Transtorno Do Espectro Autista Tea
Transtorno Do Espectro Autista Tea
Transtorno Do Espectro Autista Tea
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4
2 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NO DSM ............................................ 5
3 ASPECTOS HISTÓRICOS E CARACTERÍSTICAS DO TEA ................................ 8
3.1. O autismo se estende ao longo de um espectro ............................................... 11
Interesses e comportamentos restritos e repetitivos ......................................... 13
Comportamentos estereotipados ...................................................................... 15
Processamento sensorial .................................................................................. 16
Processamento multissensorial ........................................................................ 17
Deficiências no desenvolvimento social ............................................................ 18
Diferenças no processamento da informação social ......................................... 23
Reconhecimento facial ...................................................................................... 25
Movimento biológico ......................................................................................... 26
Teoria da mente ................................................................................................ 27
4 OUTRAS CONDIÇÕES AFETAM CRIANÇAS COM TEA ................................... 29
Diagnóstico do TEA .......................................................................................... 29
Deficiência intelectual ....................................................................................... 34
Transtornos da linguagem e da comunicação .................................................. 34
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade .......................................... 35
Problemas emocionais ...................................................................................... 35
Questões médicas ............................................................................................ 36
5 O DIREITO À INCLUSÃO..................................................................................... 37
Os direitos da pessoa com deficiência .............................................................. 38
Atendimento educacional especializado ........................................................... 40
6 INTERVENÇÕES COMPORTAMENTAIS E EDUCACIONAIS ............................ 43
Método ABA e TEACCH ................................................................................... 44
Tecnologia Assistiva para alunos com TEA ...................................................... 46
6.2.1 A utilização de tecnologias assistivas para alunos com TEA .......................... 49
6.2.2 Aprendizagem baseada em vídeo .................................................................. 49
6.2.3 Instrução assistida por computador ................................................................ 50
6.2.4 SCALA – Surgimento ...................................................................................... 50
6.2.5 SCALA - Sistema de Comunicação Alternativa para letramento de pessoas com
Autismo. .................................................................................................................... 52
7 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 53
1 INTRODUÇÃO
Prezado aluno!
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1. Transtorno autístico;
2. Síndrome de Asperger;
3. Síndrome de Rett;
4. Transtorno desintegrativo da infância e,
5. Transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação
Vale a pena considerar que mesmo que a nomenclatura TGD tenha sido
retirada do DSM, no manual utiliza-se o termo Atraso Global do Desenvolvimento e
está definido como “Atrasos globais do desenvolvimento” e sobre ele define-se que:
Este diagnóstico está reservado a indivíduos com menos de 5 anos de idade,
quando o nível de gravidade clínica não pode ser avaliado de modo confiável
durante a primeira infância. Esta categoria é diagnosticada quando um
indivíduo fracassa em alcançar os marcos do desenvolvimento esperados em
várias áreas da função intelectual, sendo aplicada a pessoas que não são
capazes de passar por avaliações sistemáticas do funcionamento intelectual,
incluindo crianças jovens demais para participar de testes padronizados. É
uma categoria que requer reavaliações após um período de tempo (APA,
2014, p. 41).
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Comportamentos estereotipados
Processamento sensorial
O menino que tapa os ouvidos com as mãos quando uma ambulância passa
correndo, a menina que não consegue vestir calças com uma etiqueta nas costas, a
criança que só come alimentos brancos e o jovem que se distrai com o ruído do ar-
condicionado que é imperceptível para o resto de nós, todos estão experimentando o
que os cientistas clínicos chamam de “sensibilidades sensoriais”. Esses exemplos
captam o que poderia ser uma hiperreatividade ao mundo social. Ou seja, a criança é
hiperreativa aos estímulos sensoriais. Ou, então, o menino que passa as mãos no
cabelo de todos a sua volta, incluindo aqueles que estão sentados perto dele no metrô,
a menina que leva aos lábios por um momento tudo que pega pela primeira vez, o
jovem que observa todos os ventiladores com o canto dos olhos e a criança que
regularmente lambe a soleira do vizinho, todos têm uma experiência relacionada,
denominada “interesses sensoriais” (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
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Processamento multissensorial
Para Bernier; Dawson; Nigg (2021) existem dois elementos principais que
ajudam a explicar por que crianças com autismo têm dificuldades em se relacionar
socialmente com outras pessoas. Um deles tem a ver com o quanto a criança está
interessada no mundo social, o que denominamos “motivação social”. De modo geral,
indivíduos com o transtorno tendem a ser menos interessados e prestam menos
atenção às informações sociais. Estas têm menor valor para eles. O segundo
elemento é a habilidade de processar ou entender as informações sociais, como a
habilidade de ler com precisão pistas sociais, como as expressões faciais. Uma
combinação de estudos observacionais de imagem cerebral dos últimos 10 anos
construiu um quadro mais claro de como a mente funciona de forma diferente no
autismo no que tange a esses dois componentes críticos do engajamento social. E,
embora na teoria cada um devesse impulsionar o outro, por duas razões apoiamos a
crença de que a motivação social é a chave e pode contribuir para as dificuldades no
processamento da informação social. Uma das razões é que trabalhar a partir dessa
perspectiva levou a formas efetivas de ajudar crianças com TEA. A outra é a
informação que obtivemos a partir de estudos da atividade cerebral.
