Constituição de 1975

Baseados na designação de Republica Popular de Moçambique. (Art 1)

Em 1975 o regime socialista e uma economia marcadamente intervencionista onde o estado

procurava evitar a acumulação de poderio económico pelas pessoas, mas sim garantir por ele
mesmo uma redistribuição de riqueza. (Art 9,10)

Objectivos fundamentais
Nos termos do artigo 4 a Republica Popular de Moçambique tinha como objectivos:
Eliminação das estruturas de opressão e exploração coloniais e tradicionais e da mentalidade
que lhes esta subjacente. A extensão e reforço do poder popular democrático. A edificação de
uma economia independente e a promoção do progresso cultural e social; A defesa e
consolidação da independência e da unidade nacional; O estabelecimento e desenvolvimento
de relações de amizade e cooperação com outros povos e estados; O prosseguimento da luta
contra o colonialismo e o imperialismo. (Art 4)

Deste modo verifica-se que os princípios tinham como objectivo fundamental destruir tudo
incluindo a ideologia do colono que por tanto tempo escravizou o país.

Fonte de poder soberano

Na Republica Popular de Moçambique o poder pertence aos operários e camponeses unidos e
dirigidos pela FRELIMO, e é exercido pelos órgãos do poder popular. (Art 2)

Esta fonte de poder soberano participar no processo de legitimação daqueles que vão dirigir
este estado.

Elementos Estruturais
A Assembleia Popular é o órgão supremo do Estado na República Popular de Moçambique.
(Art. 37; 38; 39; 40).

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Constituição económica da República de 1975
A constituição da República Popular de Moçambique (CRM) entrou em vigor aquando da
proclamação da independência nacional, a 25 de junho de 1975, tendo sido finalizada e
definida pelo Comité Central da Fonte de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em
sessão realizada na praia do Tofo, Província de Inhambane.

A partir de 1978 a responsabilidade pela revisão constitucional passou para a Assembleia

Popular, com poderes constituintes, mas na prática, a liderança do Partido Frelimo manteve
um forte controlo das mudanças constitucionais de âmbito da soberania do Estado e do
domínio económico, assente na ideologia e projecto constitucional da então FRELIMO, dos
quais merecem particular destaque a seguinte característica jurídico-económico:

 Tendo como um dos objectivos fundamentais “a eliminação das estruturas de

opressão e exploração coloniais e a luta continua contra o colonialismo e o
imperialismo”. Foi estabelecida na República Popular de Moçambique (RPM) um
estado de democracia popular e uma economia marcada socializante, onde o partido
no poder declarou propor-se eliminar a acumulação produtiva privada e proceder à
redistribuição da riqueza

Sistema politico
O sistema político era caracterizado pela existência de um partido único e a FRELIMO
assumia o papel de dirigente. Eram abundantes as fórmulas ideológicas- proclamatórias e de
apelo das massas, compressão acentuada das liberdades públicas em moldes autoritários,
recusa de separação de poderes a nível da organização política e o primado formal da
Assembleia Popular Nacional

Direitos e liberdades fundamentais

Segundo o artigo 26,27, 28, 29 do título II todos os cidadãos gozam de igualdade de direitos,
independentemente da sua cor, raça, sexo, origem ética, lugar de nascimento, religião, grau
de instrução, posição social ou profissão.

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Politica externa
O apoio e solidariedade com a luta dos povos pela sua libertação do jugo colonial; O
desenvolvimento e consolidação da solidariedade com os países socialistas, tidos como
aliados naturais; O estabelecimento de relações de amizade e cooperação com todas as forças
democráticas e progressistas do mundo; A observância e aplicação dos princípios da Carta
Organização das Nações Unidas e da OUA; A defesa do princípio do desarmamento geral e
universal de todos os estados; e Defesa da transformação do Oceano Índico em zona
desnuclearizada e de paz. (Art 23).

Garantias e Revisão da Constituição

A modificação da constituição compete ao comitê central da Frelimo. (Art 71).

