TRAVESSIA
TRAVESSIA
TRAVESSIA
Apresentação
José Carlos A. Pereira
ARTIGOS
POEMAS
Boa leitura!
REFERÊNCIAS
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<https://missaonspaz.org/politicas-institucionais/>. Acesso em 14 de fevereiro de 2022.
Edimilson Rodrigues*
1 INTRODUÇÃO
* UFMA /AXOLOTL
É evidente que esse artigo não pretende usar a metáfora do mar para
definir produções literárias complexas, amplas e plurais, como as de Cabo
Verde e Moçambique; mas, demonstrar que elas resultam de convergências
conflitivas ao longo da história, tendo o mar nas obras literárias africanas, como
uma possibilidade de representação natureza/homem que sofreu as mazelas
do sistema colonial e que, também, por isso, possibilitou, aos poetas, a escrita
como uma colcha de retalhos imantada de símbolos marítimos, mitos, memórias
e emblemas da colonização.
a) “Entre Macúti e Sofala/ Todo o mar é uma lembrança:/ – Cada navio que
chega/ Traz meus sonhos de crianças!” Jorge Villa in Saúte (2004, p.);
O menino e o búzio
É meu o mar
cativo e minucioso
entre os polos do búzio que o dilata
E onde fundado tremula o casco arenoso
da silhueta suspensa dum navio pirata.
Saudade e espanto
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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RESUMO
O Presente trabalho discute questões sobre o mar na literatura africana de expressão
portuguesa. Tomamos algumas as metáforas de tempo e infância como constituintes da
memória, pois, estampam no literário o texto do social. Amparados nas obras de Lúcia Tindó
Secco (1996 e 1999) textos seminais de discursões sobre a temática. E, para tal feito, além das
poesias: O menino e o búzio, de Sebastião Alba e Saudade e espanto, Mark Dennis Velhinho,
incursionamos em alguns excertos de outros poetas africanos que nos iluminam, em breve
pendo ao histórico, às análises dos poemas.
ABSTRACT
The present work discusses questions about the sea in Portuguese-speaking African literature.
We take some of the metaphors of time and childhood as constituents of memory, as they
stamp the social text in literature. Based on the works of Lúcia Tindó Secco (1996 and 1999)
seminal texts of discourses on the subject. And, to this end, in addition to the poems: O
Menino eo Búzio, by Sebastião Alba and Saudade and Astonishment, Mark Dennis Velhinho,
we look into some excerpts from other African poets that enlighten us, in short, to the analysis
of the poems.
1 Introdução
2 Contextualização
Acolhidos Rua
Caracterização 83% são homens; 88% são homens;
Demográfica idade média que varia de 43 idade média que varia de 41
anos; 32% presença de idosos anos; 24% presença de idosos
(50 anos ou mais); (50 anos ou mais);
grande maioria formada por grande maioria formada por
“não brancos”; “não brancos”;
elevada taxa de analfabetos; elevada taxa de analfabetos;
maioria são migrantes – maioria são migrantes –
principalmente vindos do principalmente vindos do
Sudeste, seguido por Nordeste; Sudeste, seguido por Nordeste;
27% são paulistanos; 29% são paulistanos;
24% de presença de migrantes 10% de presença de migrantes
que estão há menos de 1 ano que estão há menos de 1 ano em
em SP; SP;
59% de migrantes que vivem há 74% de migrantes que vivem há
mais de 5 anos em SP; mais de 5 anos em SP;
A pesquisa relata como recente A pesquisa relata como recente
(em 2015) a presença de (em 2015) a presença de
imigrantes entre a população de imigrantes entre a população de
rua, principalmente africanos. rua, principalmente africanos.
Perda de 80% afirmou viver só; menos 69% afirmou viver só; 31%
vínculos de 20% possuem algum vínculo possuem algum vínculo familiar;
familiares familiar; Observaram um aumento de
Fato descrito ao lado ocorre pessoas convivendo com amigos
com menos frequência neste e outras sem parentesco, em
grupo. novos arranjos familiares. Algo
muito ligado à autoproteção.
Trabalho e 26% dos acolhidos não estão Cerca de 4,8 % dos moradores de
Renda trabalhando, 11% trabalham rua são assalariados, sendo 2,2%
como assalariados sem carteira com carteira assinada e 2,6%,
assinada e 7% com carteira informais. Destaca-se a elevada
assinada. A maioria dos participação dos que estão
acolhidos, contudo, consegue trabalhando por “conta própria”
dinheiro desempenhando e “bicos”.
atividades classificadas como Para eles, a catação (42%)
“conta própria” e “bicos”. e a mendicância (30%) são
atividades exercidas em
proporções muito superiores às
verificadas entre os acolhidos.
5 Considerações Finais
Referências
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Abstract
Considering scarce Brazilian academic research on the attendance of people experiencing
homelessness in the public library, the objective of this article is to carry out an analysis
on the subject, investigating whether this institution can fulfill its social
role, and also, if it represents a welcoming place to this group of users. In
order to do so, we proceed to the bibliographic research, focusing on the
national and foreign production on the subject, combined with field survey
through punctual interviews with staff members of two public libraries
of reference of the city of São Paulo: Biblioteca Mário de Andrade and Biblioteca de
São Paulo. We observe points in common between what theory says and what we
learned from the interviews and also confluences between the interviews themselves,
as it was agreed that people experiencing homelessness are a heterogeneous group,
with different needs, and that the public library welcomes them. In addition, the
respondents were against the offer of specific services targeting this group of people,
although this was questioned. Lastly, we can comprehend that the public library has
a very significant social role and responsibility, being of great importance in the lives
of these people, mainly as a representation of shelter.
Keywords: people experiencing homelessness; public library; the social role of the public
library; welcoming place.