Para falar das Diferenças na motivação social, começaremos pelo quadro
clássico. Quando Leo Kanner descreveu pela primeira vez o TEA, ele apresentou 11
estudos de caso de crianças que havia visto na sua clínica. Descreveu que uma delas
apresentava: relutância em brincar com crianças e em fazer coisas que as crianças
da sua idade em geral se interessam em fazer. Ele retratou uma segunda criança
fazendo referência às declarações da sua mãe, por exemplo, “ele predominantemente
ignorava outras pessoas. Quando tínhamos convidados, ele simplesmente não
prestava atenção”. Da mesma forma, para uma terceira criança, Kanner relatou: “ele
não demonstrou interesse no examinador ou em qualquer outra pessoa”. Para todas
as crianças em seus pioneiros relatos de caso, ele mencionou a atenção reduzida ao
mundo social (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Esta é uma maneira muito simples de os cientistas inicialmente estabelecerem
esse elemento do autismo: imagine uma sala vazia com uma mesa simples no centro.
Sentada à mesa está uma criança de menos de 2 anos com TEA, e sentado no lado
oposto está um estudante de pós-graduação. Juntos, eles estão brincando
tranquilamente com massinhas de modelar. De tempos em tempos, a partir de quatro
localizações precisamente determinadas, duas diagonalmente atrás da criança e duas
diagonalmente atrás do aluno, um segundo aluno apresenta diferentes tipos de sons,
todos no mesmo volume. Estão incluídos sons como um cronômetro de cozinha, um
despertador e uma buzina de carro, representando sons não sociais, e som de palmas,
uma voz chamando o nome da criança e tapas nas pernas, representando sons
sociais. Um terceiro experimentador, observando por trás de um espelho, está
contando o número de vezes em que a criança presta atenção aos vários sons. Esse
experimento básico foi repetido com a localização dos sons por toda a sala, e a ordem
da apresentação foi alternada e balanceada para controlar a influência da localização
ou da própria ordem com dezenas de crianças com TEA, atraso no desenvolvimento
e desenvolvimento típico. Quando o número de vezes em que elas se viraram na
direção dos sons foi somado entre todas as crianças, aquelas com menos de 2 anos
com autismo haviam prestado atenção aos estímulos sociais muito menos do que
seus pares da mesma idade, e isso parece valer para todos com o transtorno,
abrangendo todas as muitas diferenças (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Para confirmar essa observação, novas tecnologias foram mais além. Adotando
a mesma tecnologia de rastreamento ocular que os pilotos da força aérea usam para
identificar e localizar alvos quando voam vertiginosamente pelo céu, os cientistas
podem agora usar câmeras especialmente calibradas e algoritmos matemáticos
complexos para rastrear para onde as crianças com TEA olham todas as vezes em
que lhes são apresentadas imagens estáticas ou dinâmicas em monitores de vídeo.
Um achado surpreendente se manifesta aqui quando indivíduos com autismo veem
imagens e filmes envolvendo rostos humanos. Aqueles com TEA prestam atenção ao
rosto, mas não à mesma parte do rosto que outras crianças. Crianças com
desenvolvimento mais típico nessa situação focam principalmente nos olhos.
Achamos que isso ocorre porque os olhos comunicam a maioria das informações
sobre o que a outra pessoa está notando e sentindo. Crianças com autismo tendem a
olhar para os olhos com a mesma frequência que para alguma outra parte do rosto.
