peças côncavas ou convexas) estão apresentados na Figura
1.6. Obtendo-se X = Xo, elimina-se essa excentricidade e, conseqüentemente, o erro de
forma da peça. Esse erro é oriundo de uma má ajustagem da base q após sua instalação sobre
o torno e está colocado aqui por ser um erro comum e também classificado como um erro de
posicionamento da ferramenta.
LC LC
Xo Xo
Xo < X X X Xo > X
LC
LC
3
Um exemplo é uma mesa XY colocada entre o porta-ferramenta e a base q.
14
a b c d
Ø Defeito no gume – Por ser frágil, uma determinada região do gume de diamante
monocristalino que está sendo utilizada pode se danificar, o que compromete o acabamento
superficial da peça, como ilustrado na Figura 1.9. Assim, o ideal é que a região possa ser
isolada e o defeito eliminado, o que aumenta a vida útil da ferramenta.
2 Capítulo 2
Foi da observação das necessidades das pessoas que contratam os serviços, das que
operam a máquina e das que produzem os dispositivos de fixação e ajustagem que se deu o ponto
de partida para a elaboração dos requisitos do consumidor, apresentados na Tabela 2.1.
Geração de forma
Observações
Com base nos requisitos da qualidade obtidos e classificados pelo QFD, foram
elaboradas as especificações de projetos. Nessa etapa, as especificações são quantificadas (valor
meta), o que influencia diretamente as etapas posteriores, uma vez que subsistemas devem ser
desenvolvidos para garantir as especificações.
Movimento
Energia
Sinais
Sinais
Fixar e ajustar
Ruído
Ruído
ferramenta
Ferramenta
Ferramenta
Fixada e
Posicionada
Ajustar profundidade
Para um melhor entendimento, a Figura 2.4 apresenta esses três sub-sistemas, onde o
porta-ferramenta está instalado sobre uma base q, ou seja, a configuração do torno é do tipo R-q.
28
Sub-sistema
Fixação da ferramenta
Sub-sistema
Ajustagem da ferramenta
Sub-sistema
Fixação do porta-ferramenta
Elemento de fixação
Pressão
Tipo de base
Fixação do
Presilha (clamping)
Elemento de fixação
Base com furação
Magnético
Pressão
Guia de escorregamento
Guia q (base rotativa) Guia de rolamento
Guia flexível
Base granito Adesivo
Baixa pressão
Presilha (clamping)
Elemento de fixação
Geometria da
Longas Adesivo
ferramenta
Fixação da
ferramenta
Magnético
Pressão
Encaixe
Curtas Presilha (clamping)
Adesivo
Quadradas Restrição geométrica
Circulares Eliminação dos graus de liberdade
Guia deslocamento angular
Comum a qualquer configuração
Guia de escorregamento
Ajuste altura Guia de rolamento
Guia flexível
Guia sem contato
Deslocamento direto pelo atuador
de torno
Guia escorregamento
Guia de rolamento
Ajuste profundidade de corte Guia flexível
Guia sem contato
Deslocamento direto pelo atuador
Ajuste da região do gume Rotação
Guia de escorregamento
Guia de rolamento
Configuração R-q
quantidade de idéias, mas também visualizar que um mesmo princípio pode ser utilizado em
diversas particularidades e em diferentes sub-sistemas. Para exemplificar, há o caso do princípio
de solução ‘Guia de escorregamento’, que é citado tanto no sub-sistema ‘Fixação do porta-
ferramenta’ quanto ‘Ajuste da ferramenta’ e que, nessas condições, pode ser montada tanto
verticalmente quanto horizontalmente. Com isso procura-se, por exemplo, em livros ou
catálogos, uma guia que possa ser utilizada em qualquer posição sem perda da sua eficiência.
Baseado na Tabela 2.4, os princípios de solução são agora ilustrados com dispositivos
encontrados em catálogos, diferentes porta-ferramentas ou sistemas de posicionamento diversos.
Posteriormente, no Capítulo 3, serão apresentados mais princípios de soluções com um enfoque
mais voltado a dispositivos de precisão, além de detalhados alguns dos apresentados agora.
A Figura 2.5 é referente ao sub-sistema fixação do porta-ferramenta e os princípios aqui
ilustrados foram baseados em diferentes métodos de fixação de peças em máquinas ferramentas.
Magnéticos
A Figura 2.6 ilustra diferentes princípios para fixar as ferramentas de diversos tamanhos
e formas, sendo que as idéias aqui mostradas são as normalmente encontrados em máquinas-
ferramenta, como tornos e furadeiras.
31
Por fim, a Figura 2.7 ilustra as diferentes soluções para posicionar a ferramenta. Ajustar a
ferramenta implica executar um correto movimento da ferramenta até a posição desejada e com a
tolerância desejada. Essa operação pode ser executada pelo porta-ferramenta ou no porta-
ferramenta (deslocando-se todo o porta-ferramenta). Adicionalmente, conforme apresentado no
ANEXO B – Detalhe do sub-sistema ajustagem da ferramenta, o procedimento normalmente é
composto por um ajuste grosseiro e depois por um ajuste fino, o que justifica a grande variedade
de guias apresentadas na Figura 2.7, pois as mesmas devem combinar grandes deslocamentos
com boas características de posicionamento (boa repetitividade ,exatidão, etc.).
Guia de escorregamento
As guias de escorregamento podem ser cilíndricas ou prismáticas. Guias de escorregamento possuem
uma apreciável diferença entre o coeficiente de atrito dinâmico e estático, o que as torna particularmente
vulneráveis ao efeito stick-slip, que pode ser minimizado com adição de uma interface apropriada.
Lineares
a – Plana b – Telescópica
c–Prismáticas d - Cilíndricas
32
(continuação)
Angulares
e – Plataforma f – Disco
Guia de rolamento
Basicamente qualquer guia de deslizamento pode ser transformada em uma guia de rolamento ao se
adicionar uma interface de elementos rolantes.
Tal qual as guias de escorregamentos, as guias de elementos rolantes podem ser cilíndricas ou
prismáticas. Seu coeficiente de atrito é muito baixo (em torno de um décimo da guia de deslizamento), e
permanece constante quando sob a ação de diferentes carregamentos.
(Continuação)
Guia flexível
Trabalham dentro do limite elástico do material, são livre de folgas ou de stick-slip e podem assumir
dezenas de configurações. Por essa e por outras características é muito utilizada para
microposicionamento, no entanto, somente para deslocamento muito restrito.
Linear
Angular
Tabela 2.5 – Tipos de acionamentos (Slocum, 1992, Smith; Chetwynd, 1992, Smith 2000)
Vantagens Desvantagens
· Custo médio · Alta histerese
· Alta rigidez · Pequeno deslocamento
· Alta força de · Creep
Atuador piezelétrico deslocamento
· Sensibilidade < 0,1 mm
· Pequenas dimensões
Parafusos diferenciais
Tabela 2.5(continuação)
· Rigidez regulável · Pequeno deslocamento
· Boa linearidade · Necessidade de sistema ativo
Eletromagnéticos · Fácil de controle
implementação · Forças deslocamento
Eletrostáticos
· Custo baixo/médio baixas/médias
2.2.3 Concepções
Uma das últimas etapas do projeto conceitual é a criação das concepções. Com base
nessas tabelas e figuras apresentadas, para cada sub-sistema, diversos princípios de solução
foram combinados dando origem a diferentes concepções de porta-ferramentas, sendo que cada
concepção deve satisfazer a função global. As concepções são apresentadas da Figura 2.8 à
Figura 2.15.
Cada concepção apresenta diferentes configurações para cada sub-sistema4, sendo que os
princípios de solução utilizados podem ser facilmente intercambiados entre uma proposta e
outra. Do mesmo modo, o tipo de acionamento foi omitido em algumas propostas, pois muitas
das possibilidades descritas na Tabela 2.5 (para uma mesma faixa de operação), podem ser
utilizadas para acionar o sub-sistema ajustagem da ferramenta. Um estudo dos acionadores mais
utilizados e a aplicação dos mesmos no sub-sistema ajustagem da ferramenta serão apresentados
nos Capítulo 4 e 5.
As concepções apresentadas a seguir possuem o objetivo principal de demonstrar os
princípios e conceitos em aplicações práticas e didáticas para posteriormente se selecionarem os
melhores candidatos. Sendo assim, nesse estágio, as mesmas carecem de muitos detalhes
construtivos.
A concepção 1 (Figura 2.8), devido ao seu tamanho é uma concepção para ser utilizada
diretamente sobre a base original do torno (rasgos T).
A ajustagem macrométrica da altura da ferramenta é feita através de uma cunha
deslizante, sendo que a parte superior do porta-ferramenta se deslocaria em uma guia (não
definida no desenho). O interessante dessa proposta é mostrar que uma mesma idéia foi utilizada
para duas funções distintas dentro de um mesmo sub-sistema. Nesse caso, guias flexíveis lineares
foram usadas para fazer o posicionamento micrométrico da altura e também possibilitar o ajuste
da profundidade de corte diretamente na ferramenta.
4
Na configuração do torno Moore/LMP com base q o sub-sistema fixação do porta-ferramenta apresenta
características e princípios bem específicos, sendo que serão abordado em detalhes no Capítulo 3
37
a b c
O sub-sistema fixação da ferramenta usa restrições geométrica para fixar uma ferramenta
de seção circular e ainda possui guias de deslizamento que permitem que a quina da ferramenta
seja rotacionada, isolando um defeito no gume ou permitindo procurar uma região de maior
dureza no diamante. Sendo assim, uma única peça realiza duas funções.
A concepção 2 (Figura 2.9) também é para ser instalada na base original do torno e
possui algumas características comuns a diversos porta-ferramentas comerciais. Como destaque,
o ajuste grosseiro da altura da ferramenta é feito através de uma guia de deslizamento e o ajuste
fino através de uma guia flexível angular.
a b c
Essa concepção incorpora uma idéia de redução de movimento tipo atuador-mola e alavanca5. O
ajuste grosseiro da altura da ferramenta (através de guias de deslizamento) foi concebido para ser
operado com alguma espécie de batente (bloco padrão, parafuso micrométrico) com o objetivo
de colocá-la próxima à altura correta. A Figura 2.10 apresenta a concepção montada sobre o
torno Moore/LMP
A concepção 3 (Figura 2.11) é uma opção compacta, própria para ser operada por
exemplo sobre uma base q. Como características dessa concepção, há o uso novamente de guias
de deslizamento para executar o ajuste macrométrico da altura da ferramenta. A diferença nessa
concepção é que o atuador (parafuso micrométrico/diferencial) é integrado com o
macroposicionamento da altura. Por sua vez, o sistema de ajuste fino, usando guias flexíveis
lineares e concebido para operar com um atuador piezelétrico, faz parte da mesma peça (Figura
2.11c). O sistema de fixação da ferramenta (diretamente por parafusos) é simples e do tipo
normalmente utilizado em tornos. Apesar de não permitir isolar uma determinada região do
gume, pois não rotaciona a ferramenta, o ângulo de saída do cavaco pode ser modificado, pois
todo o conjunto de fixação da ferramenta pode ser deslocado angularmente para cima ou para
baixo (arfagem).
O inconveniente dessa concepção é que a ferramenta não é instalada simetricamente em
relação ao porta-ferramenta, sendo necessário um dispositivo auxiliar para o correto
posicionamento da mesma sobre uma base q.
5
Diferentes atuadores com ampliadores/redutores de movimento serão detalhados no Capítulo 4.
39
a b c
A Figura 2.12 apresenta a concepção instalada sobre o torno Moore/LMP operando com
uma base q.
a b c
Por fim, a concepção 5 (Figura 2.15) ,devido as suas dimensões, é mais apropriada para a
base original do torno (ranhuras T).
A última etapa do projeto conceitual consiste em fazer uma pré-análise das concepções,
descartando as combinações mais inadequadas e detalhando ainda mais as restantes. Por fim,
escolher a melhor concepção será então a base das próximas etapas – a do ‘Projeto preliminar’ e
a do ‘Projeto detalhado’. A escolha das melhores concepções é uma tarefa complicada, pois sua
avaliação depende de muitos aspectos técnicos que por sua vez não são compartilhados por todos
que estão participando da avaliação ou em um caso extremo é realizada somente por uma pessoa,
o que torna o processo de seleção lento e nem sempre eficiente.
Sendo um dos objetivos dessa dissertação o de estruturar o conhecimento, optou-se por
organizá-lo de modo a facilitar futuras avaliações dos princípios de solução ao invés de somente
escolher as melhores soluções. Assim, os princípios de solução usados nas concepções serão
detalhados nos próximos capítulos. Desse modo, as soluções empregadas em cada sub-sistema
podem ser usadas para outros projetos de porta-ferramentas e, principalmente, para projeto de
sistemas de posicionamento.
Como previamente comentado nos objetivos da dissertação (item 1.4), a ênfase será no
sub-sistema ajuste da ferramenta, mais especificamente no ajuste micrométrico da ferramenta,
pois os princípios de solução apresentados para o porta-ferramenta são aplicados também em
diferentes sistemas de microposicionamento ou micromanipulação. Isso justifica o porquê dessas
soluções serem ilustradas, nos próximos capítulos, com o uso de microposicionadores comerciais
ou baseados em publicações científicas sobre o estudo de microposicionadores.
Os estudos mais detalhados dos sub-sistemas e das soluções utilizadas são apresentados
no próximo capítulo.
42
3 Capítulo 3
Muitas vezes, não é possível encontrar uma guia adequada, sendo então necessário
adaptar uma configuração comercial ou construí-la.
Como exemplo, a concepção da Figura 3.1 utiliza a configuração do ‘duplo V’ para
prover um deslocamento vertical da ferramenta. Essa configuração permite o contato entre
quatro planos, caracterizando um acoplamento quase-cinemático.
a b
D ± xmm
Figura 3.2 – Construção com excesso (a) e sem excesso (b) de restrições.
Já a Figura 3.2b mostra uma opção sem excesso de restrições, onde se pode observar que
a coordenada D já não exerce uma grande influência para um correto funcionamento da guia,
podendo até ser montada sem uma preocupação quanto ao seu paralelismo. Apesar disso, ainda é
necessário que os centros das guias cilíndricas estejam alinhados horizontalmente.
Com isso, há o seguinte princípio que, quando possível, deve ser levado em consideração
na hora de se projetar uma guia.
¨ Para se atingir deslocamentos altamente precisos e exatos e que requerem uma
mínima força para operar, evite o uso de restrições redundantes. (Nakazawa, 1994)
Complementando a idéia acima:
¨ O afastamento de um projeto cinemático puro resulta em um incremento dos custos
de manufatura. (Smith; Chetwynd, 1992).
A Figura 3.3a apresenta uma guia de deslizamento aberta, de montagem horizontal, que
respeita um projeto sem excesso de restrições. Já a Figura 3.3b apresenta uma alteração de
projeto para reduzir as tolerâncias e consequentemente os custos de manufatura, pois:
¨ O uso de elementos de ajustagem em conjunto com um projeto cinemático puro ajuda
a diminuir as tolerâncias de fabricação.
a b
Figura 3.3 – Com necessidade (a) e sem necessidade (b) de paralelismo durante a manufatura
46
Um ponto negativo de uma guia determinada é sua baixa rigidez quando sob a ação de
forças sobre seus pontos de restrições de movimento, o que é acentuado em um dispositivo de
ultraprecisão, devido a escala normalmente usada - na ordem do mm.
Como para se atingir alta precisão de posicionamento é necessário aumentar a rigidez do
conjunto, então:
· Eixos com excesso de restrição para um determinado GL absorvem melhor as forças que
agem no sentido do GL restrito, ou seja, a força é absorvida também pelas restrições
redundantes.
· Uma linha de contato possui maior rigidez que um ponto de contato.
· Por fim, o uso de pré cargas nas guias aumenta a rigidez na direção na qual a carga está
sendo aplicada, além de eliminar qualquer tipo de folga.
47
A Figura 3.5 apresenta uma solução comercial de um posicionador vertical, que utiliza
rolamentos de esferas agindo sobre dois trilhos em V, criando uma linha baseada em pontos, que
é uma solução que possui um bom compromisso entre rigidez e os princípios apresentados.
Também pode-se notar o uso de uma mola entre a base fixa e a móvel, com o objetivo de
introduzir uma pré carga nas guias. No entanto, não se trata de um projeto puramente cinemático
(sem excesso de restrições.)
a b c
Figura 3.6 – Opções para ajuste da altura
48
A opção b utiliza duas guias duplo “V” e também é acionada por um parafuso
micrométrico ou diferencial acoplado na base fixa. Por fim, a opção c utiliza uma guia tipo
‘cauda de andorinha’ e é colocada na posição com o uso de, por exemplo, um batente feito com
blocos-padrão colocado entre a base fixa e móvel. Nesse caso, a guia é mantida na posição
através do seu gib. Como se pôde observar, nenhuma das guias acima pode ser considerada como
sendo uma guia determinada.