Daniel Robins
INTRODUÇÃO
Neste artigo, utilizo uma pesquisa qualitativa com brasileiros que moram
em Londres para argumentar que há certos fluxos de migração do Sul Global
para o Norte Global chamados “migração por estilo de vida”. Eu pretendo
desafiar os Estudos que tendem a ver “a migração por motivos de estilo de vida
... como uma característica intrínseca (específica) da migração do Norte Global
[enquanto] a migração do Sul Global ‘ainda é (implicitamente) genericamente
mapeada como dependente de fatores de ‘empurrão’ e ‘puxão’ [minha
tradução]” (Martins Junior, 2017, p. 52). O meu argumento – de que os brasileiros
de classe média que migram para Londres são um exemplo de migração por
estilo de vida – também destaca o ponto, elaborado por pesquisadores como
Gay y Blasco (2010), de que o cosmopolitismo como “uma postura intelectual
e estética de abertura para experiências culturais divergentes, uma busca por
contrastes ao invés de conformidade [minha tradução]” (Hannerz, 1990, p. 239),
não é somente para os cidadãos do Norte Global (Gay y Blasco, 2010). Embora
as motivações econômicas ofusquem, até certo ponto, todas as decisões
de migrar (Clark & Maas, 2015), uma característica compartilhada entre os
migrantes brasileiros, em minha pesquisa, e “migrantes por estilo de vida”,
na literatura, é uma negação explícita de uma motivação econômica para a
decisão de migrar. Além disso, ambos os grupos compartilham uma perspectiva
ideológica individualista. Eles podem negar uma identidade transnacional e,
em vez disso, enquadrar sua migração em termos cosmopolitas como um
exercício de “cidadania global”. Este distanciamento de uma identidade como
um migrante brasileiro transnacional “típico” não deve, porém, ser tomado
como dicotômico, porque a identidade do migrante é muitas vezes discursiva e
multidimensional (Krzyzanowski & Wodak, 2008).
Na verdade, este artigo não pretende ser uma comparação binária direta
entre os migrantes de classe média e migrantes “econômicos” de classe média
baixa, mas, sim, examinar como a dicotomia entre “migrantes econômicos
Korpela (2014, p. 34) observa que “os migrantes por estilo de vida parecem
ser um perfeito exemplo empírico sobre os quais os sociólogos que estudam
o individualismo têm teorizado”. Não é surpreendente que a “cidadania
global” (Heater, 2004) apareça no discurso dos migrantes por estilo de vida,
desenraizados como estão, literalmente e em termos de autoidentificação, da
cultura em que nasceram. Na verdade, Williams, Jephcote, Janta e Li (2018)
encontraram evidências de que aqueles que se identificam como um “cidadão
global” têm mais probabilidade de migrar do que seus compatriotas. O que
desejo extrair é como uma identidade de “cidadão global” é frequentemente
usada por migrantes por estilo de vida para contrastar sua situação com
a de uma “identidade transnacional”. Aqui, “cidadania global” pode ser
vinculada a uma postura individualista e cosmopolita em relação a formas de
identidade coletiva com base na nacionalidade. Bookchin conecta o conceito
a habitantes da Cosmópolis (a antiga “cidade global”) e o contrasta com
os cidadãos da Pólis (a cidade-estado tradicional; Bookchin, 1982, p. 157).
Ainda assim, como Igarashi e Saito (2014) nos lembram, o cosmopolitanismo
é muitas vezes vinculado à possessão de capital econômico, bem como de
tipos específicos de capitais culturais e sociais. Ao contrário dos migrantes
brasileiros semidocumentados (Dias, 2009), o privilégio de possuir um
passaporte da UE, por exemplo, permite que muitos brasileiros criem uma
identidade cosmopolita em termos de “cidadania global”, de uma forma
7 BRASILEIROS EM LONDRES
8 METODOLOGIA
Ariana: “Em primeiro lugar eu estava mais ou menos sozinha ... estava sem família
pela primeira vez, então isso foi ótimo, a sensação de liberdade. Eu gosto de me
sentir livre... eu senti que estava mais livre por me sentir como independente”.
“Eu acho que tudo é permitido e isso é a coisa boa sobre Londres, você é meio
invisível, sabe? Isso não importa com qual roupa você veste, não importa se você
tem dinheiro ou um carro. Realmente não é importante”.
Vale ressaltar que essa ideia de não ser julgado como pessoa conhecida,
mas, sim, tratado como um indivíduo livre (DaMatta, 1991) é em grande parte
imaginada no sentido de que é dependente da perspectiva subjetiva de migrante
por estilo de vida e sua falta de laços sociais (ou uso de “laços fracos”, como a
Florida os chama). Um discurso semelhante pode ser encontrado na literatura de
migração por estilo de vida. Por exemplo, Oliver (2007) descreve como muitos
dos seus entrevistados, migrantes britânicos na Espanha, expressaram um
sentimento semelhante. Um migrante explica suas razões para deixar a Inglaterra:
“Eu me cansei da rotina ... todas as pessoas falavam sobre o quanto eles tinham,
que carros eles dirigem. Considerando que aqui ninguém se importa. Ninguém
dá a mínima para quem você é ... Você pode ter cinquenta milhões de pesetas ou
nada” (Oliver, 2007, p. 132).
10 ANONIMATO INTERROMPIDO
Fred: “Não, sim. É positivo. Como posso dizer? Isso é tipo como eles me tratam
como uma figura exótica, mas não é tanto em um sentido negativo. Há muito
mais uma espécie de curiosidade por trás disso. Não é como, “Meu Deus, você é
diferente de mim. Vai embora.” Tem mais a ver com: “Nossa, você é diferente de
mim. Me diga mais.”.
11 I N D I V I D U A L I S M O , L I B E R D A D E E M O B I L I D A D E :
INDIVIDUALIZAÇÃO E A ‘CIDADANIA GLOBAL’
Caio: perdido, eu fico fora de casa... Não me adapto muito à cultura brasileira.
Leandro: “Só para diferenciar o tipo de imigração. A maioria das pessoas que
conheci no início ... percebi que as razões pelas quais elas partiram foram
basicamente as mesmas, razões econômicas. As minhas não eram puramente
econômicas, eu estava farto de estar no mesmo lugar, nada a ver com dinheiro
...A maioria das pessoas que conheci quando cheguei queriam trabalhar em
Londres, economizar dinheiro e voltar. Eu não tive essa intenção. Meu objetivo
não era ganhar dinheiro, mas talvez aprender”.
Vale a pena voltar aos comentários de Caio sobre não “se sentir” brasileiro.