Elas podem olhar para o queixo ou a boca com a mesma frequência. Embora não seja
literalmente verdade, é quase como se o rosto aparecesse para elas como uma forma
geométrica complexa, em vez de um rosto (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Em uma sala contendo uma variedade de objetos e pessoas, crianças com
desenvolvimento típico irão focar a maior parte da sua atenção nas pessoas, mas
aquelas com o transtorno podem passar a mesma quantidade de tempo olhando para
os objetos na sala. Qual seria a razão para isso? Tanto a baixa motivação social
quanto as deficiências no processamento da informação social provavelmente estão
em jogo. Uma razão para suspeitarmos de que a baixa motivação social é primordial
é que estudos de imagem cerebral com indivíduos com autismo tendem a encontrar
atividade reduzida em partes do cérebro que apoiam a motivação especialmente
quando esta é de natureza social (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Cientistas usaram imagem por Ressonância Magnética Estrutural (MRI) para
examinar o tamanho e a forma das estruturas no cérebro e imagem por Ressonância
Magnética Funcional (FMRI) para examinar quais partes do cérebro estão ativas
quando uma pessoa está engajada em uma tarefa. Uma maior atividade cerebral é
inferida com base na quantidade de sangue que está fluindo para uma parte particular
do cérebro durante uma atividade. Assim, com base nas medidas de MRI e FMRI,
aprendemos que o cérebro de uma pessoa com TEA é diferente. Essa diferença
envolve a complexa interação entre estruturas distintas e regiões incluindo a
amígdala, uma estrutura em forma de amêndoa situada no interior do nosso cérebro,
o estriado ventral, localizado acima da amígdala, mas ainda abaixo da camada
cortical, e regiões da parte evolutivamente mais avançada do nosso cérebro, o córtex
pré-frontal. A amígdala marca informações como salientes e biologicamente
relevantes para nós, alertando-nos para prestar atenção a essas coisas que são
cruciais para nossa sobrevivência. Por exemplo, quando você está passeando por um
bosque no parque e se depara com uma cobra tomando sol ao longo da trilha, sua
resposta de alarme é o resultado, em parte, da sua amígdala lhe dizendo para prestar
atenção a esse objeto em seu caminho. A amígdala está estreitamente ligada ao
estriado ventral, que é uma parte do cérebro que está ativa durante todas as atividades
gratificantes, desde apaixonar-se até inalar cocaína, assim como em atividades
relativamente habituais, como receber um elogio por um trabalho bem feito
(BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
O córtex orbitofrontal, que apresenta densas conexões com a amígdala e o
estriado ventral, está em grande parte envolvido na integração dos inputs da amígdala
e do estriado ventral para guiar ações voltadas a objetivos e responder ao feedback
dinâmico do ambiente. No TEA, em média, a amígdala difere no tamanho é maior em
alguns estudos e menor em outros, tem conexões atípicas com outras estruturas
cerebrais e apresenta atividade reduzida ao responder a imagens de estímulos
sociais, como rostos e olhos. Essas alterações cerebrais são pequenas e muito sutis
para serem vistas em determinada criança, pelo menos com a tecnologia atual,
portanto não existe um teste de rastreio cerebral para autismo neste momento
(BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Na mesma linha, ao realizarem tarefas em que a recompensa é de natureza
social, como receber elogio de um estudante universitário carismático, ou de natureza
não social, como receber um prêmio em dinheiro, indivíduos com TEA geralmente
apresentam atividade reduzida no estriado ventral durante recompensas sociais,
porém níveis normais de atividade desses circuitos de recompensa quando esta for
um objeto de interesse para a pessoa. Assim, o elemento motivacional alterado aqui
parece ser específico para a informação social, não para a motivação em geral, com
base nos estudos de exame cerebral. O que parece estar acontecendo no cérebro no
TEA é que os estímulos sociais não são marcados como salientes, e, assim, os
circuitos neurais que atribuem recompensa a rostos, vozes, gestos e ouros estímulos
sociais não são ativados. Não é difícil imaginar, então, que, se o cérebro de uma
criança não marca a informação social como relevante ou motivadora desde muito
cedo na vida, ela não vai dar atenção a esses estímulos durante o desenvolvimento.