Guia do tipo ‘cauda de andorinha’ é uma boa aproximação de uma configuração sem
excesso de restrições. No entanto sua configuração mais comum envolve o contato entre quatro
pares de planos (os dois laterais e dois superiores). Uma configuração sem restrições é obtida
com um par de plano superior e dois pares laterais.
Para o objetivo proposto, de prover uma ajustagem grosseira da altura, sem necessidade
de um posicionamento rápido e muito preciso, as guias de deslizamento são uma opção de
simples manufatura, baixo custo e alta rigidez.
Ainda baseadas nas concepções da Figura 3.6, as guias foram projetadas integradas nos
dispositivos de posicionamento, proporcionando uma solução compacta e uma rigidez maior do
conjunto, uma vez que a junção entre componentes atua como uma série de molas em série.6
Um ponto desfavorável essa concepção é que se o conjunto for projetado em peça única,
será necessário levar em conta geometrias e formas que sejam fáceis de se fabricar. Isso evita o
uso de máquinas específicas ou de um ferramental próprio, o que encarece a fabricação, ainda
mais por se tratar de uma produção de um único exemplar.
Sendo assim, a opção mais simples é baseada na concepção c. Tanto a concepção a
quanto a b seriam mais facilmente produzidas se fossem confeccionadas em partes e depois
unidas, sacrificando um pouco a rigidez em prol da facilidade de manufatura.
Não detalhadas até o momento nem ilustradas nas concepções, as guias instaladas entre o
porta-ferramenta e a base possuem uma função importante na ajustagem da ferramenta.
n
1 1
6
=å , onde K é a rigidez de cada uma das n interfaces. Logo a rigidez do sistema é regida pela
K equivalente 1 Kn
interface com menor rigidez.
49
a b c
Figura 3.7 – Guias para grandes deslocamentos
A Figura 3.7a mostra uma combinação entre uma guia do tipo ‘cauda de andorinha’
acionada por um fuso (não mostrado), montado sobre a base q, conforme a Figura 3.8.
No conjunto mostrado na Figura 3.7b a guia de deslizamento é substituída por uma guia
de rolamento, podendo ser posicionada com o uso de blocos padrão ou um parafuso
micrométrico, e travada por um elemento que mantenha o carro posicionado.
O conjunto mostrado na Figura 3.7c utiliza duplas guias em V com o acionamento por
meio de, por exemplo, rodas de atrito. Neste caso, o acionamento poderá estar na guia ou
embutido no corpo do porta-ferramenta.
O maior problema dessas concepções são suas dimensões máximas, uma vez que
especificamente para o torno Moore/LMP a base q que se deseja usar possui um diâmetro de
120mm e uma altura que, na configuração atual do torno, está proxima de bloquear o movimento
em Z (profundidade de corte) que a árvore do torno de ultraprecisão é capaz de executar. Esse
problema é facilmente solucionado aumentando-se a altura do cabeçote em relação à base
original do torno (ranhuras em T) onde é instalada a base q. Deve-se lembrar, no entanto, que
50
quanto menor o comprimento da linha de força entre a quina da ferramenta e a peça de trabalho,
maior será a rigidez da máquina quando estiver usinando, melhorando assim o resultado final da
peça de trabalho.7
Como em todas as três opções é necessário o uso da guia horizontal acoplada à base q, o
comprimento total da guia será função dos maiores raios côncavos e convexos que se deseja
fabricar e do tamanho do porta-ferramenta.
Para peças convexas de raio (Rcx) muito grande, maior terá que ser a guia, maior será o
momento ocasionado pela força peso sobre o mancal aerostático e, dependendo do perfil
utilizado, maior será a deflexão da guia. (Figura 3.9)
Rco Rcx
Base q Fpeso
Figura 3.9 – Comprimento total da guia horizontal em função dos raios e do tamanho do porta-
ferramenta
O maior problema, para qualquer guia a ser escolhida, é a pouca área disponível para
fixá-las, devido à forma e dimensões da base R-q existente no torno Moore/LMP.
Com isso, uma guia prismática de deslizamento tipo cauda de andorinha é um bom
ponto de partida, pela facilidade e custo de fabricação e pela rigidez que oferece.
Adicionalmente, o ANEXO C apresenta uma tabela comparativa entre os diversos tipos
de guias, o que auxilia na busca de soluções alternativas, caso se estejam buscando propriedades
mecânicas mais específicas.
O sistema de microposicionamento da ferramenta será apresentado em detalhes no
final do Capítulo 3.
7
Quanto maior a linha de força – linha imaginária que vai da ponta da ferramenta, passando pelo torno até atingir a
peça de trabalho - maior será o momento gerado pelas reações às forças de usinagem, causando um erro de
posicionamento entre a ferramenta e a peça. No entanto, as forças de usinagem na ultraprecisão geralmente estão na
ordem do mN.
51
Conforme o item anterior, o projeto ou escolha da guia a ser instalada sobre a base R-q é
relativamente dependente das dimensões do porta-ferramenta, o que torna necessário que o
projeto ou escolha da guia ocorra paralelamente ao desenvolvimento do porta-ferramenta. No
entanto, a união da base do porta-ferramenta com a parte móvel da guia localizada sobre a base
R-q (guia horizontal) ou sobre a base original do torno Moore/LMP, pode ser projetada de uma
forma mais independente, ao se optar por uma peça intermediária, com um dos lados compatível
com a base do torno ou a base R-q e o outro lado compatível com a base do porta-ferramenta.
Caso se opte por uma solução mais integrada, o projeto do acoplamento deve ser
executado juntamente com os projetos das guias e do porta-ferramenta.
Base R-q. Para minimizar os erros de geometria descritos no item 1.3 - Ajustagem, a
quina da ferramenta deve coincidir sempre com uma linha que passe pelo centro da base q,
conforme a Figura 3.10a, evitando assim que o raio gerado esteja fora do especificado.
Para que isso aconteça, pode-se usar um dispositivo de ajustagem entre o porta-
ferramenta e a base q8 (Figura 3.10b), na própria ferramenta ou projetar um dispositivo de
acoplamento de alta repetitividade que garanta um correto posicionamento do porta-
ferramenta sobre a guia horizontal instalada e ajustada sobre a base R-q.
a b
Figura 3.10 – a) Guia montada e alinhada sobre base q, b) Fixação do porta-ferramenta sobre
um dispositivo intermediário para ajustagem (Base X-Y)
8
Tipo uma base X-Y, usado não somente para o alinhamento da ferramenta mas também para ajuste do raio.
52
Base original do torno. Nesse caso o porta-ferramenta é instalado sobre uma mesa plana
retificada que possui uma série de rasgos ( T groove) usados para a fixação dos dispositivos. Ao
contrário da base R-q, as ajustagens para (ou após) a fixação do porta-ferramenta são pequenas,
sendo que na maioria das vezes são executadas pelas guias originais do torno (mesa e
acionamentos originais).
a b c
9
O vetor da força de contato entre a esfera e o sulco V deve interceptar o plano em que ocorre a ação de
acoplamento a um ângulo de 45º. Por isso, o ângulo efetivo (de usinagem) dos sulcos é função do raio das esferas a
serem usadas no acoplamento. Como indicação, um ângulo de 45o privilegia um balanceamento da rigidez, enquanto
60o possui uma habilidade maior de centragem. (Slocum, 1992)
54
a b c
A Figura 3.12c apresenta uma forma de acrescentar rigidez ao utilizar uma linha de
contato (esfera – cone) em cada acoplamento. Por ser uma concepção superdeterminada, o
acoplamento deve ser perfeito. Para acomodar pequenas falhas de manufatura, sem comprometer
a rigidez do conjunto ou adicionar GL no sistema, pode-se notar o uso de elementos de flexão
em cada uma das pernas (representado dentro do círculo pontilhado).
A mesma solução é utilizada na concepção mostrada na Figura 3.11c, ao se utilizar o
contato entre cilindros e planos. O contato entre os dentes inferiores (planos) e superiores
(cilíndricos - Figura 3.13), fornecem 3 linhas de contato.
Figura 3.13 – Parte superior do acoplamento da Figura 3.11c. (Hale, 1999, Hale; Slocum, 2001)
Por fim, a Figura 3.11b apresenta a opção do acoplamento cônico, onde a maioria das
restrições dos GLs é função do contato plano – plano. Dependendo as opções de ângulos
utilizados no seu projeto, o sistema é auto-centrante e auto-travante, além de possuir alta rigidez.
Possui ainda a possibilidade de rotacionar em torno do próprio eixo. Seu projeto e manufatura
são relativamente simples e os cálculos necessários para seu correto dimensionamento podem ser
encontrados em livros de elementos de máquinas, porém, não com um enfoque voltado para
acoplamentos de precisão.
55
Apresentados com mais detalhes, os diferentes tipos de acoplamento, a idéia agora é sua
implementação no porta-ferramenta. Para uma base R-q, o uso de um acoplamento que permita
uma remontagem precisa e livre de ajustes é mais uma vantagem durante o set-up do torno. Uma
vez ajustada a base R-q, o porta-ferramenta poderia ser desmontado e instalado em uma outra
base e posteriormente remontado, sem a necessidade de ajustes posteriores.
A concepção da Figura 3.11c apresenta uma solução compacta e compatível com bases
de diversos tamanhos, uma vez que a única coordenada em comum entre os dentes da base e a
parte superior são os ângulos que separam cada um dos dentes. Isso permite que uma base
pequena possa acoplar um porta-ferramenta grande ou vice-versa. Adicionalmente, essa
configuração fornece uma base plana, que faz com que o porta-ferramenta possa ser colocado
sobre outros tipos de bases. O acoplamento cônico (Figura 3.11b) também é uma solução
interessante, pois com boas características de acoplamento ainda possibilita a rotação do gume
da ferramenta. Assim, pode ser usado para se isolar uma determinada região do gume quando o
porta-ferramenta não estiver em uma base q. No entanto, para que o conjunto desfrute dessas
características de acoplamento, é necessário que o cone tenha uma certa profundidade, o que
pode comprometer um arranjo mais compacto.
Para a mesa da base Moore, é necessário que as áreas de contato entre o porta-ferramenta
e a mesa do torno tenham um bom paralelismo e um bom acabamento superficial. Nesse caso,
um contato plano-plano em três regiões seria a melhor aproximação de uma base estaticamente
determinada. O único detalhe seria o de prever os corretos pontos de fixação entre a base do
porta-ferramenta e as ranhuras em forma de T invertido da mesa do torno Moore/LMP.
A Figura 3.14 apresenta uma concepção completa e montada sobre uma base R-q. O
conjunto poderia ser mantido no lugar através de um parafuso ou de forças magnéticas.
A Figura 3.15 apresenta essa concepção montada sobre o torno Moore/LMP, na qual se
podem observar, mais facilmente, as soluções empregadas, os problemas de montagem e os
pontos fracos causados pelas dimensões do conjunto. O desenho reproduz as dimensões e a
configuração do torno encontrada durante a realização do trabalho.
a b c d e
Essas hastes normalmente são padronizadas, com um bom acabamento superficial e uma
estreita tolerância de fabricação, sendo inclusive retificadas. No entanto, seu comprimento varia
bastante e a extremidade onde o diamante é inserido pode possuir diferentes formas.
Dependendo da aplicação, somente uma parte da ferramenta fica à mostra ou,
dependendo da região que se deseja usinar, sua fixação se assemelha muito à de uma viga em
balanço, pois a ferramenta deve usinar a peça em um ponto de difícil acesso sem que ocorra o
contato entre a peça de trabalho e o porta-ferramenta.
Analisando diversos porta-ferramentas, verificou-se que a grande maioria fixa a
ferramenta com um grupo de parafusos que entram em contato diretamente com a haste da
ferramenta. Assim, obtém-se uma série de pontos de contato na parte superior da haste e um
contato plano-plano na parte inferior.
Em princípio, essa fixação não pode ser considerada a melhor solução, uma vez que a
ferramenta está sob a ação de diferentes tensões e deformações. Como apresentado
anteriormente, o contato plano-plano entre a haste e o porta-ferramenta deveria ser modificado
para um acoplamento não superdeterminado e a parte superior com algum dispositivo que
distribuísse a pressão de modo uniforme (Figura 3.17). Sob esse ponto de vista, os sistemas de
fixação de ferramentas cilíndricas possuem uma melhor solução.
Força de fixação
a b
Esse tipo de haste possui a vantagem de ser posicionada por um único elemento de
fixação e uma grande base para distribuir as forças de fixação. Essa modificação de haste pode
59
ser um ponto de partida para a elaboração de um novo meio de fixação de ferramenta, no qual a
ferramenta original é fixada em uma nova haste.
No caso de um torno R-q, a rotação da ferramenta fica mais restrita. Se a quina da
ferramenta não estiver alinhada em relação ao centro da base q, ocorre um erro de geometria,
pois o raio gerado será diferente do de projeto.
A solução mais simples é fazer uma usinagem de calibração e compensar o raio após a
rotação da ferramenta. O problema é que quanto maior a rotação sofrida pela ferramenta, maior
deverá ser a compensação para um mesmo raio desejado na peça. Esse aumento da compensação
acontece também à medida que o raio de projeto aumenta e o ângulo de rotação da ferramenta
permanece fixo. Entretanto, o maior problema está em introduzir corretamente essa
compensação, pois, em alguns casos, o raio deve ser modificado poucos micrometros. Isso
justifica a utilização de dispositivos ou soluções que reduzam esses erros, como apresentados na
Figura 3.20.
a a b b
problemas dessa solução é que a distância entre a quina da ferramenta e a base não pode ser
mudada.
Dando continuidade ao item 3.1, o objetivo desse item é de apresentar melhor o princípio
utilizado para o microposicionamento da ferramenta.
Dentro da ajustagem, o maior enfoque deste trabalho está no ajuste micrométrico da
ferramenta. Esse item será, portanto, bastante detalhado e posteriormente (Capítulo 5) ilustrado
com uma aplicação prática em um porta-ferramenta.
Ø Alta rigidez - porém intimamente ligada ao curso, pois, via de regra, quanto maior a rigidez,
mais limitado é o curso.
Ø Imune a problemas ambientais - exceto a elementos que ataquem quimicamente seu eixo
flexível.
Ø Projeto e construção fáceis - o que permite a criação de modelos mais complexos com os
mais diversos tamanhos. No entanto, imperfeições na construção ocasionam movimentos não
desejados, também chamados movimentos parasitas10.
Ø Podem ter virtualmente qualquer tamanho e forma - sendo limitadas somente pela
criatividade do projetista e, principalmente, pela disponibilidade de uma maneira de poder
manufaturá-la.
Ø Custo de fabricação acessível e com diversas possibilidades de manufatura.
a b
10
O termo movimento parasita será melhor definido no Capítulo 6.
62
O pivô elástico é a base para qualquer guia linear flexível utilizada nas concepções. A
combinação entre pivôs e das barras de união entre eles leva aos mecanismos de
microposicionamento, definindo suas características de posicionamento. Por isso que é
necessário sua correta definição e entendimento antes da apresentação de combinações mais
complexas.
63
h ax
Fz
t Fx
z Mz
x
Figura 3.22 - Dimensões de uma guia flexível e várias forças e momentos que causam sua
deflexão
11
As equações originais foram baseadas no cálculo da flexibilidade (1/k) de uma viga. No entanto, no decorrer do
capítulo será usado o termo rigidez (k), por se tratar de uma relação de uso mais comum no projeto de máquinas-
ferramenta.
64
¨ Uma força Fy aplicada na extremidade da viga também ocasiona uma deflexão através de
um ângulo az. Nesse caso, a flexibilidade é dada pela relação az/Fy.
¨ Deflexão linear dy ao longo do eixo Y - Quando se aplicar uma força Fy ou um momento
Mz, ocorre uma deflexão linear ao longo do eixo Y (dy). A flexibilidade nesse caso é a
relação entre dy/Mz para o momento e dy/Fy quando sob a ação de uma força.
Ø Deflexão sobre o eixo Y – O eixo Y ou eixo transversal - É o eixo cuja resistência ao
movimento é maior, possuindo coeficiente de flexibilidade ay/My, quando sob a ação de um
momento e ay/Fz, quando sob ação de uma força transversal Fz aplicada na extremidade da
viga.