Qual é a “cultura brasileira” com a qual Caio não se identifica? Muitas vezes
os brasileiros do Sul não são considerados como brasileiros “reais”. Schommer
(2012) escreve:
13 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Resumo
Tradicionalmente, o estudo sobre a migração por estilo de vida concentrou-se na migração
“do Norte para o Norte” ou “do Norte para o Sul”. Este artigo analisa a migração da classe
média brasileira para Londres para argumentar que existem instâncias de movimento do Sul
Global ao Norte Global, que devem ser classificadas como migração por estilo de vida. Isto é
importante porque há uma tendência, nos estudos de migração, de classificar implicitamente
toda migração voluntária do Sul para o Norte como “migração econômica”. O artigo compara
as pesquisas sobre “os migrantes por estilo de vida” com os migrantes brasileiros da classe
média em Londres. Analisa ainda a dicotomia entre os migrantes por estilo de vida e migrantes
econômicos, operacionalizada no discurso dos migrantes brasileiros da classe média para
demarcar sua situação em relação à de seus compatriotas “transnacionais” que, muitas vezes,
eles tratam como “os outros”.
Resumen
Tradicionalmente, la investigación sobre la migración del estilo de vida se ha centrado en la
migración de “Norte a Norte” o de “Norte a Sur”. Este artículo analiza la migración de la clase
media brasileña a Londres, para argumentar que existen instancias de movimiento desde el
Sur Global hacia el Norte Global, lo que debería ser clasificado como migración de estilo de
vida. Esto es importante porque existe una tendencia en los estudios de migración a clasificar
implícitamente toda la migración voluntaria del Sur al Norte como “migración económica”. El
artículo compara la investigación sobre “migrantes de estilo de vida” con migrantes brasileños
de clase media en Londres. El artículo continúa con el análisis de la dicotomía entre migrantes
de estilo de vida y migrantes económicos operacionalizada en el discurso de los migrantes
brasileños de clase media para demarcar su situación en relación a la de sus compatriotas
“transnacionales” a quienes a menudo tratan como “los otros”.
1 INTRODUÇÃO
*
Socióloga, Professora Titular do Departamento de Sociologia e do Programa de Estudos Pós-
Graduados em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil.
lubogus@uol.com.br
Psicóloga, Mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,
**
Brasil. anamorini@gmail.com
2 A IMIGRAÇÃO QUALIFICADA
Visto de Residente
ANO
Permanente
2000 844
2001 847
2002 745
2003 839
2004 917
2005 969
2006 1181
2007 1745
2008 2137
2009 2510
2010 2598
2011 1508
2012 1641
2013 1712
2014 1916
2015 1730
2016 1730
2017 2760
2018 3950
2019 5290
2020 3695
Fonte: elaborada pelas autoras a partir de dados do site Open Canadá4
Notas
1
Esse manual foi desenvolvido com a colaboração da Organization for Economic Co-operation
and Development (OCDE), da EUROSTAT, da Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
2
Aplicante é uma derivação da palavra inglesa applicant e tem relação com aquele(a) que se
candidata ou aplica para se tornar um(a) imigrante qualificado(a) (SEGA, 2020).
3
Equivalente a um curso técnico, que prepara para alguma profissão.
4
<https://open.canada.ca/>. Acesso em 06 junho 2021.
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TILLY, C. Migration in Modern European History. Center for Research on Social Organization.
University of Michigan, Michigan,1976.
Abstract
This work intends to expand the knowledge about qualified migration, which is a type of
migratory phenomenon. The main objective is to analyze the insertion in the Canadian labor
market of qualified Brazilian emigrants. The literature shows us that countries usually place
several barriers in the way of qualified immigrants who seek to occupy positions compatible
with their qualification. The hypothesis of this work is that qualified Brazilian emigrants find
it difficult in Canada to get jobs compatible with their qualifications; however, the better
Canadian quality of life compensates for the professional challenges they need to overcome.
Interviews were conducted with 15 qualified Brazilians who live and work in Canada, in order
to raise basic profile data, such as gender, age, academic background, their professional
experiences in Brazil and Canada, the motivations and procedures used for emigration. The
analysis of the data obtained in the interviews confirmed the raised hypothesis, that is,
that qualified Brazilian emigrants in Canada find it difficult to get a job compatible with
their qualification, however, the advantages of living in the country outweigh the difficulties
encountered in the work.
Fernando Diehl*
1 INTRODUÇÃO
Este artigo é proveniente de notas de uma pesquisa que visa discorrer acerca
da reprodução da identidade dos descendentes de imigrantes alemães em suas
respectivas festas étnicas, no caso, enfatizamos as Oktoberfest que ocorrem no
Brasil. Como metodologia, utilizamos a observação sistemática e entrevistas
semiestruturadas. Buscamos analisar a representação que os teuto-brasileiros
fazem de sua etnicidade por intermédio dos símbolos de linguagem que os
indivíduos utilizam em suas vidas cotidianas, pois esta “apresenta-se como uma
realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para
eles na medida em que forma um mundo coerente” (BERGER; LUCKMANN, 2013,
p. 35). Isto significa que é na interação cotidiana que o mundo real é construído a
partir dos símbolos que surgem nos processos da linguagem, e estes preenchem
a vida, dando-lhe significado. Por símbolos, entenda-se, “alguns signos que
transmitem informação social podem ser acessíveis de forma frequente e regular,
e buscados e recebidos habitualmente; esses signos podem ser chamados de
símbolos” (GOFFMAN, 2013, p. 53). Já os signos respectivamente, para este
artigo, compreendem-se como “objetos ou ocorrências perceptíveis por visão,
audição, tato e olfato, como luzes de diferentes cores, elementos de vestimenta,
letreiros, declarações orais, tons de voz, gestos, expressões faciais, perfumes e
assim por diante” (BAUMAN; MAY, 2010, p. 207). Portanto, determinados signos
são significados cotidianamente tornando-se símbolos. Estes são signos que
transmitem informações sociais relevantes.
Consequentemente, símbolos que são traços, objetos e percepções,
geram sentidos e significados para os diversos grupos existentes, podem variar
conforme o contexto específico. Neste sentido, os grupos sociais constroem
socialmente os seus símbolos que dotam o mundo de sentido. Porém, isso não
significa a construção de uma interpretação pessoal isolada das demais, pois
as significações sempre são processuais, isto é, são construídas em interação
entre indivíduos e grupos sociais. Ao longo da História, alguns símbolos foram
constituindo um significado estruturante, isto quer dizer que a repetição dos
significados de tais símbolos construiu uma compreensão objetiva para uma
*
Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
3 CULTURA E IDENTIDADE
4 ETNICIDADE
Por fim, há o nível macro que visa compreender as políticas estatais, ou seja,
leis e burocracias que distribuem direitos e proibições de acordo com critérios
formais, mas também o uso da força do Estado. É no nível macro que devem
ser analisados os aspectos do nacionalismo e confronto com minorias étnicas
que “não são assimiladas”, visto que muitas vezes as ideias de nacionalismo
subjugam sutilmente algumas das etnicidades presentes em grupos imigrantes.