Alterações da Constituição
Esta constituição sofreu seis alterações pontuais, designadamente em 1976, em 1977, em
1978, em 1982, em 1984 e em 1986. Destas, merece algum realce a alteração de 1978 que
incidiu maioritariamente sobre os órgãos do Estado (sua organização, competências, entre
outros), retirou o poder de modificar a Constituição do Comité Central da Frelimo e retirou a
competência legislativa do Conselho de Ministro (uma vez criada a Assembleia Popular que
teria estas competências e a de 1986 que fora motivada pela institucionalização das funções
do Presidente da Assembleia Popular e de Primeiro-Ministro, criados pela 5ª Sessão do
Comité Central do Partido Frelimo.

Constituição de 1990

Ideologia
Esta revisão é caracterizada pela revogação da constituição de 1975 e ratificação de uma nova
constituição, período houve a transição do uso do sistema Socialista para o sistema
capitalista. Encontra – se também nesta constituição a mudança de Republica Popular de
Moçambique para Republica de Moçambique.

Princípios e Normas fundamentais

Com o fim da maioria dos pensamentos sobre escravidão presentes nas pessoas viraram
princípios e objectivos principais uma serie de artigos que tinham em vista a promoção de
vários aspetos para o desenvolvimento e defesa do Pais, aspectos relacionados como: estado

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republicano, laico, unitário, divisão territorial, promoção dos direitos humanos, justiça social,
estado soberano entre outros presente nos artigos 1,2,3,4,5,6.

Fonte do soberano poder

 A soberania contínua residente no povo e este exerce a soberania segundo as formas
fixadas no artigo 2.
 O estado subordina – se a constituição e funda-se na legalidade e as normas
constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do ordenamento jurídico.
(Art 1,2,15).
 Há introdução do regime pluralista presidencial. (Art 8).

Elementos Estruturais
A organização do Estado a nível local obedecia aos princípios de descentralização, houve
também a introdução do princípio de separação e interdependência dos poderes. (Art 185).

Constituição económica
A constituição da República de Moçambique de 1990 (CRM90) introduziu alterações
suficientemente profundas, praticamente em todos os campos da vida do País, para merecer a
designação da 2ª República de Moçambique independente (Assembleia Popular 1990).
Resumidamente, destacam-se os seguintes aspectos mais marcantes na CRM:

 Para além de se abrir ao modelo de Estado, a CRM90 descriminalizou o mercado

privado, substituiu o sistema da economia centralmente planificada e socialista: “A
ordem económica da República de Moçambique assentiu na valorização do trabalho,
nas forças do mercado, na iniciativa dos agentes económicos, na participação de todos
os tipos de desenvolvimento económico e social, visando a satisfação das
necessidades básicas da população e a promoção do bem-estar social” (Artigo41,
No.1)
 No seu capítulo III, “Direitos e deveres económicos e sociais”, o Artigo 86 da CRM90
declarou “O Estado reconhece garante o direito á propriedade”. Se bem que referido
num sentido genérico e abrangente, tratou-se de um importante passo relativamente à
Constituição de 1975 que, apenas, reconhecia e garantia a propriedade pessoal.

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Sistemas políticos
Em 1990, foi aprovada uma nova constituição que transformou o Estado numa democracia
multi-partidária. O Partido Frelimo permaneceu no poder, tendo ganho por cinco vezes as
eleições legislativas e presidenciais realizadas em 1194, 1999, 2004 e 2014. A Renamo é o
principal partido da oposição.

De acordo com a constituição em vigor, o regime político em Moçambique é presidencialista:

o chefe do Estado é igualmente chefe do governo. No entanto, existe desde 1985 o cargo do
Primeiro Ministro, que tem o papel de coordenador e pode dirigir as sessões do Conselho de
Ministros na ausência de presidente.

O parlamento tem a designação de Assembleia da República e é constituído por 250 pessoas.