¨ Deflexão linear ao longo do eixo Z – Quando se aplica uma força Fz ou um momento
My, ocorre uma deflexão linear em Z (dZ). Novamente, a flexibilidade nesse caso é uma
relação, agora de dz/My e dz/Fz.
Ø Deflexão linear ao longo do eixo X – A deflexão nesse caso é causada por uma força Fx. O
eixo longitudinal X deve ser rígido o suficiente. A flexibilidade nessa direção é dada pela
relação dx/Fx.
Ø Flexão por força de cisalhamento (shear compliance) – Causada por uma força de
cisalhamento aplicada no final da parte livre da viga. É dada pela relação dY/Fy, que é igual
à relação dz/Fz.
Se considerar que praticamente toda a flexão ocorre no centro da parte mais fina da viga,
que funciona como um pivô elástico, a escolha da geometria e forma de uma guia flexível
determina seu comportamento e suas limitações (flexibilidade e exatidão). No entanto,
determinar a melhor geometria é uma tarefa importante, mas difícil.
A correta geometria é função de limitações particulares de cada projeto e de uma série de
parâmetros, como por exemplo:
_ Rigidez ou flexibilidade _ Dimensões permitidas
_ Capacidade de carga _ Ambiente
_ Deslocamento necessário _ Facilidade de manufatura
A Figura 3.23 apresenta as soluções geométricas básicas para a construção de pivôs
elásticos e, logo em seguida, serão apresentadas as formulações matemáticas para o correto
dimensionamento dessas diferentes geometrias
65
ay » ax
2×ax ax = ay
elípticas
Rf
laminar Circular efetiva
Figura 3.23 – Tipos de geometria normalmente utilizadas - Circular, Elíptica e Laminar (Xu;
King, 1996)
1. Viga circular
az æ ö
÷÷ × (Fbg )
3 1
= × çç Equação 3.2
M z 2 × E × b × a x2 è 2b + b
2
ø
t
sendo b = e Fbg é calculado pela expressão:
2a x
ì -1
æ 2+ b öüï
ïæ 1 + b 3 + 2b + b ö
2 æ 6(1 + b ) ö ç g -b ÷
ç
íç 2 + ÷ × - ( + b - g ) 2
+ ç ÷ × × 2 ÷ý
ïè g ( 2 ÷
g 2b + b ø ) 1 1
ç (
è 2b + b
2 3/ 2 ÷
ø
tan
) ç
è
b 1 - (1 + b - g ) øï
î þ
h
onde g =
2 × ax
66
No caso de uma viga com a geometria circular efetiva, a altura h é definida por
h = 2 × a x + t , e ax é o raio.
2 × ax + t t
g = = 1+ = 1+ b Equação 3.3
2 × ax 2 × ax
Com isso, a Equação 3.2 se reduz a:
az
× (Fb )
3
= Equação 3.4
M z 2 × E × b × a x2
onde E é o módulo de elasticidade do material (GPa), b é a espessura da viga (mm), ax é o raio
do furo que delineia o pivô (mm) e
ö ìïæ 3 + 4 b + 2 b 2 öüï
-1
ö æç 6(1 + b ) ö æ 2+b
Fb = æçç 1
÷÷ × íçç ÷÷ + ÷ × tan ç ÷ý
è 2b + b
2
ø ï îè
(
(1 + b ) 2 b + b 2 ) (
ø çè 2 b + b 2 )
3/ 2 ÷
ø
ç
è b ÷
øïþ
Equação 3.5
Se ainda a viga possuir b =<< 1 e b << g , ou seja, sua espessura t é muito menor que a
altura da viga h e o raio utilizado ax, a Equação 3.4 pode ser simplificada novamente. Com isso a
equação que identifica a deflexão angular az causada pela aplicação de um momento Mz, em uma
viga circular efetiva, é dada por:
az 9 ×p × ax
1/ 2
» Equação 3.6
M z 2 × E ×b ×t5/2
que é a equação que define com base na geometria e no material utilizado qual a flexibilidade
desse pivô na sua direção de menor resistência. Essa é a equação mais utilizada no
dimensionamento de qualquer viga circular efetiva.
A Figura 3.24 apresenta a diferença (erro %) entre os valores obtidos pelas Equação 3.4 e
Equação 3.6, em função da relação t/2ax .
· Alternativamente, quando t<ax<5t e h/(2ax+t) » 1 , tem-se uma aproximação empírica, obtida
através de uso de elementos finitos, onde: (Smith; Chetwynd, 1992)
az 24 × C × R
» Equação 3.7
Mz E ×b ×t3
sendo R = ax e C é uma fator de correção geométrico dado por
t
C = 0,565 × + 0,166 Equação 3.8
R
67
Diferença %
12
10
8
6
4
2
0
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 0.4
b
Figura 3.24 – Diferença entre a flexibilidade calculada pela Equação 3.4 (completa) e a versão
simplificada (Equação 3.6). (Smith, 1997, 2000)
· Ainda baseado nessa aproximação, é possível determinar o momento máximo que a viga
pode suportar.
b ×t2
Mz max = × s max Equação 3.9
6 × Kt
onde smax é função do material e é a tensão de tração máxima permitida (ou qualquer outro
critério, como a tensão de escoamento sy), e Kt é um fator de concentração de tensão causado
pela forma de uma viga circular efetiva, e dado por K t = (1 + b ) quando 0<b<2,3 .
9 / 20
4 × E × a x2 × K t
s = ×a z
Fb × t 2
Equação 3.10
E×K
\s = 2 t × a z
b × Fb
Permitindo, assim, uma estimativa da tensão na região do pivô para um determinado ângulo az
(em rad) aplicado.
Com uma pequena modificação, a Equação 3.10 pode contribuir com mais um critério de
avaliação no projeto de uma viga flexível – a máxima espessura t que o pivô pode ter em função
de um deslocamento angular sem que o material da viga atinja uma determinada tensão máxima.
4 × E × a x2 × K t a z
t2 = × Equação 3.11
Fb s max
Ou, para uma avaliação mais simples, com base na Equação 3.6
68
2
9 ×p 2 × a æs ö
t = 2 2 x × çç max ÷÷ Equação 3.12
K t × E × 16 è a z ø
Substituindo a Equação 3.12 na Equação 3.6, pode-se ainda determinar a máxima rigidez
(K) que o pivô12 pode ter com base em um dado deslocamento angular.
5
b × p 4 × a x2 æs ö
K max » × çç max ÷÷ Equação 3.13
19 × K t5 × E 4 è az ø
Com base nas análises de Paros e Weisbord, Stuart T. Smith (1997) adaptou o
procedimento utilizado para obter a equação de az/Mz para um pivô formado por duas elipses.
Com isso:
az 3 × e × f (b y )
= Equação 3.14
M z 2 × E ×b × ay2
t t a by
onde b y = , bx = ee= x =
2a y 2a x ay bx
ax
Fazendo a y = e b y = e × b x , a equação para uma viga tipo elipse fica igual à Equação
e
3.4, exceto pelo acréscimo da relação entre o raio maior e menor, como se pode observar abaixo.
az 3 × e 3 × f (e × b x )
= Equação 3.15
2 × E × b × ax
2
Mz
onde E, b, ax e f ( ) são os mesmos parâmetros definida na Equação 3.4, exceto para a Equação
3.5, que para utilizá-la, deve-se fazer b = e × b . A Equação 3.15 pode ser considerada uma
equação genérica, visto que quando e=1, a geometria é circular, e quando e = ¥, sua geometria é
tipo lâmina.
az 2 × ax
= Equação 3.16
Mz E×I
onde 2ax é o comprimento da viga (em mm), e apenas escrito dessa maneira para uniformizar e
facilitar a comparação com outras geometrias. E é o módulo de elasticidade do material (GPa) e
I, o momento de inércia da viga.
Uma vez demonstrados os três tipos de vigas mais comuns e tendo como base a Equação
3.15, a Figura 3.25 relaciona rigidez (K) com bx e a forma da viga (função de e). Com base no
gráfico da Figura 3.25, verifica-se que para um mesmo bx, a rigidez aumenta com a diminuição
do e, ou seja, a viga tipo circular é a geometria que permite uma maior rigidez para uma mesma
relação t/2ax. Isso permite deduzir que essa geometria permite para uma mesma rigidez a criação
de pivôs mais compactos.
K (N×m/rad)
450 e
375 _1
_ 1,2
300
_ 1,6
225 _2
1
_3
150
_ 10
1000 _ 100
75
_ 1000
0
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
bx
Figura 3.25 – Rigidez de uma viga tipo elíptica (Smith, 2000)
E = 207 GPa, b = 1 mm, ax = 10 mm
Ao se observar a linha pontilhada horizontal, pode-se ter uma idéia de quais valores de e
e bx deveriam ser modificados para se obter uma determinada rigidez, prevendo assim as
dimensões finais que o pivô deveria possuir.
12
Rigidez nada mais é que o inverso da flexibilidade, ou seja: Kazbz = Mz/az , cuja unidade é N.mm/rad
70
As equações até aqui apresentadas caracterizam a rigidez de uma viga (pivô elástico)
somente em relação ao seu eixo mais sensível ao movimento, representado aqui pelo eixo Z. Isso
se deve ao fato de que, devido à geometria utilizada na construção do pivô (Figura 3.22 e Figura
3.23), é em torno do eixo Z que ocorre mais facilmente a deformação elástica e
consequentemente acontece rotação. Assim, numa condição de projeto, é a rigidez em torno do
eixo Z que deve ser dimensionada.
A determinação do comportamento fora desse eixo é interessante para prever o
aparecimento de movimentos não desejados ou para prever limitações de uso. Esses movimentos
são mais evidentes quando a força ou o momento aplicado na viga não coincide integralmente
com Mz ou Fy.
O ANEXO D apresenta as equações que descrevem o comportamento da viga nos outros
eixos, quando sob a ação de forças e momentos, conforme apresentado no item 3.4.2.
Adicionalmente, esse anexo apresenta algumas variações construtivas das vigas aqui
apresentadas, além de diferentes formas.
P1 P3
F
L
az
P2 P4
x
y
z
Figura 3.26 – Mancal linear simples
71
Um mancal linear simples é formado por quatro pontos de rotação (pivôs elásticos P1 à P4
na Figura 3.26) localizados em duas vigas ou pernas. Analisando somente uma viga com um
pivô elástico, uma força F aplicada em sua extremidade causa uma momento F × L no pivô. No
entanto, no mancal de mola, essa força é absorvida por dois pivôs localizados a uma distância L
um do outro. Assim, em uma perna, o momento em cada pivô é (F / 2) × L . Como o mancal linear
simples possui duas pernas, o Mz em cada um dos pivôs é de (F / 4) × L , e os faz deslocar por um
FL
ângulo az. Visto que q = L × a z e M z = , a relação az/Mz pode ser representada por
4
4×q
F × L2 Equação 3.17
Com isso, é possível determinar qual o deslocamento que um mancal linear terá ao se
aplicar uma determinada força F (flexibilidade) ou qual a força necessária para deslocar o
mesmo sobre uma distância q (rigidez).
Uma vez escolhida a geometria da viga, pode-se calcular a rigidez ou a flexibilidade de
um mancal de mola. Como exemplo, igualando a Equação 3.17 à Equação 3.6 (viga circular
efetiva), temos que a rigidez do mancal é:
F 8 × E × b × t5/ 2
K mancal = » Equação 3.18
q 9 × p × L2 × a 1x / 2
e no caso de t<ax<5t e h/(2ax+t) » 1 , há uma melhor aproximação (baseada no uso de elementos
finitos) dada por: (Smith; Chetwynd, 1992)
F E ×b ×t3
K mancal = » Equação 3.19
q 6 × C × L2 × R 2
t
onde C = 0,565 × + 0,166 e R = ax
R
O deslocamento máximo normalmente é governado pelas tensões que ocorrem na parte
mais fina da viga (pivô) e, com isso, é possível determinar o deslocamento máximo do mancal
em função do material. Tendo como base a Equação 3.10:
b 2 × Fb × s max × L
q max = a max × L = Equação 3.20
E × Kt
onde novamente smax depende do critério de falha escolhido (cisalhamento, tração, etc.).
Caso a força de deslocamento seja aplicada fora da distância L/2, como por exemplo, na
base móvel, não haverá mudanças na rigidez nem no deslocamento. No entanto, o deslocamento
72
máximo possível será reduzido, pois haverá um aumento da tensão junto aos pontos de rotação
das vigas devido aos momentos gerados.
3.4.5 Comparação entre solução por elementos finitos e pelo método analítico.
Para as aplicações mais básicas, como guias flexíveis simples (1 ponto de rotação) ou sua
combinação mais utilizada – o mancal linear simples – , o uso das equações até aqui
apresentadas suprem bem as necessidades de projetos. No entanto, à medida que as combinações
de geometria e forma dessas guias assumem formas mais complexas, o uso de elementos finitos
(EF) aparece como uma ferramenta que permite aliar a criatividade com resultados que
poderiam ser obtidos somente através de muitos cálculos ou da avaliação de protótipos.
A idéia aqui apresentada é a de fazer o uso das equações como um direcionamento de
projeto, ou seja, para avaliar como cada um dos parâmetros da viga influencia na rigidez, no
deslocamento e nas limitações de uso de um sistema de microdeslocamento e, por fim, utilizar a
análise por elementos finitos para visualizar os resultados e propor alterações ou otimizações.
K (Nm/rad)
450
400
350
300
250 K completa
K simplificada
200 K el.finitos.
150
100
50
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3
b
Figura 3.27 – Rigidez em função de b, obtida a partir do uso das equações 3.2, 3.3 e do uso de
EF. (Smith, 2000)
ax=10mm, b=1mm, E=207 GPa
Se utilizarmos os resultados por EF como sendo o valor ‘real’, uma outra aplicação desse
estudo é a de indicar o grau de diferença entre os valores obtidos entre o uso das equações e o
uso de EF. Uma vez que o uso de programas de elementos finitos ainda não é uma ferramenta
73
largamente utilizada, seja por causa dos altos custos do programa ou pelo seu uso/interpretação,
o conhecimento dessa diferenças fornece mais informações no projeto de um sistema de
microposicionamento com o uso de elementos flexíveis. Como exemplo, com o gráfico
apresentado na Figura 3.27, pode-se verificar os diferentes valores da rigidez (Mz/az) de uma
viga tipo circular, com o uso da Equação 3.4, Equação 3.6 e EF.
Para vigas do tipo elípticas, a Figura 3.28 apresenta a diferença (erro) encontrada ao se
calcular a rigidez via EF e no uso da Equação 3.1513. À medida que o valor de e cresce, a
equação converge para a equção da qual foi originalmente derivada, ou seja, a de uma viga
simples engastada, cujo comportamento observado através da análise por EF é bem parecido.
Se por um lado, a medida que o pivô se aproxima de uma viga tipo lamina os valores via
EF são bem semelhantes com o modelo analítico, o comportamento é oposto quando e = 1, ou
seja, quando o pivô é formado por duas circunferências.
Erro %
12
10
8
bx
6
0,06
4 0,12
0,20
2
0
2 4 6 8 10
-2
e
Figura 3.28 – Erro entre a rigidez obtida via Equação 3.15 e EF (Smith, 2000)
Dando continuidade aos estudos das diferentes geometrias das vigas, falta ainda
determinar o parâmetro que une a rigidez do sistema com o deslocamento especificado. Esse
parâmetro é a direção, sentido e a intensidade das forças que estarão agindo sobre um mancal de
mola, principalmente nos pivôs elásticos.
Baseado na Figura 3.23, a viga circular efetiva representa uma das extremidades, sendo a
configuração com maior rigidez. Também por ser a geometria mais utilizada, é a sobre a qual
13
Note que a equação está representada originalmente na forma de flexibilidade.
74
existe mais estudos realizados, inclusive sobre as tensões, cujos cálculos foram previamente
apresentados.
No outro extremo, está a viga tipo lâmina com ângulo reto que, por possuir uma maior
flexão devido à sua baixa rigidez, permitem grandes deslocamentos, no entanto, com problemas
de tensão localizada. Sendo assim, o compromisso entre rigidez e deslocamento está em uma
geometria intermediária e ambos são unidos pelas tensões que aparecem na viga.
Xu e King (1996), baseados em vigas modeladas com o uso de elementos finitos,
determinaram uma série de gráficos (Figura 3.29 à Figura 3.31) que mostram o comportamento
da tensão em uma viga padrão em função da carga aplicada e dos seus parâmetros construtivos14.
As vigas tipo lâminas modeladas possuem o canto arredondado com um raio Rf e as elípticas
possuem o eixo menor (raio menor) caracterizado pela letra ay.