Há, neste nível, o interesse em analisar o processo de controle e a manipulação
da informação e do discurso públicos por parte dos Estados, assim como também
discursos globais de muitas organizações transnacionais como ONGs (BARTH,
2003). Feito esse panorama geral acerca do conceito de etnicidade, abordaremos
em seguida, mais especificamente, a Oktoberfest e como demarca fronteiras de
etnicidade teuto-brasileira.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O artigo visou discutir a reprodução da etnicidade teuto-brasileira nas
festas Oktoberfest. Para isso, fez um levantamento inicial acerca dos conceitos
de grupos étnicos e, com isso, apresentar uma visão da cultura como algo não
fixo e estático, mas em um fluxo de movimento sendo ressignificada conforme
um contexto específico. Neste sentido, relatamos que as identidades dos grupos
étnicos não são elementos dados e acabados, mas, sim, que são construções
históricas e que podem vir a desaparecer. Certos símbolos são utilizados pelos
indivíduos de um grupo étnico para demarcar as fronteiras de diferenciações
com outros grupos.
Utilizamos o conceito de etnicidade formulado por Fredrik Barth com o
propósito de descrever a questão proposta no artigo. O autor enfatiza que
se deve dar uma ênfase maior no aspecto das fronteiras. Neste sentido,
Notas
1
Mesmo sem jamais ter emigrado.
Referências
BAUMAN, Z.; MAY, T. Aprendendo a pensar com a Sociologia. Rio de Janeiro, Zahar, 2010.
MEAD, G. H. Mind, Self & Society: from the Standpoint of a Social Behaviorist. Chicago,
University of Chicago Press, 1967.
______. Colonização, imigração e a questão racial no Brasil. Revista USP, São Paulo, n.53, p.
117-149, mar-mai, 2002.
ABSTRACT
This paper aims to describe about the reproduction of the immigrants’ identity in their
respective ethnic festivals, in the case of this essay, we emphasize the German-Brazilians and
the Oktoberfest that take place in South of Brazil. The research methodologies were systematic
observation and semi-structured interviews, we discuss with the concepts of ethnic groups,
writing by Max Weber, and ethnicity, by Fredrik Barth, to understand the German immigrants
in Brazil case. As results we analyze that in an ethnic party, at first sight it can be thought that
it is a static and essentialist representation of the immigrant tradition, but in fact it contains
symbols that aim, in a procedural way, to construct which elements will be demarcating the
border of ethnic differentiation and will be used to classify and reframe what it means to be
German-Brazilian.
Rebeca Haddad
Guilherme dal Secco
Silvia Regina Viodres Inoue
Denise Martin
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Notas
1
Universidades comunitárias são instituições públicas não estatais, prestadoras de serviços
públicos, de interesse coletivo, sem fins lucrativos. <https://www.abruc.org.br/view/assets/
uploads/artigos/abruc/12.pdf acesso em 10/09/2021>.
2
O vestibular é regulamentado por edital e realiza uma seleção diferenciada com isenção do
pagamento de taxa de inscrição, possibilidade de ter a escolaridade atestada pelo CONARE,
vinculado ao Ministério da Justiça ou pelo ACNUR, prova contendo questões objetivas e
redação.
3
Estas observações são resultado do trabalho com docentes e discentes no âmbito das
atividades da CSVM. Além disso, a universidade tem buscado responder com ações
envolvendo diferentes âmbitos institucionais.
4
Bolsistas de Iniciação Científica – PIBIC – períodos: 2018 – 2021
5
A CSVM fez 2 eventos no Dia do Refugiado, focando principalmente o público interno da
universidade. Nos vestibulares de 2019 e 2020, a equipe esteve presente, no dia do vestibular
e no da matrícula, para receber os estudantes, dar orientações gerais e iniciar contatos.
6
Optou-se por utilizar a idade aproximada para proteger as pessoas em situação de refúgio de
eventuais identificações.
7
A equipe das trocas encontrava o aluno em outras oportunidades, nos espaços da
universidade.
8
Os dois estudantes que participaram das trocas moram em São Paulo.
9
A Missão Paz é uma organização gerida por religiosos scalabrinianos, na região central de São
Paulo, que oferece moradia provisória coletiva e serviços a migrantes e imigrantes. <http://
www.missaonspaz.org/conteudo/historia>.
REFERÊNCIAS
ACNUR E CSVM. Relatório Anual Cátedra Sérgio Vieira de Mello. 2020. Disponível em:
https://www.acnur.org/portugues/wp-content/uploads/2020/11/Relatorio-ANUAL-
CSVM-2020-V2.pdf. Acesso em: 20 de junho de 2021.
FASSIN. D. O sentido da saúde: antropologia das políticas da vida. In: Saillant, F., Genest, S.
Antropologia médica: ancoragens locais, desafios globais. Rio de Janeiro, Fiocruz, 2012.
ABSTRACT
This text is inspired by the desire to understand the insertion of refugees in Brazilian
universities. Considering that the academic life of students is not limited to access to the
disciplinary content of the chosen profession, we seek to get closer to what happens in the
university environment. The physical space, the teachers, the classmates, the employees, the
canteen, among others, present possibilities of insertion or not of refugees. This experience
report presents a project developed at a community university affiliated to the Sérgio Vieira
de Mello Chair, located in the Southeast region of Brazil. The Institution annually offers a
specific entrance exam for people in refugee situations. Candidates can choose the language
in which they wish to take the test and three full scholarships are offered. From 2012 to 2020,
52 students passed the entrance exam, 16 entered the university and, in 2020, two students
were enrolled. Although there has been interest and access by refugees to the university, their
permanence has been a challenge. There were six dropouts during this process. We observed
that, despite the guarantee of the scholarship, there were difficulties with the degree of
proficiency in the Portuguese language, cultural barriers, of an economic nature, difficulty in
integrating with the academic community, in adapting to the organization of the university and
structural difficulties such as depending on the internet. and university computers.