Se ela não estiver prestando atenção a estímulos sociais como rostos ou olhos ou
interações entre duas pessoas, irá perder a rica trama das informações específicas
do nosso mundo social, como interpretar expressões emocionais, responder a
perguntas, cumprimentar alguém e ter uma conversa. Aos poucos, a criança não
conseguirá adquirir ou perderá a habilidade até mesmo de ler detalhadamente
informações sociais como as expressões faciais. É por isso que alguns bebês e
crianças pequenas inicialmente parecem estar se desenvolvendo de forma típica:
apenas depois que as oportunidades perdidas de aprender socialmente começam a
se acumular para produzir sintomas observáveis é que eles são diagnosticados
(BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
A seguinte analogia pode ajudar a compreender melhor o que estamos
estudando: imagine uma pessoa que não acha o futebol motivador. Essa pessoa
ignora as notícias de esportes e tem tendência a desligar-se quando as conversas se
voltam para o futebol. Em consequência, ela deixa escapar todas as pistas e
informações que as conversas sobre esse esporte revelam, incluindo aspectos
básicos como as regras do jogo e quem está jogando e, mesmo quando realmente
percebo essas informações, não tem lugar na sua mente para armazená-las, então
não avalia a sua importância. Porém, caso um amigo o incentive para memorizar as
regras do jogo e assistir a algumas partidas cria uma dinâmica diferente. Dessa forma,
sabendo alguma coisa sobre o jogo e assistindo às partidas com uma companhia que
torna isso mais divertido, pode começar a achar interessante e, em consequência,
aprende mais ao prestar atenção, ou seja, pela associação das boas experiências
com o amigo, começa a ter motivação para aprender sobre futebol. Esse exemplo
simples da intervenção de um amigo que resulta na melhora dos conhecimentos sobre
futebol da mesma forma que intervenções com base comportamental pode melhorar
a motivação e o processamento social em um “ciclo virtuoso” para crianças com TEA.
Assim, o padrão inverso também pode funcionar. (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Imagine uma criança que não se engaja em interações sociais, mas adora
futebol. Podemos usar seu amor pelo esporte para promover oportunidades e
experiências sociais nas quais as habilidades sociais podem ser praticadas e
desenvolvidas, e, com o tempo, as associações com a recompensa do futebol podem
ser conectadas às interações sociais. Apesar do fato de que a maioria das crianças
com autismo demonstrou interesse reduzido na informação social, muitas delas são
afetuosas e gostam de estar com as pessoas. Muitas gostam de compartilhar seus
interesses especiais com os outros, além de realizar atividades como brincadeiras que
simulam lutas e jogos musicais (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Reconhecimento facial
De acordo com as pesquisas recentes que sugerem que, de modo similar aos
desafios com a motivação social, as dificuldades com o processamento da informação
social são centrais para o TEA. Uma evidência notável que surgiu nos últimos 10 anos
provém do registro de sinais elétricos oriundos do cérebro com o uso de eletrodos
(detectores) inócuos no couro cabeludo. Em indivíduos com desenvolvimento típico,
esse método revela que as pessoas reconhecem um rosto como, de fato, um rosto, e
não outra coisa, dentro de menos de 200 milissegundos, apenas uma fração de
segundo! Isso é quase tão rápido quanto a própria percepção consciente (BERNIER;
DAWSON; NIGG, 2021).
O cérebro criou uma habilidade especializada de reconhecimento de padrões
para identificar rostos humanos. Em indivíduos com autismo, esse reconhecimento é
mais demorado, sugerindo uma fragilidade sutil, porém importante, no sistema de
reconhecimento facial do cérebro. Entretanto, há outro aspecto: se um indivíduo com
TEA é instruído a prestar atenção aos rostos, e auxiliado com uma pista visual sobre
onde o rosto irá aparecer, essa demora é, em grande parte, eliminada. Isso enfatiza
que, no autismo, está envolvida alguma combinação de motivação, prestar atenção a
rostos como relevante e processamento e, reconhecer rostos como rostos com
suficiente rapidez (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
A boa notícia é que essas experiências apontam o caminho para o treinamento
comportamental que pode ajudar crianças com autismo a “desenvolverem” sua
habilidade de processamento de rostos. E indicam que direcionar a atenção de uma
criança para rostos melhora a sua habilidade de processá-los. Assim, reforçando a
atenção a rostos podemos aumentar a atenção a estes. Isso, em teoria, deve criar um
“ciclo virtuoso”, à medida que a criança presta atenção a um rosto com mais
frequência e, então, colhe os frutos positivos desse comportamento (BERNIER;
DAWSON; NIGG, 2021).
Movimento biológico
Rostos são obviamente fundamentais para nossa vida social. Mas é claro que
eles não são toda a história. Outros tipos de processamento da informação também
são cruciais para as habilidades de processamento da informação social do cérebro.
Outra parte da história é o que os cientistas chamam de “movimento biológico”.