Devido aos parâmetros escolhidos, quando Rf ou ay são iguais à 5mm, a viga é do tipo
circular efetiva e quando Rf ou ay são iguais a 0mm, a viga é completamente laminar, possuindo
um ângulo de 90o. A configuração geométrica de cada viga modelada é mostrada na Tabela 3.1 e
os gráficos obtidos através do uso de EF são apresentados em seguida.
Nesse estudo, os ensaios foram feitos para uma configuração de viga que possui uma
relação de b na ordem de 0,1. Diferentes b irão produzir resultados diferentes, entretanto as
conclusões tendem a se manter.
O gráfico da Figura 3.29 mostra a flexão da viga em função de uma força F aplicada e
das modificações introduzidas na sua região central. O valor da tensão máxima foi gerado por
um software de elementos finitos.
A partir dele, algumas conclusões foram obtidas (Xu; King, 1996)
Ø Com o incremento da flexibilidade, o que leva à uma maior flexão, ocorre também um
incremento nas tensões máximas lidas.
14
Todas as vigas modeladas possuíam E= 208GPa, t=1mm, ax=5mm, b=5mm e um comprimento de 20mm entre um
extremo ao outro.
Para um raio igual a zero, a tensão “teórica” seria infinita. No entanto o software de EF fornece o valor menor,
dependente da malha usada. Assim deve-se interpretar com cuidado os valores gerados nessa situação.
75
6 ay=5
Carga (N) Elíptico Laminar
5 Rf=5
ay=5 40
4 ay=0.5
ay=0.5 30
3
Rf=5 Rf=0
2 ay=5 10
ay=0
1 ay=0.5
0
0 10 20 30 40 50 60 x10-2mm
Ø Uma vez que o raio de arredondamento ou o eixo menor assumem o valor zero, a maior
flexibilidade é atingida. No entanto, é nessa configuração que aparecem os pontos com maior
concentração de tensão (veja também Figura 3.31).
Ø O melhor compromisso entre flexibilidade e baixa tensão é obtido pelas vigas tipo elípticas,
cujo ponto ótimo aparece quando ay é aproximadamente 5% de R, ou seja, nesse caso,
quando ay=0,5mm.
Ø Vigas circulares verdadeiras possuem uma rigidez muito alta, o que as torna pouco
aconselháveis para grandes deslocamentos, pois a tensão máxima sobe muito com o aumento
da flexão.
A Figura 3.30 confirma que existe uma substancial queda na máxima tensão lida quando
se usa um Rf ou ay de 0,5mm (5% de R ou 2ax), o que é uma informação de projeto útil, uma vez
que se podem diminuir as tensões sobre a viga sem comprometer muito o deslocamento.
x102 MPa
8
Tensão máxima
2
40
0
0 0.5 1 2 3 4 5mm
Rf ou ay
Figura 3.30 – Tensão máxima sob diferentes forças de flexão (Xu; King, 1996)
76
Adicionalmente, para as vigas elípticas, observa-se que para uma força F constante, a
máxima tensão varia pouco a partir de ay=0,5mm, o que significa que se pode aumentar a rigidez
da viga variando ay sem grandes preocupações com as tensões.
A Figura 3.31 apresenta uma melhor visualização de como a tensão concentrada se
desloca com a mudança na geometria do pivô.
ay = 0 ay=0,25 ay=0,5
ay = 1 ay = 3 ay = 5
Determinar a intensidade das forças que ocorrem no pivô é importante para saber se,
dada uma condição de operação, ele resistirá. Assim, identificam-se possíveis situações onde ele
se deformará plasticamente ou irá apresentar algum outro tipo de comportamento, como por
exemplo flambagem15.
Para complicar ainda mais a situação, muitas vezes, essa viga estará sob a ação de um
grande número de forças cíclicas, sendo então necessário determinar sua vida útil ou projetá-lo
para uma vida infinita. Exemplificando, a Figura 3.32 apresenta um gráfico que ajuda a
identificar a melhor geometria com base na tensão limite de fadiga (faixa superior). Para
determinar o limite de resistência à fadiga, um pulso de tensão, sem causar tensão de
cisalhamento, foi assumido. Então, uma tensão cíclica média sm igual à metade da tensão de
escoamento do material com uma tensão de amplitude sa igual à tensão de escoamento do
material foi aplicada à viga. De acordo com a equação abaixo, a primeira aproximação da tensão
limite de fadiga sl é igual a aproximadamente metade da tensão de escoamento.
15
Como exemplo, está o estudo de caso I do capítulo 7 do livro “Flexures”, que utiliza vigas tipo lâminas.
77
x102MPa
8 ay=0
Tensão máxima
3.5 Conclusões
Este capítulo tinha como objetivo permitir uma melhor avaliação das concepções
apresentadas do final do Capítulo 2, através de um maior conhecimento dos princípios utilizados
em cada sub-sistema do porta-ferramenta. A avaliação ou escolha das melhores concepções
depende de um bom conhecimento das soluções empregadas.
Para grandes deslocamentos, foram apresentados guias lineares. Nesse caso, os modelos
mais comuns foram adaptados para serem utilizados em um porta-ferramenta. O destaque se dá
para a utilização de configurações que procurem reduzir ao máximo o uso de superdeterminação,
o que, em parte, melhoraria o seu desempenho para serem utilizadas em posicionamentos
78
precisos. Esse conceito foi em parte utilizado na hora da escolha das guias de deslizamento para
o sistema de macroposicionamento do porta-ferramenta e na apresentação das soluções utilizadas
no sub-sistemas de acoplamento de alta repetibilidade entre o porta-ferramenta e os diversos
tipos de base.
Também foi enfocado o sub-sistema de fixação da ferramenta, assim como algumas
alterações que visavam a um correto ajuste da quina da ferramenta quando o porta-ferramenta
fosse utilizado em um torno R-q. Desse modo, as relações entre dois sub-sistemas (fixação e
ajustagem) foram mostradas como sendo realizados em um mesmo dispositivo.
No entanto, o enfoque principal do capítulo foi no microposicionamento da ferramenta,
que é uma etapa comum a todas as ajustagens, principalmente quanto à altura da ferramenta e à
profundidade de corte.
A guia flexível é uma das melhores soluções para quando se deseja um posicionamento
preciso e exato, no entanto, são utilizadas para deslocamentos muito pequenos. Seu desempenho
está relacionado ao tipo de pivô escolhido. O pivô laminar com bordas arredondadas é a
configuração mais flexível, por isso é o mais indicados para grandes deslocamentos, uma vez
que o pivô pode sofrer uma grande rotação antes que o material deforme plasticamente ou
rompa. No entanto, do que muitas vezes se necessita são construções com uma rigidez alta.
Assim, as vigas circulares são as que permitem uma maior rigidez em uma construção compacta,
além de serem a de manufatura mais fácil. No meio termo, estão as vigas elípticas, que podem
não permitir um deslocamento tão grande, mas proporcionalmente às vigas laminares apresentam
um nível de tensão menor para um mesmo deslocamento.
As equações apresentadas visam dar uma boa base de apoio ao projetista, uma vez que
ele pode perceber melhor os resultados ao se mudarem determinadas características construtivas
do pivôs ou utilizar as equações para gerar uma geometria inicial que atenda determinadas
características de projeto. Comparando os resultados analíticos com os resultados via EF, a
correlação é boa até um valor de b = 0,2. Acima desse valor, ou quando se utiliza valores de t
maiores que 3mm (mesmo para um b de até 0,2), uma análise posterior através de EF é
recomendável.
79
4 Capítulo 4
Materiais piezelétricos são materiais que modificam suas dimensões quando uma tensão
é aplicada (atuadores) e produzem uma tensão quando uma pressão é aplicada sobre ele
(sensores). São encontrados em diferentes tamanhos e formas, como observado na Figura 4.1.
Figura 4.1 – Diferente formas e tamanhos dos atuadores piezelétricos (PI, 2000)
16
Não existe um teste padronizado de medição de rigidez para atuadores piezelétricos. Atuadores piezelétricos de
diferentes fabricantes não podem ter sua rigidez comparada sem a apresentação de informações adicionais. No
entanto, via de regra, para uma seção transversal, quanto maior a altura das cerâmicas do atuador, menor sua rigidez
. (Phisik; Piezojena)
81
Caso se utilize uma tensão negativa, ocorre o ciclo inverso, caracterizado pela contração
da cerâmica. Mas essa contração não acontece até ocorrer uma saturação, ao contrário, após um
determinado valor (abaixo da referência - lado direito da Figura 4.2), a polarização do atuador
piezelétrico começa a mudar, causando sua expansão, à medida que a tensão fica mais negativa.
Completada a nova polarização, o comportamento é análogo ao caso inicial (incluindo os limites
elétricos), apenas com o detalhe que agora uma tensão positiva é a causadora da contração do
atuador piezelétrico. Esse comportamento faz com que o gráfico DL x V (deslocamento do
atuador x tensão aplicada) tenha a forma das asas de uma borboleta (Figura 4.2).
_ +
+ _
Figura 4.2 – Expansão da cerâmica piezelétrica em função de uma tensão elétrica (+ -) aplicada
Sendo assim, não se pode prever para onde o elemento irá se expandir ao se aplicar uma
determinada tensão, pois, inicialmente, não se sabe como o material está polarizado. Por isso que
normalmente os atuadores piezelétricos possuem uma faixa de operação que os deixa longe das
zonas de mudança de polarização e dos limites elétricos. Na prática, isso faz com que o
deslocamento total do atuador piezelétrico seja a somatória do deslocamento, desde uma tensão
negativa (10% da voltagem positiva) até a máxima tensão positiva (de 150 à 1500V, dependendo
do tipo construtivo).
17
Apesar de não haver problemas em suportarem grandes cargas mecânicas de compressão, na prática, não se
carrega o atuador com cargas maiores que 20 à 30% desse valor, pois ocorre a despolarização do atuador, perdendo
assim suas propriedades de reagir adequadamente.
82
Histerese e creep
Após uma mudança na tensão, por um breve momento, o atuador piezelétrico ainda se
expande (ou se contrai) muito pouco. No entanto, essa expansão (ou contração) continua vários
minutos após a aplicação dessa tensão, mas agora em uma taxa muito menor que nos segundos
iniciais. O creep depende da expansão do material, do tipo de cerâmica utilizada, de cargas
externas e do tempo. Seu cálculo se dá através das fórmulas e parâmetros fornecidos pelos
fabricantes de atuadores piezelétricos. A Figura 4.3 mostra esse tipo de comportamento, no
entanto, os valores mostrados são específicos para um determinado tipo de atuador.
Temperatura
18
Temperatura em que ocorre uma completa modificação na estrutura cristalina do material. No caso do atuador
piezelétrico passando de uma estrutura não simétrica (piezelétrica) para uma simétrica (não piezelétrica).
84
Força e deslocamento
Quando o atuador piezelétrico é utilizado em conjunto com um sistema que possui uma
determinada rigidez (Ks), como por exemplo, atuando contra um mancal de mola ou levando em
conta a rigidez da estrutura que está suportando o atuador piezelétrico, a Fpmax disponível é
reduzida, como mostrada na Equação 4.2.
æ 1- K p ö
Fp max efet . = K p × DL0 × ç ÷ Equação 4.2
çK +K ÷
è p s ø
A Figura 4.5 mostra a força gerada em função do deslocamento de um atuador
piezelétrico operando em diferentes voltagens. Quando totalmente bloqueado, o atuador gera
apenas força (nesse caso 3000N).
Direção de incremento
Deslocamento (mm)
da tensão (V)
Ks = 100 N/mm
Trabalho Max.
Ks = 300 N/mm
Força (N)
Quando totalmente livre, ele pode apresentar sua máxima expansão (nesse caso, 30mm ao se
aplicar 100V). Os pontos onde a linha pontilhada (Ks) intercepta a curva força/deslocamento
fornecem as respectivas forças e deslocamentos para uma determinada combinação
piezoatuador/Ks. O trabalho máximo é obtido quando o Kp e Ks são iguais. Nesse caso, o piezo
pode gerar deslocamento e força.
Quando se analisa somente o deslocamento, existem duas situações:
Ø Carga permanece constante – por exemplo, uma massa colocada sobre o atuador piezelétrico,
o que irá pressionar o mesmo. Nesse caso o ponto zero irá se deslocar (DLz) para baixo,
segundo a relação:
F
DL z = Equação 4.3
Kp
onde F, é a força peso. Como uma mola, o atuador piezelétrico é comprimido e essa energia é
armazenada pelo material cerâmico. Seu deslocamento nominal máximo, quando a tensão
máxima é aplicada, não muda, mas seu novo ponto zero (referência) estará agora à DLz
abaixo da referência original, conforme a Figura 4.6.
Dl
Voltagem
Figura 4.6 – Atuador piezelétrico sob a ação de uma força constante (Piezojena)
Ø A segunda situação é quando a força que atua sobre o atuador piezelétrico varia, como, por
exemplo, o atuador piezelétrico agindo sobre um sistema de rigidez Ks conforme a Figura 4.7.
Nesse caso, o deslocamento efetivo (útil) do atuador piezelétrico é dado pela relação:
æ Kp ö
DLefetivo = DL0 × ç ÷ Equação 4.4
çK +K ÷
è p s ø
86
Ao contrário do caso anterior, seu deslocamento nominal máximo (DL0) será comprometido,
sendo que o máximo deslocamento possível é agora DLefetivo. Como exemplo prático, um
atuador piezelétrico de rigidez Kp, agindo contra um sistema que possui uma rigidez Ks = Kp
terá seu deslocamento máximo reduzido pela metade.
Dl
Voltagem
Figura 4.7 – Atuador piezelétrico sob a ação de uma força variável (Piezojena)
Como observado, o atuador piezelétrico é análogo a uma mola, cujo deslocamento inicial
é dado pela variação de tensão sobre a cerâmica. Analisando mais detalhadamente essas relações,
observa-se que elas são somente uma adaptação das associação de molas em série descritas em
função de um dado deslocamento inicial conhecido.
Sendo assim, é necessário ter em mente as relações entre força e deslocamento nas
associações em série e paralelo, pois uma parte do deslocamento ou da força aplicada pelo
atuador piezelétrico não será transformada no deslocamento efetivo de um sistema de
posicionamento, mas sim será absorvida pelo sistema no qual o atuador está acoplado.
Para isso, o primeiro passo é determinar a rigidez real do conjunto que sofre a ação do
atuador piezelétrico. Duas regras são úteis para facilitar a lembrança das associações de molas
em série e em paralelo: (Hale, 1999)
· Regra 1: A flexibilidade equivalente das molas conectadas em séries é o somatória das suas
flexibilidades individuais, ou: aS = a1 + a2 + ... an
· Regra 2: A rigidez equivalente das molas conectadas em paralelo é o somatório das suas
rigidez individuais, ou KS = K1 + K2 + ... Kn
Com isso, o deslocamento efetivo do atuador piezelétrico, a força disponível e,
conseqüentemente, o deslocamento útil do sistema de posicionamento estão diretamente ligados
ao princípio de solução (sistema de posicionamento) escolhido e à maneira como atuador
87
piezelétrico é montado no sistema, o que é um fator que influi na seleção do atuador piezelétrico
mais adequado.
Os conceitos básicos apresentados aqui servirão como introdução para dois tópicos a
serem apresentados, um relacionado a um sistema de redução de movimento e outro relacionado
à perda de movimento efetivo quando se projeta um sistema de ampliação de movimento.
Para faixas bem maiores que a dos atuadores piezelétricos, os parafusos diferenciais e
micrométricos são também atuadores de baixo custo e de fácil aquisição e instalação.
Tal como os atuadores piezelétricos, são capazes de gerar grande força de deslocamento,
mas não em uma instalação tão compacta. Tipicamente, possuem um comportamento de
histerese e sua precisão de posicionamento está diretamente ligada aos erros de fabricação.
Por serem normalmente produzidos integralmente em metal, são sensíveis a variações
térmicas. No entanto, por trabalharem a velocidades muito baixas, não geram calor durante sua
operação.
A Figura 4.8 apresenta uma série de parafusos micrométricos comerciais. Dependendo do
modelo, o deslocamento pode variar de 4 a 80mm e são capazes de suportar cargas axiais que
variam de 4 a 80Kg. Uma divisão no tambor significa um incremento de 10mm, no entanto, sua
sensibilidade19 é de 1mm.
Escala
Tambor
19
Relação entre o movimento de saída e o de entrada. Apesar do deslocamento existir, não pode ser precisado pelo
operador.
88
a b
20
Menor diferença no movimento que pode ser discriminado pelo operador.