1 Introdução
Este artigo é derivado de uma linha de pesquisa que busca compreender a
imigração síria para o Brasil e suas implicações no Rio de Janeiro. Desde então
foi possível construir uma série histórica dessa imigração, analisar o papel das
instituições de acolhimento e, de forma rasa, identificar as relações de gênero
existentes. Com isto, a pesquisa seguiu seu caminho para a análise da Sociedade
de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (SAARA), que é um centro
comercial formado principalmente por imigrantes árabes, incluindo os sírios, dos
séculos XIX e XX, e o mapeamento das barraquinhas de comida árabe que são as
atuais e mais significativas expressões do mercado de trabalho sírio.
Ao identificar a localização das barraquinhas de comida árabe no Rio de
Janeiro, é perceptível como a paisagem da cidade adotou uma configuração
diferente por conta dos imigrantes sírios. Diversos autores como Santiago e
Luca (2007), Manfio (2012), Reinheimer, Araújo e Santos (2019), Seyferth (2011)
trazem contribuições para pensar como os imigrantes atuam na construção de
uma paisagem cultural. Para este artigo, entende-se que a paisagem pode ser
analisada enquanto forma adquirida, em um determinado momento, de uma
porção do espaço (MUFFIN, 2012, p. 35), ou seja, que pode se reconstruir a
partir das dinâmicas sociais. Manfio complementa dizendo que as relações do
homem com a natureza criam paisagens culturais as quais estão associadas “à
vivência e dinâmicas que convivem neste espaço ou habitaram-no” (MUFFIN,
2012, p. 35) e, quando se pensa em migração, é interessante pensar que “os
mundos são feitos e refeitos através do movimento” (REINHEIMER, ARAÚJO E
SANTOS, 2019, p. 11).
A imigração síria para o Brasil é um tema bastante estudado, sobre o qual há
diversos artigos, teses e livros; entretanto, esta pesquisa preenche uma lacuna
ao estudar a importância das barraquinhas de comida árabe na imigração síria
*
Graduanda em geografia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e
bolsista de iniciação científica pelo CNPq.
**
Graduada em ciências sociais pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ).
Fonte: Autor; Ministério da Justiça e Segurança Pública (2016, 2017, 2018 e 2019).
Fotos: Autoras.
Foto: Autoras
Foto: Autoras.
Nos mapas acima, podemos ver a delimitação por bairros onde há a presença
de barraquinhas de comida síria e o mapeamento dessas barraquinhas em
conjunto com o mapeamento de estações de metrô que acreditamos influenciar
na localização dessas barraquinhas.
As localizações das barraquinhas são similares, estando não só em locais
com grande circulação de pessoas e próximas a metrôs, mas também em locais
que dispõem de uma ampla rede de serviço e comércio, como restaurantes,
farmácias, lojas, supermercados, universidades, escolas, hospitais e clínicas.
5 Considerações finais
NOTAS
1
Google Earth: trata-se de um programa de computador desenvolvido pela empresa Google.
Este programa apresenta imagens aéreas tridimensionais do Planeta Terra. Através desse
programa pode-se identificar lugares, construções, cidades, paisagens etc. (Nota do Editor).
2
QGIS: trata-se de um software livre com sistema de informação geográfica (SIG). Este software
possibilita a visualização, edição e análise de dados georreferenciados (Nota do Editor).
3
Representante da Caritas-RJ, entidade da sociedade civil responsável pelo acolhimento a
refugiados.
4
Missionário Scalabriniano e ex-coordenador da Pastoral da Migração na Arquidiocese do Rio
de Janeiro.
5
A popularidade da culinária árabe no Brasil e a existência da SAARA no centro do Rio de
Janeiro fazem com que a atividade de venda de salgados árabes seja facilitada, fornecendo aos
imigrantes sírios uma espécie de capital cultural, mas também simbólico, no sentido proposto
por Bourdieu (1989).
Agradecimentos
CHEREM, H. M. Irã: tudo o que você precisa saber. 2020. Disponível em:
<https://www.politize.com.br/ira-seculo-xx-aos-protestos/>. Acesso em: 15 jan. 2020.
FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. 32º ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional,
2005. 238p.
IDMH- Instituto Migrações e Direitos Humanos. Glossário. 2014. Disponível em:< https://
www.migrante.org.br/imdh/glossario/#:~:text=Por%20emigrante%20entende%2Dse%20
a,pa%C3%ADses%20de%20expuls%C3%A3o%20de%20migrantes.>. Acesso em: 22 de
março de 2021.
KNOWLTON, C. S. Sírios e libaneses: mobilidade social e espacial. São Paulo, Anhambi, 1960.
198p.
LIMA, J. et al. Refúgio no Brasil: caracterização dos perfis sociodemográficos dos refugiados
(1998-2014). Brasília: Ipea, 2017. 234p.
MANFIO, V. A quarta colônia de imigração italiana: uma paisagem cultural na região central
do Rio Grande do Sul. Geografia Ensino e Pesquisa, v1. 16, n. 2, p.31-45. 2012.
MOTT, M. L. Imigração Árabe: um certo oriente no Brasil. In: IBGE. Brasil: 500 anos de
povoamento. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. 232p.
PONTIM, M. SAARA: caleidoscópio étnico no Rio de Janeiro. Anais do XXVI Simpósio Nacional
de História - ANPUH. São Paulo, 2011
SILVA, A.F. da. O acolhimento de migrantes sírios pela igreja católica no Rio de Janeiro.
Espaços revista de Teologia e cultura, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 325-332. 2018.
SILVA, I. F. Os números da imigração síria nos censos brasileiros. In: Reunião de Antropologia
do Mercosul, XII, 2019, Porto Alegre. Anais XII RAM. Porto Alegre: UFRGS, 2019. p. 1-17.
TRUZZI, O. Sírios e libaneses: narrativas de história e cultura. São Paulo: Companhia Editora
Nacional, 2005. 103 p.
TRUZZI, O. O lugar certo na época certa: sírios e libaneses no Brasil e nos EUA enfoque
comparativo. in Estudos Históricos, n. 27, 2001, pp. 110-140.