Direitos e Liberdades fundamentais

 Implementado novos artigos com vista a valorização a vida, patentes nos artigos 66 a
72. Todo o cidadão tem direito à vida e à integridade física e moral e não pode ser
sujeito à tortura ou tratamentos cruéis ou desumanos.
 Na República de Moçambique não há pena de morte.
 Todo o cidadão tem direito à honra, ao bom nome, à reputação, à defesa da sua
imagem pública e à reserva da sua vida privada.

Politica externa
Segundo artigos 62 a 65:

A República de Moçambique, país Não-Alinhado, estabelece relações de amizade e

cooperação com outros estados na base de princípios de respeito mútuo pela soberania e
integridade territorial, igualdade, não interferência nos assuntos internos e reciprocidade;
Houve um grande aumento na camada dos assuntos vigora dos pela constituição englobando
mais assuntos

Garantias e Revisão da Constituição

Segundo o artigo 198 do título V capitulo IX, neste período cabe também a um terço da
Assembleia da República e pelo presidente.

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As propostas devem ser depositadas na assembleia da república noventa dias antes do início
do debate. Neste período cabe também a um terço da Assembleia da República.

Alterações o da Constituição
A CRM de 1990 sofreu três alterações pontuais, designadamente duas em 1992 e uma em
1996. Destas merece especial realce a alteração de 1996 que surge da necessidade de se
introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local no texto da Constituição, verificando-
se desse modo a descentralização do poder através da criação de órgãos locais com
competências e poderes de decisão próprios, entre outras (superação do princípio da unidade
do poder).

Constituição de 2004

Ideologia
A constituição provem ao estado a manutenção do caracter soberano, de estado de direito
democrático baseado no pluralismo de expressão

Princípios e Normas fundamentais

Continuidade de princípios e pequenas adesões, Defesa; edificação; desenvolvimento;
consolidação. (Art.11)

Fonte do Poder Soberano

O povo moçambicano assegura a soberania. (Art.2)

-Maior ênfase dado a descrição do Estado moçambicano como de justiça social, democrático,
entre outros aspectos de um Estado de Direito, a referência constitucional sobre o
reconhecimento do pluralismo jurídico, o incentivo no uso das línguas veiculares da nossa
sociedade, entre outros.

Elementos Estruturais
Os órgãos de soberania passam a ser: o P.R; a A.R; Governo; Tribunais; Conselho
Constitucional. (Art. 133).

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O Estado procura manter a forma republicana, o sistema eleitoral e o tipo de sufrágio
eleitoral, o pluralismo político, os direitos, liberdades e garantias fundamentais. A restrição
temporal é de 5 anos após a última revisão (salvo deliberação extraordinária de 3⁄4 da
Assembleia da República), procurando se com isto os aspectos positivos trazidos com a
estabilidade e solidificação dos princípios e instituições criadas.

Constituição Económica
A constituição da República de 2004 (CRM2004), diferentemente da CRM90 em relação á
CRM75, não apresenta uma ruptura com o regime constitucional que substituiu. Surgiu com
disposições que supostamente procuravam reforçar e solidificar o regime de Estado de
Direito e democrático trazido em 1990, através de melhores especificações de disposições já
existentes, criação de novas figuras, princípios e direitos e elevação de alguns institutos e
princípios existentes na legislação ordinária à categoria constitucional (Assembleia da
República 2004).

Relativamente á Constituição Económica, em particular, a CRM2004 não só perdeu a

oportunidade de introduzir alterações de fundo com vista a instaurar uma ordem económica
mais consistente com as políticas que visem desenvolver uma economia de mercado, mas
também, no caso específico da política da terra, retrocedeu em relação à CRM90. Em resumo,
quatro pontos relativos à propriedade, na CRM2004, merecem ser destacados no âmbito desta
reflexão.