89
da rosca. Desse modo é melhor usar uma pré carga axial alta nos sistemas que dependem mais do
atuador que dos fixadores que mantêm o conjunto no lugar. (Smith; Chetwynd, 1992)
Hoje, o mercado oferece diferentes parafusos micrométricos em catálogo, sendo possível
encontrar o mais adequado aos requisitos do sistema, o que torna pouco usual a fabricação
própria de um modelo específico, uma vez que o resultado e os custos não seriam satisfatórios.
Já no caso dos parafusos diferenciais, modelos básicos que permitem incrementos
menores de 10mm podem, com um certo cuidado, serem facilmente construídos, no entanto, para
situações mais restritas, normalmente se opta também por modelos comerciais.
incremento mínimo controlável que ele pode dar ao atuador – excluindo aqui qualquer forma
de medição externa e mais exata.
Partindo do pressuposto de que internamente, o parafuso micrométrico possua uma boa
construção (tolerâncias de manufatura, acabamento, etc.), existe toda uma faixa entre uma
divisão e outra que poderia ser utilizada, o que é muitas vezes classificado de sensibilidade
do atuador.
Um motor que tenha um bom controle seria utilizado como uma forma simples e barata de se
possibilitar um deslocamento mais preciso. Como exemplo, podem-se citar motores de
micropasso ou motores corrente contínua com algum tipo de realimentação associada
(encoder), conforme apresentados na Figura 4.10.
Parafuso
Motor de passo a b
micrométrico Motor com encoder
Figura 4.10 – Parafusos micrométricos associados à motores elétricos – a) com motor de passo,
b) motor cc com encoder (PI, 2000)
Piezo
Figura 4.11 – Parafusos micrométricos associados a atuadores piezelétricos (Newport, 2000, PI,
2000)
Base móvel
Fole metálico
Parafuso micrométrico
Área menor
Área maior
Parafuso Micro.
x1,F x3,F
k1 k3
F k1 ( x1 - x3 )
x3 = =
k3 k3
Equação 4.5
x k1
\ 3 =
x1 k1 + k 3
Essa equação é a mesma que descreve o comportamento de um atuador piezelétrico em série
com um mecanismo de rigidez conhecida (Figura 4.7).
Como vantagens desse tipo de redutor, pode-se destacar: (Slocum, 1992, Smith ; Chetwynd,
1992)
Ø Mantém-se linear em deslocamentos relativamente longos (dependendo da configuração).
Ø Reduções muito grandes são possíveis.
Ø Podem-se usar molas com diferentes configurações (formas) e rigidez, o que pode
produzir pequenas forças com um controle preciso.
Ø Podem ser construídos integrados à base móvel.
Parte-se do princípio de que esses atuadores estão adequadamente conectados a uma base
móvel bem projetada e construída. Nesses casos, para bases que precisam ser deslocadas por
vários milímetros, as opções 1 e 2 são as mais indicadas.
Para pequenos deslocamentos, como no caso do uso de guias paralelas de flexão, as
opções 3 – parafusos micrométricos com sistemas hidráulicos - e 4 - redução por molas - são
boas opções, sendo que a última é a mais fácil de ser construída e a que permite gerar grandes
forças, o que a torna apta a deslocar bases de alta rigidez.
Figura 4.14 – Sistema integrado de posicionamento com amplificador de movimento (PI, 2000)
4.3.1 Alavancas
B
F2 F2 F1,x1
B A+ B B
n= n= n=
A A A
onde n é a relação entre os braços A e B. Quando n é um número maior que 1, o sistema é uma
amplificador de deslocamento. F1 e F3 são as forças de entrada e saída respectivamente e F2 é a
força de reação do pivô.
A última configuração da Figura 4.15 é apenas para demonstrar que, na prática, as
alavancas podem assumir diferentes configurações. Assim, muitas vezes se torna difícil
determinar os corretos comprimentos de A e B. Os comprimentos dos braços são obtidos
baseados no fato de que o vetor de rotação em torno do pivô é sempre perpendicular à força
aplicada tanto na entrada e na saída. Sendo assim, é conveniente fazer com que os deslocamentos
de entrada e saída estejam sempre perpendiculares. Assim, para pequenos deslocamentos, eles
podem ser dispostos com a configuração típica apresentada na Figura 4.16. Desse modo ficam
claras as corretas dimensões de A e B. (Smith, 2000)
95
F1,x1
F3,x3
Figura 4.16 – Forças representadas ortogonalmente aos braços da alavanca
k atuador
k sys = Equação 4.6
n2
onde ksys é a rigidez do sistema amplificado pelas alavancas e katuador é a rigidez do atuador
conectado (incluindo as barras de conexão e juntas flexíveis para absorver desalinhamentos ou
forças não desejadas sobre o atuador).
Perda de eficiência.
a b
F1,x0
k1 k2
k3
1 n
0.8 15
10
0.6 8
6
0.4
4
0.2
2
1
0
0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01 0,012
ap=bp
Figura 4.18 – Fração do movimento que é perdida como função da relação da rigidez do pivô e
da base móvel (Smith, 2000)
Fazendo a ou b igual a zero, com base na Equação 4.8, f pode ser reduzido somente se a
relação n2ap ou n2bp for minimizada, o que pode ser conseguido diminuindo a ampliação
desejada, utilizando uma base móvel de rigidez desprezível ou criando pivôs e acoplamentos de
rigidez muito alta.
Exceto pela primeira opção, as outras acarretam mais problemas que benefícios. Uma
base móvel com baixa rigidez não é uma solução compatível com a criação de dispositivos de
posicionamento para serem usados em usinagem de ultraprecisão. Da mesma forma, pivôs e
acoplamentos muito rígidos implicam em uma rigidez muito alta nos eixos móveis, sendo
necessários atuadores fortes, além de um aumento das tensões no pivô elástico e nos
acoplamentos.
Uma maneira de minimizar esse problema é utilizar um sistema em cascata, no qual o
movimento resultante da primeira alavanca é a entrada da segunda alavanca. Para o cálculo da
perda de ampliação de um sistema em cascata, a segunda alavanca pode ser modelada
separadamente. Assim:
2 2
æ 1ö æ 1ö
n2a p1 + n2 b p1 çç1 + ÷÷ n22 b p 2 çç1 + ÷÷
f2 = è n1 ø × è n2 ø
æ 2
ö æ 2
ö Equação 4.9
ç n a + n b æç1 + 1 ö÷ + 1 ÷ ç n 2 b æç1 + 1 ö÷ + 1÷
2 p1 ç ÷ 2 p2 ç ÷
ç 2 p1
è n1 ø n1 ÷ø
2
ç è n2 ø ÷
è è ø
98
Apesar de ser uma saída para melhorar a eficiência do sistema de ampliação, o uso de
alavancas em cascata apresenta melhor vantagem principalmente para baixos valores de ap1 , bp2
, n1 e n2.
Observando a solução através de alavancas, fica claro que as forças nos pivôs aumentam
na proporção que n aumenta, além de adicionalmente ocorrer um aumento na flexão dos braços
de alavanca, o que contribui na perda de eficiência do mecanismo.
Sendo assim, uma outra possibilidade de ampliar o movimento é utilizar uma
combinação mais complexa com base em dois braços de alavanca. A ampliação é obtida através
da rotação de um braço fixo unido a um pivô com outro braço conectado a ele (barra de conexão)
a um determinado ângulo. Um esquema desses mecanismos é mostrado na Figura 4.19
x1 x3
F1 x3
x1
h l1
Piezo
Piezo l1 l2 l2
h
Figura 4.19 - Mecanismos de ampliação de movimento (Smith, 2000)
x3 q3 pivô
l2
l1
h
q1,x1 atuador
l0
Ao contrário das outras opções apresentadas, essa solução não permite um deslocamento
linear, visto que n varia com o ângulo. Desse modo, uma forma de se medir a não linearidade da
ampliação pode ser feita pela relação
2
dn æl ö
= -ç 1 ÷ = - cosec2q1 Equação 4.11
dq 1 èhø
Assim, à medida que n aumenta linearmente com a redução de h, a não linearidade do
sistema cresce seguindo a relação (1/h)2, o que pode, dependendo da configuração, reduzir
bastante o deslocamento total disponível.
Apesar de não interferir no fator n, o braço conectado ao pivô (l1) sofre uma grande
rotação a partir de um pequeno movimento do atuador sobre o sistema de ampliação. Sendo
assim, a ampliação angular pode ser calculada pela expressão:
2
q3 x l æhö
= 3 = 1 1 - çç ÷÷ Equação 4.12
x1 x1 × l 2 l 2 × h è l1 ø
E a não linearidade do sistema pode ser calculado por (Smith, 2000)
2
dq 3 1 æl ö
=- ç 1÷ Equação 4.13
dx3 l2 è h ø
æaö é æ a ö Y æ a2 öY2 ù
2
X = ç ÷Y ê1 + çç1 + 2 ÷÷ + çç1 + 2 ÷÷ 2 + .....ú Equação 4.14
èlø ë è l ø 4a è l ø 8l û
onde X é o deslocamento de saída, Y é o deslocamento de entrada causado pelo atuador, a e l são
parâmetros de projeto que definem a geometria do sistema de ampliação/redução.
Caso a relação (a / l ) > 1 ou (a / l ) < 1 , o sistema irá respectivamente amplificar ou
reduzir o movimento de entrada. Ainda conforme o estudo realizado, a relação de linearidade
æ a2 ö Y
entre o deslocamento de entrada e saída é principalmente governada pelo termo çç1 + 2 ÷÷ e,
è l ø 4a
para simplificar o projeto, o termo subseqüente pode ser desconsiderado, independente do fator
de ampliação/redução escolhido.
Y/2 X
Barra de entrada
Base móvel
a D a b
Y
D L
X b
Y l q
a q a
Barra de saída
l Y/2 l = Atuador
l l
Figura 4.21 – Mecanismo de ampliação de duas ou mais barras (Furukawa; Mizuno; Terada,
1991)
Ainda baseada na Figura 4.21, a equação que rege o movimento de saída da segunda
concepção é:
y é 1æaö y 1 ì 3a üy
2
ù
q= ê1 + ç ÷ (a + b ) + í1 + (1 + n )ý ....ú Equação 4.15
l ë 2èbø l 2
6î b þl
2
û
onde n é definido por
a (a + b )
2
n= Equação 4.16
b l2
Na seqüência, o movimento angular q é transformado em um movimento linear através
da barra de conexão com a base móvel.
A Equação 4.15 indica que a sensibilidade da ampliação do movimento é igual a (1 / l ) e
independente dos parâmetros a e b. Novamente, segundo Furukawa, a linearidade entre o
101
a b
Figura 4.22 – Sistemas de posicionamentos construídos a partir das concepções da Figura 4.21
(Furukawa; et. al, 1990, 1991, 1992)
Perda da eficiência
Y = (a + d ) Equação 4.17
Sendo que a é o deslocamento (distensão) associado às juntas de rigidez ks e está em
série com a barra onde o atuador está acoplado, de rigidez k0. d tem como base a rigidez angular
de cada uma das juntas (kb).
No caso da Figura 4.22b, a força necessária para deslocar o mecanismo em uma distância
a e d pode ser calculada respectivamente pela Equação 4.18 e Equação 4.19.
-1
é2 3ù
F = 2ê + ú × a Equação 4.18
ë k0 ks û
é 3 æ a ö æ a ö2 ù æ k ö
F = 4ê + ç ÷ + ç ÷ ú × ç 2b ÷ × d Equação 4.19
êë 2 è b ø è b ø úû è l ø
No entanto, apesar de Y ser o deslocamento de entrada, quem realmente contribui para a
ampliação do movimento é d.
21
Ambas concepções possuem 8 pivôs elásticos.
22
No caso da concepção adotada na Figura 4.22b, a saída do movimento angular é ampliada pela barra que está
conectada à base móvel.
103
D
l
h
F/2 F/2
F
Figura 4.23 – Flexão de uma viga bi-apoiada.
cuja equação é:
F æ 4 Ehd 3 ö
k 0 = = çç ÷
l è D 3 ÷ø Equação 4.21
l Equação 4.22
4 æ kb öæ k ö
m= çç ÷÷çç1 + s ÷÷ Equação 4.23
l2 è ks øè 2k 0 ø
O primeiro termo da equação está relacionado à rigidez dos pivôs e o segundo,
envolvendo k0, à barra onde o atuador está agindo.
A força de atuação no mecanismo é obtida através da equação
4k b
y (1 + m )
-1
F= 2
Equação 4.24
l
onde y é o deslocamento nominal do atuador
Ainda referente à perda de ampliação, verifica-se que ela é independente do material
utilizado e independente da espessura do bloco utilizado. Assim, para minimizar a perda de
ampliação de movimento, é necessário se utilizarem pivôs com um valor de t pequeno, o que
claramente diminui a rigidez do conjunto.
Para ilustrar o grau de influência dos termos aqui descritos sobre a perda de ampliação, o
mecanismo da Figura 4.22a foi modelado usando elementos finitos, conforme mostrado na
Figura 4.24. Nesse mecanismo, o atuador (não mostrado) é colocado no meio do mecanismo,
entre os pontos 6 e 7. Sua expansão causa o deslocamento de entrada do sistema, representado
104
aqui por Y1 e Y2. O deslocamento amplificado de saída (DX) é lido no ponto 13. Os respectivos
deslocamentos em X e Y de cada ponto são apresentado ao lado da figura. O mecanismo foi
projetado para amplificar o deslocamento de entrada em quatro vezes.
F 87,25 N
k0 = = = 78888 N/mm
l 0,001106mm
èlø
Esse valor pode ser comparado ao valor 0,06999mm, lido no ponto 13, indicando uma
diferença de 5,16% entre os valores.
Adicionalmente, foi verificado o comportamento do sistema caso se utilizasse uma barra
central de rigidez muito alta, o que foi simulado acoplando os pontos 1-3 e 10-12 e deslocando-
os em Y* 0,01mm. Assim, nenhum esforço foi exercido sobre a barra de acionamento, sendo que
a força de acionamento estava sendo aplicada o mais próximo possível dos pivôs.
Nesse caso, a Equação 4.23 perde o segundo termo23 e o valor calculado desse novo m é
de 1,303×10-2. A Tabela 4.1 apresenta os resultados obtidos durante as simulações.
æ k ö
23
çç1 + s ÷÷
è 2k 0 ø
106
Dois dos atuadores mais utilizados para posicionamento de precisão foram apresentados
e algumas de suas vantagens/desvantagens foram mostradas.
Os parafusos micrométricos e diferenciais possuem uma faixa de operação muito maior
que os atuadores piezelétricos, no entanto, o incremento mínimo controlável que o atuador pode
ter está muito aquém do que um atuador piezelétrico normalmente oferece. Sendo assim,
algumas das opções de ampliação e redução de movimento foram apresentadas, podendo ser
utilizadas para melhorar a resolução de um parafuso micrométrico/diferencial ou aumentar a
faixa de operação de um atuador piezelétrico.
Um dos principais problemas detectados nos sistemas de ampliação de movimento é o da
perda de eficiência do mecanismo devido às forças de tração que os pivôs sofrem e as flexões
das barras que os unem – principalmente aquela conectada ao atuador. Como a maioria dos
mecanismos de ampliação apresentados são reversíveis, ou seja ,podem ser transformados em
um sistema de redução de movimento, a queda de ampliação transforma-se agora em um
incremento da redução. Com isso, mecanismos de redução, que operam com os princípios de
operação apresentados, possuem uma fator de redução maior do que o originalmente planejado.
Algumas combinações de atuadores com sistema de redução ou ampliação de movimento
comerciais foram apresentadas no decorrer do capítulo, sendo sua principal utilização como
micro/nanoposicionadores para uso em laboratórios, como o da figura abaixo, de configuração
semelhante ao encontrado na Figura 4.21.
107
Aplicações em porta-ferramentas
Apesar do que foi apresentado ter sido derivado de projetos de microatuadores, muitos
desses princípios de solução são também utilizados em porta-ferramentas de uso comercial ou
porta-ferramentas que operam em tornos protótipos (exemplo, Okazaki, 1990). Ilustrando, os
porta-ferramenta da Figura 4.26 apresentam algumas dessas aplicações, principalmente com
redução de movimento.
Esses modelos foram escolhidos por permitirem uma boa visualização do princípio de
solução empregado.
O modelo da Figura 4.26A, construído pela Precitech Precision (1998), utiliza um fuso
como atuador. Note dois elementos de redução nesse modelo - O primeiro associado ao próprio
atuador (um disco para melhorar o controle do operador sobre o atuador) e o segundo, uma viga
dupla, com n<1. Adicionalmente24, na peça frontal (fixação da ferramenta) existe um sistema de
macroposicionamento para compensar diferentes tamanhos de ferramentas. Essa peça também
pode ser trocada para comportar outros tipos de ferramenta ou dar-lhe mais graus de liberdade.