ABSTRACT
Considering that it is important to analyze the syrian immigration and their implications to
Rio de Janeiro’ city, this paper aims to comprehend the syrian relation with the carioca city,
analyzing the historical context of this immigration and the syrian fixation in it. Therefore, it
was necessary do interviews with immigrants, descendants e representatives of welcoming
institutions; do a documental and bibliographic revision; analyze collected dates; map, at
Google Earth, arab food stalls present in Rio de Janeiro’s city and the neighborhoods they are,
at qgis. With this, it was possible to observe that syrian immigrants have a large distribution
and fixation at Rio, the arab food stalls are a current expression of this immigrants in the city,
what allows us to conclude that this population has an the a important paper in the socio-
economic-spatial constitution in the Rio de Janeiro’s city.
1 INTRODUÇÃO
*
Jéssica Aline Gomes. Mestranda em Direito Internacional Público pela Universidade de São
Paulo - Faculdade de Direito (FD/USP). Graduada em Direito (2014) pela Universidade de São
Paulo - Faculdade de Direito (FD/USP). Pós-graduada “lato sensu” em nível de especialização
(2018) em Direitos Difusos e Coletivos pela Escola Superior do Ministério Público de São
Paulo (ESMP/SP). Analista Jurídica do Ministério Público do Estado de São Paulo. E-mail:
jessicagomes.jag@gmail.com.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
NOTAS
1
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas define ‘mudança climática’ como
“uma mudança no estado do clima que pode ser identificada (por exemplo, usando testes
estatísticos) por mudanças na média e/ou na variabilidade de suas propriedades e que persiste
por um período prolongado, geralmente décadas ou mais. As mudanças climáticas podem ser
devidas a processos internos naturais ou forças externas, como modulações dos ciclos solares,
erupções vulcânicas e mudanças antropogênicas persistentes na composição da atmosfera ou
no uso do solo.”. (IPCC, 2021, p. 3895, tradução nossa).
2
O IPCC é um órgão com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) para aconselhamento
científico. Foi constituído em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa
Ambiental das Nações Unidas.
3
A Assembleia Geral da ONU (2016, p. 13, tradução nossa) concordou com a seguinte definição
de desastre: “Uma grave perturbação do funcionamento de uma comunidade ou sociedade,
em qualquer escala, devido a eventos perigosos interagindo com condições de exposição,
vulnerabilidade e capacidade, levando a um ou mais dos seguintes perdas e impactos:
humanos, materiais, econômicos e ambientais”.
4
A definição adotada no presente artigo foi escolhida por ter sido estabelecida pela Organização
Internacional para as Migrações (OIM), principal organização que atua no enfrentamento dos
desafios relacionados às migrações, e por ser ampla e baseada no termo “migrante”, que
abrange tanto categorias legalmente definidas, como aquelas pessoas cujo movimento e
status legal não têm definição pela legislação internacional.
REFERÊNCIAS
ADRIÁN, M.; GUTIERREZ, H. Fundación Heinrich Böll - Oficina Para Centroamérica
(ed.). Movilidad humana: derechos humanos y justicia climática. San Salvador: Ediciones
Böll, 2021. 118 p. Disponível em: <https://sv.boell.org/es/2021/04/05/movilidad-
humana-derechos-humanos-y-justicia-climatica>. Acesso em: 28 out. 2021.
BETTS, A. Survival migration: a new protection framework. Global Governance, vol. 16, no. 3,
2010, pp. 361–382. JSTOR, <www.jstor.org/stable/29764952>. Acesso em: 19 jun 2020.
BURKETT, M., Loss and damage, Climate Law, v. 4, 2014, pp. 119-130.
FRANÇOIS G. One good reason to speak of “climate refugees”. Forced Migration Review,
Oxford: Oxford University Press, 2015, ed.49 p.70.
FRY, I. Moving forward on loss and damage: Post Paris. Singapura, 27 abr. 2016.
MCADAM, J. Swimming against the tide: why a climate change displacement treaty is not the
answer. International Journal of Refugee Law, [S.L.], v. 23, n. 1, p. 2-27, 10 jan. 2011.
Oxford University Press (OUP).
OXFAM. Confronting carbon inequality: putting climate justice at the heart of the COVID-19
recovery (Issue September). 2020.
PANDIT CHHETRI, R.; SCHAEFER, L.; WATSON, C. Exploring loss and damage finance and its
place in the Global Stocktake. In ‘Financing Climate Action: iGST Discussion Series’.
2021.
SALIBA, A. T.; VALLE, M. F. V. do. A proteção internacional dos migrantes ambientais. Revista
de Informações Legislativas, Brasília, a. 54, n. 213, p.13-37, mar. 2017. Trimestral.
UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION – UNDRR. The human cost of
weather-related disasters 1995-2015. Genebra: Cred/Undrr, 2015. 30 p.
Resumo
Este artigo analisa o fenômeno da migração climática e a proteção jurídica do Direito
Internacional. Utiliza o método dedutivo e, por meio da pesquisa exploratória e descritiva,
analisa a relação entre clima e migrações, o não reconhecimento da categoria de migrantes
climáticos e os motivos da ausência de um tratado internacional sobre o tema. Examina os
instrumentos jurídicos do Direito das Mudanças Climáticas, para verificar se é possível utilizar
os mecanismos de adaptação e perdas e danos para regulamentar as migrações. Conclui que
as dificuldades de financiamento e responsabilização são um obstáculo para a proteção dos
migrantes climáticos.
Abstract
This article analyzes the climate migration and the legal protection of International Law. It
uses the deductive method and, through exploratory and descriptive research, analyzes the
relationship between climate and migration, the non-recognition of the climate migrants’
category and the reasons why an international treaty on the subject is missing. It examines
the legal instruments of the Climate Change Law, to analyze whether it is possible to use
the mechanisms of adaptation and damages to regulate migration. It concludes that poorly
funding and accountability are obstacles to protecting climate migrants.
Keywords: Climate migrations; Climate Change Law; Adaptation; Loss and Damage.
1 INTRODUÇÃO
Os estudos sobre migrações não tinham significativa relevância na virada
do século XIX para o século XX. Autores clássicos como Marx, Malthus, Weber
e Durkheim analisavam o processo migratório enquanto consequência do
desenvolvimento capitalista, junto ao processo de urbanização e industrialização.
Malthus explicava o fenômeno migratório enquanto decorrência da
superpopulação e da fuga da miséria; já Marx se atentava às mudanças econômicas
e políticas em países do Reino Unido e na França, enquanto exerciam coerção
militar em camponeses e pequenos proprietários; Durkheim percebia os fluxos
de pessoas enquanto um processo retilíneo de quebra com as solidariedades
mecânicas; e Weber se concentrava no resultado da industrialização e do
crescimento capitalista, aliado à importância da religião (MACIEL, 2020, p. 19).