Politica externa
Estabelece relações de amizade e cooperação com outros Estados na base dos princípios de
respeito mútuo pela soberania e integridade territorial, igualdade, não interferência nos
assuntos internos e reciprocidade de benefícios. - Observa e aplica os princípios da Carta da
O Laços especiais de amizade e cooperação. (Art. 17; 18; 19; 20)

Direitos e Liberdades fundamentais

Os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos para além de serem reforçados ganham
maior abrangência. Pode-se citar exemplo de alguns direitos/deveres antes sem tratamento
constitucional: direitos dos portadores de deficiência, os deveres para com o semelhante e
para com a comunidade, os direitos da criança, as restrições no uso da informática, o direito
de acção popular, o direito dos consumidores;

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Garantias e Revisão da Constituição
- Nas Constituições de 1975, 1990 e 1994 anteriores não se inclui dados sobre o estado de
emergência, estando esse pormenor subentendido. Titulo V. Art. 70. - No título XV é tratado
com cuidado as garantias constitucionais em caso de estado de sítio e estado de emergência.
A revisão constitucional encontra agora limites tanto matérias quanto temporais, procurando-
se com as primeiras salvaguardar as linhas bases que definem o Estado moçambicano.

Sistema politico

Em 2 de novembro de 1990 a Assembleia Popular aprova uma nova lei Maior para reger o
estado moçambicano, este tinha 206 artigos e entrou em vigor no dia 30 de novembro de
1990 (art.206).

Em 16 de novembro de 2204 a Assembleia da República aprova nova Constituição Política

cujo o corpo tem uma literatura com 306 artigos.

Alterações na constituição

Outras alterações são trazidas com a nova CRM que apenas com uma exposição mais
detalhada poderíamos deixar registradas. No entanto, não sendo este o intuito do presente
artigo, deixou-se ficar algumas linhas que nos permite uma visão geral sobre a evolução
constitucional em Moçambique, testemunhando desse modo o crescimento político, social e
económico da nossa sociedade.

Constituição vigente em Moçambique

Actualmente a Constituição vigente em Moçambique é a CRM2004, aprovada na Assembleia

da Republica em 16 de novembro de 2004, e que tem como objectivo principal desenvolver e
aprofundar os princípios fundamentais do Estado moçambicano. São disso exemplo a
ampliação dos direitos e liberdades e a defesa dos direitos humanos. A titulo exemplificativo
podemos indicar o nascer de uma justiça constitucional e dos direitos humanos, reconhecendo
o pluralismo jurídico, consagrando assim os princípios de acordo geral de paz.

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Conclusão
A constituição de 1975 encontrava-se estruturada em 5 títulos, 4 capítulos e 4 secções tendo
como características marcantes:

Um carácter socialista, expresso em formulações como nova sociedade e a partir da revisão

constitucional de 1978 como prosseguido uma ideologia da Sociedade Socialista. Esta
característica fundamenta-se nos artigos 2 e 4 da CRM, dos quais dispõe-se que entre os
objectivos do estado a construção de uma Sociedade “livre da exploração do homem”, e a
construção das bases material e ideológica da sociedade socialista.

Introduziu a democracia no Estado Moçambicano, que se tratava de uma democracia

participativa e não um Estado de democracia representativa.

A constituição de 1990 teve como aspectos marcantes:

A introdução de um sistema multipartidário na área politica, deixando o partido Frelimo de

ter um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na conquista da
independência.

Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu âmbito e mecanismos de

responsabilização.

A constituição da República de 2004 (CRM2004), diferentemente da CRM90 em relação á

CRM75, não apresenta uma ruptura com o regime constitucional que substituiu. Surgiu com
disposições que supostamente procuravam reforçar e solidificar o regime de Estado de
Direito e democrático trazido em 1990, através de melhores especificações de disposições já
existentes, criação de novas figuras, princípios e direitos e elevação de alguns institutos e

9
princípios existentes na legislação ordinária à categoria constitucional (Assembleia da
República 2004).

Referências bibliográficas

https://www.passeidireito.com/arquivo/69217800/historia-do-constitucionalismo-
moçambicano

https://revistas.juridicas.unam.mx/index.php/derecho-comparado/article/view/12914

https://www.portaldogoverno.gov.mz

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