Movimento biológico significa movimentos que são característicos dos animais vivos,
sobretudo de humanos e socialmente significativos: andar, dançar, estender a mão
para cumprimentar alguém ou realizar movimentos impactantes de kung fu, este
último, no entanto, não faz parte do nosso repertório. Assim como o cérebro dedicou
módulos para o processamento de rostos, cientistas descobriram recentemente que
ele também tem um módulo distinto, uma parte do lobo temporal especializado em
processamento do movimento biológico (BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Essa descoberta foi feita usando o que é denominado exibições de pontos de
luz. Estas são como desenhos animados: são essencialmente filmes em que pontos
de luz são mostrados sobre um pano de fundo preto, representando movimentos
cotidianos, como andar de bicicleta, ou apresentados aleatoriamente pela tela, mas
não há pessoas reais, ou animais representados, apenas padrões de pontos em
movimento. Notavelmente, a maioria das pessoas reconhece com rapidez padrões de
movimento de característica humana versus outros padrões. Quando esse
experimento é realizado com o uso de MRI, os cientistas conseguem identificar uma
atividade específica em um circuito cerebral ancorado em uma área do cérebro
denominada Sulco Temporal Superior (STS). A atividade cerebral nessa área é
reduzida em indivíduos com TEA. No entanto, de modo semelhante aos achados no
processamento facial, aqui as notícias são boas também, pois a atividade cerebral
nessa região aparentemente pode ser normalizada por meio da prática
comportamental, mais uma vez mostrando-se promissora para abordagens de
tratamento voltadas para as dificuldades sociais em indivíduos com autismo
(BERNIER; DAWSON; NIGG, 2021).
Teoria da mente
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Um dos aspectos mais óbvios no qual as crianças com autismo diferem entre
si são as outras condições que frequentemente ocorrem paralelas ao transtorno. Elas
podem ser físicas e comportamentais. A razão para essas frequentes sobreposições,
embora elas representem uma pista potencial importante para as causas, de modo
geral, não é bem conhecida. No entanto, a forte sobreposição destas tem feito parte
da motivação para a crescente visão científica contemporânea de que o TEA e várias
das condições listadas aqui constituem uma família de comorbidades relacionadas e
associadas a alterações específicas, ainda a serem identificadas, no desenvolvimento
inicial do cérebro e no crescimento (LORD et al., 2018).
Diagnóstico do TEA
Pesquisas feitas nos últimos 20 anos nos mostram que existe uma gama de
outras condições frequentemente associadas ao transtorno, e estas também irão
afetar o tipo de tratamento e suporte que a criança precisa. Não são apenas os
sintomas nucleares que precisam ser considerados para produzir um bom resultado
para a criança, mas também essas outras condições (GEORGIADES; KASARI, 2018).
Deficiência intelectual
Problemas emocionais
Questões médicas
5 O DIREITO À INCLUSÃO
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A inclusão ocorre não apenas nas placas indicativas em filas preferenciais, mas
por meio de ações que contribuem de fato para o reconhecimento das pessoas com
deficiência. Entre essas ações, você pode considerar:
1. o ensino de Libras para todos, independentemente do curso ou da vivência,
para que essa língua seja disseminada no Brasil, tendo em vista que é a segunda
língua oficial do País (BRASIL, 2002);
2. o uso de piso tátil e de placas indicativas, de semáforo sonoro, materiais e
móveis em Braille para os cegos;
3. o uso da comunicação alternativa para todas as pessoas com deficiência
intelectual e TEA;
4. a adaptação da arquitetura dos imóveis, dos carros, dos transportes públicos
e das calçadas para os deficientes físicos.
Assim, com respeito a todos e prezando pela igualdade, a sociedade, de fato,
caminhará para a inclusão. Na Figura 1, a seguir, você pode ver a evolução do
emprego formal das pessoas com deficiência no Brasil (2011-2015), conforme
relatório do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2017).
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Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br/
Indivíduos com TEA têm uma afinidade natural com computadores. Instrução
assistida por computador é uma intervenção eficaz para alunos com TEA em uma
variedade de situações, tais como aquisição de vocabulário e identificação de
palavras; melhoria das competências comportamentais, das habilidades sociais e do
reconhecimento de expressões faciais. Essa categoria de intervenção mostrou
respostas no ambiente escolar na faixa etária dos quatro anos até a idade adulta. É
extremamente importante que professores, terapeutas e outros profissionais de saúde
sejam treinados para utilizar essas tecnologias (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO,
2016).
7 BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Lei nº. 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas
portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional
de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério
Público, define crimes, e dá outras providências. 1989.
BRASIL. Lei nº. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais e dá outras providências. 2002.
BRASIL. Ministério da Educação. Política nacional de educação especial na
perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.
BRASIL. Ministério da Educação. Resolução CNE/CEB 4/2009.. Institui a Diretrizes
Operacionais Da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado
Na Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 2009, Seção
1, p. 1.
BRASIL. Resolução nº. 4, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais
para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade
Educação Especial. 2009.
BRASIL. Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Institui regime tributário de transição.
Brasília, 2009.