A partir do século XX, começam os estudos sobre migração nas ciências
sociais, principalmente porque cidadãos europeus estavam indo para países do
Novo Mundo, como os Estados Unidos. Nesse momento, o fenômeno migratório
assume importância acadêmica materializada num “problema” de cunho social
(JARDIM, 2017). A Escola de Chicago observa os novos fluxos migratórios,
realizando diversas análises pautadas no estudo pioneiro de Thomas e Znaniecki
(1918) sobre a onda de imigração polonesa para o continente americano, no final
do século XIX. Assim, surge o termo melting pot: uma designação do processo de
assimilação de imigrantes em terras norte americanas, não implicando num total
abandono de seus valores e modos de vida originais. O melting pot se cristalizaria
a partir da criação de grupos cada vez mais amplos e inclusivos, considerando
que uma terceira cultura, ou um novo tipo de assimilação cultural, aconteceria
a partir dos processos migratórios. Entretanto, a Escola de Chicago sofreu
críticas relacionadas ao termo, uma vez que este não abarcava a complexidade
dos processos de colonialismo e imperialismo. O que pôde ser comprovado
posteriormente foi a transformação dessas comunidades migrantes, enquanto
grupos étnicos. Os pressupostos assimilacionistas, portanto, não se concretizaram
naquele momento (SASAKI, ASSIS, 2000).
*
Doutoranda em Antropologia na Universidade de Lisboa (DANT.ULisboa). Mestre em
Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Universidade Federal
Fluminense (UFF).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
NOTAS
1
LIPUMA, E. 1998. “Modernity and Forms of Personhood in Melanesia.” In Bodies and Persons:
Comparative Perspectives From Africa and Melanesia, edited by M. Lambek, and A. Strathern,
53–79. New York: Cambridge University Press; MCHUGH, E. L. 1989. “Concepts of the Person
among the Gurungs of Nepal.” American Ethnologist 16 (1): 75–86.
2
“McHugh (1989) also argues against a clear demarcation of a Western and non-Western
and individual and collective personhood. Based on her work among the Gurungs of Nepal,
she asserts how a ‘high value on interrelationship does not preclude a well-defined concept
of the individual’. In her conclusion, McHugh convinces the reader how both South Asian
and Western models of the person express a tension between the desire for autonomy and
the need for belonging. Both models relate to issues of agency and embeddedness, though
each involves a set of ideas and images in which different aspects of the human experience of
personhood are stressed” (APPUHAMILAGE, 2017, p. 5).
3
Carioca é a pessoa nascida na cidade do Rio de Janeiro.
4
“The kamo’s body appears as the costume of a personage” (LEENHARDT, 1947, p. 153).
5
“I came to think that one can do without the habitus, having arrived at a simpler formulation:
over time every one of us makes meaning for ourselves (i.e., autonomously) out of meanings
that others have made and are making; this inherently social process manifests itself as a
transformational process in which continuity resides. Or to put it another way, making meaning
is the fundamental form of human sociality because we cannot make meaning independent
of social relations whose history we transform by virtue of living it. By these means we arrive
at the point where at the very base of our research is the understanding that, if all our ideas
of the world and human being are historically constituted, it is the historical process that is
manifest in each and every human being that cries out for research and explanation” (TOREN,
2012, p. 72).
6
“The idea of the person as an individual cries out for an ethnographic study of its ontogeny
that can show how people come to be so enchanted by this idea that they come to take it
for granted as self-evident, given in the nature of things. And it has been a good while now
that anthropologists have been made aware that where we take for granted and project onto
others our own ideas of personhood and relationality we have little chance of understanding
and explaining historically divergent forms of sociality” (TOREN, 2012, p. 75).
7
Nos termos de Pedro, um dos interlocutores da pesquisa.
8
“As persons, we are always almost-one (partible) and slightly more than one (dividual). The
anthropological, psychological (see Trevarthen, 1980, 1998) and philosophical evidence (see
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S.L. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018.
LEENHARDT, M. The structure of the person in the Melanesian World. In: _______ . Do
Kamo: Person and Myth in the Melanesian World. Chicago: University of Chicago Press,
1979. cap. 11, p. 153-169.
SASAKI, E.; ASSIS, G. Teorias das migrações internacionais. In: Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, 12, 2020. Proceedings... Caxambu, Minas Gerais.
STARK, O.; BLOOM, D. The new economics of labour migration. In: American Economic
Review, vol. 75, 1985.
THOMAS, W. I.; ZNANIECKI, F. The polish peasant in Europe and America. Volume I. Primary
group organization. Boston: Richard G. Badger. The Gorham Press, 1918.
TOREN, C. Imagining the world that warrants our imagination— the revelation of ontogeny.
In: Cambridge Anthropology, vol.30 (1), p.64– 79, 2012.
RESUMO
Este trabalho pretende analisar a dicotomia entre indivíduo e sociedade através do trabalho
de Christina Toren, João de Pina-Cabral, Udeni Appuhamilage e Maurice Leenhardt a partir
da perspectiva de migrantes de países da África Subsaariana que moram no Brasil. Procuro
enfatizar aspectos concretos das experiências dos migrantes, relacionando com o papel da
construção de uma consciência individual, utilizando os estudos atrelados à intersubjetividade
e à sociabilidade.
ABSTRACT
This work intends to analyze the dichotomy between individual and society through the
work of Christina Toren, João de Pina-Cabral, Udeni Appuhamilage and Maurice Leenhardt
from the perspective of migrants from sub-Saharan African countries who live in Brazil. I try
to emphasize concrete aspects of the experiences of migrants, relating them to the role of
building an individual conscience using studies linked to intersubjectivity and sociability.
- Quem te matou?
- Quem me matou foi o Brasil.
- Como assim?
- Somos migrantes; fugimos. Mas, na fuga, tentamos buscar vida.
No começo foi difícil, mas depois consegui um emprego, simples, mas parecia
bom.
A morte me aguardava. No solo que eu considerava amigo, a morte me aguardava.
Fui espancado até à morte num quiosque, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
Há muita violência. Muita agressividade contra migrantes, especialmente se
somos negros; se somos africanos, então...
Meu cadáver foi agredido, roubaram meus órgãos no hospital.
- Como se explica esse ódio todo?