No caso, esse porta-ferramenta está instalado em um torno de configuração T, sobre uma base de
ranhuras T, podendo eventualmente ser colocado sobre uma base R-q (B-axis).
Características de posicionamento: Curso do posicionamento fino - » 0,2mm
24
Alguns elementos do desenho CAD original foram eliminados para facilitar a visualização do porta-ferramenta.
108
Aparentemente, o único sistema de redução de movimento é o próprio atuador, que parece ser
composto por um parafuso diferencial. Como o porta ferramenta está instalado sobre uma base
R-q, não se pode precisar se a escolha da configuração da alavanca tinha o propósito de reduzir o
movimento, ou tinha somente o objetivo de ganhar espaço para gerar peças convexas (conforme
Figura 3.9). Note o sistema de ajuste fino do raio, composto de um fuso e mancal de mola.
109
5 Capítulo 5
5.1 Desenvolvimento
Mancal
de mola
Alavanca
Mancal
de mola
Base
Kc2 Fy’ Fy’
Fp
B
A
Alavanca My My
Fy’ Kc1
L
Mesa
Fp Fp Y
Piezo Fy
Ktb Fy X
Como se pode notar, o atuador piezelétrico está localizado entre as duas alavancas
(Figura 5.1b). Essa configuração, baseada no trabalho de Yang, Jouaneh e Schweizer (1996), foi
112
originalmente proposta para economizar espaço e por utilizar somente um atuador. Se por sua
vez, as forças de deslocamento são melhores distribuídas, somente metade do deslocamento
original do atuador piezelétrico pode ser aproveitado, o que demanda um sistema de alavanca
com maior capacidade de ampliação.
Baseado na Figura 5.2 e assumindo que uma força Fy é aplicada na mesa, a equação do
equilíbrio na direção Y é obtida através do somatório das forças e dos momentos.
onde Fy’ é a força de reação das alavancas, Ktb é a rigidez linear da mesa (duplo mancal de mola
linear) e Y é o deslocamento vertical da mesa em função da força Fy.
As reações na alavanca (mostrada somente em uma delas, já que são simétricas) são:
Fp = Kp × ( X 1 + X 2 ) Equação 5.3
æ Kc1 Kc 2 ö
ç 2 + 2 ÷ = Ke1 + Ke2
èB B ø
Equação 5.4
(Kc1 + Kc2 ) = B 2 × ( Ke1 + Ke2 )
X
x
a1 = a 2 , Y = B ×a 2 , a1 = , a1 A
A
B
Y X B
= \ Y = × X = n× X Y
a2
B A A
A a
Fy ' = Fp × + × ( Kc1 + Kc 2 ) Equação 5.5
B B
1 a × B2
Fy ' = Kp × 2 × X × + (Ke1 + Ke2 ) Equação 5.6
n B
A 1
Fy ' = Kp × 2 × × Y × + Y × (Ke1 + Ke2 )
B n
é Kp ù Equação 5.7
\ Fy ' = Y × ê2 × 2 + (Ke1 + Ke2 )ú
ë n û
Substituindo a Equação 5.5 na Equação 5.1, há:
Fy Kp
= 4 × 2 + 2(Ke1 + Ke 2 ) + K tb , ou Equação 5.8
Y n
4 × Kp
Ky = + Km , onde Equação 5.9
n2
Km = 2(Ke1 + Ke2 ) + K tb Equação 5.10
Km é a rigidez mecânica do conjunto (pivôs elásticos, alavancas, acoplamentos, etc.) e,
juntamente com o atuador piezelétrico, é a responsável pela rigidez nominal do
microposicionador.
Fn = Fx - 2 Fp Equação 5.11
Fn × A = Fy ' × B + (Kc1 + Kc 2 ) × a Equação 5.12
Fy ' = K tb × Y Equação 5.13
Fp = Kp × ( X 1 + X 2 ) Equação 5.14
Desse modo, seguindo o mesmo procedimento adotado para chegar à Equação 5.8, obtém-se:
Fx
= 4 × Kp + n 2 × [K te + ( Ke1 + Ke2 )] Equação 5.15
X
ou Kx = 4 × Kp + n 2 × Km Equação 5.16
onde Km = K tb + (Ke1 + Ke2 ) Equação 5.17
A importância da Equação 5.15 está na determinação da expansão efetiva do atuador
piezelétrico, uma vez que ele está atuando em série com Km (rigidez mecânica.). Com base na
Equação 4.4, a expansão efetiva do atuador piezelétrico será de:
æ 4 × Kp ö
DLefetivo = DL0 × çç ÷÷ Equação 5.18
è 4 × Kp + n × Km ø
2
Kp
nótimo = 2 × Equação 5.21
Km
Substituindo nótimo na Equação 5.19, determina-se então o máximo deslocamento vertical da
mesa (otimizada).
DL0 Kp Equação 5.22
DYótimo = ×
2 Km
Por fim, substituindo nótimo na Equação 5.8, obtém-se a rigidez vertical do sistema de
microposicionamento
Ky ótimo = 2 × Km Equação 5.23
Essas equações serão usadas agora para selecionar o atuador piezelétrico mais indicado,
uma vez que, como descrito no Capítulo 5, podem ser encontrados em diferentes tamanhos,
rigidez e deslocamentos nominais. Substituindo a Equação 5.23 na Equação 5.22 e fazendo uma
pequena operação algébrica, há:
Kp Equação 5.24
DYótimo × Ky ótimo = DL0 ×
2
A parte direita da equação é função somente de características atribuídas ao atuador
piezelétrico e são informações integrantes dos catálogos e será denominada aqui de Cp
(constante do piezo).
Se for encontrado um atuador piezelétrico com exatamente o mesmo Cp de projeto e
instalado no sistema de microposicionamento, o mesmo estará operando na condição de
trabalho máximo, conforme mostrado na Figura 4.5. Isso significa que o atuador piezelétrico
estará agindo contra uma rigidez externa de valor igual a sua rigidez nominal Kp. Assim, o
deslocamento DLefetivo do atuador piezelétrico será a metade do deslocamento nominal (Equação
5.18) e a força gerada será também metade na Fpmax nominal ( Fp max = Kp × DLefetivo ).
5.2 Dimensionamento
Kp
um Cp igual ou maior que 224 N × mm , ou seja, 224 N × mm = DL0 × . Esses parâmetros
2
são utilizados para selecionar o atuador piezelétrico mais indicado ou, em uma solução mais
ideal, mandar fabricar um modelo com dimensões, expansão e rigidez bem específicas. Com
base no catálogo da Piezomechanik (2000), os seguintes modelos foram selecionados como
possíveis alternativas de solução (Tabela 5.1):
25
Apenas para facilitar os cálculos, uma vez que, conforme apresentado, seu correto dimensionamento é importante
para se evitar perda de ampliação e por demais fatores que serão apresentados no Capítulo 6.
117
completamente e o terceiro está muito acima. A Tabela 5.2 apresenta a influência da escolha do
atuador piezelétrico sobre o sistema de microposicionamento otimizado para os três casos,
lembrando que Ky ótimo = 2 × Km . Logo Km = 10 N/mm
Como Km = 2(Ke1 + Ke2 ) + K tb , a rigidez de 8,58 N/mm deve ser distribuída entre a
8 × E × b × t 5/ 2 Equação 5.25
\ = 3500 N / mm
9 × p × L2 × a1x / 2
119
Apesar da equação original ser baseada no pivô tipo circular, nada impede que outras
geometrias de pivô sejam usadas. Fazendo um esboço do mecanismo, verificou-se que furos de
ax = 3mm e L = 15mm não teriam problemas de fabricação nem causariam problemas para o
resto da estrutura. Desse modo, fica faltando apenas o valor de t. Substituindo os valores na
equação acima, (E = 200x103 N/mm2, b = 30mm, L=15mm, ax=3mm), tem-se que t = 0,9162
mm, que para facilitar posterior fabricação, será arredondado para t = 0,92mm. Com o valor de
ax e t, pode-se calcular o valor de b.
que Fb = 174,79 e K t = (1 + b )
9 / 20
= 1,066. Logo:
b 2 × Fb × s max × L
q max = = 198mm Equação 5.27
E × Kt
26
Outros tipos de acoplamentos são apresentados no Capítulo 6.
120
A Pivô 2
ax
Pivô 1
Y
X
Figura 5.4 – Concepção escolhida para acomodar atuador e sistema de ampliação
\ t = 1,102mm \ t = 0,886mm
arredondados para t2 = 1,1mm e t1 = 0,89mm. Assim, o pivô 2 possui um b = 0,18 e o pivô 1 um
b = 0,3.
Com esses dados e usando a Equação 3.10, pode-se estimar o máximo ângulo az que o
pivô 2 pode Ter, sem atingir a tensão de escoamento do material. Usando Fb = 115,59, Kt =
1,077 e s=sy, o ângulo calculado é de azmax = 1,19 x 10-2 rad. No caso do projeto, como a viga
possui um comprimento B de 25mm a partir do pivô e o deslocamento requerido na ponta (que é
o mesmo que será passado para a mesa) é de 50mm, o az de projeto é de 0,002 rad, o que
significa um ângulo requerido praticamente seis vezes menor que o máximo ângulo permitido
pelo pivô. Com amax e o valor atual de B, a ponta da alavanca poderia ser deslocada 297mm até
as tensões no pivô 2 atingirem a tensão de escoamento do material (sy).
Durante o trabalho de pesquisa, foram encontrados somente estudos sobre o valor de Kt
somente para vigas do tipo circular efetiva. Assim, há necessidade de estudos para determinar Kt
para os demais tipos de pivô e assim poder proceder uma comparação entre os valores calculados
analiticamente e os obtidos via EF.
121
Conforme o gráfico comparativo apresentado na Figura 3.27, tanto a mesa quanto o pivô
2 apresentaram uma rigidez pouco menor que a originalmente indicada pelo desenvolvimento
analítico, o que era uma situação esperada.
27
O critério utilizado no ANSYS para determinar as tensões nos pivôs foi o critério de Von Misses. O maios valor
apresentado pelo programa foi o utilizado para comparar com a tensão de escoamento.
122
a b
Figura 5.5 – Tensões no pivô da mesa (a) e no pivô 2 da alavanca (b)
Quanto às tensões, estudos anteriores28 haviam mostrado boas correlações entre as tensões
obtidas entre a Equação 3.10 e as tensões lidas através do uso de EF. (diferenças melhores que -
3%). No entanto, o mesmo não ocorreu no presente caso, o que abre caminho para alguns
comentários.
1. No trabalho original, na validação da equação, foi utilizado o ângulo az realizado pelo pivô,
que por sua vez foi obtido através do uso de EF ao se verificar o ângulo descrito por uma
linha que passava pelo centro do pivô (metade da espessura t) até a extremidade livre da viga.
Esse ângulo foi medido e utilizado na equação. Só depois o valor da tensão obtida via
equação e via EF foram comparados. No caso deste capítulo, o ângulo utilizado foi teórico, o
que é uma situação bem mais comum para se fazer uma pré - análise.
2. Também não há nenhum comentário sobre o critério utilizado na visualização das tensões.
No caso da análise aqui apresentada, foi utilizado o critério de Von Misses, que é um critério
menos conservativo, acusando níveis de tensões menores quando comparados com outros
critérios.
3. Um baixo número de elementos (da malha) na região do pivô faz o programa acusar tensões
mais baixas no local. Assim, existe uma diferença entre as tensões apresentadas pelo
programa de EF quando se utiliza uma malha grosseira e uma malha mais refinada. No
entanto, a malha utilizada aqui pareceu ser refinada o suficiente.
Apesar disso, as diferenças obtidas, separadamente, na análise da mesa e da alavanca,
parecem desprezáveis se comparadas à diferença encontrada quando o conjunto foi simulado. A
rigidez medida foi mais que três vezes superior à planejada. O suspeito original foi o pivô 1, que
une a alavanca à mesa. No entanto, suas dimensões não eram tão diferentes dos outros para
28
Smith et. al, 1997, Smith, 2000 - item 4.2.3 – Accuracy of stiffness estimates for a notch type hinge.
123
justificar tanta diferença de resultados. Uma visualização mais detalhada mostrou que o mesmo
não estava se comportando como uma rótula, mas sim se deformando na forma de S, que pode
ser melhor visualizado na Figura 5.6.
Alavanca Alavanca
Pivô 1
Mesa
A causa foi a disposição adotada na configuração (Figura 5.4) para que o atuador
piezelétrico pudesse ser inserido entre as alavancas sem comprometer qualquer outro
componente. No entanto essa solução criou conexões com excesso de restrições. Para
deslocamentos muito pequenos (característicos desses tipos de mecanismo) os pivôs elásticos
permitem uma pequena acomodação, no entanto o deslocamento de um dos elementos da
configuração foi muito acentuado. O pivô 1 está acoplado à mesa que se desloca somente na
direção Y. Já a alavanca possui um movimento de rotação, que faz com que sua extremidade não
somente se desloque na direção Y, mas também na direção X. Um ponto na extremidade livre da
alavanca se desloca mais acentuadamente na direção X à medida que se afasta da linha que passa
pelo centro do pivô. Isso se refletiu no aparecimento de uma força der cisalhamento no pivô 1.
Uma solução seria acrescentar mais um pivô entre a mesa e a alavanca. Isso criaria uma
barra de conexão que eliminaria esse excesso de restrição do mecanismo. No entanto todo o
diagrama de corpo livre teria que ser refeito e consequentemente todo o desenvolvimento
analítico apresentado. Aparte do trabalho matemático envolvido, essa barra de conexão e seus
respectivos pivôs receberiam toda a força necessária para mover a mesa. Sendo assim é de se
esperar uma estiramento da barra e dos pivôs e consequentemente uma perda de ampliação de
movimento, conforme apresentado no item 4.3, respectivamente “perda de eficiência”.
124
Por isso, a solução adotada é a de fazer com que o pivô 1 e 2 fiquem praticamente
horizontais.
O problema agora é que o pivô 1 invade o espaço destinado ao atuador piezelétrico. A
solução encontrada foi criar uma fenda nas alavancas para acomodar o pivô 1 e o atuador
piezelétrico. Assim, uma fenda com dimensões totais o suficiente para acomodar o atuador foi
criada, e o acoplamento da mesa modificado, conforme pode ser observado na Figura 5.7
Piezo
Nessa configuração, os pivôs que conectam a alavanca e a mesa foram divididos ao meio
e funcionam agora em paralelo, sendo que cada um possui uma profundidade b = 9,9mm, uma
vez que a fenda possui uma espessura total de 10,2mm. Por isso um novo valor de t para os pivôs
teve que ser determinado para manter a rigidez determinada para o pivô1. As mesmas dimensões
do pivô anterior, exceto o valor de b e a rigidez angular (deve ser utilizada metade do valor
anterior) foram utilizadas para se obter o novo valor de t.
5
2 2× E ×b×t 2
Kc1 = × 1
= 90625 N × mm / rad
2 Equação 5.28
9 × p × a x2
\ t = 1,05mm
distintas: Uma área com valor de b = 30mm e uma outra, correspondente a uma área descontada
as dimensões da fenda, com um valor de b = 19,8mm.
Depois dessa operação, a malha foi gerada, conforme se pode observar na Figura 5.8a.
Área 1
Área 2
a b
Figura 5.8 – Malha gerada sobre a nova configuração (a). Resultado após simulação da expansão
do atuador piezelétrico (b)
O primeiro teste realizado foi o da rigidez do conjunto, aplicando uma força de 8,58N na
mesa e lendo o deslocamento dos nós na direção Y. Em seguida, foi simulado o conjunto como
contendo o atuador piezelétrico Pst 500/10/40. Para isso, foi criada uma barra 2D (tipo link1)
com a mesma rigidez nominal do atuador piezelétrico (70N/mm). Essa barra foi modelada como
estando no mesmo ponto onde o atuador contata as alavancas.
O resultado pode ser analisado na Tabela 5.4.
A maior tensão detectada nessa área foi de 97 MPa. A maior tensão encontrada no pivô 2 (área
2) foi de 120 MPa, enquanto que a maior tensão encontrada (130 MPa) estava localizada nos
pivôs da mesa (também área 2).
Referente à ampliação do movimento, observa-se uma perda relativamente alta da
mesma, sendo que não foi notada uma flexão da alavanca. Uma pequena contribuição dessa
perda está no fato de que todo o deslocamento foi colocado em um único ponto (keypoint) e
transmitido integralmente a um único nó. Assim, o deslocamento desse nó absorveria um pouco
desse deslocamento, contribuindo para a redução do deslocamento total do conjunto.