- Não fui morto por dois ou três.
Quem me matou foi o Brasil; seu ar contaminado de ódio.
O horror que rasteja nas ruas, o racismo nas veias do sistema, a fúria da discórdia
e das mentiras de um desgoverno que só aumenta a violência e a morte.
Quem me matou foi o Brasil.
Que cego não viu que eu só queria meu ganha-pão?
Busquei realizar meu sonho, mas me jogaram numa guerra entre pobres.
Fui cobrar os meus direitos, espancaram-me até à morte.
Morri porque fiz questão de sobreviver.
Quem me tirou a vida foi uma sociedade cínica voltada ao enriquecimento dos
ricos, ao consumo desenfreado, ao lucro, custe o que custar.
Quem me matou foi a exclusão social, minha e dos meus assassinos.
Eu não queria muito...
...mas já que me mataram quero participar da salvação dos outros migrantes,
negros, pobres. Que minha morte possa ser um grito de denúncia....
Fui embora do Congo, minha pátria. Fui obrigado pela violência a buscar
outro lugar.
Minha esperança achou o Brasil.
Queria ganhar meu pão, para minha família viver em paz.
Morri, porque tentei sobreviver.
Fugi do Congo e vim em busca do grande Brasil, afamado por seu coração
acolhedor. Esperava encontrar a paz, o trabalho e o pão para mim e toda a minha
família. Procurei transformar a fuga em nova busca, superando feridas, mágoas
e cicatrizes. Sonhava com uma nova terra, na qual eu pudesse encontrar um solo
amigo e pátrio.
Aqui, após tantas penas, aflições e dificuldades, encontrei algo para fazer.
Comecei a trabalhar, precariamente, sim, entretanto não estava de braços
cruzados. Mas a violência e a morte me esperavam na esquina, ou melhor, no
quiosque à beira da praia, na Barra da Tijuca, na “cidade maravilhosa” do Rio de
Janeiro, no fatídico 24 de janeiro de 2022.
Não, não foram apenas alguns rapazes que me tiraram a vida. Há muito vemos
que o ódio e a violência contaminam o ar. Respira-se um clima pesado de divisão
e intolerância – um “nós” contra “eles” – que toma conta de todos, a começar
pelas mentiras de um desgoverno que, em lugar de proteção e acolhida, semeia
discórdia e ataques. Depois a mídia, as redes sociais e muita gente enfurecida
parecem se abater sobre nós, negros e estrangeiros.
Não condeno apenas as mãos que me golpearam até a morte. Condeno os que
jogam os pobres e migrantes contra os próprios pobres e migrantes, com suas
leis de segurança nacional, com sua economia voltada para lucro, consumo,
acumulação e exclusão social. Condeno milícias e milicianos. Toda pessoa humana
tem direito a migrar, a trabalhar e a lutar por seu sonho de melhor futuro. Vida
em primeiro lugar!
Pela porta de vidro pude observar os diferentes verdes das plantas do quintal
Ainda mais bonitas com as gotículas do chuvisco que caía
E com os coloridos de algumas flores.
Amanhã é segunda-feira.
Eu preciso encontrar o Deus Todo-poderoso Criador.
As vozes das formiguinhas precisam ecoar!
É essencial domingar!
Luiz Kohara
Engenheiro civil, assessor do Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos,
militante de movimentos sociais de luta e direito por moradia
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TRAVESSIA - Revista do Migrante - Ano XXXV, Nº 93 - Janeiro - Abril/2022 179
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entre linhas - 1,5, margens: esquerda e direita – 2,5, cabeçalho e rodapé
– 2,5
RELATOS – Até 7 páginas, fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço
entre linhas - 1,5, margens: esquerda e direita – 2,5, cabeçalho e rodapé
– 2,5
RESENHAS – Até 5 páginas, fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço
entre linhas - 1,5, margens: esquerda e direita – 2,5, cabeçalho e rodapé
– 2,5
CONTOS – Ate 5 páginas, fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço
entre linhas – 1,2, margens: esquerda e direita – 2,5, cabeçalho e rodapé
– 2,5
REFERÊNCIAS
A Revista Travessia adota a NBR 6023/2002 da ABNT como norma para
referência de documentos em textos acadêmicos. Procurando facilitar o
trabalho dos autores de Travessia, apresentamos, abaixo, uma síntese da
NBR 6023/2002 tomando como base o seu documento original e ainda
o compêndio elaborado por Luciana Pizzani e Rosemary Cristina da Silva
(2016). A síntese que se segue não dispensa consulta ao documento (NBR
6023/2002) original e integral da ABNT.
CAPÍTULO DE LIVRO
Autor, título da parte, subtítulo (se houver), seguidos da expressão “In:”
e da referência completa da publicação, número de páginas ou volume.
NAVES, P. Lagos andinos dão banho de beleza. Folha de São Paulo, São
Paulo, 28 jun. 1999. Folha Turismo, Caderno 8, p.13.
DOCUMENTO JURÍDICO
Jurisdição (ou cabeçalho da entidade, no caso de se tratar de normas),
título, numeração, data e dados da publicação. No caso de Constituições
e suas emendas, entre o nome da jurisdição e o título, acrescenta-se a
palavra Constituição, seguida do ano de promulgação entre parênteses.
BÍBLIAS
BÍBLIA. Língua. Título da obra. Tradução ou versão. Local: Editora, Data de
publicação. Total de páginas.
SUMÁRIO
DOSSIÊ
Pessoas migrantes, refugiadas e deslocadas no Oriente Médio e norte da África -
visibilidade e direitos
Roberto Marinucci
Migrants; Refugees; and Displaced in the Middle East and North Africa: An approach
from the Global South - Uma abordagem desde o Sul Global
Maria do Carmo dos Santos Gonçalves, Luciano Zaccara
Sem ter para onde ir? O caso de pessoas deslocadas nos estados do Magreb durante a
pandemia de COVID-19
Johnatan Santos
ARTIGOS
Uma missão eminentemente humanitária? Operação Acolhida e a gestão militarizada nos
abrigos para migrantes venezuelanos/as em Boa Vista- RR
Iana dos Santos Vasconcelos, Igor José de Reno Machado
Entre Ulises y Penélope - Integrar la perspectiva de género en los estudios sobre la salud
mental de las mujeres migrantes
Itzel Eguiluz
Relatos e reflexões
Resenhas