Mas, conforme comentado, normalmente essa perda está mais associada às forças de
tração/compressão que acontece nos pivôs, fazendo eles se deformarem elasticamente, pois são
como uma série de molas conectadas em série.
Uma maneira de diminuir essa perda é diminuir o fator de ampliação ou reduzir as forças
sobre as alavancas. Assim, um caminho seria diminuir a rigidez da mesa, o que deixaria, no
entanto, a ferramenta de diamante mais vulnerável quanto às forças externas.
Diminuir a rigidez da mesa sem prejudicar muito a estabilidade da ferramenta é uma
condição de otimização desse microposicionador da ferramenta. Dessa maneira, deve-se achar
um melhor equilíbrio entre a rigidez da mesa (Ktb) e a rigidez dos pivôs que conectam a mesa à
alavanca (Kc1) e a alavanca à base (Kc2).
resultado é que essa rigidez deve ser transferida integralmente para um único pivô e para o
atuador piezelétrico. Desse modo, é de se esperar um pivô de grandes dimensões, o que torna
difícil sua integração com o atuador piezelétrico.
Fy Kp
= Ky = 2 + Km
y n
Fx
= Kx = n 2 × Km + Kp
x
a b
5.5 Conclusões
serem integrados. Desse modo, determinados parâmetros físicos, como ax, t, L, A, B, etc. podem
ser modificados para se obter um arranjo funcional e os resultados mais facilmente observados
através das equações.
No entanto, principalmente devido às simplificações utilizadas na modelagem, o
resultado está sujeito a falhas. Esse foi o caso do microposicionador apresentado aqui.
Mecanismos monolíticos que utilizam pivôs elásticos são na sua essência superdeterminados, no
entanto, os arranjos utilizados conseguem em geral contornar essa condição29. Desse modo, a
primeira concepção apresentou problemas de excesso de rigidez, o que foi detectado somente
durante as análises por elementos finitos (EF). Uma nova configuração foi adotada e o problema
solucionado, provando que o problema original era fruto da configuração inicialmente adotada.
Como apresentado nos capítulos anteriores, as equações utilizadas para o
dimensionamento dos pivôs apresentam resultados diferentes dos obtidos através do uso de EF, o
que significa que, normalmente, a rigidez final do conjunto é inferior à originalmente pretendida.
Desse modo, a utilização de EF faz-se necessária para se obterem as dimensões finais dos pivôs
correspondentes à rigidez de projeto. Além disso, o uso de EF é necessário para uma melhor
determinação das perdas de amplificação de movimento e, posteriormente, ser realizada uma
otimização dos pivôs, com o objetivo de minimizar essas perdas e, no caso do microposicionador
da ferramenta, não comprometer o desempenho do subconjunto fixação e posicionamento da
ferramenta.
Em relação ao sistema de microposicionamento da altura da ferramenta das demais
concepções, o desenvolvimento e os passos necessários para o dimensionamento das mesmas são
análogos ao apresentado neste capítulo. Entretanto, cada concepção certamente necessitará de
modificações, como foi exemplificado na apresentação da concepção 4.
O próximo capítulo traz outros detalhes que influenciam no comportamento do
microposicionador, o que pode acarretar um comprometimento do correto posicionamento da
quina da ferramenta. Por fim, são apresentados diferentes modos de como seria o procedimento
para se operar o microposicionador e executar o microposicionamento da ferramenta.
29
Uma explicação mais detalhada será apresentado no capítulo seguinte, no item 6.1.2.
130
6 Capítulo 6
Este capítulo tem por objetivo dar uma visão geral das influências dos erros de fabricação
sobre a precisão de microposicionamento da ferramenta, sobre técnicas de manufatura de pivôs
gerados a partir de bloco monolítico e, finalmente, um modo para selecionar o melhor material
para construir sistemas de microposicionamento.
Os meios mais comuns de acoplamento entre o atuador e o sistema de posicionamento
são apresentados, juntamente com maneiras para evitar que os erros de deslocamento do atuador
afetem o sistema de posicionamento.
Por último, dois meios de se executar o set-up da ferramenta são estudados (calibração e
estação de posicionamento), que representam, com base nas funções parciais (Figura 2.3), o
conjunto responsável por ler e indicar a posição da ferramenta.
x
Guinamento (Yaw)
z Arfagem (Pitch)
dbase
y
Rolamento(Roll)
Direção
do
deslocamento
drecuo
Peça de trabalho az
q
Linha de
centro
dbase
Base móvel
F L
Base fixa
30
Por exemplo a Figura 4.26c, em que o mancal linear está sendo usado para ajustar o raio, porém, com a
desvantagem de modificar a altura da ferramenta em relação à linha de centro da árvore.
133
Base auxiliar
dbase 2
dbase 2 Base de trabalho
Base de trabalho
F
dbase 1
dbase 1
F
Base fixa
a b
Cada concepção pode possuir algum tipo de movimento parasita inerente à sua
concepção, mas normalmente o comprometimento da exatidão do posicionamento está mais
relacionado à fabricação e montagem. Da mesma maneira que as guias descritas no item 3.1.3, os
sistemas de microposicionamento através de elementos flexíveis também podem ser
superdeterminados, o que faz necessário um controle mais rigoroso das tolerâncias de
manufatura e montagem.
Um bom início é a verificação da mobilidade (M) que o sistema tem, o que pode ser
previsto pelo critério de Kutzbach para 3 graus de liberdade (GL), ou seja, um mecanismo
operando em um plano.
134
j
M3 = 3 × (nl - j - 1) + å f i Equação 6.3
i =1
Assim, baseado na análise não planar desses mecanismos (3D), para que não haja
problemas, todos os eixos que passam pelo pivô deveriam ser perfeitamente paralelos e
perpendiculares ao plano que ocorre o movimento. Como essa situação não ocorre na prática,
qualquer imprecisão de fabricação ou montagem é absorvida pelo pivô e pela estrutura, criando
um deslocamento na base móvel que pode introduzir grandes erros de posicionamento.
Essas imperfeições são pequenas diferenças na geometria e forma dos pivôs e no mancal
como um todo, produzindo regiões com características diferentes (diferentes rigidez). Dessa
maneira, a força de atuação produz diferentes reações nesses pontos, o que causa uma série de
movimentos não desejados.
135
± Dqz
± Dxc
± Dxc
± Dc
X
Y a ± Dyc b c
Z
Figura 6.5 – Erros na localização do centro
31
Para uma análise mais detalhada sobre os cuidados de montagem e alterações de projeto ao se unirem as laminas
de aço mola com a base fixa e a móvel, os livros “Precision Machine Design, Slocum 1992” e “Flexure, S.T Smith,
2000” apresentam boas informações sobre o assunto.
136
Dqy Dqx
X a b
Y
Na situação da Figura 6.6b, a linha de centro está deslocada em torno do eixo X. Assim, t
varia com a espessura b da viga.
Usando esses erros geométricos provenientes da manufatura e a variação que eles causam
na rigidez do sistema, Ryu e Gweon (1997) utilizaram a concepção da Figura 6.4a para simular e
quantificar analiticamente como diferentes tolerâncias de manufaturas (Db, Dax ,Dc e suas
combinações) influenciam na precisão do deslocamento. Como conclusão das simulações
obtiveram-se:
· Erros geométricos de manufatura em relação à posição e no tamanho dos furos podem ter
sérias influências (movimentos indesejados) sobre as direções X, Y e qz.
· Erros na perpendicularidade dos centros têm sérias influências sobre as direções Z, qx e qy.
· As simulações também mostraram que mesmo um mancal perfeitamente fabricado (D = 0)
pode ter rotações indesejadas em torno do eixo Z, provavelmente causadas pelas forças de
32
Nesse caso, a linha de centro coincide com o eixo Z.
137
tração e compressão que surgem nos pivôs quando um deslocamento é aplicado na base
inferior. (Fora do da distância L/2).
· Aumentando a espessura do bloco (b), o sistema de posicionamento poderá absorver melhor
os movimentos causados pelos erros de manufatura e pelas diferentes rigidez em cada pivô.
Baseado nas equações de rigidez apresentadas no Capítulo 3 e no ANEXO D, a regra da
diferenciação da cadeia (propagação do erro) mostra a influência da tolerância de cada termo
sobre a rigidez final do pivô. Como exemplo há a expressão genérica (6.5), que contém a maioria
dos parâmetros normalmente encontrados no cálculo da rigidez.
E × bu × t v
kµ Equação 6.5
Lw
Assim, a diferenciação desses termos dá origem a uma expressão que indica a variação
da rigidez em função da incerteza de cada um dos parâmetros da Equação 6.5.
dk dE db dt dL
= +u +v -w Equação 6.6
k E b t L
Analisando o lado direito da equação, cada um dos numeradores de cada fração
representa a incerteza de cada parâmetro. Para avaliar a influência da tolerância de manufatura
sobre a rigidez obtida através das equações, é necessário determinar os valores dos expoentes dos
parâmetros b, t e L e as incertezas de manufatura associadas a eles.
Tipos de acoplamentos
Tabela 6.2 – Diferentes acoplamentos para o atuador e os mancais de mola (Smith, 2000)
Atuador
Atuador Esfera ou
calota
O contato esfera – plano é a solução mais
utilizada para absorver movimentos fora da direção
do deslocamento. Atuadores piezelétricos com uma
Ajustagem de calota de metal duro em uma das extremidades são
Pré-carga normalmente disponíveis em catálogo ou podem
Esfera ou calota ser ordenados pelo cliente.
com plano (aço, rubi, safira) Base fixa
Atuador
O papel do fio é análogo ao do pivô toroidal, no
entanto, muito mais flexível e possuindo somente
Base fixa capacidade de tração. O retorno é dado pela
Fio
deformação elástica do mancal, ou através de um
sistema de pré-carga.
Força de retorno
Para o acoplamento entre o atuador e o sistema de ampliação de movimento ou
diretamente na base móvel, a Tabela 6.2 apresenta as soluções normalmente utilizadas. Como
característica em comum, eles possuem grande rigidez no sentido do deslocamento, mas, ao
mesmo tempo, disponibilizando liberdade de movimento nos outros eixos.
140
escolha da geometria da fresa e o uso de usinagem de alta velocidade, que tem como objetivo
reduzir as forças de usinagem na região mais fina do pivô.
a b
Figura 6.8 – Fresamento de pivô laminar
Pivôs circulares são os mais fáceis de serem manufaturados, no entanto padecem dos
mesmos problemas de manufatura encontrados nos pivôs laminares. Dois furos, com os raios
muito próximos ao raio especificado no projeto (principalmente se for utilizado alargador) são
usinados no bloco. O problema está novamente na usinagem do segundo furo que, dependendo
da espessura t desejada, irá causar significativa distorção no pivô propriamente dito. Uma
solução normalmente usada é a inserção de um pino metálico que entra perfeitamente no
primeiro furo, com a finalidade de suportar a parede do pivô e evitar sua deformação durante a
usinagem do segundo furo.
Para pivôs não circulares, criar um suporte que encaixe perfeitamente com a área já
usinada é difícil e normalmente dispendioso. Assim, métodos diferentes para o preenchimento da
área usinada podem ser utilizados, tais como: (Smith, 2000)
· Cêras – Podem ser encontradas com as mais diversas propriedades mecânicas e térmicas,
possuindo diferentes rigidez após solidificadas e diferentes pontos de fusão. Uma vez
solidificadas estão bem aderidas à superfície, provendo uma boa resistência às forças de
usinagem. Uma vez terminada a usinagem, a cera pode ser removida através do aquecimento
da peça ou do uso de solventes especiais. No primeiro caso, a cera pode ser recuperada e
reutilizada.
· Ligas com baixo ponto de fusão – Algumas ligas de baixo ponto de fusão são desenvolvidas
especificamente para serem usadas como suporte de peças a serem usinadas, permitindo que
peças com geometrias complexas possam ser fixadas firmemente, pois o material se expande
durante a solidificação. Assim, esse mesmo material pode ser utilizado para preencher a
cavidade usinada e depois removido quando aquecido em torno dos 70o C.
142
· Adesivos epóxi – Tal qual os métodos anteriores, podem ser encontrados com diferentes
propriedades mecânicas, porém com a vantagem de não ser necessário o aquecimento da
peça para sua remoção, uma vez que esta se dá através do solvente específico.
Os dois tipos mais utilizados de eletroerosão para essa aplicação são por penetração e
eletroerosão a fio.
O primeiro caso se caracteriza pelo uso de uma ferramenta feita em grafite ou cobre e,
posteriormente, usinadas com a geometria e forma do furo que se deseja gerar. Depois, a peça de
trabalho é mergulhada em um fluido dielétrico que tem a função de refrigerar e remover o
material usinado. Pulsos de energia entre a peça de trabalho e a ferramenta são aplicados,
fazendo com que ocorra uma erosão da peça na forma da ferramenta, que avança até a
profundidade desejada. Como uma usinagem convencional, o processo se dá em etapas – de
desbaste e de acabamento.
Eletroerosão a fio possui o princípio de funcionamento semelhante, no entanto, o
eletrodo é um fio. As descargas elétricas do eletrodo (fio metálico) promovem a remoção do
material enquanto a peça se desloca seguindo uma trajetória programada. O fio é continuamente
renovado, pois após passar pela peça de trabalho o mesmo é descartado na saída. A geometria do
furo sobre o bloco de metal que está sendo trabalhado é dada pelo sistema de posicionamento da
máquina, e quanto mais preciso for seu sistema de posicionamento e mais GL a máquina puder
controlar, mais complexas e precisas podem ser as geometrias geradas. Como principais
características destacam-se:
· Baixa rugosidade (Ra abaixo do mm)33 ao utilizar a opção de usinagem para acabamento,
porém com um acréscimo considerável no tempo total de manufatura.
· Tolerâncias de fabricação abaixo de 5mm e facilidade na geração de pivôs com pequenas
espessuras( t » 0,1mm).
· Capacidade de remover material de blocos de grande espessura (b), o que a torna capaz de
trabalhar com peças sobrepostas, porém o avanço da ferramenta diminui proporcionalmente.
Avanços grandes ou grandes taxas de remoção de material produzem uma maior rugosidade
33
AGIE AS - Suíça – A real exatidão no posicionamento e acabamento superficial dependem do modelo da máquina
utilizada.
143
na região trabalhada.
· Grande consumo de insumos (eletricidade, o fio que é utilizado uma única vez, filtros, etc.),
o que torna seu custo de operação alto.
Figura 6.9 – Mesa XYq mostrando os furos previamente executados (em furadeira CNC) e a
geração do perfil através da eletroerosão a fio. (Ryu, Gweon, Moon, 1997)
Bons materiais para os pivôs elásticos devem ter um limite elástico alto para permitirem
grandes deslocamentos (ângulos), sem atingir a zona de deformação plástica ou fratura. Assim,
em algumas aplicações especiais, o uso de materiais frágeis é uma vantagem, pois:
Ø Possuem somente comportamento elástico, uma vez que o limite elástico e a falha
catastrófica ocorrem à mesma tensão (o que também é uma desvantagem de sua utilização).
Ø Possuem excelentes combinações de propriedades (térmicas, elásticas, imunidade ao
ambiente, etc.).
Ø Tendem a manter sua estabilidade dimensional sobre grande período de tempo (por exemplo,
não sofrem de micro escoamento quando fortemente tensionados).
Ø Baixa densidade e grande rigidez mecânica.
Ø Etc.
Nos metais, um limite elástico alto é encontrado quando os mesmos sofrem algum
processo de endurecimento como têmpera ou encruamento. Metais que possuem uma grande
diferença de dureza antes e após o processo de endurecimento são os mais desejáveis para serem
utilizados na fabricação dos sistemas de microposicionamento. Também é desejado que o metal
144
no seu estado normal seja suficientemente duro, para ter uma usinagem fácil. Em geral, os aços
com essas características possuem um teor de carbono maior que 0,3% em peso, mas o principal
problema desses aços de alto carbono é a dificuldade de serem usinados por usinagem
convencional (furação, fresamento, etc.) e em muitos casos, o aparecimento de grande
concentração de tensão residual após a usinagem. (Smith, 2000)
Assim, é necessário se selecionar o metal com as características mais apropriadas ou
procurar opções em materiais não metálicos ou compostos.
A seleção do melhor material para uma determinada aplicação é parte de qualquer projeto
mecânico. Hoje, são inúmeros os materiais que podem suprir determinados requisitos de projeto,
mas, ao mesmo tempo, é difícil saber as propriedades de cada um, o que torna difícil visualizar
somente através de tabelas quais materiais seriam bons candidatos para a aplicação. Assim,
muitas são as técnicas que visam selecionar mais facilmente esses materiais, agrupando-os por
propriedade, por relações e, finalmente, disponibilizando-os na forma de cartas e gráficos para
uma visualização mais prática.
As cartas de materiais elaboradas por Ashby (1992) são um bom exemplo do
agrupamento dos materiais por suas propriedades mecânicas e, principalmente, por combinações
de propriedades, como módulo de elasticidade e peso específico, tensão de escoamento e módulo
de elasticidade e assim por diante. Desse modo, diversos metais, cerâmicas e polímeros podem
ser analisados e posteriormente mais facilmente selecionados.
Como exemplo da aplicação dessas tabelas para a seleção de materiais a serem usados na
confecção de pivôs elásticos monolíticos, baseados principalmente no critério tensão de
escoamento sy, módulo de elasticidade E, densidade r, condutividade térmica a (sy/E, sy/r,
1/a), os seguintes materiais foram selecionados como candidatos
_ Diamante _ Carboneto de tungstênio _ Duralumínio
_ Cerâmicas _ Cristal de silício _ Cobre berílio
_ Carboneto de silício _ Tungstênio _ Etc.
_ Nitreto de silício _ Aços duros
Muitos desses materiais são de difícil usinagem, necessitando de métodos alternativos de
manufatura, como os apresentados na Tabela 6.3. Apesar disso, a literatura apresenta a utilização
de cerâmicas e, principalmente, do cristal de silício na confecção de pivôs elásticos em
nanomáquinas, probes de microscópios de varredura e equipamentos para nanoidentação.
No caso dos porta-ferramentas, assim como os equipamentos de microposicionamento
comerciais, o material utilizado é normalmente o aço inox e, em casos especiais, ligas de
145
baixíssimo coeficiente de dilatação térmica (tipo Super Invar), quando se deseja minimizar a
variação dimensional com a mudança de temperatura.
Essa é a situação encontrada caso seja adotada qualquer concepção que utilizasse o ajuste
micrométrico da altura da ferramenta através de guias flexíveis angulares, como exemplo as
concepções 2 e 4 (item 2.2.3).
O deslocamento da quina da ferramenta é diretamente relacionado com a distância entre a
quina da ferramenta e o centro de giro do pivô (distância R da Figura 6.2). Assim, qualquer
34
– Modelos do catálogo da Physik Instrumente (2000) com faixa de atuação até 40mm.
146
alteração dessa distância que leve a uma incerteza de posicionamento pior que ±1mm
(especificação de projeto) implicaria a exigência de uma compensação na calibração.
Mesmo quando utilizada uma força de contato reduzidas e aproximações com velocidade
muito baixa da ferramenta, ainda assim ocorrem outros efeitos danosos da medição por contato,
como por exemplo o mascaramento do resultado real devido à ‘usinagem’ da ponta do sensor
148
pelo contato com o gume de diamante e/ou o acúmulo de sujeira entre o sensor e a ferramenta,
que reduz também a repetibilidade da medição. (Morantz, 1992).
Assim, sistemas ópticos de grande magnificação e acoplados a uma câmera CCD são
soluções normalmente oferecidas.
Nos casos apresentados na Figura 6.10, a operação de set-up da ferramenta pode ser
totalmente automatizada, pois como previamente comentado, não há necessidade de se analisar a
peça de trabalho para verificar a geometria e forma da mesma, se os parâmetros originais da
estação da ferramenta ainda estiverem válidos.
6.5 Conclusões
mais que devem ser incorporados ao torno o que aumenta os custos de implementação – mesmo
nos catálogos dos fabricantes, essas estações são vendidas como acessórios.
Por fim, quando a leitura da posição da ferramenta é feita em relação ao atuador, o
processo de set-up da ferramenta ocorre de forma interativa e a calibração terá que ser refeita
para cada modificação na instalação da ferramenta (caso do posicionamento angular). Sistemas
de redução/ampliação de movimento teriam vantagens somente se o atuador estivesse associado
a um método de posicionamento mais facilmente controlável, como, por exemplo, motores com
um bom controle de posição angular ou atuadores piezelétricos. O motivo, conforme apresentado
no Capítulo 4, é que o valor do fator n de redução do movimento, devido às perdas internas do
mecanismo, pode ser um número fracionário, o que tornaria muito difícil o posicionamento
correto, utilizando-se por exemplo somente as divisões no tambor de um parafuso micrométrico.
A vantagem desse tipo de leitura, está o custo de implementação menor, o fato de o conjunto
ficar mais compacto e não ser necessário alterar o torno para prover instalações
150
7 Capítulo 7
elásticos foram apresentados, o que permite achar uma combinação construtiva para que
determinadas especificações de projeto sejam atingidas, como rigidez, curso total, resistência à
fadiga, etc..
O desenvolvimento das equações permitiu analisar com mais sensibilidade a influência
de cada parâmetro construtivo da geometria do pivô e do material utilizado na sua construção.
Assim, é possível se ter uma prévia das dimensões do microposicionador e verificar se existe
alguma impossibilidade de sua integração com os demais elementos. No entanto, nem todas as
informações ou equações estavam disponíveis para todos os pivôs, havendo ainda espaço para o
estudo de, por exemplo, pivôs elípticos, meio pivôs e principalmente as geometrias apresentadas
no final do ANEXO D.
Dois dos mais usados tipos de atuadores foram apresentados, os parafusos
micrométricos/diferenciais e o atuador piezelétrico. Dentro desse assunto, destaca-se a
possibilidade de se combinar diferentes atuadores para se atingirem determinadas características
de posicionamento ou de se criarem mecanismos para ampliar ou reduzir o deslocamento
nominal. Como exemplo, um desses mecanismos foi apresentado e três porta-ferramentas
comerciais foram analisados quanto ao meios utilizados para facilitar o microposicionamento da
ferramenta.
Como um caso prático, os conhecimentos estruturados na dissertação foram utilizados
para dimensionar um sistema de microajustagem da altura da ferramenta. Posteriormente, esse
microposicionador foi simulado com a ajuda de um software de elementos finitos. A simulação
mostrou um problema de projeto não detectado inicialmente, alertando para a necessidade de
utilização de diferentes informações ou meios de predizer o resultado antes da sua fabricação.
Assim, visto a ajuda que a simulação prestou para o melhor entendimento do projeto de
microposicionadores, a primeira sugestão para trabalhos futuros é da fabricação e teste de
pequenos sistemas de microposicionamento, que utilizem pivôs elásticos, com o objetivo de
detectar os problemas de manufatura e, principalmente, verificar o comportamento dos mesmos
após a construção.
Como evolução desse sistema de posicionamento, estaria o desenvolvimento de um
posicionador cujo macro e microposicionamento fosse feito por um único conjunto que
combinasse grandes deslocamentos com alta resolução de posicionamento. Essa foi uma linha de
pesquisa observada durante as fases de coleta de informações para a dissertação, no entanto,
aplicadas em sistemas de posicionamento para laboratórios. Em geral, o desempenho desses
posicionadores eram bons, mas as soluções utilizadas não poderiam atender os requisitos de
152
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SMITH, T. et. al. Elliptical Flexure Hinges. Rev. Sci. Instrum., v. 68 n.3, p.1474-1483, 1997.
SUN, Guijing; et. al. Para-Flex Stage for Wide-range Scanning Tunneling Microscope.
International Progress in Precision Engineering, p.922-925, 1993. ISBN – 075069484X
Catarina.
XU, Wei; KING, Tim. Flexure Hinges for Piezoactuator Displacement Amplifiers:
Flexibility, Accuracy and Stress Considerations. Precision Engineering, v. 19, n.1, p.4-10,
1996.
YANG, Renyi; JOUANEH, Musa Design and Analysis of a Low Profile Micro-Positioning
Stage. Precision Machining: Technology and Machine Development and Improvement, p. 131-
142, 1992. ISBN – 0791810674
Obras consultadas
ASHBY, M. F. Material Selection in Mechanical Design.: Pergamon Press, 1992, 312p. ISBN
– 0080419070
KAROW, Hank H. Fabrication Methods for Precision Optics: John Wiley & Sons, 1993.
768p. ISBN – 0471512222
RAMUSSEN, J. D. et. al. A Piezoelectric Too Servo System for Variable Depth of Cut
Machining. Precision Machining: Technology and Machine Development and Improvement,
p.119-130, 1992. ISBN – 0791810674
VUKOBRATOVICH D. et. al. Slit Diaphragm Flexures for Optomechanics. SPIE, v.2542,
p.2-10.
ZHU, Jianqiang. Several Design for Ultrahight Resolution Optical Positioning Components.
SPIE, v. 2542, p.207-211
160
9 ANEXOS
161
Geometria Torno para faceamento horizontal. Torno com guias em T Torno guia cruzada Torno R-q
Altura da ferramenta35 Altura da ferramenta Altura da ferramenta
Discos:
Profundidade de corte Profundidade de corte Profundidade de corte Não produz
D
Ângulo de saída Ângulo de saída Ângulo de saída
Cilindros: Altura da ferramenta Altura da ferramenta
D Não produz Profundidade de corte Profundidade de corte Não produz
L Ângulo de saída Ângulo de saída
Altura da ferramenta
Semi-Esfera Côncava:
Altura da ferramenta Altura da ferramenta Profundidade de corte
D
Não produz Profundidade de corte Profundidade de corte Ângulo de saída
R
Ângulo de saída Ângulo de saída Ferram. fora do centro36
Ajuste do Raio sobre base q
Altura da ferramenta
Semi-Esfera Convexa:
Altura da ferramenta Altura da ferramenta Profundidade de corte
D
Não produz Profundidade de corte Profundidade de corte Ângulo de saída
R
Ângulo de saída Ângulo de saída Ferram. fora do centro
Ajuste do Raio sobre base q
35
Caso seja necessário a usinagem completa até o centro da peça (sem um furo central)
36
Não coincidência da quina do gume da ferramenta com uma linha horizontal que passa exatamente pelo centro da base q.
162
ANEXO A (Continuação)
2 eixos móveis
Anesfera: Altura da ferramenta
D Altura da ferramenta Altura da ferramenta Ângulo de saída
R1 Não produz Profundidade de corte Profundidade de corte 3 eixos móveis
R2 Ângulo de saída Ângulo de saída Altura da ferramenta
Rn Profundidade de corte
Ângulo de saída
Cones externos: Altura da ferramenta37 Altura da ferramenta
D Profundidade de corte Profundidade de corte Não produz
Não produz
L Ângulo de saída Ângulo de saída (salvo paraboloides convexos)
C Rotação ferramenta/árvore Rotação ferramenta/árvore
Cones internos: Altura da ferramenta Altura da ferramenta
D Profundidade de corte Profundidade de corte Não produz
Não produz
L Ângulo de saída Ângulo de saída (salvo paraboloides cônicos)
C Rotação ferramenta/árvore Rotação ferramenta/árvore
Adicionalmente todos necessitam de parâmetros de tolerâncias de fabricação e acabamento superficial, como por exemplo:
Ra – Rugosidade média em nanometro, e diretamente ligado ao parâmetro profundidade de corte (ap) e outros fatores mais, que dependerão da
geometria e forma da peça gerada e o processo e máquina utilizados como:
Ø Planicidade (mm) Ø Linearidade (mm) Ø Etc.
Ø Paralelismo (mrad ou mm) Ø Esfericidade (mm)
Ø Cilindricidade (mm) Ø Conicidade (mm)
37
Nos casos dos cones externos/internos, depende se existe a necessidade de se um cone completo ou apenas uma seção.
163
Atuador Usinar
Ajustar na referência
Controle Analisar erros
Usinar
Ler posição Sensor posição Indicar posição Usinar
Capac. de amortec.
Amplitude do mov
Sens. ao ambient.
Equip. p/ suporte
Perform. térmica
Carga suportada
Disponibilidade
Veloc. e aceler.
Tamanho/peso
Repetibilidade
Tipo de guias
Manutenção
Atrito baixo
Manufatura
Resolução
Pré-carga
Exatidão
Rigidez
Projeto
Custo
Vida
De escorregamento 4 4 4 4
De molas 1 2 3 NA
De elementos rolantes 5
Aerostática
Hidrostática
1 – Depende principalmente do sistema de controle externo utilizado
2 – Maior amplitude projetada, menor rigidez
3 – O uso de um sistema para absorção de choque melhora mas diminui a rigidez do sistema
4 – O uso de materiais alternativos podem melhorar enormemente essas características
5 – Rolamentos de ultraprecisão são sensíveis a contaminantes, pois comprometem seu funcionamento
166
Viga circular
y
Fy
b
My
h ax
Fz
t Fx
z Mz
x
5
M z 2× E ×b ×t 2
KazMz = = Eq. D1
az 1
9 × p × a x2
5
Fy 2× E ×b ×t 2
KazFy = = Eq. D2
az 3
1 - b × 9 ×p × a
2 2
x
Fy 2× E ×b 5
= × (2 × b ) 2
KdyFy =
dy (
9 ×p × 1 - b 2
) Eq. D3
-1
é 1
ù
K ayMy K dxFx × b M y E × b × p êæ 1 ö 2
2 3
2ú
KazFz = KdzMy = = = = × ç ÷ - Eq. D4
ax 12 × a x ay 12 × a x êçè 2 × b ÷ø 3ú
êë úû
-1
é 1
ù
Fz E ×b ê æ3
1 ö 2 1ú
KdzFz = = × ç ÷ - Eq. D5
d z 12 × p × a x2 êçè 2 × b ÷ø 4ú
êë úû
167
Elípticas
y
Fy
b
My
ay
h
ax
Fz
t
z Mz Fx
ìæ ö æ 3 + 4b + 2b 2 ö æç 6(1 + b ) ö
-1
æ 2+b öüï
ï 1 ÷ × tan ç ÷ý
f ( b ) = íçç ÷÷ × çç ÷÷ +
îè
ï 2×b + b2 (
ø è (1 + b ) 2 b + b
2
) (
ø çè 2 b + b 2
3/ 2
) ÷
ø
ç
è b ÷
øïþ
Eq. D6
Mz 2 × E × b × a x2
KazMz = = Eq. D7
az 3 × e 3 × f (e × b x )
é 2 × (1 + b ) 2 + by p ù
g (b y ) = ê × tan -1 - ú
y
Eq. D8
ê 2 b y + b y2 by 2ú
ë û
My E × b3 E × b3
= =
12 × e × g (b y ) 12 × e × g (e × b x )
KayMy = Eq. D9
ay
Fx E ×b
KdxFx = = Eq. D10
d x e × g (e × b x )
é p 2 + by ù
( )
g (e × b x ) = ê2 + 2 b y + × 1 + 4 b y + 2 b y2 - 4(1 + b y ) × 2 b y + b y2 × tan -1
by
ú Eq. D11
êë 2 úû
Fz E × b3
=
dz é h(e × b x )ù Eq. D12
12 × a x2 × e × ê g (e × b x ) +
ë 2 úû
Fz G ×b
KdyFy = KdzFz = = Eq. D13
d z e × g (e × b x )
Onde G é o módulo de cisalhamento do material.
Observações:
168
· A medida que e ® ¥ o fator e×g(e×bx) converge para bx, o que corresponde à equação da
rigidez de uma viga em balanço.
· A medida que e ® ¥ o fator [g(e×bx)+ h(e×bx)/2] converge para 2/3×bx, o que corresponde à
equação da rigidez de uma viga em balanço.
· Fazendo bx = by = b e ax = ay = R, as equações das vigas elípticas descrevem a rigidez de
uma viga circular.
y
Fy
b
My
h ax
Fz t Fx
z Mz x
2
KazMz = × K azMz Eq. D14
2
Toroidal (Pivô universal)
ax
7 7
My M E × a x3 × (2 × b ) 2 E ×t 2
= z » = Eq. D15
ay az 20 1
20 × a x2
169
7 7
Fz Fy E ×t 2
E ×t 2
= = » Eq. D16
ay ay 3 3
20 × a × 1 - b
2
x
2
20 × R 2
3 3
Fx E × R × (2 × b ) E ×t
2 2
» = Eq. D17
Dx 2 1
2 × a x2
Geometrias adicionais
Existe uma variedade imensa de mecanismos que podem ser gerados a partir de pivôs
monolíticos de diferentes geometrias. Para os que desejam conhecer mais, além da bibliografia
apresentada nesse trabalho, o capítulo 5 do livro “Flexures; S. T. Smith, 2000” apresenta uma
extensa bibliografia de diferentes designes e aplicações de pivôs de diferentes formas (como os
exemplo abaixo) incluindo algumas de suas respectivas equações de rigidez (exceto pivô d).
a b c d